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VIDA DE CRISTO
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Vida de Cristo II 2
V. 7 – O fato apresentado por Jesus não deve ser um obstáculo à fé, porque não
deve ser entendido carnalmente. Ele afirma que é vontade de Deus – “é preciso” que os
judeus (“importa-vos) nasçam do alto para poderem chegar à verdadeira fé em Deus.
v. 8 – “O vento...” – é um cumprimento do v. 6. O grego “pneuma” significa ao mesmo
tempo “vento” e “espírito”.
v. 9-21 – a incompreensão de Nicodemos diante da revelação divina, suscita de
Jesus a retribuição do título que Nicodemos lhe dera “Mestre” (v. 2). Exprime certa ironia,
pois Nicodemos é reconhecido como representante dos guias espirituais do povo escolhido.
A veracidade do testemunho baseia-se na sua sabedoria e no que viu. Ser humano
algum pode falar do que não ouviu ou não viu. A base do testemunho é a ciência do plano
salvífico de Deus, que age segundo o seu amor, a fim de que todos tenham adesão
completa na pessoa de Cristo, enquanto unigênito Filho de Deus.
chegaria a hora em que o culto não mais dependeria de formas exteriores tais como locais
ou rituais de adoração, mas o próprio Deus permearia o ser humano e o conduziria a si em
perfeita adoração.
v. 25 – O conhecimento do Messias para os samaritanos está relacionado a um
profeta que ensinará a lei de Deus e restabelecerá todas as coisas. Jesus se apresenta
como sendo este que vem de Deus para anunciar todas as coisas.
v. 27-30 – Com a chegada dos discípulos, a mulher deixa o cântaro e anuncia em
forma de questionamento acerca de Jesus. Os habitantes daquela cidade vão ao encontro
dele para verificar.
v. 31-38 – Os discípulos vieram suprir uma necessidade física de Jesus; em
contrapartida, Jesus declara que sua necessidade maior era fazer a vontade de Deus e
realizar a sua obra. Mostra-lhes os “campos brancos” nos samaritanos que se dirigiam a Ele.
Repercussão:
“Muitos creram por causa do testemunho da mulher” (v.39)
“Outros pediram a Jesus que permanecesse com eles” (v. 40)
“Muitos creram por causa de Sua Palavra e o reconheceram como o Salvador do
Mundo”.
sugere certo grau de consideração por parte dos escritores. De fato, Pedro emergiu como
líder mais influente da comunidade primitiva. Eusébio dá o ano 68 d. C. para a morte de
Pedro, e segundo relato do mesmo autor, o apóstolo morreu crucificado de cabeça para
baixo, nos jardins de Nero. Existe um número considerável de evidências extra-bíblicas que
aludem ao fato de Pedro Ter passado os últimos anos de sua vida em Roma e Ter sido
sepultado no local onde atualmente se encontra a “Basílica de São Pedro”.
Tiago, filho de Zebedeu: era o irmão de João e foi o primeiro a sofrer como mártir,
durante o governo de Herodes Agripa I. Morto ao fio da espada, no ano 44 d. C. Diz a
tradição que ele foi o primeiro missionário da Espanha. A tradição católica romana crê que
seus ossos estão sepultados na atual cidade de Santiago, ao Noroeste da Espanha.
João: era irmão de Tiago, e ao que parece, mais novo do que ele, pois seu sangue
sempre é citado após o do seu irmão. Uma tradição diz que era filho de Salomé, que por sua
vez era irmã da mãe de Jesus. Sendo assim, tanto Tiago como João eram primos de Jesus.
Ao que parece, a família de João era quem fornecia peixe ao sumo-sacerdote, razão pela
qual seria conhecido deste (conf. Jo 18.15). Foi o único que permaneceu ao pé da cruz por
ocasião da morte de Jesus. Quando ouviu dizer que Jesus havia ressuscitado foi o primeiro
a correr para o sepulcro, contudo, deixou que Pedro entrasse antes dele na câmara
mortuária. (Jo 20.1-4,8). A tradição diz que esse apóstolo cuidou da mãe de Jesus enquanto
pastoreava a Igreja de Éfeso e que Maria ali morreu. Tertuliano afirma que ele foi levado a
Roma e “lançado em óleo fervente, saiu ileso, e então foi exilado numa ilha” – a ilha de
Patmos. Acredita-se que ele viveu até idade avançada e seu corpo foi devolvido a Éfeso
para sepultamento.
André: seu nome significa “varonil”. A tradição afirma que ele era fisicamente forte,
homem devoto e fiel. Era irmão de Pedro, com o qual morava na mesma casa (Mc 1.29). Ele
viveu seus últimos dias na Cítia, ao norte do Mar Negro, foi crucificado numa cruz em forma
de X, a qual a tradição denominou de “cruz de Santo André”.
Filipe: Jesus encontrou com Filipe durante a 1ª fase do seu ministério. A vida desse
apóstolo fica na obscuridade pela pouca informação que se tem a seu respeito. Sabe-se de
Jo 1.26 do seu encontro com Jesus e posteriormente testifica dele a André. De Jo 6.7, a
pergunta que faz por ocasião da multiplicação dos pães. De Jo 12.20-22 sobre o contato
que teve com alguns gregos que desejavam ver Jesus; e, de Jo 14.8, quando ele pede para
Jesus mostrar o Pai. Algumas tradições dizem que ele pregou na França, no Sul da Rússia,
na Ásia Menor ou até na Índia. No ano de 194 d.C. o bispo Polícrates de Antioquia escreveu
que “Filipe, um dos doze apóstolos, dorme em Hierápolis”. Contudo, não se tem provas
concretas dessas alegações.
Bartolomeu: ou Natanael. Alguns estudiosos dizem que Bartolomeu era o
sobrenome de Natanael. Alguns eruditos acham que este discípulo era de origem nobre e
estava ligado aos Ptolemaicos, família governante do Egito. Esta teoria fundamenta-se em
afirmações de Jerônimo serviu como missionário na Índia, onde foi decapatado pelo rei
Astríages.
Mateus, ou Levi: era um publicano, isto é, oficial de menor categoria contratado
pelos cobradores de impostos oficializados pelo Império romano. Os publicanos recebiam
seus salários, cobrando uma fração a mais do que se empregador exigia. Mateus fazia sua
coleta de pedágio na Estrada entre Damasco e Aco; sua tenda situava-se fora de
Cafarnaum, o que lhe dava oportunidade de cobrar impostos dos pescadores. Normalmente
um publicano cobrava 5% do preço de compra sobre os artigos normais do comércio, e 12%
sobre os artigos de luxo. Como estava associado com o Império, era marginalizado pelos
outros judeus, que o considerava traidor do seu povo. Aos publicanos eram negados
direitos, tais como o de depor em tribunais. Também não se aceitava o troco na hora de
pagar os impostos, para não se contaminarem com o dinheiro vindo de um impuro. Segundo
John Fox, autor do Livro de Mártires, Mateus passou seus últimos dias pregando na Pártia e
na Etiópia.
Tomé: João diz que ele era chamado “gêmeo”. A vulgata latina aplica a palavra
Dídimo, como nome próprio. Ele é bem lembrado pela incredulidade (Jo 20.25), e pouco
lembrado pela sua coragem (Jo 11.16). Os pais da igreja respeitaram o exemplo de Tomé.
Vida de Cristo II 7
Agostinho afirmou: “Ele duvidou para que não tivéssemos dúvida”. A tradição afirma que ele
foi missionário na Índia sendo martirizado e sepultado em Myiapore, hoje subúrbio de
Madrasta. Seu nome é lembrado pelo próprio título da Igreja Martoma ou “Mestre Tomé”.
Tiago, filho de Alfeu: Alguns eruditos acreditam ser irmão de Mateus, cujo pai tem o
mesmo nome (Mc 2.14). Alguns comentaristas teorizam que esse discípulo trazia uma
estreita semelhança física com Jesus, o que poderia explicar o fato de Judas Ter de beijar o
Mestre por ocasião da traição. Diz uma lenda que Tiago pregou na Pérsia e foi crucificado.
Tadeu, ou Judas: Mateus e Marcos se referem a ele como Tadeu; Lucas o
menciona como Judas, filho de Tiago (Lc 6.16) e João, “como Judas, não o Iscariotes” (conf.
Jo 14.22). O historiador Eusébio afirmou que esse discípulo foi enviado por Jesus ao rei
Abgar da Mesopotâmia, a fim de orar por sua cura. Diz outra tradição que ele foi
assassinado a pauladas e pedradas por mágicos, na cidade de Suanir, na Pérsia.
Simão, o zelote: Mateus se refere a ele como “Simão, o cananeu”, enquanto que
Lucäs “Simão, o zelote. Cananeu é a transliteração da palavra aramaica “Kanna’áh” que
significa “zeloso” ou “zelote”. O que dá a entender que esse discípulo pertencia ao grupo
dos zelotes. A igreja Copta do Egito afirma que ele pregou nesse país, na África, Grã-
Bretanha e na Pérsia. Outras fontes concordam que ele tenha servido nas Ilhas Britânicas.
Nicéforo, de Constantinopla escreveu: “Simão que nasceu em Caná da Galiléia, era
chamado zelote, tendo recebido do alto, o Espírito Santo, viajou através do egito e da África,
depois pela Mauritânia e Líbia, pregando o Evangelho. E a mesma doutrina ele ensinava ao
Mar Ocidental e às ilhas chamadas Britânia”.
Judas Iscariotes: “Iscariotes” significa “homem de Queriote”. Queriote era cidade
próxima a Hebrom, na Judéia. Se Judas era de Queriote, foi o único dos discípulos
procedente da Judéia. Os habitantes da Judéia desprezavam os Galileus e os consideravam
como rudes colonizadores das fronteiras. Judas foi o traidor do Mestre e suicidou-se ao
perceber o que fizera com ele.
Leis Acádicas de Eshuna, as Leis Assírias, as Leis Hititas e algumas Leis Babilônicas,
levaram alguns estudiosos a compará-las com o Pentateuco. O resultado dessa
comparação foi a favor de uma Lei geral amplamente difundida, mas variada em detalhes.
Dentre as variações de detalhes está a formulação pela qual foi elaborada a Lei
israelita. Segundo J. Mackensie, “na parte final do Código da Aliança e na maioria dos
outros Códigos aparece uma formulação cuja forma clássica é encontrada no Decálogo: um
simples imperativo ou proibição expresso a Segunda pessoa do singular e no imperfeito. A
Segunda pessoa do plural é usada ocasionalmente. Essa formulação não encontra paralelo
nas outras coleções do Antigo Oriente Médio. Além disso, ela é empregada nas leis morais
e rituais cultuais e nunca em leis cerimoniais...o locutor é o próprio IAWEH. Estas leis
constratando os juízos exprimem a vontade revelada de Iaweh e os termos da Aliança”.
(MACKENZIE, 540).
As fontes da Lei Israelita eram o seu formulador e aqueles que a aplicavam. Por isso,
Iaweh é a Fonte, mas a tradição de quem aplicava a Lei também se revestia dessa
autoridade – o rei, o ancião e o sacerdote. “A autoridade da tradição se baseava na
concepção de Aliança... esse significado se apoia na crença israelita de que a obrigação de
observância da lei constituía o dever de que as promessas da aliança de Iaweh lhes
impuseram”. Dessa forma, a sociedade é considerada um organismo governado por Deus
mas a construção da história dessa sociedade é determinada pela postura do homem com
relação à Lei de Iaweh. Para os judeus, a Torah era um guia para a vida e autoridade
máxima. Por isso observar a Lei era desejar a perfeição; e, para tornar mais fácil alcançar o
objetivo, criou-se mais preceitos para impedir que se quebrasse a mesma – é o surgimento
da “lei oral”, à qual atribuíam o 2º lugar em autoridade.
CUMPRIR não significa somente levar uma predição, mas realizar a INTENÇÃO da
Lei e dos Profetas. É mais que uma concretização dos fatos previstos; é a realização de
uma esperança, de um destino, de um plano, de uma realidade.
Mc 1.15 – “O tempo está cumprido...”
Mt 1.22 – “...para que se cumprisse”.
Portanto, Jesus veio para levar à perfeição a revelação da vontade divina, expressa
imperfeitamente na lei, ao mesmo tempo que cumpriu os preanúncios dos Profetas, pois
estes falaram ao Seu respeito. O clímax desse cumprimento foi a cruz. Ele aceitou a Lei
tanto em princípio como compulsória permanente, interpretando Escritura com Escritura e
não segundo a Lei Oral. O que realmente importava era Deus e a postura do homem com
relação a ele; os rituais eram secundários.
A partir de mt 5.21-48, Jesus mostra através de seis ilustrações o que ele queria
dizer com CUMPRIR A LEI sobre o homicídio, o adultério, o divórcio, os juramentos, a
vingança, e o relacionamento com os inimigos.
Nessas ilustrações existem alguns fatores em comum:
- A Lei trata unicamente do ato pecaminoso e sua punição
- Os antigos repassaram o que receberam por intermédio de Moisés e dos
Profetas; a autoridade procede da concepção de aliança
- O coração do homem não possui o caráter ideal para levar a termo o
cumprimento da Lei.
coração continua com a velha natureza. Torna-se necessário uma natureza nova
para se obter um novo comportamento, que agrade a Deus identificando-o com
ele em caráter.
Talvez pareça estranho que o semeador tenha espalhado as sementes pelo caminho
– que em nossa cultura indicaria desperdício. Na verdade os aldeões da Galiléia assim
procederiam porque abriam “picadas” através dos campos devido a ausência de um sistema
de estradas. Esses aldeões não aravam a terra antes do plantio, mas depois. A razão era
bastante simples. Eles dificilmente poderiam prever onde haviam ficado as sementes
lançadas ao solo; a fina camada do solo também impedia que eles recebessem as rochas
abaixo da superfície, noutras porções do campo. Os pássaros mergulhavam afim de
apanhar as sementes que ficassem expostas sobre o terreno endurecido dos caminhos.
Após a lavragem a semente caída em solo de pouca profundidade germinava primeiro,
porquanto só lhe restava uma direção para desenvolver-se, ao mesmo tempo que o calor
absorvido pelas rochas fazia as plantas germinarem mais rapidamente; entretanto, a
ausência de profundidade ressecava os brotos e os fazia morrer. Em outras áreas, as
sementes de espinhos e abrolhos ressequidos no ano anterior eram revolvidas durante a
lavagem, juntamente com a boa semente. E as sementes daninhas germinavam e
sufocavam as tenras plantinhas do cereal. Finalmente, porém o bom solo produzia uma
colheita compensadora.
Também o reino é semelhante: Deus resolve introduzi-lo através de meras palavras (
a semente), ou seja, a pregação do Evangelho (figuradamente da semeadura). Agora,
depende do tipo de receptividade que os homens dão à Palavra. Os que bem a recebem
produzirão resultados surpreendentes: “a trinta, a sessenta e a cem por um”, palavras estas
que significam que tantas e tantas vezes mais sementes serão produzidas do que aquelas
que foram semeadas. A proporção trinta por um fazia a média; sessenta por um era colheira
excelente; cem por um, uma colheita extraordinária. Jesus ensina que no final, a Palavra do
Reino terá produzido resultados favoráveis, além de toda a expectativa.
Nessa parábola a semente germina e se desenvolve sem qualquer poder criativo por
parte daquele que a semeia. Jesus nega que o Reino seja obtido pelos esforços e
realizações humanos (como o legalismo farisaico; ou as tentativas dos zelotes para o
tornarem pela espada).
Introdução
Por ocasião da Festa dos Tabernáculos (Jo 7), os irmãos de Jesus sugeriram
sarcasticamente que um personagem público, como Ele era, deveria fazer propaganda no
local adequado para tal: Jerusalém. Mas Jesus mostrou que:
- Ele regulava seus movimentos pelo cronograma de Deus e não pelas
aclamações de popularidade
- Ele tinha por destino ser alvo do ódio do mundo; e não de receber aclamações
populares.
Por razões óbvias na fase anterior, a crescente perseguição dos judeus, Jesus vai à
festa em oculto. Não obstante há uma certa inquietação por parte dos judeus a seu respeito:
v. 11 – “onde está ele?”
Principais Ensinos
Em seu contato com os judeus, nessa Quarta fase de seu ministério, os ensinos
trazem um corpo de reivindicações, que provocam maior rejeição à Sua pessoa, ao ponto de
não poder permanecer mais entre eles.
Reivindicações de Jesus
2. A Fonte da Água Viva 7.37 – Durante a Festa dos Tabernáculos, todas as manhãs
o sacerdote ia com a multidão em procissão ao Tanque de Siloé, levando consigo um
Vida de Cristo II 13
cântaro de ouro. Tirava água do tanque e trazia ao templo onde derramava sobre um altar
de pedra, relembrando o milagre da água no deserto. Ao retornar para o templo com o
cântaro cheio, a multidão procedia com júbilos e louvor a Deus. Entretanto, no último dia, o
sacerdote não mais ia acompanhando da multidão, nem tão pouco voltava com a água,
simbolizando que a Festa estava terminada e que o júbilo perene somente aconteceria por
ocasião da chegada do Messias. Foi nesse contexto que Jesus exclamou ser a água que dá
condições de um fluir perene. Ele mostra que na Sua pessoa, o segundo grande milagre
realizado por Moisés é cumprido.
Repercussão:
Alguns creram nele como profeta – v. 40.
Outros como o Cristo – v. 41
Outros o tiveram como impostor – v. 41
Outros mandaram prendê-lo – v. 42
4. O Eu Sou – 8.58 – Jesus identifica-se com a Pessoa do Deus Jeová – o Deus dos
Hebreus.
Essa declaração implica em quatro verdades:
- Na divindade e eternidade de Cristo;
- Sua singularidade de filho e sua dignidade
- Prova sua missão messiânica
- Prova sua união perfeita com o Pai e implica na Doutrina da Trindade
v. 9 – Era costumeiro que o acusador mais idoso fosse o primeiro a atirar a pedra. À
medida que o mais idoso se retirava, os outros iam embora.
eles não interpretavam a Palavra “vós sois deuses” fora do contexto das funções
exercidas por aqueles que a recebiam (ancião/sacerdote/rei – autoridades para aplicar a lei).
Por que tomavam as palavras de Jesus fora do contexto de seus milagres e sinais?
Eles estavam dispostos a reconhecer e festejar um altar que fora dedicado a Deus
(Festa da Dedicação), mas não reconheciam uma vida santificada a Deus. Era mais fácil
reconhecer um objeto do que uma pessoa dedicada a Deus.
Eles deveriam fazer pelo menos o que o bom senso mandava: crer nas obras – não
se pode negar fatos que procedem de Deus.
Introdução
As Parábolas
desafia o hospedeiro a quebrar preconceitos sociais e convidar pessoas das quais não se
podia esperar benefício social algum.
Os aleijados, mancos e cegos eram excluídos de certos privilégios da comunidade
judaica, porque esta os considerava alvos da ira de Deus. Jesus recomenda que o
hospedeiro convide pessoas que o seu grupo social excluiu completamente desses
privilégios.
Lázaro: É desconhecido nos Sinópticos. Entretanto, suas irmãs (Marta e Maria) são
citadas (Lc 10.38; Mc 14.37). Os irmãos constituem uma família visivelmente dedicada a
Jesus. Parece existir também um vínculo de parentesco entre eles e Simão, o leproso. Conf.
Jo 12.
As irmãs pressupõem, pela mensagem enviada a Jesus, que este reconhecerá de
quem se trata, usando apenas uma referência: “aquele que tu amas”, sem citar o nome.
Alguns comentaristas suscitam a possibilidade de Lázaro ser o discípulo amado.
v.8 – Diferentemente de Jesus, que só visava cumprir a vontade do Pai, os discípulos
recuam diante do chamado para salvar a vida de alguém, com medo de arriscarem suas
próprias vidas.
v. 9 – A comparação com as doze horas do dia: assim como Deus controlava o
amanhecer e o entardecer, também controlava todos os momentos da vida de Jesus.
Mesmo no entardecer de sua vida, Jesus usava o tempo disponível para salvar alguém.
O Funeral : Envolviam o corpo em panos, após sua lavagem com água. Colocavam
o corpo no sepulcro em uma laje junto com uma grande quantidade de ervas e especiarias.
Após a decomposição, guardavam os ossos em caixas e colocavam as mesmas em
cavernas, ou túmulos abertos em rochas.
Era comum os judeus fazerem procissões para enterrar seus mortos. Para o
sepultamento três elementos básicos se destacavam:
Pranteadores: Os israelitas não tinham o menor constrangimento em expor suas
emoções. Reuniam amigos e até pagavam profissionais para chorar o morto (ou fazerem os
outros chorar). Era vergonha não mostrar qualquer sentimento de pesar em uma situação
como esta. Esses “profissionais do pranto” às vezes gritavam o nome de algum parente do
morto, para dar um toque especial ao lamento, e aumentar ainda mais a tristeza.
Cantores: Alguns salmos e outros hinos eram cantados na ocasião. Esses cânticos
tinham a finalidade de consolar os que sofriam.
Instrumentos musicais: Principalmente a flauta. Alguns rabis regulamentaram o
número de flautas que deveriam ser tocadas e como deveriam fazê-lo.
Outros costumes:
- Rasgar a roupa: Os fariseus fizeram 39 leis regulamentando a maneira certa de
uma pessoa enlutada rasgar a roupa.
- Jogar cinzas sobre a cabeça. Principalmente misturada à terra, representava um
profundo sentimento de humilhação diante de Deus e dos homens.
- Raspar a cabeça, jejuar e meditar em profundo silêncio.
Túmulos: os túmulos podiam ser cavernas naturais, ou abertos em rochas. Haviam
túmulos com espaço ara doze ou mais pessoas.
- É um ato messiânico (conf. Mt 21.4-5), designado mais como entrada real do que
triunfal. O evangelista Mateus omite a parte da profecia de Zacarias (9.9), que possui uma
conotação política.
BETFAGÉ – Não há exatidão quanto à sua localização, mas presume-se que dista
cerca de seis quilômetros, a Sudeste de Jerusalém. O significado de seu nome é “casa dos
figos novos”.
O JUMENTINHO – Só um animal que jamais houvesse sido usado como besta de
carga era considerado apropriado para objetivos sagrados (I Sm 6.7).
Indicações de aceitação da realeza de Jesus:
- Conf. I Rs 1.3 – os ministros de Davi colocaram Salomão sobre a mula de seu pai
e fizeram uma procissão real.
- II Rs 9.13 – Os israelitas pavimentaram o caminho de recém ungido Jeú, com
suas capas.
- O clamor da multidão: “Hosana!” significa “salva-nos, nós te rogamos!”; “Filho de
Davi” e “aquele que vem” são expressões messiânicas.
Lc 19.39-40 – A objeção dos fariseus deve-se ao fato que este entusiasmo era
politicamente errado e perigoso.
v. 40 – A resposta de Jesus dá a entender que Deus usaria as pedras antes de
recorrer aos fariseus.
Marta) vv. 2 e 3
“quebrou o vaso e derramou “uma mulher...derramou “ungiu os pés de Jesus e os
sobre a cabeça de Jesus” sobre a cabeça” v.7 enxugou com seus cabelos”
v.3b v.3
“alguns dos presentes se “os discípulos se Judas Iscariotes objetou v. 4
indignaram” v.4 indignaram” v.8
“perfume de nardo puro, de “precioso bálsamo...”v. 7 Material da unção: uma litra
muito preço” v. 3 de nardo puro (300g), um
perfume muito caro” v.3
O relato de João, no v. 1, “seis dias antes da Páscoa, Jesus chegou a Betânia”, trata-
se da chegada em Betânia e não da data (a mesma é referida por Mateus e Marcos, cuja
importância do relato é a reunião do Sinédrio, ocorrida paralela ao jantar e não o jantar em
si).
BÁLSAMO DE NARDO: um dos perfumes mais caros da época. Uma litra
correspondia a 300g e cada grama a um denário. O valor total do nardo derramado por
Maria, era, portanto, 300 denários. O valor de um ano de trabalho de um trabalhador
comum. Talvez, o alto valor do nardo deve-se ao fato de que o mesmo era fabricado a partir
de uma planta de flores rosadas cultivadas ao norte da Índia, ou talvez, no Himalaia.
O VASO DE ALABASTRO: O termo significa “sem alças”. Em seu uso helenístico e
romano, refere-se aos frascos de qualquer tipo de material, sem alças, contendo perfume.
Existem aqueles cujo material era a calcita, uma forma compacta e cristalina de carbonato
de cálcio, de cor branca ou entre o amarelado e o branco. Os frascos transparentes se
constituíam artigos de luxo (John Mackenzie).
A dúvida é se o quebrar o vaso era comum para que se fizesse o uso do perfume,
(como coloca John Mackenzie e outros), ou se, com este gesto ela indica que prepara o
corpo para a sepultura (conf. O Comentário Broadman, 458:5).
A ÉTICA JUDAICA EM BANQUETES OU JANTARES: Quando recebia convidados
em sua casa, era costume do anfitrião ungir a cabeça do convidado e lavar seus pés (tarefa
designada aos escravos e às mulheres). Em caso de unção, colocava-se na cabeça do
visitante um pequeno cone de um material à base de óleo, cheio de perfume. Em contato
com o calor do corpo, o cone se derrete lentamente e o perfume é exalado, além do líquido
pingar na roupa da pessoa. Contudo, apesar desta prática ser usual não foi o caso aqui
citado, do jantar em Betânia. Todavia todos os evangelhos concordam com o pensamento
de Jesus sobre este gesto de Maria (conf. Mt 26.10-13; Mc 14.6-9; 10; 12.7-8).
Ao final do jantar, Judas se revela como o traidor; procura os sacerdotes para
entregar Jesus e recebe por isto 30 moedas de pratas (Mt 26.14-16; Mc 14.10-11; Lc 22.3-
4).
filhos surpresos, ou simulando surpresa, perguntam: “Por que tudo isto?” “Em que esta noite
é diferente das outras?” Então, o pai explica o sentido dos diferentes ritos e as intercessões
de Deus em favor do povo.
Por ocasião da Páscoa, cerca de 180 mil peregrinos subiam a Jerusalém, na época
neo-testamentária. Como todos eles não podiam se alojar na cidade, as aldeias vizinhas
abrigavam as pessoas. A presença de autoridades políticas ou diplomáticas ocorriam com
freqüência, ocasião em que a polícia era reforçada. Esta polícia era a romana, presidida
pelo Procurador. Eram muitos comuns os ataques dos zelotes e a pessoa do Procurador era
responsável por manter a ordem.
Anás: (forma grega do nome ananiah). Sogro de Caifás, nomeado sumo sacerdote
pelo Procurador romano Quirino e deposto do cargo por Valério Grato, em 15 d.C. O título
dado a ele, na época da crucificação refere-se a sua posição anterior. Muitos historiadores o
consideram como o líder do partido dos saduceus, portanto o principal mentor da
conspiração contra Jesus.
Caifás: Foi nomeado sumo sacerdote por Valério Grato, em 18 A.D. e deposto por
Vitélio em 36 A.D. Exercia o controle “de facto” sobre o sumo sacerdote.
Herodes Antipas: Atuou como um espião para Tibério César, junto aos oficiais
romanos e reis satélites. Provavelmente, deve-se a esta atividade, a inimizade de Pilatos (Lc
23.12) e Vitélio, o legado da Síria. Sua primeira esposa foi a filha de um rei nebateu, Aretas.
Vida de Cristo II 25
Posteriormente, desprezou-a para ficar com Herodíades, mulher de seu irmão filipe ou
Boethus, da qual teve uma filha, Salomé.
Os julgamentos de Jesus
Apêndice
Esta pergunta posta em outra forma seria: Em que dia do mês foi Jesus crucificado?
Porque a crucificação ocorreu no mesmo dia judaico em que se comia a refeição pascoal,
como no-lo apresentam os quatro evangelistas. Quase todos concordam em que a
crucificação ocoreu na Sexta-feira, e que a refeição foi tomada na tarde anterior, nossa
Quinta-feira e começo da sesta-feira judaica, pois o dia judaico se contava de um ocaso do
sol ao outro. Mas em que dia do mês foi? A festa da páscoa começava no dia 15 de Nisa,
sendo o cordeiro sacrificado na tarde de 14. Contudo o dia as semana variava com a lua
nova. Se Jesus comeu a ceia regular da páscoa, foi crucificado no dia 15 de Nisan. Se
comeu uma ceia no dia anterior, e se foi crucificado na hora do sacrifício do cordeiro, então
o dia foi 14 de Nisan. Neste caso ele noa comeu, de fato, a páscoa. Temos, portnato, que
procurar a verdade a este respeito, porque declarações positivas se encontram aos
evangelhos.
1. Primeiro que tudo, algumas idéias sentimentais sobre a questão necessitam ser
removidas. Uma grande controvérsia surgiu nas igrejas primitivas sobre a questão da
páscoa. (a) Na Segunda metade do segundo século cristão algumas igrejas na Ásia Menor,
compostas principalmente de cristãos judaicos, continuavam a observar a páscoa, em vista
de Ter Jesus participado dela na noite anterior à sua crucificação. Policarpo, discípulo de
João, expressa a sua persuasão de que Jesus comeu a páscoa. (b) Algumas das igrejas,
porém, tiveram receio de seguir este exemplo e relacionar as antigas leis mosaicas com o
cristianismo. Daí o assumirem elas na controvérsia a posição de que Jesus mesmo não
comeu a páscoa, porém que na qualidade de Cordeiro Pascoal foi crucificado na hora
costumeira do sacrifício do cordeiro. Ele foi a nossa páscoa. As igrejas gregas da atualidade
sustentam esta opinião, enquanto que as igrejas latinas mantém que Jesus de fato comeu a
páscoa. Estes argumentos, contudo, são puramente subjetivos e em sentido algum
modificam a realidade do fato; e é por esta razão que pomos de parte esta antiga
controvérsia e passamos ao testemunho dos evangelhos.
2. O testemunho dos sinópticos, Mateus, Marcos e Lucas. A evidência que eles dão
em prova de que Jesus participou da refeição pascoal regular na tarde depois de 14 de
Nisan é abundante e explícita.
(a) Jesus predisse que a sua morte ocorreria durante a festa da páscoa. Veja-se Mt
26.2: “Sabeis que daqui a dois dias é a páscoa; e o Filho do homem será entregue para sr
crucificado”. Veja-se também Mc 14.5 e Lc 22.1, onde se faz referência ao fato. O termo
‘páscoa’ é usado no sentido geral da festa dos pães ázimos, como Lucas explica. A festa
dos pães ázimos seguia à ceia pascoal, começando na manhã seguinte e continuando por
uma semana. Um dos termos foi usado para abranger outro. A páscoa é estendida a ponto
de incluir a festa toda que seguia, e vice-versa.
(b) É verdade que as autoridades judaicas decidiram não matar Jesus durante a
festa (Mt 26.5; Mc 14.2). Esta decisão, porém, foi tomada, não por qualquer escrúpulo de
consciência, mas porque tinham receio dum tumulto entre o povo, devido às grandes
multidões presentes, dentre as quais muitos evidentemente eram favoráveis a Cristo. Mas
desde que Judas se lhes ofereceu para entregá-lo ocultamente, desvaneceram-se-lhes os
receios e trataram logo de por em execução os seus planos assassinos (Mt 26.14; Mc 14.1).
Na verdade os príncipes tomaram medidas para apressar a morte dos crucificados, a fim de
que os corpos não ficassem expostos no Sábado. Contudo, por diversas vezes tinham
procurado destruir Jesus no Sábado. Era permitido realizarem-se execuções públicas
durante as festas (Dt 17.12, etc.).
(c) Os sinópticos expressamente dizem (Mt 26.17,20; Mc 14.12,17; Lc 22.7,14) que
no primeiro dia dos pães ázimos Jesus enviou Pedro e João, de Betânia à cidade, a fim de
prepararem a páscoa, e que na noite do mesmo dia ele a comeu com seus discípulos. Lucas
diz “É chegada a hora”, o que implica a hora costumeira da páscoa. Sabemos que o primeiro
dia dos pães ázimos era 14 de Nisan. Acerca disto não há dificuldade alguma. Josefo fala
Vida de Cristo II 27
da festa como que continuando por oito dias. Sendo o cordeiro da ceia morto na tarde deste
dia, era esse dia considerado o começo da festa. Além disto Marcos e Lucas encerram a
questão, dizendo que nesse dia sacrificaram a páscoa e Jesus mesmo a chama de páscoa
(Lc 22.15). É escusado declarar que Jesus tenha comido a páscoa um dia antes do dia
costumeiro. Isto não podia ser feito, especialmente por alguém hostilizado pelas
autoridades. É igualmente escusado dizer-se que os judeus a tenham comido um dia
depois. Se houve um engano quanto à lua nova, não é provável que comessem a páscoa
em dois dias diferentes, nem é provável que Jesus questionasse sobre o assunto.
3. O testemunho de João. Se tivéssemos somente o testemunho dos sinóticos,
nunca se manifestaria divergência de opinião quanto a este assunto. Há quem insista em
que João está em conflito irreconciliável com os outros evangelistas, desde que ele
representa Jesus como comendo na noite após o dia 13 de Nisan (Quarta-feira), e não na
noite após o dia 14 (Quinta-feira). Essa idéia tem alcançado popularidade entre muitos
escritores ortodoxos e semi-ortodoxos, como sejam Ellicott, Westcott, Alford, Godet, Farrat,
Greswell, Meyer, Bleek, Weisa. Alguns destes mantém esta idéia, sem dúvida porque
entendem que a controvérsia pascoal na Ásia Menor nasceu por causa do suposto conflito
entre João e os outros evangelistas, e que isto mostra que o Evangelho de João já existia
quando surgiu esta controvérsia. Há, porém muitos homens competentes que contendem
pela perfeita harmonia entre João e os outros com referência a esta questão. Assim fazem
Wleseler, Robinson, Andrews, MsClellan, Tholuck, Clark, Broadus, Edersheim, etc.
Andrews, Robinson e McClellan apresentam argumentações elaboradas e convincentes a
respeito de todo este assunto. Não adianta argumentar que João no capítulo 13 se refira a
uma refeição diferente, em outra ocasião. Os pontos de contato com os sinóticos são por
demais distintos e claros, como, por exemplo, o do bocado entregue a Judas. Ao mesmo
tempo são apontados cinco passagens como sendo diretamente opostas às declarações
feitas nos sinóticos. Examinemo-las:
(a) João 13.1, etc.: “Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus, etc.”. Alega-se que
aqui temos uma declaração distinta de ser esta ceia antes da páscoa, e conseguintemente
24 horas antes; porém diversas coisas se tomam por provadas nesta alegação. Uma é que
a frase “festa da páscoa” tem de ser limitada a esta refeição e não ser estendida ao ponto
de abranger toda a festa dos pães ázimos (Lc 22.1). Freqüentes vezes, por metonímia de
linguagem, o nome de uma parte é dado ao todo. Além disto, não é certo que o v. 1 deva ser
ligado com o v. 2. Os melhores intérpretes concordam em que uma idéia completa pode ser
aí encontrada: ou uma expressão feral de Jesus Ter amado o que era seu antes da páscoa
e até o fim; ou que ele veio a perceber em si a consciência especial deste amor somente
pouco antes da páscoa. E se a interpretação mais natural for aceita e a aplicação deste
amor for feita no v. 2, não é necessário que o termo “antes” signifique 24 horas. Observe-se
também que o sentido exato do original no v. 2, não é “acabada a ceia” (Almeida), mas
“enquanto ceavam”. Com esta tradução concordam as outras referências em 13.4,
“levantou-se da ceia”; 13.12, “tornou a reclinar-se”; 13.23, “achava-se reclinado sobre o peito
de Jesus”. Assim a significação natural é que pouco antes de começarem a refeição Jesus
se propôs a dar uma amostra do seu amor para com os seus discípulos, por meio de uma
ilustração prática. Portanto, logo que se acharam reclinados à mesa, conforme o costume,
Jesus se levantou e, passando em redor da mesma, foi lavando os pés deles; logo depois
tornou a reclinar-se e prosseguiu com a ceia. Com esta explicação está claro que nada pode
ser alegado contra a idéia de que esta era a refeição regular da páscoa; mas, doutro lado, a
coisa mais natural é que João aqui esteja descrevendo o que aconteceu na ocasião da
páscoa. E se não, por que mencionou a páscoa?
(b) João 13.27: “O que fazes, faze-o depressa”. Aqui a objeção é que os discípulos
não teriam pensado que Jesus estivesse referindo à festa (13.29), se a refeição pascal
estivesse em processo ou já concluída. Eis a razão por que se insiste em que esta
observação foi feita um dia antes de ser celebrada a páscoa. Porém se assim fosse, onde
estaria a necessidade da pressa? Haveria bastante tempo no dia seguinte. O termo “festa”
não precisa ser limitado à ceia da páscoa; mais natural seria referir-se à festa toda, da qual
a ceia era uma parte. Assim a pressa seria recomendada a fim de prever-se o necessário
Vida de Cristo II 28
para a festa dos pães ázimos que começava na manhã seguinte. Não é de importância eu
este dia fosse dia santo, sendo o primeiro dia do festival da páscoa. A Mishna
expressamente permitia que se procurasse até no Sábado o quanto fosse necessário para a
páscoa. Se isto era permissível no Sábado, ainda mais o seria num dia de festa que não era
Sábado. Portanto não somente era possível que os discípulos tivessem compreendido mal a
observação de Jesus na tarde da páscoa, mas era bem mais natural terem entendido mal
assim nesse dia do que no dia anterior. Esta passagem, pois, como a que precede, quando
corretamente interpretada, realmente confirma os sinóticos.
(c) João 18.28: “e eles não entraram no pretório, para não se contaminarem, mas
poderem comer a páscoa”. À primeira vista, parece haver aqui contradição; porque isto
claramente se deu depois da ceia de João 13.2, e se não tinham comido a refeição da
páscoa, aqui temos um caso claro de conflito entre os escritos inspirados. Mas não está de
modo algum provado que a frase “comer a páscoa” quer dizer apenas comer a ceia pascal.
Esta frase ocorre mais cinco vezes no Novo Testamento, além desta passagem; porém
todas em Mateus, Marcos e Lucas (Mt 26.17; Mc 14.12, 14; Lc 22.11,15). Em todas elas a
referência é à ceia pascal; mas a palavra “páscoa” é usada em três sentidos no Novo
Testamento – a ceia pascal, o cordeiro pascal, a festa pascal. A palavra é usada oito vezes
em João além desta, e em todas se refere à festa pascal. É justo portanto dar-se à palavra
aqui o significado que o próprio João costuma dar-lhe, e não aquele que os sinóticos lhe
dão. Torna-se isto mais provável, se recordarmos que João escreveu bem mais tarde do
que eles, depois da destruição de Jerusalém, quando estes termos já não eram usados com
tanta restrição. A mesma expressão “comer a páscoa” é usada em II Cr 30.22, onde é
traduzida “comeram durante a festa”. A Septuaginta a traduz (do hebraico): “E eles
guardaram a festa dos pães ázimos por sete dias”. Veja-se Robinson. Assim, é inteiramente
possível que a frase “comer a páscoa” signifique neste caso a celebração da festa pascal.
Alguns insistem em que os membros do sinédrio não tinham comido a páscoa à hora do
costume devido à agitação causada pelo julgamento de Jesus. Isto, porém, não é provável;
ademais, se a observação foi feita de manhã cedo, como poderia ter referência a situação
deles à noite, quando seria comia a páscoa? Pois que, qualquer impureza contraída durante
o dia terminava ao pôr do sol. Essa impureza, portanto, teria de ser entendida como
pertencente apenas ao dia em que fosse contraída. Se a festa da páscoa já havia
começado, eles quereriam participar nas ofertas desse mesmo dia. Portanto esta passagem
(Jo 18.28), como as demais, vem a ser um argumento a favor da concordância com os
sinóticos.
(d) João 19.14: “Ora, era a preparação da páscoa”. Argumenta-se que isto quer dizer
o dia anterior à festa da páscoa e, portanto, que Cristo foi crucificado no dia 14 de Nisan,
contrariamente ao que os sinóticos dão a entender. A tarde antes da páscoa era usada
como preparação, porém não era assim tecnicamente designada. O termo “preparação”
(parasceve) era realmente o nome dum dia da semana, o dia antes do Sábado – nossa
Sexta-feira. Nesse caso não ficamos em conjeturas. Todos os evangelistas usam-no
somente neste sentido. Mateus o emprega por Sexta-feira (27.62); Marcos expressamente
diz que a “preparação” era o dia anterior ao Sábado (15.42); Lucas diz que era o dia da
“preparação”, e ia começar o Sábado (23.54); e João também assim emprega a palavra em
outras duas passagens (19.38,42), e em ambas se vê que a pressa era motivada pela
aproximação do Sábado. O emprego do termo no Novo Testamento é, pois, decisivo sobre
este ponto. Segue-se então que este dia era a Sexta-feira da semana pascal; e isto
concorda com os sinóticos. Além disto, o termo “preparação”, devido à influência do Novo
Testamento, por muito tem sido, na língua grega, o nome usual para Sexta-feira. É a mesma
coisa no grego hodierno. Era a véspera do Sábado, tal como entre os alemães o terno
Sonnabend significa a véspera do Domingo. De sorte que esta passagem também constitui
mais um argumento a favor da harmonia entre João e os sinóticos.
(e) João 19.31: “...pois era grande aquele dia de Sábado”. Desta passagem
argumenta-se que, nesta páscoa, o primeiro dia da festa pascal coincidia com o Sábado
semanal; mas isto é uma inferência inteiramente gratuita. Tal coincidência justificaria o
chamá-lo de “grande dia”, mas também podia ser assim designado o primeiro dia da festa, o
Vida de Cristo II 29
último dia é chamado “o grande dia da festa”. O Sábado ocorrido durante essa festa, do
mesmo modo seria um grande dia. Os argumentos de Robinson sobre este ponto são
concludentes. Nada se pode confirmar desta expressão, contra a posição dos sinóticos.
McCLellan discute várias passagens em João que demonstram que a crucificação teve lugar
na Sexta-feira, e que este era o primeiro dia da festa (Jo 18.39,40; 19.31,42; 20.1,19, etc.).
Concluímos, pois, que uma interpretação imparcial das passagens não somente remove
todas as aparentes contradições entre João e os sinóticos, mas também decididamente
favorece a opinião de que eles têm a mesma data para a páscoa, e que Jesus comeu a
páscoa na hora regular e foi crucificado na Sexta-feira, 15 de Nisan.
Extraído de
Harmonia dos Evangelhos
S. L. Watson e W. E. Allen
Casa Publicadora Batista
Vida de Cristo II 30
1 – O Julgamento
Jesus foi trazido para julgamento diante do Governador romano, Pôncio Pilatos.
Todas as evidências disponíveis mostram que Pilatos foi um déspota extremamente cruel e
impiedoso. O historiador filo registra que ele foi responsável “por atrocidades sem conta e
numerosas execuções sem qualquer julgamento prévio”.
Seis Julgamentos
É necessário que tomemos conhecimento de que Jesus Cristo passou por seis
julgamentos distintos. Um foi diante de Anás, o Sumo Sacerdote, outro diante de Caifás, o
terceiro diante do Sinédrio, o quarto diante de Pilatos, o quinto diante de Herodes, e o sexto
novamente diante de Pilatos. Houve três julgamentos judaicos e três julgamentos romanos.
Por que tudo isto com referência a um homem? Tanto as autoridades romanas como
as judaicas tinham muitas razões para estarem preocupadas com a permanência de Cristo
em liberdade.
Razão Política
pelos romanos. Portanto foi em benefício tanto dos judeus como dos romanos, que o Sumo
Sacerdote informou as autoridades romanas sobre as atividades de Jesus.
O Problema Judaico
O Problema Romano
Sob o ponto de vista de Pilatos, escreve Flusse, o problemas era igualmente claro:
“Se ele, como governador, se recusasse a seguir o conselho dos líderes locai, que
conheciam seus incompreensíveis e traiçoeiros patrícios como nenhum romano podia
jamais esperar conhecer, e se este indivíduo, Jesus, viesse a ser uma séria ameaça, o
pensamento de que sua própria sorte, como governador, ficaria nas mãos do enfurecido
Tibério, o fazia tremer dos pés à cabeça”.
Entretanto, Flusser é o primeiro a notar que o medo de Pilatos incorrer no ódio dos
judeus não era nada comparado ao medo dos judeus de incorrerem na ira de Roma.
O historiador Paul Maier observa que houve “uma dúzia de insurreições na Palestina
desde que Pompeu conquistou a terra em 63 A.C. – a maioria deles esmagada pelas forças
de Roma – e que a ocorrência de uma outra possível rebelião messiânica, patrocinada por
Jesus de Nazaré, poderia abalar o precário equilíbrio da autoridade local e, esgotada a
paciência de Roma, poderia levar à direta ocupação pelas legiões romanas”.
Por razões políticas Jesus Cristo era uma ameaça.
Os Motivos Econômicos
Outra razão para querer Jesus fora do caminho era de natureza econômica. Depois
que Ele derrubou as mesas dos cambistas no Templo, eles temiam que ele pudesse, mais
tarde, acabar com o comércio dentro do templo. Possivelmente temiam uma revolta contra
as práticas que existiam no templo, por parte dos milhares de peregrinos que vinham para a
Páscoa, os quais tinham aclamado a Jesus como o Messias.
Os Motivos Religiosos
O sistema legal judaico era composto de dois diferentes Sinédrios. Um Sinédrio era
composto por 23 membros que julgavam casos que envolviam a pena de morte. O outro
Sinédrio, de 71 membros, podia servir como um Tribunal para casos que envolvessem o
Chefe do Estado ou o Sumo Sacerdote, e quaisquer outras pessoas por ofensas contra o
Vida de Cristo II 32
A História da Crucificação
A morte por crucificação tornou-se um dos mais infames e cruéis métodos de tortura
do mundo antigo. Cícero a chamava “a mais cruel e horrenda das torturas”. Will Durant
escreveu que “até mesmo os romanos se compadeciam de suas vítimas”.
Flávio Josefo, o grande historiador judeu, que foi conselheiro de Tito durante o cerco
de Jerusalém assistiu a muitas crucificações e as chamava de “a mais ignóbil das mortes”.
Josefo conta que quando os romanos ameaçaram crucificar um dos prisioneiros judeus,
toda a guarnição dos Macários se rendeu para obter passagem livre. A crucificação era tão
repulsiva e degradante que normalmente os romanos não a usavam para os cidadãos
romanos, reservando-a para os escravos, a fim de desencorajar revoltas, ou para aqueles
que se rebelassem contra o governo romano. Era usada, principalmente, em casos políticos.
A acusação contra Cristo enfatiza este uso da crucificação: “E ali passaram a acusá-
lo, dizendo: Encontramos este homem pervertendo a nossa nação, vedando pagar tributo a
César e afirmando ser ele o Cristo, Rei”.
Seus acusadores estavam cientes do fato de que dez anos antes Tibério declarara
que um juiz podia executar imediatamente qualquer pessoa que se rebelasse contra Roma.
A crucificação, para a maioria, era conhecida da legislação criminal judaica. Os
judeus defendiam a execução por apedrejamento, fogueira, decapitação e estrangulamento.
O enforcamento foi permitido mais tarde. Nos casos em que as leis criminais judaicas
prescreviam “pendurar na forca”, não se tratava de uma punição para morte, mas uma pena
degradante depois da morte para os idólatras e blasfemos que já tivessem sido
apedrejados até morrer.
O enforcamento, de acordo com a lei, identificava o acusado como tendo sido
amaldiçoado por Deus. Normalmente, a crucificação, romana ou judaica, indicava qual o tipo
de crime o indivíduo havia cometido.
Vida de Cristo II 33
O Açoitamento
A Coroa de Espinhos
Que espinho ou que tipo de espinho foi usado não se sabe. Uma espécie vem de
uma planta chamada “Espinho de Cristo Sírio”, um arbusto de mais ou menos 30 cm de
altura com dois espinhos ponteagudos e recurvados na parte inferior de cada folha. Esta
planta é comum na Palestina, especialmente próximos ao lugar chamado Gólgota, onde
Cristo foi crucificado.
Outra planta, simplesmente chamada “Espinho de Cristo”, é um arbusto anão de 10 a
20 cm de altura. Seus espinhos são fáceis de apanhar. Os galhos também são facilmente
obráveis para formar uma coroa, e os espinhos, em pares de comprimentos diferentes, são
duros – como pregos ou cravos.
Depois de colocar a coroa de espinhos na cabeça de Cristo, começaram a
escarnecer dele, dizendo: “Salve, Rei dos Judeus”. Também cuspiram nele e bateram-lhe
com uma vara. Então o levaram para ser crucificado.
O Peso da Trave
O condenado à crucificação tinha que carregar a sua própria trave, da prisão até o
lugar da execução. Esta trave tem uma história singular. Uma pesquisa do Dr. Pierre Barbet
mostra que “a furca era um pedaço de madeira em forma de V invertido, onde o varal das
carroças de duas rodas se apoiava quando estava no estábulo. Quando um escravo devia
ser punido, a furca era colocada enganchada em sua nuca, suas mãos eram amarradas aos
Vida de Cristo II 34
braços da mesma e era obrigado a caminhar no meio do povo, enquanto proclamava o seu
crime”.
O Dr. Barbet explica que, “a furca” era, às vezes, difícil de conseguir, começaram a
usar um pedaço de madeira comprido, que era usado para segurar portas de e era chamado
de patibulum (de patere, abrir)”. O patibulum pesava aproximadamente 49 quilos e era
amarrado aos ombros da vítima.
Um Morto Fala
Novamente aqui temos uma evidência concreta para apoiar o texto do Novo
Testamento sobre o ato de quebrar as pernas. Para entender porque as pernas eram
quebradas, precisamos estudar as formas de execução. Os soldados pregavam o pesado
prego de ferro, perfurando através da depressão do pulso, na junção com a mão. Em
seguida, as pernas eram colocadas juntas e um prego grande era martelado nelas. Os
joelhos eram deixados flexionados levemente e um assento, conhecido como sedecula era
preso a cruz, para apoiar os quadris da vítima.
Haas observou que no caso de Yohanan “os pés foram colocados quase paralelos,
ambos transfixados pelo mesmo prego nos calcanhares, como as pernas próximas; os
joelhos foram dobrados, o direito sobrepondo-se ao esquerdo; o corpo estava contorcido; os
braços estavam esticados cada um perfurado por um prego no antebraço”.
O método comum de acabar com a crucificação era conhecido como fraturamento
dos ossos. Consistia na fratura dos ossos das pernas evitar que a vítima tentasse levantar o
corpo para respirar e evitar o sufocamento final.
O Dr. Truman Davis, já citado anteriormente, descreve o que se passa no corpo
humano depois de um curto período na cruz, como aconteceu com Jesus: “Com o cansaço
dos braços, ondas de cãibras correm pelos músculos, apertando-os numa profunda e
implacável dor latejante. Com estas cãibras vem a incapacidade de levantar o corpo. Presos
pelos braços, os músculos peitorais ficam paralisados e os músculos intercostais não podem
se mover. O ar pode ser aspirado pelos pulmões mas não pode ser expirado. Jesus deve
Ter lutado para levantar o corpo, tentando respirar um pouco. Finalmente, o fluxo de dióxido
de carbono aumenta nos pulmões e na corrente sangüínea e as cãibras melhoram
parcialmente. Espasmodicamente, ele é capaz de se levantar um pouco para exalar e inalar
o oxigênio vivificador”.
Depois de algum tempo, segue-se um desmaio por causa da circulação sangüínea
insuficiente para o cérebro e o coração. A única maneira pela qual a vítima pode evitar isso
é ficando em pé e assim o sangue pode voltar a circular na parte superior de seu corpo.
Quando as autoridades queriam acelerar a morte ou acabar com a tortura, as pernas
da vítima eram quebradas, logo abaixo dos joelhos, com um porrete. Isto evitava que ela
tentasse levantar o corpo para aliviar a tensão dos músculos peitorais e da caixa toráxica.
Seguia-se, então, uma sufocação rápida ou uma insuficiência coronária. No caso de Cristo,
as pernas dos dois ladrões crucificados com ele foram quebradas, mas não as dele porque
os executores viram que ele já estava morto.
Sangue e Água
Um dos executores enfiou uma lança no lado de Cristo e, como está registrado em
Jo 19.34 “imediatamente saiu sangue e água”.
Davis diz que “vazou um fluido aquoso da bolsa que circunda o coração. Nós,
entretanto, temos evidências pos-mortem conclusivas de que Cristo morreu, não pela morte
usual por sufocamento, mas por falha cardíaca devida ao choque e constrição do coração
pelo fluido do pericárdio”.
O Dr. Stuart Bergsma, um clínico e cirurgião, escreveu sobre o “sangue e água”,
dizendo: “Uma pequena quantidade de líquido pericárdio, cerca de 20 ou 30 cc,
normalmente é encontrada numa pessoa sadia. É possível que com um golpe que perfurou
o pericárdio e o coração, tenha escapado o líquido pericárdio em quantidade suficiente para
ser descrito como água”.
O Dr. Bergsma também conta que em exames post-mortem foram encontrados
muitos casos em que houve ruptura do coração e que a cavidade pericárdica continha
aproximadamente 500 cc de líquido e coágulos de sangue fresco”.
Duas outras autoridades médicas declaram que na ocorrência de ruptura do coração
“a morte é normalmente tão súbita, que em muitos casos a pessoa é vista morrendo
Vida de Cristo II 36
Os costumes Romanos
Depois de a vítima ser pregada, uma descrição de seu crime era afixada no alto da
cruz. Na tabuleta (ou titulus) no caso de Cristo lia-se: “Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus”.
De acordo com seu costume, os soldados romanos normalmente dividiam as roupas
da vítima. Entretanto, no caso de Cristo, havia apenas uma peça. Assim, lançaram sortes
por ela.
Pilatos exigiu que se certificassem da morte de Cristo antes do corpo ser entregue a
José de Arimatéia. E somente permitiu que o corpo fosse retirado ca cruz depois de quatro
executores confirmarem que Cristo estava morto.
3 – O Túmulo na Rocha
O corpo de Cristo foi colocado em um túmulo novo, cavado em rocha sólida, numa
área de cemitérios particulares. Os túmulos judaicos normalmente tinham uma entrada de
um metro e vinte a um metro e meio de altura. Depois da ressurreição, as mulheres
entraram em pânico ao verem o túmulo revolvido e voltaram correndo para contar aos
homens. Pedro e João correram para o túmulo e a Bíblia diz que João “abaixou-se e olhou”.
João abaixou-se porque a entrada media apenas um metro e vinte ou um metro e meio. Ele
não era um anão e certamente não queria bater a cabeça.
Muitos túmulos deste período tinham um átrio que levava à câmara mortuária. Uma
escavação retangular no centro da câmara mortuária possibilitava que uma pessoa ficasse
de pé. Ao seu redor havia alguns loculli ou sofás, como de alvenaria sobre os quais se
colocava o corpo. Muitas vezes, uma parte mais elevada servia de travesseiro.
Os sepulcros primitivos tinham um encaixe ou vala, cortado na frente da rocha, para
segurar a pedra que fechada a entrada. A vala era feita de tal maneira que sua parte mais
baixa ficava imediatamente em frente da entrada. Quando o bloco que segurava a pedra era
removido, a pedra rolava e se encaixava na frente d abertura, vedando-a completamente.
4 – O Sepultamento Judaico
O corpo de Jesus foi tirado da cruz e coberto com um lenço. Os judeus eram muito
rigorosos quanto a não permitir que o corpo permanecesse a noite toda na cruz: “Se o corpo
for deixado pendurado durante a noite, um mandamento será transgredido. Porque está
escrito, o corpo não deve permanecer toda a noite pendurado à árvore, mas deve ser
enterrado no mesmo dia, pois foi pendurado por causa de um anátema contra Deus – e
como dizer porque foi pendurado? – porque blasfemou o nome de Deus; e assim também o
nome do céu (Deus) é profanado”.
Por outro lado, a crucificação de Jesus ocorreu na véspera do Sábado, e também por
este motivo o corpo não deveria ficar na cruz, conforme o registro de João 19.31.
O corpo foi imediatamente transportado para o lugar de sepultamento, no caso de
Cristo, para um túmulo particular perto do Gólgota, onde fora crucificado.
Preparação do Corpo
As Ervas Aromáticas
Faixa de Linho
Vida de Cristo II 38
Os membros eram arrumados e o corpo vestido com a mortalha feita de linho branco.
Não podia haver a mínima ornamentação ou mancha na mortalha, que era costurada pelas
mulheres, não sendo admitida a existência de nós. Para alguns, isto indicava que a mente
do morto estava “desembaraçada dos problemas da vida” e para outros, indicava a
“continuidade da alma pela eternidade”. Ninguém podia ser enterrado com menos de três
vestimentas distintas.
O autor é bastante cético quanto ao Sudário de Turim. Muitos acreditam que a túnica
é a mesma do sepultamento de Cristo.
Nesta altura, as ervas aromáticas, misturadas com um pó de madeira perfumada
conhecido como aloés, eram acrescentadas a uma substância pegajosa conhecida como
mirra. Começando pelos pés, o corpo era enrolado com as faixas de linho. Entre as dobras
eram colocadas as ervas misturadas com a mirra. As faixas seguiam até às axilas. Os
braços eram colocados para baixo, e depois era enfaixado o pescoço. Uma peça separada
era enrolada ao redor da cabeça. O peso estimado de toda esta roupagem deve ser entre
52 e 54 quilos.
João Crisóstomo, no Século IV A.D. comentou que “a mirra usada era uma
substância que aderia tão firmemente ao corpo que as mortalhas não poderiam ser
removidas com facilidade”.
Mateus relata em seus escritos que uma grande pedra foi rolada contra a entrada do
túmulo. Marcos diz que a pedra era muito grande. Na linguagem de hoje, ele teria dito:
“Puxa, que pedra imensa”.
Qual seria o tamanho desta pedra imensa?
Vinte Homens
gravidade fazer o resto. Ela deve Ter sido mantida no lugar por algum calço, quando foi
posta numa canaleta ou valeta com declive na direção da entrada do túmulo. Quando o
calço foi removido, a pedra redonda e pesada rolou para sua posição.
6 – A Guarda Romana
A Guarda do Templo
Agora, se você pensa que foi a Guarda do Templo você precisa saber como era
constituída. Ela era formada por um grupo de 10 levitas que eram colocados de guarda em
diferentes lugares do templo. O número dos homens da guarda era de 270. Representavam
27 unidades de 10. A disciplina militar da guarda do templo era bastante boa. À noite, se o
capitão encontrasse um membro da guarda dormindo, ele era açoitado e queimado com
suas roupas. Um membro da guarda também estava proibido de sentar-se ou de se
encostar contra alguma coisa em serviço.
A Guarda Romana
Entretanto estamos convencidos de que foi a Guarda Romana que foi colocada no
sepulcro de Cristo para vigiá-lo.
A.T. Robertson, um grande estudiosos da língua grega diz que esta frase está no
imperativo e só pode se referir à Guarda Romana, e não à guarda do Templo. De acordo
com ele, Pilatos disse literalmente: “Tende uma guarda”.
Robertson acrescenta que a forma latina koustodia aparece bem antes nos papiros
de Oxyrhynchus com referência à Guarda Romana. Os judeus sabiam que Pilatos queria
manter a paz, assim estavam certos que ele lhes daria o que queriam.
O que era a Guarda Romana?
A “custódia” romana fazia muito mais do que cuidar de um edifício. A palavra
“custódia” representava uma unidade de guarda da legião romana. Esta unidade era,
provavelmente, uma das maiores máquinas ofensivas e defensivas jamais concebidas.
Uma fonte de ajuda para maior compreensão da importância da guarda romana é
Flavius Vegitius Renatus. Seus amigos o chamavam de Vegitius. Era um historiador militar e
viveu centenas de anos depois de Cristo, quando o Exército Romano começou a se
deteriorar quanto à disciplina. Ele escreveu um manual para o Imperador romano
Valentiniano com o propósito de encorajá-lo a instituir os métodos de guerra ofensiva e
defensiva usados pelos romanos na época de Cristo. Seu livro, chamado “A Organização
Militar dos Romanos”, constitui-se num clássico.
Vegitius queria ver os exércitos de Roma restaurados à eficiência e poder que os
caracterizava nos tempos de Cristo. Estes exércitos foram grandes porque eram altamente
disciplinados. Ele escreveu: “A vitória na guerra não depende apenas de número ou de
coragem; apenas destreza e disciplina assegurarão a vitória”. Sabemos que “os romanos
Vida de Cristo II 40
Essas e outras fontes mostram que a Guarda Romana não se constituía numa força
de um, dois ou três homens. Pinturas desdenhosas do sepulcro de Jesus Cristo mostram
um ou dois homens de pé nas proximidades com lanças de madeira e saiotes curtos. Isto é
risível.
Uma unidade da Guarda Romana compunha-se de 4 a 16 homens. Cada homem era
treinado para proteger um metro e oitenta de terra. Supunha-se que 16 homens, formando
um quadrado de quatro de cada lado, fossem capazes de proteger uma área de 36 metros
quadrados contra um batalhão inteiro, e conservá-lo em seu poder.
Normalmente o que eles faziam era isto: quatro homens eram colocados
imediatamente na frente do que deveria ser protegido. Os outros doze ficavam dormindo em
semicírculo em frente a eles com as cabeças para o lado de dentro. Para roubar o que estes
guardas estavam protegendo, os ladrões deveriam, primeiro, passar por cima dos que
estavam dormindo. A cada quatro horas, uma outra unidade de quatro soldados era
acordada, e os que tinham estado acordados iam dormir.
Eles faziam este rodízio intermitentemente.
O historiador Dr. Paul Maier escreve: “Pedro teria sido guardado por quatro
esquadrões de quatro homens cada um, quando foi preso por Herodes Agripa (Atos 12).
Assim seria o número mínimo esperado do lado de fora da prisão. Os guardas de
antigamente sempre dormiam em turnos, e assim seria virtualmente impossível que um
grupo sublevado passasse por cima dos guardas adormecidos, sem acordá-los”.
O Suborno
Mateus também registra que era uma força constituída de muitos homens, quando
escreveu que “alguns da guarda vieram à cidade e contaram ao Sumo Sacerdote tudo o que
tinha acontecido”.
A esta altura um crítico pode dizer: “Eles vieram ao Sumo Sacerdote. Isto mostra que
eram da Guarda do Templo”. Entretanto o contexto é claro, de que eles vieram ao Sumo
Sacerdote porque ele tinha influência entre as autoridades romanas e porque era a única
possibilidade de salvar as suas vidas, tendo em vista o desaparecimento do corpo de Cristo,
que eles deveriam Ter guardado. O Sumo Sacerdote tentou suborná-los (o que teria sido um
escárnio se pertencessem à Guarda do Templo). Deu-lhes dinheiro e disse-lhes o que
contar ao povo. Quando as notícias chegaram a Pilatos, este disse que o Sumo Sacerdote
deveria guardá-los para não serem mortos. O certo seria receberem pena de morte, porque
diziam que dormiram enquanto guardavam o túmulo.
É significativo que o Governador tenha ficado satisfeito, porque eu não consegui
encontrar nenhum relato na história – secular, judaica ou cristã – mostrando que o
Governador Romano tivesse alguma coisa a ver com a Guarda do Templo.
Mesmo que a guarda do sepulcro tivesse sido feita pela Guarda do Templo, a
segurança teria sido não menos perfeita.
A Máquina de Combate
T.G. Tucker, em seu livro, “Life in the Roman World of Nero and St. Paul” (“A Vida no
Mundo Romano de Nero e S. Paulo”) descreve um destes guardas: “Sobre o peito e com
abas sobre os ombros, usava um colete de couro coberto com camadas de argolas ou
Vida de Cristo II 41
talvez escamas, de ferro ou bronze. Na cabeça colocava um capacete como uma panela
achatada ou boné de ferro”.
“Na mão direita segurava a famosa lança romana. Era uma arma pesada, de um
metro e oitenta de comprimento, consistindo de uma aguda ponta de ferro fixada em uma
haste de madeira, e o soldado podia usá-la como uma baioneta ou podia arremessá-la como
lança e então lutar corpo a corpo, com a espada”.
“No braço direito tinha um escudo que podia ser de várias formas. O escudo não era
apenas empunhado mas era sustentado por uma correia que passava pelo ombro direito.
Para não ser atrapalhada pelo escudo, a espada – uma arma mais perfurante do que
cortante, de mais ou menos 90 cm de comprimento – ficava dependurada do lado direito
numa correia que passava pelo ombro esquerdo. Do lado esquerdo, o soldado usava uma
adaga fixada no cinto”.
Políbio, o historiador grego do Século II A.C. relata que, além disto tudo, “os homens
usavam uma coroa feita de penas, com três penas levantadas, purpúreas ou pretas, de mais
ou menos 45 cm; quando colocavam esta coroa n cabeça junto com o resto das armas, o
homem parecia bem alto do que era na realidade, e sua aparência era impressionante e
aterrorizava o inimigo. Os homens de classe menos abastada também usavam uma placa
de bronze, de 20 cm quadrados, que colocavam na frente do peito e chamavam “guarda do
coração”; isto completava o armamento. Mas estas placas custavam mais de 10.000
dracmas, e ao invés de usarem a guarda do coração, com os resto do equipamento usavam
uma cota de malha”.
Tucker chama a atenção para o fato de que, quando um soldado se juntava a uma
unidade, “fazia um juramento solene de que obedeceria lealmente ao seu comandante em
chefe, o Imperador, representado por seus subordinados, seus oficiais imediatos. Este
juramento era repetido a cada 1º de janeiro e na data comemorativa da ascensão do
Imperador”.
7 – O Selo Romano
Mateus registra que “juntamente com a guarda colocaram um selo na pedra”. A.T.
Robertson diz que este selo só poderia ser colocado na pedra em presença dos soldados
romanos que estavam de guarda. Vegitius diz a mesma coisa. A finalidade deste
procedimento era prevenir que alguém pudesse mexer no conteúdo do túmulo.
Depois da guarda inspecionar o túmulo e colocar a pedra no lugar, uma corda era
esticada sobre a pedra. Esta corda era fixada em cada extremidade com uma argila especial
para lacração. Finalmente, as porções de argila eram marcadas com o sinete oficial do
Governador Romano.
Uma fato semelhante a este aconteceu com Daniel: “Foi trazida uma pedra e posta
sobre a boca da cova; selou-a o rei com o seu próprio anel, e com o dos seus grandes, para
que nada se mudasse a respeito de Daniel”.
Finalidade do Selo
Qualquer um que tentasse remover a pedra da entrada do túmulo iria quebrar o selo
e, assim, incorrer no castigo da lei romana.
Em Nazaré, foi descoberta uma placa de mármore com uma inscrição bem
interessante: “Uma Advertência aos Ladrões de Túmulos”. Estava escrita em grego e dizia:
‘Decreto de César. É minha vontade que sepulturas e túmulos permaneçam perpetuamente
sem serem perturbados para aquelas que os fizeram para culto de seus ancestrais ou filhos
e membros de suas casas. Se, entretanto, alguém fizer acusação de que outrem os
destruiu, ou de alguma outra maneira retirou o que estava enterrado, ou malignamente
transferiu para outro lugar para causar dano, ou substituiu a lacração ou outras pedras,
contra tal ordeno que seja instaurado um julgamento, tanto em respeito aos deuses quanto
es respeito ao culto dos mortos. Por isso deve ser obrigatório honrar os mortos. É
absolutamente proibido que qualquer pessoa os perturbe. Em caso de violação ordeno que
o ofensor seja sentenciado à pena capital sob a acusação de violação de sepulcro”.
Maier observa: “Todos os editos romanos referentes à violação de sepulturas
determinavam apenas uma grande multa, e pode-se presumir que alguma infração tão séria
teria levado o governo romano a aumentar a pena exatamente na Palestina e erigir uma
notificação concernente especificamente a Nazaré ou circunvizinhança”. Pode muito bem
ser a resposta à comoção causada pela ressurreição de Cristo.
SUMÁRIO
O primeiro fato óbvio foi a quebra do selo que mostrava o poder e autoridade do
Império Romano. As conseqüências de se quebrar o selo eram severas. O FBI e a CIA do
Império Romano seriam chamados a agir, a fim de encontrar os responsáveis. Quando
fossem encontrados, seriam imediatamente executados, por crucificação de cabeça para
baixo, e seu estômago subiria à garganta. As pessoas temiam a quebra do selo.
Outro fato óbvio, depois da ressurreição foi o túmulo vazio. Os discípulos de Cristo
não foram para Atenas ou Roma pregar Cristo ressurreto dentre os mortos. Eles voltaram
para Jerusalém, onde, se o que eles tinham ensinado fosse falso, sua mensagem teria sido
contestada. A ressurreição não poderia Ter sido sustentada nem por um só momento em
Jerusalém se o túmulo não estivesse vazio.
O Dr. Paul Maier diz: “Onde o cristianismo começou? A resposta deve ser: Apenas
em um ponto da terra: a cidade de Jerusalém. Mas este seria o último lugar em que poderia
começar se o túmulo de Jesus permanecesse ocupado, desde que alguém, exibindo um
Jesus morto, poderia ser desferido um golpe direto no coração do cristianismo incipiente,
inflamado por sua suposta ressurreição”.
“O que houve em Jerusalém, no Dia de Pentecostes, sete semanas depois da
primeira Páscoa, somente poderia Ter acontecido se o corpo de Jesus estivesse
desaparecido de alguma maneira do túmulo de José de Arimatéia, porque de outra maneira
a organização do templo, nesta confusão com os apóstolos, teria simplesmente abortado o
movimento, fazendo uma simples caminhada até o sepulcro de José de Arimatéia e
expondo a Prova “A”. Não fizeram isto, porque sabiam que o túmulo estava vazio. A
explicação oficial – de que os discípulos tinham roubado o corpo – foi uma admissão de que
o sepulcro estava realmente vazio.
Confirmação Histórica
Evidência Conclusiva
concluir que o sepulcro de José de Arimatéia, no qual Jesus tinha sido sepultado, estava
realmente vazio na manhã da primeira Páscoa. E nenhum indício de prova foi ainda
descoberto em fontes literárias, arqueológicas ou de inscrições antigas que pudesse
contestar esta afirmação”.
O túmulo vazio é um testemunho silencioso da ressurreição de Cristo, que nunca foi
refutado até ao dia de hoje.
Acima da Inclinação
Por exemplo, em Mateus 27, é dito que “uma grande pedra foi rolada contra a
entrada do sepulcro”. Aqui a palavra grega usada para rolar é kulio, que significa “rolar”.
Marcos usa a mesma raiz da palavra kulio. Entretanto, em Marcos 16, ele acrescenta uma
preposição para explicar a posição da pedra depois da ressurreição.
Em grego, como em inglês, para mudar o sentido ou dar maior intensidade a um
verbo, acrescentar-se uma preposição. Ele acrescentou a preposição ana, que significa
“acima ou para cima”. Assim, anakulio pode significar “rolar alguma coisa para cima de uma
ladeira ou inclinação”. Para Marcos Ter usado este verbo, deveria existir uma ladeira ou
uma inclinação descendo em direção à entrada do túmulo.
Longe do Lugar
De fato, a pedra estava tão longe “em cima da ladeira” que Lucas usou a mesma raiz
da palavra kulio, mas acrescentou uma preposição diferente, apo. Apo pode significar, de
acordo com o léxico grego, “uma separação de”, no sentido de “distante de”. Apokulio,
então, quer dizer rolar um objeto no sentido de “separar” ou de “distanciar dele”.
Eles viram a pedra removida no sentido de estar distanciada do “quê”?
Voltemos a Marcos 16. No Domingo de manhã, as mulheres vieram até o túmulo.
Pode-se dizer: “Espere um pouco. Por que estas mulheres vieram até o túmulo
domingo de manhã”? Uma razão era ungir o corpo por sobre a mortalha com uma mistura
de especiarias e perfumes.
Alguém pode perguntar: “Por que elas teriam vindo, desde que a guarda romana
estava lá vigiando o túmulo?”
É muito simples. As mulheres não sabiam sequer que a Guarda Romana tinha sido
encarregada de vigiar o sepulcro. Na Sexta-feira elas tinham visto o corpo ser preparado
numa área particular. Moravam no subúrbio de Betânia e assim não estavam a par das
decisões dos romanos e judeus de colocarem uma segurança extra no local do
sepultamento do Cristo.
Voltemos a Marcos 16 novamente.
As mulheres estavam dizendo: “Quem tirará para nós a pedra da entrada do
túmulo?” Aqui, elas usaram a palavra grega para “entrada”. É lógico, não é? Mas, quando
chegaram lá disseram: “Quem retirou a pedra para longe de ...?” e aqui, porém mudaram a
palavra, e em vez de dizerem “entrada”, para usarem o termo grego que indica sepulcro
inteiro, completo e sólido. Apokulio, então, significa “longe de” no sentido de “distante do
sepulcro sólido e completo”.
Levantada e Transportada
Vida de Cristo II 45
A Guarda Romana teria fugido? Os soldados teriam deixado seu posto? Isto tem que
ser posto de lado porque a disciplina militar dos romanos era excepcionalmente boa. Justino
em seu Digesto, capítulo 49, menciona todas as transgressões que exigiam a pena de
morte: Passar para o lado inimigo (3.4), desertar (3.11 – 5.1-3), perder ou vender o
armamento (3.13), desobedecer, em tempo de guerra (3.15), atravessar a muralha ou
trincheira (3.17), iniciar um motim (3.19), recusar proteção a um oficial ou abandonar o posto
(3.22), fugir do serviço (4.2), assassinar alguém (4.5), agredir um superior ou insultar um
oficial (6.1), liderar fuga (6.3), revelar planos ao inimigo (6.4;7) ferir outro soldado (6.6),
mutilar-se ou tentar suicídio sem motivo razoável (6.7), abandonar a vigília noturna (10.1),
quebrar o bastão do centurião ou bater nele quando punido (13.4), fugir do quartel (13.5) e
perturbar a paz (16.1).
Ao acima descrito pode-se acrescentar “cair no sono”. Se não fosse descoberto qual
o soldado que falhara em serviço, então muitos deles eram presos e julgados para se apurar
quem seria punido com a morte, pela falha da unidade da guarda.
Queimado Vivo
Medo de Punição
reconhecido que sua posição tornava humanamente impossível que os homens tivessem
permitido a sua remoção. Nenhum lampejo de engenhosidade humana pode apresentar
uma resposta adequada ou arranjar um “bode expiatório”, e, assim, foram forçados a
subornar a guarda e procurar encobrir as coisas”.
Em várias ocasiões Cristo apareceu vivo depois dos eventos cataclísmicos daquela
primeira Páscoa.
50 Horas de Depoimentos
Um dos mais antigos registros das aparições de Cristo após a sua ressurreição é o
de Paulo. O apóstolo apela para o conhecimento que seus ouvintes tinham o fato de Cristo
Ter sido visto por mais de 500 pessoas de uma só vez. Paulo lhes trás à lembrança o fato
de que a maioria daquelas pessoas ainda vivia e seu testemunho não podia ser
questionado.
O Dr. Edwin M. Yamauchi, Professor Adjunto de História na Universidade de Miami,
em Oxford, Ohio, enfatiza: “O que dá autoridade especial à lista de testemunhos, como
evidência histórica, é a referência a mais de 500 pessoas que ainda estava vivas na época
em que o fato da ressurreição foi registrado pelos escritores”.
O Apóstolo Paulo diz: “Se não crêem em mim, podem perguntar a elas”. Uma
afirmação deste tipo, em uma epístola reconhecidamente autêntica, escrita no período e
Vida de Cristo II 47
trinta anos seguintes ao evento, é talvez a evidência mais forte que alguém poderia esperar
obter, relativamente a um fato ocorrido há quase 2.000 anos atrás”.
Tomemos estas mais de 500 testemunhas que viram Jesus vivo depois de sua morte
e sepultamento e as coloquemos num tribunal. Você percebe que, se cada uma destas 500
testemunhas tivesse que depor num Tribunal, digamos, por seus minutos cada uma,
incluindo as verificações cruzadas, teríamos um incrível período de 50 horas de
testemunhos oculares em primeira mão? Acrescente a isto o testemunho das muitas outras
testemunhas e você teria o maior e mais documentado julgamento de toda a história!
A Variedade de Pessoas
Testemunhas Hostis
Um terceiro fator bastante importante para explicar as aparições de Cristo é que ele
também apareceu aqueles que eram hostis ou difíceis de convencer.
Tenho lido e ouvido muitas vezes certas pessoas comentarem que Jesus foi visto
vivo, depois de sua morte e sepultamento, apenas por seus amigos e seguidores. Usando
este argumento, tentam jogar por terra o grande impacto causado pelo relato unânime das
testemunhas.
Nenhum autor ou pessoa bem informada pode considerar Saulo de Tarso como
tendo sido um seguidor de Cristo. Os fatos mostram exatamente o contrário. Ele desprezava
a Cristo e perseguia Seus seguidores. Para Paulo foi uma experiência tremenda e chocante
quando Cristo apareceu a ele. Embora naquele instante Paulo não fosse um discípulo, mais
tarde tornou-se uma das maiores testemunhas quanto à verdade da ressurreição.
Consideremos Tiago, o irmão de Jesus. O Evangelho revela que seus irmãos não
eram crentes. Mais tarde, porém, Tiago se tornou um seguidor de seu irmão e se juntou ao
grupo de cristãos perseguidos. Por quê? O que causou esta mudança de atitude? A
explicação histórica é que Jesus também apareceu a Tiago.
O argumento de que as aparições de Cristo se deram apenas para seus seguidores
é um argumento, para a maioria, com reservas. E argumentos com reservas podem ser
perigosos. É igualmente possível que todos aqueles a quem Ele apareceu, tenham se
tornado seus seguidores. Isto talvez explique a conversão de muitos dos sacerdotes de
Jerusalém.
Ninguém que esteja devidamente informado acerca dos fatos pode dizer, com
segurança, que Jesus apareceu apenas a “um número insignificante de pessoas”. Muito
pelo contrário.
O Dr. Maier cuidadosamente observa que o testemunho das mulheres, em geral, não
era considerado confiável, e assim, a “reação inicial dos onze foi, compreensivelmente, de
suspeita e descrença. Novamente, se os relatos da ressurreição tivessem sido manipulados,
as mulheres nunca teriam sido incluídas na história, ao menos como as primeiras
testemunhas”.
Sumário
O fato dramático da ressurreição mudou o curso da história. Dois mil anos depois o
homem ainda é o mesmo. Críticos que desejam negar a ressurreição de Jesus Cristo
precisam explicar adequadamente sete fatos históricos:
1- O medo do poder de Roma foi totalmente ignorado quando foi quebrado o selo
romano posto sobre o túmulo.
2- Tanto os judeus quanto os romanos admitiram que o túmulo estava vazio.
3- De alguma maneira a pedra de quase duas toneladas foi removida da entrada do
túmulo, enquanto a Guarda Romana estava vigiando.
4- Uma guarda militar romana, altamente disciplinada, deixou se posto e precisou
ser subornada pelas autoridades para mentir sobre o que realmente acontecera.
5- A mortalha, intacta, não continha o corpo.
6- Mais tarde Cristo também apareceu a mais de 500 testemunhas, em diferentes
situações.
7- Por causa da desconsideração dos judeus em relação à confiabilidade das
mulheres, a manipulação da história da ressurreição nunca as teria escolhido
para serem as primeiras testemunhas do fato.
Vida de Cristo II 49
1. Marcos, Lucas e João dizem que a ressurreição se deu no primeiro dia da semana, isto é,
cedo de manhã no Domingo. Marcos 16.9 diz que “havendo Jesus ressurgido cedo no
primeiro dia da semana, apareceu, etc.”. A posição de “cedo” é um tanto ambígua no grego
e a passagem é muito discutida. Marcos 16.2 diz que foi muito cedo no primeiro dia da
semana que as mulheres forma ao sepulcro; Lucas 24.1 declara que elas foram ao túmulo
vem de madrugada no primeiro dia da semana. João afirma que Maria Madalena foi ao
sepulcro de madrugada no primeiro dia da semana. Não há dúvida de que estes três
evangelistas querem assevera que Jesus ressurgiu muito cedo na manhã do Domingo, e
que logo depois vieram as duas Marias e mais algumas mulheres, a fim de ungirem o seu
corpo com especiarias. Céticos objetam que alguns detalhes nas narrativas de Marcos e
João são incoerentes. João 20.1 diz que Maria foi enquanto era ainda escuro; Marcos 16.2
declara que foi ao nascer do sol, mas no mesmo verso diz que era ainda cedo, o que
concordaria com o “ainda escuro” de João. Segue-se que a expressão “ao nascer do sol”, de
Marcos, tem de ser interpretada à luz de suas próprias palavras. Duas soluções podem ser
oferecidas:
(a) Podemos supor, coo McClellan e outros, que a nota de tempo em João se refere
ao início da jornada das mulheres vindas de Betânia, quando ainda estava escuro, ou muito
cedo. Em poucos minutos seria o começo do crepúsculo (Lucas), e ao chegarem ao túmulo
o sol estaria visível. Tudo isto é inteiramente possível, e parece muito provável; pois que ao
romper do dia a linha divisória entre a alva e o nascer do sol é muito tênue. Um passeio
rápido incluiria o período entre ameia escuridão e a luz do dia. A narrativa de Marcos
abrange este período todo.
(b) A expressão “ao nascer do sol” poderia ser simplesmente uma expressão geral
aplicável ao fenômeno do nascimento do sol, sendo que os seus primeiros raios nos
chegam antes que o sol esteja visível. Assim opinam Robinson, Ellicote, Clarck. Robinson
cita vários exemplos tirados da Septuaginta, onde a mesma frase é usada no tempo auristo
dum modo geral para indicar o alvorecer do dia (Jz 9.33; II Rs 3.22; sl 104.22). Qualquer
destas explicações é inteiramente possível e remove a dificuldade.
2. Mateus, porém, parece colocar a ressurreição na tarde depois do Sábado, ou seja, nosso
Sábado de tarde. Ele diz (23.1): “No fim do Sábado, quando já despontava o primeiro dia da
semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro”. Se esta passagem quer
dizer que a visita foi feira no fim do Domingo (tarde) e depois da ressurreição de Jesus,
então Mateus está em plena contradição com os outros evangelista. Alguns têm assumido a
posição de que Jesus ressurgiu ao pôr do sol no Domingo; esquecem-se de que Marcos
(16.9) diz que ressurgiu cedo de manhã. Há diversos modos de se conciliar Mateus com os
outros evangelhos:
(a) Greswell, Alford e outros querem traduzir a expressão “no fim do Sábado”, por “no
fim da semana”. A palavra grega neste verso é a mesma para Sábado e semana. Em ambos
os casos, portanto, a tradução podia ser a mesma; mas dela pouco sentido resultaria. “No
fim da semana” e “quando já despontava o primeiro dia da semana” não combinam muito
bem. Por esta explanação a Segunda expressão é usada para significar a primeira parte do
Domingo, e a visita ocorreu nesta parte.
(b) Outros traduzem “no fim do Sábado” por “depois do dia de Sábado”. Godet,
Grimm, e outros contendem que o grego poderia significar isto, e é assim traduzido por
vários tradutores ingleses, tais como Newcoe, Sharpe, Wakefield, Norton e outros. Contudo
é extremamente duvidoso que o grego permita semelhante tradução. Parece, portanto, que
temos de escolher entre as duas explicações seguintes:
(c) Mateus não diz claramente que esta visita foi feita depois da ressurreição do
Salvador, porto que suas palavras poderiam ser assim entendidas. Segue-se que as
palavras podem Ter o seu sentido natural. No fim do dia de Sábado, perto do pôr do sol, as
duas Marias forma ver o sepulcro (Mt 28.1), tendo descansado durante o dia (Lc 23.56). As
mulheres que tinham vindo da Galiléia com Jesus, foram, Sexta-feira observar onde foi
colocado o corpo do Jesus, e depois foram preparar especiarias. Se as duas Marias (23.1)
Vida de Cristo II 50
foram ao pôr do sol no fim do Sábado “ver o sepulcro” poderiam Ter comprado especiarias
mesmo depois do pôr do sol (Mc 16.1). Então (Mc 16.2) de manhã cedo levantaram-se e,
levando as especiarias, foram ungir o corpo. Foi nessa ocasião que viram o anjo (Mt 28.5).
Mateus não diz que na visita de 28.1 elas viram o anjo. Fala do terremoto como já tendo
ocorrido e da ressurreição; e então resume a narrativa. Esta teoria encontra algum apoio no
uso da mesma palavra no grego em Lucas 23.54: “Era o dia da preparação (Sexta-feira) e ia
começar o Sábado”. Daí parece que o Sábado começava ao fim do dia. Assim opinam
Westcott, McClellan e outros. Seja como for acerca das mulheres em 28.1, Mateus
certamente não quer dizer que Jesus ressurgiu ao pôr do sol no Sábado. Todo o curso da
sua narrativa no restante do capítulo mostra que foi na manhã do Domingo que o anjo
apareceu. Enquanto (Mt 28.11) as mulheres iam Ter com os discípulos, os soldados
correram aos principais sacerdotes (Mt 28.13), que os subornaram para que dissessem que
os discípulos tinham vindo de noite e furtado o corpo enquanto eles dormiam, indicando
claramente que já era dia. Segue-se que Mateus não ensina que Jesus ressurgiu ao pôr do
sol, porém ao contrário. Além disto, Mateus diz expressamente que a ressurreição ocorreu
no terceiro dia, o que seria impossível se ele tivesse ressurgido no Sábado.
(d) “Dia do Sábado” podia ser dito do dia seguido pela noite, conforme o costume
popular do tempo do Salvador. Os judeus originalmente contavam de sol poente a sol
poente, porém este costume não era universal. Jonas (1.17) e Mateus (12.40) falam de três
dias e três noites, mencionando a noite depois do dia. Meyer, Monson, Clarck e outros têm
esta opinião, que é pelo menos aceitável, embora não seja tão satisfatória como a de
McClellan acima referida. Fosse como fosse, fica claro que Mateus concorda com os outros
evangelistas, no que dizem todos – que Jesus ressurgiu Domingo de manhã. A dificuldade
principal está em saber se a visita das mulheres em 28.1 foi feita na tarde anterior,
simplesmente para verem o sepulcro, ou de manhã, para ungirem o corpo do Salvador. A
narrativa resumida de Mateus deixa este ponto em dúvida: assim nós também temos de
deixá-lo. Contudo, isto não afeta a questão quanto ao número de visitas feitas pelas
mulheres.
Vida de Cristo II 51
- Aquele que fora apresentado inicialmente como sendo da genealogia judaica, declara
Ter todo o poder no céu e na terra.
- Em Mateus, o termo chave é “fazer discípulos”. A idéia é, enquanto vão, tragam as
nações para debaixo da minha disciplina (ensino e governo).
- ‘Batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo’.
- A ênfase não está no “ensinando-os”, mas no “em guardar todas as coisas que vos
tenho ordenado”: ensino da obediência.
- “Até a consumação dos séculos” é a “PAROUSIA”. O cumprimento do evento
escatológico é uma realidade que tem seu início hoje, na segurança de presença do
Senhor conosco – o EMANUEL – até que todo o processo histórico da humanidade seja
consumado, levado ao alvo.
- Em Marcos, o termo utilizado é “pregai (proclamai) o Evangelho a toda a criatura”. O
evangelista registra a ascensão de Cristo “a direita de Deus” em cumprimento de Sl
110.1.
Conclusão
A Pessoa de Cristo é um fato. Seus ensinos ainda hoje são válidos e contextualizáveis.
Acima de tudo, sua soberania e vida não ficou limitada ao espaço e tempo do período em
que viveu como homem, na Terra; mas continua na igreja. Sua testemunha, assistida pelo
Seu Espírito e Palavra. Grande é a nossa responsabilidade como cristãos – transmiti-lo ao
mundo de maneira autêntica até que os séculos se completem e moremos com ele para
todo o sempre. Amém.