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Você fuma o que vem, entope o nariz Os mano cu de burro têm, eu sei de tudo
Bebe tudo o que vê, faça o diabo feliz Em troca de dinheiro e um cargo bom
Você vai terminar tipo o outro mano lá Tem mano que rebola e usa até batom
Que era um preto tipo A Vários patrícios falam merda pra todo mundo rir
Ninguém entrava numa, mó estilo Ha ha, pra ver branquinho aplaudir
De calça Calvin Klein e tênis Puma É, na sua área tem fulano até pior
Um jeito humilde de ser, no trampo e no rolê Cada um, cada um, você se sente só
Curtia um Funk, jogava uma bola Tem mano que te aponta uma pistola e fala sério
Buscava a preta dele no portão da escola Explode sua cara por um toca-fita velho
Um exemplo pra nós, mó moral, mó ibope Click pláu, pláu, pláu e acabou
Mas começou colar com os branquinhos do shopping Sem dó e sem dor, foda-se sua cor
(Aí já era) Limpa o sangue com a camisa e manda se foder
Ih mano outra vida, outro pique Você sabe por quê, pra onde vai, pra quê?
Só mina de elite, balada, vários drink Vai de bar em bar, esquina em esquina
Puta de butique, toda aquela porra Pegar 50 conto, trocar por cocaína
Sexo sem limite, Sodoma e Gomorra
Enfim, o filme acabou pra você
Hã, faz uns nove anos A bala não é de festim, aqui não tem dublê
Tem uns quinze dias atrás eu vi o mano Para os manos da Baixada Fluminense à Ceilândia
Cê tem que ver, pedindo cigarro pros tiozinho no ponto Eu sei, as ruas não são como a Disneylândia
Dente tudo zoado, bolso sem nenhum conto De Guaianases ao extremo sul de Santo Amaro
O cara cheira mal, as tia sente medo Ser um preto tipo A custa caro
Muito louco de sei lá o que logo cedo É foda, foda é assistir à propaganda e ver
Agora não oferece mais perigo Não dá pra ter aquilo pra você
Viciado, doente, fodido, inofensivo Playboy forgado de brinco: Cu, trouxa
Roubado dentro do carro na avenida Rebouças
Um dia um PM negro veio embaçar Correntinha das moça
E disse pra eu me pôr no meu lugar As madame de bolsa
Eu vejo um mano nessas condições, não dá Dinheiro, não tive pai não sou herdeiro
Será assim que eu deveria estar? Se eu fosse aquele cara que se humilha no sinal
Irmão, o demônio fode tudo ao seu redor Por menos de um real
Pelo rádio, jornal, revista e outdoor Minha chance era pouca
Te oferece dinheiro, conversa com calma Mas se eu fosse aquele moleque de touca
Contamina seu caráter, rouba sua alma Que engatilha e enfia o cano dentro da sua boca
Depois te joga na merda sozinho De quebrada sem roupa, você e sua mina
Transforma um preto tipo A num neguinho Um, dois, nem me viu, já sumi na neblina
Minha palavra alivia sua dor Mas não, permaneço vivo, prossigo a mística
Ilumina minha alma, louvado seja o meu Senhor Vinte e sete anos contrariando a estatística
Que não deixa o mano aqui desandar, ah Seu comercial de TV não me engana
E nem sentar o dedo em nenhum pilantra Eu não preciso de status nem fama
Mas que nenhum filha da puta ignore a minha lei Seu carro e sua grana já não me seduz
Racionais Capítulo 4, Versículo 3 E nem a sua puta de olhos azuis
Eu sou apenas um rapaz latino-americano
Aleluia, aleluia Apoiado por mais de 50 mil manos
Racionais no ar filha da puta, pá, pá, pá Efeito colateral que o seu sistema fez
Racionais Capítulo 4, Versículo 3
Quatro minutos se passaram e ninguém viu
O monstro que nasceu em algum lugar do Brasil
Talvez o mano que trampa debaixo do carro sujo de óleo
Que enquadra o carro forte na febre com sangue nos olhos Tô Ouvindo Alguém Me Chamar
O mano que entrega envelope o dia inteiro no sol (Aí mano, o Guina mandou isso aqui pra você)
Ou o que vende chocolate de farol em farol
Talvez o cara que defende o pobre no tribunal Tô ouvindo alguém gritar meu nome
Ou que procura vida nova na condicional Parece um mano meu, é voz de homem
Alguém num quarto de madeira lendo à luz de vela Eu não consigo ver quem me chama
Ouvindo um rádio velho no fundo de uma cela É tipo a voz do Guina
Ou da família real de negro como eu sou Não, não, não, o Guina tá em cana
Um príncipe guerreiro que defende o gol Será? Ouvi dizer que morreu
Sei lá!
E eu não mudo, mas eu não me iludo
3
Disse algum barato pra mim que eu não escutei \"Clip, clap, bum!\"
Eu conhecia aquela arma, é do Guina, eu sei \"Predatória\".
Uma 380 prateada, que eu mesmo dei Rapaz comum.
Um moleque novato com a cara assustada \"Preserve a sua glória!\"
(Aí mano, o Guina mandou isso aqui pra você)
Mas depois do quarto tiro eu não vi mais nada Queria atrasar o meu relógio.
Pra mim vale muito um minuto a mais de ódio.
Sinto a roupa grudada no corpo Mas me sinto fraco, indefeso, desprotegido.
Eu quero viver Eu vou mais alto, cusão! Pra te levar comigo!
Não posso estar morto Vou ser um encosto na sua vida.
Mas se eu sair daqui eu vou mudar Você criou um monstro sem cura, sem alternativa!
Eu tô ouvindo alguém me chamar Me enganar pra quê?
Se o fim é virar pó!
Fiquei muito pior.
Segura o seu B.O.!
Rapaz Comum O preto aqui não tem dó!
Mais uma vida desperdiçada e é só.
Parece que alguém está me carregando perto do chão Uma bala vale por uma vida do meu povo.
Parece um sonho, parece uma ilusão No pente tem quinze, sempre há menos no morro, e então?
A agonia, o desespero toma conta de mim. Quantos manos iguais a mim se foram?
Algo no ar me diz que é muito ruim. Preto, preto, pobre, cuidado, socorro!
Meu sangue quente. Não sinto dor. Quê que pega aqui? Quê que acontece ali?
A mão dormente não sente o próprio suor. Vejo isso frequentemente, desde moleque.
Meu raciocínio fica meio devagar. Quinze de idade já era o bastante, então.
Quem me fodeu? Treta no baile, então. Tiros de monte!
Eu tô tentando me lembrar. Morte nem se fala!
Cresceu o movimento ao meu redor. Eu vejo o cara agonizando!
Meu Deus! Eu não sei mais o que é pior. \"Chame a ambulância! Alguém chame a ambulância!\"
Mentir a vida toda pra si mesmo. Depois ficava sabendo na semana
Ou continuar e insistir no mesmo erro. Que dois já era.
Me lembro de um fulano: Os preto sempre teve fama.
\"mata esse mano!\" No jornal, revista e TV se vê.
Será que errar dessa forma é humano? Morte aqui é natural, é comum de se ver.
Errar a vida inteira é muito fácil. Caralho! Não quero ter que achar normal
Pra sobreviver aqui tem que ser mágico. ver um mano meu coberto de jornal!
Me lembro de várias coisas ao mesmo tempo. É mal! Cotidiano suicida!
Como se eu estivesse perdendo tempo. Quem entra tem passagem só pra ida!
\"A ironia da vida é foda!\" Me diga. Me diga: que adianto isso faz?
Que valor tem? Quanto valor tem? Me diga. Me diga: que vantagem isso traz?
Uma vida vale muito, vim saber agora. Então...
Deitado aqui e os manos na paz, tudo lá fora A fronteira entre o Céu e o Inferno tá na sua mão.
Puxando ferro ou talvez batendo uma bola. Nove milímetros de ferro.
\"Pode crer. Deve tá mó lua da hora\" Cusão! otário! que pôrra é você?
Tem alguém me chamando, quem é? Olha no espelho e tenta entender
Apertando minha mão, tem voz de mulher. A arma é uma isca pra fisgar.
O choro a faz engolir as palavras. Você não é polícia pra matar!
Um lenço que enxuga meu suor enxuga suas próprias É como uma bola de neve.
lágrimas. Morre um, dois, três, quatro.
No rosto de uma mãe que ora baixinho. Morre mais um em breve.
Que nunca me deixou faltar, ficar sozinho. Sinto na pele, me vejo entrando em cena.
Me ensinou o caminho desde criança. Tomando tiro igual filme de cinema.
Minha infância, mais uma eu guardo na lembrança.
Na esperança da periferia eu sou mais um. \"Clip, clap, bum!\"
Rapaz comum.
\"Clip, clap, bum!\" \"Clip, clap, bum!\"
Rapaz comum. \"A lei da selva é assim\"
\"Clip, clap, bum!\" \"Clip, clap, bum!\"
\"A lei da selva é assim\" Rapaz comum.
\"Clip, clap, bum!\" \"A lei da selva é assim\"
Rapaz comum. \"Clip, clap, bum!\"
\"A lei da selva é assim\"
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Em Qual Mentira Vou Acreditar? Tudo comigo, confio no meu taco, versão africana "Don Juan
de Marco"
São apenas dez e meia, tem a noite inteira Tudo muito bom, tudo muito bem, sei lá o que é que tem
Dormir é embaçado, numa sexta-feira Idéia vai, idéia vem, ela era princesa, eu era o plebeu
TV é uma merda, prefiro ver a lua Quem é mais foda que eu, espelho, espelho meu
Preto Edy Rock Star a caminho da rua "Tipo Taís de Araújo ou Camila Pitanga?"
Hã... sei lá vou pruma festa, "se pam" Uma mistura. Confesso: fiquei de perna bamba
Se os cara não colar, volto às três da manhã Será que ela aceita ir comigo pro baile?
Tô devagar, tô a cinquenta por hora Ou ir pra Zona Sul ter um "Grand Finale"?
Ouvindo funk do bom, minha trilha sonora Amor com gosto de gueto até às seis da manhã
A polícia cresce o olho, eu quero que se foda! Me chamar de "meu preto" e me cantar "Djavan"
Zona Norte a bandidagem curte a noite toda Ninguém ouviu, mas... puta que pariu!
Eu me formei suspeito profissional Em fração de segundos meu castelo caiu!
Bacharel pós-graduado em "tomar geral" A mais bonita da escola, rainha passista
Eu tenho um manual com os lugares, horários, de como "dar Se transformou numa vaca nazista!
perdido" Eu ouvindo James Brown, pá, cheio de pose
Aí, caralho... ( "prefixo da placa é MY, sentido Jaçanã, Jardim Ela pergunto se eu tenho... o quê?
Hebron...") Guns n' Roses? Lógico que não! A mina quase histérica
Quem é preto como eu já tá ligado qual é Meteu a mão no rádio e pôs na Transamérica
Nota Fiscal, RG, polícia no pé Como é que ela falou? Só se liga nessa
("Escuta aqui: o primo do cunhado do meu genro é mestiço Que mina cabulosa, olha só que conversa:
Racismo não existe, comigo não tem disso. É pra sua Que tinha bronca de neguinho de salão (não...)
segurança") Que a maioria é maloqueiro e ladrão (aí não...)
Falou, falou, deixa pra lá Aí não, mano! Foi por pouco
Vou escolher em qual mentira vou acreditar Eu já tava pensando em capotar no soco
Disse pra mim não falar gíria com ela
Tem que saber curtir, tem que saber lidar pra me lembrar que não tô na favela
Em qual mentira vou acreditar? Bate-boca, mó guela, será que é meia-noite, já?
A noite é assim mesmo, então... deixa rolar A Cinderela virou bruxa do mal
Em qual mentira vou acreditar? Me humilhar não vai, vai tirar o caralho
Tem que saber curtir, tem que saber lidar Levanta o seu rabo racista e sai!
Em qual mentira vou acreditar? "Eu conheço essa perversa "há maior cara"
Correu a banca toda de uns "pleiba" que colava lá na área
Ô, que caras chato, ó! Quinze pras Onze "Pra mim ela já disse que era solitária
Eu nem fui muito longe e os "home" embaçou Que a família era rígida e autoritária
Revirou os banco, amassou meu boné branco Tem vergonha de tudo, cheia de complexo
Sujou minha camisa dos Santos Que ainda era cedo pra pensar em sexo
Eu nem me lembro mais pra onde eu vou A noite é assim mesmo... deixa rolar!
E agora, quem será que ligou? Vou escolher em qual mentira vou acreditar
"Me espere na estação, eu tô na Zona Sul
Eu chego rapidinho, assinado: Blue" Tem que saber curtir, tem que saber lidar
Pode crer, naquele lado de Santana Em qual mentira vou acreditar?
Conheço uns lugar, conheço umas fulana A noite é assim mesmo, então... deixa rolar
Juliana? Não. Mariana? Não. Alessandra? Não. Adriana? Em qual mentira vou acreditar?
O nome é só um detalhe, o nome é só um nome Tem que saber curtir, tem que saber lidar
9532... hum, esqueci o telefone Em qual mentira vou acreditar?
"Porra, demorou, heim?!" E aí, Blue, como é?
Isso aqui é um inferno, tem uma par de mulher Ih! Caralho! Olha só quem tá ali?
Trombei uma par de gente, uma par de mano O que que esse mano tá fazendo aqui?
Tô há quase uma hora te esperando E aí, esse maluco veio agora comigo
Passou uma figura aqui e deu ideia Ligou que era até seu amigo, que morava lá na sul
Disse que te conhece e pá, chama Léa irmão da Cristiane, dei um cavalo(carona pra biqueira, não o
Cabelo solto, vestido vermelho animal) pra ele no Lausane
Estrategicamente a um palmo do joelho Ia levar um recado pra uns parente local
Os caras comentaram o visual, oh os bico e tal, pagando o Da Igreja Evangélica Pentecostal
maior pau. Desceu do carro acenando a mão
Ninguém falou, ah! ah! mas eu ouvia meio mundo "A paz do Senhor!". Ninguém dava atenção
Xingando por telepatia ("mina filha da puta!"). Bem diferente do estilo dos crentes
Economizava meu vocabulário, não tinha o que falar Bombojaco, touca, mas a noite tá quente
Falava o necessário, meio assim, é claro Que barato estranho, só aqui tá escuro
Será qual é que é, truta é o que não falta, mina filha da puta
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Justo nesse poste não tem luz de mercúrio Envergonhar-se se aos 25 ter chegado
Passaram vinte fiéis até agora, dá cinco reais Queria que Deus ouvisse a minha voz
Cumprimenta e sai fora E transformasse aqui num Mundo Mágico de Oz
Um irmão muito sério, em frente à garagem
Outro com a mão na cintura em cima da laje Queria que Deus ouvisse a minha voz (que Deus ouvisse a
De vez em quando a porta abre e um diz: minha voz)
"Tem do preto e do branco?" e coça o nariz. Num Mundo Mágico de Oz (um Mundo Mágico de Oz)
Isso sim, isso é que é união!
O irmão saiu feliz, sem discriminação! Um dia ele viu a malandragem com o bolso cheio
De lá pra cá veio gritando, rezando Pagando a rodada, risada e vagabunda no meio
"Aleluia, as coisas tão melhorando!" A impressão que dá, é que ninguém pode parar
Esse cara é dentista, sei lá... Um carro importado, som no talo
Diz que a firma dele chama "Boca S.A.". Homem na Estrada, eles gostam
Será material de construção? Vendedor de pedras? Só bagaceira só, o dia inteiro só
Lá na zona sul era patrão Como ganha o dinheiro?
Que patrão o caralho! Ele é safado Vendendo pedra e pó
Fugiu do Valo Velho com os dias contados Rolex, ouro no pescoço à custa de alguém
A paranoia de fumar era fatal Uma gostosa do lado, pagando pau pra quem?
Arrombava os barracos, saqueava os varal A polícia passou e fez o seu papel
Bateu na cara do pai de um vagabundo Dinheiro na mão, corrupção a luz do céu
Humm... tá fazendo hora extra no mundo Que vida agitada, hein? Gente pobre tem
A noite tá boa, a noite tá de barato Periferia tem
Mas puta, gambé, pilantra é mato! Você conhece alguém?
Tem que saber curtir, tem que saber lidar Moleque novo que não passa dos 12
Em qual mentira vou acreditar? Já viu, viveu, mais que muito homem de hoje
A noite é assim mesmo, então... deixa rolar Vira a esquina e para em frente a uma vitrine
Em qual mentira vou acreditar? Se vê, se imagina na vida do crime
Tem que saber curtir, tem que saber lidar Dizem que quem quer segue o caminho certo
Em qual mentira vou acreditar? Ele se espelha em quem tá mais perto
Pelo reflexo do vidro ele vê
Tem que saber curtir, tem que saber lidar Seu sonho no chão se retorcer
Em qual mentira vou acreditar? Ninguém liga pro moleque tendo um ataque
A noite é assim mesmo, então... deixa rolar Foda-se, quem morrer dessa porra de crack
Em qual mentira vou acreditar? Relacione os fatos com seu sonho
Tem que saber curtir, tem que saber lidar Poderia ser eu no seu lugar
Em qual mentira vou acreditar? Das duas uma, eu não quero desandar
Por aqueles manos que trouxeram essa porra pra cá
Matando os outros, em troca de dinheiro e fama
Mágico de Oz Grana suja, como vem, vai, não me engana
Queria que Deus ouvisse a minha voz
Aquele moleque, que sobrevive como manda o dia a dia E transformasse aqui num Mundo Mágico de Oz
Tá na correria, como vive a maioria
Preto desde nascença, escuro de Sol Queria que Deus ouvisse a minha voz (que Deus ouvisse a
Eu tô pra vê ali igual, no futebol minha voz)
Sair um dia das ruas é a meta final Num Mundo Mágico de Oz (um Mundo Mágico de Oz)
Viver decente, sem ter na mente o mal
Tem o instinto que a liberdade deu Ei mano, será que ele terá uma chance?
Tem a malicia, que cada esquina deu Quem vive nessa porra, merece uma revanche
Conhece puta, traficante e ladrão É um dom que você tem de viver
Toda raça, uma par de alucinado e nunca embaçou É um dom que você recebe pra sobreviver
Confia neles mais do que na polícia História chata, mas cê tá ligado
Quem confia em polícia? Eu não sou louco Que é bom lembrar: Quem entra, é um em cem pra voltar
A noite chega e o frio também Quer dinheiro pra vender? Tem um monte aí
Sem demora, ai a pedra Tem dinheiro, quer usar? Tem um monte aí
O consumo aumenta a cada hora Tudo dentro de casa vira fumaça, é foda
Pra aquecer ou pra esquecer Será que Deus deve estar aprovando minha raça?
Viciar, deve ser pra se adormecer Só desgraça gira em torno daqui
Pra sonha, viajar, na paranoia, na escuridão Falei do JB ao Piqueri, Mazzei
Um poço fundo de lama, mais um irmão Rezei para o moleque que pediu
Não quer crescer, ser fugitivo do passado
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É uma questão de pensar No dia da visita você diz que eu vou mandar
A polícia sempre dá o mau exemplo Cigarro pros maluco lá no x
Lava a minha rua de sangue, leva o ódio pra dentro Então, como eu tava dizendo, sangue bom
Pra dentro de cada canto da cidade Isso não é sermão, ouve aí, tem o dom?
Pra cima dos quatro extremos da simplicidade
A minha liberdade foi roubada Eu sei como é que é, é foda, parceiro
Minha dignidade violentada É a maldade na cabeça o dia inteiro
Que nada dos manos se ligar Nada de roupa, nada de carro, sem emprego
Parar de se matar Não tem ibope, não tem rolê sem dinheiro
Amaldiçoar, levar pra longe daqui essa porra Sendo assim, sem chance, sem mulher
Não quero que um filho meu um dia Deus me livre morra Você sabe muito bem o que ela quer, é
Ou um parente meu acabe com um tiro na boca
É preciso eu morrer pra Deus ouvir minha voz Encontre uma de caráter se você puder
Ou transformar aqui no Mundo Mágico de Oz? É embaçado ou não é?
Ninguém é mais que ninguém, absolutamente
Queria que Deus ouvisse a minha voz (que Deus ouvisse a Aqui quem fala é mais um sobrevivente
minha voz) Eu era só um moleque, só pensava em dançar
Num Mundo Mágico de Oz (um Mundo Mágico de Oz) Cabelo black e tênis All Star
Fórmula Mágica da Paz Mas que merda, meu oitão tá até a boca, que vida louca!
Essa porra é um campo minado Por que é que tem que ser assim?
Quantas vezes eu pensei em me jogar daqui? Ontem eu sonhei que um fulano aproximou de mim
Mas aí, minha área é tudo o que eu tenho Agora eu quero ver ladrão
A minha vida é aqui, eu não consigo sair Pá! Pá! Pá! Pá!
Fim
É muito fácil fugir, mas eu não vou
Não vou trair quem eu fui, quem eu sou É, sonho é sonho, deixa quieto
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Sexto sentido é um dom, eu tô esperto Procure a sua, da minha eu vou atrás, até mais
Morrer é um fator, mas conforme for Da fórmula mágica da paz
Tem no bolso, na agulha e mais cinco no tambor
(Eu vou procurar, sei que vou encontrar)
Joga o jogo, vamos lá, caiu a oito eu mato a par (Eu vou procurar, eu vou procurar)
Eu não preciso de muito pra sentir-me capaz (Você não bota uma fé, mas eu vou atrás)
De encontrar a fórmula mágica da paz Da fórmula mágica da paz
(Eu vou procurar, sei que vou encontrar) (Eu vou procurar, sei que vou encontrar)
(Eu vou procurar, eu vou procurar) (Eu vou procurar, eu vou procurar)
(Você não bota uma fé, mas eu vou atrás) (Você não bota uma fé, mas eu vou atrás)
Da minha fórmula mágica da paz
Choro e correria no saguão do hospital
(Eu vou procurar, sei que vou encontrar) Dia das criança, feriado e luto final
Procure a sua Sangue e agonia entra pelo corredor
(Eu vou procurar, eu vou procurar) Ele tá vivo! Pelo amor de Deus, doutor!
(Você não bota uma fé)
Eu vou atrás da minha Quatro Tiros do pescoço pra cima
(Você não bota uma fé) Puta que pariu, a chance é mínima!
Aqui fora, revolta e dor
Caralho! Que calor, que horas são agora? Lá dentro, estado desesperador
Dá pra ouvir a pivetada gritando lá fora
Hoje acordei cedo pra ver Eu percebi quem eu sou realmente
Sentir a brisa de manhã e o sol nascer Quando eu ouvi o meu subconsciente
E aí mano Brown, cuzão? Cadê você?
É época de pipa, o céu tá cheio Seu mano tá morrendo, o que você vai fazer?
Quinze anos atrás, eu tava ali no meio
Lembrei de quando era pequeno, eu e os cara Pode crê, eu me senti inútil
(Faz tempo), faz tempo Eu me senti pequeno, mais um cuzão vingativo (mais um)
E o tempo não para Puta desespero, não dá pra acreditar
Que pesadelo, eu quero acordar
Hoje tá da hora o esquema pra sair, é
Vamo, não demora, mano, chega aí! Não dá, não deu
Cê viu ontem? Os tiro, ouvi um monte! Não daria de jeito nenhum
Então, diz que tem uma pá de sangue no campão O Derlei era só mais um rapaz comum!
Mas ih, mano, toda mão Dali a poucos minutos, mais uma dona Maria de luto!
É sempre a mesma ideia junto
Treta, tiro, sangue, aí, muda de assunto Na parede o sinal da cruz
Traz a fita pra eu ouvir porque eu tô sem Que porra é essa?
Principalmente aquela lá do Jorge Ben Que mundo é esse?
Onde tá Jesus?
Uma pá de mano preso chora a solidão Mais uma vez o emissário
Uma pá de mano solto sem disposição Não incluiu Capão Redondo em seu itinerário
Empenhorando por aí, rádio, tênis, calça
Acende num cachimbo Porra, eu tô confuso, preciso pensar
Virou fumaça! Me dá um tempo pra eu raciocinar
Eu já não sei distinguir quem tá errado
Não é por nada não, mas aí, nem me liga, ô Sei lá, minha ideologia enfraqueceu
A minha liberdade eu curto bem melhor Preto, branco, polícia, ladrão ou eu
Eu não tô nem aí pra o que os outros fala Quem é mais filha da puta, eu não sei!
Quatro, cinco, seis preto num Opala Aí fudeu, fudeu, decepção essas hora
A depressão quer me pegar, vou sair fora
Pode vir, gambé, paga pau
Tô na minha, na moral, na maior Dois de novembro era finados
Sem goró, sem pacau, sem pó Eu parei em frente ao são Luis do outro lado
Eu tô ligeiro, eu tenho a minha regra E durante uma meia hora, olhei um por um
Não sou pedreiro, não fumo pedra E o que todas as senhoras tinham em comum
A roupa humilde, a pele escura
Um rolê com os aliados já me faz feliz O rosto abatido pela vida dura
Respeito mútuo é a chave, é o que eu sempre quis (diz) Colocando flores sobre a sepultura
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(Agradeço a Deus e aos orixás) Mangueira, boréus, cidade de Deus, e ai DF, expansão, P
Eu tenho muito a agradecer por tudo norte, P sul
(Agradeço a Deus e aos orixás) E ai pessoal do sul, restinga
(Eu vou procurar e sei que vou encontrar) E ai quebradas, zona noroeste santos, rádio favela, bh
Cheguei aos vinte e sete E pra todos os aliados espalhados pelas favelas do Brasil
Eu sou um vencedor, tá ligado, mano? Firma!
(Agradeço a Deus e aos orixás)
Aí, procure a sua Todos os DJs, todos os MCs, que fazem do rap a trilha sonora
Eu vou atrás da minha fórmula mágica da paz do gueto
E pros filha da puta que querem jogá minha cabeça pros
(Você não bota uma fé) porco
(Eu vou procurar e sei que vou encontrar) Ai, tenta a sorte mano, eu acredito na palavra de um
Aí, manda um toque na quebrada lá Homem de pele escura, de cabelo crespo, que andava entre
Coab Adventista e pá, rapaziada! Mendigos e leprosos, pregando a igualdade
(Malandragem de verdade é viver) Um homem chamado Jesus
Procure a sua paz! Só ele sabe a minha hora
(Você não bota uma fé) Ai ladrão, tô saindo fora
Paz
Que fala é Mano Brown, mais um sobrevivente
(Agradeço a Deus, agradeço a Deus)
Vinte e sete ano, contrariando a estatística, morô, meu? QUESTÕES UNICAMP
(Agradeço a Deus, agradeço a Deus)
UNICAMP - 2020
(Procure a sua paz)
(Eu vou procurar e sei que vou encontrar)
14
(Racionais Mc’s, Sobrevivendo no inferno. São Paulo: compreensão a partir do olhar de quem a vive, já que as
Companhia das Letras, 2018, p. 121 e 129.) canções permitem a essa população marginalizada falar
direta e internamente de seus problemas. Por isso, estudar o
a) Identifique, nos versos transcritos acima, uma expressão rap é dar um passo ao encontro do outro. Ao dar voz aos
que se opõe ao título da canção e uma outra que o confirma. excluídos, o gênero clama eticamente por uma abertura à
Explique o título da canção considerando o último verso. diferença. E esse clamor ético se realiza por meio de uma
b) Com base no trecho de Todorov e no excerto da canção, linguagem artística própria, que exige o entendimento de
formule dois argumentos (um ético e um estético) que códigos e convenções estéticas. Ao estudá-los, descobrimos
justifiquem o estudo do rap. uma beleza e uma sensibilidade específicas e somos
convidados a uma melhor compreensão do mundo e de nós
Objetivo da Questão mesmos, segundo o raciocínio de Todorov
Analisar um poema exige atenção disciplinada para com os
elementos fundamentais que caracterizam a sua linguagem.
A questão sobre uma das canções do álbum “Sobrevivendo
no inferno”, dos Racionais Mc’s, exigiu, no item a, que o
candidato compreendesse como o título do poema é
retomado por meio de figuras de linguagem que organizam a
forma da canção e produzem efeitos de sentido para o leitor
ou ouvinte. Portanto, o item a se concentrou nos aspectos
formais do poema com base nas antíteses “paz” e “guerra”.
Resposta Esperada