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Introdução
O artigo apresenta resultados da pesquisa sobre o desenvolvimento da Cultura Científica
em escola ribeirinha no município de Parintins – AM, a partir de atividades do
programa Novos Talentos sobre preservação de quelônios.
A falta de desenvolvimento de uma cultura científica nas séries iniciais em escolas
ribeirinhas do município de Parintins – AM, e referências que sustentem essa prática
foram lacunas que motivaram a pesquisa. O Programa Novos Talentos trouxe a
possibilidade de conheceremos o cotidiano do professor e do aluno no desenvolvimento
da cultura científica, através da preservação de quelônios amazônicos na escola
Municipal São Pedro do Parananema.
O objetivo geral da pesquisa, foi de analisar a influência do projeto “Novos Talentos”
na cultura científica de estudantes das séries iniciais da Escolas Municipal da São Pedro
do Parananema no município de Parintins localizado a 360 km da capital do Estado,
1
Especialista em Turismo e Desenvolvimento Local (UEA). Graduada em Licenciatura em Geografia
(UEA), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e-mail: brandaoanny@hotmail.com.
2
Mestre em Ensino de Ciência na Amazônia (UEA). Graduado em Pedagogia (UFAM), Bacharel em
Direito (UEA). Professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e-mail:
davidxavier85@gmail.com.
inclusos na preservação de quelônios amazônicos. Dentre as especificidades,
investigamos os teóricos que tratam do Ensino de Ciência e da Cultura Científica;
buscamos identificar os fatores que influenciam o desenvolvimento da cultura científica,
a partir da preservação de quelônios em comunidade rurais do município de Parintins, e
sistematizamos o conceito de Cultura Científica após o desenvolvimento do projeto
Novos Talentos sobre preservação de quelônios.
Os resultados apontam fatores positivos na parceria do programa Novos Talentos na
escola, na medida que o apoio didático-pedagógico serviu para fortalecer atividades que 2
precisavam de apoio fora e dentro de sala de aula em relação a cultura científica de
preservação dos quelônios.
Procedimentos Metodológicos
Ensinar ciências esbarra na tentativa de não a tornar uma disciplina decorativa em sala
de aula, e sim algo que faça parte da vivência e do modo de vida de cada indivíduo de
forma crítica e necessária para sua vida. Para Krasilchik (1987) as modificações
concretas vêm a partir da reflexão sobre o cenário atual do sistema educacional e a
influência que cada um tem no currículo. 4
Estudos sobre cultura científica são espaços e necessitam de iniciativas inovadoras, é
uma forma de “educar pela pesquisa” (DEMO, 2010). A pesquisa sobre preservação de
quelônios amazônicos, através do programa Jovens Talentos, é a oportunidade de
estreitarmos os laços de desenvolvimento da cultura científica, onde há pouca teoria;
pois “reconstruir o entendimento da ciência, não significa abandonar o passado”
(MARQUES, 2002).
Diferentes expressões surgiram para aproximar a Ciência e a sociedade: alfabetização
científica (CHASSOT, 2003), divulgação científica (LOUREIRO, 2003), comunicação
científica (DUARTE, 2004); e atualmente surgi à expressão “cultura científica”.
No município de Parintins – AM; comunidades rurais desenvolvem atividades de
preservação; este é o tipo de cultura que precisamos resgatar; valorizar e documentar.
Os benefícios possibilitarão novos olhares diante da cultura científica de uma Amazônia
desconhecida; onde “caberia a escola, colocar a ciência em cultura” (JAPIASSU, 1999).
Para a academia, a pesquisa nas comunidades rurais intervém no âmbito de novos
estudos sobre a cultura científica, através de ações de preservação de quelônios,
oportunizando conhecimento para a localidade e linhas de pesquisa em espaços não
formais pois; “o ensino de ciência se manifestou de maneira diferente acompanhando as
mudanças nas tendências pedagógicas” (ROCHA e TERÁN, 2010).
Goldemberg (2005), conclui este pensamento dizendo que a Educação Científica precisa
ter um alicerce verdadeiro, onde possamos dizer que a educação básica é o primeiro
contato do aluno com o ensino-aprendizagem.
E como ensinar ou aprender ciência? Para Bizzo (2002, p. 30) “aprender Ciências
parece ser repetir palavras difíceis”. Devemos contribuir para que esse conceito possa
ser transformado positivamente no contexto escolar, e que possam ser relacionadas com
os novos conceitos de definições de cultura científica dentro do seu contexto social,
como destaca Alcântara & Fachín-Terán (2010, p. 11):
Tradicionalmente o Ensino de Ciências tem sido focalizado na
memorização e transmissão de conceitos repassados de geração em
geração, na maioria das vezes desconectados da realidade dos
estudantes. Essa abordagem tem sua origem numa concepção
positivista cartesiana que concebe o ensino, o homem e a sociedade
como partes de um todo, sem articulação entre si. Atualmente, por
força das exigências do mundo globalizado percebe-se a necessidade
de superar o paradigma positivista e buscar novos caminhos que
apontem novas metodologias para o Ensino de Ciências.
Essas novas metodologias podem ser capazes de identificar atitudes que se torna cultura 5
A forma como o aluno internaliza o conceito de cultura científica está em sua maioria
relacionado ao sentimento de proteção, em função do hábito do professor em ensinar
que é importante proteger os quelônios. Sem a atitude do professor de ensinar a
importância da espécie para o meio ambiente, o aluno não construiria a cultura de
pensar dessa forma.
Dessa forma deixar a abstração de lado na Cultura Científica é permitir que antigos
conceitos possam ser aplicados de forma diferenciada, dando liberdade para se alcançar
novos objetivos dentro de escolas tradicionalistas. Essa perspectiva de um novo modelo
de Ensino de Ciências, com novas metodologias e discussões ousadas, acaba rompendo
com a visão positivista e cartesiana de ciência, possibilitando uma ciência interligada ao
viver e a compreensão de suas múltiplas aplicações a partir de uma visão sistêmica.
Tabela 03: O conceito é cultura científica, relacionado ao aspecto de preservação de quelônios
Comunitário Respostas
Comunitário (1) Cultura científica é o hábito que nós adquirimos de todos os anos realizar
as mesmas atividades de proteção dos quelônios.
A cultura não é possível ser realizada sozinha, e fica evidenciado isso até mesmo no
discurso do comunitário participante das atividades de proteção dos quelônios.
Cada um formula uma visão do que de fato pode ser o conceito aproximativo de Cultura
Científica. Sabe-se, no entanto que este ensinamento parte da educação básica, de
dentro da escola para os alunos, pois estimula a capacidade crítica de cada um em
pensar. A base de cada conceito referente ciência pode nascer nos mais diversos
momentos da vida, mais ainda na criança é que se precisa estimular o desenvolvimento 9
dessas premissas.
Considerações Finais
Referências
BIZZO, Nélio Marco Vincenzo. Ciências: fácil ou difícil?. São Paulo: Ática, 2002.
CHASSOT, Áttico. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social.
Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, 2003.
DEMO, Pedro. Educação e alfabetização científica. Campinas, SP: Papirus, 2010.
DUARTE, Jorge. Da Divulgação Científica à Comunicação. Disponível em: http://
www.abjc.org.br/artigos/art_241103.htm. Acesso em 07 de agosto de 2016.
GOLDEMBERG, José. Educação Científica para quê? In: WERTHEIN, Jorge;
CUNHA, Célio da (Orgs.). Educação Científica e desenvolvimento: o que pensam os
cientistas. Brasília: UNESCO, Instituto Sangari, 2005.
JAPIASSU, H. Um desafio à educação: repensar a pedagogia científica. São Paulo:
Letras e Letras, 1999.
KRASILCHIK, Myriam. O professor e o currículo das Ciências. São Paulo: EPU,
1987.
LOUREIRO, José Mauro Matheus. Museu de ciência, divulgação científica e
hegemonia. Ciência da Informação, Brasília, 2003.
MARQUES, Mario Osório. Educação nas ciências: interlocução e
complementaridade. Ijuí: Ijuí 2002.
ROCHA, Sônia Cláudia Barroso da. O uso de espaços não-formais como estratégia
para o Ensino de Ciência. Manaus: UEA/Escola Normal Superior/PPGEECA, 2010.
ROCHA, Sônia Cláudia Barroso da; FACHÍN-TERÁN, Augusto. O uso de espaços
não formais como estratégia para o ensino de Ciências. Manaus: UEA/Escola
Normal Superior/PPGEECA, 2010. 10