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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

LABORATÓRIO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA QUÍMICA 1
Vol. 3, pp. 1-4

CALOR DE MISTURA
INTRODUÇÃO

OBJETIVOS

Determinar os calores integral e diferencial da mistura entre o clorofórmio e a acetona.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Quando dois compostos são misturados, se não há reação química entre eles, a
variação da entalpia durante o processo é denominada calor de mistura. Esse calor depende da
natureza e da concentração das substâncias misturadas.
Neste experimento, é necessário distinguir os termos: calor diferencial e calor integral
de mistura ou de solução. O calor integral de solução, ∆H, é o calor absorvido ou liberado
quando se prepara, por mistura de dois componentes puros, uma solução de concentração c.
Enquanto que o calor diferencial de solução, ∆h, é o calor liberado, ou absorvido, quando 1
mol de soluto é dissolvido numa quantidade infinita de solução de concentração c, tal que esta
concentração não varie apreciavelmente a pressão e temperatura constantes. Esses dois termos
estão relacionados segundo a equação:

∆h2 = ∆H - x1 . (d(∆H)/ dx1) (3.1)

em que x1 é a fração molar do soluto e x2 a fração do solvente. Portanto, conhecendo-se o


valor de ∆H em função da concentração pode-se calcular ∆h2, a uma dada concentração.
Num sistema binário, o gráfico ∆H = f(X) pode apresentar um máximo, e isto
geralmente significa que há uma forte associação dos dois componentes da mistura. A
proporção molar dos componentes desta associação é dada pela concentração na qual este
máximo ocorre.
Neste experimento, ao misturar a acetona e o clorofórmio haverá uma liberação de
calor (mistura exotérmica) que não é dada somente pelos efeitos da diluição, mas também
pelo calor envolvido na formação de ligações de hidrogênio entre a acetona e o clorofórmio,
tal que:

(CH3)2 C=O + HCCl3  (CH3)2 C=O ... HCCl3

Tal fenômeno pode ser comprovado dissolvendo-se a acetona em um solvente


“inerte”, tal como o tetracloreto de carbono, e repetindo-se o processo de mistura com o
clorofórmio ou, ainda, estudando a variação ∆h em função da fração molar de um dos
compostos.
Calor de Mistura 2

EXPERIMENTAL

A) Material

1 frasco de Dewar de 500 mL, 18 erlenmeyers de 250 mL arrolhados, banho termostático, 1


termômetro ± 0,1°C, tubo especial da Figura 3.1 de 200 mL, 2 litros de clorofórmio, 2 litros
de acetona, silicone ou graxa e 1 agitador de vidro.

B) Procedimento

1ª Parte: Monte o calorímetro como mostra a Figura 3.1 e determine a capacidade calorífica
como foi explicado no experimento 1.
Para estudar a variação da entalpia em função da concentração das substâncias a serem
misturadas, proceda da seguinte maneira: calcule inicialmente a massa do clorofórmio e da
acetona necessária para obter nove misturas que cubram o intervalo da fração molar, XA, de
0,1 a 0,9 de acetona, de tal modo que a massa total de cada mistura (acetona-clorofórmio) seja
de 400g. A massa de acetona é dada por:

mA = 189,4 . XA / (1 – 0,527. XA) (3.2)

Transforme as massas calculadas em volumes, sabendo que a densidade do


clorofórmio e da acetona, a 20°C, é 1,483 e 0,790 g.ml -1, respectivamente.
Meça cuidadosamente os volumes calculados e coloque-os separadamente nos 18
erlenmeyers de 250 mL, previamente numerados. Arrolhe-os bem, para que não haja perda de
massa.
Monte o calorímetro apresentado na Figura 3.1. Feche o orifício inferior do tubo A
com silicone ou parafina (utilizando-se parafina, deve-se colocar um bastão de vidro para
empurrá-la, não sendo necessário soprar).
Transfira uma das amostras da acetona para o copo do calorímetro. Acione levemente
o agitador. Coloque no tubo A, a amostra de clorofórmio correspondente à amostra de
acetona. Espere atingir o equilíbrio térmico. Anote a temperatura. Sopre levemente em A com
ar comprimido à temperatura do equilíbrio de modo que o tampão de silicone abra e permita
que a mistura seja efetuada. Anote a temperatura a cada 10 segundos, até que seja atingido um
máximo e se mantenha constante por cinco leituras, como foi descrito no Experimento 1.
Limpe o calorímetro e repita todo o processo com as outras amostras.

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Calor de Mistura 3

Fig.3.1 – Calorímetro montado para determinar o calor da mistura de uma solução.

2ª Parte: Determine os calores integrais da mistura clorofórmio-tetracloreto de carbono, na


proporção molar de 1:1, e de acetona-tetracloreto de carbono 1:1, utilizando a mesma técnica
acima.

C) Tratamento dos dados experimentais

Faça os gráficos da temperatura em função do tempo, para cada caso, e determine o


valor de ∆T, como no experimento 1. Calcule o calor integral da mistura por mol de solução
utilizando a Equação 2.4, supondo que os calores específicos são aditivos para as misturas e
sabendo que os calores específicos da acetona e do clorofórmio são, respectivamente: 0,53;
0,24 cal/g.K.
Faça o gráfico ∆H = f(xacetona), desenhe as tangentes e obtenha o valor de d(∆H)/dx1
usando a Equação 3.1. Calcule o valor de ∆h2. Tire as conclusões a respeito das ligações de
hidrogênio e dos efeitos de diluição ocorridos durante o experimento.
OBS: Como seria gasto muito reagente para calcular a capacidade calorífica do
calorímetro para cada mistura, a mesma será aproximada por :
C = x A C PA + x B C PB (cal / mol.K )
ouC = w A C PA + wB C PB (cal / g .K )

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Calor de Mistura 4

D) Questões
1. Substituindo os reagentes pela água e o dimetilsulfóxido, água e dimetilformamida, água e
acetona, água e dioxano, em quais casos existiria a formação do composto de adição?
2. Que conclusões pode-se tirar comparando as misturas clorofórmio-tetracloreto de carbono,
acetona-clorofórmio e acetona–tetracloreto de carbono na proporção molar 1:1?
3. Compare os valores obtidos no gráfico ∆h = f(X) e os valores obtidos nas misturas acima.
Que conclusões pode-se tirar?
4. Quais os possíveis erros do experimento?
5. Como se poderia provar se o solvente tem influência ou não nos calores da mistura?
6. Os calores de mistura seriam idênticos aos calores de dissociação em casos como a
dissolução do KNO3 em água?

REFERÊNCIAS

1. B. Zaslov, J.Chem. Ed., 37,578 (1960).

Laboratório de Engenharia Química, Vol 3, pp 1-4

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