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Congresso Nacional do Medo e Lembranças do Mundo Antigo

Ato 1:

O soldado aparece procurando de onde vem o barulho.


Clara é encontrada aos prantos e abalada

Soldado: Você está ferida?

Ato 2:

A cena ocorre em uma sala de hospital. Clara está em estado de choque e não
falou desde que foi encontrada. Ela conversa com um psicólogo (Lucas)

Psicólogo: Oi Clara. Sou eu, o Eduardo. Vim aqui conversar com você,
descobrir como você está
Clara permanece em silêncio e fica olhando para o nada
Eduardo continua falando um pouco desconfortável.
Eduardo, o psicólogo: Então, fiquei sabendo que você foi encontrada em
uma área isolada. Gostaria de me dizer o por que estava lá?
Clara continua imóvel
Eduardo se levanta e vai em direção à porta
Eduardo: Eu vou voltar amanhã
Clara sai de sua posição estática e olha em direção ao psicólogo
Clara: Eu morava em uma pequena casa...

Ato 3

Clara aparece no campo se divertindo com seus filhos (Adelino e Murilo)


Entra na cena o marido de Clara (Caio) com uma mala vestido com uma roupa
que parece de exército.
Clara olha triste em direção a ele e caminha para abraça-lo. Logo em seguida as
crianças vão correndo e o abraçam. Uma das crianças diz: Por favor pai, não
vai!

Ato 4

Eduardo: Você diria que as coisas começaram a ficar assustadoras nesse


momento?
Clara está olhando para o além, dá um sorriso se vira para o psicólogo e diz:
Clara: Nessa época meu maior medo era perder o bonde das 11h para ir à
minha floricultura.
Clara se levanta e caminha pela sala
Clara: Eu amo flores. Gosto do cheiro, da textura e de como elas
decoravam meu jardim.

Ato 5:

A cena ocorre em uma floresta. Clara está colhendo flores junto com seus filhos
e conversando sobre a vida
Filho 1: mamãe, o papai já respondeu minhas cartas?
Filho 2: Pois é, já faz um tanto de dia que ele já foi e não falou nada.
Filho 1: Verdade, quando que o trabalho dele vai acabar?
Clara para o que está fazendo e vai em direção aos seus filhos
Clara: Ele ainda não respondeu. Mas, enquanto ele está fora ainda
podemos nos divertir. O mundo é um lugar lindo e temos tanto para
aproveitar, quando vocês menos o esperarem estará aqui com a gente.
Clara se levanta e olhando para eles
Clara: enquanto eu estiver aqui vocês não precisam temer nada.

Ato 6:

Eduardo: E você Clara, temia algo nessa época?


Clara ainda em pé para olhando para as plantas e diz
Clara: Ainda não. Pode soar estranho, estar em meio a uma guerra e não
temer nada, mas o mundo era lindo. Eu não via o que temer.
Clara se vira para Eduardo e dá um sorriso sincero e depois diz
Clara: meus filhos estavam lá. Eu não precisava sentir medo. Eu não
podia.

Ato 7:

A cena ocorre 5 meses após a guerra. O ambiente está mais frio. Na sala há
vários jornais espalhados pela mesa falando sobre os avanços do conflito
O ambiente é gélido, escuro e com incidências de escassez. Exceto o local onde
clara está com seus filhos. Sentada numa cama. Pois seus filhos estão doentes
Filho 1: Mamãe, as guerras tem um fim?
Clara respira fundo e dá um sorriso e então diz
Clara: Claro que sim. Tudo que é ruim. Tudo que te faz sofrer um dia tem
um fim
Filho 2: Você jura?
Ato 7 termina de forma muito brusca e passa para a cena do hospital em que
Eduardo parece preocupado
Eduardo: O que aconteceu com eles? Eles melhoraram?
Clara: Foi nessa parte que eu descobri o que é ter medo

Ato 8:

Acontece em um simples jardim. 2 meses depois de ela sair do hospital em que


estava internada. Ela está em frente a uma lápide escrita: “felicidade”. Ela
planta flores amarelas nelas

Narração:
“Provisoriamente não cantaremos o amor, que se refugiou mais abaixo dos
subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, não cantaremos o ódio porque
esse não existe, o medo dos grandes sertões, dos mares, dos desertos, o medo
dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos
ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de
depois da morte, depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.”

FIM

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