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EXPERIMENTOS ADICIONAIS
PARA UMA LEITURA OPERATÓRIA
DA LÓGICA DE HEGEL
EXPERIMENTOS ADICIONAIS
Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais [recurso eletrônico] /
Antônio Carlos da Rocha Costa -- Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2022.
416 p.
ISBN: 978-65-5917-592-5
DOI: 10.22350/9786559175925
CDD: 100
Índices para catálogo sistemático:
1. Filosofia 100
Para:
Beth
Juliana e André
Hugo e Maíra
Fernanda, Eduardo e Alice
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 11
SEÇÃO I
QUESTÕES METODOLÓGICAS
1 15
A SILOGÍSTICA DE ARISTÓTELES COMO UM SISTEMA DE SEQUENTES, COM
APLICAÇÃO À SEMÂNTICA DO INÍCIO DA LÓGICA DE HEGEL
2 122
PRINCÍPIOS DE UMA LINGUAGEM PARA APRESENTAÇÃO FORMALIZADA DA LÓGICA
DE HEGEL: O PRIMEIRO CAPÍTULO DA CIÊNCIA DA LÓGICA COMO ESTUDO DE CASO
SEÇÃO II
TEMAS ESPECÍFICOS
3 155
O INÍCIO DA LÓGICA OBJETIVA DE HEGEL: UMA APRESENTAÇÃO FORMALIZADA
4 176
A MACROOPERAÇÃO DE PROGRESSÃO DE ETAPA E SUA ATUAÇÃO NO INÍCIO DO
PROCESSO DE DERIVAÇÃO DE CONCEITOS, NA CIÊNCIA DA LÓGICA DE HEGEL
5 207
UM SISTEMA DE REGRAS DE DERIVAÇÃO PARA DETERMINAÇÕES DE REFLEXÃO, COM
APLICAÇÃO AO SURGIMENTO DO CONCEITO DE COISA-EM-SI NA ESFERA DA
EXISTÊNCIA
6 231
A DERIVAÇÃO DA NOÇÃO DE OBJETO NA "CIÊNCIA DA LÓGICA" DE HEGEL: UMA
APRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA
7 250
DERIVAÇÃO DO SILOGISMO SUJEITO-GÊNERO-ESPÍRITO QUE ESTÁ IMPLÍCITO NA
NOÇÃO DE VIDA DA CIÊNCIA DA LÓGICA DE HEGEL
8 300
A ESTRATIFICAÇÃO DO CONCEITO DE MUNDO NA CIÊNCIA DA LÓGICA DE HEGEL
SEÇÃO III
APLICAÇÕES
9 323
INTERSECCIONALIDADE E LUGAR DE FALA: UMA ARTICULAÇÃO LÓGICO-OPERATÓRIA
COM BASE NO CONCEITO DE MUNDO ESTRATIFICADO SETORIAL
10 371
ESTRUTURALISMO E FINITUDE, PÓS-ESTRUTURALISMO E PROGRESSÃO INFINITA:
UMA ANÁLISE LÓGICO-HEGELIANA DA APRESENTAÇÃO DO ESTRUTURALISMO E DO
PÓS-ESTRUTURALISMO POR JAMES WILLIAMS
11 391
O INFINITO VERDADEIRO EM HEGEL E O INFINITO ABSOLUTO EM CANTOR: UMA
ANÁLISE COMPARATIVA
APRESENTAÇÃO
Antônio Carlos da Rocha Costa 1
1
Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PPGFil. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul – PUCRS. Email: ac.rocha.costa@gmail.com
SEÇÃO I
QUESTÕES METODOLÓGICAS
1
A SILOGÍSTICA DE ARISTÓTELES COMO UM SISTEMA
DE SEQUENTES, COM APLICAÇÃO À SEMÂNTICA DO
INÍCIO DA LÓGICA DE HEGEL
Antônio Carlos da Rocha Costa 1
RESUMO
1
Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Email:
ac.rocha.costa@gmail.com
16 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
1. INTRODUÇÃO
2
Este artigo é uma versão revisada do artigo publicado originalmente, de modo informal, em
https://www.researchgate.net/profile/Antonio-Carlos-Rocha-Costa
Antônio Carlos da Rocha Costa • 17
𝑋𝑋 ⊲ 𝑌𝑌 𝑌𝑌 ⊲ 𝑍𝑍
𝑋𝑋 ⊲ 𝑍𝑍
2. QUESTÕES PRELIMINARES
2.2 A TERMINOLOGIA
Finalmente, temos:
onde:
Projeto =
meios de produção de silogismos válidos
+ método de produção de silogismos válidos
+ método de redução de argumentos a silogismos válidos
Γ1 ⊢ Γ2 Γ3 ⊢ Γ4
Γ5 ⊢ Γ6
onde:
�, ⊳
⊲, ⊳, ⊲ �
� , ∝,∝
• 𝑋𝑋 ⊲ 𝑌𝑌;
• 𝑋𝑋 ⊳ 𝑌𝑌;
• 𝑋𝑋 ⊲
� 𝑌𝑌;
• 𝑋𝑋 ⊳
� 𝑌𝑌;
• X ∝ 𝑌𝑌;
• X∝
� 𝑌𝑌;
Antônio Carlos da Rocha Costa • 31
𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲ 𝐶𝐶
𝐶𝐶 = ℘(𝐶𝐶)
� e⊳
Assim, os símbolos ⊲, ⊳, ⊲ � da linguagem formalizada utilizada
neste artigo correspondem, respectivamente, aos símbolos tradicionais
𝐴𝐴, 𝐼𝐼, 𝐸𝐸 e 𝑂𝑂, de modo que o quadrado das oposições das proposições
abstratas da linguagem formalizada tem a estrutura seguinte:
3.2.1 O PROBLEMA
"A premissa é uma oração que afirma ou nega alguma coisa de algum
sujeito. Esta oração pode ser universal, particular ou indefinida. Entendo
por universal a oração que se aplica a tudo ou nada do sujeito; por particular
entendo a oração que se aplica a alguma coisa do sujeito, ou não se aplica a
alguma coisa deste, ou não se aplica a todo; por indefinida entendo a oração
que se aplica ou não se aplica sem referência à universalidade ou
particularidade, por exemplo: 'Contrários são objeto da mesma ciência' ou
'O prazer não é bem'." Aristóteles, 2010a, p.111-112)
Consideramos os seguinte:
"Então, se que o prazer é bom, a menos que todo seja adicionado como
antecedente de prazer, não haverá silogismo." (Aristóteles, 2010, p.153)
" Some may also question our omission of the 'indefinite propositions' <..>.
Although these are mentioned by Aristotle, he seems to treat them as extra-
systematic insofar as his system of scientific reasoning is concerned.
(Corcoran, 1974, p.100)
Antônio Carlos da Rocha Costa • 43
que não se aplique' [também] ou são idêntidas ou resultam umas das outras
<..>." Aristóteles, 2010a, p.136)
• � 𝑌𝑌, 𝑋𝑋 ⊳
sequentes assertóricos: 𝑋𝑋 ⊲ 𝑌𝑌, 𝑋𝑋 ⊳ 𝑌𝑌, 𝑋𝑋 ⊲ � 𝑌𝑌;
• sequentes apodíticos: 𝑋𝑋 ⊲∗ 𝑌𝑌, 𝑋𝑋 ⊳∗ 𝑌𝑌, 𝑋𝑋 ⊲
� ∗ 𝑌𝑌, 𝑋𝑋 ⊳
� ∗ 𝑌𝑌;
• sequentes contingentes: 𝑋𝑋 ⊲+ 𝑌𝑌, 𝑋𝑋 ⊳+ 𝑌𝑌, 𝑋𝑋 ⊲
� + 𝑌𝑌, 𝑋𝑋 ⊳
� + 𝑌𝑌.
As Figuras Paradigmáticas
Figura I
Figura II
1. Barbara 𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲ 𝐶𝐶 Figura III
1.Camestres 𝑀𝑀 ⊲ 𝑁𝑁 𝑀𝑀 ⊲ � 𝑂𝑂
𝐴𝐴 ⊲ 𝐶𝐶
� 𝑂𝑂
𝑁𝑁 ⊲ 1. Darapti 𝑃𝑃 ⊲ 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊲ 𝑆𝑆
2. Celarent � 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
� 𝑁𝑁 𝑀𝑀 ⊲ 𝑂𝑂
𝑀𝑀 ⊲ 𝑃𝑃 ⊲ 𝑅𝑅
� 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲ 2. Cesare
� 𝑂𝑂
𝑁𝑁 ⊲ 2. Felapton � 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊲ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊲
3. Darii 𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳ 𝐶𝐶
3. Festino � 𝑁𝑁 𝑀𝑀 ⊳ 𝑂𝑂
𝑀𝑀 ⊲ � 𝑅𝑅
𝑃𝑃 ⊳
𝐴𝐴 ⊳ 𝐶𝐶
� 𝑂𝑂
𝑁𝑁 ⊳ 3. Disamis 𝑃𝑃 ⊳ 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊲ 𝑆𝑆
4. Ferio � 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
4. Baroco 𝑀𝑀 ⊲ 𝑁𝑁 𝑀𝑀 ⊳ � 𝑂𝑂 𝑃𝑃 ⊳ 𝑅𝑅
� 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳
� 𝑂𝑂
𝑁𝑁 ⊳ 4. Datisi 𝑃𝑃 ⊲ 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊳ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊳ 𝑅𝑅
5. Bocardo � 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊲ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊳
� 𝑅𝑅
𝑃𝑃 ⊳
6. Ferison � 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊳ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊲
� 𝑅𝑅
𝑃𝑃 ⊳
I.1 Barbara 𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲ 𝐶𝐶
I.2 Celarent � 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
� 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
"Quando três termos estão de tal forma ligados entre si que o último está
completamente contido no termo médio e o termo médio está completamente
contido ou não contido no primeiro termo, então temos necessariamente um
silogismo perfeito." Aristóteles, 2010a, p. 116)
Quando três termos estão de tal forma ligados entre si que o primeiro se
aplica a todo ou não se aplicada a nada do termo médio e o termo médio se
aplica todo último termo, então temos necessariamente um silogismo
perfeito.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 49
Quando três termos 𝐴𝐴, 𝐵𝐵 e 𝐶𝐶, estão de tal forma ligados entre si que 𝐴𝐴 se
aplica a todo ou não se aplica a todo 𝐵𝐵 e 𝐵𝐵 se aplica todo 𝐶𝐶, então temos
necessariamente um silogismo perfeito.
I.3 Darii 𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳ 𝐶𝐶
I.4 Ferio � 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
� 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳
II.1 Camestres 𝑀𝑀 ⊲ 𝑁𝑁 𝑀𝑀 ⊲ � 𝑂𝑂
� 𝑂𝑂
𝑁𝑁 ⊲
II.2 Cesare � 𝑁𝑁 𝑀𝑀 ⊲ 𝑂𝑂
𝑀𝑀 ⊲
� 𝑂𝑂
𝑁𝑁 ⊲
� 𝑀𝑀 e 𝑀𝑀 ⊲ 𝑁𝑁, o que
duas premissas assumem, então, as formas 𝑂𝑂 ⊲
configura a redução do modo II.1 ao modo I.2. A conclusão intermediária
� 𝑁𝑁. Esta conclusão intermediária
que se obtém por meio deste último é: 𝑂𝑂 ⊲
pode ser convertida, resultando na conclusão do modo de silogismo que está
� 𝑂𝑂).
em questão, de que 𝑁𝑁 não se aplica a algum 𝑂𝑂 (𝑁𝑁 ⊲
• Demonstração da validade dos silogismos do modo II.2:
� 𝑁𝑁 e 𝑀𝑀 ⊲ 𝑂𝑂. Podemos converter a premissa
Sejam dadas as premissas 𝑀𝑀 ⊲
� 𝑁𝑁, estabelecendo assim que 𝑁𝑁 não se aplica a nenhum 𝑀𝑀 (𝑁𝑁 ⊲
𝑀𝑀 ⊲ � 𝑀𝑀). As
� 𝑀𝑀 e 𝑀𝑀 ⊲ 𝑂𝑂, o que
duas premissas assumem, então, as formas 𝑁𝑁 ⊲
configura a redução do modo II.2 ao modo I.2. A conclusão que se obtém,
por meio deste modo I.2, é diretamente a conclusão do modo de silogismo
� 𝑂𝑂).
em questão, de que 𝑁𝑁 não se aplica a algum 𝑂𝑂 (𝑁𝑁 ⊲
II.3 Festino � 𝑁𝑁 𝑀𝑀 ⊳ 𝑂𝑂
𝑀𝑀 ⊲
� 𝑂𝑂
𝑁𝑁 ⊳
II.4 Baroco 𝑀𝑀 ⊲ 𝑁𝑁 𝑀𝑀 ⊳ � 𝑂𝑂
� 𝑂𝑂
𝑁𝑁 ⊳
III.1 Darapti 𝑃𝑃 ⊲ 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊲ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊲ 𝑅𝑅
III.2 Felapton � 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊲ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊲
� 𝑅𝑅
𝑃𝑃 ⊳
III.3 Disamis 𝑃𝑃 ⊳ 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊲ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊳ 𝑅𝑅
III.4 Datisi 𝑃𝑃 ⊲ 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊳ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊳ 𝑅𝑅
I.3. A conclusão intermediária que se obtém, por meio deste modo I.3, é que
𝑅𝑅 se aplica a algum 𝑃𝑃 (𝑅𝑅 ⊳ 𝑃𝑃). Essa conclusão intermediária pode ser
convertida, resultando na conclusão do modo em questão, de que 𝑃𝑃 se aplica
a algum 𝑅𝑅 (𝑃𝑃 ⊳ 𝑅𝑅).
III.5 Bocardo � 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊲ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊳
� 𝑅𝑅
𝑃𝑃 ⊳
III.6 Ferison � 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊳ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊲
� 𝑅𝑅
𝑃𝑃 ⊳
Figura I
1. Barbara 𝐴𝐴 ⊲∗ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲∗ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲∗ 𝐶𝐶
2. Celarent � ∗ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲∗ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
� ∗ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
3. Darii 𝐴𝐴 ⊲∗ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳∗ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳∗ 𝐶𝐶
4. Ferio � ∗ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳∗ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
� ∗ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳
Figura I
1. Barbara 𝐴𝐴 ⊲∗ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲∗ 𝐶𝐶
2. Celarent � ∗ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
� ∗ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
3. Darii 𝐴𝐴 ⊲∗ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳∗ 𝐶𝐶
4. Ferio � ∗ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
� ∗ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳
"Se, entretanto, a premissa 𝐴𝐴𝐴𝐴 não for apodítica, mas 𝐵𝐵𝐵𝐵 o for, a conclusão
não será apodítica." Aristóteles, 2010a, p.130)
𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲∗ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲ 𝐶𝐶
60 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
Então:
Figura II
𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 𝐴𝐴 ⊲ � ∗ 𝐶𝐶
1. Camestres
� ∗ 𝐶𝐶
𝐵𝐵 ⊲
� ∗ 𝐵𝐵 𝐴𝐴 ⊲ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
2. Cesare
𝐵𝐵 ⊲� ∗ 𝐶𝐶
� ∗ 𝐵𝐵 𝐴𝐴 ⊳ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
3. Festino
𝐵𝐵 ⊳� ∗ 𝐶𝐶
"Na última figura <Figura III>, estando os termos extremos <𝐴𝐴 e 𝐶𝐶> numa
relação universal com o termo médio <𝐵𝐵>, e sendo ambas as premissas
afirmativas, se uma proposição ou outra for apodítica, a conclusão também
o será. Se, todavia, uma [premissa] for negativa e a outra afirmativa, quando
a negativa é apodítica, a conclusão será também apodítica; entretanto,
quanto a afirmativa é apodítica, a conclusão não o será." Aristóteles, 2010a,
p.133).
"Se um termo, porém se achar numa relação universal e o outro numa
particular, sendo ambas as premissas afirmativas - quando a relação
62 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
Figura III
1a. Darapti 𝐴𝐴 ⊲∗ 𝐵𝐵 𝐶𝐶 ⊲ 𝐵𝐵
𝐴𝐴 ⊲∗ 𝐵𝐵
1b. Darapti 𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 𝐶𝐶 ⊲∗ 𝐵𝐵
𝐴𝐴 ⊲∗ 𝐵𝐵
1c. Darapti 𝐴𝐴 ⊲∗ 𝐵𝐵 𝐶𝐶 ⊲∗ 𝐵𝐵
𝐴𝐴 ⊲∗ 𝐵𝐵
2. Felapton � ∗ 𝐵𝐵 𝐶𝐶 ⊲ 𝐵𝐵
𝐴𝐴 ⊲
� ∗ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳
3. Disamis 𝐴𝐴 ⊳ 𝐵𝐵 𝐶𝐶 ⊲∗ 𝐵𝐵
𝐴𝐴 ⊳∗ 𝐶𝐶
4. Datisi 𝐴𝐴 ⊲∗ 𝐵𝐵 𝐶𝐶 ⊳ 𝐵𝐵
𝐴𝐴 ⊳∗ 𝐶𝐶
6. Ferison � ∗ 𝐵𝐵 𝐶𝐶 ⊳ 𝐵𝐵
𝐴𝐴 ⊲
� ∗ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳
de onde resulta uma combinatória que pode ser resumida por meio
do seguinte quadrado de possibilidades/impossibilidades:
• se 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐵𝐵 e 𝐵𝐵 ⊲∘ 𝐶𝐶 então 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐶𝐶;
• � ∘ 𝐵𝐵 e 𝐵𝐵 ⊲
se 𝐴𝐴 ⊲ � ∘ 𝐶𝐶 então há silogismo imperfeito, por conversão de
� ∘ 𝐵𝐵 e 𝐵𝐵 ⊲
𝐴𝐴 ⊲ � ∘ 𝐶𝐶, resultando na forma:
• se 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐵𝐵 e 𝐵𝐵 ⊲∘ 𝐶𝐶 então 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐶𝐶 𝐴𝐴 ⊲
� ∘ 𝐶𝐶;
• se 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐵𝐵 e 𝐵𝐵 ⊳∘ 𝐶𝐶 então há silogismo perfeito e 𝐴𝐴 ⊳∘ 𝐶𝐶;
• � ∘ 𝐵𝐵 e 𝐵𝐵 ⊳∘ 𝐶𝐶 então há silogismo perfeito e 𝐴𝐴 ⊳
se 𝐴𝐴 ⊲ � ∘ 𝐶𝐶;
• se 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐵𝐵 e 𝐵𝐵 ⊳
� ∘ 𝐶𝐶 então há silogismo imperfeito, por conversão de
� ∘ 𝐶𝐶, resultando na forma:
𝐵𝐵 ⊳
• se 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐵𝐵 e 𝐵𝐵 ⊳∘ 𝐶𝐶 então há silogismo perfeito e 𝐴𝐴 ⊳∘ 𝐶𝐶;
Figura I
1. Barbara 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲∘ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐶𝐶
2. Celarent � ∘ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲∘ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
� ∘ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
por conversão de 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲ � ∘ 𝐶𝐶
� ∘ 𝐶𝐶
𝐵𝐵 ⊲ 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐶𝐶
por conversão de � ∘ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲
𝐴𝐴 ⊲ � 𝐶𝐶
� ∘ 𝐵𝐵 e 𝐵𝐵 ⊲
𝐴𝐴 ⊲ � ∘ 𝐶𝐶 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐶𝐶
3. Darii 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳∘ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳∘ 𝐶𝐶
4. Ferio � ∘ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳∘ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
� ∘ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳
por conversão de 𝐴𝐴 ⊲∘ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳ � ∘ 𝐶𝐶
� ∘ 𝐶𝐶
𝐵𝐵 ⊳ 𝐴𝐴 ⊳∘ 𝐶𝐶
SEÇÃO II : O SISTEMA S 3
onde:
𝑆𝑆1 𝑆𝑆2
∈ 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸
𝑆𝑆3
onde:
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = ℘(𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶)
𝑐𝑐 ′ ⊓ 𝑐𝑐
de modo que 𝑐𝑐 = 𝑐𝑐 ∘ ∪ 𝑐𝑐 ∗ ∪ 𝑐𝑐 + .
Com isso, dizemos que:
𝑐𝑐 ′ ⊑ 𝑐𝑐
o fato de que o conceito 𝑐𝑐 ′ ∈ 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 está presente em todo (ver seção 3.1)
o conceito 𝑐𝑐 ∈ 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 (ou, simplesmente, está presente totalmente em 𝑐𝑐 ∈
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶) de modo que:
𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 = ℘(𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂)
𝑜𝑜′ ∩ 𝑜𝑜
o fato de que o objeto 𝑜𝑜′ ∈ 𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 agrega parcialmente o objeto 𝑜𝑜, de modo
que:
𝑜𝑜∩ = {𝑜𝑜′ ∈ 𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 | 𝑜𝑜′ agrega parcialmente 𝑜𝑜} = {𝑜𝑜′ ∈ 𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 | 𝑜𝑜′ ∩ 𝑜𝑜}
• 𝑜𝑜′ ∩ o ↝ 𝑜𝑜′ ∩ o;
• � o ↝ �������
𝑜𝑜′ ∩ 𝑜𝑜′ ∩ o;
� é o
isto é, do ponto de vista conjunto-teorético, a relação ∩
complemento da relação ∩.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 77
� e as operações entre
A correspondência entre as relações ∩ e ∩
conjuntos possibilita visualizar mais facilmente, por meio de noções
usuais, a diferença semântica entre as duas relações de aplicação: 𝑋𝑋 ⊳ 𝑌𝑌
� 𝑌𝑌 (𝑋𝑋 não se aplica a algum 𝑌𝑌), ver seção
(𝑋𝑋 se aplica a algum 𝑌𝑌) e 𝑋𝑋 ⊳
11.3.
𝑜𝑜′ ⊇ 𝑜𝑜
𝑜𝑜⊇ = {𝑜𝑜′ ∈ 𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 | 𝑜𝑜′ agrega totalmente 𝑜𝑜} = {𝑜𝑜′ ∈ 𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 | 𝑜𝑜′ ⊇ 𝑐𝑐}
9. A FUNÇÃO SEMÂNTICA
fs = (fsi,fse)
tal que:
e também:
fsi(𝑋𝑋) ∈ Conc
onde:
fse(𝑋𝑋) ∈ ℘(𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂)
Antônio Carlos da Rocha Costa • 81
𝑋𝑋 ⊳ 𝑌𝑌 fse(𝑋𝑋) ∩ fse(𝑌𝑌)
� 𝑌𝑌
𝑋𝑋 ⊲ fse(𝑋𝑋) ⊉ fse(𝑌𝑌)
� 𝑌𝑌
𝑋𝑋 ⊳ � fse(𝑌𝑌)
fse(𝑋𝑋) ∩
Opint Opext
⊑ ⊇
⊓ ∩
⋢ ⊉
�
⊓ �
∩
fsi(𝑋𝑋) ⊑ fsi(𝑌𝑌)
fse(𝑋𝑋) ⊇ fse(𝑌𝑌)
podemos definir, por casos, se um dado esquema de regra (𝑆𝑆1 , 𝑆𝑆2 )/𝑆𝑆3 é
válido ou não (isto é, se (𝑆𝑆1 , 𝑆𝑆2 )/𝑆𝑆3 ∈ 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 ou não).
Colocamos no Apêndice a tabela contendo todos os esquemas de
regra que correspondem aos silogismos válidos da silogística
aristotélica, juntamente com as pré- e pós-condições de sua validade.
Aqui, apenas ilustramos apenas a validade do esquema de regra do
silogismo Barbara assertórico:
1. fsi(𝑋𝑋),fsi(𝑌𝑌),fsi(𝑋𝑋) ∈ 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 +
2. fsi(𝑋𝑋)⊑fsi(𝑌𝑌), fsi(𝑌𝑌)⊑fsi(𝑍𝑍) e fsi(𝑋𝑋)⊑fsi(𝑍𝑍)
3. fse(𝑍𝑍)⊆fse(𝑌𝑌), fse(𝑌𝑌)⊆fse(𝑋𝑋) e fse(𝑍𝑍)⊆fse(𝑋𝑋).
[1] Barbara:
fsi(𝑋𝑋) ⊑ fsi(𝑌𝑌) fsi(𝑌𝑌) ⊑ fsi(𝑍𝑍)
𝑋𝑋 ⊲ 𝑌𝑌 𝑌𝑌 ⊲ 𝑍𝑍 fse(𝑋𝑋) ⊇ fse(𝑌𝑌) fse(𝑌𝑌) ⊇ fse(𝑍𝑍)
fsi(𝑋𝑋) ⊑ fsi(𝑍𝑍)
𝑋𝑋 ⊲ 𝑍𝑍
fse(𝑋𝑋) ⊇ fse(𝑍𝑍)
[2] Celarent:
fsi(𝑋𝑋) ⋢ fsi(𝑌𝑌) fsi(𝑌𝑌) ⊑ fsi(𝑍𝑍)
𝑋𝑋 ⊲ 𝑌𝑌 𝑌𝑌 ⊳ 𝑍𝑍 fse(𝑋𝑋) ⊉ fse(𝑌𝑌) fse(𝑌𝑌) ⊇ fse(𝑍𝑍)
� fsi(𝑍𝑍)
fsi(𝑋𝑋) ⋢
𝑋𝑋 ⊳ 𝑍𝑍
fse(𝑋𝑋) ⊉ fse(𝑍𝑍)
[3] Darii:
fsi(𝑋𝑋) ⊑ fsi(𝑌𝑌) fsi(𝑌𝑌) ⊓ fsi(𝑍𝑍)
� 𝑌𝑌 𝑌𝑌 ⊲ 𝑍𝑍
𝑋𝑋 ⊲ fse(𝑋𝑋) ⊇ fse(𝑌𝑌) fse(𝑌𝑌) ∩ fse(𝑍𝑍)
� 𝑍𝑍 fsi(𝑋𝑋) ⊓ fsi(𝑍𝑍)
𝑋𝑋 ⊲
fse(𝑍𝑍) ∩ fse(𝑋𝑋)
[4] Ferio:
fsi(𝑋𝑋) ⋢ fsi(𝑌𝑌) fsi(𝑌𝑌) ⊓ fsi(𝑍𝑍)
� 𝑌𝑌 𝑌𝑌 ⊳ 𝑍𝑍
𝑋𝑋 ⊲ fse(𝑋𝑋) ⊉ fse(𝑌𝑌) fse(𝑌𝑌) ∩ fse(𝑍𝑍)
� fsi(𝑍𝑍)
fsi(𝑋𝑋) ⊓
� 𝑍𝑍
𝑋𝑋 ⊳
� fse(𝑍𝑍)
fse(𝑋𝑋) ∩
⊑∘⊑=⊑
� ∘⊑=⊓
⊓ �
⊑∘⊓=⊓
� ∘⊓=⋢
⊓
⊇∘⊇=⊇
�∘⊇=∩
∩ �
⊇∘∩=∩
�∘∩=⊉
∩
Conversão Semântica
fsi(𝑋𝑋) ⊑ fsi(𝑌𝑌)
𝑋𝑋 ⊲ 𝑌𝑌 fse(𝑌𝑌) ⊆ fse(𝑋𝑋)
fsi(𝑌𝑌) ⊓ fsi(𝑋𝑋)
𝑌𝑌 ⊳ 𝑋𝑋
fse(𝑌𝑌) ∩ fse(𝑋𝑋)
fsi(𝑋𝑋) ⊓ fsi(𝑌𝑌)
𝑋𝑋 ⊳ 𝑌𝑌 fse(𝑌𝑌) ∩ fse(𝑋𝑋)
fsi(𝑌𝑌) ⊓ fsi(𝑋𝑋)
𝑌𝑌 ⊳ 𝑋𝑋
fse(𝑋𝑋) ∩ fse(𝑌𝑌)
� 𝑌𝑌
𝑋𝑋 ⊲ fsi(𝑋𝑋) ⋢ fsi(𝑌𝑌)
� 𝑋𝑋
𝑌𝑌 ⊲ fse(𝑌𝑌) ⊉ fse(𝑋𝑋)
fsi(𝑌𝑌) ⋢ fsi(𝑋𝑋)
fse(𝑋𝑋) ⊉ fse(𝑌𝑌)
Por outro lado, note-se que Aristóteles introduz, sim, uma regra de
conversão para 𝑋𝑋 ⊳ 𝑌𝑌, com o que o modelo semântico também fica de
acordo, por meio do caso positivo da regra da simetria parcial, em que a
simetria é considerada válida mesmo quando fse(𝑌𝑌) ⋑ fse(𝑋𝑋).
fsi = 𝑖𝑖𝑖𝑖
fse′ = fse
90 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
Nesses diagramas:
de 𝑐𝑐7 a 𝑐𝑐9 -, é o que dá origem à produção dos silogismos. Por outro lado,
a transitividade dessas relações - como de 𝑐𝑐10 a 𝑐𝑐13 - é o que dá origem
à produção do que Aristóteles chama de prossilogismos, isto é, os
silogismos que se apoiam em mais de uma premissa intermediária
(Aristóteles, 2010, p.166-167).
Por fim, observamos que a centração do domínio de conceitos em um
conceito particular, quando aquele está estruturado em termos das
relações de antecedência e consequência, gera um universo de discurso
relativo a esse conceito.
A forma geral do universo de discurso de um conceito qualquer 𝑐𝑐 é
dada pelo seguinte esquema:
• "se houver alguma coisa que seja comum a ambas as classes, o predicado
terá que se aplicar ao sujeito" é a expressão de que, se houver a composição
correta das relações de presença haverá transitividade entre as mesmas,
estabelecendo a ocorrência da relação de presença 𝑃𝑃 ⊑ 𝑆𝑆 no domínio de
conceitos;
• em termos da linguagem formal do sistema S3, a ocorrência de pelo menos
um conceito 𝐶𝐶, comum às duas classes de conceitos 𝑆𝑆𝑖𝑖 e 𝑃𝑃𝑗𝑗 , garante a
validade do silogismo:
𝑃𝑃 ⊲ 𝐶𝐶 𝐶𝐶 ⊲ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊲ 𝑆𝑆
"Nada impede que um homem que sabe tanto que 𝐴𝐴 se aplica à totalidade
de 𝐵𝐵 quanto que 𝐵𝐵 se aplica a 𝐶𝐶 pense que 𝐴𝐴 não se aplica a 𝐶𝐶". (Aristóteles,
2010, p.240)
1. Barbara 𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲ 𝐶𝐶
2. Celarent � 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊲ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
� 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
Figura II
1.Camestres 𝑀𝑀 ⊲ 𝑁𝑁 𝑀𝑀 ⊲ � 𝑂𝑂
� 𝑂𝑂
𝑁𝑁 ⊲
2. Cesare � 𝑁𝑁 𝑀𝑀 ⊲ 𝑂𝑂
𝑀𝑀 ⊲
� 𝑂𝑂
𝑁𝑁 ⊲
Figura II
3. Festino � 𝑁𝑁 𝑀𝑀 ⊳ 𝑂𝑂
𝑀𝑀 ⊲
� 𝑂𝑂
𝑁𝑁 ⊳
4. Baroco 𝑀𝑀 ⊲ 𝑁𝑁 𝑀𝑀 ⊳ � 𝑂𝑂
� 𝑂𝑂
𝑁𝑁 ⊳
Figura I
3. Darii 𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳ 𝐶𝐶
4. Ferio � 𝐵𝐵 𝐵𝐵 ⊳ 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊲
� 𝐶𝐶
𝐴𝐴 ⊳
Figura III
1. Darapti 𝑃𝑃 ⊲ 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊲ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊲ 𝑅𝑅
2. Felapton � 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊲ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊲
� 𝑅𝑅
𝑃𝑃 ⊳
são completados diretamente por meio dos silogismos indicados acima <os
universais da Figura I>, mas quando os termos são particulares:
Antônio Carlos da Rocha Costa • 101
Figura III
3. Disamis 𝑃𝑃 ⊳ 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊲ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊳ 𝑅𝑅
4. Datisi 𝑃𝑃 ⊲ 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊳ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊳ 𝑅𝑅
5. Bocardo � 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊲ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊳
� 𝑅𝑅
𝑃𝑃 ⊳
6. Ferison � 𝑆𝑆 𝑅𝑅 ⊳ 𝑆𝑆
𝑃𝑃 ⊲
� 𝑅𝑅
𝑃𝑃 ⊳
"Que 𝐴𝐴 seja bom e 𝐵𝐵 e 𝐶𝐶 ciência. Neste caso, se supormos que toda ciência é
boa e, então, que nenhuma ciência é boa, 𝐴𝐴 se aplicará a todo 𝐵𝐵 e não se
aplicará a nenhum 𝐶𝐶, de sorte que 𝐵𝐵 não se aplicará a nenhum C e, portanto,
nenhuma ciência é ciência." (Aristóteles, 2010, p.229)
𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 𝐴𝐴 ⊲ � 𝐶𝐶
�
𝐵𝐵 ⊲ 𝐶𝐶
� 𝐶𝐶 são
onde observamos que as proposições 𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 e 𝐴𝐴 ⊲
consideradas opostas (contrapostas, no caso)porque foi suposto que os
termos 𝐵𝐵 e 𝐶𝐶 são idênticos.
O segundo argumento de Aristóteles diz respeito a silogismos
envolvendo proposições em que um termo é parte de outro:
a nenhum 𝐶𝐶, de sorte que a ciência particular da medicina não será ciência."
(Aristóteles, 2010, p.229)
𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 𝐴𝐴 ⊲ � 𝐶𝐶
�
𝐵𝐵 ⊳ 𝐶𝐶
� 𝐶𝐶 são
onde observamos que as proposições 𝐴𝐴 ⊲ 𝐵𝐵 e 𝐴𝐴 ⊲
consideradas opostas (contrapostas, no caso) porque foi suposto que os
termos 𝐵𝐵 e 𝐶𝐶 são tais que 𝐶𝐶 é parte de 𝐵𝐵.
Que pode haver um silogismo negativo a partir de premissas
opostas, no caso de silogismos da Figura III é argumentado por
Aristóteles do seguinte modo:
𝐵𝐵 ⊲ 𝐴𝐴 𝐶𝐶 ⊲ � 𝐴𝐴
� 𝐶𝐶
𝐵𝐵 ⊳
� 𝐴𝐴 são
onde observamos que as proposições 𝐵𝐵 ⊲ 𝐴𝐴 e 𝐶𝐶 ⊲
consideradas opostas (contrapostas, no caso) porque foi suposto que os
termos 𝐵𝐵 e 𝐶𝐶 são idênticos.
E também:
"Situação similar se apresentará se a premissa 𝐵𝐵𝐵𝐵, por nós suposta, não for
universal, pois se alguma medicina é ciência e, por outro lado, nenhuma
106 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
𝐵𝐵 ⊳ 𝐴𝐴 𝐶𝐶 ⊲ � 𝐴𝐴
�
𝐵𝐵 ⊳ 𝐶𝐶
� 𝐴𝐴 são consideradas
onde observamos que as proposições 𝐵𝐵 ⊲ 𝐴𝐴 e 𝐶𝐶 ⊲
opostas (contraditórias, no caso) porque foi suposto que os termos 𝐵𝐵 e 𝐶𝐶
são idênticos.
A conclusão geral que Aristóteles formula, a respeito dos silogismos
produzidos a partir de premissas opostas é a seguinte:
“A. Ser
Ser, puro ser, – sem nenhuma determinação ulterior. Em sua imediatidade
indeterminada, ele é igual apenas a si mesmo e também não desigual frente
a outro; não tem diversidade alguma dentro de si nem para fora. Através de
uma determinação ou um conteúdo qualquer que seria nele diferenciado ou
por meio do qual ele seria posto como diferente de um outro, ele não seria
fixado em sua pureza. Ele é a indeterminidade e o vazio puros. – Não há
nada a intuir nele, caso aqui se possa falar de intuir; ou ele é apenas este
mesmo intuir puro, vazio. Tampouco há algo nele que se possa pensar ou
ele é, igualmente, apenas este pensar vazio. O ser, o imediato
indeterminado, é, de fato, nada e nem mais e nem menos do que nada.”
(p.122)
108 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
“B. Nada
Nada, o puro nada; ele é igualdade simples consigo mesma, perfeita
vacuidade, ausência de determinação e conteúdo; indiferencialidade nele
mesmo. – Na medida em que intuir ou pensar podem ser aqui mencionados,
então, vale como uma diferença se algo ou nada é intuído ou pensado. Intuir
ou pensar nada tem, então, um significado; ambos são diferenciados, então
nada é (existe) em nosso intuir ou pensar; ou, antes, ele é o próprio intuir
ou pensar vazios e é o mesmo intuir e pensar vazios que o ser puro. – Nada
é, com isso, a mesma determinação ou, antes, ausência de determinação e,
com isso, em geral, o mesmo que o ser puro é.” (p.123)
“C. Devir
a) Unidade do Ser e do Nada
O puro ser e o puro nada são, portanto, o mesmo. O que é a verdade não é
nem o ser nem o nada, mas que o ser não passa, mas passou para o nada e o
nada não passa, mas passou para o ser. Igualmente, porém, a verdade não é
sua indiferencialidade, mas que eles não são o mesmo, que são
absolutamente diferentes, mas são igualmente inseparados e inseparáveis
e cada um desaparece em seu oposto imediatamente. Sua verdade é, então,
este movimento do desaparecer imediato de um no outro: o devir; um
movimento no qual ambos são diferentes, porém, através de uma diferença
que igualmente se dissolveu imediatamente.” (p.124)
Esta seção C. Devir termina, por sua vez, com a seguinte frase:
"C.Devir
c) Suprassumir do devir
O devir, então, [como] passar na unidade do ser e do nada, a qual é como
unidade que é, ou seja, tem a figura da unidade unilateral imediata desses
momentos é o ser aí. (p.160)
denotamos por:
e estabelecemos formalmente:
• � = {Nada}.
Ser
• � = {Ser}.
Nada
• Nada ⊑ Ser;
• Ser ⊑ Nada;
• ⃖����� = ∅ = ⃖���������
Ser Nada.
• 𝑋𝑋 ⊳ 𝑌𝑌
Isto é:
ou também:
𝑋𝑋� = 𝑌𝑌� 𝑌𝑌 ⊑ 𝑋𝑋
pass
𝑋𝑋 ⊳ 𝑌𝑌
𝑌𝑌 ⊑ 𝑋𝑋
𝑌𝑌 ⊲ 𝑋𝑋 convertido sob a condição de que 𝑋𝑋� = 𝑌𝑌�
𝑋𝑋 ⊳ 𝑌𝑌
• Nada ⊑ Ser;
• Ser ⊑ Nada;
• ⃖����� = ∅ = ⃖���������
Ser Nada.
Portanto:
Ser = ∅ = ⃖���������
⃖����� Nada Nada ⊑ Ser ⃖���������
Nada = ∅ = ⃖�����
Ser Ser ⊑ Nada
pass pass
Ser ⊳ Nada Nada ⊳ Ser
• Ser ⊳ Nada;
• Nada ⊳ Ser.
• 𝑋𝑋 ⊳⊲ 𝑌𝑌 se e somente se 𝑋𝑋 ⊳ 𝑌𝑌 e 𝑌𝑌 ⊳ 𝑋𝑋.
ou também:
𝑋𝑋 ⊳ 𝑌𝑌 𝑌𝑌 ⊳ 𝑋𝑋
devir
𝑋𝑋 ⊳⊲ 𝑌𝑌
114 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
⃖����� = ∅ = ⃖���������
Ser Nada Nada ⊑ Ser ⃖���������
Nada = ∅ = ⃖�����
Ser Ser ⊑ Nada
Ser ⊳ Nada Nada ⊳ Ser
Ser ⊳⊲ Nada
• 𝑌𝑌 = [𝑋𝑋]
ou também:
𝑋𝑋
supr
[𝑋𝑋]
Ser ⊳⊲ Nada
supr
[Ser ⊳⊲ Nada]
Antônio Carlos da Rocha Costa • 117
15. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
1
Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Email:
ac.rocha.costa@gmail.com
2
Publicado originalmente em: Agemir Bavaresco; Federico Orsini; Jair Tauchen; José Pinheiro Pertille;
Marloren Lopes Miranda. (Org.). Leituras da Lógica de Hegel. 1ed.Porto Alegre: Editora Fundação Fênix,
2019, v. 3, p. 203-226.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 123
podemos ver:
• que <𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆 e 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁> não são o mesmo, que são absolutamente diferentes;
"O resultado <o estabelecimento do devir entre 𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆 e 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁> afirma, então,
igualmente a diferença entre o ser e o nada, mas como uma diferença
apenas visada [gemeinten]." (Hegel 2016, p.95)
E complementa:
"Visa-se - ou opina-se [Man meint] - que o ser seria, antes, o outro pura e
simplesmente do nada e não há nada mais claro do que a diferença absoluta
deles e não parece haver nada mais fácil do que poder indicá-la. Porém, é
igualmente fácil convencer-se de que isso é impossível, de que esta
diferença é indizível. Aqueles que querem persistir na diferença entre ser e nada
podem se sentir convidados a indicar no que ela consiste. Tivessem ser e nada
qualquer determinidade através da qual eles se diferenciassem, então
seriam, como foi lembrado, ser determinado e nada determinado, não o ser
puro e o nada puro, como eles ainda são aqui. Sua diferença é, com isso,
completamente vazia; cada um dos dois é, da mesma maneira, o
indeterminado; ela consiste, portanto, não neles mesmos, mas apenas em
um terceiro, um visar. (Hegel 2016, p.96)
• 𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆 e 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 são o mesmo, no que diz respeito aos seus conjuntos de
determinações;
• 𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆 e 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 são absolutamente diferentes, no que diz respeito ao que cada
um intenciona.
3
A especificação detalhada das características desses tipos é dada a seguir, nas seções 6 e 7.
136 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
cat 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 =
det 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
neg 𝑁𝑁𝑒𝑒𝑒𝑒
cont Cont
base 𝐵𝐵as
onde:
• 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶. 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 denota seu conjunto de essencialidades (isto é, 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶. 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 = 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷);
• 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶. 𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 denota a categoria que é sua negação (isto é, 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶. 𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 = 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁);
• 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶. 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 denota seu conteúdo (isto é, 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶. 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶);
• 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶. 𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏 denota a categoria que é sua base (isto é, 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶. 𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏 = 𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵).
rel 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 =
det 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
neg 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁
cont 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
base 𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵
𝑋𝑋⊥ : 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶⊥
cat 𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆⊥ =
ess ⊥
neg ⊥
cont ⊥
base ⊥
cat 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁⊥ =
ess ⊥
neg ⊥
cont ⊥
base ⊥
• 𝐶𝐶: 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 é tal que tem seus componentes 𝐶𝐶. 𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 e 𝐶𝐶. 𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏 são
indeterminados;
140 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
cat 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 =
det 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
neg ⊥
cont 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
base ⊥
����� =
cat 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
det 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 ′
neg 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁
cont 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ′
base 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
����� ≠ 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
cat 𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆T =
det ⊥
neg 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁T
cont ⊥
base 𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆⊥
cat 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁T =
ess ⊥
neg 𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆T
cont ⊥
base 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁⊥
• 𝑋𝑋 e 𝑌𝑌 têm as mesmas essencialidades (isto é, 𝑋𝑋. 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 = 𝑌𝑌. 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑) e se diz que
cada uma contém a outra;
• 𝑌𝑌 é a negação de 𝑋𝑋 (isto é, 𝑋𝑋. 𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 = 𝑌𝑌).
cat 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 =
det 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
neg 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ′
cont 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
base 𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵
cat 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ′ =
det 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
neg 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
cont 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ′
base 𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵′
𝑋𝑋 ≎ 𝑌𝑌 ⟺ 𝑋𝑋//𝑌𝑌 ∧ 𝑌𝑌//𝑋𝑋
cat 𝑋𝑋 =
ess 𝐸𝐸
neg 𝑌𝑌
base 𝐵𝐵
Antônio Carlos da Rocha Costa • 143
cat 𝑌𝑌 =
ess 𝐸𝐸
neg 𝑋𝑋
base 𝐵𝐵′
de modo que:
≎ ∶ 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅
4
℘(𝑋𝑋) denota o conjunto das partes do conjunto 𝑋𝑋.
144 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
rel 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 =
ess 𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆T ≎ 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁T
neg ⊥
base {𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆T , 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁T }
cat Ser-aí =
ess 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼
neg ⊥
cont [𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷]
base 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷
Por outro lado, note-se que, como não examinamos neste artigo a
parte da "Doutrina da Essência" cujas noções correspondem às noções
do primeiro capítulo da "Doutrina do Ser", não examinamos também a
operação de inclusão de essencialidades, que inclui uma essencialidade,
dada na esfera da Essência, no conjunto de essencialidades de uma
categoria. Em consequência, apresentamos aqui, sem justificativa,
apenas o resultado da aplicação dessa operação de inclusão de
essencialidades à categoria Ser-aí, operação que inclui no conjunto de
essencialidades da mesma a essencialidade 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼, denotada
pelo termo 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 na formulação mostrada acima.
146 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
Primeiro Capítulo
det ⊥ det ⊥
neg ⊥ neg ⊥
cont ⊥ cont ⊥
base ⊥ base ⊥
det ⊥ det ⊥
cont ⊥ cont ⊥
rel 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 =
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
HUSSERL, E. Ideias para uma Fenomenologia Pura e para uma Filosofia Fenomenológica.
Aparecida: Ideias e Letras: 2008.
SUPPES, P. A Comparison of the Meaning and Uses of Models in Mathematics and the
Empirical Sciences. Synthese , 12(1960):287-301.
SEÇÃO II
TEMAS ESPECÍFICOS
3
O INÍCIO DA LÓGICA OBJETIVA DE HEGEL: UMA
APRESENTAÇÃO FORMALIZADA
Antônio Carlos da Rocha Costa 1
RESUMO
1
Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Email:
ac.rocha.costa@gmail.com
156 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
1. INTRODUÇÃO
2
Publicado originalmente em: Anais da XIX Semana Acadêmica do PPG em Filosofia da PUCRS, 2019,
Porto Alegre. XIX Semana Acadêmica do PPG em Filosofia da PUCRS. Porto Alegre: Editora Fundação
Fênix, 2019. v. 3. p. 133-148.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 157
3
As traduções apresentadas aqui estão adaptadas, conforme o necessário, com base em (Hegel, 2015).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 159
4
Ver, p. ex., a crítica exposta em (Hegel 2018, p. 83).
162 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
A visão semântica dessas filosofias, por seu lado, entende que cada
uma delas estabelece um modelo semântico para o real ao qual se refere.
A visão semântica da "Ciência da Lógica" de Hegel está ilustrada na
Figura 3.
• Doutrina do Ser:
Noções iniciais:
– Esfera do Ser
– Ser
– Nada
– Devir
– Ser aí
Operações e relações iniciais:
– Negação
164 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
– Passagem
– Suprassunção
• Doutrina da Essência:
Noções iniciais:
– Esfera da Essência
– Essência
– Determinidade
– Determinação
– Imediatidade
– Ser aí essencial
– Ser aí inessencial
– Identidade
Operações e relações iniciais:
– Diversidade
– Oposição
– Contraposição
– Contradição
– Recaimento
5
Em (Costa 2019c), denominamos base o que aqui estamos denominando origem.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 165
• 𝑋𝑋//𝑌𝑌 é a relação que indica que a noção 𝑋𝑋 passa para a noção 𝑌𝑌;
• 𝑋𝑋 ≎ 𝑌𝑌 é a operação de introdução do devir entre 𝑋𝑋 e 𝑌𝑌;
• [𝑋𝑋 ≎ 𝑌𝑌] é a operação de encapsulamento do devir 𝑋𝑋 ≎ 𝑌𝑌;
• 𝑋𝑋 ↝ 𝑌𝑌 é a relação que indica que a noção 𝑋𝑋 recai na noção 𝑌𝑌.
• têm inicialmente a mesma estrutura nula (e, portanto, essência nula), exceto
em relação às polaridades, que são opostas, o que permite a distinção entre
as duas noções;
• depois, porém, com a constatação da oposição de suas polaridades, elas
passam a ter negação não nula, já que uma determina a outra como sua
oposta.
�⊥ , ⟦Ser⊥ ⟧, ����
Ser⊥ = (〈Ser⊥ 〉, Ser �⊥ )
Ser, Ser
onde:
〈Ser⊥ 〉 =⊕
�⊥ = ∅
Ser
⟦Ser⊥ ⟧ = ∅
���� = ∅
Ser
�⊥ = ∅
Ser
de modo que:
Ser⊥ = (⊕, ∅, ∅, ∅, ∅)
�⊥ , ⟦Nada⊥ ⟧, Nada
Nada⊥ = �〈Nada⊥ 〉, Nada �⊥ �
onde:
〈Nada⊥ 〉 =⊖
�⊥ = ∅
Nada
168 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
⟦Nada⊥ ⟧ = ∅
������
Nada = ∅
�⊥ = ∅
Nada
de modo que:
Nada⊥ = (⊖, ∅, ∅, ∅, ∅)
�T , ⟦SerT ⟧, Ser
SerT = (〈SerT 〉, Ser ����, Ser
�T )
onde:
〈SerT 〉 =⊕
�T = ∅
Ser
⟦SerT ⟧ = ∅
�����
SerT = NadaT
�T = {Ser⊥ }
Ser
de modo que:
SerT = (⊕, ∅, ∅, NadaT , {Ser⊥ })
�T , ⟦NadaT ⟧, ������
NadaT = �〈NadaT 〉, Nada �T �
Nada, Nada
onde:
〈NadaT 〉 =⊖
�T = ∅
Nada
⟦NadaT ⟧ = ∅
��������
NadaT = SerT
�T = {Nada⊥ }
Nada
de modo que:
NadaT = (⊖, ∅, ∅, SerT , {Nada⊥ })
Antônio Carlos da Rocha Costa • 169
�����
𝑌𝑌 = 𝑋𝑋� ⇔ �𝑋𝑋� = 𝑌𝑌�� ∧ �〈𝑌𝑌〉 = 〈𝑋𝑋〉
𝑋𝑋 ≎ 𝑌𝑌 ⇔ (𝑋𝑋//𝑌𝑌) ∧ (𝑌𝑌//𝑋𝑋)
� , ⟦Devir⟧, Devir
Devir = (〈Devir〉, Devir ������, Devir
�)
onde:
�〉 = ⊚
〈Devir
� = {ImedNula}
Devir
⟦Devir⟧ = {SerT ≎ NadaT }
������ = ∅
Devir
� = �SerT ,NadaT �
Devir
de modo que:
Devir = (⊚, {ImedNula}, {𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆T ≎
𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁T } , ∅, {𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆T , 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁T } )
Ser-aí ∶= [Devir]
� , ⟦Ser-aí⟧, �������
Ser-aí = (〈Ser-aí〉, Ser-aí �)
Ser-aí, Ser-aí
onde:
〈Ser-aí〉 = {⊕}
� = {Imed}
Ser-aí
⟦Ser-aí⟧ = {[𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷]}
������� = ∅
Ser-aí
� = {𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷}
Ser-aí
de modo que:
É nesse sentido que Hegel pode dizer que "o ser aí é o simples ser uno
do ser e do nada" (Hegel, 2016, p. 113), onde interpretamos a expressão
"ser uno" como sendo relativa à noção unitária e imediata gerada pela
operação de encapsulamento.
• "essa diferença é um pôr exterior", "que não toca no próprio do ser aí" e,
com isso, "fica indeterminado o que pertence ao essencial ou ao inessencial"
- isto é, essa diferença entre o Essencial e o Inessencial não tem caráter de
necessidade;
• "na medida em que a essência <..> está determinada como imediata, como
algo que é", essa diferenciação "fez recair a essência na esfera do ser aí".
Imed = (ImedEssencial,ImedInessencial)
Antônio Carlos da Rocha Costa • 173
� = {ImedEssencial}) ⇒ (Ser-aí
(Ser-aí � ↝ Ser-aí)
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
RESUMO
1
Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PUCRS. Email: ac.rocha.costa@gmail.com
Antônio Carlos da Rocha Costa • 177
1. INTRODUÇÃO 2
2
Publicado originalmente em: Bavaresco, A.; Iber, C.; Jung, J.. (Org.). Do Início à Finitude do Ser: Interfaces
Lógicas Hegelianas. 1ed. Porto Alegre: Editora Fundação Fênix, 2021, v. 1, p. 31-55.
178 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
1.1 OBJETIVO
3
Nesse sentido, parece ser ponderado o alerta dado por McTaggart, (McTaggart, 1910, p.10) de que o
uso de termos concretos, tirados do vocabulário usual para nomear conceitos lógicos, pode levar à
introdução ilegítima de elementos não-lógicos na Lógica, conduzindo (se não o próprio Hegel, pelo
menos seus leitores) ao equívoco de se pensar que a Lógica pode contar com sentidos concretos,
experienciais - para além das definições propriamente lógicas -, tanto para a compreensão de seus
conceitos quanto para a compreensão das transições entre eles.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 179
1. Ser ⟶ Ser-aí
2. Ser-aí ⟶ Algo
3. Algo ⟶ Finito
Antônio Carlos da Rocha Costa • 181
• 𝑋𝑋 passa para 𝑌𝑌
• 𝑋𝑋 se reflete em 𝑌𝑌
• 𝑋𝑋 se reflete em si mesmo
• 𝑋𝑋 se relaciona consigo
• 𝑋𝑋 é um 𝑌𝑌em si, mas não nele
• 𝑋𝑋 é um 𝑌𝑌que é
• 𝑋𝑋 regressa a 𝑌𝑌
• 𝑋𝑋 retorna a 𝑌𝑌
• 𝑋𝑋 se dissolve em 𝑌𝑌
• etc.
4
Até onde pudemos constatar, o termo tríade foi introduzido por William Wallace na tradução que fez
da Lógica da Enciclopédia para o Inglês, tradução publicada em 1874. Wallace utilizou o termo triad para
traduzir a ocorrência do termo Sphäre no §85 daquela Lógica. Adicionalmente, parece que Wallace
estimulou a visão de que na filosofia de Hegel tudo ocorre em termos triádicos, ao afirmar em seu
Prolegomena, vinte anos depois: "the triadic arrangement is made radical and everywhere recurs" (Wallace,
1894).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 183
𝑋𝑋 𝑌𝑌
Suprassumir tem na língua [alemã] o sentido duplo pelo qual significa tanto
guardar, conservar, quanto, ao mesmo tempo, cessar, pôr fim. (Hegel, 2016,
p.111)
[𝑋𝑋]
5
Ao que pudemos constatar, essa tendência de atribuir três sentidos à noção de suprassunção, e não
dois, como Hegel mesmo estabeleceu, foi iniciada por Johann Erdmann que, em 1841, publicou
Grundriss der Logik und Metaphysik, uma glosa da Ciência da Lógica de Hegel (Erdmann, 1896). Numa nota
de pé de página, Erdmann (1896, p.30) estabelece que suprassumir tem o triplo sentido de: tollere,
conservare e elevare (assim mesmo, em Latim, sem notar que, como o próprio Hegel salientou, tollere já
contempla o significado de elevar, além do significado de suprimir).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 185
Na Figura 2:
Note-se que cada nova etapa inicia coma forma simples do conceito
da etapa. A razão está em que cada nova etapa inicia com o resultado da
suprassunção realizada ao final da etapa anterior. Pois, a macrooperação
de suprassunção encapsula o conteúdo produzido pela etapa anterior,
antes de elevá-lo, de modo que:
– esse conteúdo não está mais operacional na nova etapa, pois esse conteúdo
está encapsulado;
– para a nova etapa, o resultado da suprassunção realizada na etapa anterior
conta como um conceito que opera como se fosse imediato, pois não foi
derivado na etapa.
6
A análise das primeiras etapas da derivação de conceitos da Ciência da Lógica, apresentada
formalmente a seguir, discute com mais detalhes e apresenta exemplos dessa noção de conceito simples
que é relativa a uma etapa de derivação.
188 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
Porque ele é indeterminado, ele é ser sem qualidade; mas em si, compete-lhe o
caráter da indeterminidade apenas em oposição ao determinado ou ao
qualitativo. Porém, o ser determinado como tal se opõe ao ser em geral; com
isso, contudo, sua indeterminidade mesma constitui sua qualidade. Mostrar-se-
á, portanto, que o primeiro ser [é], em si, [ser] determinado e, com isso, em
segundo lugar, que ele passa para o ser aí, é ser aí; [...]
7
Os detalhes desse desenvolvimento, realizado no plano das representações do entendimento, encontra-
se em (Hegel, 2016, p.121-138).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 195
(Dever-ser ,Barreira);
1. O método começa com uma projeção do conceito inicial da etapa sobre o plano das
representações do entendimento.
2. Com esse conceito projetado nesse plano, o método recolhe as determinações que o
entendimento - com o apoio da intuição - atribui a tal conceito.
3. O método, então, opera criticamente sobre essas determinações, desenvolvendo
novos pares de determinações, até derivar um par de determinações que, por sua
natureza, pertençam legitimamente ao plano dos conceitos lógicos.
4. Nesse ponto, o método determina o retorno desse par de conceitos ao plano dos
conceitos lógicos, onde tal par de conceitos vai - no segundo momento da etapa -
ser examinado relativamente à existência de um devir entre eles.
Note-se que:
Do que foi dito pode ser facilmente apreendido como Hegel chegou a conectar a
Dialética com uma tríade ou triplicidade. Um ritmo dialético envolve
essencialmente uma triplicidade de estágios, apesar de haver mais de um sentido
em que isso vai ser assim. Haverá três estágios em tal ritmo, no sentido de que
há um movimento de um estágio inicial de positividade e estabilidade,
característica do Entendimento, através de um estágio contraditório, de mal-
estar cético, característico da Dialética mesma, para um estágio de acomodação
Antônio Carlos da Rocha Costa • 203
8
Minha tradução.
204 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
ERDMANN, J. E. Outlines of Logic and Metaphysics. London: Swan Sonnenschein & Co.,
1896.
WALLACE, W. Prolegomena to the Study of Hegel's Philosphy and Specially of his Logic.
Oxford: Claredon Press, 1894.
5
UM SISTEMA DE REGRAS DE DERIVAÇÃO PARA
DETERMINAÇÕES DE REFLEXÃO, COM APLICAÇÃO
AO SURGIMENTO DO CONCEITO DE COISA-EM-SI NA
ESFERA DA EXISTÊNCIA
Antônio Carlos da Rocha Costa 1
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
1
Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PUCRS. Email: ac.rocha.costa@gmail.com
208 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
Φ⊢Ψ
Φ ⊢ Ψ, α α, Γ ⊢ Δ
Φ, Γ ⊢ Ψ, Δ
Γ
Δ
210 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
Γ0 , Γ1 , ⋯ , Γ𝑖𝑖 , ⋯
Γ𝑖𝑖
Γ𝑖𝑖+1
𝑎𝑎: 𝐴𝐴
Antônio Carlos da Rocha Costa • 211
𝑎𝑎: 𝐴𝐴 𝑏𝑏: 𝐵𝐵
𝑜𝑜𝑜𝑜(𝑎𝑎, 𝑏𝑏): 𝑂𝑂𝑂𝑂(𝐴𝐴, 𝐵𝐵)
onde 𝑜𝑜𝑜𝑜(𝑎𝑎, 𝑏𝑏) é o objeto que resulta da realização da operação 𝑜𝑜𝑜𝑜 sobre
os objetos 𝑎𝑎 e 𝑏𝑏, e 𝑂𝑂𝑂𝑂(𝐴𝐴, 𝐵𝐵) é o tipo do objeto resultante, 𝑜𝑜𝑜𝑜(𝑎𝑎, 𝑏𝑏), com
𝑂𝑂𝑂𝑂 sendo o operação sobre tipos que corresponde à operação sobre objetos
𝑜𝑜𝑜𝑜.
• reflexão ponente/pressuponente;
• reflexão exterior;
• reflexão determinante.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 213
• identidade essencial;
• diferença absoluta;
• diversidade;
• oposição;
• contraposição;
• contradição;
5.2.1 UNIVERSOS
5.2.3 VARIÁVEIS
5.2.5 NEGAÇÃO
• 𝑠𝑠̅̅ = 𝑠𝑠;
• 〈𝑠𝑠〉 = ⊕ se e somente se 〈𝑠𝑠̅〉 = ⊖.
5.2.8 SEQUENTES
Intro
𝐸𝐸 ⊨ 𝑠𝑠
Ser-aí ⊨ 𝑠𝑠
IdEss
Ser-aí ⊨ 𝑠𝑠∆𝑒𝑒
Ser-aí ⊨ 𝑠𝑠∆𝑒𝑒
DifAbs
Ser-aí ⊨ 𝑠𝑠∆(𝑒𝑒/𝑒𝑒̅ )
5.3.4 DIVERSIDADE
Ser-aí ⊨ 𝑠𝑠∆(𝑒𝑒/𝑒𝑒̅ )
Ser-aí ⊨ 𝑠𝑠 ′ ∆(𝑒𝑒 ′ /𝑒𝑒�′ )
Divers
Divers ⊨ 𝑠𝑠∆(𝑒𝑒/𝑒𝑒̅), 𝑠𝑠 ′ ∆(𝑒𝑒 ′ /𝑒𝑒�′ )
5.3.5 OPOSIÇÃO
𝑒𝑒 = 𝑒𝑒 ′ = 𝑒𝑒0
𝑒𝑒̅ = 𝑒𝑒1
𝑒𝑒�′ = 𝑒𝑒2
〈𝑠𝑠〉 > ⊚ > 〈𝑠𝑠 ′ 〉
Divers ⊨ 𝑠𝑠∆(𝑒𝑒/𝑒𝑒̅), 𝑠𝑠 ′ ∆(𝑒𝑒 ′ /𝑒𝑒�′ )
Opos
Divers ⊨ 𝑠𝑠∆(𝑒𝑒0 /𝑒𝑒1 ) > 𝑠𝑠 ′ ∆(𝑒𝑒0 /𝑒𝑒2 )
Antônio Carlos da Rocha Costa • 221
Note-se que a relação ">" tem caráter assimétrico. Por outro lado,
é claro que os referentes completamente determinados essencialmente,
𝑠𝑠∆(𝑒𝑒0 /𝑒𝑒1 ) e 𝑠𝑠 ′ ∆(𝑒𝑒0 /𝑒𝑒2 ), têm entre si a relação de algo e outro: Divers ⊨
Algo > Outro.
5.3.6 CONTRAPOSIÇÃO
5.3.7 CONTRADIÇÃO
〈𝑠𝑠〉 ⋈ 〈𝑠𝑠 ′ 〉
𝑒𝑒2 = 𝑒𝑒�1
Divers ⊨ 𝑠𝑠∆(𝑒𝑒0 /𝑒𝑒1 ), 𝑠𝑠 ′ ∆(𝑒𝑒0 /𝑒𝑒�1 )
Contrad
Divers ⊨ 𝑠𝑠∆(𝑒𝑒0 /𝑒𝑒1 ) ⋈ 𝑠𝑠 ′ ∆(𝑒𝑒0 /𝑒𝑒�1 )
5.3.7 FUNDAMENTO
A partir da contradição:
• a regra da escolha, Escolh, é uma regra auxiliar, necessária para que se possa
estabelecer oposições, contraposições e contradições entre pares de
referentes pertencentes a conjuntos infinitos de referentes;
• a regra da diversidade infinita, Divers∞ , combina duas funções, a de
derivação de diferenças absolutas e a derivação de diversidades.
𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼∞
𝐸𝐸 ⊨ 𝑆𝑆
Antônio Carlos da Rocha Costa • 225
Ser-aí ⊨ 𝑆𝑆
IdEss∞
Divers ⊨ {𝑠𝑠∆𝑒𝑒|𝑠𝑠 ∈ 𝑆𝑆}
Divers ⊨ 𝑆𝑆∆𝐸𝐸
Divers∞
Divers ⊨ {𝑠𝑠∆(𝑒𝑒/𝑒𝑒̅)|𝑠𝑠∆e ∈ 𝑆𝑆∆𝐸𝐸}
𝑠𝑠∆(𝑒𝑒/𝑒𝑒̅ ) ∈ 𝑆𝑆∆(𝐸𝐸/𝐸𝐸� )
Divers ⊨ 𝑆𝑆∆(𝐸𝐸/𝐸𝐸� )
Escolh∞
Divers ⊨ 𝑠𝑠∆(𝑒𝑒/𝑒𝑒̅)
226 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
onde:
Antônio Carlos da Rocha Costa • 227
"A coisa em si, como o ser refletido simples da existência dentro de si, não é o
fundamento do ser aí inessencial" (Hegel 2017, p.139)
onde:
228 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
expressando diretamente que (𝑒𝑒0 /𝑒𝑒1 ) ⋈ (𝑒𝑒0 /𝑒𝑒�1 ) é a medição pela qual
se dá o surgimento 𝑠𝑠 ⋈ 𝑠𝑠 ′ .
Note-se, finalmente, que aplicando a regra da contraposição
Contrapos à apresentação formal da relação de surgimento da coisa-em-si
na existência, ao invés da regra da contradição Contrad, tem-se como
resultado o sequente:
Antônio Carlos da Rocha Costa • 229
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CARDELLI, L. Type Systems. In: Tucker, A. B. (ed.) CRC Handbook of Computer Science and
Engineering. CRC Press, 2004.
RESUMO
1
Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PUCRS. Email: ac.rocha.costa@gmail.com
232 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
1. INTRODUÇÃO
"O objeto é, como resultou, o silogismo, cuja mediação foi igualada e, portanto,
tornou-se identidade imediata. Ele é, por conseguinte, um universal em si e para
si."
2
Publicado originalmente em: Revista Opinião Filosófica, V. 11, P. 1, 2020.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 233
3
Observamos que, do ponto de vista da gramática de linguagens formalizadas, a apresentação estrutural
que Hegel faz dos silogismos, com base nas figuras, coloca-se ao nível daquilo que, a partir de McCarthy
(1963), se convencionou chamar de sintaxe abstrata de uma linguagem formalizada, ao passo que a
apresentação estrutural dos silogismos com base nas expressões verbais de seus modos coloca-se ao
nível daquilo que se convencionou chamar de sintaxe concreta de uma linguagem formalizada. Nisso,
Hegel procede como Kant (1885[1762]), que também analisa apenas as figuras.
4
συλλεγω, que significa ligar (Pereira, 1984).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 235
I II III IV
Note-se que:
236 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
𝐴𝐴 ↝ 𝑆𝑆
𝐵𝐵 ↝ 𝑃𝑃
𝐶𝐶 ↝ 𝑈𝑈
𝐴𝐴 ↝ 𝑃𝑃
𝐵𝐵 ↝ 𝑆𝑆
𝐶𝐶 ↝ 𝑈𝑈
𝐴𝐴 ↝ 𝑃𝑃
𝐵𝐵 ↝ 𝑈𝑈
𝐶𝐶 ↝ 𝑆𝑆
𝐴𝐴 ↝ 𝑈𝑈
𝐵𝐵 ↝ 𝑈𝑈
𝐶𝐶 ↝ 𝑈𝑈
• inerência: 𝑃𝑃 ↣ 𝑆𝑆;
• inclusão: 𝑆𝑆 ↪ 𝑃𝑃 (mas também 𝑆𝑆 → 𝑃𝑃, por simplicidade).
5
Um diagrama comutativo é um construto da Teoria das Categorias (ver, p. ex., (Pierce, 1991)) no qual
dois caminhos dirigidos (sobre as setas do diagrama), que partem de um mesmo nodo e terminam em
um mesmo nodo, representam duas composições de morfismos que resultam serem iguais enquanto
morfismos.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 239
Hegel simboliza a forma geral dos silogismos da figura 𝐼𝐼𝐼𝐼 por meio
da terna 𝑃𝑃-𝑆𝑆-𝑈𝑈. O diagrama comutativo que lhe corresponde é o
seguinte:
Hegel simboliza a forma geral dos silogismos da figura 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 por meio
da terna 𝑆𝑆-𝑈𝑈-𝑃𝑃, mas também como 𝑃𝑃-𝑈𝑈-𝑆𝑆. O diagrama comutativo que
lhe corresponde é o seguinte:
Hegel simboliza a forma geral dos silogismos da figura 𝐼𝐼𝐼𝐼 por meio
da terna 𝑈𝑈-𝑈𝑈-𝑈𝑈. O diagrama comutativo que lhe corresponde é o
seguinte:
"O objeto é, como resultou, o silogismo, cuja mediação foi igualada e, portanto,
tornou-se identidade imediata. Ele é, por conseguinte, um universal em si e para
si."
ondes:
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
KANT, I. Essay on the Mistaken Subtility of the Four Syllogistic Figures [1762]. In: KANT,
I. Kant's Introduction to Logic, and his Essay on the Mistaken Subtility of the Four
Figures. London: Longmans, Green & Co., 1885. p.79-95.
PIERCE, B. C. Basic Category Theory for Computer Scientists. Cambridge: MIT Press, 1991.
7
DERIVAÇÃO DO SILOGISMO SUJEITO-GÊNERO-
ESPÍRITO QUE ESTÁ IMPLÍCITO NA NOÇÃO DE VIDA
DA CIÊNCIA DA LÓGICA DE HEGEL
Antônio Carlos da Rocha Costa 1
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
1
Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PUCRS. Email: ac.rocha.costa@gmail.com
2
Publicado originalmente em: Ágora Filosófica (UNICAP), v. 20, p. 25-82, 2020.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 251
Observações:
2. NOÇÕES PRELIMINARES
onde:
• 𝑈𝑈 ∈ P ∧ ;
• P ∈ S∧ ;
Antônio Carlos da Rocha Costa • 253
• U ∈ S∧ ;
• 𝐶𝐶 é um conceito;
• 𝑂𝑂 é o objeto de conceito do conceito 𝐶𝐶;
• teor e prát são duas relações entre 𝐶𝐶 e 𝑂𝑂.
Observe-se, ainda, que nos dois tipos de ideia, ideia pura e ideia
externa, o conceito da ideia se coloca como o momento ativo da ideia,
portanto como sujeito da ideia e, por isso, pode ser determinado como
conceito subjetivo. Já na ideia pura, o objeto do conceito, que se constitui
na objetividade ideal, é ele próprio um conceito, mas que se apresenta
como o momento passivo da ideia, portanto como objeto da ideia e, por
isso, pode ser determinado como conceito objetivo.
Observe-se, finalmente, que a ideia absoluta é um tipo particular de
ideia pura.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 257
Nessa forma:
𝐵𝐵 é 𝐴𝐴
𝑐𝑐 é 𝐵𝐵
𝑐𝑐 é 𝐴𝐴
onde:
Homem é Mortal.
Sócrates é Homem.
Sócrates é Mortal.
onde:
• 𝐴𝐴 = Mortal;
• 𝐵𝐵 = Homem;
• 𝑐𝑐 = Sócrates;
Nessa estrutura:
• 𝐴𝐴 ∈ B ∧ ;
• B ∈ C∧ ;
• A ∈ C∧ ;
4. SILOGISMO DE IDEIAS
𝐼𝐼 = 𝐶𝐶 ⊳⊲ 𝑂𝑂
• Por outro lado, a vida lógica (ou, a vida na ideia), tem como pressuposição o
conceito tomado tanto como conceito subjetivo quanto como conceito
objetivo, de modo que seus momentos "permanecem encerrados na forma
do conceito" e os objetos do conceito são objetos ideais.
Mais adiante (p. 251), Hegel denominará organismo (que denominamos aqui
organismo singular) essa vida exterior singularizada, de modo que:
Indivíduo-vivo =
[Singularidade-subjetiva ⊳⊲ Organismo-singular] ⊳⊲ Objetividade-exterior
Antônio Carlos da Rocha Costa • 269
5.3.1 ITEM 1
e apresenta a função que o processo vital dos indivíduos vivos realiza para
a possibilidade de constituição de um gênero:
• "Na medida em que essa diferença é imediata [isto é, na medida em que essa
particularização está realizada na objetividade exterior], ela é o impulso de
cada momento singular, específico [isto é, de cada indivíduo vivo] de se
produzir [isto é, de se realizar objetivamente como indivíduo vivo] e,
igualmente, de elevar sua particularidade [a de ser momento da vida
universal] à universalidade [isto é, o gênero], de suprassumir os outros
momentos externos a ele [isto é, os outros indivíduos vivos], de se produzir
à custa deles [isto é, de se realizar objetivamente à custa dos outros
indivíduos vivos], mas, do mesmo modo, de suprassumir-se a si mesmo [isto
Antônio Carlos da Rocha Costa • 275
Isto é:
o que indica que o conjunto dos processos vitais dos indivíduos vivos
constitui a estrutura de interdependência sobre a qual um conjunto de
indivíduos vivos pode se pôr como um gênero.
Nos Itens 2 e 3, Hegel analisa mais detalhes do aspecto teleológico
do processo vital do indivíduo vivo, relacionando-o uma vez mais ao
processo do gênero.
5.3.2 ITEM 2
No Item 2, Hegel:
Assim:
5.3.3 ITEM 3
• "a objetividade viva do indivíduo enquanto tal, por ela ser animada pelo
conceito [a vida universal] e por tê-lo como sua substância, também tem
nela, como suas diferenças essenciais, determinações tais que são
determinações do conceito, universalidade, particularidade e singularidade"
(p. 252).
Porém:
3
Observação: notar que Hegel determina a sensibilidade como conduzindo cada impressão sensível a
uma representação da experiência, portanto estruturada por conceitos, diferentemente do que se passa
com aquela noção em Kant, que determina a sensibilidade como conduzindo cada impressão sensível a
uma intuição.
278 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
• "Quando se diz que a contradição não seria pensável, [deve-se observar que]
a contradição é, antes, uma existência efetiva [isto é, mais que pensável, é
uma existência efetiva] na dor do ser vivo [isto é, na sua existência como
representação, como sentimento, que o indivíduo vivo tem de sua
contraposição à objetividade externa]." (p. 255).];
• em outros termos: a contradição não apenas é pensável como é,
essencialmente, constituidora da subjetividade do indivíduo vivo.
• é claro que o objeto externo "pode agir sobre o ser vivo de modo mecânico",
por meio de sua ação sobre o organismo, que é parte da objetividade externa,
mas, procedendo assim, "não age sobre um ser vivo", pois, "na medida em
que se relaciona com esse, o objeto não age como causa, mas sim estimula o
ser vivo" (p. 256);
• e, de modo relevante, Hegel estabelece: "Pelo fato de que o ser vivo é
impulso, a exterioridade somente pode chegar ou entrar nele se já estiver
em si e para si dentro dele"; e "a influência sobre o sujeito consiste, portanto,
somente no fato de que este encontra [dentro dele, um] correspondente à
exterioridade que se lhe oferece [o que não ocorre na relação de causalidade
mecânica, onde anteriormente à causa não há nada que lhe corresponda no
objeto sobre o qual ela age]" (p. 256);
• e, mais precisamente: "a exterioridade pode até não ser adequada à
totalidade do sujeito, mas ela tem de corresponder pelo menos a um lado
particular nele" (p. 256).
284 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
• o sujeito só se relaciona com o externo porque "é ele mesmo algo externo",
seu organismo é "uma ferramenta" que "exerce violência sobre o objeto" (p.
256);
• essa relação de violência se caracteriza por ser como "o processo da da
objetividade em geral, mecanismo e quimismo" (p. 256);
• mas, não se limita à mera exterioridade, pois "a exterioridade se transforma
em interioridade" na medida em que "o objeto não é uma substância frente
ao conceito [porque que é, em si e para si, efetividade nula], portanto, o
conceito [a finalidade do sujeito ao agir sobre o objeto] pode tornar-se não
apenas sua forma exterior [isto é, a forma exterior do objeto após a ação do
sujeito], mas tem de se pôr como sua essência e como sua determinação
imanente [isto é, o conceito, a finalidade da ação do sujeito, termina se
pondo como a essência do objeto, após a realização dessa ação]" (p. 256);
• em outras palavras: "Com o apoderamento do objeto [pelo sujeito], o
processo mecânico [da ação do organismo do sujeito sobre o objeto] se
transforma, por conseguinte, no processo interior, pelo qual o indivíduo se
apropria do objeto de tal modo que lhe subtrai sua constituição peculiar [sua
efetividade nula], faz dele seu meio e lhe dá como substância sua
subjetividade [isto é, o conceito que constitui a finalidade de sua ação]." (p.
256)
Por outro lado, Hegel enfatiza que esse caráter mecânico e químico
da ação do sujeito sobre os objetos externos, por meio do seu organismo,
não tem um caráter secundário para o sujeito, mas é essencial para sua
vida:
• pois "a vida é verdade desses processos [mecânicos e químicos], como isso,
enquanto ser vivo, ela é a existência dessa verdade e a potência dos
mesmos" (p. 256-257);
• e, de fato, "o produto deles [desses processos mecânicos e químicos] está
totalmente determinado pela vida [isto é, esses processos se determinam
pela vida, não a vida por eles]" (p. 257);
• desse modo, no processo objetivo "o ser vivo se põe para si como idêntico
consigo mesmo" [isto é, se põe como subsistente no tempo] (p. 257);
• e, com isso, "através do processo objetivo, o ser vivo se dá seu
autossentimento [a representação de si mesmo]" (p. 257).
Mais que isso, Hegel indica como o processo objetivo, realizado por
meio dessa ação do sujeito sobre os objetos externos, encaminha o sujeito
na direção do gênero:
• primeiramente, Hegel aponta que a ideia subjetiva de gênero ainda está "no
interior da esfera da imediatidade", isto é, é primeiramente ideia de si
mesmo (p. 258);
• desse modo, a ideia subjetiva de gênero é uma "figura singular", "o conceito
[de gênero] cuja realidade tem a forma de objetividade imediata", não de
ideia enquanto tal (p. 258);
• isto é, a ideia de gênero, que ainda é subjetiva mas, ao mesmo tempo, está na
objetividade, é o que Hegel denomina "germe do indivíduo vivo": a ideia que
Antônio Carlos da Rocha Costa • 289
• "Em seu juízo [isto é, no juízo da ideia], a ideia é o conhecer em geral." (p.
261)
• porém, há de fato dois juízos da ideia, correspondentes às duas noções de
conhecer: o conhecer teórico e o conhecer prático.
• "Sua realidade em geral [realidade da vida universal] é a forma do seu ser aí;
é a determinação dessa forma que é importante [para a determinação das
ideias de espírito e conhecer]; sobre ela repousa a diferença daquilo que o
conceito [de vida] é em si, ou seja como [conceito] subjetivo, daquilo que ele
é enquanto mergulhado na objetividade e, então, na ideia da vida." (p. 261)
Antônio Carlos da Rocha Costa • 293
• "Nesta última [na ideia de vida], ele [o conceito de vida], decerto, está
diferenciado da sua realidade externa (...) [está mergulhado] em sua
objetividade submetida a ele [em seu organismo] (...) como forma imanente,
substancial." (p. 261)
• "A elevação do conceito para acima da vida [isto é, como espírito] é o fato de
que sua realidade [seu ser aí substancial no organismo] é a forma do conceito
[que é] liberta até a universalidade." (p. 261)
• "Pensar, espírito, autoconsciência são determinações da ideia [isto é, da
vida universal] enquanto ela tem a si mesma como objeto, e seu ser aí (...) é
sua própria diferença de si mesma [isto é, enquanto tem sua realização como
objeto]." (p. 261)
• "a ideia da vida é aquela da qual a ideia do espírito surgiu" (p. 266);
• porém, como "a realidade da ideia é, na vida, como singularidade", "a
universalidade ou o gênero é [antes] o interior [dessa singularidade]" (p.
267);
• "a verdade da vida como unidade absoluta negativa [isto é, como totalidade]
consiste, portanto, em suprassumir a singularidade [isto é, a singularidade
abstrata e imediata da vida universal]" (p. 267), "em ser autossimilar,
enquanto gênero e em ser auto-idêntica enquanto singularidade [isto é,
enquanto espírito]" 4;
• em outros termos: "essa ideia [da vida] é, agora [após essa suprassunção e
totalização], o espírito" (p. 267);
• Hegel, porém, é claro: a Ciência da Lógica não trata o espírito "enquanto tal",
mas apenas enquanto "ideia lógica", isto é, enquanto a ideia do espírito (p.
267);
4
Tradução adaptada com base em (Hegel, 1993, p. 780).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 295
No silogismo sujeito-gênero-espírito:
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. Analíticos Anteriores. In: Aristóteles. Órganon. São Paulo: EDIPRO, 2010.
p.111-250.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 299
BELL, J. The Development of Categorial Logic. In: Gabbay, D. & Guenthener, F. Handbook
of Philosophical Logic, Volume 12. Dordrecht: Springer, 2005. p. 279-361.
MARQUIS, J.-P. From a Geometrical Point of View - A Study of the History and Philosophy of
Category Theory. Dordrecht: Springer, 2009.
8
A ESTRATIFICAÇÃO DO CONCEITO DE MUNDO NA
CIÊNCIA DA LÓGICA DE HEGEL
Antônio Carlos da Rocha Costa 1
RESUMO
1. INTRODUÇÃO 2
1
Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PUCRS. Email: ac.rocha.costa@gmail.com
2
Publicado originalmente em: Fortes, Felipe; Costa, C.; Silva, F. S.; Serpa, V.. (Org.). XX Semana Acadêmica
do PPG em Filosofia da PUCRS, Vol. 2. 1ed.Porto Alegre: Editora Fundação Fênix, 2020, v. 2, p. 345-361.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 301
• vida-universal/vida-singularizada/indivíduo;
• vida-universal/indivíduo/sujeito;
• vida-universal/sujeito/gênero;
• vida-universal/gênero/espírito.
3
Em alguns momentos, suplementamos a leitura dos textos indicados com a leitura da Enciclopédia das
Ciências Filosóficas (Hegel, 2012).
4
Este artigo revisa e resume o artigo Derivação do Silogismo Sujeito-Gênero Espírito que está Implícito na
Noção de Vida da Ciência da Lógica de Hegel, apresentado em 2020/1 como trabalho final na disciplina
Filosofia de Interdiciplinaridade VI, do PPGFil/PUCRS, sob orientação do Prof. Agemir Bavaresco.
302 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
2. A PERSPECTIVA CATEGORIAL
3.1 CONCEITOS
5
Ver (Costa, 2020b), para a equivalência entre as expressões determina e está presente em.
304 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
3.2 IDEIAS
• ideia teórica: 𝐼𝐼𝑇𝑇 = [𝐶𝐶 ↣ 𝑂𝑂], onde o símbolo "↣" denota a relação de
adequação teórica de 𝐶𝐶 a 𝑂𝑂;
• ideia prática: 𝐼𝐼𝑃𝑃 = [𝐶𝐶 ↢ 𝑂𝑂], onde o símbolo "↢" denota a relação de
adequação prática de 𝑂𝑂 a 𝐶𝐶;
• ideia absoluta: 𝐼𝐼𝐴𝐴 = [𝐶𝐶 ↢↣ 𝑂𝑂], onde o símbolo "↢↣" denota a relação de
dupla adequação, teórica e prática, entre o conceito 𝐶𝐶 e a objetividade O.
6
É importante a distinção entre um conceito se relacionar a um objeto e a uma objetividade: um conceito
referente a um objeto refere-se não apenas a esse objeto enquanto tal, mas também às relações que ele
mantém com outros objetos: a objetividade é, exatamente, esse complexo composto pelo objeto referido
e pela sua rede de relações com outros objetos - ver (Hegel, 2012, p.117).
7
Na formulação de Hegel, uma ideia absoluta se constitui pela identidade das ideias teórica e prática
estabelecidas entre um conceito e uma objetividade (Hegel, 20l8, p.313).
8
O símbolo "⊳⊲" denota a relação geral de devir, ver (Costa, 2019).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 305
3.3 JUÍZOS
• os três conceitos: um conceito dito termo maior 𝐴𝐴, um conceito dito termo
médio 𝐵𝐵 e um conceito dito termo menor 𝐶𝐶; 10
• as três relações: uma relação dita premissa maior 𝐴𝐴 → 𝐵𝐵, uma relação dita
premissa menor 𝐵𝐵 → 𝐶𝐶 e uma relação dita conclusão 𝐴𝐴 → 𝐶𝐶.
9
Utilizamos a notação 𝐽𝐽 = 𝐴𝐴 → 𝐵𝐵 para os juízos, ao invés da notação tradicional 𝐽𝐽 = 𝐴𝐴(𝐵𝐵), para
compatibilidade com a representação gráfica dos silogismos, conforme indicada a seguir.
10
As notações 𝐴𝐴, 𝐵𝐵 e 𝐶𝐶 correspondem, respectivamente, às notações 𝑈𝑈, 𝑃𝑃 e 𝑆𝑆 adotadas por Hegel, ver
(Hegel, 2018, p. 135). Preferimos utilizar aquela notação (𝐴𝐴, 𝐵𝐵 e 𝐶𝐶) para indicar os conceitos que operam
como termos de um silogismo, ao invés de utilizarmos a notação hegeliana (𝑈𝑈, 𝑃𝑃 e 𝑆𝑆). A razão é a de
evitar a confusão entre a noção de termo de um silogismo e a noção de momento de um conceito (para a
qual utilizamos as notações 𝑈𝑈, 𝑃𝑃 e 𝑆𝑆).
306 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
11
Em consonância com a Nota de Rodapé 10, acima, a notação 𝐴𝐴/𝐵𝐵/𝐶𝐶 corresponde à notação 𝑈𝑈-𝑃𝑃-𝑆𝑆
utilizada por Hegel, ver (Hegel, 2018, p.135).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 307
12
É importante notar, porém, que na Pequena Lógica, da Enciclopédia, Hegel refere como que a origem
deste conceito de vida, portanto como que um sentido essencial do mesmo, o conceito mais geral de
vitalidade, retirado da Crítica da Faculdade de Julgar de Kant - ver (Hegel, 2012, p. 131).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 309
Hegel denomina vida lógica, constituindo assim a ideia teórica de vida, que
denotamos por:
VidaTeor = [VidaLógica ↢ VidaNatEspírit]
• a vida lógica, cujo movimento lógico é o da exteriorização, progredindo desde
o conceito simples de vida até a vida da natureza e da vida do espírito,
constituindo a ideia prática de vida, que denotamos por:
VidaPrát = [VidaLógica ↣ VidaNatEspírit]
5. O CONCEITO DE MUNDO
13
"O conceito de vida [vida lógica] ou a vida universal é a ideia imediata, o conceito ao qual sua
objetividade [vida natural e vida em relação ao espírito] é adequada [como ideia teórica]; mas ela lhe é
adequada somente na medida em que o conceito é a unidade negativa essa exterioridade, quer dizer,
põe-na como adequada a si [como ideia prática]." (Hegel, 2018, p. 249)
310 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
14
Na expressão de Hegel, a existência é "a imediatidade [resultante da unidade negativa] mediada pelo
[posta pelo] fundamento [a essência que se tornou fundamento] e pela condição idêntica a si [o ser que
Antônio Carlos da Rocha Costa • 311
6. OS QUATRO SILOGISMOS
• vida-universal/vida-singularizada/indivíduo;
• vida-universal/indivíduo/sujeito;
• vida-universal/sujeito/gênero;
• vida-universal/gênero/espírito;
18
Na Enciclopédia, as expressões que Hegel utiliza para essa noção de sujeito-objeto são as expressões
"a efetividade do ideal" e "a ideia concreta" (Hegel, 2012, p. 132).
"a objetividade que tem nela mesma [na vida] é compenetrada pura e simplesmente pelo conceito,
19
2018, p.248).
22
Hegel chama o processo individual objetivo de processo vital (Hegel, 2018, p. 245-254).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 315
• mundo do sujeito;
• mundo do gênero;
• mundo do espírito.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 319
Mundo-do-gênero = ⨆(Mundo-do-sujeito)
Mundo-do-espírito = ⨆(Mundo-do-gênero)
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
APLICAÇÕES
9
INTERSECCIONALIDADE E LUGAR DE FALA: UMA
ARTICULAÇÃO LÓGICO-OPERATÓRIA COM BASE NO
CONCEITO DE MUNDO ESTRATIFICADO SETORIAL
Antônio Carlos da Rocha Costa 1
RESUMO
1
Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PUCRS. Email: ac.rocha.costa@gmail.com
324 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
1. INTRODUÇÃO
2
A versão final deste artigo está publicada em: Veritas. Porto Alegre, n.1, p.1-23, jan-dez 2022.
3
Para acompanhar o que parece ser a tendência da literatura nacional – ver, por exemplo, Akotirene
(2019) ou Hollanda (2019) –, empregamos aqui a variante "interseccionalidade", não a variante mais
básica "intersecionalidade", assim como empregamos "interseccional" e, não, "intersecional"; mas damos
preferência à variante "interseção" e, não, à variante "intersecção", em consonância com a forma usual
"interseção". Por outro lado, utilizamos place of speech para expressar lugar de fala em Inglês, seguindo
o exemplo da entrevista de Djamila Ribeiro para o blog italiano Griot, entrevista em Inglês disponível
em: https://griotmag.com/en/aint-i-a-woman-djamila-ribeiro-on-social-justice-black-feminism-and-
the-place-of-speech. Acesso em: 14 nov. 2021.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 325
2.1 INTERSECCIONALIDADE
4
A noção de esquema de interseccionalidade parece ter relação direta com o que Jota Mombaça
denomina diagramas socialmente estabelecidos pelas lógicas do mundo como o conhecemos
(MOMBAÇA, 2017, p. 1, nota 6).
5
Note-se que as áreas do diagrama que aparecem como áreas vazias, sem nomes, não são
necessariamente vazias de população: elas indicam, possivelmente, seções da população que não foram
nomeadas no esquema de interseccionalidade que o diagrama representa.
328 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
6
Derivamos o termo "perifericidade" de "periférico" assim como se deriva "esfericidade" de "esférico".
7
Marcamos com traço mais espesso as seções ou interseções em relação às quais o diagrama indica
uma centralidade ou perifericidade relativa. Deixamos todos os traços de seção e interseção com a
Antônio Carlos da Rocha Costa • 329
mesma espessura quando aquela centralidade ou perifericidade é absoluta, isto é, quando é relativa a
todas as seções ou interseções do diagrama.
330 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
8
Uma visão abrangente da teoria do ponto de vista está em: https://en.wikipedia.org/wiki/
Standpoint_theory. Acesso em: 14 nov. 2021.
334 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
A noção de lugar de fala que vige amplamente hoje em dia pode ser
vista como uma generalização, ou flexibilização, dessa versão inicial
concebida por Marx e Engels. 9
O sistema de lugares de fala constituinte da noção contemporânea
de lugar de fala é caracterizado, basicamente, por:
9
Como observado em Ribeiro, (2019, p. 62), Patricia Collins tem opinião análoga: "Examinando
inicialmente apenas uma dimensão das relações de poder, a de classe social, Marx afirmou que, por mais
desarticulados e incipientes que fossem, os grupos oprimidos possuíam um ponto de vista particular
sobre a desigualdade. Nas versões mais contemporâneas, a desigualdade foi revista para refletir um grau
maior de complexidade, especialmente a da raça e do gênero. O que temos agora é uma sofisticação
crescente sobre como discutir a localização de grupos, não na estrutura singular de classe social
proposta por Marx, nem nas primeiras estruturas feministas, argumentando a primazia do gênero, mas
dentro de construções de multiplicidade que residem nas próprias estruturas sociais e não nas mulheres
individuais" (COLLINS, 1997, p. 377, tradução nossa).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 335
3.1 CONCEITO
10
Na perspectiva da atividade própria da universalidade 𝑈𝑈, tal como essa perspectiva é proposta por
Hegel, a determinidade resulta de uma autodeterminação de 𝑈𝑈 que se põe, com isso, como a
particularidade 𝑃𝑃, ambos se suprassumindo, então, na singularidade 𝑆𝑆.
336 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
a) uma ideia teórica, denotada por 𝐼𝐼𝑇𝑇 , é uma ideia em que 𝑅𝑅 determina a
adequação do conceito 𝐶𝐶 à objetividade 𝑂𝑂;
b) uma ideia prática, denotada por 𝐼𝐼𝑃𝑃 , é uma ideia em que 𝑅𝑅 determina a
adequação da objetividade 𝑂𝑂 ao conceito 𝐶𝐶;
c) uma ideia absoluta, denotada por 𝐼𝐼𝐴𝐴 , é uma ideia em que 𝑅𝑅 determina a
adequação simultaneamente teórica e prática entre o conceito 𝐶𝐶 e a
objetividade 𝑂𝑂.13
11
Ver Costa (2020b), para a equivalência entre as expressões determina e está presente em.
12
É importante a distinção entre um conceito se relacionar a um objeto e ele se relacionar a uma
objetividade: é que, em geral, um conceito referente a um objeto refere-se não apenas a esse objeto
enquanto tal, mas também às relações que ele mantém com outros objetos. A objetividade é,
exatamente, esse complexo composto pelo objeto referido e pela sua rede de relações com outros objetos
– ver HEGEL, 2018, p. 117.
13
Na expressão de Hegel, uma ideia absoluta é constituída pela identidade das ideias teórica e prática
estabelecidas entre seu conceito e sua objetividade (HEGEL, 20l8, p. 313).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 337
d) ideia teórica: 𝐼𝐼𝑇𝑇 = [𝐶𝐶 ↢ 𝑂𝑂], onde o símbolo "↢" denota a adequação teórica
de 𝐶𝐶 a 𝑂𝑂;
e) ideia prática: 𝐼𝐼𝑃𝑃 = [𝐶𝐶 ↣ 𝑂𝑂], onde o símbolo "↣" denota a adequação prática
de 𝑂𝑂 a 𝐶𝐶;
f) ideia absoluta: 𝐼𝐼𝐴𝐴 = [𝐶𝐶 ↢↣ 𝑂𝑂], onde o símbolo "↢↣" denota a relação de
dupla adequação, teórica e prática, entre 𝐶𝐶 e O.
14
O símbolo "⊳⊲" denota, aqui, a forma lógica da relação geral de devir, tal como analisada em Costa
(2019).
15
Sobre a importância da distinção entre o plano do pensamento e a objetividade exterior, ou plano
exterior ao pensamento, assim como o modo de relação entre eles através da operação de negação
exterior, ver (COSTA, 2021b).
338 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
3.3 SILOGISMO
a) os três conceitos: um termo maior 𝐴𝐴, um termo médio 𝐵𝐵 e um termo menor 𝐶𝐶; 16
b) as três relações: uma relação dita premissa maior 𝐴𝐴 → 𝐵𝐵, uma relação dita
premissa menor 𝐵𝐵 → 𝐶𝐶 e uma relação dita conclusão 𝐴𝐴 → 𝐶𝐶.
16
As notações 𝐴𝐴, 𝐵𝐵 e 𝐶𝐶 correspondem, respectivamente, às notações 𝑈𝑈, 𝑃𝑃 e 𝑆𝑆 adotadas por Hegel, ver
(HEGEL, 2018, p. 135). Preferimos utilizar essa notação (𝐴𝐴, 𝐵𝐵 e 𝐶𝐶) para indicar os conceitos que operam
como termos de um silogismo, visando evitar a confusão entre essa noção de termo de um silogismo e a
noção de momento de um conceito (para a qual utilizamos as notações 𝑈𝑈, 𝑃𝑃 e 𝑆𝑆).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 339
𝑆𝑆 = 𝐴𝐴/𝐵𝐵/𝐶𝐶
a) A seta 𝐴𝐴 ⟶ 𝐵𝐵 indica que o termo 𝐵𝐵 está determinado pelo termo 𝐴𝐴, o que
pode ser entendido de diversas maneiras, por exemplo:
i. que é preciso definir completamente o conceito 𝐴𝐴 primeiramente, para
depois se poder definir completamente o conceito 𝐵𝐵;
ii. que o conceito 𝐴𝐴 é parte integrante do conceito 𝐵𝐵 (na terminologia de
Hegel: que o conceito 𝐴𝐴 é momento do conceito 𝐵𝐵.
b) O mesmo ocorre com as setas 𝐵𝐵 ⟶ 𝐶𝐶 e 𝐴𝐴 ⟶ 𝐶𝐶.
c) Por outro lado, o silogismo estabelece que as setas 𝐴𝐴 ⟶ 𝐵𝐵 e 𝐵𝐵 ⟶ 𝐶𝐶 devem
ser validadas cada uma por si, como condição preliminar para a validação da
seta 𝐴𝐴 ⟶ 𝐶𝐶.
d) Porém, que a validação, da seta 𝐴𝐴 ⟶ 𝐶𝐶 não deve ser feita por ela mesma,
mas sim deve ser tomada como uma decorrência lógica da validação das
17
Em consonância com a nota de rodapé 11, a notação 𝐴𝐴/𝐵𝐵/𝐶𝐶 corresponde à notação 𝑈𝑈-𝑃𝑃-𝑆𝑆 utilizada
por Hegel, ver (HEGEL, 2018, p. 135).
340 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
outras duas, isto é, a ela decorre automaticamente das outras duas: sua
validação é uma conclusão lógica necessária da validação, das outras duas. 18
18
Em outros termos, que sua validação decorre da propriedade de transitividade da relação determina
(está presente em).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 341
a) Vida-Universal/Vida-Singularizada/Indivíduo;
b) Vida-Universal/Indivíduo/Sujeito;
c) Vida-Universal/Sujeito/Gênero;
d) Vida-Universal/Gênero/Espírito
19
Note-se que a noção de gênero empregada nesta seção, bem como no restante do artigo, é a noção
de gênero presente na Lógica de Hegel – isto é, gênero no sentido de um universo de sujeitos –, não
gênero no sentido identitário, relativo à questão da sexualidade, como esse termo costuma
frequentemente ser utilizado.
342 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
20
O conteúdo desta seção provém, em forma revisada, do artigo Costa (2020b) – ver também Costa
(2020a).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 343
21
Indicamos os comentários aos passos da derivação pelo sinal "#".
22
Na expressão de Hegel, a existência é "a unidade indiferenciada da essência com sua imediatidade"
(HEGEL, 2017, p. 133), as quais, ao nível dos conceitos terminais das esferas do Ser e da Essência
correspondem, respectivamente, ao Ser-para-si e ao Fundamento.
23
Utilizamos "⨆(𝐶𝐶)" para indicar o universo dos objetos que caem sob o conceito 𝐶𝐶.
344 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
a) vida-universal/vida-singularizada/indivíduo;
b) vida-universal/indivíduo/sujeito;
c) vida-universal/sujeito/gênero;
d) vida-universal/gênero/espírito.
24
Ou, na terminologia mais propriamente lógica de Hegel, mundo que aparece e mundo que é em si,
respectivamente.
25
Na expressão de Hegel: "A efetividade é a unidade da essência e da existência" (2017, p. 191).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 345
26
Para leituras desse capítulo, com mais preocupações interpretativas e menos preocupações formais,
ver, p.ex., (SILVA, 2018) e (Ng, 2020).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 347
VidaTeor =
[VidaLógica ↢ VidaNatEspírit]
27
É importante notar que na Lógica da Enciclopédia, Hegel refere como a origem deste conceito de vida,
portanto um sentido essencial do mesmo, o conceito mais geral de vitalidade, retirado da Crítica da
Faculdade de Julgar de Kant – ver HEGEL, 2012, p. 131).
348 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
VidaPrát =
[VidaLógica ↣ VidaNatEspírit ]
VidaUniv =
[VidaLógica ↢↣ VidaNatEspírit ]
28
"a vida é processo da vida [...], de se efetivar como potência e unidade negativa da objetividade"
(HEGEL, 2018, p. 248).
29
Hegel chama o processo individual objetivo de processo vital (HEGEL, 2018, p. 245-254).
350 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
30
Ver Costa, 2021a para uma análise da estrutura lógica da noção de genealogia, tal como essa noção foi
proposta e aplicada à história do pensamento por Foucault, pondo-a como uma quantidade, no sentido
lógico-hegeliano do termo (HEGEL 2016, p. 197-213).
354 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
a) mundo do sujeito;
b) mundo do gênero;
c) mundo do espírito.
Mundo-do-sujeito
⎡ ⎤
⎢ 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 ⎥
⎢ ⎥
MundoEstrat = ⎢ Mundo-do-gênero ⎥
⎢ ⎥
𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠
⎢ ⎥
⎣ Mundo-do-espírito ⎦
Onde:
31
Sobre o conceito lógico de genealogia, ver nota 30.
356 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
são disjuntas entre si, mas cuja união compõe a totalidade do mundo a
que pertencem, partes que denominamos setores, com o mundo
resultante sendo denominado mundo setorial. 32
32
Sobre a noção conjunto-teorética de partição, ver: https://en.wikipedia.org/wiki/Partition_of_a_set.
Acesso em: 14 nov. 2021.
33
"⨆" denota a união de setores, "⨅" denota a interseção de setores, "⊥" denota o setor vazio.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 357
Onde:
de modo que:
a) quando o particionamento da ideia [𝐶𝐶 − 𝑂𝑂] é tal que a uma dada objetividade
setorial 𝑂𝑂𝑗𝑗 não é atribuído nenhum conceito setorial, dizemos que 𝑂𝑂𝑗𝑗 é
obscura para o particionamento em questão, o que denotamos por �⊥ −𝑂𝑂𝑗𝑗 �;
358 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
Uma mesma ideia [𝐶𝐶 − 𝑂𝑂] pode ser particionada por diferentes
operadores de particionamento, produzindo diferentes partições daquela
ideia.
Dizemos que dois ou mais operadores de particionamento da ideia
[𝐶𝐶 − 𝑂𝑂] são homogêneos se e somente se:
{[�𝐶𝐶𝑖𝑖′′ , . . . , 𝐶𝐶𝑖𝑖′...′ ′
′...′ � − 𝑂𝑂𝑗𝑗 ] | 𝑖𝑖 , . . . , 𝑖𝑖
′...′
, 𝑗𝑗 adequados }
onde:
• ��𝐶𝐶𝑗𝑗′′ , . . . , 𝐶𝐶𝑗𝑗′...′
′...′ � − 𝑂𝑂𝑖𝑖 � é a ideia setorial superposta constituída sobre a
[⊥ − 𝑂𝑂𝑖𝑖 ];
b) ideia setorial vazia, quando 𝑂𝑂𝑖𝑖 =⊥, tendo então a forma:
��𝐶𝐶𝑗𝑗′′ , . . . , 𝐶𝐶𝑗𝑗′...′
′...′ � − ⊥�.
𝐶𝐶 = {Mulheres,Negros,Brancos,Homens}
𝑂𝑂 = {GrupoPessoas',GrupoPessoas'',GrupoPessoas''',GrupoPessoas'''',GrupoPessoas''''' }
Sendo que:
tal que:
espir(Gen) = [Gen]
espirset(Gen𝑖𝑖,𝑗𝑗 ) = [Gen𝑖𝑖,𝑗𝑗 ]
Antônio Carlos da Rocha Costa • 363
Mundo-do-sujeito Setorial
suprsuj
Mundo-do-gênero Setorial
suprgen
Mundo-do-espírito Setorial
a) uma figura 𝐹𝐹 de uma ideia 𝐼𝐼 = [𝐶𝐶 − 𝑂𝑂] é uma forma 𝐹𝐹 realizada no plano da
objetividade externa, mas de um modo tal que a objetividade 𝑂𝑂 da ideia 𝐼𝐼 esteja
compreendida em 𝐹𝐹.
Na Figura 15:
a) as setas da forma " ⟼suprsuj " e " ⟼suprgerj " denotam, como antes, as
relações que setorializam as ideias de sujeito, gênero e espírito, captando
operatoriamente a noção de interseccionalidade;
b) as setas da forma "↠" denotam a relação de realização de ideias, indicando,
para cada ideia setorial (sujeito setorial, gênero setorial, espírito setorial) qual
é a figura da realidade social (sujeito de lugar de fala, lugar de fala, discurso de
lugar de fala) que realiza o mundo setorial daquela ideia setorial;
c) de modo que cada linha na Figura 15 tem a forma geral: 𝐼𝐼 ↠ 𝐹𝐹(𝑀𝑀), onde:
𝐼𝐼 é uma ideia (sujeito, gênero, espírito), 𝑀𝑀 é o mundo dessa ideia, e 𝐹𝐹 é a figura
que realiza esse mundo;
d) cada linha 𝐼𝐼 ↠ 𝐹𝐹(𝑀𝑀) pode ser lida, então, como: 𝐹𝐹 é a figura que realiza o
mundo 𝑀𝑀 da ideia 𝐼𝐼.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
HARDING, S. Whose science? Whose knowledge? Thinking from women’s lives. Ithaca:
Cornell University Press, 1991.
MARCONDES, M. M.; PINHEIRO, L.; QUEIROZ, C.; QUERINO, A. C.; VALVERDE, D. (org.).
Dossiê Mulheres Negras – Retrato das Condições de Vida da Mulheres Negras no
Brasil. Brasília: IPEA, 2013.
MOMBAÇA, J. Notas estratégicas quanto aos usos políticos do conceito de lugar de fala. In:
Buala. Lisboa, 19 jul. 2017. Disponível em: https://www.buala.org/pt/corpo/notas-
estrategicas-quanto-aos-usos-politicos-do-conceito-de-lugar-de-fala. Acesso em:
14 nov. 2021.
PINHEIRO, L. S.; LIMA Jr., A. T.; FONTOURA, N. O.; SILVA, R (org.). Mulheres no Trabalho:
Breve Análise do Período 2004-2014. Brasília: IPEA, 2016. (Nota Técnica, n. 24).
AGRADECIMENTOS
RESUMO
1
Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PUCRS. Email: ac.rocha.costa@gmail.com
372 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
INTRODUÇÃO
2
Publicado originalmente em: Brandon, J. R. et al.. (Org.). XXI Semana Acadêmica do PPG em Filosofia
da PUCRS. 1ed.Porto Alegre: Editora Fundação Fenix, 2021, v. 3, p. 79-95.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 373
3
Ver também (Costa 2021).
374 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
Na Figura 1:
4
Ver, p.ex., (Stoll 1979, Cap.2). Ver também https://en.wikipedia.org/wiki/Well-order.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 377
5
Ver, p.ex., https://en.wikipedia.org/wiki/Space_(mathematics).
6
A assim chamada aritmetização da análise matemática, que significou um giro conceitual nas pesquisas
sobre os fundamentos da Matemática, o qual a aproximou do modo de pensar inaugurado nas ciências
a partir dos finais do século XIX, tomou justamente o caminho oposto: considerou a estrutura discreta
do conjunto dos números inteiros como estrutura inicial e dela derivou a estrutura contínua dos números
reais. Ver, p.ex., https://encyclopediaofmath.org/wiki/Arithmetization_of_analysis.
378 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
PE1: Os limites do conhecimento têm um papel inevitável em seu âmago. (p. 13)
• Esse primeiro conceito parece ser o mais fundamental pois, segundo
Williams, "é o denominador comum que permeia o pós-estruturalismo".
• Os limites são aspectos "irregulares" das estruturas estudadas. Eles têm
"papéis perturbadores e produtivos". "O âmago não é mais confiável,
significativo e mais bem conhecido que seus limites ou fronteiras externas."
(p. 14)
• Além disso: "O pós-estruturalismo projeta o limite sobre o interior do
conhecimento" e "o limite não é comparado com o centro, nem equiparado a
ele". Ao contrário, numa formulação identificadora: "o limite é o cerne"
(p. 14-15)
PE2: O limite não é definido por oposição ao interior; é algo positivo por si mesmo.
(p.15)
• Williams aponta a radicalidade deste conceito, pois "põe em questão o
papel das formas tradicionais de conhecer no estabelecimento de
definições".
• Em outros termos, para o ponto de vista pós-estruturalista, o limite se
põe como "diferença pura" e "algo que desafia a identificação" que o
tornasse "algo cognoscível", "um outro interior".
380 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
• "o limite [enquanto diferença] é uma coisa inapreensível que só pode ser
abordada por sua função de irrupção e mudança no âmago".
PE3: Você não pode identificar o limite, mas pode rastrear seus efeitos. (p. 15-17)
Já, desde uma perspectiva mais geral, pode-se dizer que o ponto de
vista estruturalista é considerado, no livro, como tendo as seguintes
características.
Por oposição ao conceito P1:
E1: "o projeto estruturalista pode ser sintetizado pelo conceito de que chega a um
conhecimento seguro ao restringir, envolver diferenças no interior de
estruturas." (p.14)
• O ponto de vista estruturalista considera essas diferenças como
operando sobre o conhecimento, negligenciando, com isso, "os papéis
perturbadores e produtivos de limites irregulares". (p. 14)
• Para o ponto de vista estruturalista, "o conhecimento deve começar pela
norma e só então considerar exceções", com a norma "implicando um
[caráter de] desvio na definição da exceção". (p. 14)
7
Nos termos da lógica hegeliana, a estrutura esquemática da Figura 3 pode ser compreendida como
uma quantidade cujos momentos, tanto contínuo como discreto, são, eles mesmos, compostos de
quantidades. Em particular, o momento contínuo é constituído por uma estrutura qualitativamente
infinita, ela mesma composta de estruturas qualitativamente infinitas, ao modo dos números ordinais
transfinitos de Cantor (1955). Mas esta compreensão não pode ser detalhada, nem justificada de modo
apropriado, nos limites do presente artigo.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 389
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
1
Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PUCRS. Email: ac.rocha.costa@gmail.com
392 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
2. QUESTÕES PRELIMINARES
• nenhum ponto-fixo;
• exatamente um ponto-fixo;
• mais de um ponto-fixo.
2
Ver, p.ex., https://en.wikipedia.org/wiki/Fixed_point_(mathematics).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 393
O dever ser contém, por si a barreira e a barreira, o dever ser. Sua relação um
para com o outro é o próprio finito que contém ambos no seu ser dentro de si.
Estes momentos de sua determinação estão contrapostos qualitativamente [...].
O finito é, assim, a contradição dentro de si; ele se suprassume e perece. (p.141)
nisso? [...] o limite surge; o infinito desapareceu, seu outro, o finito, entrou
[novamente]. Está presente, com isso, a recaída na determinação anterior [a
determinação do Finito Infinitizado], suprassumida em vão. (p.146)
Porém, esse novo limite [o novo Finito Infinitizado que surgiu] é, ele mesmo,
apenas um tal que é preciso suprassumir ou ir além dele. Com isso, surgiu de
novo o vazio, o nada [o Infinito Finitizado], no qual igualmente aquela
determinidade, um novo limite, é encontrada - e, assim por diante, para o
infinito. (p.146-147)
Mas com isso ela estaria posta, de fato, como unidade do finito e do infinito.
Mas não se reflete sobre essa unidade; é apenas nela [nessa unidade] que evoca
o infinito no finito e o finito no infinito, ela é, por assim dizer, o móbil do
progresso infinito. Ele [o progresso infinito] é o exterior daquela unidade, no
qual a representação permanece naquela repetição perene de um único e mesmo
alternar. (p.147-148)
no determinar recíproco, que vai e que vem, do finito e do infinito, a verdade dos
mesmos [o conceito que os unifica] já está presente em si e é preciso apenas
acolher o que está presente. (p. 148)
Isso dá, pois, a unidade [...] do finito e do infinito, a unidade mesma que é o
infinito [o Infinito Afirmativo], o qual dentro de si compreende a si mesmo
[como Infinito Finitizado] e a finitude, - logo, o infinito em um outro sentido
Antônio Carlos da Rocha Costa • 403
do que aquele segundo o qual o finito está separado dele e está posto do outro
lado. (p.149)
agora, como infinito [Infinito Afirmativo], ele tem por suas determinações o
finito e o infinito [Infinito Finitizado], eles mesmos como tais que devém (p.154)
No que segue:
InfVerd InfVerd
InfVerd
3
Apesar de ainda não completamente consolidado, esse esclarecimento é claramente mais
amadurecido do que aquele que Hegel apresenta na Lógica da Enciclopédia, mesmo na edição de 1830
- ver §93-95 (Hegel, 2012, p.189-193).
Antônio Carlos da Rocha Costa • 409
While none of the major participants in the modern attempt to move from a
closed mathematical universe into a surprisingly and complexly infinite one was
ever burned at the stake, George Cantor, in a less dramatic way, faced inquisition
410 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
• há mais de um infinito;
• há uma quantidade infinita de infinitos.
0,1,2, ⋯ , 𝑥𝑥, 𝑥𝑥 + 1, ⋯
0,1,2, ⋯ , 𝑥𝑥, 𝑥𝑥 + 1, ⋯ , 𝜔𝜔
0,1,2, ⋯ , 𝜔𝜔, 𝜔𝜔 + 1, 𝜔𝜔 + 2, ⋯
4
Sobre a noção de coindução ver (Jacobs & Rutten, 1997).
412 • Para uma leitura operatória da lógica de Hegel: Experimentos Adicionais
𝜔𝜔 𝜔𝜔
𝜔𝜔
0,1,2, ⋯ , 𝜔𝜔, ⋯ ,2𝜔𝜔, ⋯ , 𝜔𝜔2 , ⋯ , 𝜔𝜔𝜔𝜔 , ⋯ , 𝜔𝜔𝜔𝜔 , ⋯ , 𝜔𝜔𝜔𝜔 , ⋯
𝜔𝜔
0,1,2, ⋯ , 𝜔𝜔, ⋯ ,2𝜔𝜔, ⋯ , 𝜔𝜔2 , ⋯ , 𝜔𝜔𝜔𝜔 , ⋯ , 𝜔𝜔𝜔𝜔 𝜔𝜔 , ⋯ , 𝜔𝜔𝜔𝜔 𝜔𝜔 , ⋯
InfAbs = PtoFix(PCIT) = Ω
5
Ver, p.ex., https://pt.wikipedia.org/wiki/Infinito_absoluto.
Antônio Carlos da Rocha Costa • 415
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
CANTOR, G. Contributions to the Founding of the Theory of Transfinite Numbers. New York:
Dover, 1955.
DAUBEN, J. W. Georg Cantor: His Mathematics and Philosophy of the Infinite. Princeton:
Princeton University Press, 1990).
www.editorafi.org
contato@editorafi.org