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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

WILLIAM KENNEDY SOUZA GUIMARÃES (TIA 32100221)

RESUMO: “ORAÇÕES AOS MOÇOS” DE RUI BARBOSA

Campinas,

2022
“Orações Aos Moços” de Rui Barbosa é um discurso proferido a formandos da turma
de 1920 da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde o autor havia se formado
50 anos antes. Os novos bacharéis convidaram Rui Barbosa para ser paraninfo da turma,
contudo, ele não pôde comparecer ao evento, alegando idade avançada e moléstia. Sendo
assim, o texto foi recitado por Reinaldo Porchat, que viria a ser o primeiro reitor da
Universidade de São Paulo.

O principal tema abordado por Rui Barbosa em “Orações aos Moços” é a ética
profissional. O autor engrandece valores e princípios do exercício profissional do Direito,
incentivando que os novos bacharéis mantenham a pureza de seus corações afim de
concretizar os preceitos da nobreza e da bondade humana que são inerentes a justiça.

“Entre vós, porém, moços, que me estais escutando, ainda brilha em toda a sua
rutilância o clarão da lâmpada sagrada, ainda arde em toda a sua energia o centro de
calor, a que se aquece a essência d’alma. Vosso coração, pois, ainda estará
incontaminado; e Deus assim o preserve” (Barbosa, 1921)

O autor manifesta sublime afeição pelos formandos, tal como uma figura paterna,
apresentando conselhos e relatando as vivências de sua caminhada como profissional do
Direito. Dessa forma, ele aconselha que os moços não desistam, ainda que as dificuldades
apareçam ou permaneçam, tendo em vista que o estudo e a oração são alicerces importantes
para que suportem e atinjam suas metas. Citando o exemplo do Padre Suárez que, tendo uma
obra rejeitada, persistiu até tornar-se mestre, Rui Barbosa reforça seu conselho.

“Gutiérrez animou-o a orar, persistir e esperar. De repente se lhe alagou de claridade a


inteligência. Mergulhou-se, então, cada vez mais no estudo; e daí, com estupenda
mudança, começa a deixar ver o a que era destinada aquela extraordinária cabeça, até
esse tempo submersa em densa escuridade” (Barbosa, 1921)

Destarte, a dedicação ao trabalho é muito valorizada pelo autor, pois este considera
que o homem nasce para o trabalho. Além disso, o êxito nas carreiras jurídicas depende de
dedicação integral de tempo e estudos constantes. Logo, o profissional não deve perder seu
tempo em noites libertinas, mas precisa iniciar suas atividades cedo para que não caia na
tentação da procrastinação resultante de um cérebro cansado de labutar o dia todo. “Mas,
senhores, os que madrugam no ler, convém madrugarem também no pensar. Vulgar é o ler,
raro o refletir. O saber não está na ciência alheia, que se absorve, mas, principalmente, nas
ideias próprias, que se geram dos conhecimentos absorvidos, mediante a transmutação, por
que passam, no espírito que os assimila. Um sabedor não é armário de sabedoria armazenada,
mas transformador reflexivo de aquisições digeridas.”

Ao instigar o senso crítico dos estudantes, o autor lamenta que a legislação vigente
àquela época seja consagrada pela aristocracia e, portanto, sem funcionalismo para
atendimento das minorias. Nesse sentido, Rui aconselha que os bacharéis mantenham um
exercício dotada de virtudes a fim de romper com os abusos da lei, incorporando justiça a ela.

Por fim, Rui Barbosa convoca, em apelo esperanço aos formandos, uma reforma aos
moços, buscando um horizonte de prosperidade nacional e implementação de instituições
justas que decorrem da postura cívica, ética, espiritualidade e patriotismo.

“Trabalhai por essa que há de ser a salvação nossa. Mas não buscando salvadores.”
(Barbosa, 1921)

BIBLIOGRAFIA

BARBOSA, Rui. ORAÇÕES AOS MOÇOS. Edição do Senado Federal. V. 271. Distrito
Federal. 2019.

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