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Palavra profética: O que o homem declara

com fé pode alterar circunstâncias?

"A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu
fruto". A passagem bíblica de Provérbios 18:21 pode trazer a interpretação de
que a palavra proferida altera realidades.

Em Isaías 55:11, o profeta também expressa o que diz o Senhor: "Assim será a
minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes
fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei". 

Se ato profético representa uma atitude com o intuito de liberar o poder de


Deus, por meio da fé, sobre determinada circunstância, a palavra pode ser
considerada profética por sua emissão? A declaração do homem, dita por meio
da fé, tem o poder de alterar realidades e representar a vontade de Deus? Essas
são algumas questões presentes na Igreja, que enxerga essas afirmações de
formas diferentes.

Para o apóstolo Maurício Marques, líder da Sinagoga Cristã - Ministério


Consolador de Israel (MCI), as "proclamações proféticas", como ele denomina,
têm influência no mundo natural e espiritual. "Eu creio que devemos ser
imitadores de Deus como filhos amados. Partindo deste princípio, devemos
lembrar que nosso Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo criou todas as
coisas (menos a humanidade) com a Palavra".

Já para o pastor presidente da Igreja Adventista da Promessa, José Lima,


compreender que a palavra proferida tem poder significa humanizar o
cristianismo. Na opinião de Lima, essa é uma interpretação incorreta da palavra
grega rhema (poder).

"Essa conduta segundo a qual a palavra humana altera realidades espirituais


nunca foi ensinada pelos patriarcas, pelos profetas, por Jesus e pelos apóstolos.
Isso é "doutrina" de homem! [...] Isso é tirado sabe de onde? Da filosofia! É, foi
Fridrich Nietzsche, em seu famoso e festejado livro 'Assim dizia Zaratustra',
quem exaltou como ninguém a super-capacidade do homem de resolver seus
próprios problemas. Essa filosofia é conhecida no mundo como 'O Mito do
Super-Homem' [...] Mas o homem não pode o que diz que pode. Jesus diz: 'Sem
mim nada podeis fazer' (Jo 15:5). A autoridade espiritual que opera nos cristãos
não é humana, mas divina, por meio de Cristo (MT 28:18-20). Paulo, que pediu
para os cristãos que o imitassem, porque ele imitava a Cristo, garante que a
nossa capacidade vem de Deus, em II Co 3:5. Segundo o evangelho de Cristo, as
profundas alterações na vida das pessoas não acontecem porque o homem tem
poder de mudar realidades através de 'atos proféticos', mas porque o nome de
Jesus é e tem poder", aponta José Lima.

Apóstola e líder do Ágape Reconciliação, ministério que trabalha com igrejas


nas áreas de cura interior e libertação, Neuza Itioka entende que a palavra
proferida pode ser profética, mas que é necessário avaliar se o que foi dito está
de acordo com a Bíblia: "Há muito abuso nisso, mas Deus vai falar no
momento".

Mesmo com o alerta, Neuza crê que a palavra pode efetivamente alterar
circunstâncias e manifestar o poder de Deus. "Por exemplo, está chovendo e
daqui a pouco a conferência vai começar. Como é que fica? E você sabe que
aqui no Brasil existe uma entidade espiritual que trabalha com vento e água,
chamada Iansã. Aí você vai dizer: 'Ah, Deus, se for da sua vontade você leva essa
água, tá?' Não. 'Senhor, em nome de Jesus, nós ordenamos agora, nós sabemos
que existe uma guerra espiritual, existem esses demônios que não querem que
o povo venha nessa conferência. Pedimos para que o senhor libere
verdadeiramente um tempo bom e leve essa chuva. Você, Iansã, que está por
trás dessa chuva, desse negócio aí, tire agora sua mão'".

Para o pastor e presidente da Editora Naós, Ubirajara Crespo, antes de proferir


palavras, é necessário estar com os "lábios purificados" para que haja
manifestação do poder de Deus, sem necessariamente realizar um ato profético
para fazer as declarações. "Quando os participantes desses atos proféticos usam
seus lábios para proferir bênçãos hoje e amanhã maldições, o ato fica
seriamente comprometido. De que adianta participar hoje de um ato profético,
se amanhã eu for insensível com minha esposa, depois de amanhã gritar com
meu empregado e na semana seguinte der uma fechada em alguém no
trânsito?", questiona Crespo.

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