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ATIVIDADE SOBRE O ENSINO DA GRAMÁTICA.

Entregaremos a letra da música para os alunos. Iremos mostrar num apanhado histórico e
social que a canção mostra, por meio de um relato em forma de diário, como é difícil ser
preso. Estar no meio de tantas pessoas perigosas e não sentir segurança nenhuma por parte da
polícia na casa de detenção, é cada um por si. Em um território onde reinam armas, drogas e
facções, cada preso é responsável pela manutenção de sua própria vida e nunca se sabe como
será o dia de amanhã. Pode ser um dia normal, de trabalho, banho de sol ou rebelião. Após
algumas discussões sobre o assunto, vamos aprofundar na gramática. A primeira atividade é
circular as evidências de linguagem coloquial, e também, identificar e anotar as figuras de
linguagens presentes na obra. A segunda atividade é identificar onde se encontram os desvios
de regência e concordância, como essa parte demanda mais tempo para analisar cada verso os
professores irão disponibilizar uma cópia dos capítulo "Concordância Verbal e Nominal" e
"Regência Verbal e Nominal” do livro: Novíssima Gramática Da Língua Portuguesa.

Letra da Música: Diário de um detento - Racionais MC's

São Paulo, dia primeiro de outubro de 1992, Sabe o que eu penso


oito horas da manhã
O dia 'tá chuvoso o clima 'tá tenso
Aqui estou, mais um dia
Vários tentaram fugir, eu também quero
Sob o olhar sanguinário do vigia
Mas de um a cem, a minha chance é zero
Você não sabe como é caminhar com a
cabeça na mira de uma HK
Será que Deus ouviu minha oração?

Metralhadora Alemã ou de Israel


Será que o juiz aceitou a apelação?

Estraçalha ladrão que nem papel


Mando um recado lá pro meu irmão

Na muralha, em pé, mais um cidadão José


Se tiver usando droga, 'tá ruim na minha
mão!
Servindo o Estado, um PM bom
Ele ainda 'tá com aquela mina
Passa fome, metido a Charles Bronson
Pode crer, moleque é gente fina
Ele sabe o que eu desejo
Tirei um dia a menos ou um dia a mais, sei lá Tic, tac, ainda é 9:40

Tanto faz, os dias são iguais O relógio da cadeia anda em câmera lenta

Acendo um cigarro, e vejo o dia passar Ratata'tá, mais um metrô vai passar

Mato o tempo pra ele não me matar Com gente de bem, apressada, católica

Homem é homem, mulher é mulher Lendo o jornal, satisfeita, hipócrita

Estuprador é diferente, né? Com raiva por dentro, a caminho do Centro

Toma soco toda hora, ajoelha e beija os pés Olhando pra cá, curiosos, é lógico

E sangra até morrer na rua 10 Não, não é não, não é o zoológico

Cada detento uma mãe, uma crença Minha vida não tem tanto valor

Cada crime uma sentença Quanto seu celular, seu computador

Cada sentença um motivo, uma história de Hoje, 'tá difícil, não saiu o sol
lágrima
Hoje não tem visita, não tem futebol
Sangue, vidas e glórias, abandono, miséria,
ódio
Alguns companheiros têm a mente mais fraca

Sofrimento, desprezo, desilusão, ação do


tempo Não suportam o tédio, arruma quiaca

Misture bem essa química Graças a Deus e à Virgem Maria

Pronto, eis um novo detento Faltam só um ano, três meses e uns dias

Lamentos no corredor, na cela, no pátio Tem uma cela lá em cima fechada

Ao redor do campo, em todos os cantos Desde Terça-feira ninguém abre pra nada

Mas eu conheço o sistema, meu irmão, hã Só o cheiro de morte e Pinho Sol

Aqui não tem santo Um preso se enforcou com o lençol

Rá'tá'tá'tá preciso evitar Qual que foi? Quem sabe? Não conta

Que um safado faça minha mãe chorar Ia tirar mais uns seis de ponta a ponta

Minha palavra de honra me protege Nada deixa um homem mais doente

Pra viver no país das calças bege Que o abandono dos parentes
Aí moleque, me diz então, cê qué o quê?
Nove pavilhões, sete mil homens

A vaga 'tá lá esperando você


Que custam trezentos reais por mês, cada

Pega todos seus artigos importados


Na última visita, o neguinho veio aí

Seu currículo no crime e limpa o rabo


Trouxe umas frutas, Marlboro, Free

A vida bandida é sem futuro


Ligou que um pilantra lá da área voltou

Sua cara fica branca desse lado do muro


Com Kadett vermelho, placa de Salvador

Já ouviu falar de Lúcifer?


Pagando de gatão, ele xinga, ele abusa

Que veio do inferno com moral


Com uma nove milímetros embaixo da blusa

Um dia no Carandiru, não ele é só mais um


Aí neguinho, vem cá, e os manos onde é que
'tá?
Comendo rango azedo com pneumonia

Lembra desse cururu que tentou me matar?


Aqui tem mano de Osasco, do Jardim
D'Abril, Parelheiros
Aquele puta ganso, pilantra corno manso

Mogi, Jardim Brasil, Bela Vista, Jardim


Angela Ficava muito doido e deixava a mina só

Heliópolis, Itapevi, Paraisópolis A mina era virgem e ainda era menor

Ladrão sangue bom tem moral na quebrada Agora faz chupeta em troca de pó!

Mas pro Estado é só um número, mais nada [...]

Atividades
1- Circule no trecho acima evidências de linguagem coloquial.

2- Identifique as figuras de linguagem presentes na música '' Diário de um detento", de


Racionais, e classifique-as.

3- A partir do que você entende como regência e concordância (verbal e nominal). Identifique
onde se encontram os desvios e registre-os.

4- Assinale a figura de estilo que ocorre nos exemplos seguintes:


A) Acendo um cigarro, e vejo o dia passar. Mato o tempo pra ele não me matar

1. metáfora
2. perífrase
3. hipérbole
4. elipse

B) Rá'tá'tá'tá preciso evitar

1. Onomatopeia
2. Ironia
3. Antítese
4. Elipse

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