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Os receptores do equilíbrio O equilíbrio depende do sistema nervoso central, que

necessita receber informações precisas sobre a posição de cada membro do corpo do


animal e essas informações são recebidas de um lado por receptores sensitivos que
se localizam na pele e nas articulações e proporcionam ao encéfalo através dos
nervos existentes as informações referentes ao corpo no espaço e a posição relativa
de todas as partes do corpo. Do outro lado a visão serve para dar uma ideia mais
ampla da situação geral e de obstáculos de grande importância. Por último, entra
então o aparelho vestibular do ouvido interno para informar a posição e os movimentos
da cabeça. Toda a informação chega de forma constante ao encéfalo, principalmente
aos centros nervosos que se encontram no tronco cerebral e no cerebelo, onde o que
chega é analisado automaticamente para que consequentemente sejam delimitadas
ordens para os diversos músculos corporais informando-os se devem relaxar ou
contrair variando conforme as circunstancias.
No aparelho vestibular do ouvido interno encontra-se uma série de estruturas
ricas em células sensoriais especializadas que trabalham em conjunto na detecção
constante da posição da cabeça em estado de repouso e os movimentos que realiza.
As células sensoriais, distinguem--se em dois pólos: o superficial, provido de cílios,
espécie de pelos reduzidos que estão cobertos por uma massa gelatinosa imersa em
endolinfa; no outro polo, correspondente a base, surge um fino prolongamento que
passa a constituir uma fibra do nervo vestibular, que juntamente com o nervo coclear,
forma o nervo estato-acústico que leva a informação sobre o equilíbrio e audição ao
encéfalo. Para compreender a atividade do aparelho vestibular, convém diferenciar a
função dos sacos membranosos denominados de utrículo e sáculo, e dos canais
semicirculares.
Nos sacos membranosos existe uma espécie de bolsas membranosas cheias de
liquido endolifático, onde encontram-se grande maculas otolíticas que contêm células
sensoriais especificas. Estas células sensoriais possuem na sua face superficial cílios
reduzidos que contém cristais de carbonato de cálcio. O peso destes grânulos curva
os cílios das células sensoriais e, dependendo do grau de distorção, gera os estímulos
nervosos que, através dos nervos vestibular e auditivo, informam o encéfalo sobre a
posição da cabeça no espaço, mesmo com os olhos fechados.
Os canais semicirculares nascem e desembocam no utrículo, e possuem forma
de arco. Cada canal situa-se num extremo de uma pequena dilatação (ampola) onde
existe uma crista ampolar que contém as células sensoriais. Os cílios superficiais
dessas células estão englobados em uma massa gelatinosa e que com os movimentos
da cabeça, se desloca pela endolinfa. Desta forma, ao ser realizado um movimento
com a cabeça as células sensoriais geram estímulos nervosos e enviam a informação
ao encéfalo.
O órgão vestibular responsável pelo equilíbrio corporal possui 2 tipos de
receptores sensoriais: a crista ampular (localizada nas ampolas dos canais
semicirculares) e a mácula (localizada no utrículo e no sáculo). Esses são
encarregados de identificar a orientação espacial da cabeça por meio da ação de
células receptoras sensoriais ou células pilosas sensoriais que apresentam em sua
superfície apical estruturas denominadas de cinocílio e estereocílios.
Na crista ampular origina-se uma estrutura gelatinosa denominada cúpula que
engloba os estereocílios. Durante a realização de movimentos rotacionais da cabeça a
aceleração angular é gerada e consequentemente a movimentação da endolinfa
dentro dos canais semicirculares, com o deslocamento da endolinfa os estereocílios
das células receptoras sensoriais são inclinados. Assim as fibras do nervo vestibular
têm sua taxa de despolarização alterada ocasionando sinapses entre as células
sensoriais.
Na mácula o cinocílio e os estereocílios projetam-se para dentro da membrana
estatoconial (otólito) a qual é composta por cristais pesados de carbonato de cálcio
conhecidos como estatocônios que funcionam como um tipo de massa inercial no
receptor. Assim quando polarizados os cinocílios da mácula orientam-se de diferentes
maneiras: no mesmo sentido ou em sentido contrário a estríola (estrutura divisória que
se estende ao longo da mácula).
As células sensoriais possuem canais de potássio regulados pelas partes apicais
dos estereocílios. A inclinação dos estereocílios em direção ao cinocílio promove a
abertura desses canais de K+, permitindo sua entrada dentro da célula e
despolarizando sua membrana celular. Consequentemente, abrem-se canais de íon
cálcio dependentes de voltagem, que estão presentes na base das células sensoriais,
dando início ao processo de influxo destes cátions. Assim, o aumento do íon cálcio no
interior da célula proporciona a liberação do neurotransmissor na fenda sináptica.
A área do córtex motor é responsável pelo processamento cognitivo e está
envolvida com o equilíbrio, a percepção de intenção e atenção é base para esse
estado, até mesmo quando o corpo se encontra parado, quanto mais dificuldade para
manter a postura se ver necessário mais concentração. O sistema nervoso central
controla qual capacidade cognitiva mais adequada para determinada ação para
manter o equilíbrio. O labirinto informa ao corpo a relação de espaço e movimento os
receptores sensíveis do sistema locomotor informa qual parte está em movimento, os
olhos informam o posicionamento e todas essas informações vão em direção ao
sistema nervoso central. A inclinação da cabeça faz os otólitos serem tracionados pela
gravidade causando abertura dos canais de potássio gerando uma despolarização
liberando o neurotransmissor, no equilíbrio dinâmico quando a cabeça começa a girar
ocorre o deslocamento da endolinfa gerando deformação na cúpula e desdobramento
das células ciliadas causando o potencial de ação essas respostas são levadas para o
gânglio vestibular, essas informações são levadas para os núcleos dos nervos
cranianos             

Então, o equilíbrio só depende da audição?

Não. O equilíbrio depende de uma estrutura complexa e interligada de, pelo


menos, quatro regiões do corpo: audição, visão, pele e músculos.
No sistema auditivo, o labirinto fica responsável por comunicar o cérebro sobre a
movimentação do corpo. A visão situa a posição do corpo no espaço ao redor. A pele
indica a região do corpo que entrou em contato com outra superfície. Os músculos e
as articulações são responsáveis pelo funcionamento motor dos movimentos do corpo.
Doença Vestibular Geriátrica Idiopática em Cão – Relato de caso
A síndrome vestibular canina pode ser causada por uma série de motivos que
variam de acordo com a origem da doença. Quando se trata da síndrome
vestibular periférica, por exemplo, otite, traumas na orelha interna, hipotireoidismo,
tumor nas orelhas ou nervo vestibular são os as causas mais comuns. A doença
vestibular idiopática é de início agudo a hiperagudo, na maioria das vezes atingindo o
auge em menos de 24 horas, promovendo inclinação da cabeça, desequilíbrio e
nistagmo sem causa conhecida, sendo mais comum em cães geriátricos e gatos
jovens. Não há predileção sexual nas duas espécies. Uma concepção errada em cães
geriátricos é afirmar que o animal sofreu acidente vascular cerebral quando apresenta
grave desequilíbrio, sem conseguir ficar em pé ou deambular por vários dias. Devido a
isso, frequentemente cães com síndrome vestibular idiopática geriátrica são
sacrificados por serem erroneamente diagnosticados.
Em caso de síndrome vestibular idiopática, o prognóstico quanto à recuperação é
excelente. A melhora começa em 72 horas e a maior parte dos animais retorna ao
normal em 1 a 3 semanas. Alguns animais podem manter a inclinação da cabeça
permanente. Em casos com envolvimento de nervo, a recuperação é frequentemente
prolongada e incompleta, mas pode resultar em perda auditiva permanente. A
recorrência é possível, porém rara.
SISTEMA PARA AVALIAÇÃO DO CONTROLE DE EQUILÍBRIO EM POMBOS
(Columba livia) APÓS LABIRINTECTOMIA UNILATERAL.
Nas atividades da vida diária ou nos envolvermos em diferentes ações
recreativas e esportivas depende da nossa habilidade em controlar as dimensões
múltiplas de postura, balanço e locomoção. A postura ou controle de equilíbrio é
considerado a principal função para as habilidades ou movimentos voluntários, porque
quase todo movimento que um indivíduo faz é feito de componentes posturais que
estabilizam o corpo. O controle postural ou controle de equilíbrio depende de como as
posições das partes do corpo variam no tempo e como são controladas. Os
componentes neurais para o controle postural são: processamento sensorial (visual,
vestibular e somatosensorial), processamento central (processo integrativo de alto
nível) e componentes efetores (componentes neuromusculares, alinhamento postural,
amplitude de movimento, força muscular, potência e resistência muscular). Ao longo
dos últimos anos, mecanismos de controle postural têm sido investigados com o
auxílio de modelos animais de diferentes complexidades [2, 3, 4, 5, 6]. O bipedismo é
característica de poucos animais sejam mamíferos ou aves. O Pombo da espécie
Columba Livia, por ser um animal bípede de mesmo habitat que o homem, por possuir
características semelhantes de comportamento como o comportamento materno,
assim como estruturais, como a semelhança na predominância dos núcleos
vestibulares presentes em uma área grande do tronco encefálico do animal, tornando-
o um ótimo exemplar para se utilizar em um estudo sobre o equilíbrio [7, 8, 9].
Foram utilizados 30 pombos (Columba livia) adultos, de ambos os sexos, os
quais foram distribuídos em 5 grupos após cirurgia (labirintectomia). É uma terapia
aceita para casos refratários (que não melhoraram com outras alternativas) das
doenças do labirinto). Cada um dos animais a serem utilizados no estudo foram
colocados diariamente na caixa de teste, para que ficassem familiarizados com o
ambiente de medida. Essa familiarização foi feita por um período de 15 minutos num
total de cinco dias, sendo que os animais nunca haviam sido expostos a uma situação
de equilíbrio em poleiro previamente A análise preliminar dos dados de marcadores
neuroquímicos presentes nos núcleos vestibulares mostrou que ao longo de 4
semanas após labirintectomia a esquerda, os pombos com menor tempo após a
cirurgia apresentaram uma redução da expressão de indicadores coincidindo com
variação maior em relação ao deslocamento angular no poleiro móvel e um maior
tempo para alcançar a estabilização (equilíbrio).
Referencia
1. Fisiologia do equilíbrio. Medipedia, 2012. Disponível em:
https://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=541 . Acesso
em: 4 de julho de 2022.
2. SPENCE, Alexander P. Anatomia humana básica. 2. ed. São Paulo: Manole,
1991
3. MEDIPÉDIA. Fisiologia do equilíbrio. Disponível em:
https://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=541. Acesso
em: 03 jul. 2022.
4. BORGES, A.S.; NICOLETT, A.T.; BANDARRA, Ê.P.; ANGELI, A.L. 2003.
Doença vestibular periférica decorrente de osteoartropatia temporária em um
eqüino. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.3, p.579-582.
5. CHRISTIMAN, C.; MARIANI, C.; PLATT, S.; CLEMMONS, R. 2005. Inclinação
da cabeça, desequilíbrio e nistágmo. Neurologia para o Clínico de Pequenos
Animais. São Paulo: Roca. p.121-136.
6. TAYLOR, S. M.; 2006. Inclinação da cabeça. In: NELSON, R. W.; COUTO, G.
C. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: Elsevier, p.969-973.
7. FENNER, W.R. 2004. Doenças do cérebro. In: ETTINGRE, S.J.; FELDMAN,
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8. [1] Rothwell JC. Control of Human Voluntary Movement. Chapman and Hall;
2nd edition (1993), London, UK. [2] Beloozerova IN, Sirota MG, Orlovsky GN,
and Deliagina TG. Activity of pyramidal tract neurons in the cat during postural
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recovery of postural control in rabbits with spinal cord lesions. J Neurophysiol
2005; 94: 3677-90. [4] Muir GD, Chu TK. Posthatching locomotor experience
alters locomotor development in chicks. J Neurophysiol. 2002; 88(1):117-23. [5]
Muir GD, Gowri KS. Role of motor and visual experience during development of
bipedal locomotion in chicks. J Neurophysiol. 2005; 94(6):3691-7. [6] Schepens
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innervation patterns of the saccule in pigeons. J Neurophysiol 2003; 89: 534-50.
[9] Necker R, Janssen A, Beissenhirtz T. Behavioral evidence of the role of
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