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Proteção

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Incêndios e Explosões
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Combate ao Fogo – Parte 1

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Leandro Monteiro de Araújo

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Combate ao Fogo – Parte 1

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Extintores;
• Hidrantes;
• Chuveiros Automáticos;
• Projeto.

Fonte: Getty Images


Objetivo
• Fornecer ao aluno o conteúdo teórico básico para o dimensionamento dos sistemas de
proteção contra incêndio por extintores, hidrantes e chuveiros automáticos.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Combate ao Fogo – Parte 1

Contextualização
Esta unidade (Combate ao Fogo – Parte 1) vem apresentar ao aluno(a) os 3 tipos de
sistemas mais comuns em projetos contra incêndio. Desses, pelo menos um sempre será
encontrado em qualquer tipo de edificação.

Praticamente todos já ouviram falar nesses sistemas e/ou equipamentos. Mas como
definir qual desses 3 tipos de sistemas deve ser utilizado em uma edificação ou outra e
como projetá-los?

O Engenheiro de Segurança do Trabalho é um dos profissionais responsáveis por


definir qual tipo de sistema de combate ao fogo deve ser utilizado em cada tipo de
edificação, como deve ser projetado, instalado e utilizado para o combate a princípios
de incêndio.

Dessa forma, aproveite o conteúdo desta unidade e todos os demais recursos dis-
poníveis para o aprofundamento teórico nessa área de conhecimento que envolve a
segurança contra incêndio.

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Extintores
O extintor de incêndio, ou simplesmente extintor, é um equipamento de segurança
utilizado para extinguir ou controlar princípios de incêndios em casos de emergência.

De forma geral, trata-se de um cilindro


que pode ser carregado até o local do foco
do incêndio, contendo um agente extintor
sob pressão.

No Brasil, os extintores são normalizados


conforme norma ABNT NBR 12693 – Sis-
temas de proteção por extintor de incêndio.

Além da norma brasileira, devem-se ava-


liar as recomendações das legislações esta-
duais e normas técnicas do corpo de bom-
beiros para os sistemas de proteção contra Figura 1
incêndio por extintores em cada Estado. Fonte: Getty Images

A norma ABNT NBR 12693: Sistemas de proteção por extintor de incêndio não se
aplica à proteção de aeronaves, embarcações e veículos, nem a outras classes de
fogos que não sejam A, B e C.

O Estado de São Paulo através do Corpo de Bombeiros criou as Instruções Técni-


cas, mais conhecidas como Its. Nesse caso, falamos em especial da Instrução Técnica
21/2018 – Sistemas de proteção por extintores de incêndio –, que tem como referência
a ABNT NBR 12693.

Figura 2 – Instrução Técnica 21/2018 – Sistema de proteção por extintores de incêndio


Fonte: Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo

Assim como feito em São Paulo, os demais estados seguem essa tendência de facili-
tar o entendimento do “como implementar” as medidas de proteção contra incêndio nas

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Combate ao Fogo – Parte 1

edificações, inclusive a forma de avaliação delas para permitir a emissão de licenças especí-
ficas. E, dessa forma, adotando instruções técnicas, como, por exemplo, o Estado do Pará,
que emitiu recentemente sua primeira edição das instruções técnicas – nesse caso, a instru-
ção técnica 03, que possui em sua parte I, o sistema de proteção por extintores de incêndio.

Figura 3 – Instrução Técnica 03/2019 – Controle de crescimento e supressão de incêndio


Fonte: Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo

Tipos
Segundo a NBR 12693, podemos dividir os extintores em dois tipos: portáteis
ou sobrerrodas.

Os extintores portáteis são aqueles que podem ser transportados manualmente e


possuem uma massa total de, no máximo, 20kg. Tais extintores são fabricados confor-
me ABNT NBR 15808 – Extintores de
incêndio portáteis.

Os extintores sobrerrodas, como o


próprio nome já diz, são equipamentos
montados sobre rodas e possuem uma
massa total de, no máximo, 250kg.
Tais extintores são fabricados conforme
ABNT NBR 15809 – Extintores de in-
cêndio sobre rodas.

Existem diversos fabricantes de extin-


tores que podem ser consultados para
esclarecimentos sobre a forma de cons- Figura 4 – Exemplo extintores portáteis
trução, capacidade etc. Fonte: Pixabay

Como exemplo, analise as informações apresentadas no catálogo de um extintor de incêndio,


disponível em: https://goo.gl/thLGQQ

Ambos os tipos de extintores são classificados em função da classe de incêndio (A, B


ou C) e em função de sua capacidade extintora.

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Todo extintor possui em seu corpo um rótulo de identificação que possui informações
básicas sobre classe de incêndio, instruções de uso, manutenção etc.

Como sabemos qual extintor utilizamos em cada ocasião? Para responder a essa
pergunta, precisamos responder a outras duas perguntas: Qual é a classe de incên-
dio? Qual é o tamanho do fogo (carga de incêndio)? Ao responder a essas duas per-
guntas, saberemos qual extintor devemos utilizar. Continue o estudo e entenderá
mais sobre o tamanho do fogo.

Capacidade
A capacidade extintora é uma das formas de medir o poder de extinção de fogo
de um extintor, e é obtida por meio de um ensaio normalizado, de acordo as normas
ABNT NBR 15808 (extintores de incêndio portáteis) e ABNT NBR 15809 (extintores
de incêndio sobre rodas).

Observe a figura a seguir que apresenta o tamanho dos engradados de madeira que
devem ser utilizados para determinar a capacidade extintora de cada extintor para fogo
classe A (1-A, 2-A, 4-A, 6-A, 10-A, 20-A ou 30-A). Quanto maior for o fogo do engra-
dado que o extintor conseguir extinguir, maior será a sua capacidade extintora, ou seja,
se o extintor em teste conseguir apagar o fogo do engradado de capacidade 6, significa
que o extintor tem capacidade 6-A e assim por diante.

Figura 5 – Determinação capacidade extintora de classe A


Fonte: Kidde/Divulgação

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Combate ao Fogo – Parte 1

Para fogo classe B, segue o mesmo princípio do teste feito com os engradados de
madeira, porém, nesse caso, utilizam-se cubas quadradas, contendo líquido inflamável
(n-heptano) em tamanhos e volumes de líquidos para cada capacidade extintora a ser
testada, conforme apresentado na figura a seguir.

Já para fogo classe C, testa-se a condutividade elétrica durante o ensaio.

Figura 6 – Determinação capacidade extintora de classe B


Fonte: Kidde/Divulgação

Já sabemos o que é capacidade extintora e como ela é definida, porém, para o


dimensionamento de quantidade de extintores necessários em cada edificação é neces-
sário também entender o termo: “unidade extintora”. Tanto para extintores portáteis
quanto para extintores sobrerrodas, para se considerar cada um como uma unidade
extintora, segundo a ABNT NBR 12693, temos relacionado uma capacidade extintora
mínima que deve ser considerada. Veja nas tabelas a seguir qual seria a capacidade ex-
tintora mínima para se constituir uma unidade extintora.

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Tabela 1 – Extintor portátil - capacidade mínima de uma unidade extintora
Extintor portátil (máx. 20kg)
Agente extintor Capacidade extintora mínima
Água 2-A
Espuma mecânica 2-A: 10-B
Dióxido de Carbono (CO2) 5-B:C
Pó BC 20-B:C
Pó ABC 2-A:20-B:C
Halogenados 5-B:C
Fonte: O Autor, 2019. (ref. ABNT NBR12693)

Tabela 2 – Extintor sobre rodas - capacidade mínima de uma unidade extintora


Extintor sobre rodas (máx. 250kg)
Agente extintor Capacidade extintora mínima
Água 10-A
Espuma mecânica 6-A: 40-B
Dióxido de Carbono (CO2) 10-B:C
Pó BC 80-B:C
Pó ABC 6-A:80-B:C
Fonte: O Autor, 2019. (ref. ABNT NBR12693)

Para a utilização dos extintores sobrerrodas, é necessário avaliar se o mesmo pode


acessar a área a ser protegida sem impedimentos de portas, soleiras, degraus no
piso, materiais, equipamentos ou outras obstruções, não podendo, ainda, protege-
rem pavimentos diferentes de sua instalação.

Instalação e Sinalização
Os extintores devem ser instalados em função do risco da ocupação e da classe de
incêndio, obedecendo também à distância máxima a ser percorrida para cada risco con-
forme ABNT NB 12693. Por exemplo, não vamos utilizar um extintor de água quando
a classe de incêndio é C, ou seja, risco elétrico. Tão pouco, vamos utilizar um extintor de
capacidade extintora 2-A, quando em função do risco da ocupação, se exige a instalação
de um extintor com capacidade mínima de 4-A. Para melhor entender sobre a capacidade
extintora mínima em função do risco da ocupação, veja mais à frente a tabela sobre “ca-
pacidade extintora mínima e distância máxima a ser percorrida em cada classe de risco”.

Os extintores não podem estar obstruídos, pois, se estiverem obstruídos, quando da


sua utilização, podemos ter outro acidente além do incêndio propriamente, ou seja, não
devemos deixar lixos, plantas, arquivos etc. na frente de qualquer extintor. Além disso, os
mesmos devem estar visíveis e sinalizados conforme ABNT NBR 13434, que define os
critérios a serem considerados quanto à sinalização de segurança contra incêndio e pânico.

Os extintores portáteis devem estar a uma altura de, no máximo, 1,60m do piso e de,
no mínimo, 0,10m do piso, mesmo quando apoiado em suporte, conforme figura a seguir.

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SINALIZAÇÃO
FOTOLUMINESCENTE

0,10m no Mínimo e 1,60m no Máximo


EXTINTOR DE
PAREDE

RÓTULO DO FABRICANTE

SUPORTE
0,10

DE PISO

PISO ACABADO

DETALHE FIXAÇÃO E SINALIZAÇÃO


DE EXTINTORES

Figura 7 – Detalhe instalação extintor portátil


Fonte: Adaptado de Getty Images

O sistema de proteção por extintores deve ser aplicado a todo tipo de edificação, con-
siderando no mínimo duas unidades extintoras por pavimento, sendo uma para incêndio
classe A e outra para incêndio classe B e C.
A classe de risco das edificações se divide em baixo, médio e alto, conforme apresen-
tado na tabela a seguir:
Tabela 3 – Classificação do grau de risco
Classe de Risco Carga de incêndio Volume de líquido Combustível
Baixo < 300 MJ/m2 < 3,6L
Médio 300 MJ/m2 a 1200 MJ/m2 3,6L a 18L
Alto 2 Acima de 18L
Acima de 1200 MJ/m
Fonte: O Autor, 2019. (ref. ABNT NBR12693)

A carga de incêndio pode ser encontrada no Anexo A da ABNT NBR 12693,


bem como nas legislações estaduais e instruções técnicas do corpo de bombeiros de
cada estado.

Tabela 4 – Cargas de incêndio específicas por ocupação


Carga de incêndio
Ocupação/uso Descrição
específica (q) MJ/m2
Alojamentos estudantis 300
Apartamentos 300
Residencial
Casas térreas ou sobrados 300
Pensionatos 300

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Carga de incêndio
Ocupação/uso Descrição
específica (q) MJ/m2
Hotéis 500
Motéis 500
Apart-hotéis 500
Alojamentos estudantis 300
Apartamentos 300
Serviços de hospedagem Casas térreas ou sobrados 300
Pensionatos 300
Hotéis 500
Motéis 500
Apart-hotéis 500
Alojamentos estudantis 300
Fonte: ABNT NBR 12693 – Anexo A

Para a distribuição dos extintores, deve-se avaliar a capacidade extintora mínima a


ser considerada, bem como a distância máxima a ser percorrida em metros, conforme
tabela a seguir. Além disso, deve-se considerar no mínimo um extintor a não mais de 5m
da porta de acesso da entrada principal da edificação ou do pavimento.

Tabela 5 – Capacidade extintora mínima e distância máxima a ser percorrida em cada classe de risco
Incêndio Classe A Incêndio Classe B
Classe de Risco Capac. Distância máx. a ser Distância máx. a ser
Capac. extintora mín.
extintora mín. percorrida (m) percorrida (m)
Baixo 2-A 25 20-B 15
Médio 3-A 20 40-B 15
Alto 4-A 15 80-B 15
Fonte: O Autor, 2019 (ref. ABNT NBR12693)

Dois extintores com carga d’água de capacidade extintora 2-A, quando instalados um ao
lado do outro podem ser utilizados em substituição a um extintor 4 – A.

A norma ABNT NBR 12693 define que os extintores para risco classe C devem ser
distribuídos com base na proteção do risco principal da edificação ou da área de risco, ou
seja, acompanhando-se a mesma distribuição dos riscos classe A ou B. Observe que nor-
malmente se encontram nas edificações extintores de Água e Pó químico ABC juntos,
para atender as classes de incêndio A, B e C e a exigência de no mínimo duas unidades
extintoras por pavimento recomendado pelo NBR.
Sempre que possível, também se deve instalar esses extintores de classe C próximos
a riscos especiais mantendo-se uma distância segura para o operador, tais como:
• casa de caldeira;
• casa de bombas;
• casa de força elétrica;
• casa máquinas;
• galeria de transmissão;

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• incinerador;
• elevador (casa de máquinas);
• ponte rolante;
• escada rolante (casa de máquinas);
• quadro de redução para baixa tensão;
• transformadores;
• contêineres de telefonia;
• gases ou líquidos combustíveis ou inflamáveis; e
• outros riscos semelhantes.

ABNT NBR 12693 - ANEXO A – Carga de incêndio específica por ocupação – Cálculo para
tipo de risco. Disponível em: https://goo.gl/qd1bT5

Como utilizar um extintor portátil: https://youtu.be/n1oLX6XgjI4

Certificação, validade e garantia


Todos os extintores devem estar lacrados, com a pressão adequada e possuir selo de
conformidade do Inmetro.

O prazo de validade da carga e da garantia de funcionamento do extintor novo é


informado pelo fabricante do mesmo.

No caso de manutenção, o prazo de validade da carga e da garantia será dado pela em-
presa responsável pela manutenção, desde que a mesma seja certificada pelo Inmetro, o qual
emite uma quantidade de selos para cada empresa em função da sua capacidade de recarga.

A importância da manutenção do extintor: https://youtu.be/cix_PgOgZag

Hidrantes
O sistema de hidrantes é um sistema do tipo fixo, de proteção por abafamento e
resfriamento do incêndio. Na etapa inicial do incêndio o sistema por Hidrantes pode
ser manuseado pela equipe da brigada contra incêndio da edificação que é treinada e
habilitada para tal atuação.

Na segunda etapa o mesmo sistema será utilizado pelo Corpo de Bombeiros, que uti-
lizará a água do próprio reservatório da edificação, conhecido como reserva técnica de
incêndio (RTI), ou através de alimentação externa por meio do registro de recalque (RR).
O sistema de hidrantes é um sistema de proteção contra incêndio composto
por tubulação, conexões, válvulas, bombas, instrumentos, reservatório de água etc.

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Trata-se de um sistema que necessita de um projeto hidráulico, elaborado por um pro-
fissional habilitado, com recolhimento de ART referente ao projeto.

Para a elaboração desse projeto, temos a ABNT NBR 13714: 2000 – Sistema de
hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio – e as legislações estaduais com
suas normas técnicas específicas.
De forma geral, no projeto desse sistema, devemos seguir as recomendações das le-
gislações estaduais e suas normas técnicas, que, por sua vez, seguem as recomendações
da norma brasileira NBR 13714.
As variáveis básicas de um sistema de proteção e combate contra incêndio por hi-
drantes são: pressão e vazão mínimas necessárias nos hidrantes mais desfavoráveis hi-
draulicamente e Reserva Técnica de Incêndio, entre outras.
Para entendermos como funciona o sistema de hidrantes e seu dimensionamento, va-
mos avaliar um estudo de caso de dimensionamento do sistema por 3 critérios de cálculo.

Componentes do sistema
O sistema de hidrantes possui diversos componentes que devem ser dimensionados e
selecionados conforme as recomendações de normas.

Vamos conhecer alguns dos principais componentes desse sistema hidráulico chama-
do de sistema de hidrantes.
• Reserva Técnica de Incêndio (RTI): Trata-se da reserva de água exclusiva para o
combate ao incêndio, dimensionado pelo engenheiro calculista hidráulico respon-
sável pelo projeto de combate contra incêndio;
• Hidrante: Trata-se do ponto de tomada de água com uma (simples) ou duas (duplo)
saídas, conectado a uma válvula globo 45º com adaptador, tampão, mangueiras de
incêndio, esguicho e chave storz;
• Mangotinho: Ponto de tomada de água onde há uma (simples) saída contendo vál-
vula de abertura rápida, adaptador (se necessário), mangueira semirrígida, esguicho
regulável e demais acessórios;
• Mangueira: As mangueiras de incêndio devem atender às condições da NBR
11861 - Mangueira de incêndio - Requisitos e métodos de ensaio. A depender do
tipo do sistema, utiliza-se mangueiras de DN 40mm ou DN 65mm;
• Esguicho: Dispositivo adaptado na extremidade da mangueira utilizado para dar forma,
direção e controle ao jato de água, podendo ser do tipo regulável ou jato compacto;
• Bomba principal: Trata-se de uma bomba hidráulica centrífuga utilizada exclusiva-
mente para recalcar água para os hidrantes, na pressão e vazão definida no projeto;
• Bomba de pressurização (Jockey): Trata-se de uma bomba hidráulica centrífuga
utilizada para manter pressurizado o sistema de hidrante dentro de uma faixa esta-
belecida em projeto.

Existem diversos outros componentes que podem ser utilizados dentro de um sistema de
hidrantes. Tais componentes são exigidos em função da necessidade do projeto hidráulico.

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Estudo de caso
Para o estudo de caso, será analisado o dimensionamento de um sistema de hidrantes
de um condomínio residencial de 10 andares, com reservatório inferior, dotado de bom-
ba de incêndio principal e bomba jóquei para manter a linha pressurizada.

A análise será feita por 2 critérios, sendo:


• 1º critério: NBR 13.714: 2000;
• 2º critério: CBPMSP - Instrução Técnica nº22/2011;

Figura 8 – Isométrico Hidrantes - Condomínio residencial - 10 andares


Fonte: Acervo do Conteudista

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Para todos os critérios, seguiremos a mesma sequência de estudo, a saber:
1. Volume mínimo para o reservatório de água de incêndio;
2. Vazão necessária para o sistema de hidrantes;
3. Diâmetro de tubulações;
4. Cálculo de perda de carga;
5. Altura manométrica.

• Solução 01 (NBR 13.714:2000)

1 – Volume mínimo para o Reservatório de Água de Incêndio

O volume mínimo da Reserva de Incêndio, conforme item 5.4 da NBR 13.714:200,


é: V = Q x t, onde:
• “Q” é a vazão e duas saídas do sistema aplicado, conforme a tabela 4.1.1 (Tabela
1 da NBR 13.714:200), em litros por minuto;
• “t” é o tempo de 60 min para sistemas dos tipos 1 e 2, e de 30 minutos para sis-
tema do tipo 3, conforme classificação da NBR 13.714:200; e
• “V” é o volume da reserva, em litros.

Conforme tabela D1 da NBR 13.714:200, temos a classificação quanto à Ocupa-


ção/uso, onde é definido o tipo de sistema que deve ser considerado – nesse caso, o
condomínio residencial se enquadra no Grupo A, com o sistema tipo 1.

Tabela 6 – tipos de sistemas


Mangueiras
Vazão
Tipo Esquicho Comprimento Saídas
Diâmetro (mm) L/min
máximo (m)
1 Regulável 25 ou 32 30 1 80 ou 100
Jato compacto
2 40 30 2 300
Ø16mm ou regulável
Jato compacto
3 65 30 2 900
Ø25mm ou regulável
Fonte: O Autor, 2019 (ref. ABNT NBR13714:2000 – tabela 1)

Para o sistema Tipo 1, temos uma vazão de 80 ou 100 L/min, entretanto, segundo
item D.7 do Anexo D da NBR 13.714:2000, pode-se opcionalmente considerar a edifi-
cação atendida por um sistema de hidrantes com mangueiras de DN 40 mm ao invés dos
mangotinhos. Nesse caso, é necessário considerar uma vazão mínima de 130 L/min no
esguicho mais desfavorável hidraulicamente e a reserva também deve levar em conta o
número de hidrantes em funcionamento conforme item D.7.c dessa mesma NBR.
Dessa forma, temos: V = Q x t = 130 x 4 x 60 = 31.200,00 litros, adotado V = 32m3.

2 – Vazão Necessária para o Sistema de Hidrantes

Como verificado no item 1, definimos a vazão mínima de 130 L/min para determi-
nação do volume da reserva de água de incêndio.

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Combate ao Fogo – Parte 1

Assim, temos a vazão mínima de 130 L/min no esguicho mais desfavorável hidrauli-
camente, ou seja, 7,8m3/h.

Para o cálculo da vazão mínima necessária para o Sistema de Hidrantes, deve-


-se considerar o uso simultâneo de quatro hidrantes, conforme item D.7.c da NBR
13.714:2000.
Q = 4 x 7,8 = 31,2 m³/h

3 – Diâmetro de Tubulações

Tubulação de Sucção e Recalque, velocidade adotada: 3,0 m/s

Q  4 ⋅ A 
Como, A = e D=  , temos: D = 0,066 m;
v  p 
Adotado: DN 65 mm; Velocidade (DN65): v = 3,17 m/s

4 – Cálculo de Perda de Carga

Considerando o Isométrico apresentado, temos para os trechos abaixo os seguintes


comprimentos equivalentes:
Tabela 7 – Singularidades

Válvula de Retenção Pesada


Diâmetro interno em mm

Válvula de Retenção Leve


Válvula de pé com crivo
Cotovelo 90 Raio Médio
Cotovelo 90 Raio Longo

Cotovelo 90 Raio Curto


Diâmetro polegadas

Ampliação Gradua
Saída Canalização
Entrada de Borda

Redução Gradual
Curva 90 R/D 1,5

Vávla Borboleta
Entrada Normal

Válvula Ângulo
Válvula Gaveta
Curva 90 R/D 1

Válvula Globo
Cotovelo 45

Tê Lateral
Tê Direto
Curva 45

Trecho Leq
A B 2 1/2 59,0 2 1 2 1 8,90
B C 2 1/2 59,0 2 1 3,30
C D 2 1/2 59,0 6 7,80
D E 2 1/2 59,0 1 1,30
E F 2 1/2 59,0 1 1,30
F H1 2 1/2 59,0 1 1 2,30
F H2 2 1/2 59,0 1 4,30
E H3 2 1/2 59,0 1 4,30
D H4 2 1/2 59,0 1 4,30
Fonte: O Autor, 2019

Tabela 8 – Perda de carga na mangueira


Mangueira DN40
Comprimento 30 m
Coeficiente de Rugosidade 140
Diâmetro Interno 0,04 m
Vazão 0,00217 m3/s
Perda de Carga Unitária (J) 0,06526 m/m
Perda de Carga Total 2,58767 m
Fonte: O Autor, 2019

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Tabela 9 – perda de carga no esguicho
Esguicho
Coeficiente de Correção da vazão 0,98 (adotado)
Diâmetro do esguicho 0,0254 m
Área 0,00051 m2
Vazão do Hidrante 0,00217 m3/s
Perda de Carga 0,03842 m
Fonte: O Autor, 2019

Utilizaremos a equação de Hazen-Williams para o cálculo da perda de carga total no


sistema, conforme abaixo.

Tabela 10 – Perda de carga total


CALCULO DA PERDA DE CARGA E ALTURA MONOMETRICA DO SISTEMA
Projeto: Sistema: Execução Data Nº documento
Condomínio Residencial –
Solução 1 (NBR 13.714/2000) Combate à Incêndio por Hidrantes LMA
Método Utilizado: Fórmula: Onde: Coeficiente C Perdas de Carga Adicionais:
FERRO FUNDIDO
Hazen-Williams J = 10,643 . Q1,85 . C-1,85 . D-4,87 J: Perda de Carga (m/m) m
Q: Vazão (m3/s) 100 m
D: Diâmetro (m) AÇO Mangueira DN40 2,59 m
Q: Coeficiente Adimensional 100 Esguicho 0,04 m
Diâmetro Perda
Trecho Vazão Vazão Velocidade Área Tubo DN L EQ L RETO L TOT hf
Interno Unitária J
m /h
3
m /s
3
m/s m2 pol m m/m m m m m

A B 31,2 0,009 3,2 0,0027 2 1/2 0,59 0,315 8,9 6,50 15,4 4,848
B C 31,2 0,009 3,2 0,0027 2 1/2 0,59 0,315 3,3 6,80 10,1 3,180
C D 31,2 0,009 3,2 0,0027 2 1/2 0,59 0,315 7,8 18,60 26,4 8,311
D E 23,4 0,007 2,4 0,0027 2 1/2 0,59 0,185 1,3 3,10 4,4 0,813
E F 15,6 0,004 1,6 0,0027 2 1/2 0,59 0,087 1,3 3,10 4,4 0,384
F H1 7,8 0,002 0,8 0,0027 2 1/2 0,59 0,024 2,3 4,60 6,9 0,167
F H2 7,8 0,002 0,8 0,0027 2 1/2 0,59 0,024 4,3 1,50 5,8 0,140
E H3 7,8 0,002 0,8 0,0027 2 1/2 0,59 0,024 4,3 1,50 5,8 0,140
D H4 7,8 0,002 0,8 0,0027 2 1/2 0,59 0,024 4,3 1,50 5,8 0,140
∆H Máxima total A-H = 20,3 m
Fonte: O Autor, 2019

5. – Altura Manométrica

Para a determinação da Altura Manométrica da bomba, levamos em conta o desnível


geométrico até o último piso atendido e as perdas de carga do sistema, conforme item 4.

Dessa forma, temos:

Hm = Hg + ∑∆H + Hn

Onde:
• Hg = Altura geométrica (diferença entre o último piso atendido por um hidrante e
a elevação de instalação da caixa d’água de incêndio);
• Hg = 31,2 m
• ∑∆H = Perda de carga total na tubulação até o esguicho (mca), considerando
tubo novo;

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UNIDADE
Combate ao Fogo – Parte 1

• ∑∆H = 20,3 (conforme tabela de perda de carga total)


• Hn = Pressão mínima necessária no esguicho, posicionado no último piso.
• Hn = 15 mca (Adotado).
• Hm = 66,5 mca

Sendo assim, considerando um acréscimo aproximado de 10% para eventuais ajustes


durante o detalhamento das tubulações, temos:

Hm = 74,00 mca (adotado)

• Solução 02 (CBPMSP – Instrução Técnica 22/2018)

Para se iniciar a avaliação do Sistema de Hidrantes conforme Instruções do Corpo de


Bombeiros do Estado de São Paulo, é necessário primeiramente classificar a edificação
conforme Decreto nº 56.819, de 10 de março de 2011.

Dessa forma, segundo Tabela 8 (Decreto 56.819- Tabela 1), classificamos a edifica-
ção como A-2 - Habitação Multifamiliar.

Tabela 11 – Classificação da Edificação quanto à Ocupação


Grupo Ocupação/Uso Descrição Descrição Exemplos
Casas térreas ou assombradas (isoladas e não
A-1 Habitação unifamiliar
isoladas) e condomínios horizontais.

A Residencial
A-2 Habitação multifamiliar Edifícios de apartamento em geral.
Pensionatos, internatos, alojamentos, mosteiros,
A-3 Habitação coletiva conventos, residências geriátricas. Capacidade
máxima de 16 leitos.
Fonte: Decreto nº 56.819 - Tabela 1

1 – Volume mínimo para o Reservatório de Água de Incêndio

Para o volume mínimo do Reservatório, consideramos as Tabelas 2 e 3 da IT-022 do


Corpo de Bombeiros de S.P.

Ocupação: A-2 (Habitação Multifamiliar); Área = 2400,00 m2

Segundo tabela 3 da IT-22, temos um R.T.I. de 8m3, considerando o sistema tipo 2.

Tabela 12 – Tipos de sistemas de proteção por hidrante ou mangotinho


Mangueiras de incêndio Vazão mínima
Pressão mínima
na válvula do
Esguicho Número de no hidrante mais
Tipo hidrante mais
regulável (DN) DN (mm) Comprimento (m) expedições desfavorável desfavorável
(mca)
(L/min)
1 25 25 30 simples 100 80
2 40 40 30 simples 150 30
3 40 40 30 simples 200 40
Fonte: Instrução Técnica 22/2018 - Tabela 2

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Tabela 13 – Aplicabilidade dos tipos de sistemas e volume de reserva de incêndio mínima (m3)
CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES E ÁREAS DE RISCO
CONFORME TABELA 1 DO DECRETO ESTADUAL 56.819/11
D-1 (acima de 300 MJ/m2),
D-3 (acima de 300 MJ/m2),
D-4 (acima de 300 MJ/
Área das A-2, A-3, C-1, D-1 (até 300 MJ/m2),
m2), B-1, B-2, C-2 (acima C-2, (acima de 1000
edificações e áreas D-4 (até 300 MJ/m2), E-1, E2, E-3,
de 300 até 1000 MJ/m2), MJ/m2), I-2 (acima
E-4, E-5, E-6, F-1 (até 300 MJ/m2), G-5, I-3, J-4,
de risco C-3, F-1 (acima de 300 de 800 MJ/m2), J-3
F-2, F-3, F-4, F-8, G-1, G-2, G-3, L-2 e L-3
MJ/m ), F-5, F-6, F-7, F-9, (acima de 800 MJ/
2
G-4, H-1, H-2, H-3, H-5, H-6; I-1,
F-10, H-4, I-2 (acima de m ), L-1, M-1, M-5
2
J-1, J-2 e M-3
300 até 800 MJ/m2), J-2 e
J-3 (acima de 300 até 800
MJ/m2)
Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 Tipo 4
Até 2.500 m2 RTI 5 m3 RTI 8 m3 RTI 12 m3 RTI 28 m3 RTI 32 m3
Acima de 2.500 m2 Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo Tipo 4
até 5.000 m2 RTI 8 m3 RTI 12 m3 RTI 18 m3 RTI 32 m3 RTI 48 m3
Fonte: Instrução Técnica 22/2018 - Tabela 3

2 – Vazão Necessária para o Sistema de Hidrantes

A vazão mínima segue a tabela 2 da IT-022 do Corpo de Bombeiros de S.P.

Para o sistema Tipo 2, considerar uma vazão mínima na válvula do hidrante mais
desfavorável de 150L/min, ou seja, 9m3/h.

Para tal dimensionamento, deve-se considerar o uso simultâneo de dois hidrantes,


conforme item 5.8.3 da IT-022.

Q = 2 x 9 = 18,0 m3/h

3 – Diâmetro de Tubulações

Tubulação de Sucção e Recalque

Velocidade adotada: 3,0 m/s

Q  4 ⋅ A 
Como, A = e D=  , temos: D = 0,056 m; Adotado: DN 65 mm
v  p 
Velocidade (DN65): v = 1,83 m/s

4 – Cálculo de Perda de Carga

Considerando o Isométrico e singularidades já apresentados, e a vazão a ser conside-


rada conforme IT-22, temos o novo cálculo de perdas de carga conforme a tabela seguir:

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UNIDADE
Combate ao Fogo – Parte 1

Tabela 14 – perda de carga total


CALCULO DA PERDA DE CARGA E ALTURA MONOMETRICA DO SISTEMA
Projeto: Sistema: Execução Data Nº documento
Condomínio Residencial –
Solução 2 (IT 22/2011) Combate à Incêndio por Hidrantes LMA
Método Utilizado: Fórmula: Onde: Coeficiente C Perdas de Carga Adicionais:
FERRO FUNDIDO
Hazen-Williams J = 10,643 . Q1,85 . C-1,85 . D-4,87 J: Perda de Carga (m/m) m
Q: Vazão (m3/s) 100 m
D: Diâmetro (m) AÇO m
C: Coeficiente Admisional 100 m
Diâmetro Perda
Trecho Vazão Vazão Velocidade Área Tubo DN L EQ L RETO L TOT hf
Interno Unitária J
m3/h m3/s m/s m2 pol. m m/m m m m m

A B 18,0 0,005 1,8 0,0027 2 1/2 0,59 0,114 8,9 6,50 15,4 1,752
B C 18,0 0,005 1,8 0,0027 2 1/2 0,59 0,114 3,3 6,80 10,1 1,149
C D 18,0 0,005 1,8 0,0027 2 1/2 0,59 0,114 7,8 18,60 26,4 3,004
D E 18,0 0,005 1,8 0,0027 2 1/2 0,59 0,114 1,3 3,10 4,4 0,501
E F 18,0 0,005 1,8 0,0027 2 1/2 0,59 0,114 1,3 3,10 4,4 0,501
F H1 9,0 0,003 0,9 0,0027 2 1/2 0,59 0,032 2,3 4,60 6,9 0,218
F H2 9,0 0,003 0,9 0,0027 2 1/2 0,59 0,032 4,3 1,50 5,8 0,183
∆H Máxima total A-H = 7,1 m
Fonte: O Autor, 2019

5 – Altura Manométrica

Para a determinação da Altura Manométrica da bomba, levamos em conta o desnível


geométrico até o último piso atendido e as perdas de carga do sistema, conforme item 4.

Dessa forma, temos:

Hm = Hg + ∑∆H + Hn

Onde:
• Hg = Altura geométrica (diferença entre o último piso atendido por um hidrante e
a elevação de instalação da caixa d’água de incêndio);
• Hg = 31,2 m
• ∑∆H = Perda de carga total na tubulação até o hidrante (mca), considerando
tubo novo;
• ∑∆H = 7,1 (conforme tabela de perda de carga total);
• Hn = Pressão mínima necessária no esguicho, posicionado no último piso;
• Hn = 30 mca (conforme tabela 2 da IT-22);
• Hm = 68,3 mca.

Sendo assim, considerando um acréscimo aproximado de 10% para eventuais ajustes


durante o detalhamento das tubulações, temos:

Hm = 75,00 mca (adotado)

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Comparação
As diferenças encontradas nas soluções estudadas podem ser observadas na tabela 15
abaixo, onde são apresentadas de forma resumida os valores encontrados em cada solução.

Tabela 15 – Tabela de Comparação


NBR 13.417:2000 Instrução Técnica 22/2018
Classificação da Edificação Grupo A (residencial) A-2 (Habitação Multifamiliar)
Volume da Reserva de Incêndio (m )
3
32 8
Vazão unitária (m /h)
3
7,8 9
Vazão total do Sistema (m /h)
3
31,2 18
Perda de Carga no Sistema 20,3 7,1
Altura Manométrica da Bomba 74 75
Fonte: O Autor, 2019

Com base na tabela, observa-se que, embora a altura manométrica da bomba seja
praticamente a mesma, a vazão é 70% maior pela NBR e a reserva de incêndio é 4 vezes
maior pela NBR do que pela IT 22/2018 do CBPMSP.

Se no estudo de caso apresentado temos valores diferentes de vazão e reserva de incêndio


entre a NBR e norma técnica do CBPMSP, por que não se utilizam os valores da NBR nos
projetos que seguem para aprovação junto ao Corpo de Bombeiros de SP?

Chuveiros Automáticos
O sistema de chuveiros automáticos, também conhecido simplesmente como
sprinklers, é um sistema fixo, integrado à edificação que processa uma descarga
automática de água sobre um foco de incêndio, em uma densidade adequada para
controlá-lo ou extingui-lo.

Figura 9
Fonte: Getty Images

23
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UNIDADE
Combate ao Fogo – Parte 1

O sistema realiza automaticamente 3 funções básicas:


• Detectar o fogo;
• Ativar o alarme sonoro e identificar o setor da edificação; e
• Controlar ou extinguir o fogo.

Para a elaboração do projeto desse sistema, seguimos as recomendações da ABNT


NBR 10897: 2014 – Sistemas de proteção contra incêndio por chuveiros automáticos
–, bem como as legislações estaduais com suas normas técnicas específicas.

Classificação do sistema
O sistema de chuveiros automáticos (sprinklers) possui basicamente 4 classificações,
a saber:
• Sistema de tubo molhado;
• Sistema de tubo seco;
• Sistema de ação dilúvio; e
• Sistema de ação prévia.

Sistema de tubo molhado


Esse sistema consiste em uma rede de tubulação fixa, contendo água sob pressão de
forma permanente, na qual estão instalados chuveiros automáticos em seus ramais.

O sistema é controlado, em sua entrada, por uma válvula de governo cuja função é
soar, automaticamente, um alarme quando da abertura de um ou mais chuveiros dispara-
dos pelo incêndio. Os chuveiros automáticos realizam, de forma simultânea, a detecção,
alarme e combate ao fogo.

Sistema de tubo molhado, disponível em: https://goo.gl/541Bb2

O funcionamento se dá, basicamente, da seguinte forma:


• O incêndio libera calor que sobe em direção ao teto pela convecção;
• Ao romper os chuveiros automáticos, ocorre a liberação da água. Com a queda de pres-
são no sistema, o conjunto de bombas que pressuriza a rede entra em funcionamento;

Entenda de forma simplificada o funcionamento do sistema de sprinkler de tubo molhado,


disponível em: https://youtu.be/AFHQA7EgJ4g

Sistema de tubo seco


O sistema de tubo seco consiste em uma rede de tubulação fixa, contendo, em seu
interior, ar comprimido ou nitrogênio sob pressão, à qual estão instalados chuveiros
automáticos em ramais.

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O sistema possui uma válvula que se abre quando da liberação do gás contido na
tubulação, pelo acionamento dos chuveiros automáticos. Dessa forma, a válvula permite
a admissão da água na rede da tubulação.

Esse tipo de sistema é destinado às regiões sujeitas a baixas temperaturas, onde o


congelamento da água na tubulação é uma possibilidade a ser considerada.

Sistema de tubo seco, disponível em: https://goo.gl/DPnSNw

Sistema de ação dilúvio


O sistema de ação dilúvio consiste em uma tubulação seca, na qual são instalados
chuveiros abertos (não possuem elementos termossensíveis) em seus ramais.

Esse sistema é monitorado por um sistema de detecção de incêndio na área de pro-


teção, interligado a uma válvula denominada dilúvio, instalada na entrada da rede de
tubulação. A água entra pela rede e é descarregada por todos os chuveiros abertos,
inundando toda a área.

Sistema de ação dilúvio, disponível em: https://goo.gl/xkWfVE

Sistema de ação prévia


O sistema de ação prévia é similar ao sistema de tubo seco, entretanto, acrescenta-se
a esse sistema, um sistema de detecção de incêndio muito sensível, que é interligado a
uma válvula especial instalada na entrada da rede de detectores, os quais cobrem toda a
área de operação.

Em princípio de incêndio, a válvula especial é aberta automaticamente, permitindo a


entrada de água na rede, que descarregará nos chuveiros ativados.

A ação prévia do sistema faz soar, simultânea e automaticamente, um alarme de in-


cêndio, antes da abertura de qualquer chuveiro automático.

Sistema de ação prévia, disponível em: https://goo.gl/Gk2Wyd

Projeto
O anexo A da Instrução Técnica nº23/2018 do Corpo de Bombeiros de SP, com
base na NBR 10897, apresenta um Passo a Passo em 15 etapas, para elaboração do
projeto de chuveiros automáticos, conforme descrito abaixo:
• Passo 1: Identificar a ocupação ou o risco a ser protegido;
• Passo 2: Determinar o tamanho da área de aplicação dos chuveiros automáticos;
• Passo 3: Determinar a densidade de projeto exigida;

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UNIDADE
Combate ao Fogo – Parte 1

• Passo 4: Estabelecer o número de chuveiros contidos na área de cálculo;


• Passo 5: Determinar o formato da área de cálculo;
• Passo 6: Calcular a vazão mínima exigida para o primeiro chuveiro;
• Passo 7: Calcular a pressão mínima exigida para o primeiro chuveiro;
• Passo 8: Calcular a perda de carga entre o primeiro e o segundo chuveiro;
• Passo 9: Calcular a vazão do segundo chuveiro;
• Passo 10: Repetir os Passos 8 e 9 para os chuveiros seguintes até que todos os
chuveiros do ramal estejam calculados;
• Passo 11: Se a área de cálculo se estender até o outro lado da subgeral, os Passos
6 até 9 são repetidos para o lado oposto. Os ramais que cruzam deverão ser balan-
ceados com a mais alta pressão de demanda;
• Passo 12: Calcular o fator K para a primeira subida, com fatores adicionais calcu-
lados para as linhas desiguais;
• Passo 13: Repetir os Passos 8 e 9 para as subidas (ao invés de chuveiros) até que
todas as subidas da área de cálculo tenham sido calculadas;
• Passo 14: Computar a perda de carga no ponto de abastecimento com as com-
pensações devido a desníveis geométricos, válvulas e acessórios e diferença de ma-
teriais da tubulação enterrada;
• Passo 15: Comparar a vazão calculada com o suprimento de água disponível.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Instalações hidráulicas de combate a incêndios nas edificações
Entenda sobre instalações hidráulicas de combate a incêndios através do livro: BRENTANO,
Telmo. Instalações hidráulicas de combate a incêndios nas edificações. 5. ed. atua-
lizada, 2016.

Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais


Conheça um pouco mais sobre cálculos hidráulicos através do livro: MACINTYRE, A. J.
Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.

Vídeos
Sistemas de Chuveiros Automáticos (Revisão da NBR 10.897/2014)
Entenda um pouco mais sobre a revisão da norma de chuveiros automáticos da ABNT
com a apresentação disponibilizada pela ABSpk no vídeo.
https://youtu.be/oxOYdzHzjQk

Leitura
Extintores
Conheça um guia rápido sobre extintores.
https://goo.gl/AzeKAr

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UNIDADE
Combate ao Fogo – Parte 1

Referências
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2013), NBR 12.693:
2013: Sistemas de proteção por extintor de incêndio.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2018), NBR 13.434:


2018: Sinalização de segurança contra incêndio e pânico.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2000), NBR 13.714:


2000: Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2017), NBR 15808:


2017: Extintores de incêndio portáteis.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2017), NBR 15809:


2017: Extintores de incêndio sobre rodas.

AZEVEDO NETTO, J. M. Manual de Hidráulica. 8. ed. atualizada. São Paulo: Edgard


Blücher, 1998.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO, Ins-


trução Técnica nº 21/2018 - Sistema de proteção por extintores de incêndio.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO, Ins-


trução Técnica nº 22/2018 - Sistema de hidrantes e de mangotinhos para combate a
incêndio.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO,


Instrução Técnica nº 23/2018 - Sistema de chuveiros automáticos.

MACINTYRE, A. J. Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais. 2. ed. Rio de Ja-


neiro: Guanabara, 1988.

SEITO, A. I; GILL, A. A; PANNONI, F. D; ONO, R; SILVA, S. B; CARLO, U. D; SILVA,


V. P. A Segurança Contra Incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Editora: 2008.

TELLES, P. C. S.; BARROS, D. G. P. Tabelas e Gráficos para Projetos de Tubula-


ções. 6. ed. Rio de Janeiro: Interciência:1998.

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