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JARGÕES EVANGÉLICOS

Faz parte do trabalho da liderança cristã proteger o


rebanho do Senhor, quando este está praticando
ensinamentos que não são recomendados pela palavra de
Deus. Alguns desses procedimentos serão abordados
neste texto, com o objetivo de corrigir esses defeitos.

Nada pode substituir a pregação e a sedimentação do


evangelho na vida do cristão. Os consagrados são
chamados por Deus para liderarem a igreja, sendo que
uma das suas tarefas básicas é a proclamação e a defesa
do evangelho de Jesus Cristo contra as forças do mal (Fp
1:16). A palavra de Deus inspira os líderes cristãos a
combaterem o bom combate, até o último dia de suas vidas
ou até a segunda volta gloriosa de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo (II Tm 4:7-8). Isso quer dizer que
tudo que desvia a atenção dos crentes da cruz e do
senhorio de Cristo precisa ser combatido.

Muitos “chavões” ou “jargões” têm invadido as igrejas


evangélicas no Brasil. Frases como: “Eu te abençoo”, “Eu
profetizo”, “Toma posse da bênção”, "Eu determino", "Eu
declaro", entre outras, viraram formas arrogantes de os
crentes exercitarem sua fé ou de se dirigirem a Deus,
exigindo bênçãos imediatas. Preocupados com essa nova
linguagem e com essa nova postura, faremos uma rápida
análise do contexto evangélico atual, para que possamos
entender o porquê dessas invencionices, praticadas
durante as chamadas "ministrações", realizadas nos cultos.

1. Os Jargões e as Doutrinas Modernas

Muitos jargões surgiram como resultado de doutrinas


heréticas, como a crença em “maldição hereditária”, a
“confissão positiva”, a “incubação de bênçãos”, a “teologia
da prosperidade”, entre outros ensinamentos antibíblicos.
Essas falsas doutrinas são usadas pelo inimigo para
enganar e tirar dos cristãos a exclusividade da fé em Cristo,
que é suficiente para libertar, curar e proteger os servos de
Deus de toda força do mal. O desejo do inimigo é, também,
sustentar, na mente dos evangélicos, essas inovações
doutrinárias, contaminando-os com doutrinas de demônios.

1.1 Os jargões evangélicos e a confissão positiva


A chamada "confissão positiva" coloca o peso das
realizações espirituais "nas palavras pronunciadas e na
atitude mental da pessoa", de quem está ministrando,
desconsiderando a genuína fé em Deus (At 3:16; Hb 12:1-
2). Essa atitude louca é apoiada na falsa crença que diz:
“Há poder em suas palavras”, como se as palavras
humanas tivessem poder de criar, de intervir, de mudar
situações. A ênfase é posta no homem, e, raramente, o
ministrante cita o poder da Palavra ou o poder de Deus
(Rm 1:16-17). Há dezenas de livros ensinando os crentes a
agirem assim. A maioria dos fiéis não percebe que está
caminhando para o abismo espiritual, lugar daqueles que
se afastam das verdades bíblicas.
1.2 Os jargões evangélicos e a incubação de
bênçãos
A conhecida "Incubação de bênçãos" é um
desdobramento da crença na "confissão positiva". Consiste
no seguinte: O crente incauto é ensinado a "gerar uma
imagem mental", direcionada para o alvo que se pretende
alcançar; por exemplo: se o crente deseja um cano, deve
engravidá-lo mentalmente, para que Deus possa conceder-
lhe a graça. É ridículo, mas, infelizmente, centenas de
crentes deixam-se enganar. Essa atitude tem levado muitas
pessoas ao comodismo, à inércia espiritual e a uma atitude
preguiçosa, pois já não se esforçam para conseguir, com
trabalho duro e honesto, aquilo de que precisam. Pelo
contrário, ficam à espera do momento em que a bênção irá
“cair do céu”. Da crença na "incubação das bênçãos",
surgiu a arrogante frase: "Toma posse da bênção”. Isso
simplesmente não existe na palavra de Deus.

1.3 Os jargões evangélicos e a mania de querer


mandar em Deus

Jargões tais como: “Eu declaro”, “Eu ordeno”, “Eu


profetizo”, "Eu decreto", são pronunciados sem a menor
reflexão ou sentido de responsabilidade. Os crentes e,
infelizmente, muitos líderes, comportam-se como se
fossem Deus; colocam o "EU" na frente e soltam palavras
que não fazem parte das alianças divinas, das promessas
divinas, dos oráculos divinos, dos estatutos divinos, da
graça divina, da misericórdia divina, do amor divino. Falam
da forma como Deus não mandou falar, declaram o que
Deus não mandou declarar. “Eu declaro”, “Eu ordeno”, “Eu
profetizo”, "Eu decreto" são expressões despidas da
espiritualidade ensinada na palavra de Deus; são frases
que revelam a altivez do coração humano, são palavras
que, por não terem respaldo bíblico, não mudam situação
alguma.

Os cristãos precisam entender que não podem dar ordens


a Deus! É Deus quem determina; é Deus quem decreta; é
Deus quem declara; é Deus quem abençoa. E Deus; não
sou eu. Ele é tudo; eu sou nada! Eu sou servo; Deus é
Senhor! Ele é soberano; eu apenas obedeço à sua Palavra.
A Deus, toda a glória! Assim, não é a minha vontade que
deve prevalecer.
Jesus não só nos ensinou a orar:... seja feita a tua
vontade (Mt 6:9 e 10), como também pôs em prática o que
ensinou:... todavia, faça-se a tua vontade ... (Mt 26:42).
Pronunciar uma frase por deliberação própria e dar a
entender que está autorizado por Deus, sem, na verdade,
estar, é enganar o rebanho do Senhor. Deus não opera
onde há engano; não compactua com enganadores e não
terá por inocente aquele que tomar seu nome em vão (Êx
20:7).

1.4 Os jargões evangélicos e o egocentrismo

O que nos chama à atenção nessas manias, nessas


invencionices, é o seguinte: quanto mais elas se alastram,
mais o nome de Deus desaparece e o "EU" entra em cena.
E trágico: os cristãos vão se tomando embrutecidos,
achando que podem assumir o lugar do Altíssimo Deus. E
não é este o incansável desejo de satanás? Veja, leitor:
Cada vez mais os cristãos expressam o desejo de assumir
o lugar de Cristo: “Eu ordeno”, “Eu profetizo”, Eu te
abençoo”. E o "EU" como centro da fé; é o egocentrismo
religioso em marcha; é o endeusamento do egoísmo; é a
divinização do homem.

Os cristãos precisam entender que Jesus não permitiu


que o seu "EU" aparecesse. Quando alguém o chamou de
“bom Mestre”, ele desviou de si a atenção e disse:... bom
só há um, que é Deus ... (Mt 19:17). E preciso ter muito
cuidado com o egocentrismo religioso: o "EU" atrai para o
homem a glória que a Deus pertence, sendo o resultado de
tal atitude a morte eterna.

2. Reflexões Bíblicas Sobre Alguns Jargões

É necessário muita graça e sabedoria divina para


discernirmos o ensino que é de Deus e o ensino que é do
diabo. A ausência de estudos da palavra de Deus,
ministrados de forma sistemática, tem dado oportunidade
para a entrada de heresias, acompanhadas dos chavões
religiosos, nas igrejas. Por isso, somos convidados a
refletirmos sobre seguinte questão: A utilização dessas
estranhas expressões tem o apoio da Bíblia? Avaliemos
algumas delas:

2.1 "Eu te abençoo”


A luz da Bíblia, não é correto usar essa frase, visto
que o poder que promove a benção não é do homem, mas
de Deus. O homem é apenas um canal, um instrumento
que está autorizado somente a ser bênção, não a
abençoar. Os servos de Deus, em nome do Senhor Jesus,
são bênção para as pessoas. A Bíblia diz: ... estes sinais
seguirão aos que crerem: em meu nome ... (Mc 16:17).
Todas as bênçãos divinas são derramadas através dos
servos, em nome de Jesus.
Em lugar de "Eu te abençoo", o cristão deve dizer “O
Senhor te abençoe”, conforme o ensino bíblico: Fala a
Arão, e a seus filhos, dizendo: Assim abençoareis os filhos
de Israel; dir-lhes-eis: O Senhor te abençoe e te guarde.
(Nm 6:23 e 24). O nome do Senhor precisa ser invocado e
não o "EU". O "EU" é carne; o "EU" é pecador; o "EU" é
corrompido; o "EU" não é divino; é humano.
Vejamos o complemento da palavra de Deus: Assim
porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os
abençoarei. (Nm 6:27). Vejamos também quem pode
ordenar a bênção:... porque ali o Senhor ordena a bênção
e a vida para sempre (SI 133:3);... então eu mandarei a
minha bênção sobre vós ... (Lv 25:21);... o Senhor mandará
que a bênção esteja contigo ... (Dt 28:8);... Eu o abençoarei
(...) abençoarei os que o abençoarem ... (Gn 12:2-3). Será
que Deus mudou? Não encontramos, nem no Antigo nem
no Novo Testamentos, alguém fazendo uso do “EU te
abençoo”. Se esse ensino esquisito não vem da Bíblia, de
onde vem?
2.2 “ Eu profetizo”
O ministério profético cessou. Todos os profetas de
Deus foram rejeitados e mortos (Mt 23:37). Segundo a
palavra de Deus, o que existe hoje, na igreja do Senhor, é
o "Dom da Profecia". Profecia, então, é um "Dom espiritual"
(I Co 12:10), útil para que Deus fale de maneira
sobrenatural às pessoas, assim como, pela "variedade de
línguas", se fala sobrenaturalmente a Deus. O "Dom
espiritual" é uma capacidade sobrenatural que atua nos
filhos de Deus, quando Deus quer, e para o que ele achar
proveitoso (I Co 12:11). Por isso, o uso da frase “Eu
profetizo” é totalmente incorreto.

A Bíblia ensina que a profecia não depende do "EU"


querer: ... porque a profecia nunca foi produzida por
vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus
falaram inspirado pelo Espírito Santo. (II Pe 1:21). É bom
observarmos que os homens santos de Deus também não
usaram essa frase; ao contrário, quando profetizaram,
disseram: Assim veio a mim a palavra do Senhor ... (Jr 1:4);
Assim diz o Senhor ... (Jr 2:5; Is 56:1; 66:1); Ouvi a palavra
do Senhor ... (Jr 2:4); E veio a mim a palavra do Senhor (...)
disse o Espírito Santo ... (At 13:2);... Isto diz o Espírito
Santo ... (At 21:11); Mas o Espírito expressamente diz ... (I
Tm 4:1). Em todos os casos, não aparece o "EU", aparece
a pessoa divina.

Pense bem: Como é que eu e você vamos profetizar


bênçãos, sem que Deus tenha nos autorizado, em sua
palavra, a Bíblia Sagrada? Como é que eu e você vamos
profetizar, se, em nós mesmos, não há bênçãos para
oferecermos, visto que a Palavra afirma que, em nossa
natureza, não habita bem algum? Como é que eu e você
vamos profetizar bênçãos em nosso nome, se a Bíblia
afirma que toda boa dádiva, todo dom perfeito vem do alto,
do Pai das luzes, em quem não há mudança e nem sombra
de variação?
Essa arrogância do "Eu te abençoo" deriva da falsa
crença na "confissão positiva", que leva as pessoas a
crerem em que há poder nas suas próprias palavras. Daí
acharem que podem profetizar bênçãos a qualquer
momento e a qualquer pessoa. A Bíblia condena essa falsa
crença, pois somente Deus tem poder para abençoar.

Além de tudo isso, é estranho o fato de que as


pessoas que vivem dizendo: "Eu profetizo" só "profetizem"
bênçãos e mais bênçãos, sendo que, nas profecias
bíblicas, o Espírito Santo inspirava os profetas a
anunciarem bênçãos, castigos, catástrofes, juízos aos
desobedientes à palavra de Deus, repreensão, etc. Não é
estranho, hoje, as pessoas "profetizarem" somente
bênçãos? Se Deus não muda, de onde está vindo a
inspiração para essa gente "profetizar"?

Outro fator a pensar é este: As pessoas que


profetizam bênçãos não esclarecem que tipos de bênçãos.
As profecias bíblicas sempre especificaram que tipo de
bênção ou de juízo sobreviria ao povo. Mas, hoje, é só isto:
"Eu te abençoo". E um procedimento totalmente fora da
palavra de Deus.
2.3 “Tomar posse da bênção”

Não encontramos o uso dessa expressão no Antigo e


nem no Novo Testamentos. É um jargão de uso frequente
nas igrejas cujas reuniões têm como tema e propósito
principal pregar e receber a prosperidade material, que eles
reduzem a bênçãos. Os seus líderes não se preocupam
com nutrir o rebanho com as verdades da palavra de Deus,
que conduzem à salvação em Cristo Jesus (II Tm 3:14 e
15).
Essa frase surgiu para fortalecer a doutrina da
"incubação de bênçãos". Como já vimos, neste texto,
primeiramente a pessoa tem a “visualização positiva” da
bênção desejada, isto é, concebe, em sua mente, o que ela
quer receber, e, em seguida, é motivada a “tomar posse
bênção”.

A "incubação de bênçãos", a "visualização positiva" e


o uso do termo “tomar posse da bênção” são atitudes que
substituem a fé operante e a atuação divina, levando as
pessoas a crerem em que tudo depende da força da mente
e das palavras de poder pronunciadas por elas.

Comparando isso com o procedimento de Jesus e dos


apóstolos, afirmamos que é errado usar o termo "Toma
posse da bênção" como meio de termos as bênçãos
divinas concretizadas em nossa vida. Os discípulos de
Jesus nunca cometeram esse tipo de equívoco, pois, em
lugar de dizerem: "Toma posse da bênção”, eles disseram:
... se tu podes crer; tudo é possível ao que crê (Mc 9:23);...
Tende fé em Deus ... (Mc 11:22),... grande é a tua fé!... (Mt
9:28) ... Seja-vos feito segundo a vossa fé (Mt 9:23); Em
nome de Cristo, o nazareno, levanta-te e anda ... (At 3:6).
Assim, em vez de as bênçãos serem direcionadas para o
homem, a palavra de Deus ensina as pessoas a
direcionarem suas esperanças para Deus, através da fé.

CONCLUSÃO

Doutrinas heréticas têm ocupado a mente e o tempo


de muitos crentes. Elas não conduzem as pessoas a
confiarem no sacrifício do Calvário, na cruz do Senhor, no
sangue de Jesus, que nos purifica de todo o pecado, mas
levam as pessoas a se envolverem com várias práticas
estranhas à Palavra inspirada pelo Espírito Santo. Essas
heresias são caracterizadas, na Bíblia, como o “outro
evangelho” (G11:8), chamado, pelo apóstolo Paulo, de
anátema ou maldito.
Conhecendo a origem de algumas doutrinas, como,
por que e para que sugiram, e somando isso aos
esclarecimentos feitos à luz da palavra de Deus, você deve
pedir a Deus graça e sabedoria, para ensinar à igreja o
caminho da luz e para conduzir os filhos de Deus dentro
dos propósitos do evangelho da graça divina, para que não
se percam, mas tenham a vida eterna.

PR NATANAEL RINALDI

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