Você está na página 1de 59

ÍNDICE

9.1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................3


9.2. JUSTIFICATIVAS .......................................................................................................................4
9.3. OBJETIVOS ..............................................................................................................................5
9.4. METAS ....................................................................................................................................6
9.5. INDICADORES AMBIENTAIS .....................................................................................................6
9.6. PÚBLICO-ALVO ........................................................................................................................6
9.7. ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS .........................................................................................7
9.7.1. Seleção de Áreas a serem Recuperadas ..........................................................................7
9.7.2. Reconformação do Terreno e Práticas a serem Adotadas ...............................................7
9.7.3. Implantação de Sistemas de Drenagem ........................................................................13
9.7.4. Estocagem de Camada Superficial dos Solos e Disposição nas Áreas Degradadas .......13
9.7.5. Recuperação de Áreas de Acesso ..................................................................................15
9.7.6. Recuperação de Áreas de Intervenção dentro e Fora da Área de Domínio, Áreas de
Empréstimo e Canteiros de Obras .............................................................................................16
9.7.7. Revestimento Vegetal e Reabilitação da Faixa de Domínio ...........................................17
9.7.8. Áreas Destinadas à Compensação de Áreas de Preservação Permanente – APP e
Reposição Florestal Obrigatória. .............................................................................................18
9.8. METODOLOGIA...................................................................................................................... 18
9.8.1. Medidas Gerais de Recuperação das Áreas Impactadas ................................................18
9.8.2. Medidas Gerais de Revegetação das Áreas Degradadas ...............................................20
9.8.3. Métodos de Plantio ........................................................................................................21
9.8.4. Características das Espécies a serem Utilizadas para Revegetação ..............................26
9.9. INTER-RELAÇÃO COM OUTROS PROGRAMAS AMBIENTAIS DO EMPREENDIMENTO ................. 29
9.10. ATENDIMENTO A REQUISITOS LEGAIS E NORMAS TÉCNICAS ............................................... 29
9.11. CRONOGRAMA FÍSICO DE IMPLANTAÇÃO ............................................................................ 33
9.12. RESPONSÁVEIS PELA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA ...................................................... 35
9.13. EQUIPE RESPONSÁVEL PELA REVISÃO DO PROGRAMA ........................................................ 35
9.14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 38
9.15. ANEXOS ............................................................................................................................. 38

1
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
APRESENTAÇÃO

Este documento constitui-se na versão reformulada do Programa de Recuperação de


Áreas Degradadas, item 09 do Projeto Básico Ambiental – PBA do Ramal do Agreste,
Trecho VII do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do
Nordeste Setentrional – PISF, contendo as principais diretrizes e ações a serem
desenvolvidas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional – MDR (antigo Ministério da
Integração Nacional – MI), para a recomposição e recuperação das áreas que sofrerem
qualquer tipo de interferência em suas características ambientais, em virtude do
processo construtivo do Ramal do Agreste, objetivando-se restaurá-las ao mais próximo
possível de sua condição natural.

As áreas contempladas neste Programa tratam-se especialmente daquelas situadas na


faixa de domínio do Ramal do Agreste (propriedade da União) e entorno imediato dos
locais onde serão instalados canteiros de obras, bem como onde ocorrerão intervenções
fora da faixa de domínio, além das áreas de Compensação Ambiental das Áreas de
Preservação Permanente (APPs) e à Reposição Florestal obrigatória, decorrentes das
atividades de supressão de vegetação para implantação do empreendimento. As áreas
degradadas a serem recuperadas serão mapeadas e apresentadas à Agência Estadual de
Meio Ambiente – CPRH/PE em um Plano de Recuperação de Áreas Degradas – PRAD, o qual
norteará o cumprimento das diretrizes deste Programa, contendo informações,
diagnóstico ambiental, levantamentos e estudos que permitirão avaliar o grau de
degradação ou alteração das áreas, decorrente das atividades construtivas do Ramal do
Agreste, e a consequente definição das medidas de recuperação adaptadas ao contexto
do bioma Caatinga, que serão desenvolvidas pelo empreendedor e parceiros
intervenientes.

O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD deverá ser elaborado e apresentado


à CPRH, em conformidade com as diretrizes deste programa ambiental, sob a
responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional – MDR, contemplando o
conjunto de serviços e atividades a serem executados de acordo com as especificidades
exigidas para recomposição e recuperação das áreas, bem como para reposição florestal
e compensação ambiental das APPs, a serem suprimidas para implantação das estruturas
do Ramal do Agreste.

Vale ressaltar que o PRAD será baseado na metodologia e técnicas de recuperação


desenvolvidas pela equipe técnica do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental da
Universidade Federal do Vale São Francisco (NEMA/UNIVASF), as quais encontram-se
delineadas na Nota Técnica nº 01/2019 – NEMA/PRAD-RA/UNIVASF (Anexo I).

2
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
9.1. INTRODUÇÃO

A recuperação de áreas degradadas em decorrência dos processos construtivos do


Projeto Ramal do Agreste é obrigatória ao empreendedor, e tem por objetivo possibilitar o
restabelecimento ambiental das áreas onde houverem intervenções construtivas, nas
quais não está previsto o estabelecimento de estruturas definitivas, bem como evitar o
agravamento de processos erosivos e o comprometimento das áreas situadas na faixa de
domínio, face à ausência de vegetação ao longo dos canais e áreas no entorno dos dois
reservatórios artificiais a serem implantados.

Este Programa de Recuperação de Áreas Degradadas ora proposto prevê a


implementação de técnicas de nucleação (vide Anexo I: Nota Técnica nº 01/2019 –
NEMA/PRAD-RA/UNIVASF) como metodologia exclusiva e complementar à semeadura
direta para a recuperação ambiental das áreas a serem alteradas pelas obras do Ramal
do Agreste.

No Brasil, o reflorestamento heterogêneo em área total, através do plantio de mudas de


espécies arbóreas, tem sido a principal técnica de restauração utilizada, a qual, quando
fundamentada em critérios ecológicos resultam em comunidades florestais com grande
diversidade ecológica (Martins et al., 2012). O reflorestamento heterogêneo é indicado
para áreas em que a resiliência foi perdida, considerando-se ainda algumas variáveis
ambientais. Contudo, para as áreas degradadas em decorrência das obras de
implantação do Ramal do Agreste, tais como: jazidas, canteiros de obras, áreas com
vegetação suprimida onde foram adotadas técnicas de reserva da camada orgânica do
solo e resgate de germoplasma, bem como as áreas indicadas para Compensação
Ambiental de APPs e Reposição Florestal obrigatória, as técnicas de nucleação podem
apresentar melhores resultados como metodologia exclusiva e complementar à
semeadura direta, as quais propiciam o aumento da biodiversidade dos remanescentes
florestais, visto que estas técnicas aplicadas facilitam a sucessão de espécies ou em
grupos, através do estabelecimento natural ou antrópico. Segundo Yarranton; Morrison,
1974, no Processo de Nucleação com um ou poucos indivíduos considerados como
núcleos de uma comunidade pioneira em expansão, torna-se possível colonizar uma
determinada área sem cobertura vegetal.

As áreas destinadas à Compensação Ambiental de Áreas de Preservação Permanente


(APPs), em decorrência da necessidade de supressão da vegetação nativa, bem como à
Reposição Florestal obrigatória do volume de matéria prima extraída durante as
atividades de supressão vegetal em áreas situadas fora de APPs, cumprem as normativas
estabelecidas pela Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, Resolução CONAMA nº
369, de 28 de março de 2006, Lei Estadual nº 11.206, de 31 de março de 1995 (Política
Florestal do Estado de Pernambuco) e Instrução Normativa CPRH nº 07/2006, que

3
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
disciplina os procedimentos referentes à aprovação da localização da Reserva Legal em
propriedades e posses rurais; à autorização para supressão de vegetação e intervenção
em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e à autorização para o desenvolvimento de
atividades florestais no Estado de Pernambuco.

Na sequência deste Programa de Recuperação de Áreas Degradadas, item 09 do Projeto


Básico Ambiental - PBA do Ramal do Agreste, expõe-se a seguir as principais diretrizes e
sequências de atividades a serem adotadas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional
– MDR, para recomposição, compensação e recuperação das áreas degradadas nas obras
de implantação do Ramal do Agreste.

9.2. JUSTIFICATIVAS

Para a implantação das estruturas de canais artificiais, túneis, aquedutos/sifões,


tubulações, estruturas de controle, tomadas de uso difuso, estação de bombeamento,
aquedutos, adutora, reservatórios, canteiros de obra e jazidas que compõem o Projeto do
Ramal do Agreste Pernambucano, torna-se necessário o desenvolvimento de um conjunto
de atividades construtivas, as quais dependendo da natureza do terreno, podem causar
impactos variáveis ao meio ambiente.

Uma das principais preocupações de ordem ambiental em obras civis lineares é o


controle de erosões e a geração de sedimentos, oriundos das escavações e
movimentações de solo, bem como a recuperação das áreas alteradas ao longo de todo o
traçado do empreendimento. O Programa de Recuperação de Áreas Degradadas, em
inter-relação com as diretrizes do Programa Ambiental para a Construção – PAC, item 04
do PBA do Ramal do Agreste, visa ordenar os procedimentos que serão adotados pelo
empreendedor para devolver às áreas que sofrerem interferências na implantação do
empreendimento, as suas características ambientais, o mais próximo possível daquelas
existentes antes do empreendimento anteriormente.

Assim sendo, com o avanço da obra do Ramal do Agreste, à medida que forem concluídos
trechos específicos, deverão ser executados serviços e atividades afins com vistas à
desativação das estruturas de apoio às obras naquele trecho, com início das atividades
de recuperação ambiental das áreas impactadas pela obra ou destinadas à Compensação
de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reposição Florestal obrigatória.

Nesse sentido, faz-se necessária a elaboração, aprovação junto à CPRH/PE e posterior


execução de um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD).

4
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
9.3. OBJETIVOS

Este Programa tem como objetivo principal a promoção da recuperação das áreas
degradadas, em decorrência das obras de implantação do Ramal do Agreste, utilizando-
se metodologias apropriadas ao bioma Caatinga, utilizadas em pesquisas recentes e
validadas em empreendimentos similares, com vistas à recomposição da paisagem
original, tanto quanto possível, reintegrando as áreas recuperadas à paisagem local e
contribuindo para melhoria da qualidade ambiental existente.

Destacam-se, também, como objetivos específicos deste Programa:

 Caracterizar as áreas degradadas em decorrência das obras de implantação do


empreendimento;

 Proceder à recuperação das áreas cadastradas no âmbito do Programa,


utilizando prioritariamente espécies nativas do bioma Caatinga;

 Recuperar margens de rios e córregos afetados pelas obras;

 Contribuir para a redução da carga sólida carreada pelas chuvas para os cursos
d’água e melhorar a qualidade das águas superficiais;

 Definir e adotar procedimentos específicos de recuperação de áreas


contaminadas por produtos tóxicos ou resíduos perigosos, caso ocorram;

 Proceder ao diagnóstico, classificação e definição da tipologia de áreas


degradadas na faixa de domínio e no seu entorno imediato;

 Integrar as informações em procedimentos de planejamento e gestão de


programas de recuperação de áreas degradadas de empreendimentos similares;

 Implantar e otimizar técnicas de recuperação das áreas degradadas;

 Otimizar e reduzir custos operacionais em processos de manutenção de faixa de


obras;

 Proceder à constante readequação e refinamento de técnicas e procedimentos


de recuperação e reabilitação de áreas degradadas;

 Proceder à avaliação da eficácia de métodos e procedimentos de recuperação e


reabilitação ambiental aplicados;

 Implementar técnicas de reabilitação de áreas degradadas específicas para


áreas de empréstimo, canteiros de obras, locais de bota fora e acessos
desativados;

 Monitorar e acompanhar os processos de recuperação das áreas degradadas a


serem propostos no Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD, por um

5
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
período mínimo de três anos, podendo ser prorrogado pelo mesmo tempo,
(conforme estabelece o art. 13, da Instrução Normativa IBAMA nº 04/2011).

9.4. METAS

As metas do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas correspondem à


implantação de processos de recuperação que podem ser sintetizados da seguinte forma:

 Elaborar e aprovar um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD para


a faixa de domínio e áreas adjacentes utilizadas para a execução das obras do
Ramal do Agreste;

 Mapear em base cartográfica compatível as áreas degradadas identificadas na


faixa de domínio e áreas adjacentes às obras do Ramal do Agreste, com
atualizações periódicas após o início das obras;

 Recuperar áreas degradadas pelas obras do Ramal do Agreste que não


abrigarem estruturas definitivas do empreendimento, tais como: áreas de
empréstimo, bota-foras, acessos de serviços não permanentes, etc.;

 Utilizar o germoplasma resgatado na recuperação das áreas degradadas;

 Realizar o replantio para substituição das mudas mortas, nos períodos chuvosos.

9.5. INDICADORES AMBIENTAIS

O Programa deve ser avaliado através de indicadores relacionados ao sucesso da


recuperação, compensação de APPs e reposição florestal, que compreendem a melhoria
da qualidade ambiental e a recuperação das condições do meio, dentre os quais, citam-
se:

 Percentual de cobertura do solo pelas espécies semeadas;

 Percentual de cobertura do solo por herbáceas nativas;

 Taxa de sobrevivência das mudas plantadas;

 Presença de colonização espontânea de espécies nativas;

 Presença de organismos indicadores de reestruturação dos processos


ecológicos, como artrópodes terrestres, polinizadores e dispersores.

9.6. PÚBLICO-ALVO

Os beneficiários deste Programa serão o empreendedor, os municípios abrangidos pelo


Ramal do Agreste Trecho VII do PISF, o Governo Estadual e Municipal, as populações
locais e os proprietários de terras atingidos pela obra.

6
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
9.7. ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS

9.7.1. Seleção de Áreas a serem Recuperadas

Compreende a etapa inicial de execução do Programa, durante a qual haverá a


delimitação e o dimensionamento das áreas degradadas pelo empreendimento, para
planejamento das ações de recuperação.

As áreas delimitadas deverão ser representadas em base cartográfica, em escala


adequada, de forma a permitir a internalização de outros atributos ambientais nos
procedimentos de planejamento e elaboração de projetos executivos.

A delimitação ocorrerá em todas áreas onde ocorreram intervenções construtivas e que


não apresentem estruturas previstas no projeto executivo, além das áreas indicadas para
Compensação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reposição Florestal
obrigatória. Após delimitação ocorrerá a priorização das áreas, a qual será realizada em
ambiente SIG, a partir da combinação de variáveis relacionadas à resiliência das áreas
degradadas, com indicações de prioridade para as mesmas áreas, conforme metodologia
apresentada no Item 2 - Apresentação do Modelo Conceitual de Seleção e Priorização de
Áreas para Recuperação, da Nota Técnica Nº 01/2019 - NEMA/PRAD-RA/UNIVASF (vide
Anexo I).

9.7.2. Reconformação do Terreno e Práticas a serem Adotadas

As áreas impactadas pela construção do Ramal do Agreste serão as faixas de domínio,


paralelas ao seu eixo principal, onde ocorrerão movimentações de terra e de rochas; as
áreas de intervenção fora ou próximas às faixas de obras; as áreas de empréstimo; e as
áreas de canteiros de obras.

Em qualquer local onde as condições naturais forem modificadas, com exposição do solo
às intempéries, uma das principais preocupações deve ser a de evitar a ação de
processos erosivos e a consequente geração de sedimentos que podem ser carreados
para o canal e/ou para os cursos d´água próximos.

Os trabalhos de recuperação visando criar condições semelhantes às que existiam


originalmente e antes da intervenção, correspondem a práticas usadas em conservação
de solos, também denominadas práticas conservacionistas, que podem ser de caráter
mecânico, edáfico e vegetativo e devem ser utilizadas em conjunto, uma vez que
demonstram maior eficiência quando aplicadas simultaneamente para proteção dos
solos.

7
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Essas práticas são recomendadas tanto para programas de controle de processos
erosivos quanto para recuperação de áreas já degradadas, motivo pelo qual, estão
contempladas neste Programa.

Os procedimentos devem ser iniciados pela reconformação do terreno, com uso de


implementos e tratores, para preparar as áreas para os plantios e conservação, portanto,
pelas práticas mecânicas correspondentes à construção de terraços.

Terraços são estruturas artificiais de construção simples e de grande eficiência no


controle da erosão, com disposição adequada das porções de terra, para evitar o
escoamento de águas pluviais em forma de enxurrada, principais causadoras de erosão.

Os terraços “cortam” os sulcos que canalizam a água das chuvas na direção da vertente
de maior declive, mudando o curso dessas águas para desaguarem em locais onde são
construídas estruturas de desvio e dissipação de energia.

Há vários tipos de terraços que podem ser construídos e a escolha depende das
condições locais, como a declividade do terreno, as propriedades do solo, a cobertura
vegetal, pedregosidade, rochosidade e regime de precipitações pluviométricas. A seguir
apresentam-se os tipos de terraços mais utilizados para conservação e recuperação de
áreas impactadas por processos erosivos:

a) Terraços Mangum

São constituídos pelos dois lados do terreno, com um camalhão mais alto, formando
ondulações no terreno. Recomendados para áreas com até 10% de declividade e para
áreas com baixa precipitação pluviométrica, com solos mais permeáveis.

Podem ser construídos com implementos fixos e reversíveis.

Figura 01. Esquema de terraço Mangum construído com arado fixo, tombando-se a
terra alternadamente para baixo e para cima.

8
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
b) Terraços de Base Larga

Os terraços de base larga são estruturas especiais de conservação do solo que envolvem
um movimento de terra significativo para formação do canal e camalhão. Uma de suas
vantagens marcantes é a segurança em relação a possíveis rompimentos provocados por
enxurradas. São recomendados para áreas de relevo ondulado, com desníveis não
superiores a 12%. Os terraços de base larga são essencialmente terraços de camalhão e
podem ser construídos com arados, motoniveladoras ou tratores de lâminas, em
dimensões conforme mostra o Quadro 9.7.2-1.

Quadro 9.7.2-1 Dimensões dos Terraços de Base Larga.

Largura do canal (m) Profundidade do canal (m) Secção mínima (m²) Movimento de terra (m³)

3,0 a 4,0 0,50 a 0,60 0,75 a 1,20 6 a 12

2,9 a 3,0 0,50 a 0,90 Idem 6 a 12

Fontes: Resck 2002 e PRODHAM 2010.

Foto 01. Construção de terraço de base larga com arado terraceador.

c) Terraços de Base Média

São terraços de dimensões menores do que os de base larga, conforme mostra o Quadro
9.8.2-2 e podem ser construídos por maquinaria de pequeno porte (arado ou draga em
V), como camalhões. São indicados para áreas com declives entre 8 e 15%. A
manutenção é realizada pelo uso ordenado de lavrações, com o objetivo de abrir o canal
e aumentar a altura do camalhão.

Quadro 9.7.2-2 Dimensões dos Terraços de Base Média.

Movimento de terra
Largura do canal (m) Profundidade do canal (m) Secção mínima (m²)
(m³)

0,2 a 0,3 0,4 a 0,8 até 0,75 3,0 a 6,0

Fontes: Resck 2002 e PRODHAM 2010.

9
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Foto 02. Modelo de terraço de base média construído em área de solo exposto.

d) Terraços de Base Estreita

São terraços indicados para áreas com declives maiores do que os anteriores: até 20%. A
construção pode ser realizada com implementos de tração mecanizada (arados e
plainas), ou com equipamentos mais simples, evitando o excesso de mecanização,
conforme especificações constantes no Quadro 9.7.2-3 a seguir:

Quadro 9.7.2-3 Dimensões dos Terraços de Base Estreita.

Largura do canal Largura do Profundidade do Movimento de terra


Secção mínima (m²)
(m) camalhão (m) canal (m) (m³)

1,5 2,0 0,50 0,50 3,0

1,2 – 1,8 - 0,4 – 0,7 0,7 2,0 – 3,0

Fontes: Resck 2002 e PRODHAM 2010

Foto 03. Modelo de terraço de base estreita construído em área de


solo exposto.

10
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Foto 04. Vista parcial de área indicada para Foto 05. Erosão em sulco em área degradada. Área
conformação de terreno em terraços após a indicada para construção de terraços transversais ao
intervenção nas proximidades do sítio Pau d’Arco, sulco para desvio lateral das águas, como medida
Sertânia – PE. preventiva à ocorrência de processos erosivos.

e) Terraços em Patamar

São os terraços mais utilizados como prática de controle de erosão em áreas mais
íngremes. São também conhecidos como do tipo banqueta.

Trata-se de um conjunto de degraus ou plataformas nos quais são executados os


plantios, cujas frentes são taludes, quando possível, revestidos de grama ou de espécies
resistentes à seca, como no caso das áreas do Semiárido.

Os patamares são escalonados na linha de maior declive, com inclinação de 1:2 a 1:4 ou
adaptados a condições locais e com larguras variando de 1 a 3 metros; são mais
recomendados quando os declives do terreno são muito inclinados, entre 20 e 55%. Na
base de cada terraço é construído um canal com declive entre 0,25 e 1%,
preferencialmente com elementos pré-moldados, possibilitando o escoamento d’água ao
longo do patamar e desaguando em um canal coletor em cimento, em forma de escada e
com caixa de dissipação de energia e de decantação de sedimentos na sua parte inferior.

11
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Figura 02. Esquema de terraço do tipo patamar utilizado em áreas mais íngremes.

A seguir, apresenta-se um exemplo de enrocamento do talude de terraço em patamar


implantado às margens do segmento de canal C1, com reconhecida eficiência no controle
de processos erosivos.

Foto 06. Enrocamento do talude de terraço em


patamar no segmento de canal C1 do Ramal do
Agreste, Trecho VII do PISF, no município de Sertânia
– PE.

No Quadro 9.7.2-4 a seguir apresentam-se os espaçamentos mais recomendados para os


terraços em patamar.

Quadro 9.7.2-4. Espaçamento mais recomendado para terraços em patamar.


DISTÂNCIA ENTRE PATAMARES (m)
DECLIVIDADE (do terreno %)
TEXTURA ARGILOSA TEXTURA MÉDIA
26 a 27 11 10
28 a 29 10 9
30 a 31 9 8
32 a 33 8 7
34 a 35 7 6

12
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
9.7.3. Implantação de Sistemas de Drenagem

Algumas áreas deverão sofrer alterações no que se refere ao escoamento superficial,


especialmente quando situadas em relevo movimentado, nas quais uma rede definitiva
de drenagem deverá ser implantada, consistindo em canais escoadouros que
desembocam na vertente lateral da encosta.

O sistema baseado em estudos mais detalhados de micro e macrodrenagem a serem


desenvolvidos durante a execução das obras e por equipes da construtora que
elaborarão os projetos executivos específicos, permitirá o restabelecimento dos padrões
hidrodinâmicos originais nas áreas afetadas, protegendo e recuperando as encostas na
faixa de domínio, garantindo a integridade dos canais.

A seguir, apresenta-se um exemplo de sistema de drenagem implantado na área de


influência do Ramal do Agreste.

Foto 07. Sistema de drenagem para escoamento de Foto 08. Enrocamento do canal de restituição do
águas pluviais implantado no segmento de canal C2 sistema de drenagem para escoamento de águas
do Ramal do Agreste. pluviais no segmento de canal C2 do Ramal do
Agreste.

9.7.4. Estocagem de Camada Superficial dos Solos e Disposição nas Áreas Degradadas

No Nordeste Semiárido, os solos têm horizontes superficiais arenosos, especialmente os


Planossolos, Planossolos Nátricos e Luvissolos Crômicos. O clima da região favorece ao
empobrecimento superficial em matéria orgânica, pois ela se mineraliza facilmente.
Entretanto, a prática de estocagem da camada superficial pode ser eficaz para
recobrimento de substrato praticamente estéril, eventualmente exposto após intervenção
pela obra.

As camadas superficiais do solo (aproximadamente 20 cm de espessura) retiradas das


áreas alteradas por processos construtivos, também chamadas de expurgos, deverão ser
armazenadas próximas do seu local de destinação final. O solo fértil, mesmo o de baixa
fertilidade, deverá ser armazenado em local plano, protegido das enxurradas e de

13
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
erosões, disposto em leiras e evitando-se sua compactação durante a operação de
armazenamento.

É comum a indicação de estocagem das camadas superficiais dos solos em pilhas de,
aproximadamente, 1,50 a 1,80 m de altura, para uso posterior no recobrimento das áreas
degradadas.

A seguir apresentam-se registros fotográficos da estocagem de expurgos em leiras, para


posterior lançamento em áreas a serem recuperadas no Ramal do Agreste.

Foto 09. Expurgo armazenado em leiras na jazida do Foto 10. Expurgo armazenado em leiras ao longo do
segmento de canal C8.4, para posterior utilização na segmento de canal C6, para posterior utilização na
recuperação de áreas degradadas do Ramal do recuperação de áreas degradadas do Ramal do
Agreste, no município de Sertânia - PE. Agreste, no município de Sertânia - PE.

A matéria orgânica exerce papel importante na formação e estabilização dos agregados


do solo, pois incrementa a fertilidade e amplia o efeito agregante do solo, gerando
melhores condições edáficas e microclimáticas para o desenvolvimento da vegetação e
da biota.

Por vezes, a camada orgânica do solo apresenta um banco de sementes não germinadas,
mas potencialmente capazes de substituir plantas anuais ou perenes no estabelecimento
das recuperações. Sabe-se que, em qualquer habitat de plantas superiores, existem
sementes dormentes no solo e plântulas com potencial propagativo. Em muitos habitats
constituídos de plantas superiores, o número de sementes dormentes presentes no solo
excede o número de plantas existentes na comunidade herbácea ou arbórea presente na
superfície. Este estoque de sementes é composto, em grande proporção, por sementes
produzidas na própria área onde se encontra o solo. Outras são trazidas de áreas
adjacentes ou até mesmo distantes por inúmeros agentes dispersores.

O aproveitamento do solo orgânico e das galhadas de bitola fina proporciona fonte


orgânica para incorporação no solo e recuperação das condições edáficas, podendo ser
utilizadas em áreas necessárias à recuperação. Além disso, as galhadas propiciam
abrigos ao estabelecimento da fauna, proteção do solo contra processos erosivos e
barreiras físicas à entrada e caminhamento de animais nas áreas.

14
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Um fator imprescindível na utilização dos expurgos está no seu espalhamento sobre as
áreas em recuperação com maior antecedência possível desde sua retirada, pois os
processos de decomposição deste material armazenado em áreas adjacentes àquelas
susceptíveis de supressão vegetal reduzem a sua eficácia e o poder de recuperação de
áreas degradadas, já que quanto mais envelhecido, menor é o aporte de matéria
orgânica e materiais propagativos viáveis para germinação.

O método e a espessura da camada de material a ser espalhado são essenciais para


obtenção do sucesso nas atividades de recuperação ambiental. Desse modo, recomenda-
se que seja colocada camada de 20 cm de expurgo sobre o solo a ser recuperado, com
auxílio de maquinário adequado. As galhadas não deverão ser fragmentadas e devem ser
dispostas sobre o solo orgânico uniformemente de modo a cobrir maior parte possível de
solo nestas áreas.

A seguir, apresentam-se registros fotográficos de áreas com lançamento de expurgos nas


proximidades do reservatório Terra Nova e de um segmento de canal localizado do
Trecho I, Eixo Norte do PISF.

Foto 11. Expurgo disposto em área próxima ao Foto 12. Expurgo espalhado ao lado de segmento de
reservatório Terra Nova, propiciando a sua canal do Trecho I, Eixo Norte do PISF, favorecendo à
regeneração natural. Trecho I, Eixo Norte do PISF. regeneração natural.

9.7.5. Recuperação de Áreas de Acesso

Para a implantação dos canais do Ramal do Agreste, será aberta uma via paralela ao
curso do canal que, eventualmente deverá ter algum talude às margens, tanto de corte
quanto de aterro.

Esses taludes terão o mesmo tratamento descrito para as áreas de bota fora e das
laterais das faixas de domínio, compreendendo:

 Escalonamento em forma de patamares;

 Construção de estruturas de desvio de águas pluviais;

15
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
 Construção de muretas e muros com blocos rochosos oriundos da abertura do
canal, para se evitar quedas de barrancos e deslizamentos;

 Plantios nos patamares e taludes de encostas.

Foto 13. Material rochoso empilhado para formar Foto 14. Canaletas de escoamento de águas pluviais e
muros de contenção de deslizamentos em taludes, no enrocamento de talude, no segmento de canal C1 do
segmento de canal C1 do Ramal do Agreste, Trecho Ramal do Agreste, Trecho VII do PISF, no município de
VII do PISF, no município de Sertânia - PE. Sertânia - PE.

9.7.6. Recuperação de Áreas de Intervenção dentro e Fora da Área de Domínio, Áreas de


Empréstimo e Canteiros de Obras

O mesmo tratamento será dado às áreas de intervenção, de empréstimo e de canteiros


de obras, com vistas à recuperação de áreas degradadas.

Pelas características das áreas de intervenção, situadas em relevos planos e suavemente


ondulados, serão poucos os taludes necessários a serem executados, entretanto, são
previstos:

 Construção de estruturas de desvio de águas pluviais (bueiros), quando


necessário;

 Plantios nas encostas, taludes e nas áreas planas após o abandono dos locais;

 Recolocação superficial da camada superior dos solos, convenientemente.

16
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Foto 15. Bueiro em implantação no segmento de Foto 16. Bueiro em implantação no segmento de
canal C1 do Ramal do Agreste, para permitir canal C2 do Ramal do Agreste, para permitir
continuidade de fluxo hídrico de curso d’água continuidade de fluxo hídrico de curso d’água
interferido pelas obras. interferido pelas obras.

9.7.7. Revestimento Vegetal e Reabilitação da Faixa de Domínio

A revegetação das áreas degradadas pela construção do canal tem como objetivo
principal evitar o carreamento de sólidos pela ação de processos erosivos instalados nas
áreas trabalhadas.

Em princípio, todas as áreas impactadas devem ser recuperadas, no entanto, serão


selecionadas as áreas mais sensíveis sob o ponto de vista ambiental, de acordo com o
tipo de uso do solo, o índice de aridez e os remanescentes de caatinga, priorizando-se
também:

 As áreas de Compensação e Reposição Florestal;

 As Áreas de Preservação Ambiental (APP);

 As áreas de passagem de fauna;

 A proximidade de maciços de caatinga e distantes de estradas e áreas urbanas;

 O zoneamento da obra.

A recuperação das áreas degradadas no Ramal do Agreste se dará por meio de técnicas
de nucleação, como disposição de expurgos nas áreas, semeadura direta, plantio de
mudas em ilhas, técnicas de indução e condução da regeneração natural. A função dos
núcleos é facilitar o processo de regeneração natural e induzir a conectividade entre os
fragmentos de vegetação.

A restauração por intermédio do método de nucleação caracteriza-se por diversas


técnicas que são implantadas sempre em núcleos, a fim de deixar espaços abertos na
área para que a regeneração natural possa se propagar.

17
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
9.7.8. Áreas Destinadas à Compensação de Áreas de Preservação Permanente – APP e
Reposição Florestal Obrigatória.

O Projeto de Compensação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reposição


Florestal do Ramal do Agreste contempla as áreas indicadas e aprovadas pelo órgão
licenciador. O referido documento, já apresentado à Agência Estadual de Meio Ambiente
(CPRH), contém todas informações técnicas e ambientais necessárias ao atendimento das
normas ambientais no âmbito federal e estadual, relacionadas à pauta, como a
caracterização da: Fitofisionomia; Hidrografia; Relevo; Pedologia; Vegetação; e Uso do
Solo. Cabendo destacar que para a metodologia de revegetação das áreas selecionadas
serão consideradas as diretrizes deste Programa, associadas às técnicas apresentadas na
Nota Técnica nº 01/2019 - NEMA/PRAD-RA/UNIVASF (Anexo I).

9.8. METODOLOGIA

Os serviços de recuperação das áreas degradadas a serem implementados no Ramal do


Agreste serão regidos com base na metodologia e diretrizes estabelecidas neste
Programa Ambiental associadas às técnicas detalhadas na Nota Técnica nº 01/2019 -
NEMA/PRAD-RA/UNIVASF (Anexo I), elaborada pela Universidade Federal do Vale São
Francisco (UNIVASF), bem como pelos Projetos Executivos detalhados e executados pela
empresa construtora.

As obras de implantação do Ramal do Agreste obedecerão às disposições normativas


vigentes, com ênfase para redução de impactos negativos decorrentes das obras.

A seguir, são detalhadas as medidas/atividades que deverão ser adotadas quando do


encerramento das atividades construtivas do Ramal do Agreste.

9.8.1. Medidas Gerais de Recuperação das Áreas Impactadas

A desativação das frentes de obras ocorrerá quando forem encerradas todas as


atividades previstas no projeto construtivo e adotadas todas as medidas de recuperação
das áreas diretamente afetadas onde não estão previstas estruturas físicas, incluindo
ainda a faixa de domínio dos acessos, áreas no interior e no entorno dos canteiros de
obra, bota-fora, áreas de empréstimo e faixa de servidão da linha de transmissão.

Durante esta desativação serão observadas, quando aplicáveis, as conformidades com os


seguintes aspectos:

 Recuperação de feições de erosão: todas as fontes de material, como sulcos,


ravinas e voçorocas, serão recuperadas com a adoção de projetos não
estruturais ou estruturais. Alternativamente, poderão ser realizados

18
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
retaludamentos ou recuperações localizadas dos aterros (reaterros ou bermas
intermediárias).

 Proteção superficial: as áreas diretamente afetadas pela movimentação de terra


receberão, ao final desta, a proteção contra a ação dos agentes atmosféricos,
como, por exemplo, as águas de chuva e do escoamento superficial, os ventos e
a insolação. O repasse geral dos trabalhos de proteção superficial de taludes de
corte e aterro pode incluir, conforme o caso, o espalhamento da camada
superficial removidos das áreas de supressão de vegetação, a semeadura de
gramíneas rústicas.

As áreas com complicações geotécnicas, como, por exemplo, a presença de solos


expansivos, queda de blocos e outros processos de dinâmica superficial, podem exigir
medidas mais complexas. As medidas passíveis de aplicação são várias e devem ser
definidas apenas após análise geotécnica específica, além de serem considerados outros
aspectos como durabilidade, facilidade de aplicação e manutenção, custo e
disponibilidade no mercado (produtos e equipes familiarizadas com a sua aplicação) e
garantia de eficiência. Dentre essas soluções, podem ser apontadas: aplicação de
concreto projetado, aplicação de concreto reforçado com fibras, revestimento com
mantas sintéticas ou mantas de fibras naturais, telas ou gabiões, envelopamento com
material de melhor qualidade geotécnica, e outros.

 Remoção de assoreamentos: nos trechos onde houver deposição acentuada de


material com comprometimento das condições naturais da drenagem e com
possibilidade de danos à vegetação ou obstrução do sistema de drenagem
preexistente ou recém-construído, serão removidos os materiais com o uso de
métodos manuais ou mecânicos. A remoção terá como objetivo devolver, na
medida do possível, as drenagens às suas condições naturais.

 As mesmas medidas serão válidas para a recuperação de tanques ou açudes em


propriedades particulares a jusante das obras, em especial dos acessos, desde
que requisitada e autorizada pelo respectivo proprietário. Nessa situação, será
verificado se o material tem origem inequívoca das obras ou se são anteriores
ao período de implantação dos acessos, ou, conforme o caso, dos canteiros de
obra.

 As remoções dos assoreamentos serão atestadas por meio da vistoria final ao


longo dos trechos de jusante de todos os talvegues interceptados pelos acessos
ou afetados pelos platôs dos canteiros e alojamento.

19
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
9.8.2. Medidas Gerais de Revegetação das Áreas Degradadas

A consolidação dos processos de recomposição da proteção superficial vegetal, ou seja, a


proteção proporcionada pela vegetação implantada será suficiente para a proteção do
solo, a fim de minimizar as perdas de solo por erosão. Caso contrário, serão realizados
repasses da cobertura vegetal até a sua completa consolidação.

A seguir são detalhadas as técnicas nucleadoras de semeadura direta e plantio de mudas


em ilhas, que deverão ser adotadas na recuperação de áreas degradadas do Ramal do
Agreste.

Semeadura Direta

Na semeadura direta são utilizadas espécies herbáceas nativas da Caatinga com


potencial para cobertura vegetal rápida e eficaz de áreas degradadas.

Este método é indicado para áreas extensas, em estado inicial de regeneração ou em


áreas com elevado grau de degradação, podendo ser utilizadas até 05 (cinco) espécies
de plantas herbáceas na muvuca de sementes, sendo aplicado em consórcio com a
técnica de plantio de mudas em ilhas. As sementes serão semeadas a lanço sobre as
áreas selecionadas e, posteriormente, o terreno será gradeado mecanicamente com
auxílio de trator, de modo a desagregar o solo, promovendo também a incorporação das
sementes.

Plantio de Mudas em Ilhas

O plantio de mudas será realizado em áreas de prioridade média, alta e muito alta,
podendo ocorrer também, em áreas extensas com baixa disponibilidade hídrica. Os
núcleos serão protegidos por cercas vivas ou por cercas de galhos (garranchos) de
algaroba, que irão abrigar as mudas de ataques de animais que por ventura possam
invadir as áreas.

Os núcleos serão compostos por espécies nativas da Caatinga, de sucessão ecológica


pioneira e secundária, dispostas de forma espaçada ou adensada, com primazia para
utilização do germoplasma resgatado nas áreas suprimidas.

Regeneração Natural

Em função do potencial de regeneração existente na caatinga, este é um método que


pode ser eficaz e se tornar uma boa estratégia a ser utilizada, principalmente em função
do custo de implantação, em áreas com menor grau de perturbação, que apresente
pouca cobertura vegetal e possibilidade de migração de propágulos de áreas adjacentes.
A estratégia de contemplar a regeneração natural consiste em favorecer a recuperação
natural de uma área após distúrbio, funciona bem para áreas recém-desmatadas e que
possuem meios de regeneração natural, ou seja, banco de sementes, banco de plântulas,

20
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
e rebrota de cepas. Em casos de áreas desmatadas há mais tempo, é interessante uma
análise mais minuciosa da regeneração. A proximidade da área degradada de fragmentos
florestais pode também acelerar a regeneração natural através da migração de
propágulos (atuação do processo denominado de chuvas de sementes).

9.8.3. Métodos de Plantio

Implantação de Viveiro

Constitui-se na primeira etapa do trabalho, sendo um caminho crítico para a recuperação


das áreas degradadas do Ramal do Agreste.

No âmbito do Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF),


especialmente em atendimento à execução do Programa de Recuperação de Áreas
Degradadas, construiu-se um viveiro de mudas na Vila Produtiva Rural Salão, no
município de Sertânia – PE.

Tendo em vista que o Ramal do Agreste tem seu início no Eixo Leste do PISF e que o
município de Sertânia está inserido em sua Área de Influência Direta (AID), e
considerando ainda a disponibilidade do viveiro de mudas já existente na VPR Salão,
avalia-se como viável a sua utilização no armazenamento e reprodução de germoplasma
das espécies relevantes da flora, recolhidas nas frentes de supressão de vegetação do
empreendimento. Assim, as mudas produzidas neste viveiro, serão disponibilizadas para
revegetação das áreas degradadas a serem recuperadas do Ramal do Agreste.

Destaca-se que as atividades de coleta de sementes e resgate de germoplasma segue


todas as diretrizes estabelecidas no Programas de Conservação de Fauna e Flora, Item 17
do PBA do Ramal do Agreste, além das normativas contidas na Lei nº 10.711, de 5 de
agosto de 2003, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas - SNSM, e no
Decreto nº 5.153, de 23 de julho de 2004 que aprova o Regulamento desta Lei.

A seguir, apresentam-se registros fotográficos do Viveiro de Mudas implantado na Vila


Produtiva Rural (VPR) Salão, município de Sertânia – PE, conforme convênio firmado entre
o MDR e a UNIVASF.

21
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Foto 17. Início da construção do viveiro de mudas na Foto 18. Estrutura do viveiro de mudas em
VPR Salão, Sertânia – PE. implantação na VPR Salão, Sertânia - PE.

Foto 19. Instalação do sombrite no viveiro de mudas Foto 20. Viveiro de mudas instalado na VPR Salão,
na VPR Salão, Sertânia – PE. Sertânia – PE.

Foto 21. Atividade de plantio das plântulas Foto 22. Vista parcial do plantio de mudas em área
resgatadas, no viveiro de mudas da VPR Salão, externa à casa de sombra do viveiro de mudas,
Sertânia – PE. localizado na VPR Salão, Sertânia – PE.

22
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Foto 23. Vista do viveiro de mudas localizado na VPR Foto 24. Mudas produzidas no viveiro de mudas
Salão. localizado na VPR Salão.

Marcação de Matrizes, Coleta e Beneficiamento de Sementes

A coleta de sementes para produção de mudas ou para semeadura direta deve ser feita
em árvores selecionadas denominadas matrizes ou em Área de Coleta de Sementes -
ACS, buscando-se características genotípicas ou fenotípicas que se adequem à
recuperação de áreas degradadas. As matrizes devem ser georreferenciadas e
relacionadas em uma ficha de acompanhamento que deverá conter um croqui da área de
coleta.

As sementes devem ser coletadas, preferencialmente, em várias árvores da mesma


espécie, com distâncias consideráveis uma das outras, para obtenção de uma maior
variabilidade genética.

Após a coleta, as sementes devem ser beneficiadas e armazenadas em câmara fria para
posterior produção de mudas ou para compor a muvuca de sementes utilizada na
semeadura direta.

Plantio de Mudas

As mudas devem estar plantadas em recipientes adequados, preferencialmente em


tubetes ou sacos plásticos, bem desenvolvidas, enraizadas e com altura entre 30 e 50
cm. Deve-se elaborar um cronograma de plantio para que seja executado no período
chuvoso da região do empreendimento.

As atividades concernentes ao plantio serão as seguintes:

 Definição do Espaçamento e Marcação - Será realizada a marcação das covas na


zona de plantio, com o espaçamento variando de acordo com o nível de degradação
da área, com o porte das espécies escolhidas para o plantio e com a classe de
sucessão ecológica que a espécie se enquadra, podendo ocorrer plantios espaçados
ou adensados.

23
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
 Combate a Formigas - O controle das formigas cortadeiras deverá ser realizado na
fase de preparo do terreno, devido à maior facilidade de localização dos
formigueiros, e após o plantio das mudas, nos estágios iniciais de desenvolvimento.
O controle deverá ser através da aplicação de iscas tóxicas, na proporção indicada
pelo fabricante, usando-se porta-iscas para evitar contaminação.

 Coveamento - Consiste na abertura das covas, depois de demarcadas, no seu


respectivo espaçamento, nas proporções 0,30 x 0,30 x 0,40 metros para espécies
arbóreas e arbustivas, ou a definir conforme as condições do local.

 Correção da acidez e adubação do solo - os solos do Semiárido são naturalmente


férteis, por isso, é importante realizar análises para avaliação da fertilidade
superficial do solo para avaliar se há necessidade de calagem e para orientar a
formulação de adubação a ser recomendada. Se forem necessárias, calagem e
adubação devem ser feitas na terra retirada das covas que será recolocada após a
realização da análise do solo.

 Plantio - Consiste na implantação da muda nas covas, preenchendo-se os espaços


vazios com a terra retirada e adubada, quando necessário. Ao redor dos plantios de
mudas em ilhas serão implantadas cercas vivas ou cercas de garranchos de galhos
de algaroba, com o intuito de impedir a aproximação de animais que possam
danificar as mudas plantadas.

 Replantio - Consiste na reposição das mudas que não vingarem, durante o período
chuvoso. Nas áreas de semeadura direta, onde a cobertura vegetal das herbáceas
for nula ou baixa, o replantio ocorrerá 12 meses após sua implantação, no período
chuvoso.

 Manutenção das Áreas Plantadas – Serão realizadas vistorias periódicas para


reparos nas cercas vivas e nas cercas de garranchos de galhos de algaroba, para
que sejam mantidas sua função de proteção. Na caatinga há muito pouco
crescimento de espécies indesejáveis junto às mudas. As capinas devem,
provavelmente, se restringir à manutenção na época das chuvas. As espécies em
regeneração que não estiverem competindo com as mudas plantadas devem ser
deixadas para recomposição da vegetação de caatinga.

 Atividades de Monitoramento - O monitoramento das áreas de plantio e das áreas


em recuperação deve ser efetuado mediante visitas periódicas às áreas, por um
período que deve se estender por no mínimo 3 anos, contados a partir da instalação
da vegetação.

Após os plantios, devem ser executadas medidas de manutenção que englobem o


replantio nos locais que apresentem falhas. O Plano de Recuperação de Áreas

24
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Degradadas - PRAD deverá detalhar as seguintes atividades de manutenção dos plantios
florestais:

Em áreas do Semiárido, como no caso, aquelas que são atingidas pelo Ramal do Agreste,
não é recomendado o plantio de grama, a não ser em casos especiais e com introdução
de gramíneas altamente resistentes. A hidrossemeadura nos moldes tradicionais também
não é indicada, pois faltam as condições de umidade necessárias ao desenvolvimento
das plantas.

A seguir apresentam-se alguns registros fotográficos de atividades de recuperação de


áreas degradadas desenvolvidas ao longo dos Eixos Norte e Leste no Projeto de
Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional
(PISF).

Foto 25. Equipe da UNIVASF realizando coleta de Foto 26. Cerca viva de xique-xique (Pilosocereus
sementes de Rhaphiodon Echinus e Senna Uniflora nas gounellei) implantada para impedir a aproximação de
proximidades do Trecho I (coord. de referência – 24L animais que possam danificar as mudas plantadas.
457631 E, 9071687 N).

Foto 27. Adubação com NPK 10-10-10 e MB-4 durante Foto 28. Cerca de garrancho de galhos de algaroba
o plantio de mudas no Eixo Norte do PISF. para impedir a aproximação de animais que possam
danificar as mudas plantadas.

Considerando que a região de influência das Obras do Ramal do Agreste (Trecho VII do
PISF) está localizada em uma região que apresenta um quadro de extrema irregularidade

25
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
pluviométrica, e que a escassez da água é um obstáculo para o desenvolvimento
socioeconômico, não será realizada irrigação das mudas em campo.

Para minimizar a necessidade de irrigação, as seguintes medidas serão adotadas:

 Início dos plantios na época mais propícia do ano, coincidindo com período chuvoso;

 Escolha criteriosa das matrizes para geração de mudas de boa qualidade, com a
maior diversidade genética, buscando elementos da flora que apresentem maior
resistência ao estresse hídrico;

 Realização de boa aclimatação das mudas, a pleno sol, para uma melhor adaptação
à insolação, irradiação e ao vento, aos quais as mudas serão submetidas quando
levadas em definitivo para o campo;

 Coroamento ao redor dos caules das mudas, utilizando-se o excesso de solo,


retirado das covas que serão ocupadas pelas mudas, possibilitando uma melhor
captação de águas pluviais.

9.8.4. Características das Espécies a serem Utilizadas para Revegetação

A escolha das espécies mais adequadas deverá basear-se em critérios de adaptabilidade


edafoclimática, rusticidade, capacidade de reprodução, perfilhamento, velocidade de
crescimento, adaptabilidade às condições de solo e subsolo e facilidade de obtenção de
sementes e mudas.

Deve-se considerar que os taludes mais profundos podem atingir o subsolo que se
caracteriza pela baixa capacidade de suporte. Assim, as espécies a serem utilizadas
devem ser tolerantes ao déficit hídrico e aos outros fatores climáticos mais importantes,
além de se adaptarem a médios e elevados teores de sódio trocável no complexo sortivo,
em virtude de grande parte das superfícies a serem recuperadas serem ocupadas por
Planossolos Solódicos com 6 a 15% de saturação pelo Na+ e Planossolos Nátricos com
valores de saturação com sódio trocável superiores a 15%.

Espécies Recomendadas

A introdução de algumas espécies herbáceas possibilita uma rápida e eficaz cobertura do


solo, além de incorporar nitrogênio e massa verde ao mesmo, promovendo uma
adubação natural. Dentre as espécies herbáceas nativas da Caatinga com potencial para
recuperação de áreas degradadas estão Senna uniflora (Mill.) H.S.Irwin & Barneby,
Rhaphiodon echinus Schauer, Sida galheirensis Ulbr., Mesosphaerum suaveolens (L.)
Kuntze e Herissantia crispa (l.) Brizicky, funcionando também como atrativos para fauna
local.

26
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Espécies Arbóreas, Arbustivas e de Pequeno Porte

O Quadro 9.8.4-1, a seguir, apresenta uma relação de espécies arbóreas, arbustivas,


cactáceas e bromeliáceas da caatinga, encontradas na região, como sugestão para
recomposição nas áreas afetadas. Trata-se de uma relação indicativa, pois as espécies a
serem plantadas dependem de estudos botânicos locais mais aprofundados a serem
desenvolvidos durante a implementação do programa, da disponibilidade de sementes,
de plantas em viveiros e da capacidade de produção de mudas em locais próximos dos
plantios.

Quadro 9.8.4-1 Espécies arbóreas, arbustivas, cactáceas e bromeliáceas da Caatinga.


NOME COMUM NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA

Aroeira Myracrodruon urundeuva Allemão Anacardiaceae

Imburana-de-cheiro Amburana cearensis (Freire Allemão) Fabaceae

Embiratanha Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil.) A. Robyns Malvaceae

Angico Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Mimosaceae

Braúna Schinopsis brasiliensis Engl. Anacardiaceae

Catingueira Poincianella pyramidalis Tul. Caesalpiniaceae

Craibeira Tabebuia aurea Bignoniaceae

Ipê-roxo Handroanthus impetiginosus Bignoniaceae

Favela Cnidoscolus quercifolius Euphorbiaceae

Joazeiro Ziziphus joazeiro Mart. Rhamnaceae

Jurema Mimosa tenuiflora Mimosaceae

Pau-ferro Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz Fabaceae

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Mart. Apocynaceae

Pinhão Jatropha mollissima (Pohl) Baill. Euphorbiaceae

Saboneteira Sapindus saponaria L. Sapindaceae

Umburana ou emburana Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett Burseraceae

Umbuzeiro Spondias tuberosa Arruda Anacardiaceae

Marmeleiro Croton blanchetianus Baill Euphorbiaceae

Maniçoba Manihot carthaginensis subsp. glaziovii Euphorbiaceae

Coroa-de-frade Melocactus sp. Cactaceae

Facheiro Pilosocereus pachycladus F.Ritter Cactaceae

Mandacaru Cereus jamacaru DC. Cactaceae

Palmatória Opuntia palmadora Britton & Rose Cactaceae

Quipá Tacinga inamoena Cactaceae

Rabo-de-Raposa Harrisia adscendens Cactaceae

Xique-xique Pilosocereus gounellei A. Weber ex K. Schum. Cactaceae

Macambira Bromelia laciniosa Mart. Bromeliaceae

Caroá Neoglaziovia variegata Arruda. Mez Bromeliaceae

27
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Enriquecimento da Caatinga

A vegetação de caatinga tem um grande poder de regeneração. Basta um aumento,


mesmo que não seja muito significativo, no volume de precipitações pluviométricas, para
haver uma notável recuperação das plantas.

Deve-se levar em conta, entretanto, que determinadas espécies como o umbuzeiro são
dotadas de xilopódios que armazenam água e assim, se tornam muito resistentes às
secas e queimadas. O comportamento dessas espécies é diferente quando em condições
naturais, comparativamente ao plantio em forma de mudas.

“A carência de informações sobre a vegetação de caatinga se torna muito evidente


quando se procura dados relativos, por exemplo, quanto à estrutura fitossociológica, à
dinâmica de populações, aos processos de sucessão ecológica e de regeneração natural
dos ecossistemas aí encontrados” (PEREIRA et al., 2001).

Mesmo com a falta de informações técnicas a respeito da estrutura fitossociológica, o


enriquecimento da caatinga com espécies nativas pode ter efeitos benéficos
especialmente nas áreas onde houveram cortes seletivos da vegetação. Por estas razões
deve-se incentivar trabalhos de pesquisa em campo, ao mesmo tempo em que se deve
procurar enriquecer as áreas de caatinga através de semeadura e plantio de propágulos
coletados na mesma região, em campanhas orientadas por especialistas.

Foto 29. Espécies de caatinga crescendo Foto 30. Espécies nativas e invasoras crescendo
espontaneamente em condições adversas em áreas espontaneamente em condições adversas, em área do
que ainda não foram preparadas para recuperação, Ramal do Agreste.
provando que a caatinga tem enorme potencial de
regeneração.

28
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Foto 31. Regeneração da catingueira (Caesalpinea Foto 32. Individuo de xique-xique, crescendo em
pyramidalis) devido às chuvas de janeiro, em área do condições muito especiais, em pequena cavidade de
Ramal do Agreste. rocha, em área do Ramal do Agreste.

9.9. INTER-RELAÇÃO COM OUTROS PROGRAMAS AMBIENTAIS DO EMPREENDIMENTO

O Programa de Recuperação de Áreas Degradadas tem inter-relação com o Plano


Ambiental de Construção – PAC, o Programa de Comunicação Social, no que tange ao
grau de satisfação do público-alvo, o Programa de Supressão de Vegetação das Áreas de
Obra e Limpeza dos Reservatórios, o Programa de Conservação da Fauna e da Flora e
com o Plano de Gestão e Supervisão Ambiental, responsável pelo acompanhamento da
execução de todos os programas ambientais do PBA do Ramal do Agreste.

9.10. ATENDIMENTO A REQUISITOS LEGAIS E NORMAS TÉCNICAS

Na execução e condução do programa serão respeitadas a legislação federal, estadual e


municipal e as normas brasileiras (ABNT), no que forem aplicáveis, que regem e
normatizam as medidas que devem ser tomadas para evitar erosão decorrente de obras
e de intervenção antrópica para construção dos canais, aquedutos/sifões e túneis do
Ramal do Agreste:

 Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da


vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19
de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos
4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida
Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.

 Resolução CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006, que dispõe sobre os casos


excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental,
que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de
Preservação Permanente – APP.

 Lei 6.938, de 31/08/1981, regulamentada pelos Decretos nº 88.351, de


01/06/1983, e nº 99.274, de 06/06/1990. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio

29
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras
providências. Racionalização do uso da água, solo e subsolo. Proteção dos
ecossistemas e de áreas ameaçadas de degradação. Artigo 2, inciso VIII
regulamentado por Decreto 97.632, de 10/04/1989. Alterada por Lei 7.804, de
18/07/1989.

 Lei 7.347, de 24/07/1985, que disciplina a ação civil pública de responsabilidade


por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico e turístico e dá outras providências.

 Lei 7.803, de 18/07/1989: Revoga as Leis nº 6.535, de 15/06/1978, e nº 7.511, de


07/07/1986, amplia os limites das áreas de preservação permanente ao longo dos
rios, nascentes e bordas de tabuleiros e chapadas.

 Lei nº 10.711, de 5/08/2003, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e


Mudas e dá outras providências.

 Instrução Normativa nº 04 do IBAMA, de 13/04/2011, que estabelece exigências


mínimas e norteia a elaboração de elaboração de Projeto de Recuperação de Área
Degradada - PRAD ou Área Alterada, para fins de cumprimento da legislação
ambiental.

 Lei Estadual nº 12.916, de 08/11/2005, que dispõe sobre licenciamento


ambiental, infrações administrativas ambientais, e dá outras providências.

 Lei Estadual nº 11.206, de 31 de março de 1995, que dispõe sobre a Política


Florestal do Estado de Pernambuco, e dá outras providências.

 Lei nº14.249 de 17/12/2010, revoga a Lei nº 11.516, de 30 de dezembro de 1997


e alteração, que dispõe sobre licenciamento ambiental, infrações e sanções
administrativas ao meio ambiente, e dá outras providências.

 Instrução Normativa CPRH nº 07/2006, que disciplina os procedimentos da CPRH


referentes à aprovação da localização da Reserva Legal em propriedades e posses
rurais; à autorização para supressão de vegetação e intervenção em Áreas de
Preservação Permanente e à autorização para o desenvolvimento das atividades
florestais no estado de Pernambuco.

 Serão respeitados os preceitos constantes nas Leis Municipais, em especial:

 Lei Orgânica Municipal de Sertânia, texto promulgado em 5 de abril de 1990, com


as alterações adotadas pelas Emendas nº 01/2005 a 04/2012 e pela Emenda de
Revisão nº 01/2014.

30
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
 Lei nº 2.111/2007, que institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e
Ambiental Integrado do Município de Arcoverde como instrumento básico da
política de gestão e desenvolvimento urbano e ambiental do município.

 Normas Técnicas da ABNT relacionadas ao tema também serão seguidas,


especialmente as NBRs:

NBR 10703 TB 350 1989 – Trata da degradação do solo.

NBR 11682 1991 – Trata da estabilidade de taludes.

NBR ISO 14004 – 1996 – Estabelece Diretrizes para Gestão Ambiental

NBR ISO 14001 – Estabelece Diretrizes Gerais para Sistemas de Gestão Ambiental.

31
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
9.11. CRONOGRAMA FÍSICO DE IMPLANTAÇÃO

Quadro 9.12-1 Cronograma de Atividades do Programa de Recuperação de Áreas Degradas do Ramal do Agreste.
IMPLANTAÇÃO DAS
ANO 1 ANO 2 ANO 3
OBRAS
ATIVIDADES
ANO ANO ANO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1 2 3
Elaboração do Plano
de Recuperação
pela UNIVASF
Avaliação
Preliminar
das Áreas
Levantament
o topográfico
Seleção de áreas a serem recuperadas

e hidrográfico
Estudo
detalhado de
Disponibilidad
e Hídrica
Levantament
o Pedológico
detalhado e
correção do
solo
Inventário
Florístico e
Banco de
Dados de
Espécies
Detalhament
o do Uso e
Ocupação das
Áreas
Marcação de
Produção de mudas

matrizes
Escolha do
método e das
espécies
Elaboração
de projeto
dos Viveiros

33
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Florestais

Construção
dos Viveiros
Florestais
Operação dos
Viveiros
Florestais
Coleta de
sementes
Recuperação de
áreas de
intervenção
Recuperação de
áreas de acesso
Sintomas de
deficiência
nutricional
Implantação de um
sistema de
drenagem
Estocagem e
disposição da
camada superficial
dos solos
Reconformação do
terreno e práticas a
serem adotadas
Controle de
formigas
cortadeiras
Manutenção das
áreas e estruturas
(viveiro)
Monitoramento dos
processos de
recuperação de
áreas*
Elaboração de
relatórios anuais de
execução
* O monitoramento se estenderá por 3 anos, contados a partir da instalação da vegetação.

34
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
9.12. RESPONSÁVEIS PELA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA

Este programa deverá ser implantado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional –


MDR, por intermédio da empresa construtora contratada para o desenvolvimento da
obras do Ramal do Agreste, bem como pela equipe do Núcleo de Ecologia e
Monitoramento Ambiental da Universidade Federal do Vale do São Francisco
(NEMA/UNIVASF), instituição de ensino e pesquisa parceira interveniente do MDR neste
Programas, com acompanhamento e registro das ações desenvolvidas pela equipe
técnica da CMT Engenharia Eireli.

9.13. EQUIPE RESPONSÁVEL PELA REVISÃO DO PROGRAMA

Coordenação-Geral de Programas Ambientais do Ministério do Desenvolvimento Regional


(CGPA/MDR)

 Engenheira Agrônoma Elianeiva de Queiroz Viana Odísio – Coordenadora-Geral (CREA


nº 7070 – D/CE e CTF/IBAMA nº 219.439)

 Engenheiro Agrônomo André Keiiti Ide – Analista de Infraestrutra (CREA nº 78941 –


D/PR).

Equipe Técnica da CMT Engenharia Eireli

 Engenheiro Eletricista Marcos da Silva Ramos – Coordenador-Geral (CREA/RNP


070828405-1 e CTF/IBAMA nº 278011).

 Engenheira Agrônoma Mariana Veríssimo Pacheco – Coordenadora Setorial (CREA/RNP


1400114349 e CTF/IBAMA nº 5169153).

 Engenheiro Ambiental Rafael Brant de Almeida Castro - Coordenador Setorial


(CREA/RNP 240479106-0 e CTF/IBAMA nº 348338).

 Engenheiro Florestal Marcelo Carneiro da Silva – Inspetor Ambiental (CREA/RNP


120056582-7 e CTF/IBAMA nº 3986241).

 Engenheira Florestal Maria Augusta de Lima Bezerra – Analista Ambiental (CREA nº


049992D/PE e CTF/IBAMA nº 61069554).

Coordenação do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal


do Vale do São Francisco (NEMA/UNIVASF)

 Biólogo Renato Garcia Rodrigues - Coordenador Técnico (CRBio: 5042507D e


CTF/IBAMA nº 1901931).

 Ecólogo Fábio Socolowski - Gerente de Estudos e Projetos do Programa de


Recuperação de Áreas Degradadas (CTF/IBAMA nº 2817475)

35
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
9.14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Martins, S. V. Restauração ecológica de ecossistemas degradados. Ed. UFV, Viçosa,


MG, 2012.

 PEREIRA et al.; Regeneração natural em um remanescente de caatinga sob


diferentes níveis de perturbação, no agreste paraibano. Acta bot. bras. 15(3):
p.413 – 426, 2001.

 PRODHAM. OLIVEIRA, J. B.; ALVES, J. J.; FRANÇA, F. M. C. Práticas de manejo e


conservação de solo e água no semiárido do Ceará. Fortaleza: Secretaria dos
Recursos Hídricos, 2010.

 YARRANTON, G.A.; MORRISON, R.G. Spatial dynamics of a primary succession:


nucleation. Journal of Ecology, v.62, n.2, p.417 - 428, 1974.

9.15. ANEXOS

Anexo I - Cópia da Nota Técnica nº 01/2019 – NEMA/PRAD-RA/UNIVASF.

36
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
Anexo I - Cópia da Nota Técnica nº 01/2019 – NEMA/PRAD-RA/UNIVASF.

37
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – REVISADO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO, UNIVASF
PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO DA FAUNA E FLORA
NUCLEO DE ECOLOGIA E MONITORAMENTO AMBIENTAL, NEMA
Home Page: www.univasf.edu.br. Telefone (87) 21016834
Campus Ciências Agrárias, BR 407, Km 12,lote 543
Projeto de Irrigação Nilo Coelho - S/N C1, Petrolina -PE, CEP:56300-000

Nota Técnica Nº 001/2019 - NEMA/PRAD-PISF/UNIVASF

ASSUNTO: SELEÇÃO DE ÁREAS PRIORITÁRIAS E METODOLOGIAS DE REVEGETAÇÃO


DO PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS (PRAD) DO RAMAL DO
AGRESTE – TRECHO VII DO PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO COM
BACIAS HIDROGRÁFICAS DO NORDESTE SETENTRIONAL (PISF)

RESPONSÁVEIS TÉCNICOS PELA ELABORAÇÃO

Dr. Renato Garcia Rodrigues


Coordenador Técnico do Subprograma Flora do PCFF/PISF
CTF: 1901931
CRBio: 5042507D
SIAPE: 1669540

Dr. Daniel Salgado Pifano


Coordenador do Inventário do Subprograma Flora do PCFF/PISF
CTF: 4983355
CRBio: 5703404/D

Dr. Fábio Socolowski


Gerente de Estudos e Projetos do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas/
PISF
CTF: 2817475

Dr. Luís F. M. Coelho


Gerente de Estudos e Projetos do Subprograma Flora do PCFF/ PISF
CTF: 1952012

Esp. Aline Berto Faustino


Analista Ambiental do Subprograma Flora do PCFF/ PISF
CTF:6860742

Dra. Daniela Cristine Mascia Vieira


Analista Ambiental do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas/PISF
CTF: 5494102

1
SUMÁRIO

1. Introdução ................................................................................................................... 3
2. Apresentação do modelo conceitual de seleção e priorização de áreas para
recuperação..................................................................................................................... 6
2.1. Compensação pelo uso de Área de Preservação Permanente (APP) e
Reposição Florestal. ........................................................................................................... 8
3. Técnicas de recuperação ......................................................................................... 9
4. Modelos de recuperação ........................................................................................ 10
4.1. Semeadura direta ..................................................................................................... 10
4.1.1. Semeadura de baixa densidade (SBD) ...................................................... 11
4.1.2. Semeadura de alta densidade (SAD) ......................................................... 11
4.2. Plantio de mudas em ilhas .................................................................................... 11
4.2.1. Núcleo de Aceleração da Regeneração Natural com Espécies
Pioneiras (NARNP) ......................................................................................................... 11
4.2.2. Núcleo de Aceleração da Regeneração Natural com Espécies
Secundárias (NARNS) ................................................................................................... 12
4.2.3. Núcleo de alta diversidade (NAD) ............................................................... 13
4.2.4. Atividades de implantação dos Núcleos ................................................... 16
4.3. Áreas de pousio......................................................................................................... 17
5. Atividades pós plantio............................................................................................. 17
6. Monitoramento ......................................................................................................... 18
6.1. Monitoramento da efetividade da cobertura do solo (SBD e SAD).......... 18
6.2. Monitoramento dos núcleos (NARNP, NARNS e NAD) .................................. 18
6.3. Monitoramento do sucesso da recuperação ................................................... 18
6.4. Monitoramento da cobertura vegetal ................................................................ 19
7. Referências ............................................................................................................... 19

2
1. Introdução

A Caatinga é um bioma semiárido exclusivamente brasileiro, ocupa cerca de 850


mil Km², 11% do território brasileiro (IBGE, 2004), e é caracterizada por alto grau de
endemismo florístico (GIULIETTI et al., 2002; 2004) e pela presença de plantas com
refinadas estratégias ecofisiológicas para produzir sementes capazes de suportar
condições de longa estiagem (MEIADO et al., 2012). É formada por manchas de
florestas sazonalmente secas de vegetação esclerófila (MOONEY et al., 1995;
PENNINGTON et al., 2000) que ocorrem em todos os Estados do Nordeste, e na
parte Norte de Minas Gerais (SAMPAIO, 1995; QUEIROZ, 2009). Sua área é dividida
em oito ecorregiões (CNRBC, 2004) e a variação na estrutura da vegetação é
condicionada pela topografia, por distúrbios antrópicos e, principalmente, pela
combinação entre a baixa precipitação pluvial e as características edáficas do
ambiente (SAMPAIO, 1995; PRADO, 2003).

Estima-se que cerca de 66% das florestas tropicais secas das Américas foram
convertidos para outros usos do solo (PORTILLO-QUINTERO & SÁNCHEZ-AZOFEIFA,
2010). De acordo com Castelletti et al. (2003), 68% da área da Caatinga está
submetida a algum grau de antropização, destes 35,3% está sob a extrema ação
antrópica, e as áreas não afetadas estão distribuídas em forma de ilhas. O bioma
tem sido largamente degradado pela extração madeireira e atividades pecuárias
desde a colonização, no início do século 16 (COIMBRA & CÂMARA, 1996), e até 2008
cerca de 45% de sua área havia sido desmatada (MMA, 2011). Nestas condições, a
captura de recursos pela vegetação é reduzida e as funções ecológicas podem ser
perdidas a médio ou longo prazo (LUDWIG et al., 2000).

Comparativamente com áreas úmidas e temperadas, as regiões áridas e semiáridas


são as menos estudadas e compreendidas em termos de restauração ecológica e
conservação. O intenso estresse abiótico presente nestas regiões secas dificulta o
recrutamento das plantas, limita a dispersão das sementes e aumenta a
mortalidade dos indivíduos. Dentre os recursos, a disponibilidade de água no solo é
o principal fator controlador do crescimento e reprodução das plantas nestes
ambientes (FLORES & BRIONES, 2001).

A regeneração da vegetação semiárida pode ser um processo muito lento, por


vezes não ocorrendo naturalmente (WIEGAND et al., 2006), sendo necessária,
portanto, a intervenção humana para recuperação destes sistemas (PRACH &
HOBBS, 2008).

Os processos antrópicos de transformação da paisagem seja por obras de


engenharia, mineração ou perda de áreas florestadas para a pecuária ou extração
madeireira, se mantém em diferentes graus de acordo com os ciclos produtivos ou
períodos de desenvolvimento econômico. Até meados da década de 2010 o Brasil

3
passou por período de grande crescimento econômico caracterizado por obras de
infraestrutura como a construção de novas estradas, ferrovias, portos e barragens
que se espalharam pelo país (RODRIGUES, 2012). São exemplos destas obras, na
região nordeste, a Transnordestina e o Projeto de Integração do Rio São Francisco
com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF).

Para a implantação do Ramal do Agreste – Trecho VII do Projeto de Integração do


Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, um total de
1.106,4 ha, fora das Áreas de Preservação Permanente (APP), receberam
autorização de supressão vegetal ao longo do trecho VII da obra (Autorização Nº
04.18.04.001176-2). A Área de Influência Direta (AID) do Ramal do Agreste é de
42.055,009 ha e a Área Diretamente Afetada (ADA), 2.165,549 ha (Figura 1).

Considerando que a implementação integral dos Planos, Programas e Medidas


Mitigadoras para a instalação do Ramal do Agreste são de responsabilidade do
empreendedor (Licença de Instalação no 01.13.01.000171-1–item 1.1), ficam
vinculadas ao Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) do Ramal do
Agreste a Compensação Ambiental, a reconstituição das APPs e a
Recuperação/Reflorestamento dos terrenos utilizados temporariamente pela obra
(Licença de Instalação no 01.13.01.000171-1 – itens 1.16, 2.4 e 2.5).

Considerando que para recuperar grandes extensões de áreas degradadas pela


instalação de obras de infraestrutura, como o PISF, uma estratégia eficiente é
recuperar áreas disjuntas ao longo da obra, utilizando em cada uma delas métodos
de nucleação (REIS et al., 2003), permitindo assim a facilitação dos processos de
sucessão natural dentro e entre as áreas selecionadas para recuperação.

Neste contexto, apresentaremos a metodologia de seleção de áreas prioritárias e os


modelos de recuperação a serem utilizados pelo Programa de Recuperação de
Áreas Degradadas (PBA - 9) do Ramal do Agreste.

4
Figura 1 – Localização do Ramal do Agreste.

5
2. Apresentação do modelo conceitual de seleção e priorização de áreas para
recuperação
Modelo conceitual e obtenção dos dados

A seleção de áreas prioritárias é realizada em ambiente SIG a partir da combinação


de variáveis relacionadas à resiliência das áreas degradadas com indicações de
prioridade para as mesmas áreas.

Em relação à seleção serão consideradas variáveis relacionadas à resiliência, sendo


que ações de recuperação tem melhor custo-benefício (são mais efetivas) em áreas
com potencial intermediário de recuperação (PARDINI et al., 2010). Portanto, áreas
com potencial de regeneração natural extremo (ex. roças abandonadas com
potencial muito alto e bota fora de ordem 2 com potencial muito baixo) não são
selecionadas para ações de recuperação e são indicadas para abandono e condução
da regeneração natural. Em relação à priorização dessas áreas serão consideradas
variáveis relacionadas à legislação ambiental, à manutenção da conectividade
(capacidade da paisagem de permitir fluxos biológicos) e à manutenção dos
serviços ecossistêmicos.

As variáveis relacionadas a cada uma dessas etapas estão descritas no quadro 1.

Quadro 1 - Dados utilizados na seleção e priorização de áreas para PRAD.

Variável Etapa Descrição


Uso do solo Seleção Fotointerpretação de imagens recentes do sensor MSI do
satélite Sentinel-2. Para a ADA do Ramal do Agreste.
Índice de aridez Seleção Categorização do índice de aridez (razão entre as médias
anuais de precipitação e evapotranspiração potencial –
http://www.cgiar-csi.org/data/global-aridity-and-pet-
database) em dez classes utilizando intervalos iguais.
Porcentagem de caatinga Seleção Mapa de proporção de hábitat remanescente gerado
através de uma análise do tipo ―moving windows‖ (sensu
MCGARIGAL et al., 2002 - do programa FRAGSTATS 4.1),
considerando um círculo de raio igual a 200 m e
categorizado em dez classes com intervalos iguais. Esse
mapa deve abranger no mínimo a área da AID do Ramal
do Agreste.
Área de preservação Priorização Dado fornecido pelo empreendedor.
permanente
Passagens de fauna Priorização Dado fornecido pelo empreendedor.
Proximidade de maciços de Priorização Dados obtidos em bases oficiais e complementados por
caatinga e distância de digitalização em imagens aéreas recentes.
estradas e áreas urbanas
Zoneamento da obra Priorização Dado fornecido pelo empreendedor.

Cruzamento de dados

Os dados serão organizados em três etapas, uma relacionada a seleção, outra a


priorização de áreas e finalmente a combinação de ambas, onde é realizada a
priorização das áreas selecionadas. Os mapas devem ser produzidos em formato
matricial e com resolução espacial de 5 m, para permitir as operações algébricas e

6
booleanas que serão utilizadas e garantir um refinamento espacial do resultado
final.

A etapa de seleção consiste na soma dos mapas de resiliência do uso do solo, do


índice de aridez e da porcentagem de hábitat, ressaltando que todos foram
categorizados em classes com valores dos pixels de 1 a 10. Dessa forma o
resultado dessa soma será um mapa cujos valores máximos alcançarão 30 e
mínimos 3. As áreas selecionadas deverão abranger os pixels com valores
intermediários, o que representaria as áreas com resiliência intermediária. A
definição dos limites máximos e mínimos considerados como áreas com resiliência
intermediária deve ser realizada considerando a extensão total em hectares que se
pretende recuperar a partir de ações de plantio de mudas ou de semeadura direta
(Figura 2). As áreas cujos pixels tem valores acima ou abaixo dos valores definidos
devem ser indicadas para condução da regeneração natural ou abandono (pousio).

Figura 2 - Modelo conceitual da relação entre efetividade de ações de recuperação e resiliência.

A etapa de priorização deve combinar em um mapa as informações relativas a área


da obra, a saber: o zoneamento da obra, as áreas de APP e as áreas de passagem
de fauna; e em outro mapa as informações relativas ao entorno da obra, a saber:
distância de estradas e áreas urbanas e proximidade de maciços de caatinga
(quadro 1). No caso das informações relativas à área da obra áreas as áreas de APP
e de passagem de fauna devem ser consideradas com maior prioridade para
recuperar e as áreas desapropriadas para a obra sem emissão de ASV com menor
prioridade, com as demais possibilidades em situação intermediária. No caso da
APP deve-se utilizar uma projeção expandida da APP prevista em lei (Código
Florestal Lei 12.651/2012), utilizando 60 m para cada lado dos rios ao invés de 30
m, esse cuidado é necessário para garantir a devida recuperação de áreas com
instalação de bueiros e enrocados. Para as informações relativas ao entorno da obra
devem ser priorizadas áreas distantes de estradas e cidades e próximas a maciços

7
de caatinga. Dessa forma serão gerados dois mapas, um de prioridades na área da
obra e um de prioridades no entorno da obra. Esses dois mapas devem ser
categorizados em classes variando de 1 a 20 sendo que a classe de APP e
passagem de fauna do mapa relativo a área da obra deve ter valores de pixel iguais
ao dobro do valor de todas as outras classes de ambos os mapas. Assim enquanto
APP e passagens de fauna terão prioridade com valor 20, todas as demais classes
terão pixels com valores iguais ou menores à dez. Esse artifício matemático
permitirá, após a operação de soma dos dois mapas (prioridade local e regional),
isolar áreas de APP e passagens de fauna com prioridade máxima (valores maiores
que 20). Por fim o mapa de prioridade de áreas para recuperar deve ser
categorizado em quatro classes, a saber: muito alta (exclusiva para APP e
passagem de fauna), alta, média e baixa.

A última etapa, a combinação dos mapas de seleção e priorização, resultará no


mapa de prioridades para PRAD. Esse mapa será produzido a partir de uma série de
operações booleanas descritas no quadro 2. O resultado final então deve ser
editado a fim de se eliminar áreas muito pequenas (ex. < 0,5 ha) e dividir áreas
muito extensas (ex. mais de 1 km de comprimento) para otimizar a produção de
PRADs para cada uma das áreas indicadas. As áreas que não foram indicadas para
PRAD, porém estão degradadas, devem constar no mapa como áreas de pousio ou
abandono. Essas áreas, assim como os polígonos indicados para PRAD, serão
monitoradas ao longo do tempo e consideradas na recuperação de áreas indicadas
para compensação de APP.

Quadro 2 - Regras booleanas para priorização das áreas selecionadas.

Classes do mapa de Operação Classes do mapa de Classes no mapa do PRAD


resiliência booleana prioridades
Alta, média e baixa ―E‖ Muito Alta = Muito Alta
Média e baixa ―E‖ Alta = Alta
Média e baixa ―E‖ Média = Média
Alta, média e baixa ―E‖ Baixa = Pousio

2.1. Compensação pelo uso de Área de Preservação Permanente (APP) e Reposição


Florestal.
Serão executados ações de recuperação e conservação de áreas de APP sendo tal
passivo calculado a partir da área total autorizada e utilizada no empreendimento
conforme preconiza legislação estadual e federal. O material lenhoso suprimido
durante a execução do empreendimento também será reposto seguindo legislação
específica. Para tanto, as áreas de compensação e reposição serão apresentadas
em notas técnicas específicas consolidando o total de passivo a ser atendido em
todo o empreendimento.

8
3. Técnicas de recuperação

No Brasil, a principal técnica de restauração florestal utilizada é o reflorestamento


heterogêneo em área total através do plantio de mudas de espécies arbóreas
(MARTINS et al., 2015). Existem desde projetos que utilizam uma ou poucas
espécies de rápido crescimento até aqueles que contemplam mais de uma centena,
considerando espécies de diferentes classes sucessionais. Todos visam sombrear
espécies invasoras, especialmente as gramíneas, atrair dispersores que tragam
sementes de florestas vizinhas, e modificar o microclima e o solo para melhorar o
estabelecimento da vegetação. Contudo, um dos inconvenientes deste método é
constituir uma vegetação com estrutura uniforme, muito diferente da observada
nas floresta naturais, além da dificuldade de aplicá-lo em áreas com topografia
irregular ou declive acentuado (LACERDA & FIGUEIREDO, 2009) e do custo elevado.

Neste sentido, outros métodos e conceitos de restauração ecológica estão sendo


aplicados como alternativa ao plantio heterogêneo de mudas (VIEIRA et al., 2009;
FERREIRA et al., 2015; ROCHA et al., 2016).

A nucleação é uma técnica de recuperação que se baseia nos processos naturais da


sucessão e tem como finalidade melhorar as condições ambientais da área
degradada (YARRANTON & MORRISON, 1974). A proposta é criar pequenos habitats
(núcleos) de forma a induzir uma heterogeneidade ambiental, propiciando
ambientes distintos no espaço e no tempo. A função dos núcleos é facilitar o
processo de recrutamento de novas espécies dos fragmentos vizinhos e do banco
de sementes local. São criadas condições para a regeneração natural, com a
chegada de espécies vegetais, animais e microrganismos e a formação de uma
rede de interações entre eles (SÃO PAULO, 2011). A nucleação, portanto, pode
atuar sobre toda a diversidade dentro do processo sucessional envolvendo o solo,
os produtores, os consumidores e os decompositores (REIS et al., 2003) e é capaz
de formar novas populações, novos nichos de regeneração e gerar conectividade na
paisagem (SÃO PAULO, 2011).

A restauração através da nucleação é caracterizada por diversas técnicas que são


implantadas sempre em núcleos, nunca em área total, a fim de deixar espaços
abertos para o eventual se expressar, ocupando em média 5% da área (REIS et al.,
2006). São técnicas nucleadoras a transposição de solo, transposição de galharia,
poleiros artificiais, semeadura direta e plantio de mudas em ilhas (REIS et al.,
2003).

Para a revegetação deste PRAD, serão utilizadas duas técnicas nucleadoras, a


semeadura direta e o plantio de mudas em ilhas.

A semeadura direta de espécies nativas é uma prática promissora, que tem


apresentado bons resultados em relação ao custo de implantação e

9
estabelecimento de espécies (ARAKI, 2005; SILVA et al., 2015). O processo de
semeadura é a forma mais direta para recompor o banco de sementes e a
cobertura do solo (REIS et al., 2003). Uma maneira de implantá-la é com o
consórcio de sementes de espécies nativas, compondo a ―muvuca de sementes‖,
com leguminosas de ciclo de vida curto, em que estas desempenharão papel
fundamental nos primeiros meses do sistema em recuperação. As leguminosas de
vida curta são espécies que germinam, se estabelecem e se reproduzem
primeiramente, contribuindo, desta maneira, para a cobertura do solo e inibição do
desenvolvimento de gramíneas e outras espécies espontâneas (MENDES, 2011).

O plantio de mudas em ilhas sugere a formação de pequenos núcleos onde são


colocadas plantas de distintas formas de vida (ervas, arbustos, lianas, árvores),
geralmente aquelas que se reproduzem precocemente de forma a atrair
polinizadores, dispersores e decompositores para os núcleos formados (REIS et al.,
2003).

Baseados nas duas técnicas de nucleação supracitadas, foram criados cinco


modelos de nucleação que serão implantados nas áreas a serem recuperadas. São
dois modelos de semeadura direta: semeadura de baixa densidade (SBD) e
semeadura de alta densidade (SAD); e três modelos de plantio de mudas em ilhas:
núcleo de aceleração da regeneração natural com espécies pioneiras (NARNP),
núcleo de aceleração da regeneração natural com espécies secundárias (NARNS) e
núcleo de alta diversidade (NAD).

4. Modelos de recuperação

Os modelos de nucleação a seguir estão descritos em ordem crescente de


complexidade.

Todas as sementes e plantas utilizadas nos modelos de nucleação serão


provenientes do Resgate de Germoplasma do Subprograma de Monitoramento das
Modificações da Cobertura, Composição e Diversidade Vegetal, que integra o
Programa de Conservação da Fauna e Flora (PBA 17) do Ramal do Agreste - PISF.

4.1. Semeadura direta

As espécies propostas em ambos modelos de semeadura direta foram escolhidas


com base no estudo realizado por Carvalho (2016) nas áreas de influência do PISF,
no qual foram prospectadas espécies herbáceas pioneiras com potencial para
cobertura vegetal de áreas degradadas. Serão utilizadas nestes modelos cinco
espécies herbáceas nativas da Caatinga: Senna uniflora (Mill.) H.S.Irwin & Barneby,
Rhaphiodon echinus Schauer, Sida galheirensis Ulbr., Mesosphaerum suaveolens
(L.) Kuntze e/ou Herissantia crispa (l.) Brizicky, as quais apresentam atributos

10
funcionais que possibilitam a rápida e eficaz cobertura do solo, de acordo com os
resultados da pesquisa.

4.1.1. Semeadura de baixa densidade (SBD)

Este método será indicado para áreas extensas em estado inicial de regeneração
natural e será aplicado em consórcio com os Núcleos de Aceleração da
Regeneração Natural com Espécies Pioneiras (NARNP), com os Núcleos de
Aceleração da Regeneração Natural com Espécies Secundárias (NARNS) e/ou com
os Núcleos de Alta Diversidade (NAD). Dentre as espécies listadas por Carvalho
(2016), Senna uniflora é uma herbácea fixadora de nitrogênio, de crescimento
rápido e ciclo reprodutivo curto, bastante indicada para cobertura vegetal de solos
expostos. As sementes de S. uniflora serão semeadas a lanço, na densidade de
360.000 sem./ha sobre a área dos polígonos selecionados e, posteriormente, o
terreno será gradeado mecanicamente com auxílio de trator, de modo a desagregar
o solo e incorporando as sementes.

4.1.2. Semeadura de alta densidade (SAD)

Método indicado para áreas extensas com elevado grau de degradação, podendo
ser combinado com os modelos de plantio de mudas (NARNP, NARNS e/ou NAD).
Serão utilizadas até cinco espécies herbáceas, S. uniflora, R. echinus, S.
galheirensis e M. suaveolens e/ou H. crispa.

Este modelo de semeadura será composto por no mínimo três espécies, com a
semeadura de S. uniflora na densidade de 36 sementes/m² (360.000 sem./ha) e as
demais espécies, juntas, terão densidade total de 65 sementes/m² (650.000
sem./ha). A composição final deste modelo de semeadura fica vinculada à oferta de
sementes. Inicialmente, as sementes serão lançadas sobre a área dos polígonos
selecionados e, posteriormente, o terreno será gradeado mecanicamente com
auxílio de trator, de modo a desagregar o solo, promovendo também a incorporação
das sementes.

4.2. Plantio de mudas em ilhas

4.2.1. Núcleo de Aceleração da Regeneração Natural com Espécies Pioneiras


(NARNP)

O Núcleo de Aceleração da Regeneração Natural com Espécies Pioneiras (NARNP)


será implantado, preferencialmente, nas áreas de prioridade alta e média, indicadas
pelo processo de priorização, ao longo dos canais da obra numa densidade de seis
núcleos por hectare. Será composto por espécies pioneiras, portanto de rápido
crescimento e mais resistentes às condições adversas do ambiente. Este núcleo
tem o objetivo de acelerar a regeneração das áreas degradadas. Os NARNPs devem
ser posicionados paralelos ao canal. Para o plantio dos indivíduos no núcleo,

11
devemos tomar a posição central de costas para montante. O indivíduo central
receberá a numeração 1 e a partir dele numeramos e posicionamos os demais
indivíduos do núcleo no sentido horário. A figura 3 mostra o esquema da
distribuição e espaçamento das mudas deste modelo. A composição de cada núcleo
ficará vinculada a disponibilidade das mudas nos viveiros na época do plantio.

Figura 3 – Esquema da implantação e distribuição das mudas do Núcleo de Aceleração da Regeneração


Natural com Espécies Pioneiras (NARNP).

4.2.2. Núcleo de Aceleração da Regeneração Natural com Espécies


Secundárias (NARNS)
O Núcleo de Aceleração da Regeneração Natural com Espécies Secundárias
(NARNS) será inserido, preferencialmente, nas áreas indicadas como de prioridade
muito alta, selecionadas por estarem ligadas às passagens de fauna e às áreas de
preservação permanente (APP) localizadas ao longo dos canais do PISF. Implantado
na densidade de seis núcleos por hectare e com os indivíduos mais adensados, é
composto por espécies secundárias iniciais e tardias e cercado por uma malha de
galhos (garranchos) de algaroba. Essa configuração tem como finalidade
estabelecer um microclima mais favorável para o desenvolvimento das mudas no
interior do núcleo. Tem por finalidade promover a regeneração de áreas que
apresentam sinais de regeneração natural e/ou com alguma disponibilidade de
água. Os NARNS devem ser implantados paralelos ao canal. Para o posicionamento
dos indivíduos no núcleo devemos tomar a posição central de costas para
montante. O indivíduo central receberá a numeração 1 e a partir dele numeramos e
posicionamos os demais indivíduos do núcleo no sentido horário. A figura 4 mostra
o esquema da distribuição e espaçamento das mudas deste modelo. A composição

12
de cada núcleo ficará vinculada a disponibilidade das mudas nos viveiros na época
do plantio.

Figura 4 – Esquema da implantação e distribuição das mudas do Núcleo de Aceleração da Regeneração


Natural com Espécies Secundárias (NARNS).

4.2.3. Núcleo de alta diversidade (NAD)

Método indicado para acelerar a recuperação de áreas extensas, de elevada


importância ambiental, com elevado grau de degradação e com baixa
disponibilidade hídrica. Este método consiste no aproveitamento de pequenas
depressões no relevo como núcleos úmidos, acumulando água da chuva através da
rede de drenagem e contribuindo para a sobrevivência das mudas plantadas em
suas margens. Essas depressões podem ser naturais ou artificiais, e quando
necessário serão aprofundadas com o uso de maquinário agrícola.

Os NAD serão implantados ao redor de lagos, dispondo as espécies em três estratos


formados por círculos concêntricos distantes 2 metros uns dos outros. As mudas de
cada estrato serão plantadas a cada 2 metros. Para compor os três estratos, serão
utilizadas ao todo 10 espécies de plantas nativas da Caatinga que apresentam
distribuição em toda a área do PISF (Figura 5). Com o intuito de impedir ou dificultar
a passagem de animais (p.ex. caprinos), ao redor de cada núcleo será implantada
uma cerca viva de Pilosocereus gounellei (xique-xique), com espaçamento de 15
cm entre indivíduos (Figura 6).

13
Figura 5 - Esquema de implantação do Núcleo de Alta Diversidade (NAD).

14
Figura 6 -Implantação de cerca viva de Pilosocereus gounellei (xique-xique) ao redor de um Núcleo de
Alta Diversidade (NAD) em implantação no eixo norte do PISF.

15
4.2.4. Atividades de implantação dos Núcleos

Abertura de covas

A abertura de covas tem como objetivo principal a melhoria química e física do solo
deforma localizada e deve estar sempre associada à adubação de base e a
descompactação do solo, tanto em largura quanto em profundidade (NAVE et al.,
2009).

As dimensões das covas utilizadas para o plantio nos núcleos serão de 30x30x40
cm para as espécies arbóreas e de 20x20x30 cm para as arbustivas.

Para a abertura das covas será utilizado um perfurador mecânico de 30cm de


diâmetro acoplado ao trator e completadas manualmente. Nos locais em que a
broca não perfurar o solo, em terrenos muito pedregosos, as covas serão abertas
manualmente com auxílio de cavadeiras e alavancas (Figura 7).

A B

C D

Figura 7 - Abertura das covas pelos métodos manual (A e B) e mecanizado (C e D).

16
Adubação

Será realizada adubação de base com 100g/cova de NPK 10-10-10 e 50g/cova de


silicato de magnésio (MB-4), com a finalidade de promover o desenvolvimento
inicial do sistema radicular (Figura 8).

Figura 8 - Adubação com NPK 10-10-10 e MB-4 durante a implantação de um NARN no eixo norte do PISF.

4.3. Áreas de pousio

Os locais que apresentem características de resiliência muito baixa ou muito alta


segundo o modelo conceitual apresentado na Figura 2 serão indicados para pousio,
isto é, não receberão intervenções diretas do PRAD. Sendo que sua recuperação se
dará através da regeneração natural e influenciada pelas ações executadas na
áreas próximas indicadas para intervenções. Mesmo não recebendo ações diretas,
tais áreas serão monitoradas para avaliação da regeneração natural.

5. Atividades pós plantio

A cerca viva de Pilosocereus gounellei (xique-xique) ao redor dos núcleos de alta


diversidade (NAD) será periodicamente vistoriada e quando necessário serão feitos
os devidos reparos para que seja mantida a sua função de proteção.

Com relação às demais espécies plantadas nos núcleos, a reposição das mudas
mortas, na mesma cova, será realizado após 12 meses do plantio, na estação
chuvosa.

Nas áreas de semeadura, o replantio ocorrerá também após 12 meses da


implantação, onde a cobertura vegetal das herbáceas for nula ou baixa.

17
6. Monitoramento

O monitoramento dos modelos implantados fornecerá informações para ajustá-los,


visando potencializar as interações ecológicas e a capacidade de resiliência das
comunidades biológicas, contribuindo para a redução do tempo de intervenção e,
consequentemente, dos custos totais da recuperação.

6.1. Monitoramento da efetividade da cobertura do solo (SBD e SAD)

O monitoramento da efetividade da cobertura do solo pelas espécies herbáceas


será realizado com observações in loco por período de três anos após a
implantação, podendo ser prorrogado pelo mesmo tempo, conforme Instrução
Normativa nº 4 do IBAMA (BRASIL, 2011). O monitoramento executivo ocorrerá três
vezes ao ano com intervalo de quatro meses entre as avaliações, obedecendo a
seguinte estratégia de coleta de dados: início do período chuvoso (novembro), final
do período chuvoso (março) e meio do período seco (julho). Neste monitoramento
serão avaliadas a presença da espécies semeadas e de espécies não semeadas e a
porcentagem de cobertura do solo, em cinco categorias: 0-1%, 1-10%, 10-25%, 25-
50% e >50%.

6.2. Monitoramento dos núcleos (NARNP, NARNS e NAD)

O monitoramento dos núcleos implantados será realizado com observações in loco,


por período de três anos após a implantação, podendo ser prorrogado pelo mesmo
tempo, conforme Instrução Normativa nº 4 do IBAMA (BRASIL, 2011). O
monitoramento executivo ocorrerá três vezes ao ano com intervalo de quatro
meses entre as avaliações, obedecendo a seguinte estratégia de coleta de dados:
início do período chuvoso (novembro), final do período chuvoso (março) e meio do
período seco (julho). Neste monitoramento será avaliada a sobrevivência dos
indivíduos plantados.

6.3. Monitoramento do sucesso da recuperação

Este monitoramento avaliará, por meio de amostragem, o sucesso da recuperação


dos modelos testados. Para os modelos de semeadura, serão avaliados fatores
diretos, como: (1) densidade das espécies semeadas e (2) cobertura do solo pelas
espécies semeadas; e indiretos de curto e médio prazos, tais como: (1) colonização
espontânea por espécies nativas, (2) alteração na distribuição das abundâncias de
espécies vegetais, (3) densidade de cobertura do solo por herbáceas nativas, (4)
presença de organismos indicadores de reestruturação dos processos ecológicos,
como artrópodes terrestres, polinizadores e dispersores e (5) alterações nas
propriedades do solo (fertilidade, umidade, temperatura, aporte de serapilheira). Os
fatores indiretos serão mensurados anualmente após a implantação dos modelos e
comparados com áreas de referência localizadas próximo às áreas de recuperação.

18
Para os modelos de núcleo, serão mensurados os seguintes fatores diretos: (1) taxa
de sobrevivência, (2) diâmetro da base do caule e (3) altura das mudas plantadas
nas áreas. Além dos fatores diretos, serão avaliados fatores indiretos de curto e
médio prazo, tais como: (1) colonização espontânea por espécies nativas, (2)
alteração na distribuição das abundâncias de espécies vegetais, (3) densidade de
cobertura do solo por herbáceas nativas, (4) presença de organismos indicadores
de reestruturação dos processos ecológicos, como artrópodes terrestres,
polinizadores e dispersores e (5) alterações nas propriedades do solo (fertilidade,
umidade, temperatura, aporte de serapilheira). Os fatores indiretos serão
mensurados anualmente após a implantação dos modelos e comparados com áreas
de referência localizadas próximo às áreas de recuperação (pontos de
monitoramento do PBA 23-Trechos I, II, V e do PBA 17- Ramal do Agreste ).

6.4. Monitoramento da cobertura vegetal

O mesmo protocolo aplicado para a seleção de áreas para PRAD será replicado
todos os anos após seu início, seguindo os mesmos limites máximos e mínimos para
determinação das áreas com resiliência intermediária. A extensão em hectares da
área selecionada para recuperação, segundo os limites pré-estabelecidos na
elaboração do PRAD, seria um bom indicador do avanço do processo de
recuperação na área. Pois quanto maior o número de áreas recuperadas com
sucesso (através de ações de recuperação ou de processos de regeneração natural)
menor será a área total selecionada para recuperar.

A evolução da cobertura do solo será avaliada como um todo e separadamente para


as diferentes classes indicadas pelo método de seleção (resiliência muito baixa,
resiliência intermediária, resiliência muito alta), com o intento de verificar se existe
diferença na velocidade de recuperação entre as três situações. A velocidade de
recuperação de cada situação (ex. taxa de conversão da classe áreas degradadas
para áreas recuperadas) é um indicador adequado para avaliar a eficiência das
ações de recuperação. Sendo que quanto maior a velocidade de recuperação da
situação com resiliência intermediária maior a importância das ações de
recuperação.

7. Referências

ARAKI, D.F. Avaliação da semeadura a lanço de espécies florestais nativas para


recuperação de áreas degradadas. 2005. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior
de Agricultura ―Luiz de Queiroz‖, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP, 2005.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos


Recursos Naturais Renováveis. Instrução Normativa nº4, de 13 de abril de 2011.
Brasília: Diário Oficial da União, 2011.

CARVALHO, J.N. Espécies nativas da caatinga para recuperação de áreas degradadas:


prospecção, ecofisiologia da germinação e crescimento de plantas. 2016. Dissertação

19
(Mestrado) – Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Ciências
Agrárias, Petrolina, PE, 2016.

CASTELLETTI, C.H.M.; SANTOS, A.M.M.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. Quanto ainda
resta da Caatinga? Uma estimativa preliminar. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA,
J.M.C. (Eds.). Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Editora Universitária da
UFPE, 2003. p.719-734.

CNRBC – Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga. Cenários para o


bioma Caatinga.Recife: Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, 2004.

COIMBRA-FILHO, A.F.; CÂMARA, I.G. Os limites originais do bioma Mata Atlântica na


região Nordeste do Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Brasileira para Conservação da
Natureza, 1996. 86p.

FERREIRA, M.C., WALTER, B.M.T.; VIEIRA, D.L.M. Topsoil translocation for Brazilian
savanna restoration: propagationofherbs, shrubs, and trees. Restoration Ecology,
v.23, p.723–728, 2015.

FLORES, J.; BRIONES, O. Plant life-form and germination in a Mexican inter-tropical


desert: effects of soil water potential and temperature. Journal of Arid Environments,
v.47, p.485–497, 2001.

GIULIETTI, A.M. et al. Espécies endêmicas da Caatinga. In: SAMPAIO, E.V.S.B.;


GIULIETTI, A.M.; VIRGÍNIO, J.; GAMARRA-ROJAS, C.F.L. (Eds.). Vegetação e flora da
Caatinga. Recife: Associação de Plantas do Nordeste, 2002. p.103-118.

GIULIETTI, A.M. et al. Diagnóstico da vegetação nativa do bioma Caatinga. In: SILVA,
J.M.C.; TABARELLI, M.; FONSECA, M.T.; LINS, L.V. (Orgs.). Biodiversidade da Caatinga:
áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente,
2004. p.47-90.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE - Mapa de Biomas do


Brasil: Primeira aproximação. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. 1 mapa, colorido. Escala
1:5.000.000. Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br/Cartas_e_Mapas/Mapas_Murais/ .
Acesso em: 30 ago. 2017.

LACERDA, B.M.A.; FIGUEIREDO, P.S. Restauração de mata ciliares do rio Mearim no


município de Barra do Corda-MA: seleção de espécies e comparação de
metodologias de reflorestamento. Acta Amazônica, v.39, n.2, p.295–304, 2009.

LUDWIG, J.A.; WIENS, J.A.; TONGWAY, D.J. A scaling rule for landscape patches and
how it applies to conserving soil resources in savannas. Ecosystems v.3, p.84-97,
2000.

MARTINS, V.S. et al. Uma abordagem sobre diversidade e técnicas de restauração


ecológica. In: MARTINS, S.V. (Ed.) Restauração ecológica de ecossistemas
degradados. 2015. p.19-41.

MCGARIGAL, K., CUSHMAN, S.A.; NEEL, M.C.; ENE, E. Fragstats: Spatial pattern
analysis program for categorical maps - version 3.3 build 5. Manual do programa.
Computer software program produced by the authors at the University of
Massachusetts, Amherst, 2002. Acesso em: 05 julho 2008.

MEIADO, M.V.; SILVA, F.F.S.; BARBOSA, D.C.A.; SIQUEIRA FILHO, J.A. Diásporos da
Caatinga: Uma revisão. In: SIQUEIRA FILHO, J.A. (Org.). Flora das Caatingas do Rio
São Francisco: História Natural e Conservação. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson
Estúdio Editorial, 2012. p.306-365.

20
MENDES, I.S. Avaliação de extratos das folhas e sementes de feijão-de-porco
(Canavalia ensiformis) como bioerbicidas pós-emergentes e identificação de
aleloquímicos via cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). 2011. Dissertação
(Mestrado), IQ São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2011.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Monitoramento do desmatamento nos biomas


brasileiros por satélite. Monitoramento do bioma Caatinga 2008-2009. Brasília:
MMA/IBAMA, 2011. 46p. Disponível em: <
http://www.mma.gov.br/estruturas/sbf_chm_rbbio/_arquivos/relatorio_tecnico_caatin
ga_2008_2009_72.pdf> Acesso em: 06 set 2017.

MOONEY, H.A.; BULLOCK, S.H.; MEDINA, E. Introduction. In: BULLOCK, S.H.;


MOONEY, H.A.; MEDINA, E. (Eds.). Seasonally Dry Tropical Forests. Cambridge:
Cambridge University Press, 1995. p.1-8.

NAVE, A.G.; BRANCALION, P.H.S.; COUTINHO, E.; CÉSAR, R.G. Descrição da ações
operacionais de restauração. In: Pacto pela restauração da mata atlântica:
referencial dos conceitos e ações de restauração florestal. RODRIGUES, R.R.;
BRANCALION, P.H.S.; ISERNHAGEN, I. (Orgs). São Paulo: LERF/ESALQ: Instituto
BioAtlântica, 2009. p.176-217.

NEMA (Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental). Nota Técnica n. 007/2016.


Subprograma de Monitoramento das Modificações de Cobertura, Composição e
Diversidade Vegetal. Petrolina: Univasf, 2016 b. 97p.

PARDINI, R., BUENO, A. D. A., GARDNER, T. A., PRADO, P. I., METZGER, J. P. 2010
Beyond the Fragmentation Threshold Hypothesis: Regime Shifts in Biodiversity
Across Fragmented Landscapes. PLoS ONE 5(10): e13666.

PENNINGTON, R.T.; PRADO, D.E.; PENDRY, C.A. Neotropical Seasonally Dry Forests
and Quaternary Vegetation Changes. Journal of Biogeography, v.27, p.261-273,
2000.

Portillo-Quintero C.A., Sánchez-Azofeifa G.A. (2010). Extent and conservation of


tropical dry forests in the Americas. Biological Conservation, v.143, n.1, p. 144–155.

PRACH, L.; HOBBS, R.J. Spontaneous succession versus technical reclamation in the
restoration of disturbed sites. Restoration Ecology, v.16, p.363–366, 2008.

PRADO, D.E. As caatingas da América do Sul. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA,
J.M.C. (Orgs.). Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Editora Universitária da
UFPE, 2003. p.3-74.

QUEIROZ, L.P. Leguminosas da Caatinga. Feira de Santana: Universidade Estadual


de Feira de Santana, 2009. 467p.

REIS, A.; BECHARA, F.C.; ESPINDOLA, M.B.; VIEIRA, N.K.; SOUZA, L.L. Restauração de
áreas degradadas: a nucleação como base para incrementar os processos
sucessionais. Natureza & Conservação, v.1, n.1, p.28-36, 2003.

REIS, A., TRES, D.R.; BECHARA, F.C. A Nucleação como novo paradigma na
restauração ecológica: ―Espaço para o imprevisível‖. In: Simpósio sobre
recuperação de áreas degradadas com ênfase em matas ciliares e Workshop sobre
recuperação de áreas degradadas no estado de São Paulo: avaliação da aplicação e
aprimoramento da Resolução SMA 47/03. São Paulo: Instituto de Botânica, 2006.

ROCHA, G.P.E.; VIEIRA, D.L.M.; SIMON, M.F. Fast natural regeneration in abandoned
pastures in southern Amazonia. Forest Ecology and Management, v.370, p. 93-101,
2016.

21
RODRIGUES, R.G. Paisagens do sertão setentrional. In: SIQUEIRA FILHO, J.A. (Org.).
Flora das Caatingas do Rio São Francisco: História Natural e Conservação. Rio de
Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio Editorial, 2012. p. 110-159.

SAMPAIO, E.V.S.B. Overview of the Brazilian Caatinga. In: BULLOCK, S.H.; MOONEY,
H.A.; MEDINA, E. (Eds.). Seasonal Dry Tropical Forests. Cambridge: Cambridge
University Press, 1995. p. 35-63.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Unidade de Coordenação do


Projeto de Recuperação das Matas Ciliares. Restauração ecológica: sistemas de
nucleação. Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Unidade de Coordenação do
Projeto de Recuperação das Matas Ciliares. In: Kuntschik, D.P., Eduarte, M.; Armelin,
R.S. (Eds.) 1.ed. – São Paulo: SMA, 2011. 63p.: il. color.

SILVA, R.R.P.; OLIVEIRA, D.R.; DA ROCHA, G.P.E.; VIEIRA, D.L.M. Direct seeding of
Brazilian savanna trees: effects of plant cover and fertilization on seedling
establishment and growth. Restoration Ecology, v.23, p.393-401, 2015.

VIEIRA, D.L.M.; HOLL, K.D.; PENEIREIRO, F.M. Agro-Successional Restoration as a


Strategy to Facilitate Tropical Forest Recovery. Restoration Ecology, v.17, p.451–
459, 2009.

WIEGAND, K.; SALTZ, D.; WARD, D. A patch-dynamics approach to savanna


dynamics and woody plant encroachment—insights from an arid savanna.
Perspectives in Plant Ecology, v.79, p.229–242, 2006.

YARRANTON, G.A.; MORRISON, R.G. Spatial dynamics of a primary succession:


nucleation. Journal of Ecology, v.62, n.2, p.417 - 428, 1974.

22

Você também pode gostar