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Pedagogia de
Fronteira
Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Jorgelina Tallei
Valdiney da Costa Lobo
Viviana Gómez Valencia
Jaime Andres Mellado Díaz
Ully Lages Coelho
Pedagogia de
Fronteira
Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Pipa Comunicação
Recife, 2022
Prefácio
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Pedagogia de Fronteira
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
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Pedagogia de Fronteira
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Sobre pedagogias possíveis
Uma fronteira como uma entidade política, segundo Sohn
(2015), qualquer que seja sua materialidade, sempre marca
um limite entre dois territórios e entidades. Nesse sentido, o
autor ressalta que a fronteira é, sempre, uma separação entre
dentro e fora e uma interface entre sistemas ou categorias
socioespaciais adjacentes. De um lado, a fronteira engendra
uma produção e uma ocupação de espaço diferenciada, com
a qual se associam noções dicotômicas como as de dentro/
fora, inclusão/exclusão e nós/eles. Por outro lado, a fronteira é,
igualmente, um convite para o estranhamento, a transgressão
e a ultrapassagem. A fronteira transmite uma ambivalência
fundamental e uma fonte de ansiedade e quietude, medo e
desejo. O autor argumenta que, por conta de sua caracterís-
tica aberta e fechada, as fronteiras são partes de práticas de
diferenciação, proteção e controle, mas, também, de abertura,
hibridação e inventividade.
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Referências
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Sumário
17 Introdução
23 Metodologia da atividades
81 Sobre os autores
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Introdução
Este livro é o resultado de reflexões, diálogos e propostas
obtidas a partir dos encontros virtuais de formação do projeto
de extensão Pedagogia de Fronteira da Universidade
Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), com
a participação de professoras e professores das escolas de
educação infantil e fundamental da Rede Municipal de Foz
do Iguaçu, bem como de estudantes universitários, migrantes
e a comunidade da fronteira.
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Figura 2: Desenho dos bolsistas Ully Lages Coelho e Jaime Andrés Mellado Díaz
Fonte: https://www.instagram.com/pedagogiadefrontera/
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Metodologia da atividades
A metodologia de todas as atividades tem como base a
Investigação Ação Participativa (IAP) que fornece o trabalho
crítico e analítico nas ações formativas – em que o objeto de
estudo passa a se configurar como o sujeito que participa na
construção do conhecimento e na transformação social do
território –, e o aprendizado significativo. Por isso, pensamos
nas dimensões afetiva, cognitiva e expressiva para trabalhar
inicialmente o afeto, o acolhimento, em seguida os sentidos
e por último sentir a expressão para transformar o território:
ser sentipensantes, como nos disse Fals Borda (2009).
1. Na pedagogia conceitual como na IAP, essa última proposta pelo sociólogo Fals Borda, se tecem
conceitos da vida social para a efeita transformação do territorio. Isso significa que se levam em
consideração os agentes comunitarios que transformam o territorio em uma ação efetiva.
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Figura 4: O qué falam os muros de Foz do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto
Iguazú. Fonte: https://www.instagram.com/pedagogiadefrontera/
Tema 1
Bloco 1
É o momento de apresentar a perspectiva da peda-
gogia de fronteira nas aulas em espanhol e, depois
da reflexão, nas aulas em português.
Bloco 2
É o momento de construir uma reflexão conjunta a
partir dos conceitos de interculturalidade e a pers-
pectiva como sujeitos de fronteira, compreendendo a
importância de se valorizar as identidades, histórias,
narrativas e vivências dos sujeitos.
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Vídeo 3: Perspectiva
Intercultural
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Fase Textual
Objetivo: conhecer outras visões das cosmogonias ancestrais
latino-americanas que convidam a reconhecermos, a contrastar
as origens de padrões de comportamentos xenofóbicos e a
recompor a rede da vida em nossos territórios.
At
Bloco 1
É o momento de os estudantes assistirem ao vídeo
sobre a cosmogonia da rede da vida da feminista indí-
gena comunitária Lorena Cabnal. Serão entregues os
textos em espanhol e em português (em anexo) que
acompanham a tradução do vídeo.
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Pedagogia de Fronteira
Bloco 2
Identifique a outra forma de fazer referência à América
Latina, do ponto de vista dos povos ancestrais, relacio-
nando-a ao fato de não ter acontecido conquista ou
descobrimento.
Bloco 3
Explique o conceito de territorialidade presente no
texto, mencionando a sua importância para o feminismo
ancestral.
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Fase Propositiva
Objetivo: criar e compartilhar uma história (pode ser escrita,
gravada em áudio, desenhada etc.) que narre a experiência
do que significa para o estudante ser um sujeito de fronteira.
Bloco 1
Os alunos receberão papel e lápis para construir sua
própria história (pequenas histórias, narrativas biográ-
ficas) do que significa ser um sujeito de fronteira. Essa
pequena história pode ser representada com fotogra-
fias, através de um texto, narrada em áudio, desenhada
ou qualquer outra forma de expressão que permita
identificar para eles o que significa viver e estar nesse
território fronteiriço, valorizando suas experiências e
vivências.
Sugestões
🔸 Criar um podcast a partir dos áudios gravados,
atribuir um nome para ele e incentivar a gravação
de novos episósidios convidando a comunidade
educativa a participar contando os seus relatos.
Dessa forma, a escola terá um material digital
sobre a identidade fronteiriça na escola.
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Anexos
[ español ]
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
[ português ]
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Figura 5: O qué falam os muros de Foz do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto
Iguazú. Fonte: https://www.instagram.com/pedagogiadefrontera/
Tema 2
Bloco 1
Peça aos estudantes para observar se na escola há
estudantes de outras nacionalidades. Estimule-os a
investigar se existe algum acolhimento linguístico e
se há alguma valorização da língua materna falada
por eles no ambiente escolar.
Bloco 2
Investigue algumas palavras em outros idiomas na sua
escola/comunidade e apresente os registros em sala de
aula, mencionado a importância dessas palavras para
as interações sociais cotidianas, dentro e fora da escola.
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Pedagogia de Fronteira
Fase Textual
Objetivo: trabalhar a diversidade presente na sala e o ensino
do espanhol, através da literatura.
Bloco 1
A partir do livro A lingua de todos e a lingua de cada
um, de Jorgelina Tallei, Renata Alves e Laura Zanon,
promover um debate sobre a diversidade presente na
sala. A partir da obersavação das ilustrações, pergunte
aos estudantes quais são as cores dos personagens
e como são suas características físicas. Promova uma
maratona de desenhos da personagem Nina da fron-
teira, a partir da observação das características físicas da
personagem e da história do livro. Peça que os estudantes
imaginem quais línguas a Nina fala e assim trabalhar a
diversidade linguistica da fronteira.
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Bloco 2
Peça aos alunos para reflitir sobre a razão de a perso-
nagem Nina não ter sido acolhida quando chegou
na escola. Seria uma questão apenas linguística ou
também racial?
Bloco 3
Pergunte aos estudantes em que momento do livro a
personagem Nina passa a ser acolhida na escola?
Bloco 4
Explique para os estudantes a importância afetiva e
social do acolhimento da Nina.
Fase Propositiva
Objetivo: construir um "dicionário" de gírias e expressões
próprias da sua língua, território e/ou entorno.
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Pedagogia de Fronteira
Bloco 1
Peça aos estudantes para localizar, na história de A
língua de todos [...], no mínimo três frases ou palavras
com gírias ou expressões que sejam usadas na língua
deles. Em seguida peça para que listem e escrevam
suas respectivas definições.
Bloco 2
Peça aos estudantes para explicar em que contextos
é comum usar essas expressões ou gírias.
Bloco 3
Agora peça aos estudantes para reunir as frases ou
palavras em ordem alfabética com suas respectivas
definições tanto em português como espanhol de forma
que seja construído um dicionário de gírias.
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Fechamento
Peça para os estudantes preencherem a ficha.
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Tema 3
Bloco 1
Promova uma roda de discussão e peça aos estudantes
para reflitir sobre as seguintes perguntas:
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Fase Textual
Objetivo: fotografar, analisar e interpretar os diferentes grafites
que estão presentes na territorialidade fronteiriça.
Bloco 1
Promova uma saída fotográfica para que os estudantes
possam registrar grafites e desenhos presentes nos
muros da cidade. Estimule a análise e a observação
dos grafites registrados, peça para que os estudantes
reflitam sobre eles e, em seguida, respondam às
seguintes perguntas:
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Bloco 2
Entregue aos estudante fragmentos de músicas (rap).
Nos anexos ao final deste capítulo você terá acesso a
um letra de música. O objetivo nessa parte da atividade
é estimular a prática da pesquisa para conhecer pala-
vras, expressões ou gírias presentes nas letras, buscando
os seus significados e contextos de uso.
Bloco 3
Em uma roda de conversa com os estudantes, estimule
a reflexão sobre as problemáticas mencionadas nas
músicas e peça para que respondam de que forma
elas podem estar relacionadas com as experiências
locais.
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Pedagogia de Fronteira
Bloco 4
É importante compartilhar as experiências. Para isso
promova uma rodada de respostas, ressaltando e
refletindo sobre aqueles grafites que representam a
interculturalidade, o multilinguismo e as histórias
locais de reexistência, projetando as imagens numa
tela geral.
Fase Propositiva
Objetivo: criação em conjunto de grafite e rap que considere
o multilinguismo, a interculturalidade e a reexistência.
Bloco 1
A ideia é potencializar a criatividade e a expressivi-
dade dos estudantes, convidando-os a criar um rap
e/ou um grafite que possam expressar o sentir frente
ao seu contexto, a suas experiências como sujeitos de
fronteira e como estudantes.
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Fechamento
Peça para os estudantes preencherem a ficha.
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Anexos
Musica
Fronteras (2012)
Autores: Ali AKA Mind, El Alfarero, Ern Dawgy.
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Tema 4
Desafios interculturais na
sociedade contemporânea
Bloco 1
Peça aos estudantes para formar duplas. Os pares terão
20 minutos para dialogar sobre diferentes aspectos
culturais que os caracterizam. Para facilitar o diálogo,
apresente os seguintes itens:
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Pedagogia de Fronteira
Bloco 2
Nesse momento peça que cada um dos estudantes faça
um desenho que represente a sua dupla, destacando
os aspectos culturais que mais chamaram a atenção.
Bloco 3
Promova uma rodada de apresentação para que as
duplas mostrem seus desenhos, expondo os aspectos
em que são parecidos e os aspectos que os fazem dife-
rentes um do outro. Ao final, peça que respondam: como
lidar com suas diferenças?
Bloco 4
Como se pode combater a xenofobia e o racismo que
muitos imigrantes sofrem no Brasil?
Bloco 5
Qual a importância de valorizar as identidades e as
culturas afro-latinoamericana e indígena na sociedade
intercultural?
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Fase Textual
Objetivo: reconhecer a importância da perspectiva intercultural
para conviver e reexistir.
Bloco 1
Prepare uma sessão de vídeos e projete os seguintes
títulos:
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Pedagogia de Fronteira
Vídeo 6: Desafios
interculturales en la
sociedad globalizada
Vídeo 7: Perspectiva
Intercultural
Bloco 2
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Fase Propositiva
Objetivo: desenvolver o intercâmbio/festival intercultural da
escola.
Bloco 1
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Bloco 2
Bloco 3
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Fechamento
Peça para os estudantes preencherem a ficha.
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Tema 5
Território e meio
ambiente
Bloco 1
Promova um passeio pelos espaços da escola, com
o propósito de conectar os estudantes aos elementos
que fazem parte do ecossistema presente no território
fronteiriço. Caso a escola não tenha campus, sugerimos
fazer o passeio na praça mais próxima à escola.
Bloco 2
Durante a caminhada esimule uma observação na
qual seja possível prestar maior atenção aos animais
(pássaros, formigas etc.) presentes na área. Peça aos
estudantes para fazer um registro dos animais achados:
um desenho e/ou o nome de cada espécie.
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Pedagogia de Fronteira
Bloco 3
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Fase Textual
Objetivo: observar o uso de plástico no cotidiano e identificar
a possibilidade de reaproveitamento de acordo com a cultura
do seu território.
Bloco 1
Produção textual e coleta de material
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Pedagogia de Fronteira
Vídeo 9: Leyenda de
Waleker Tejido Colombiano
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Um olhar para as aulas de espanhol como língua adicional
Bloco 2
Plástico no meu dia a dia
Bloco 3
Corte das sacolas
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Pedagogia de Fronteira
Fase Propositiva
Objetivo: ressignificar o tecido como uma linguagem ances-
tral e metafórica que convida a refazer ou melhor “retecer” a
rede da vida nos territórios, ou seja, nos harmonizar com tudo
o que nos rodeia e nos permite existir mediante a criação de
um tecido grafite em comunidade.
Bloco 1
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Bloco 2
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Figura 8: Mandala.
Fonte: Freepik
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Bloco 3
Assinatura de compromisso com o meio ambiente e
construção de tecido grafite em espaço público
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Fechamento
Peça para os estudantes preencherem a ficha.
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Figura 12: La Guardiana de las Semillas.
Fonte: https://www.instagram.com/pedagogiadefrontera/
Referências
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Sobre os autores
Jorgelina Tallei
É fronteriza. Professora de espanhol como língua adicional na
Universidade Federal da Integração Latinoamericana (UNILA).
É coordenadora do projeto Pedagogia de Fronteira na UNILA,
desde 2016. Pesquisadora do portunhol fronterizo.
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Pipa Comunicação Editorial
Acreditamos que produção e difusão de conhecimento podem
mudar o mundo, por isso criamos um selo editorial. Criar expe-
riências de leitura agradáveis e acessíveis para todos é a nossa
missão. Para isso investimos em design e múltiplos formatos de
leitura. Confiamos no poder da autoria e que todos somos autores
em potencial. Dessa forma estimulamos a publicação do primeiro
livro para dar voz e impulsionar o voo de novos autores.
Catalogação na publicação
Elaborada por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
P371
Outros autores
Jaime Andres Mellado Díaz
Ully Lages Coelho
Livro em PDF
84 p., il.
ISBN 978-65-87033-48-8
CDD 370
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Autores: Jorgelina Tallei, Valdiney da Costa Lobo e
Viviana Gómez Valencia
Edição: Karla Vidal e Augusto Noronha
Capa, ilustrações e projeto gráfico: Karla Vidal
Diagramação: Augusto Noronha e Karla Vidal
Revisão: Augusto Noronha
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Este livro nos incita a provocar transformações e a (re)construir
realidades que espelhem formas mais plurais e equânimes
de existência, ao mesmo tempo que nos inspira a vivenciar a
fronteira como espaço de luta, vida, de equidade e desenvol-
vimento para a promoção do Bem Viver (ACOSTA, 2016) que é
uma oportunidade para a construção de uma outra sociedade,
a partir de uma convivência cidadã com vistas a promoção
de justiça social e cognitiva com a valorização das diversas
epistemologias e culturas existentes no país e no mundo.