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AUDIOVISUAL
HISTÓRIA DO
AUDIOVISUAL
|
SÃO PAULO 2020
EXPEDIENTE
Diretor-Presidente
Prof. Dr. Paulo Antonio Gomes Cardim
Diretora-Financeira
Profa. Maria Lúcia de Oliveira Gomes Cardim
Diretora-Administrativa
Priscila Gomes Cardim
Centro Universitário Belas Artes de São Paulo
Entidade Mantida
Reitor
Prof. Dr. Paulo Antonio Gomes Cardim
Assessora de Planejamento
Profa. Maria Lúcia de Oliveira Gomes Cardim
Diretora-Geral
Patrícia Gomes Cardim
Superintendente Acadêmica
Profa. Dra. Josiane Maria de Freitas Tonelotto
Pró-Reitoria Administrativa e de Qualidade
Prof. Dr. Francisco Carlos Tadeu Starke Rodrigues
Pró-Reitoria de Ensino
Prof. Dr. Marcelo de Andrade Romero
COORDENAÇÃO DE CURSOS
Superintendente Acadêmica
Profa. Dra. Josiane Maria de Freitas Tonelotto
Coordenadora
Profa. Dra. Leila Rabello de Oliveira
Analista Educacional
Hanna Carolina Brino
Juliana Bernardo Ferreira
Designer Instrucional
Claudio Villa
Revisores de Texto
Gabriel Kwak
Marina de Mello Fontanelli
Tutores
Grace Kelly Marcelino
Lucas Giesteira Camargo
Sandra Febbe Cazarejos
SUMÁRIO Clique nos tópicos para navegação
INTRODUÇÃO DA DISCIPLINA:
A ILUSÃO DO VÍDEO.............................................. 7
UNIDADE 1............................................................................ 9
ORIGEM DO CINEMA: DA CÂMARA ESCURA AOS
PRIMEIROS 20 ANOS
UNIDADE 2.......................................................................... 75
DAS VANGUARDAS AO CINEMA MODERNO
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7
finalmente: 4) Cinema pós-moderno, anos 2000 (pós-Matrix), cine-
mas do oriente (chinês, japonês, coreano e um breve comentário
sobre Bollywood), e tecnologias digitais.
O campo de estudos é enorme e o audiovisual é um espaço
profissional que sempre se renova. Enfim, depois dessa disciplina
você nunca mais vai olhar uma caixa de sapatos com um buraco
no meio do mesmo jeito! Então, ligue a luz, a câmera e vambora!
HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL
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8
UNIDADE
1
ORIGEM DO CINEMA:
DA CÂMARA ESCURA AOS
PRIMEIROS 20 ANOS
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9
TRILHA DE APRENDIZADO: Origem da câmara escura e da
fotografia, o Pré-cinema (com suas máquinas de dar movimento a
imagens), o Primeiro cinema, seus realizadores e características, re-
flexões sobre estilo, além do início da construção de uma narrativa
cinematográfica padronizada.
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 10
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE
APRENDIZAGEM DA UNIDADE 1
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 11
INTRODUÇÃO A UNIDADE
Caro Aluno,
Seja bem-vindo! Esta é a Unidade I - A origem do cinema: da
câmara escura aos primeiros 20 anos. Nela, você vai identificar os
principais estilos no cinema. Também irá descobrir como surgiu a
câmara escura, usada, entre outras coisas, como recurso tecnoló-
gico para a pintura, e que depois resultou no surgimento da foto-
grafia.
Você vai entender como esses processos rapidamente se
transformaram em imagens em movimento, e irá distinguir o Pré-
-Cinema, que inventava técnicas para projetar imagens, do Primeiro
Cinema, iniciado a partir da primeira projeção oficial de um filme,
dos irmãos Lumière. Resumindo, você irá compreender o básico
das origens do cinema e quais foram seus primeiros realizadores e
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
obras.
Você vai analisar as formas narrativas nas duas primeiras dé-
cadas do século XX, como a valorização da montagem, e vai com-
parar os gêneros cinematográficos. Olha, por enquanto é isso. Nas
outras unidades há muito mais. Divirta-se e bons estudos!
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 12
SEÇÃO 1: ORIGENS DO CINEMA:
CÂMARA ESCURA E QUASE
FOTOGRAFIA
No escurinho do quarto
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 13
de um eclipse projetada no chão quando sua luz passava por pe-
quenas frestas entre as folhas. Enquanto os escritos de Mozi foram
quase todos destruídos pela dinastia da época, o texto de Aristóte-
les circulou.
Os árabes, que sempre foram estudiosos, disseminaram a
ideia da câmara escura. Até que Alhazen (Ibn al-Haytham) des-
creveu os princípios físicos da câmara escura. Ele demonstrou que
a luz incide sobre os olhos e não é emanada por eles. Escreveu o
Livro sobre Óptica (1011-1021) onde falou do funcionamento da
visão. Para explicar isso, usou como ferramenta a câmara escura.
Seu trabalho inspirou Kepler, Descartes e até o grande Newton.
Mas quando isso entra para a categoria das artes?
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 14
Os “melhoradores” da câmera escura
dizer que foi um pioneiro. O que ele fez? Tratou gesso com ácido
nítrico e traços de nitrato de prata e o expôs à luz. Conseguiu ima-
gens. Seriam as primeiras fotografias? Provavelmente. Mas ainda
havia um longo caminho.
No século XIX, outro químico, Carl Scheele,
fez experiências com materiais diferentes. Mas
não estava interessado em fotografia. En-
tão, por volta de 1800, um artista, o bri-
tânico Thomas Wedgwood, filho de um
famoso ceramista da época, foi o primeiro
a tentar imprimir as imagens capturadas
numa câmara escura. Ele queria fazer isso
com uma substância sensível à luz. Usou papel
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 15
e couro tratados com nitrato de prata. É... não foi lá grande coisa.
Thomas pegou as sombras dos objetos mas as imagens eram muito
fracas. Além disso ele não conseguiu evitar que “o filme queimas-
se”. Ou seja, quando você sai do quarto escuro com as “fotos”,
elas ficam escuras no contato com a luz. Era preciso tratar essas
imagens antes de sair da câmara escura.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 16
SEÇÃO 2: ORIGENS DO CINEMA:
SURGE A FOTOGRAFIA
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 17
A fotografia melhora o processo
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 18
Outros métodos de revelação de fotos surgiram, sempre adi-
cionando alguma substância ou trocando por outras, como os ex-
perimentos dos ingleses Bingham e, anos depois, de Marddox.
Ainda hoje se encontram profissionais que usam filmes fotográficos
no método de revelação de Bingham/Marddox.
Foto colorida
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 19
Fotografia: ficou mais
fácil
Em 1884, o americano
George Eastman melhorou o
método deixando mais prá-
tico para que os fotógrafos
não precisassem carregar ma-
teriais químicos consigo. Em
1888 ele fundou a Eastman
Kodak (você já ouviu falar
desse último nome, não é?).
Bom, ele popularizou o uso
do rolo fotográfico. Intro-
duziu uma câmera em 1900
com o slogan: “Você aperta o
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 20
Agora é a sua vez
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 21
SEÇÃO 3: ORIGENS DO CINEMA:
IMAGENS EM MOVIMENTO
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 22
Cesarino Costa explica as origens do cinema. Diz que os filmes eram
uma continuação da tradição de projeções de lanterna mágica (que
ocorriam desde o século XVII). Nela “um apresentador mostrava ao
público imagens coloridas projetadas numa tela, através do foco
de luz gerado pela chama de querosene, com acompanhamento
de vozes, música e efeitos sonoros” (COSTA, In: Mascarello, 2006,
p. 18). Ela explica ainda que algumas lanternas mágicas tinham en-
grenagens que permitiam movimentar as imagens projetadas. Era
possível até criar o apagar e o surgir de imagens (uma espécie de
fusão rudimentar). Segundo Cesarino Costa:
Multimídia
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 23
alguns segundos na retina. Popularizou-se através
do médico e físico inglês, John Ayrton Paris.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 24
A invenção do cinema passa pela
criação de equipamentos que pudes-
sem gravar e revelar as imagens e re-
produzi-las em movimento. Diversos
inventores tentaram fazer isso, com
mais ou menos sucesso, com mais
ou menos eficácia. Três são funda-
mentais, por motivos diferentes, mas
importantes. Os irmãos Skladanowsky,
os Irmãos Lumière e Thomas Edison. Pri-
meiro, vamos falar do inventor americano:
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 25
de cinema chamada Bioskop Eles seriam
os verdadeiros pais do cinema. Mas sua
invenção era de menor qualidade em
relação a dos irmãos Lumière. E os
inventores alemães não tinham o
dinheiro e a capacidade de fazer
marketing dos inventores franceses.
A história dos Skladanowsky
está num documentário do diretor
Wim Wenders, chamado Um Truque de
Luz, de 1995 (difícil de achar legendado em
português e impossível achar dublado). O diretor conta a história
dos irmãos alemães Skladanowsky, que inventaram o bioscópio, a
primeira versão do projetor de filmes. Ele entrevistou uma senhora,
Gertrud, testemunha do nascimento do cinema. Gertrud é filha de
um dos irmãos Skladanowsky. No filme, Wenders deixa claro des-
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
Multimídia
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 26
rio inteiro, com legendas em português. Mas como
não dá para eu entregar uma cópia para você, olhe
aí um trecho, já vai instigar você.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 27
vaudevilles) quanto francesa (nos cafés).
Os Irmãos Lumière exibiram, naquele
dia histórico, dez filmes. Os primei-
ros foram imagens de trabalhadores
(muitas mulheres) saindo da fábrica
dos irmãos Auguste e Louis, mostra-
ram cenas cômicas e da família de-
les. Além disso exibiram A chegada
do trem na estação La Ciotat (famosa
por, supostamente, assustar as pessoas
presentes, pois “acharam” que o trem estava
realmente vindo na direção delas). Clique no link e veja os filmes.
E por que eles são os “pais” do cinema? Porque eles fizeram
um projetor muito mais prático. O de Thomas Edison (vitascópio),
por exemplo, pesava meia tonelada e precisava de eletricidade para
funcionar. A dos Lumière funcionava como câmera ou projetor e
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
fazia cópias a partir dos negativos. Era três em um. Além de ser fácil
de carregar para qualquer lugar e não usar eletricidade (era por ma-
nivela). Então, digamos assim: quem inventou o cinema num mo-
delo comercializável, funcional e popular, foram os Lumière. Mas,
sabe como é, as pessoas adoram um “quem foi o
primeiro”. Eles certamente foram os primeiros
empresários-cineastas do cinema, ajudando
a criar a indústria cinematográfica que viria
a seguir. O cinema estava criado. Só falta-
va agora saber contar uma história nele.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 28
Agora é a sua vez
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 29
SEÇÃO 4: ESTILOS DO
PRIMEIRO CINEMA
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 30
1907 até 1915
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 31
ra e os atores já diminuía. E essa era a diferença básica do cine-
ma desse período com o anterior, mais conhecido como cinema de
atrações .
Sobre enquadramentos deixo a análise de Costa. Fiz uma
edição porque o assunto entra em outra disciplina (Linguagem au-
diovisual, por exemplo), mas acho importante deixar pelo menos
essas informações básicas sobre montagem, já que falaremos de
Griffith e da montagem russa em outras unidades. Então vamos lá.
A montagem no primeiro cinema:
Montagem alternada: Diferentes cenas simultâneas
- Antes de 1906, os filmes não alternavam ações dife-
rentes que ocorressem em espaços separados. Mas, no
período de transição, os cineastas começam a intercalar
planos que representam espaços diegéticos [ficcionais]
diferentes, com a intenção de mostrar que se trata de
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 32
dor estabeleceram-se rapidamente. Emergiram padrões
de continuidade entre planos, para transmitir a idéia de
que um plano acontece em local próximo ou contíguo
ao plano anterior.
Glossário
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 33
SEÇÃO 5: O PRIMEIRO CINEMA
E A TENTATIVA DE CONTAR
HISTÓRIAS
interesse do seu público. Por isso ele foi à falência em 1913. Méliès
agiu como pioneiro em 1902, com seu Viagem à Lua, mas não
prosseguiu com essa inovação narrativa. Fez centenas de filmes,
a maioria como cinema de atrações (ou de mostração). Na virada
para a segunda década o interesse do público por esse tipo de ci-
nema já mostrava sinais de esgotamento.
MULTIMÍDIA
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 34
O enredo de Viagem à Lua (1902) é inspirado em muitas fon-
tes, como os romances de Jules Verne. Na história de Méliès, um
grupo de astrônomos viaja para a Lua numa cápsula empurrada
por um canhão. Eles exploram a Lua, escapam de selenitas (mora-
dores da lua), capturam um deles e o levam para a Terra. A obra é
filmada no estilo teatral que consagrou Méliès. Ele próprio atuou,
no papel do professor Barbenfouillis. Com 13 minutos, sua duração
já justifica não depender de planos individuais. Era necessário que
cada plano se conectasse ao outro para contar a história. Por isso
fez tanto sucesso comercial e influenciou cineastas.
Então, em resumo, vejamos. As características do primeiro
cinema, em termos de filmagem, são: composição frontal e não
centralizada dos planos, posicionamento da câmera distante da si-
tuação filmada, falta de linearidade e personagens pouco desen-
volvidos. Os planos abertos e cheios de detalhes, povoados por
muitas pessoas e várias ações simultâneas (BURCH, 1987, p. 16).
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 35
O historiador Tom Gunning chamou o cinema da primeira dé-
cada de “cinema de atrações”. Para ele, a principal habilidade
desse cinema era chamar a atenção do espectador de forma dire-
ta e agressiva, deixando claro que sua intenção é exibicionista. O
objetivo é espantar, maravilhar o espectador. A história, por isso,
fica em segundo plano. Desse modo, as cenas são documentais,
mostram pessoas comuns saudando a câmera, ou quando atores
cumprimentam olhando para a câmera - quebrando a possibilida-
de de construir um mundo de ficção (GUNNING, 1990a e 1998,
pp. 257- 258).
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 36
RECAPITULANDO
Acertou?
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 37
ficaram mais nítidas. Depois, era preciso criar uma câmara escura
portátil, porque desse modo se tornava prática. Depois dessas duas
evoluções, mais a descoberta da mistura química correta, as ima-
gens já podiam ser fixadas e impressas.
É importante que o estudante perceba aí que para fazer o
cinema era necessário descobrir um meio de dominar a imagem
natural, capturá-la, gravá-la, imprimi-la e, enfim, reproduzi-la co-
mercialmente. Daí foi necessário criar outra máquina que desse
movimento para as fotos.
Acertou?
diam reproduzir suas imagens. Você poderia tirar fotos que atraís-
sem o interesse de muita gente e vender uma cópia para todos. Os
negativos seriam sempre os originais. Isso pode parecer bobo, mas
não é. A reprodutibilidade técnica é o primeiro passo para uma
indústria da imagem. Esse processo facilita o início do cinema, já
que os negativos poderiam ser conservados. Ou seja, eu poderia
fazer um filme, guardá-lo, levá-lo para vários lugares e exibi-lo para
inúmeros públicos diferentes.
O estudante deve fazer uma reflexão própria para chegar ao
raciocínio sobre a importância da descoberta dos negativos para o
cinema. Mas o resto da resposta está no próprio texto.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 38
Gabarito da Autoavaliação: 3 - A diferença nos trabalhos
de Skladanowsky, Lumière e Edison é qualidade técnica, ou seja,
melhores equipamentos, estrutura e tecnologia. Lumiére e Edson
tinham uma empresa e funcionários que trabalhavam para eles.
Os irmãos alemães faziam tudo sozinhos na própria casa deles. O
equipamento de Edson era muito grande e pesado, usava eletrici-
dade (ou seja, não dava para levar para qualquer lugar). A câmera
dos Lumière viajava para os mais diversos lugares, fazia imagens,
era projetor e ainda fazia cópias a partir dos negativos. A câmara
dos Skladanowsky tinha estrutura mais frágil, dava problemas du-
rante a projeção, mesmo assim era mais prática do que a de Ed-
son. É bom considerar que a câmera dos Lumière captava imagens
numa velocidade de 16 quadros por segundo. Isso virou padrão no
cinema por um bom tempo. Por tudo isso, os franceses são consi-
derados os inventores do cinema. Porque eles fizeram algo viável,
comercializável, pronto para ser vendido em escala industrial.
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
Acertou?
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 39
contou uma história sobre uma viagem à Lua. Uma das primeiras
ficções científicas no cinema. Já o cinema de atrações estava mistu-
rado a outras diversões que nada tinham a ver com filmes. Narra-
tivamente falando, o cinema de atrações geralmente tinha poucos
planos, a câmera ficava fixa e tinha um tipo de enquadramento.
No cinema narrativo já se começava a manipular planos, alterná-
-los para contar histórias paralelas ao mesmo tempo. O estudante
pode, se quiser, dar mais ênfase (e com mais detalhes) às diferenças
estéticas do que essas que descrevi acima. Mas é importante que
veja o principal: enquanto não se queria contar histórias, os filmes
não precisavam ser mais longos. Quando se precisou contar histó-
rias, os enquadramentos, as atuações, enfim, tudo, teve de mudar,
e o tempo do filme ficou maior.
Acertou?
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 40
do que ele fazia. Acho importante que o estudante assista aos ví-
deos recomendados, especialmente este. Não se estuda história do
cinema sem ver cinema.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 41
Considerando o texto apresentado, avalie as
informações a seguir:
a) I e II
b) I e IV
c) III e IV
d) I, II e III
e) II, III e IV
COMENTÁRIO:
A resposta correta é a B. Na primeira afirmação está claro o
que Gunning diz sobre o objetivo do cinema de atrações: “chamar
a atenção do espectador de forma direta e agressiva, deixando cla-
ra sua intenção exibicionista”. Ou seja, apelativa. A afirmação II está
errada porque o primeiro cinema ainda dividia espaço dentro de
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 42
feiras ou exposições, com outras atrações artísticas ou circenses. A
afirmação III está errada porque o primeiro cinema também usava
atores. As pessoas comuns apareciam nos filmes documentais. Nos
filmes que se propunham ficcionais eram atores (geralmente vin-
dos de teatro) ou de gente que vinha do circo. A afirmação IV está
correta porque havia mundo ficcional, como as histórias de Méliès,
mas os atores quebravam a ilusão de ficção ao olhar para a câmera
e cumprimentar o público que assistia aos filmes.
Fora do controle das elites, o cinema desses anos desfila uma in-
finidade de estereótipos raciais, religiosos e de nacionalidade. Há
gozações de caipiras, imigrantes, policiais, vendedores, trabalhado-
res manuais, mulheres feias, velhos. E muitos filmes eróticos, feitos
principalmente pela Biograph para serem exibidos nos mutoscó-
pios. Os cenários utilizados eram bastante simples e chapados, com
painéis pintados e poucos objetos de cena. O deslocamento dos
atores se dava pelas laterais, acentuando a sensação de platitude e
de teatralidade.
Exemplos de encenação desse tipo são os elaborados filmes
do mágico francês Georges Méliès. Muitos dos primeiros cineastas
eram mágicos que acabaram usando os poderes ilusionistas da câ-
mera como aliados. Eles utilizavam trucagens, chamadas de “para-
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 43
das para substituição”, para criar desaparecimentos e substituições
mágicas de objetos - daí o termo trickfüms (filmes de truques). Mé-
liès foi o mais inventivo deles e, por isso, intensamente plagiado
nesses anos, principalmente pelos filmes da Companhia Pathé. A
parada para substituição” implicava interromper o funcionamento
da câmera, substituir objetos ou pessoas no campo visual e, em
seguida, retomar o seu funcionamento, produzindo a impressão
de que coisas haviam magicamente desaparecido ou sido substi-
tuídas por outras. Esse efeito foi objeto de muitas discussões entre
os estudiosos, já que sempre se considerou que a manutenção do
enquadramento significava a ausência de montagem.
(…)
O conceito narrativo de montagem usado por esses historia-
dores privilegiou a junção de planos tomados de pontos de vis-
ta diferentes. No entanto, pesquisas mais recentes nos negativos
de filmes de Méliès mostraram que as paradas para substituição
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 44
Considerando o texto apresentado, avalie as
informações a seguir:
a) II e IV
b) II, III e IV
c) I e III
d) I, II e III
e) I e IV
COMENTÁRIO
A correta é a B. A afirmação I está errada porque os filmes
eram teatrais por vários motivos, incluindo atuações. Mas a forma
de filmar (estilo) também era teatral, porque a posição da câmara
era como de um espectador do teatro. Só por isso se poderia cha-
mar o primeiro cinema de teatral. As atuações serem teatrais, não
bastam porque se houvesse uma linguagem, um enquadramento
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 45
cinematográfico, seria cinema com elementos teatrais, e não teatro
filmado. A afirmação II está certa porque a direção de arte (quan-
do o profissional desenha os cenários, imagina todo o visual daqui-
lo que a câmera mostra, isto é, monta, coloca os objetos de cena
entre outras coisas visuais) era algo menor no primeiro cinema. Era
só pegar um painel, desenhar o céu, nuvens e a lua que seu cenário
já estava pronto. E sim, todos sofriam piadas racistas, machistas, re-
ligiosas e afins. Não havia filtro porque não havia discussões sobre
diferenças, gênero, raça ou coisas do tipo. Na verdade, havia inte-
lectuais e cientistas que incentivavam a ideia de supremacia branca
do homem, portanto, ridicularizar negros, índios ou mulheres feias
(para o padrão deles) era algo normal e até aceitável. A afirmação
III está correta porque o texto mostra uma divergência de histo-
riadores sobre o conceito de montagem. E a culpa é de Méliès. Os
pesquisadores descobriram que ele mantinha um sistema complexo
de algo que poderia ser chamado de montagem, já que por causa
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 46
3 - Leia a reportagem do jornal O Tempo, de 2013:
Por DANIEL OLIVEIRA
23/04/13
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 47
mas teve que manter sigilo.
O filme acompanha um casal de namorados acordando, en-
quanto ela explica para ele o fenômeno da imagem no teto próxi-
mo à janela. Em seguida, eles tomam café e vão para o ponto de
ônibus, onde discutem sobre o início do relacionamento, as expe-
riências anteriores, expectativas e inseguranças de cada um. (...)
seguir:
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 48
É correto apenas o que se afirma em:
a) II e IV
b) I e III
c) I, II e IV
d) II e III
e) I e II
COMENTÁRIO
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 49
4 - Leia o texto a seguir sobre o início do cinema.
“Edison conseguiu enfraquecer a dominância dos irmãos
Lumière nos EUA e aperfeiçoar outro projetor, o projecting kine-
toscope. Mas os Lumière tinham criado nos EUA um padrão de
exibição que sobreviveu até a década seguinte: o fornecimento,
para os vaudeviles, de um ato completo, incluindo projetor, filmes e
operador num esquema pré-industrial, que mantinha a autonomia
dos exibidores de filmes em relação à produção. Essa dependência
do vaudevile dos serviços fornecidos pelos irmãos Lumière e pelas
produtoras Biograph e Vitagraph adiou temporariamente a neces-
sidade de o cinema americano desenvolver seus próprios caminhos
de exibição e impediu que o cinema adquirisse autonomia indus-
trial. A estrutura do vaudevile não requeria uma divisão da indústria
entre as unidades de produção, distribuição e exibição. Essas fun-
ções recaíam sobre o operador, que era quem, “com seu projetor,
tornava-se um número autônomo de vaudevile” (Allen 1983, pp.
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
149-152).
(…)
No final do século XIX, não havia nos EUA uma legislação de
direitos autorais que protegesse coisas tão novas como os filmes; as
produtoras queriam evitar que seus filmes fossem reproduzidos ile-
galmente, uma prática comum na época. Em 1894, Edison come-
çou a produzir longas tiras de papel fotográfico, onde copiava cada
fotograma dos seus filmes de quinetoscópio e os registrava como
fotografias individuais. A prática foi adotada por outras produtoras
e distribuidoras e, até 1912, 5 mil desses rolos de papel foram re-
gistrados na Biblioteca do Congresso”. Nos anos 1950, essas paper
prints despertaram maior curiosidade, porque boa parte dos filmes
nelas registrados já tinha desaparecido. Assim, esses filmes come-
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 50
çaram a ser gradualmente refotografados em celulóide de 16 mm
e, no final dos anos 1970, estavam à disposição dos pesquisadores.
(Fonte: A história do cinema mundial, organizado por Fernando Masca-
rello. Extraído de artigo de Flávia Cesarino Costa, 2006, p. 20-21 e 23)
a) I e II
b) II, III e IV
c) II e III
d) I, II e III
e) I, II, III e IV
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 51
COMENTÁRIO
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 52
5 - Leia o texto a seguir para depois relacionar com a
história da fotografia.
O Simon foi o primeiro smartphone do mundo. Ele é da IBM
e começou a ser vendido ao público em 16 de agosto de 1994,
combinando de forma inédita a telefonia celular a uma série de
tecnologias de computação.
Era um celular que tinha calendário e podia ser usado para
tomar notas, enviar emails e mensagens. Pesava 500g (é, meio qui-
lo!). O Simon não cabia exatamente no bolso, mas seu design esta-
va à frente de seu tempo: tinha uma caneta para realizar comandos
e uma tela LCD verde de tamanho similar à do iPhone 4.
O produto pioneiro da IBM também foi o primeiro celular a
ter aplicativos e que podia ser conectado a um fax (pergunte aos
seus pais o que é um fax). Estava disponível apenas para consumi-
dores nos Estados Unidos, operando na rede de 15 estados. Teve
cerca de 50 mil unidades vendidas.
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 53
Alguns meses antes, a Samsung quase foi a pioneira ao lançar
o SCH-V200, um celular acoplado a uma câmera. O fato de eles
não serem integrados no mesmo conjunto fez com que a versão
da Sharp fosse oficialmente considerada o primeiro celular com câ-
mera do mundo. Em outras palavras, a Samsung lançou o primeiro
modelo 2 em 1, que reunia um celular e uma câmera. Entretanto,
meses depois foi a vez de a Sharp transformar celular e câmera em
uma coisa só.
Em termos de qualidade, a versão da Samsung tinha resolu-
ção de 0,3 megapixel e permitia que o usuário armazenasse até 20
fotos, mas, para ter acesso às imagens, era preciso conectar o celu-
lar ao computador. Já a versão da Sharp contava com sensor de 0,1
megapixel, mas tinha como diferencial o fato de que, pela primeira
vez, você podia mandar eletronicamente as imagens a partir do
aparelho para outras pessoas. Depois disso, as pessoas passaram a
adotar o “selfismo” de modo irreversível. Famílias, solteiros, casais,
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
O globo - https://oglobo.globo.com/economia/primeiro-smartphone-
do-mundo-completa-20-anos-13630167#:~:text=O%20aparelho%20
da%20foto%20pode,s%C3%A9rie%20de%20tecnologias%20de%20
computa%C3%A7%C3%A3o. Último acesso em 10 de jun 2020)
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 54
Considerando o texto apresentado e seus
conhecimentos da Unidade I, avalie as informações a
seguir:
a) I e III
b) I e IV
c) III e IV
d) I, III e IV
e) II, III e IV
COMENTÁRIO
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 55
pularizou na década de 1850 nos EUA a ideia de fotos de família.
Assim como o da Sharp popularizou a self. Por isso a II está errada
e a I está certa. A afirmação IV está errada porque o projetor dos
Lumière era melhor do que o de Edson em tudo: mais funcional,
qualidade de imagem igual ou melhor, mais leve (carregável para
qualquer lugar), filmava, revelava e exibia (3 em 1). A III está certa
porque é exatamente o que o texto diz.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 56
midiático e por referências extratextuais, que caracterizam a es-
tética das atrações.
a) II
b) III
c) IV
d) I
e) II e IV
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 57
COMENTÁRIO
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 58
uma hora, pois continham vários “quadros”.
As narrativas em fragmentos são as formas não-clássicas que
estão mais distantes do cinema de absorção narrativa e mais pró-
ximas das atrações, porque têm no desenvolvimento temporal im-
preciso o seu traço fun- damental. Em seus exemplos mais simples,
nem contavam uma história. Muitas eram alegorias referentes a
pinturas famosas ou fatos históricos. Algumas apenas costuravam
uma série de planos ligados por um tema comum, sendo mais ade-
quado entendê-las como coleções ou antologias.
(...)
A mais antiga forma de narrativa completa no cinema é a
gag, uma breve piada visual cujo desenvolvimento narrativo tem
duas fases, a preparação e o desfecho inesperado. As curtas his-
tórias contadas nas gags adaptavam-se bem à breve duração dos
primeiros filmes. Por incluírem uma surpresa, as gags têm a tempo-
ralidade típica das atrações, contendo uma interrupção que finaliza
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 59
um dos quadros começa sempre com a aparição do perseguido
e só termina quando o último perseguidor sai de campo. Não há
verdadeira continuidade entre os planos. É a passagem dos mes-
mos personagens que atenua a separação entre as tomadas. Esses
filmes terminam depois que todos passaram por uma boa quanti-
dade de lugares e de situações ridículas, como mulheres descendo
barrancos e mostrando as pernas, pessoas tropeçando ou caindo.
No final, os perseguidos são alcançados e a história acaba com uma
punição, uma gargalhada ou um desfecho cômico”.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 60
IV. A padronização dos vários planos e os filmes de perse-
guição foram as primeiras formas narrativas do cinema
Mas cada plano, cheio de movimento e ações cômicas,
em vez de fazer avançar a história, apresenta-se como
atração, interrompendo o fluxo temporal do enredo
a) II e IV
b) I e II
c) III e IV
d) I, II e III
e) II, III e IV
COMENTÁRIO
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 61
daí surgiram os filmes de perseguição, que precisam de planos em
sequência. Mas o cinema ainda era de atrações, porque a estrutura
narrativa ainda era fragmentada, e se dependia muito da ação em
si, em detrimento de uma história que se quisesse contar. Ou seja,
os planos não existiam para contar a história, mas a história existia
para tornar os planos mais atraentes ao público. Por isso a II e a IV
estão certas.
dos filmes feitos nos EUA era realizada com a câmera na altura
dos ombros do operador. Essa diferença de altura era irrelevante
quando os atores ficavam longe da câmera, como acontecia antes
de 1908, mas quando os atores ficavam próximos à câmera, eles
passavam a ocupar todo o quadro e encobriam o que estava atrás
deles. Criava-se, portanto, a possibilidade de um jogo de encena-
ção que aproveitasse a profundidade de campo, com as figuras
em primeiro plano cobrindo ou mostrando os atores que estavam
mais ao fundo. O filme francês Vassassinat du duc de Guise, feito
em 1908 por Calmettes e Le Bargy, para a companhia Film d’Art,
mostra claramente o efeito dessa aproximação da câmera em re-
lação aos atores, permitindo o desenvolvimento das cenas a partir
do fundo em direção ao primeiro plano, na cena em que o duque
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 62
atravessa a sala onde conspiram seus assassinos. A altura mais bai-
xa da câmera, por sua vez, faz parecer que os atores estão sendo
observados de um nível mais baixo que eles, dando certa impressão
de grandiosidade e heroísmo aos personagens. Além disso, o filme
tem outra característica importante, que é permitir aos atores fica-
rem de costas para a câmera, se a ação exigir”. (...) Quando, em
1913, os franceses começaram finalmente a posicionar os atores na
linha dos nove pés, eles chamaram isso de plano americano. E, nos
EUA, a colocação dos atores numa linha a quatro metros da câmera
começou a ser chamada de primeiro plano francês (Salt 1992, pp.
87-91).
informações a seguir:
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 63
e o próximo passo era fazer filmes com mais de uma
hora.
a) I e II
b) II, III e IV
c) III e IV
d) I e IV
e) I, II e III
COMENTÁRIO
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 64
9 - Leia o texto a seguir:
“(...) Em Le médecin du château (Pathé, 1908) (...). O di-
retor usa um plano aproximado na cena em que o médico usa o
telefone para falar com a família. O plano mais geral mostra a sala
da casa para a qual foi atraído pelo falso chamado de socorro. A
família ocupa o campo e todos olham na direção do médico, que
fala ao telefone no canto esquerdo do quadro. Em seguida, um
plano aproximado isola o médico na altura do peito e revela suas
feições de preocupação.
Em 1911, com The lonedale operator, D. W. Griffith pa-
rece ter percebido a eficácia dessa técnica (...). Quando os ladrões
ameaçam a operadora de telégrafo e tentam invadir seu escritório,
ela se desespera e telegrafa pedindo socorro. Nesse momento, o
filme passa de um plano médio para um plano aproximado, deixan-
do-nos ver claramente a expressão de medo da atriz.
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 65
Considerando o texto apresentado e seus
conhecimentos da Unidade 1, avalie as informações a
seguir:
a) I, II e III
b) I e IV
c) III e IV
d) I e II
e) II, III e IV
COMENTÁRIO
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 66
dros para criar emoções diferentes em torno da história. Em outras
palavras, você fraciona o mesmo espaço em vários enquadramen-
tos diferentes. E a técnica usada no filme de Griffith serve para criar
esse impacto emocional, como aconteceu no filme Le médecin du
château. Já as afirmações III e IV estão erradas porque Griffith não
é “o inventor” da montagem. Ele viu princípios de montagens em
outros filmes de outros diretores e organizou-as em seus filmes, de
modo qua ajudasse a contar melhor as histórias paralelas que ele
queria mostrar. Ele pode ter sido o primeiro a organizar essa técnica
com a intenção proposital de contar histórias. Mas os textos sequer
falam disso ou deixam claro que ele foi quem inventou o método.
E por fim, a afirmação IV estaria totalmente correta se tirasse a pa-
lavra NÃO da oração. O texto mostra justamente que os diretores
perceberam que manter o movimento ajudava o público a enten-
der como estava acontecendo o deslocamento das personagens.
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 67
A partir de 1910, apareceu um novo tipo de plano subje-
tivo, que transmitia a sensação de contiguidade dos planos pela
direção dos olhares. Nesse caso, o plano seguinte mostrava aquilo
que o personagem do plano inicial estava vendo, mas não do seu
ponto de vista. Esse tipo de corte é chamado de continuidade de
olhar (eyeline match) e precisa obedecer à chamada regra dos
180 graus. Segundo essa regra, a câmera não pode se deslocar
para uma segunda posição que esteja a mais de 180 graus da linha
que une objeto e câmera, definida no plano inicial. No período de
transição, essa continuidade de olhar se generalizou”. (vamos ver
essa explicação da Flávia Cesarino com figuras)
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 68
atravessa a porta. No plano seguinte, vemos a outra sala do ponto
de vista oposto, tendo o duque ao fundo e os conspiradores em
primeiro plano. Para Salt, era a primeira vez que planos tomados
de direções opostas - contraplanos - eram produzidos num cenário.
Essa técnica foi, no entanto, muito menos aproveitada na Europa
do que nos EUA, onde se universalizou”.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 69
III. Na regra dos 180 graus se dá a chance para o especta-
dor memorizar a posição das personagens dos persona-
gens.
IV. O contraplano é o olhar objetivo da câmera que permite
ao público identificar quem está falando do outro lado.
Portanto, era usado no Primeiro Cinema apenas para
a) I e II
b) I, II e IV
c) III e IV
d) II e III
e) II, III e IV
COMENTÁRIO
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 70
está errada. Contraplano é só o ângulo oposto do que se estava
vendo no quadro anterior. Tem muitas aplicações. Mas no primeiro
cinema surgiu como mais um recurso para dar continuidade aos
planos.
Podcast
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 71
Eu acho uma obrigação você assistir. Uma curiosidade: a sobrinha
do Chaplin fez o papel da própria avó.
Olha só: os bastidores, as produções e todo o processo de
seus curtas e filmes são mostrados no filme. É uma aula de história
do cinema, além de ótimo filme em si. E você verá a famosa resis-
tência de Chaplin com o cinema falado e o cinema a cores. Ah, e
o filme não se preocupa em esconder os escândalos da vida dele.
Nem um pouco. Tem mais. Quando ele recebe o Oscar Especial em
1972, duvido você não se emocionar. Depois, procure na internet
o vídeo original de Chaplin recebendo esse Oscar (não, não é igual,
igual
mas não vou contar como é).
É isso. Pra encerrar, o filme Chaplin recebeu três indicações
para o Oscar de 93. Melhor Ator (claro), para Robert Downey Jr.,
Melhor direção de arte e melhor trilha. Não ganhou nenhum. Do-
wney Jr. foi indicado em todos os festivais, mas só levou o prêmio
de melhor ator no BAFTA. Pois é, todo mundo elogiou, mas só os
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 72
INTRODUÇÃO DA DISCIPLINA: A
ILUSÃO DO VÍDEO
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 73
chada e outros), cinema da Retomada brasileira dos anos 90; e,
finalmente: 4) Cinema pós-moderno, anos 2000 (pós-Matrix), cine-
mas do Oriente (chinês, japonês, sul-coreano e um breve comentá-
rio sobre Bollywood), e tecnologias digitais.
O campo de estudos é enorme. E audiovisual é um espaço
profissional que sempre se renova. Enfim, depois dessa disciplina
você nunca mais vai olhar uma caixa de sapatos com um buraco
no meio do mesmo jeito! Então, ligue a luz, a câmera e vambora!
UNIDADE 1 – Origem do Cinema: da Câmara Escura aos Primeiros 20 Anos
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 74
UNIDADE
2
DAS VANGUARDAS AO
CINEMA MODERNO
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75
TRILHA DE APRENDIZADO: Você vai ver nesta seção: Ori-
gem da indústria do cinema, as vanguardas que transformaram
o cinema em arte (Expressionismo, Surrealismo, Impressionismo,
montagem russa), e vai ver o cinema moderno (Neorrealismo ita-
liano, Nouvelle Vague, Cinema Independente Americano e Cinema
Novo alemão), além dos gêneros hollywoodianos Western e Noir.
UNIDADE 2 – Das Vanguardas ao Cinema Moderno
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 76
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE
APRENDIZAGEM DA UNIDADE 2
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 77
INTRODUÇÃO À UNIDADE 2
Caro Aluno,
Seja bem-vindo! Esta é a Unidade II - Das vanguardas ao ci-
nema moderno. Nela, você vai identificar os fatos que levaram ao
nascimento de uma indústria do cinema, com suas regras de pro-
dução, execução e exibição. Você vai entender que a criação do
mercado obrigou artistas a se adaptar, limitou o trabalho de outros
e ajudou a expandir os grandes estúdios. Irá refletir sobre como o
cinema sonoro empolgou o público, ávido por querer saber como
era a voz de seus atores preferidos. Você vai reconhecer as vanguar-
das europeias e como mostraram que o cinema podia ser arte. O
Expressionismo encontrou lugar no terror e no suspense. Esse últi-
mo ajudou a fundar um gênero, o Noir. Franceses, alemães e ame-
ricanos continuaram disputando as formas narrativas mais originais
para contar histórias. Surgiram o Impressionismo francês, o Expres-
sionismo alemão, Cidadão Kane nos EUA, o cinema moderno em
si dava lugar a uma estrutura narrativa que ganhava inovação e
experimentação. Quando a plateia se acostumava, virava padrão.
UNIDADE 2 – Das Vanguardas ao Cinema Moderno
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 78
Guerra Mundial e quais foram seus primeiros realizadores e obras.
Mas lembre-se: tudo isso vai valer muito mais se você também as-
sistir aos principais filmes e cenas que vão ser comentados nesta
unidade. Então, divirta-se e bons estudos!
UNIDADE 2 – Das Vanguardas ao Cinema Moderno
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 79
SEÇÃO 1: INDÚSTRIA DO
CINEMA
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 80
E agora? Outro ponto interessante é que havia uma depen-
dência do vaudeville dos serviços fornecidos pelos Irmãos Lumière
e pelas produtoras Biograph e Vitagraph. Isso adiou a necessidade
de o cinema americano desenvolver seus próprios caminhos de exi-
bição e impediu que essa arte adquirisse autonomia industrial. Por
quê? Porque a estrutura do vaudeville não requeria uma divisão da
indústria entre as unidades de produção, distribuição e exibição.
Essas funções recaíam sobre o operador, que era quem, “com seu
projetor, tornava-se um número autônomo de vaudevile” (ALLEN,
1983, pp. 149-152).
Depois de se estabelecer como indústria, o cinema conti-
nuava sua busca por outras formas de contar histórias. Ao mesmo
tempo, as vanguardas europeias que atingiram as artes (literatura,
música, artes plásticas, teatro) também acertaram o cinema. E veja
só: muitos filmes experimentais eram feitos por pessoas com liga-
ção na Arquitetura, na Pintura, Escultura ou Literatura. Daí as van-
guardas influenciarem — e muito — o cinema depois da década de
20, nosso próximo assunto.
Atenção
UNIDADE 2 – Das Vanguardas ao Cinema Moderno
O cinema de atrações
Nessa fase, o cinema tem uma estratégia apresentativa, de
interpelação direta do espectador, com o objetivo de surpreender.
O cinema usa convenções representativas de outras mídias. Pano-
râmicas, travellings e close-ups já existem, mas não são usados como
parte de uma gramática como nos filmes de hoje. Os espectadores
estão interessados nos filmes mais como um espetáculo visual do
que como uma maneira de contar histórias. Atualidades, filmes de
truques, histórias de fadas (féeries) e atos cômicos curtos se tor-
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 81
nam cada vez mais populares em espetáculos de variedades em
vaudevilles, music halls, museus de cera, quermesses ou como atra-
ções exclusivas em shows itinerantes e travelogues (conferências
de viagem ilustradas). É o exibidor quem formata o espetáculo. Há
mistura de locações naturais e cenários bastante artificiais.
Esse período das atrações tem duas fases. A primeira vai de
1894 até 1903 e é caracterizada pelo predomínio de filmes de ca-
ráter documental, as atualidades. A maioria dos filmes é de plano
único. Inicialmente, filmes e projetores são fabricados pela mes-
ma empresa, mas na virada do século aparecem os exibidores, que
compram os equipamentos e filmes dos produtores para explorar
economicamente a exibição de filmes. Na segunda
fase, de 1903 até 1907, os filmes de ficção come-
çam a ter múltiplos planos e superar em número
as atualidades. São criadas narrativas simples e há
muita experimentação na estruturação de relações
causais e temporais entre planos. (COSTA, In: MAS-
CARELLO, 2006, p. 26)
Glossário
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 82
que os vaudevilles para a exibição exclusiva de filmes. Ao contrário
dos teatros, cafés ou dos próprios vaudevilles frequentados por uma
classe média de composição diversificada, esses novos ambientes
eram, em geral, grandes depósitos ou armazéns adaptados para
exibir filmes para o maior número possível de pessoas, em geral
trabalhadores de poucos recursos. Eram locais rústicos, abafados e
pouco confortáveis, onde muitas vezes os espectadores viam os fil-
mes em pé se a lotação estivesse esgotada. Mas ali se oferecia a di-
versão mais barata do momento: o ingresso custava cinco centavos
de dólar, ou um níquel, daí seu nome. Os nickelodeons foram ado-
tados imediatamente pelas populações de baixo poder aquisitivo
que habitavam os bairros operários das cidades norte-americanas
(SKLAR, 1978, p. 30). Enriqueceram pequenos e grandes exibidores
e se espalharam por todos os Estados Unidos. Eles marcam o início
de uma atividade cinematográfica verdadeiramente industrial.
Os vaudevilles eram, em 1895, a forma de diversão de uma
boa parcela da classe média. Eram bastante populares nos EUA e
suas apresentações podiam incluir atrações variadas: performan-
ces de acrobacia, declamações de poesia, encenações dramáticas,
exibição de animais amestrados e sessões de lanterna mágica. Es-
ses atos, de 10 a 20 minutos, eram encenados em seqüência, sem
nenhuma conexão entre si. (Fonte: COSTA, In: MASCARELLO, 2006)
UNIDADE 2 – Das Vanguardas ao Cinema Moderno
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 83
SEÇÃO 2: VANGUARDAS:
SURREALISMO,
IMPRESSIONISMO,
EXPRESSIONISMO,
MONTAGEM RUSSA
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 84
Para eles, “o cinema tinha a capacidade de liberar o que con-
vencionalmente era reprimido, de mesclar o conhecido e o
desconhecido, o mundano e o onírico [mundo dos sonhos], o
cotidiano e o maravilhoso” (STAM, 2000, p. 73). Dessa forma, o
cinema precisava ser subversivo, destruidor do convencional (todas
as vanguardas tinham esse espírito contra o que era padrão). Os
surrealistas, entre eles, Luis Buñuel, queriam eliminar a fronteira
entre realidade e sonho.
MULTIMÍDIA
Quem é Buñuel
Seu filme mais claramente surrealista (até por ter participação
do pintor surrealista Salvador Dalí na direção) é um Cão Andaluz
(1928). Nesse filme mudo, temos a clássica cena em que imagens da
lua cheia - com nuvens cortando-a - são mostradas alternadamen-
te ao momento em que um homem vai cortar, com uma navalha,
o globo ocular da mulher (e corta). A metáfora é clara: as nuvens
finas, como uma navalha, cortam a lua, e o homem com a navalha
vai cortar o olho da mulher. Ou ainda a cena de quando um ho-
mem olha para a palma de sua mão e de lá saem formigas. Todas
as referências sexuais freudianas estão lá.
UNIDADE 2 – Das Vanguardas ao Cinema Moderno
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 85
Além desse filme, há A idade do ouro (L”Âge d”Or, 1930), tam-
bém codirigido por Dalí. Depois fez outras importantes obras,
como Os Esquecidos (1950), O Alucinado (1952), o espetacular Viri-
diana (1960), que foi proibido na Espanha do ditador Franco quan-
do este percebeu que o filme se tratava de uma paródia feita por
Buñuel aos conceitos de caridade e virtudes cristãs. Teve ainda O
Anjo Exterminador (1962), O diário de uma camareira (1964), A Bela da
Tarde (Belle de jour, 1967), o genial O Discreto Charme da Burguesia
(1972) e sua última obra, Esse obscuro objeto do desejo (1977). Fez
mais de 30 filmes.
Cineastas de destaque
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 86
Nave Va (1983) são alguns de seus filmes com for-
tes características surrealistas e também dos mais
famosos, além de Amarcord (1973) e La dolce vita
(1960).
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 87
1 - Acertou?
Quando pedi para escrever o texto do vídeo era para relatar como
fez, o que foi gravado (exemplo: você fazendo embaixadinhas e
depois seu irmão rouba a bola quando você quebraria seu recorde).
Se quiser, como exercício, você pode comparar os vídeos de filmes
de atrações com o seu, e escreva o que seu vídeo tem de igual e de
diferente. Já para o segundo exercício, você não precisava gravar
um vídeo. Eu só queria mesmo que escrevesse qual seria a história
(muito simples, algo bem curto, como os exemplos que dei aqui). E
como você gravaria. É isso.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 88
O Impressionismo francês
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 89
me de 1925, Feu Mathias Pascal, de L”Herbier, há
uma cena em que um marido abandonou a família
mas pensa em voltar. Só que ele desiste quando
imagina a sogra como uma toupeira inchada.
não-linear, ou seja, não segue uma linha lógica de tempo, nem sa-
bemos se os fatos aconteceram na ordem apresentada ou em outra
ordem. Isso é impressionismo francês.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 90
montagem. Doravante, além disso, os personagens e
a trama narrativa deixam de exercer um papel prepon-
derante, uma vez que também os objetos e cenários
vêm concorrer com a ação do filme”. (MARTINS, In:
Mascarello, 2006, p. 91).
Reflexão
O Expressionismo alemão
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 91
Tudo é distorcido e tem como objetivo revelar outra realidade:
a que está ligada ao ser humano; aquilo que ele esconde nas entra-
nhas de sua personalidade doentia, angustiada e conflituosa. Nes-
te período pós-Revolução industrial, havia motivos de sobra para
angústias e desesperanças. O Expressionismo se debruçou sobre
esses sentimentos. Foi um movimento heterogêneo, que atraves-
sou fronteiras e culturas e se desenvolveu de formas distintas nes-
sas mesmas culturas. Formalmente, diz-se que o primeiro exemplar
de um filme alemão expressionista foi O Gabinete do Dr. Caligari
(1919), de Robert Wiene. Metropolis, de Lang, foi o último respiro
dessa vanguarda. Certamente há elementos do Novo Objetivismo
alemão (movimento que veio a seguir), mas Lang não se desfez do
Expressionismo em seu filme, ao contrário.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 92
humana, dando à cor uma intensa carga
emocional.
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 93
Agora é a sua vez
2 - Acertou?
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 94
e a figuração da personagem Edward, mãos de tesoura, de 1990,
por exemplo). Ou as animações criadas por ele, como O estranho
mundo de Jack (1993). As fotos dos estudantes devem representar
um pouco desse grotesco. No texto eles devem explicar o que tem
de expressionista no cenário que eles criaram.
CURIOSIDADES
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 95
duas famílias durante a Guerra de Secessão e a reconstrução dos
EUA. O assassinato de Lincoln também é dramatizado no filme.
Inicialmente, o filme teria duas partes. No total, a duração é de 190
minutos. O grande problema da obra é como ela retrata os negros
americanos. Ele exalta a escravidão, justifica a segregação racial e
trata os negros como pessoas ignorantes, sujas, sexualmente selva-
gens (as atuações foram de brancos com rostos pintados de negro)
e vilões que vão destruir os EUA. E mais: o grupo racista Ku Klux
Klan foi retratado como uma força de heróis. A KKK resgata uma
mulher branca das mãos dos negros e impede que os negros to-
mem conta do governo americano (no filme, os negros assumiram
cadeiras no Congresso americano).
MULTIMÍDIA
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 96
A montagem russa
Multimídia
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 97
Tal cena se tornou um ícone na história do
cinema e foi copiada pelo diretor Brian De Palma
em Os Intocáveis (1987).
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 98
significa a ação de armar algo” (SARAIVA, In: MASCARELLO, 2006,
p. 118).
GLOSSÁRIO
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HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 99
Intocáveis, de 1987) e crie a sua. No máximo 2 minutos. Ah, es-
creva primeiro como você montaria a cena. Escreva um rascunho!
Planeje! Depois filme. Depois edite. Depois escreva como ficou o
resultado final. Se não tiver condições de filmar, mostre o texto de
como você gostaria que ficasse.
3 - Acertou?
ou seja, eles são cruéis. Ao construir sua cena, você deve manipu-
lar um sentimento que você quer que todos sintam durante a sua
cena de escadaria. Em os Intocáveis, a cena foi manipulada para
mostrar que a polícia americana é rápida, inteligente e eficiente, ou
seja, matou todos os bandidos e pegou a testemunha, viva, de que
precisava, além de salvar o bebê. Em outras palavras, os americanos
são heróis. Entendeu? A sua cena tem uma mensagem. Qual é?
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Desde 1926 já era possível sincronizar uma trilha aos filmes e colocar
efeitos de áudio. Portanto, o primeiro filme sonoro não é O cantor
de jazz, mas o filme mudo Don Juan (1926). E o primeiro longa total-
mente falado ou dialogado foi o de gangsters Luzes
de Nova York(1928). E qual o mérito de O cantor de
jazz? Ele foi o primeiro filme que usou o som para
colocar os diálogos dentro da ação dramática, como
parte importante da narrativa. É isso.
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MULTIMÍDIA
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pelo detetive durão (Harrison Ford), a morena fatal , mas havia uma
loira fatal que era vilã, há mortes, violência, um mistério a ser re-
solvido e o tal do clima decadente e escuro. Ah, e a trilha que dava
o ar sombrio e sexy. A tradução literal de noir/noire é “preto/preta
ou escuro/escura”.
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MULTIMÍDIA
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4 - Acertou?
UNIDADE 2 – Das Vanguardas ao Cinema Moderno
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Mas calma aí. Ele não inventou isso. Ele assistiu aos filmes
mais criativos dos anos 20 e 30 para tirar essas ideias. Ele viu pro-
fundidade de campo em filmes de John Ford, viu filmes expressio-
nistas. Resolveu usar o que viu de maneira mais inventiva e efetiva.
UNIDADE 2 – Das Vanguardas ao Cinema Moderno
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MULTIMÍDIA
UNIDADE 2 – Das Vanguardas ao Cinema Moderno
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CURIOSIDADE
UNIDADE 2 – Das Vanguardas ao Cinema Moderno
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improvisados. É isso.
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CURIOSIDADE
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5 - Acertou?
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a) Cinema independente
americano. Primeiro, surgiu como
uma reação ao chamado cinema de estú-
dio. Ou, o cinema criador de ilusões. Depois,
o termo cinema independente surgiu nos EUA para expressar li-
berdades estilísticas, algo que o cinema de mercado, ou industrial,
não permitia. Para tanto, o esse cinema tinha de ser mais autoral,
mesmo que estivesse atrelado a um estúdio. Maya Deren fez o
filme Meshes of an Afternoon (1943). Ela criou o marco para
o cinema de vanguarda e moderno. Duvida? Então veja o filme,
mas veja mesmo. Você sentirá o que é filme experimental e inde-
pendente americano nos anos 40 - antes de Cidadão Kane - assis-
tindo o filme de Maya Deren).
UNIDADE 2 – Das Vanguardas ao Cinema Moderno
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CURIOSIDADE
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6 - Acertou?
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3
CINEMA BRASILEIRO:
ORIGENS ATÉ A RETOMADA
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132
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA UNIDADE 3
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da época).
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Curiosidade
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Multimídia
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Na década de 40 surgem no
Brasil as “chanchadas”, filmes
cômico-musicais de baixo or-
çamento. O estilo aconteceu na
mesma época em que foi fundada a
companhia de cinema Atlântida Cinema-
tográfica (18 de setembro de 1941) no Rio
de Janeiro. Quem fundou? Moacyr Fenelon e José Carlos Burle. Os
principais artistas da Atlântida eram os geniais Oscarito e Grande
Otelo, além de Anselmo Duarte. Destaques do início da Atlânti-
da: Moleque Tião, de Burle (1943) e Gente Honesta, de Fenelon
(1944).
Foram 66 filmes produzidos em 21 anos. Entre 1943 a 1947,
a Atlântida se consolidou como a maior produtora brasileira: nesse
período foram produzidos 12 filmes, como Tristezas Não Pagam
UNIDADE 3 – Cinema Brasileiro: Origens até a Retomada
Dívidas, de José Carlos Burle, de 1944: foi neste último que Oscarito
e Grande Otelo atuaram juntos pela primeira vez.
Os filmes Não Adianta Chorar (1945),
de Watson Macedo, Segura Essa Mulher
(1946), de Burle, e Este Mundo é um
Pandeiro (1947), também de Macedo,
fundaram o padrão das chanchadas: a pa-
ródia à cultura estrangeira, em especial
ao cinema feito em Hollywood, aliada à
preocupação em expor as mazelas da vida
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Diz Laura Aidar: “Em 1949 foi criado o estúdio Vera Cruz,
baseado nos moldes do cinema americano, em que os produtores
buscavam realizar produções mais sofisticadas. Mazzaropi foi o ar-
UNIDADE 3 – Cinema Brasileiro: Origens até a Retomada
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letreiro fala que o filme vai rolar no Rio de Janeiro e não tem nada
com esses problemas americanos. Essa é uma característica mar-
cante da chanchada: a paródia do cinema americano. A própria tri-
lha do filme que tocava no letreiro era típica do western americano
e, depois, começa a tocar uma trilha nacional. O enredo é sobre gê-
meos. Um é rico (Osmar) e outro é malandro e pobre (Oscar). Você
já imagina as confusões que isso vai dar. A namorada de Oscar (o
pobre), vê uma foto de Osmar (o rico) e ela passa a achar que ele
é rico. O filme é interrompido, muitas vezes, por números musicais
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Curiosidade
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Mazzaropi
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Pornochanchada
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Curiosidade
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Recapitulando
Aqui tem cinema também! Você viu: o Brasil já usava uma câ-
mera desde 1897, e os Irmãos Segreto foram os primeiros cineastas
UNIDADE 3 – Cinema Brasileiro: Origens até a Retomada
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ciados por críticos. E diga por que você os considerou bons filmes.
Somente do período entre 1984 a 1994. Escolha pelo menos um
filme dos anos 90.
Em seguida, compare os textos que você escreveu com o Re-
ferencial de resposta abaixo e veja se você acertou a questão.
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4
CINEMA PÓS-MODERNO:
DA NOVA HOLLYWOOD AOS
FILMES DIGITAIS
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169
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE
APRENDIZAGEM DA UNIDADE:
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Caro Aluno,
Seja bem-vindo! Esta é a Unidade IV - Cinema Pós-Moderno:
da Nova Hollywood aos filmes digitais. Nela, você vai identificar que o
cinema clássico americano foi influenciado pelas chamadas “estrelas”,
atores e atrizes famosos, que eram chamados para fazer determinados
filmes e garantir que tivessem público. Você irá descobrir que gêneros
predominavam nessa chamada época de ouro do cinema. Após isso,
você vai analisar o contexto que levou a uma mudança em Hollywood
nos anos 1970. E irá criar sua própria ideia do que foram os novos
cineastas e como eles mudaram o jeito de lucrar com os filmes: surgi-
ram os blockbusters. Você irá comparar os filmes das vanguardas (do
cinema moderno) com os filmes do cinema pós-moderno, onde há
releituras dos gêneros, como Noir e Faroeste (Western). Você também
UNIDADE 4 – Cinema Pós-Moderno: da Nova Hollywood aos Filmes Digitais
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Curiosidade
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Veja o que tiver produção mais recente e tente assistir a pelo menos
uma obra de cada atriz. Depois responda a essa pergunta: por que
essa atriz pode ser considerada alguém com poder de influenciar
uma geração (ou mais de uma)?
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seus filmes, com figurinos icônicos. E por isso ela virou ícone da
moda até hoje. Bom, o aluno, a aluna, deve fazer levantamentos
do tipo, olhando sempre o ponto de vista dos próprios americanos,
afinal, a tal era de ouro se passa em Hollywood. E compreende os
anos 20, 30, 40, 50 e 60. Foi um período em que os grandes estú-
dios contratavam artistas, investiam neles e exigiam que cumpris-
sem determinada quantidade de filmes. Alguns davam trabalho,
outros eram profissionais ao extremo. As vidas pessoas desses ar-
tistas era tão importante (ou até mais) do que seus talentos profis-
sionais. Isso é só uma dica. O estudante deve escolher a estrela de
Hollywood baseado no tamanho da fama - se tiver grande talento,
ótimo, mas não é prioridade, porque era comum que o artista fosse
mais famoso do que talentoso. Veja o filme Cantando na Chuva e
entenderá o que quero dizer.
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Lucas e Spielberg
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Multimídia
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Anos 80 e 90
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Multimídia
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criar na tela imagens de dinossauros iguais às que se obteriam com uma câ-
mara 32 milímetros apontada para um dino de verdade. Primeiro desenhou
cada osso e articulação do bicho, depois o cobriu com pele, músculos e fi-
nalmente lhe deu movimento. Quando Spielberg foi chamado para ver
o resultado da experiência, ficou de queixo caído, mandou cancelar
a confecção da maioria dos bonecos de dinossauros em tamanho
natural e optou pelos dinos digitais. Nos dezoito meses seguintes, uma
equipe de cinquenta técnicos da empresa de George Lucas trabalhou sem
parar para fabricar os dinossauros do filme. Para ter uma ideia do tamanho
da tarefa, a memória dos computadores utilizou 250 bilhões de bytes,
suficientes para fazer funcionar todos os computadores pessoais de uma
cidade pequena dos Estados Unidos.”
Clique aqui e veja o vídeo sobre como Jurassic Park mudou o
entretenimento do audiovisual. A parte 2 do vídeo está aqui (nela
há uma explicação mais detalhada sobre os efeitos revolucionários).
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ciso mais cenas cada vez mais realistas. E o mundo digital começava
a ser um instrumento capaz de tornar tudo isso verdade. Depois de
Jurassic passou a ser obrigação dos estúdios produzir filmes assim.
O diretor James Cameron se especializou em inovações tecnoló-
gicas com seus filmes como Exterminador do Futuro 2 (1991),
Titanic (1997) ou o Segredo do Abismo (1989). Neste último, os
efeitos inovadores que ele usou para dar forma aos alienígenas que
pareciam feitos de água, foram reutilizados no segundo filme do
Exterminador, criando um robô androide que podia
se desmanchar e se rearranjar. Depois ele criaria câ-
meras próprias para filmar completamente em 3D
na obra Avatar (2009). Como curiosidade, Came-
ron é formado em Física.
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segura uma arma e sai atirando, mas a visão do jogo é sua (câmera
subjetiva). Ou seja, a perspectiva de câmera no jogo é de quem
joga, para que tudo pareça o mais real possível (novamente a ques-
tão do “mais real”). Mais real que a realidade já era uma obsessão.
Nesse sentido, o cinema também começa a copiar esse jeito
de filmar cenas de ação com a perspectiva de um gamer (aliás,
tem um filme com esse nome, Gamer, de 2009). O filme Har-
dcore: Missão Extrema (2015) levou a ideia ao limite. A obra
toda você vê com os olhos de um ciborgue, que é o personagem
principal (veja aqui o link para o trailler oficial e você entenderá
melhor).
Os filmes de terror, como a série Atividade Paranormal
(2007), usam e abusam do estilo câmera comum na mão do per-
sonagem. Apenas evoluímos das filmadoras para os celulares com
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Glossário
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Conclusão
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