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David Benatar

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David Benatar (nascido em 1966) é um filósofo, acadêmico e


autor sul-africano. Ele é mais conhecido por sua defesa do David Benatar
antinatalismo em seu livro Better Never to Have Been: The Nascimento 8 de dezembro de
Harm of Coming into Existence, no qual ele argumenta que vir à 1966 (53 anos)
existência é um dano sério, independentemente dos sentimentos Nacionalidade Sul-africano
do ser existente uma vez trazido à existência, e que, como
consequência, é sempre moralmente errado criar mais seres sencientes.[1]

Infância e educação
Benatar é filho de Solomon Benatar, um especialista em saúde global que fundou o Centro de Bioética da
Universidade da Cidade do Cabo. Não se sabe muito sobre a vida pessoal de Benatar, já que ele
deliberadamente protege sua privacidade. Ele manteve pontos de vista antinatalistas desde sua infância.[2]

Carreira acadêmica
Benatar é professor de filosofia e chefe do Departamento de Filosofia da Universidade da Cidade do Cabo,
na Cidade do Cabo, África do Sul.[3] Ele é membro do conselho editorial do Journal of Controversial
Ideas.[4]

Trabalho filosófico

Dor

Benatar parte da premissa de que a dor é, em si mesma, uma coisa ruim.[5] Seu trabalho tem sido
frequentemente associado a filosofias contemporâneas de niilismo e pessimismo. Benatar declarou sua falta
de aprovação em relação à visão do detonador benevolente do mundo.[6]

Assimetria entre dor e prazer

Benatar argumenta que há uma assimetria crucial entre as coisas boas e as ruins, como prazer e dor, o que
significa que seria melhor para os humanos não ter nascido:

1. A presença de dor é ruim.


2. A presença de prazer é boa.
3. A ausência de dor é boa, mesmo se esse bem não for aproveitado por ninguém.
4. A ausência de prazer não é ruim, a menos que haja alguém para quem essa ausência seja
uma privação.[7][8]
Cenário A (X existe) Cenário B (X nunca existe)

(1) Presença de dor (Ruim) (3) Ausência de dor (Bom)

(2) Presença de prazer (Bom) (4) Ausência de prazer (Não é ruim)

Implicações para a procriação

Benatar argumenta que trazer alguém à existência gera experiências boas e ruins, dor e prazer, ao passo que
não fazer isso não gera dor nem prazer. A ausência de dor é boa, a ausência de prazer não é ruim. Portanto, a
escolha ética é pesada a favor da não procriação.

Benatar levanta quatro outras assimetrias relacionadas que considera bastante plausíveis:

1. Temos uma obrigação moral de não gerar pessoas infelizes e não temos uma obrigação moral
de gerar pessoas felizes. A razão pela qual pensamos que existe uma obrigação moral de não
gerar pessoas infelizes é que a presença desse sofrimento seria ruim (para os sofredores) e a
ausência do sofrimento é boa (embora não haja alguém para desfrutar da ausência de
sofrimento). Em contraste, a razão pela qual pensamos que não há obrigação moral de gerar
pessoas felizes é que, embora o prazer delas seria bom para elas, a ausência de prazer
quando elas não virem a existir não será ruim, porque não haverá ninguém que será privado
desse bem.
2. É estranho mencionar os interesses de um filho potencial como uma razão pela qual
decidimos gerá-lo, e não é estranho mencionar os interesses de um filho potencial como uma
razão pela qual decidimos não gerá-lo. O filho poder ser feliz não é uma razão moralmente
importante para gerá-lo. Em contraste, o filho poder ser infeliz é uma razão moral importante
para não gerá-lo. Se fosse verdade que a ausência de prazer é ruim mesmo quando alguém
não existe para sentir sua ausência, então teríamos uma razão moral significativa para gerar
um filho e para gerar a maior quantidade possível de filhos. E se não fosse verdade que a
ausência de dor é boa mesmo quando alguém não existe para usufruir deste bem, então não
teríamos uma razão moral significativa para não gerar um filho.
3. Algum dia podemos nos arrepender pelo bem de uma pessoa cuja existência estava
condicionada à nossa decisão, e que a criamos – uma pessoa pode ser infeliz e a presença de
sua dor seria ruim. Mas nunca nos sentiremos arrependidos pelo bem de uma pessoa cuja
existência estava condicionada à nossa decisão, e que não a criamos – uma pessoa não será
privada de felicidade, porque ela nunca existirá e a ausência de felicidade não será ruim,
porque não haverá ninguém que será privado desse bem.
4. Sentimos tristeza pelo fato de que, em algum lugar, pessoas nascem e sofrem, e não sentimos
tristeza pelo fato de que algumas pessoas não vieram à existência num lugar onde há
pessoas felizes. Quando sabemos que em algum lugar pessoas nasceram e sofreram,
sentimos compaixão. O fato de que pessoas não nasceram e sofreram em alguma ilha ou
planeta deserto é bom. Isso ocorre porque a ausência de dor é boa, mesmo quando não há
alguém que está experimentando este bem. Por outro lado, não sentimos tristeza pelo fato de
que, em alguma ilha ou planeta deserto, pessoas não vieram à existência e não estão felizes.
Isso ocorre porque a ausência de prazer é ruim apenas quando alguém existe para ser
privado desse bem.[9]

A avaliação não confiável dos humanos sobre a qualidade da vida

Benatar levanta a questão de se os humanos estimam incorretamente a verdadeira qualidade de suas vidas, e
citou três fenômenos psicológicos que ele acredita serem responsáveis por isso:

1. Tendência ao otimismo: nós temos uma perspectiva positivamente distorcida de nossas vidas
no passado, no presente, e no futuro.
2. Adaptação: nós nos adaptamos às nossas circunstâncias e, se elas piorarem, nossa sensação
de bem-estar diminui em antecipação a essas circunstâncias prejudiciais, de acordo com
nossas expectativas, que geralmente estão divorciadas da realidade de nossas circunstâncias.
3. Comparação: julgamos nossas vidas comparando-as com as de outras pessoas, ignorando os
aspectos negativos que afetam a todos para nos concentrarmos em diferenças específicas. E
devido ao nosso viés de otimismo, comparamo-nos principalmente aos que estão em pior
situação, o que nos leva a superestimar o valor de nosso próprio bem-estar.

Ele conclui:

Os fenômenos psicológicos acima não são surpreendentes a partir de uma perspectiva


evolutiva. Eles militam contra o suicídio e são a favor da reprodução. Se as nossas vidas são
tão ruins quanto eu ainda sugiro que elas sejam, e se as pessoas estivessem propensas a ver
essa verdadeira qualidade de suas vidas pelo que ela é, elas poderiam estar muito mais
inclinadas a se matar, ou pelo menos a não produzir mais tais vidas. O pessimismo, então,
tende a não ser selecionado naturalmente.[10]

Discriminação sexual contra homens e meninos

The Second Sexism: Discrimination Against Men and Boys (2012) de Benatar examina várias questões
relacionadas à misandria e aos aspectos negativos socialmente impostos da identidade masculina. Como uma
obra dentro do movimento de libertação masculina, não busca atacar ou diminuir as ideias do feminismo,
mas sim iluminar a existência paralela da discriminação sistêmica e cultural contra homens e meninos, e
como ela simultaneamente contribui para a opressão de mulheres. Em uma resenha do livro, o filósofo
Simon Blackburn escreve que "Benatar sabe que tais exemplos são susceptíveis a atrair críticas de descrença
ou escárnio, mas ele tem o cuidado de apoiar suas afirmações com dados empíricos" e, através deste livro,
ele mostra que "se muitas vezes é difícil ser mulher, às vezes também é difícil ser homem, e qualquer falha
em reconhecer isso pode distorcer o que deveria ser o objetivo de todos, ou seja, a simpatia universal, bem
como a justiça social para todos, independentemente do gênero."[11] Em outra resenha, o filósofo Iddo
Landau elogia a obra como "um livro muito bem argumentado, que apresenta uma tese pouco ortodoxa e a
defende habilmente", concordando com Benatar que "para enfrentar o até então ignorado segundo sexismo,
não devemos apenas reconhecê-lo, mas também dedicar muito mais pesquisas empíricas e filosóficas a este
tópico pouco explorado e, é claro, tentar mudar muitas atitudes, normas sociais e leis".[12]

Publicações
Benatar é o autor de uma série de artigos amplamente citados em ética médica, incluindo "Between
Prophylaxis and Child Abuse" (The American Journal of Bioethics ) e "A Pain in the Fetus: Toward Ending
Confusion about Fetal Pain" (Bioethics).[13][14] Seu trabalho foi publicado em periódicos como Ethics,
Journal of Applied Philosophy, Social Theory and Practice, American Philosophical Quarterly, QJM: An
International Journal of Medicine, Journal of Law and Religion e o British Medical Journal.

Influência cultural
Nic Pizzolatto, criador e escritor de True Detective, citou Better Never to Have Been de Benatar como uma
influência na série de TV (junto com Nihil Unbound de Ray Brassier, The Conspiracy Against the Human
Race de Thomas Ligotti, Confessions of an Antinatalist de Jim Crawford, e In The Dust of This Planet de
Eugene Thacker).[15]

Vida pessoal
Benatar é vegano e participou de debates sobre veganismo.[16] Ele argumentou que os humanos são
"responsáveis pelo sofrimento e pela morte de bilhões de outros humanos e animais não humanos. Se esse
nível de destruição fosse causado por outra espécie, recomendaríamos rapidamente que novos membros
dessa espécie não fossem trazidos à existência."[17][18] Ele também argumentou que o surto de doenças
zoonóticas, como a pandemia de COVID-19, costuma ser o resultado de como os humanos maltratam os
animais.[19]

Benatar é ateu.[20]

Bibliografia
Benatar, David (2001). Ethics for Everyday (https://books.google.com/books?id=RjMEAAAACA
AJ). [S.l.]: McGraw-Hill. ISBN 978-0-07-240889-8
Benatar, David (2006). Better Never to Have Been: The Harm of Coming into Existence (http
s://books.google.com/books?id=-6UbHqrdWy4C). [S.l.]: Clarendon Press. ISBN 978-0-19-
929642-2
Benatar, David (2012). The Second Sexism: Discrimination Against Men and Boys (https://boo
ks.google.com/books?id=vdIrkGLHLPsC). [S.l.]: John Wiley & Sons. ISBN 978-0-470-67451-2
Benatar, David; Wasserman, David (2015). Debating Procreation: Is It Wrong to Reproduce? (h
ttps://books.google.com/books?id=LE3CBwAAQBAJ). [S.l.]: Oxford University Press.
ISBN 978-0-19-027311-8
Archard, David; Benatar, David (2016). Procreation and Parenthood: The Ethics of Bearing and
Rearing Children (https://books.google.com/books?id=dEfZsgEACAAJ). [S.l.]: Oxford
University Press. ISBN 978-0-19-874815-1
Benatar, David (2017). The Human Predicament: A Candid Guide to Life's Biggest Questions
(https://books.google.com.br/books/about/The_Human_Predicament.html?id=pnxivgAACAAJ&
redir_esc=y). [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780190633813

Como editor
Benatar, David (2006). Cutting to the Core: Exploring the Ethics of Contested Surgeries (http
s://books.google.com/books?id=lwXbAAAAMAAJ). [S.l.]: Rowman & Littlefield. ISBN 978-0-
7425-5001-8
Ethics for Everyday. New York: McGraw-Hill, 2002.
Life, Death & Meaning: Key Philosophical Readings on the Big Questions (2004)

Notas
1. Steyn, Mark (14 de Dezembro de 2007). «Children? Not if you love the planet» (http://www.ocre
gister.com/opinion/child-birth-homeless-1942317-year-percent). Orange County Register.
Consultado em 29 de Abril de 2008
2. Rothman, Joshua (27 de Novembro de 2017). «The Case for Not Being Born» (https://www.ne
wyorker.com/culture/persons-of-interest/the-case-for-not-being-born). The New Yorker
3. «David Benatar» (http://www.philosophy.uct.ac.za/philosophy/staff/benatar). Department of
Philosophy (em inglês). Consultado em 15 de abril de 2020
4. «Editorial Board» (https://journalofcontroversialideas.org/page/133). Journal of Controversial
Ideas. Consultado em 20 de abril de 2020
5. Benatar 2006.
6. MOWE (22 de julho de 2018), #060 - The Curse of Existence (Prof. David Benatar) (https://ww
w.youtube.com/watch?v=y0Q59w8CY0k&t=2002s), consultado em 5 de abril de 2019
7. Benatar, D. (1997). «Why it is Better Never to Come Into Existence». American Philosophical
Quarterly. 34: 345–355
8. D. Benatar, Better..., op. cit., pp. 30-40.
9. D. Benatar, Better..., op. cit., pp. 30-57.
10. D. Benatar, Better..., op. cit., pp. 64-69.
11. Times Higher Education (http://www.timeshighereducation.co.uk/story.asp?sectioncode=26&sto
rycode=420459&c=1) review, 5 July 2012, retrieved 27 August 2012.
12. Metapsychology online reviews (http://metapsychology.mentalhelp.net/poc/view_doc.php?type
=book&id=6608&cn=135), 21 August 2012, retrieved 27 August 2012.
13. Benatar & Benatar 2003.
14. Benatar & Benatar 2001.
15. Calia, Michael (2 de fevereiro de 2014). «Writer Nic Pizzolatto on Thomas Ligotti and the Weird
Secrets of 'True Detective' » (https://blogs.wsj.com/speakeasy/2014/02/02/writer-nic-pizzolatto-
on-thomas-ligotti-and-the-weird-secrets-of-true-detective/). WSJ (em inglês). Consultado em 15
de abril de 2020
16. The Species Barrier, around 30 minutes in
17. Benatar, David (15 de julho de 2015). « 'We Are Creatures That Should Not Exist': The Theory
of Anti-Natalism : The Critique» (http://www.thecritique.com/articles/we-are-creatures-that-shoul
d-not-exist-the-theory-of-anti-natalism/). The Critique. Consultado em 5 de abril de 2019. Cópia
arquivada em 17 de Julho de 2015 (https://web.archive.org/web/20150717045210/http://www.t
hecritique.com/articles/we-are-creatures-that-should-not-exist-the-theory-of-anti-natalism/)
18. «Do Humans Have a Moral Duty to Stop Procreating?» (https://bigthink.com/ideafeed/humans-
have-a-moral-duty-to-stop-procreating). Big Think (em inglês). 18 de agosto de 2015.
Consultado em 5 de abril de 2019
19. Benatar, David (13 de Abril de 2020). «Our cruel treatment of animals led to coronavirus» (http
s://www.nytimes.com/2020/04/13/opinion/animal-cruelty-coronavirus.html). The New York
Times. Consultado em 22 de Abril de 2020
20. «Antinatalism – should we let humanity go extinct? David Benatar vs Bruce Blackshaw» (http
s://www.youtube.com/watch?v=CXQk8bGUPo8). YouTube. 13 de Março de 2020. Consultado
em 14 de Março de 2020

Referências
Gert, Joshua; Costa, Victoria; Dancy, Margaret; Benatar, David (1998). «Corporal
Punishment». Social Theory and Practice. 24 (2): 237–260. ISSN 0037-802X (https://www.worl
dcat.org/issn/0037-802X). doi:10.5840/soctheorpract19982423 (https://dx.doi.org/10.5840%2Fs
octheorpract19982423)
Benatar, Michael; Benatar, David (2003). «Between Prophylaxis and Child Abuse: The Ethics of
Neonatal Male Circumcision». The American Journal of Bioethics. 3 (2): 35–48. ISSN 1526-
5161 (https://www.worldcat.org/issn/1526-5161). PMID 12859815 (https://www.ncbi.nlm.nih.go
v/pubmed/12859815). doi:10.1162/152651603766436216 (https://dx.doi.org/10.1162%2F15265
1603766436216)
Benatar, David; Benatar, Michael (2001). «A Pain in the Fetus: Toward Ending Confusion about
Fetal Pain». Bioethics. 15 (1): 57–76. ISSN 0269-9702 (https://www.worldcat.org/issn/0269-970
2). doi:10.1111/1467-8519.00212 (https://dx.doi.org/10.1111%2F1467-8519.00212)
Kolbert, Elizabeth (9 de Abril de 2012). «The Case Against Kids: Is procreation immoral?» (htt
p://www.newyorker.com/arts/critics/books/2012/04/09/120409crbo_books_kolbert). The New
Yorker. Consultado em 6 de Abril 2012
Haupt, Adam (14 de Maio de 2007). «We dare not erase race from debate» (http://www.mg.co.
za/article/2007-05-14-we-dare-not-erase-race-from-debate). Mail & Guardian. Johannesburg.
Consultado em 21 de Fevereiro de 2011
London, Leslie (4 de Junho de 2007). «Affirmative action and the invisibility of white privilege»
(http://www.uct.ac.za/mondaypaper/archives/?id=6381). 26.08. University of Cape Town.
Consultado em 21 de Fevereiro de 2011
Raditlhalo, Sam (25 de Abril de 2007). «So much remains hidden behind those plastic smiles at
UCT» (http://www.capetimes.co.za/index.php?fArticleId=3798450). Cape Times. Consultado
em 29 de Abril de 2008[ligação inativa]
«Affirmative Action and UCT – the debate» (http://www.uct.ac.za/mondaypaper/archives/?id=62
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Fevereiro de 2011

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