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5 SETEMBRO 2017

ESPECIALISTAS

Como fazer planejamento de terraplenagem


ORIGINAL DE BUILDIN

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Neste post vou explicar como se faz o planejamento expedito da terraplenagem de uma obra, sob o ponto de vista do
dimensionamento do histograma de equipamentos.

Roteiro da terraplenagem
O roteiro é o seguinte:

1. Identificação da PLUVIOMETRIA da região – a incidência de chuvas interfere na execução da terraplenagem;


2. Cálculo das HORAS TRABALHÁVEIS por mês – depende da quantidade de dias em que realmente se trabalha;
3. Definição da PRODUÇÃO mensal – volume estimado mês a mês;
4. Cálculo das HORAS TRABALHÁVEIS por mês – depende da quantidade de dias em que realmente se trabalha;
5. Cálculo da PRODUTIVIDADE dos equipamentos de terraplenagem – depende de vários parâmetros: velocidade, capacidade,
tempo de ciclo etc;
6. Dimensionamento das PATRULHAS – quantidade de cada tipo de equipamento por mês;
7. Determinação do HISTOGRAMA de equipamentos – representação gráfica de quantidade mensal.

Pluviometria
Nosso exemplo é uma estrada que tem 450.000 m³ de terraplenagem no Estado de São Paulo. O prazo do serviço é seis meses,
trabalhando em um turno de dez horas por dia.

Uma informação indispensável é o regime de chuvas da região. A precipitação atmosférica mensal é mostrada no gráfico abaixo:

Nota-se que a época mais favorável a atividades de movimento de terra é de abril a setembro. No entanto, considerando que temos que
iniciar os serviços em janeiro, notamos que teremos 3 meses de chuvas e 3 de “seca”.

Horas trabalháveis
O importante para o planejador não é nem tanto o volume mensal, mas sim a quantidade de dias em que a precipitação diária excede a 5
mm de chuva, situação em que os serviços de campo são seriamente afetados e a operação é paralisada. Como não dispomos da tabela
de precipitação histórica por dia, adotemos como premissa que, nos meses chuvosos, as paralisações atingem 50% dos dias
disponíveis e, nos meses mais secos, 15%. Construtoras deveriam ter registros de obras passadas para balizar esses dados.

Em suma,

Janei Fevereir Mar Abril Maio Junh


ro o ço o

Dias no mês (DM) 31 28 31 30 31 30

Horas possíveis (HP) (h) DM x T 310 280 310 300 310 300

Dom+Feriados (DF) (dias) 5 4 4 4 6 7

Dias de chuva (DC) (dias) 10 10 10 5 – –

Horas trabalháveis
Explicação: O mês de janeiro tem 31 dias, ou seja, um total possível de 310 horas de trabalho. Como 50% dos dias são de paralisação (5
domingos/feriados e 10 dias de chuva), as horas impraticáveis são 15 dias x 10 h/dia = 150 horas, sobrando então 160 horas
trabalháveis.

Produção mensal da terraplenagem


Agora vamos distribuir o volume nos meses e dividir pelas horas trabalháveis. À tabela anterior foram agregadas as linhas com texto em
vermelho.

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho

Volume mensal 50.000 50.000 50.000 100.000 100.000 100.000


(VM) (m³)

Dias no mês (DM) 31 28 31 30 31 30

Horas possíveis DM x T 310 280 310 300 310 300


(HP (h)

Dom + Feriados 5 4 4 4 6 7
(DF) (dias)

Dias de chuva 10 10 10 5 – –
(DC) (dias)

Hiras impraticáveis (DF + DC) 150 140 140 90 60 70


(HI) (h) xT

Horas trabalháveis HP – HI 160 140 170 210 250 230


(HT) (h)

Produtividade VM*/HT 313 357 294 476 400 435


requerida (m³/h)

Explicação: Em janeiro, 50.000 m³ a serem produzidos em 160 horas trabalháveis implicam uma produtividade requerida de 313 m³/h.
Note que a premissa do planejador foi definir o volume desejado e deixar como incógnita o dimensionamento da patrulha de
equipamentos. O contrário também poderia ser feito: atribuir uma quantidade de patrulhas e inferir o volume mensal de terraplenagem.

Produtividade dos equipamentos


Abaixo mostro como calcular de forma rápida a produtividade de cada equipamento principal da patrulha de terraplenagem. Por patrulha
entende-se o conjunto de equipamentos que compõem uma equipe.

Produtividade dos equipamentos

Explicação: O trator de esteiras D8 tem uma lâmina de 4 m³ de capacidade nominal, mas só enche 80% dela (fator de carga). O tempo
de ciclo é proveniente de catálogo (depende da distância de empurramento) ou de observação de outras obras. O fator de eficiência
reflete quanto do tempo é efetivamente gasto em operação (pois há interrupções para o operador beber água/ir ao banheiro,
reabastecimento etc.). A produtividade então é 160 m³/h. Obs: equipamentos como motoniveladora, trator agrícola com grade e
caminhão-pipa poderiam ter sido incluídos, mas deixamos só os quatro acima para ilustrar o método.

Dimensionamento das patrulhas


Como sabemos a produtividade requerida no mês e a produtividade de cada equipamento, basta dividir os dois números para chegar à
quantidade mês a mês.

Dimensionamento das patrulhas

Explicação: O trator de esteiras D8 tem produtividade de 160 m³/h, mas a obra precisa de 313 m³/h. O quociente 313/160 = 1,95 tratores,
que arredondamos para dois. Obs: poderíamos ter arredondado fevereiro para três, mas como em março cai para dois, optamos por
manter dois tratores mobilizados. O déficit de fevereiro pode ser compensado com aumento de jornada.

Histograma
A representação gráfica do dimensionamento é mostrada abaixo.

Histograma

Gostou? Recomendo o livro “Manual prático de escavação: terraplenagem e escavação de rocha”, de Hélio de Souza Ricardo.

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AUTOR

ALDO DÓREA MATTOS


Uma das maiores autoridades brasileiras em Planejamento, Orçamento e Controle de Obras é um especialista Buildin.
Neste espaço ele compartilha sua experiência como engenheiro e advogado ao abordar temas como engenharias de
custos, planejamento, estimativas, cronograma, validação de custos, gestão de contratos, arbitragem, gerenciamento de risco, litígios e
muito mais!

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