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ANEXO I

GERADORES DE VAPOR (Caldeiras)


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1. Introdução

1.1. Definição

Gerador de vapor é um trocador de calor complexo que produz vapor de água sob pressões
superiores a atmosférica a partir da energia térmica de um combustível e de um elemento comburente, ar,
estando constituído por diversos equipamentos associados e perfeitamente integrados para permitir a
obtenção do maior rendimento térmico possível, sendo que esta definição abrange todos os tipos de
geradores de vapor, sejam os que vaporizam água, mercúrio, vapor de óxido de difenil – vapor de água ou
fluidos de alta temperatura, bem como as unidades mais simples de geradores de vapor, comumente
denominadas de caldeiras de vapor (Torreira, 1995). Pêra (1990), apresenta definição similar, mas
comenta que nem sempre a fonte produtora de calor é um combustível, podendo ser aproveitados calores
residuais de processos industriais, escapes de motores Diesel ou de turbinas a gás, dando ao equipamento
a denominação de caldeira de recuperação. Dantas (1988), definiu um gerador de vapor como vasos de
pressão onde a água é alimentada, continuamente e pela aplicação de uma fonte de calor, ela se
transforma em vapor.

1.2. Breve histórico

1.2.1. História do Vapor (CHD Válvulas)

Não é de hoje que o homem percebeu que o vapor podia fazer as coisas se movimentarem.
No primeiro século da era cristã, portanto há mais de 1900 anos, um estudioso chamado Heron
de Alexandria, construiu uma espécie de turbina a vapor, chamada eolípila.
Nesse engenho, enchia-se uma esfera de metal com água que produzia vapor que se expandia e
fazia a esfera girar quando saía através de dois bicos, colocados em posições diametralmente opostas.
Todavia, embora isso movimentasse a esfera, nenhum trabalho útil era produzido por esse movimento e o
sábio não conseguiu ver nenhuma utilidade prática para seu invento.

Figura 1. Ilustração da turbina a vapor de Heron de Alexandria (eolípila)


3

Muitos sééculos mais taarde, a máquuina a vapor foi a primeirra maneira efficiente de prroduzir
energia independenntemente da força
f musculaar do homem e do animal, e da força doo vento e das águas
correnntes. Sua inveenção e uso foii uma das bases tecnológicaas da Revoluçção Industrial. Em sua form
ma mais
simples, as máquinnas a vapor usaam o fato de que
q a água, qu
uando converttida em vapor se expande e ocupa
um voolume de até 1.600
1 vezes maior
m do que o original, quan
ndo sob pressão atmosféricca.
Foi somennte no século XVII,
X mais prrecisamente em
m 1690, que o físico francêês Denis Papin
n usou
esse princípio
p para bombear águua. O equipam
mento bastante rudimentar que
q ele inventoou, era compo
osto de
um piistão dentro de um cilindro que ficava soobre uma fontte de calor e no
n qual se collocava uma peequena
quantidade de águaa. Quando a água
á se transfformava em vapor,
v a pressãão deste forçaava o pistão a subir.
Entãoo a fonte de calor
c era remoovida o que fazia
f o vapor esfriar e se condensar.
c Issso criava um vácuo
parciaal (pressão abaaixo da pressãão atmosféricaa) dentro do cilindro.
c Comoo a pressão doo ar acima do pistão
era a pressão
p atmossférica, ela o empurrava
e parra baixo, realizando o trabaalho.
Mas, a uttilização efetivva dessa tecnnologia só se iniciou com a invenção dde Thomas Savery,
S
patentteada em 16988 e aperfeiçoaada em 1712 por
p Thomas Newcomen
N e Joohn Calley.

Figu
ura 2. Maquiina a vapor de Thomas Saavery

Nessa máqquina, o vapoor gerado em uma caldeiraa era enviado para um ciliindro localizaado em
cima da caldeira. Um
U pistão era puxado para cima por um contrapeso. Depois
D que o ccilindro ficavaa cheio
de vappor, injetava-sse água nele, fazendo
f o vappor condensar..
Isso reduzzia a pressão dentro
d do cilinndro e fazia o ar externo empurrar o pisstão para baix
xo. Um
balanccim era ligadoo a uma hastee que levantavva o êmbolo quando
q o pistãão se movia ppara baixo. O vácuo
resultante retirava a água de poçoos de mina inuundados.
Um consttrutor de insstrumentos esscocês chamaado James Watt
W notou qque a máquiina de
Newccomen, que usava
u a mesm
ma câmara paara alternar vapor
v aqueciddo e vapor reesfriado condeensado
despeerdiçava combbustível. Porr isso, em 1765,
1 ele pro
ojetou uma câmara
c conddensadora sep
parada,
refrigerada a água. Ela era equippada com umaa bomba que mantinha um vácuo parcial e uma válvu
ula que
retiravva periodicam
mente o vapoor do cilindroo. Isso reduziu
u o consumoo de combusttível em 75%
%. Essa
máquina corresponnde aproximaddamente à modderna máquinaa a vapor.
4

Em 1782,, ele projetouu e patenteouu a máquina rotativa de ação


a dupla naa qual o vap
por era
introdduzido de ambbos os lados do
d pistão de modo
m a produzzir um movim
mento para cim
ma e para baixo. Isso
tornouu possível preender o êmboloo do pistão a uma
u manivelaa ou um conjuunto de engrennagens para prroduzir
movim
mento rotativoo e permitiu que
q essa máquuina pudesse ser usada parra impulsionarr mecanismoss, girar
rodas de carroças ou
o pás para moovimentar navvios em rios.

Figgura 3. Maqu
uina Rotativa
a de Ação Du
upla

No fim doo século XVIIII, as máquinaas a vapor pro


oduzidas por Watt mpanheiro Matthew
W e seu com
Boulton forneciam energia para fábricas,
f moinnhos e bombas na Europa e na América.
mento das calldeiras, que poodiam operar com altas preessões e que fforam desenvo
O aparecim olvidas
por Richard
R Trevitthick na Inglaaterra e por Oliver
O Evans nos
n Estados Unidos,
U no iníício do século
o XIX,
tornouu se a base paara a revoluçãão dos transpoortes uma vezz que elas poddiam ser usadas para movim
mentar
locom
motivas, barcos fluviais e, deepois, navios.
A máquinna a vapor toornou-se a priincipal fonte produtora dee trabalho doo século XIX e seu
desennvolvimento se
s deu no esforço
e de melhorar
m seu rendimento,, a confiabillidade e a relação
r
peso/ppotência. O advento
a da ennergia elétricaa e do motor de combustãoo interna no sséculo XX, to
odavia,
condeenaram pouco a pouco, nos países mais inndustrializado
os, a máquina a vapor ao quuase esquecim
mento.

1.2.2. O vapor no século XXI (CHD


D Válvulas)

No século XX, a máquinna a vapor, coomo fornecedo


ora de energiaa foi sendo subbstituída por:
· turbiinas a vapor, para
p a geraçãoo de energia elétrica;
· motoores de combuustão interna para
p transportee;
· geradores para fonntes portáteis de energia;
· por motores
m elétricos, para uso industrial e doméstico.
d

Mesmo asssim, o vaporr ainda hoje teem extensa ap


plicação induustrial, nas maais diversas formas,
fo
depenndendo do tipoo de indústria e da região onnde está installada.
5

O vapor produzido em um gerador de vapor pode ser usado de diversas formas:


· em processos de fabricação e beneficiamento;
· na geração de energia elétrica;
· na geração de trabalho mecânico;
· no aquecimento de linhas e reservatórios de óleo combustível;
· na prestação de serviços.

Nos processos de fabricação e de beneficiamento, o vapor é empregado em:


* Indústria de bebidas e conexos: nas lavadoras de garrafas, tanques de xarope, pasteurizadoras.
* Indústrias madeireiras: no cozimento de toras, secagem de tábuas ou lâminas em estufas, em prensas
para compensados.
* Indústria de papel e celulose: no cozimento de madeira nos digestores, na secagem com cilindros
rotativos, na secagem de cola, na fabricação de papelão corrugado.
* Curtumes: no aquecimento de tanques de água, secagem de couros, estufas, prensas, prensas a vácuo.
* Indústrias de laticínios: na pasteurização, na esterilização de recipientes, na fabricação de creme de
leite, no aquecimento de tanques de água, na produção de queijos, iogurtes e requeijões (fermentação).
* Frigoríficos: nas estufas para cozimento, nos digestores, nas prensas para extração de óleo.
* Indústria de doces em geral: no aquecimento do tanque de glicose, no cozimento de massa em panelas
sob pressão, em mesas para o preparo de massa, em estufas.
* Indústria de vulcanização e recauchutagem: na vulcanização, nas prensas.
* Indústrias químicas: nas autoclaves, nos tanques de armazenamento, nos reatores, nos vasos de pressão,
nos trocadores de calor.
* Indústria têxtil: utiliza vapor no aquecimento de grandes quantidades de água para alvejar e tingir
tecidos, bem como para realizar a secagem em estufas.
* Indústria de petróleo e seus derivados: nos refervedores, nos trocadores de calor, nas torres de
fracionamento e destilação, nos fornos, nos vasos de pressão, nos reatores e turbinas.
* Indústria metalúrgica: nos banhos químicos, na secagem e pintura.

A geração de energia elétrica através de vapor é obtida nas usinas termoelétricas e outros pólos
industriais. Para isso, os equipamentos são compostos basicamente de um gerador de vapor
superaquecido, uma turbina, um gerador elétrico e um condensador.
O vapor é também utilizado para a movimentação de equipamentos rotativos, na geração de
trabalhos mecânicos.
Nas indústrias onde é usado “óleo combustível pesado”, é necessário o aquecimento das
tubulações e reservatórios de óleo, a fim de que ele possa fluir livremente e proporcionar uma boa
combustão. Isso é feito por meio dos geradores de vapor.
Além desses usos industriais, os hospitais, as indústrias de refeições, os hotéis e similares utilizam o
vapor em suas lavanderias e cozinhas e no aquecimento de ambientes.
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2. Caldeiras

É um aparelho térmico que produz vapor a partir do aquecimento de um fluido vaporizante. Na


prática adotam-se alguns nomes, a saber:
- Caldeiras de vapor: são os geradores de vapor mais simples, queimam algum tipo de combustível como
fonte geradora de calor.
- Caldeiras de recuperação: são aqueles geradores que não utilizam combustíveis como fonte geradora de
calor, aproveitando o calor residual de processos industriais (gás de escape de motores, gás de alto forno,
de turbinas, etc.).
- Caldeiras de água quente: são aqueles em que o fluido não vaporiza, sendo o mesmo aproveitado em
fase líquida (calefação, processos químicos).
- Geradores reatores nucleares: são aqueles que produzem vapor utilizando como fonte de calor a energia
liberada por combustíveis nucleares (urânio enriquecido).

2.1. Classificação das Caldeiras

A escolha do tipo de caldeira a ser utilizada se faz principalmente em função do tipo de serviço a
ser executado, do tipo de combustível disponível, da capacidade de produção e de fatores de caráter
econômico. As caldeiras possuem várias classificações dentre as que serão dadas a seguir:
• classes de pressão;
• grau de automação;
• tipo de energia empregada;
• tipo de troca térmica.

De acordo com as classes de pressão, as caldeiras foram classificadas segundo a NR-13


(Caldeiras e Vasos de Pressão – Norma NBR) em:
• Categoria A: caldeira cuja pressão de operação é superior a 1960 kPa (19,98kgf/cm2);
• Categoria C: caldeiras com pressão de operação igual ou inferior a 588 kPa (5,99kgf/cm2) e
volume interno igual ou inferior a 100 litros;
• Categoria B: caldeiras que não se enquadram nas categorias anteriores.

De acordo com o grau de automação, as caldeiras podem se classificar em: manuais, semi-
automáticas e automáticas.
De acordo com o tipo de energia empregada, elas podem ser do tipo: combustível sólido, liquido,
gasoso, caldeiras elétricas e caldeiras de recuperação.
Existem outras maneiras particulares de classificação, a saber: quanto ao tipo de montagem,
circulação de água, sistema de tiragem e tipo de sustentação.
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2.2. Tiposs de caldeirass

A classificcação mais usual de caldeeiras de comb


bustão refere-sse à localizaçção de água/g
gases e
dividee-as em: flamotubulares, aquatubulare
a es e mistas.
As caldeirras flamotubulares ou foggotubulares são aquelas em
m que os gasses provenien
ntes da
combuustão (gases quentes) circuulam no interrior dos tubos, ficando poor fora a águaa a ser aquecida ou
vaporrizada como illustrado na Figgura 4.

F
Figura 4. Rep
presentação esquemática
e da
d Caldeira Flamotubular
F r.

Ao se acom
mpanhar o proocesso evolutiivo por que paassaram os geeradores de vap
apor, nota-se que
q nas
caldeiiras flamotubbulares primittivas a superfície de aqu
uecimento erra muito peqquena, tendo como
conseeqüência uma baixa
b vaporizzação específicca (12 a 14kg de vapor geraado/m²).
om o aumentoo do número de tubos, por mais
Embora essa capacidadde tenha sido ampliada co
tubos que se colocaassem dentro da caldeira, essa
e superfíciee ainda continnuava pequenaa, causando o baixo
rendim
mento térmicoo e a demora na
n produção de
d vapor.
Com a evvolução dos processos
p inddustriais, aumentou muito a necessidade de caldeiraas com
maiorr rendimento,, menos conssumo, rápida geração e grandes
g quanttidades de vaapor. Baseado
os nos
princíípios da transfferência de caalor e na expeeriência com os tipos de caaldeiras existeentes, os fabriicantes
invertteram a formaa de geração de
d calor: troccaram os tubos de fogo porr tubos de águua, o que aum
mentou
muitoo a superfície de
d aquecimento, surgindo a caldeira aquatubular.
Seu princíípio de funcioonamento baseeia-se no princcípio da Física que diz quee quando um líquido
l
é aquecido, as prim
meiras partícuulas aquecidass ficam mais leves
l e sobem
m, enquanto qque as frias, que
q são
mais pesadas,
p desccem. Recebendo calor, elass tornam a sub
bir, formandoo assim um m
movimento con
ntínuo,
até quue a água entree em ebuliçãoo.
Na ilustraçção a seguir, podemos
p notarr que a água é vaporizada nos
n tubos que constituem a parede
p
mais interna,
i subindo ao tambor de vapor, danndo lugar a nova quantidadee de água fria que será vapo
orizada
e assim
m sucessivam
mente.
8

Figura 5. Rep
presentação esquemática
e da Caldeira Aquatubular
A r.

As caldeirras mistas sãoo caldeiras fllamotubularess que possuem


m uma antefoornalha com parede
p
d’águua. Normalmennte são projetaadas para a quueima de comb
bustível sólidoo.
A caldeiraa elétrica é um
u equipamennto cujo papeel principal é transformar energia elétriica em
térmicca, para transm
miti-la a um flluido apropriaado, geralmente água.
A produçãão de vapor, em
e uma caldeeira elétrica, baseia-se
b no fato
fa de que a ccorrente elétriica, ao
atraveessar qualquerr condutor, enncontra resistêência a sua liv
vre circulação e desprende ccalor (Efeito Joule).
J
As paartes constituinntes dessas caaldeiras serão estudadas
e em outros módullos.

deiras flamottubulares
2.2.1. Cald

O rendimeento térmico da
d caldeira flaamotubular é normalmentee mais baixo e o espaço occupado
por ela é proporciionalmente maior,
m embora atualmente já
j existam modelos
m compaactos desse tiipo de
caldeiira. Apesar dessas
d restriçõões, seu empprego pode ser indicado de
d acordo coom as necesssidades
particculares de cadaa processo inddustrial, sendoo adequado paara pequenas innstalações inddustriais.

2.2.1.1. Tiipos de caldeiiras flamotub


bulares

Caldeiras flamotubularres ou fogotuubulares são aquelas em que os gasees provenientes da


combuustão (gases quentes)
q circuulam no interiior dos tubos e a água a seer aquecida ouu vaporizada circula
c
pelo lado de fora.
Este tipo de
d caldeira é o de construçãão mais simplees, e pode ser classificado qquanto à distrib
buição
dos tuubos, que podeem ser tubos verticais
v ou hoorizontais.
9

a) Caldeirras de tubos verticais


v

Nas caldeeiras de tuboss verticais, oss tubos são colocados


c verrticalmente nuum corpo cilííndrico
fechaddo nas extrem
midades por pllacas, chamadas espelhos. A fornalha inteerna fica no ccorpo cilíndricco logo
abaixoo do espelho inferior. Os gases
g de combbustão sobem através dos tuubos, aquecenndo e vaporizaando a
água que
q está em volta deles.
As fornallhas externass são utilizaadas principaalmente no aproveitamennto da queim
ma de
combuustíveis de baaixo poder callorífico, tais como:
c serragem, palha, cascca de café e dde amendoim e óleo
combuustível (1A, 2A
2 ... etc.).

Figurra 6. Caldeiraa Vertical de Fornalha Intterna.

Figurra 7. Caldeiraa Vertical de Fornalha Exxterna.


10

b) Caldeirras de tubos horizontais


h

As caldeirras de tubos horizontais abrangem


a várrios modelos, desde as caaldeiras Cornu
uália e
Lancaaster, de grannde volume de
d água, até as modernas unidades com
mpactas. As principais caldeiras
horizoontais apresenntam tubulõess internos noss quais ocorree a combustãoo e através ddos quais passsam os
gases quentes. Podeem ter de 1 a 4 tubulões porr fornalha.

b.1. Tiposs de caldeirass de tubos horrizontais

A caldeiraa Cornuália, um
u dos primeeiros modeloss desenvolviddos, é constituuída de um tu
ubulão
horizoontal ligando a fornalha ao local de saída de gasses. É de funncionamento simples, poréém de
rendim
mento muito baixo.
b
Suas princcipais caracteerísticas são: pressão máxiima de operaação de 10 kggf/cm², vaporrização
específica 12 a 14 kg
k de vapor/m
m² e máximo de
d 100m² de su
uperfície.

Figuraa 8. Caldeira Horizontal


H – Caldeira Corrnuália.

A caldeiraa Lancaster é de
d construção idêntica à antterior, porém tecnicamente
t mais evoluídaa.
Pode ser constituída
c dee dois a quatroo tubulões intternos e suas característicaas são: área dee troca
térmicca de 120 a 140m²
1 e vaporrização de 155 a 18 kg de vapor/m².
v Alggumas delas aapresentam tub
bos de
fogo e de retorno, o que apresentta uma melhorria de rendimeento térmico em
e relação às anteriores.
11

Figuraa 9. Caldeira Horizontal


H – Caldeira Lan
ncaster.

Na caldeiira multitubullar, a queimaa de combusstível é efetuuada em umaa fornalha ex


xterna,
mente construuída em alvenaaria instalada abaixo do co
geralm orpo cilíndricoo. Os gases quuentes passam
m pelos
tubos de fogo, e poodem ser de um
u ou dois paasses. A maio
or vantagem é poder queim
mar qualquer tipo
t de
combuustível. Na figgura a seguir, temos um exeemplo de cald
deira multitubuular.

Figura 100. Caldeira Horizontal


H – Caldeira
C Mulltitubular.

A caldeiraa locomóvel, também


t do tippo multitubulaar, tem como principal
p caraacterística apreesentar
uma dupla
d parede em
e chapa na fornalha,
fo pela qual a água ciircula.
Sua maiorr vantagem esstá no fato dee ser fácil a sua
s transferênncia de local e de poder prroduzir
energia elétrica. É usada
u em serrrarias junto à matéria-prima
m a e em camposs de petróleo.

Fiigura 11. Cald


deira Horizon
ntal – Caldeiira Locomóveel Multitubullar.

A caldeiraa escocesa, crriada basicam


mente para uso
o marítimo, é o modelo dee caldeira ind
dustrial
mais difundido no mundo. É destinada
d à quueima de óleo
o ou gás, tendo ainda presssão máxima de 18
kgf/cm
m², rendimentto térmico em torno de 83%
% e taxa de vap
porização de 30
3 a 35 kg de vapor/m².
12

2.2.1.2. Vantagens e desvantagens

As principais vantagens das caldeiras deste tipo são:


• custo de aquisição mais baixo;
• exigem pouca alvenaria;
• atendem bem a aumentos instantâneos de demanda de vapor.

Como desvantagens, apresentam:


• baixo rendimento térmico;
• partida lenta devido ao grande volume interno de água;
• limitação de pressão de operação (máx. 15 kgf/cm²);
• baixa taxa de vaporização (kg de vapor / m² . hora);
• capacidade de produção limitada;
• dificuldades para instalação de economizador, superaquecedor e pré-aquecedor.

2.2.1.3. Partes das caldeiras flamotubulares

As caldeiras flamotubulares apresentam as seguintes partes principais: corpo, espelhos, feixe


tubular ou tubos de fogo e caixa de fumaça.
O corpo da caldeira, também chamado de casco ou carcaça, é construído a partir de chapas de
aço carbono calandradas e soldadas. Seu diâmetro e comprimento estão relacionados à capacidade de
produção de vapor. As pressões de trabalho são limitadas (normalmente máximo de 20 kgf/cm²) pelo
diâmetro do corpo destas caldeiras.
Os espelhos são chapas planas cortadas em forma circular, de modo que encaixem nas duas
extremidades do corpo da caldeira e são fixadas através de soldagem. Sofrem um processo de furação, por
onde os tubos de fumaça deverão passar. Os tubos são fixados por meio de mandrilamento ou soldagem.
O feixe tubular (ou tubos de fogo), é composto de tubos que são responsáveis pela absorção do
calor contido nos gases de exaustão usados para o aquecimento da água. Ligam o espelho frontal com o
posterior, podendo ser de um, dois ou três passes.
13

Figuraa 12. Feixe Tu


ubular.

A caixa de fumaça é o local por ondde os gases da


d combustão fazem a reveersão do seu trajeto,
t
passanndo novamentte pelo interioor da caldeira (pelos tubos de
d fogo).

F
Figura 13. Coomponentes Típicos
T de um
ma Caldeira Flamotubular
F r.
14

2.2.2. Caldeiras aquatubulares

As caldeiras flamotubulares têm o inconveniente de apresentar uma superfície de aquecimento


muito pequena, mesmo se o número de tubos for aumentado.
A necessidade de caldeiras de maior rendimento, rapidez de geração de grandes quantidades de
vapor com níveis de pressão mais elevados levou ao surgimento da caldeira aquatubular, embora as
normas brasileiras (NR-13, NBR 12177 - Caldeiras estacionárias a vapor - Inspeção de segurança e NBR
11096 - Caldeiras estacionárias aquotubulares e flamotubulares a vapor) denominem esse tipo de caldeira
de “aquotubular”, por contaminação do nome da caldeira flamotubular, a palavra correta que identifica
esse tipo de caldeira é aquatubular.
Nesse tipo de caldeira, os tubos que, nas caldeiras flamotubulares, conduziam gases aquecidos,
passaram a conduzir a água, o que aumentou muito a superfície de aquecimento, aumentando bastante a
capacidade de produção de vapor.
Um desenho esquemático de uma caldeira aguatubular é apresentado na figura 14.
superaquecedor
vapor
saturado vapor
superaquecido
tubulão de gases de
vapor combustão

P1
P2
comustível
bomba
queimador

tubo de
alimentação tubo de
vaporização
tubulão de
água água
P1 > P2

Figura 14. Caldeira aquatubular.

2.2.2.1. Tipos de caldeiras aquatubulares

Para fins didáticos, divide-se as caldeiras aquatubulares em quatro grandes grupos:


• Caldeiras aquatubulares de tubos retos, com tubulão transversal ou longitudinal;
• Caldeiras aquatubulares de tubos curvos, com diversos tubulões transversais ou longitudinais
utilizados na geração (máximo 5);
• Caldeiras aquatubulares de circulação positiva;
• Caldeiras aquatubulares compactas.
15

a. Caldeirras aquatubu
ulares de tuboos retos

As caldeirras aquatubulaares de tubos retos


r consistem
m de um feixee tubular de trransmissão dee calor,
com uma
u série de tubos
t retos e paralelos,
p interligados a um
ma câmara coleetora. Essas cââmaras comun
nicam-
se com
m os tubulõees de vapor (ssuperiores), foormando um circuito fechaado por onde circula a águ
ua. As
ilustraações das figuuras 15 e 16 mostram
m o senntido de circullação da águaa e a circulaçãão dos gases quentes
q
mediaante três passees.

F
Figura 15. Sen
ntido da circu
ulação de águ
ua.

Figuraa 16. Sentido da circulação


o dos gases quentes.
q

Esse tipo de caldeira, incluindo


i d tubulão traansversal, connforme as figuuras 15 e 16 são as
as de
primeeiras concepçõões industriaiis, que suprirram uma gam
ma de capaciidade de produção de 3 até 30
tonelaadas-vapor/hoora, com presssões de até 455 kgf/cm². Oss projetos forram apresentaados pelas em
mpresas
Babcook & Wilcox e a Steam Muuller Corp.
Vantagenss e desvantageens das caldeirras aquatubulaares de tubos retos.
r

a.1. Principais vantageens:


• Facilidadee de substituiçção dos tubos;
• Facilidadee de inspeção e limpeza;
• Não necesssitam de cham
minés elevadaas ou tiragem forçada.
f
16

a.2. Desvaantagens:
• Necessidaade de dupla taampa para cadda tubo, (espellhos);
• Baixa taxaa de vaporizaçção específicaa;
• Rigoroso processo
p de aqquecimento e de elevação de
d carga (grannde quantidadee de material
refratário).

b. Caldeirras aquatubu
ulares de tuboos curvos

As caldeirras aquatubulaares de tubos curvos


c não aprresentam limiites de capaciddade de produ
ução de
vaporr. A forma connstrutiva foi iddealizada por Stirling, interrligando os tubbos curvos aoos tubulões por meio
de sollda ou mandrrilagem. A figgura 17 apreseenta um esquema de caldeira com quatrro tubulões, embora
e
possa ter de três a cinco,
c o que coonfere a este tipo
t de gerado
or de vapor maaior capacidadde de produçãão.

Figura 17. Caldeiraas aquatubula


ares de tubos curvos.

Partindo deste
d modelo, foram projetaadas novas calldeiras. Com o objetivo de aproveitar meelhor o
calor irradiado na fornalha,
f reduuziu-se o número e o diâmeetro dos tubos, e acrescentoou-se uma parrede de
água em
e volta da foornalha (figuraas 18 e 19). Issso serviu com
mo meio de prroteção do maaterial refratáriio com
o quall a parede da fornalha
f é connstruída, além
m de aumentar a capacidade de produção dde vapor.

Figura 188. Caldeiras aquatubulare


a es com paredes d’água.
17

Fiigura 19. Senttido da circulação dos gasses.

b.1. Princcipais vantageens:


• Redução dod tamanho daa caldeira;
• Queda da temperatura de d combustão;;
• Vaporizaçção específica maior, varianndo na faixa de m2 para
d 30 kg de vaapor/m² a 50 kkg de vapor/m
as caldeiraas com tiragem
m forçada;
• Fácil manuutenção e limppeza;
• Rápida enntrada em regimme;
• Fácil inspeeção nos compponentes.

b.2. Desvaantagens:
• Controle da
d vazão de coombustível;
• Controle da
d pressão;
• Altura dass Chaminés.

c. Caldeirras compactas

Dentro daa categoria das


d caldeiras de tubos currvos surgiram
m as caldeirass compactas, como
ilustraado na figuraa 20. Com caapacidade méddia de produçção de vapor em torno dee 30 ton/h, ellas são
equipamentos aproppriados para instalação
i em locais com esspaço físico lim
mitado.
Por se traatar de equippamento com
mpacto, apressenta limitaçõões quanto aao aumento de
d sua
capaccidade de proddução.

Figura 20. Desenho geral de uma


a caldeira com
mpacta.
18

d. Caldeirra de circulaçção positiva

A circulação da águaa nas caldeiraas ocorre po


or diferenças de densidadde, provocadaa pelo
aqueccimento da águua e vaporizaçção, ou seja, circulação
c natu
ural (Figura 21).
2 Se a circuulação for deficiente,
poderrá ocorrer um superaquecim
mento localizaddo, com conseeqüente rupturra dos tubos.

Figgura 21. Tipos de circulaçãão numa cald


deira com circulação posittiva.

Algumas caldeiras
c com
m circulação positiva
p podem
m apresentar bombas
b externnas, dependen
ndo da
vazãoo exigida, ouu seja, da demanda de vapor paraa forçar a circulação
c dee água ou vapor,
independentementee da circulaçãoo natural, isto é, por diferen
nça de densidaade.

d.1. Princcipais Vantaggens


As vantageens das caldeiiras de circulaação positiva são:
s
• Tamanho reduzido;
• Não necesssitam de granndes tubulões;
• Rápida geração de vapoor;
• Quase nãoo há formação de incrustaçõões, devido à circulação
c forçada.

d.2. Desvaantagens
• paradas coonstantes, com
m alto custo dee manutenção;
• problemass constantes coom a bomba de
d circulação, quando operaando em altas pressões.

2.2.2.2. Paartes das cald


deiras aquatu
ubulares

As partes principais dee uma caldeira aquatubularr são: tubulãoo superior (ouu tambor de vapor),
v
tubulãão inferior (ou
( tambor de
d lama ou de água), feixe tubularr, parede dee água, fornaalha e
superaaquecedor.
19

a. Tubulãão superior ou
u Tambor de Vapor

O tubulãoo superior, ouu tambor de vapor


v é o elemento da calldeira onde é injetada a ág
gua de
alimenntação e de onnde é retiradoo o vapor. No interior dele estão dispostoos vários com
mponentes, con
nforme
mostrra a figura 22.

Figura 22.
2 Tubulão de
d vapor.

1. Áreea dos tubos de


d descida da água
á do feixe tubular (down
ncomers).
2. Áreea de tubos vaaporizantes (riiser), que desccarregam a mistura
m de vapoor e água conttra a chicana 6.
6 Esta
formaa uma caixa fechada
fe no funndo e dos laddos, com aberttura na parte superior, que projeta o vap
por e a
água contra
c a chicaana 8.
3. Áreea dos tubos do
d superaquecedor, mandrilados no tambor.
4. Filttro de tela ou chevron.
5. Tubbo de drenageem da água rettirada no filtroo.
6. Tubbo distribuidoor da água de alimentação;
a o
observa-se a posição
p dos fuuros.
7. Tubbo coletor de amostras de água
á e da descarga contínuaa.
8. Chiicana

O tubulão de vapor é coonstruído com


m chapa de aço
o carbono de alta
a qualidadee (ASTM A28
85 grau
C, AS
STM A516-600 ou A516-70)). O dimensioonamento da espessura
e do tubulão
t é feitoo baseado no código
c
ASME
E SECTION I e depende doo material usaado na fabricaçção.
Os tubos são mandriladdos nos tubullões e se diviidem em tuboos de descidaa d’água e tub
bos de
geraçãão de vapor, que
q descarregaam a mistura água/vapor
á no
o tubulão.
d geração dee vapor é instaalada uma chicana (chapa ddefletora) que é uma
Na descargga dos tubos de
caixa fechada no fuundo e nos laddos, destinada a separar a ág
gua contida noo tubulão e am
menizar as varriações
do nívvel de água, ocorridas no tuubulão de vapoor.
20

Existem em alguns cassos uma segunnda chapa deffletora, cuja finalidade


f é separar partícu
ulas de
água ainda
a contidass no vapor.

Figurra 23. Tubulãão de vapor – chapas defleetoras.

Existe ainnda no tubulãoo superior um


m conjunto co
onstituído de chapas corruugadas, denom
minado
chevron ou filtro, cuja finalidadde é reter a maior
m quantidade possível de partículas sólidas ou lííquidas
arrastadas pelo vappor, antes de o vapor sair paara o superaqu
uecedor.
O tubo de alimentação de
d água é por onde a água entra no tubullão; a furaçãoo deste tubo deeve ser
posiciionada de modo a que o jatto d’água nãoo se dirija con
ntra a chapa doo tubulão. É eessencial que o tubo
de alim
mentação esteeja sempre bem
m fixado paraa não causar viibração e nem
m se soltar denntro do tubulão
o.
O tubo dee descarga coontínua ou cooletor é o resp
ponsável pelaa captação coonstante de ág
gua de
drenagem que elim
mina sólidos em
m suspensão prejudiciais
p à caldeira, norm
malmente 1% do volume da
d água
de alim
mentação.
mas caldeiras podemos
Em algum p ter, também,
t um tubo
t de injeçãão de produtoss químicos insstalado
no tubbulão superiorr.

b. Tubulãão inferior ou
u de Água

O tubulão inferior, ou tambor


t de lam
ma, também é construído em
e chapas de aço carbono.. Nele,
estão mandrilados tanto
t os tuboss de água que descem do tu
ubulão superioor quanto os tuubos de vaporrização
que soobem para o tuubulão superior (Figura 24)).
No tubulãão inferior esttão instaladas tomadas paraa purga ou deescarga de funndo, utilizadaas para
removver parte da laama e resíduos sólidos originários do pro
ocesso e que podem
p causar corrosão, obsstrução
e supeeraquecimentoo.
A qualidade do tratameento de água de alimentaçção da caldeirra e os tratam
mentos e análiises do
processo determinaam a periodiciidade das desccargas a serem
m efetuadas.
21

Figura 24.
2 Tubulão de
d Água.

c. Canton
neira

No interior do tubulão recomenda-se


r instalar uma cantoneira quue tem a funçãão de promoveer uma
sucção ao longo doo tambor; deviido à diferençça de pressão no
n tambor e na
n descarga paara a atmosferra, esta
sucção arrasta a lam
ma de toda exttensão do tam
mbor.
A cantoneira deve ser innstalada confoorme figura a seguir.

Figura 25. Canton


neira.

Em caldeeiras que nãoo possuem esse


e tipo dee cantoneira, a descarga de fundo remove
princiipalmente a laama das regiõees próximas aoo furo da tubu
ulação de drennagem.

ubular
d. Feixe tu

O feixe tuubular (Boilerrs Convectionn Bank) é um conjunto de tubos que fazz a ligação en
ntre os
tubulõões da caldeira. Pelo interioor destes tuboss circulam águ
ua e vapor. Os tubos que seervem para co
onduzir
22

água do
d tubulão supperior para o inferior
i são chhamados “dow
wncomers”, ouu tubos de desscida, e os tub
bos que
fazem
m o sentido invverso (misturaa de água e vappor) são conh
hecidos por “riisers” ou tubos vaporizantess.

Os feixes tubulares
t podem ser:
• Feixe tubuular reto: muuito usado em
m caldeiras mais
m antigas, nas
n quais os tubos eram ligados
l
através de caixas ligadaas ao tubulãoo de vapor (Fig
gura 26).

Figura 26.
2 Feixe tubu
ular reto.

• Feixe tubuular curvado (figura 27)

Figura 277. Feixe tubular curvo.


23

• Feixe tubuular com fluxoo cruzado

Figgura 28. Feixee Tubular com


m fluxo cruzaado.

• Feixe tubuular com fluxoo axial (utilizaado em caldeirras a carvão com


c alto teor dde cinzas).

Figura 29. Feixe Tubular com


c fluxo axial.

Materiais mais comum


mente utilizadoos: ASTM-A
A-178 (tubos com costura) e ASTM-A--192 e
ASTM
M-A-210 (tuboos sem costura).
e. Parede d’água

Nas caldeiiras a fornalhaa, a parede d’’água é formaada por tubos que estão em
m contato diretto com
as chaamas e os gasees, permitindoo maior taxa de
d absorção dee calor por raddiação.
Os tipos mais
m comuns de
d construção de parede d’áágua são:
24

• Parede d’áágua com tuboos tangentes

Figurra 30. Paredee d’Água com


m Tubos Tanggentes.

Os materiaais mais com


muns usados na
n construção das paredes de
d água são: tubo ASTM A-178
(com costura) e tubbo ASTM A-192 (sem costuura).
• Paredes dee água com tuubos aletados

Figu
ura 31. Parede d’Água com
m Tubos Alettados.

É possívell encontrar tam


mbém paredess d’água monttadas com disttâncias menorres entre tuboss. Com
as parredes d’água, o calor ganhoo por convecçãão é relativam
mente pequeno.

ha
f. Fornalh

A fornalhaa, também chamada de câm


mara de comb
bustão, é o loccal onde se prrocessa a queiima de
combuustível. De accordo com o tiipo de combusstível a ser queimado, a fornnalha pode serr dividida em:
• Fornalhas para queima de combustível sólido: são as que possuem suportes e grelhas; podem ser
planass, inclinadas ou dispostas em formas de degraus que
q ainda poddem ser fixoss ou móveis. Estas
fornallhas destinam
m-se principalm
mente à queim
ma de: lenha,, carvão, sobrras de produttos, casca de cacau,
bagaçço de cana, cassca de castanhha, etc.
A alimentaação do combbustível pode ser
s feita de maaneira manuall ou automatizzada.
Apresentam
m como desvvantagem o abaixamento
a de temperatuura que pode ocorrer próx
ximo à
entradda de combusstível, grandee geração de resíduos e teer seu uso lim
mitado em caaldeiras de peequena
capaccidade.
25

Normalmente, elas trabalham com grande excesso de ar, para melhorar as condições de fumaça
da chaminé.
• Fornalha com grelhas basculantes: é um tipo de fornalha muito usada para a queima de bagaço
como combustível sólido e é dividida em vários setores.
Cada setor possui elementos de grelha denominados barrotes. Estes barrotes se inclinam sob a
ação de um acionamento externo, que pode ser de ar comprimido ou de vapor. Com a inclinação dos
barrotes, a cinza escoa-se para baixo da grelha, limpando-a. A redução de ar da combustão e a melhor
distribuição do bagaço sobre a grelha aumentam consideravelmente o rendimento da caldeira.
• Fornalha com grelha rotativa: é um outro tipo de fornalha para a queima de combustível sólido
na qual a queima e a alimentação se processam da mesma maneira que na grelha basculante, mas a
limpeza é feita continuamente; não há basculamento dos barrotes. A grelha é acionada por um conjunto
motor-redutor, o que lhe dá pequena velocidade, suficiente para retirar da fornalha as cinzas formadas
num determinado período. O ar de combustão entra por baixo da grelha e serve para refrigeração, da
mesma forma que na grelha basculante.
• Fornalhas para queima de combustível em suspensão: são aquelas usadas quando se queimam
óleo, gás ou combustíveis sólidos pulverizados. Para caldeiras que queimam óleo ou gás, a introdução do
combustível na fornalha é feita através do queimador.

Figura 32. Fornalha.


26

g. Queimadores

Os queimadores são peças destinadas a promover, de forma adequada e eficiente, a queima dos
combustíveis em suspensão. Em volta do queimador, existe um refratário de formato cônico que tem
grande importância para uma queima adequada do combustível lançado pelo queimador. Esse refratário
tem as seguintes finalidades:
• Auxiliar na homogeneização da mistura ar/combustível, graças ao seu formato;
• Aumentar a eficiência da queima, graças a sua característica de irradiar o calor absorvido;
• Dar forma ao corpo da chama.
Ao contrário dos combustíveis gasosos, que já se encontram em condições de reagir com o
oxigênio, os óleos combustíveis devem ser aquecidos e atomizados antes da queima. A preparação
consiste em:
• Dosar as quantidades adequadas de ar e combustível;
• Atomizar o combustível líquido, ou seja, transformá-lo em pequenas gotículas (semelhante a
uma névoa);
• Gaseificar as gotículas através da absorção do calor ambiente (câmara de combustão);
• Misturar o combustível com o oxigênio do ar;
• Direcionar a mistura nebulizada na câmara de combustão.
Para combustíveis sólidos pulverizados, a introdução de combustível na fornalha pode ser feita
através de dispositivos de atomização que garantem a granulometria e a dispersão para queima dentro da
fornalha.

Figura 33. Queimador convencional.

h. Superaquecedor

No interior dos tambores das caldeiras o vapor formado permanece em equilíbrio com a fase
líquida à temperatura de vaporização constituindo o chamado vapor saturado. Este vapor é extraído na
27

caldeira, geralmente úmido, contendo cerca 0,1 a 5% de água arrastada, dependendo da eficiência de
separação dos dispositivos internos do tambor.
Se a este vapor adiciona-se mais calor, mantendo-o à mesma pressão, elevamos a sua
temperatura acima da temperatura de vaporização, tornando-o superaquecido.
Os aparelhos que permitem a elevação da temperatura são denominados Superaquecedores, e
Ressuperaquecedores.
Os primeiros operam sempre a mesma pressão da caldeira, respondendo pela elevação da
temperatura do vapor saturado. A figura 34 é um exemplo de caldeira tipo aquatubular, com
superaquecedor vertical, colocado logo após a primeira passagem dos gases.

Figura 34. Vista em corte de superaquecedor pendurado na passagem dos gases entre
câmara e feixe.

Os ressuperaquecedores só aparecem nas instalações dos ciclos de ressuperaquecimento. Operam


sempre com pressões menores do que a do gerador de vapor, pois recebem o vapor já expandido em
alguns estágios da turbina.
Ambos equipamentos aproveitam o calor sensível dos gases de combustão. A figura 35
apresenta uma disposição dos dois aparelhos. Um deles recebe o vapor do tambor da caldeira. O segundo
jogo de serpentinas recebe o vapor, já com pressão reduzida, de uma das secções das turbinas.

Figura 35. Superaquecedor e Ressuperaquecedor instalados em uma única caldeira


28

Quanto ao aspecto construtivo, os superaquecedores são aparelhos relativamente simples,


constando de um feixe de serpentinas lisas ou aletadas de aço resistente a altas temperaturas, cujos tubos
tem diâmetros variando entre 32 e 51 mm, soldado a coletores, um de entrada e outro de saída do vapor.
Essas serpentinas, externamente são atravessadas pela corrente de gases quentes gerados na fornalha.
Enquadram-se nessa concepção principalmente os superaquecedores que operam a troca de calor
pelo processo convectivo. A figura 36 exibe um projeto completo de superaquecedor de serpentinas
verticais de dois estágios, pendurados nas partes superiores de uma caldeira no local onde os gases de
combustão atravessam da fornalha para o feixe de convecção.

Figura 36. Superaquecedores de serpentinas verticais – dois estágios

Quando instalados dentro das caldeiras, podem estar localizados, dependendo da concepção de
projeto da caldeira:
• atrás do último feixe de tubos;
• entre dois feixes;
• sobre os feixes;
• na fornalha.

Existem alguns tipos de caldeiras nas quais o superaquecedor é instalado separadamente da


caldeira. Em virtude disso, ele depende de outra fonte de calor para o aquecimento.
A transmissão de calor para os superaquecedores pode ocorrer por convecção, radiação ou de
forma mista, em função de sua configuração na construção da caldeira.
Os superaquecedores correm o risco de ter seus tubos danificados, se não forem tomados alguns
cuidados relativos à garantia de circulação de água/vapor na superfície interna, nas partidas e paradas da
caldeira.
A regulagem da temperatura do vapor superaquecido normalmente é feita atuando-se nos
queimadores, no sentido da chama ou no controle dos gases de combustão, por meio da abertura ou
fechamento de uma válvula “by-pass”, ou seja, de derivação, instalada no circuito dos gases.
29

Figura 37. Foto de um superaquecedor

i. Economizador

Economizadores são aparelhos destinados a elevar a temperatura da água de alimentação, antes


de introduzi-la no interior da caldeira, aproveitando o calor sensível ainda disponível nos gases de
combustão, após sua passagem pelas ultimas partes da própria caldeira.
O aumento da água de alimentação é benefício ao processo e oferece algumas vantagens. A
introdução de água fria, em torno de 25ºC, tende a provocar uma queda de pressão interna da caldeira
principalmente quando o processo de recuperação do nível se faz internamente.
A água ingressando na caldeira com temperaturas próximas a da vaporização, atenua-se o regime de
pressão de trabalho permanece mais estável. Além das vantagens anteriores, registra-se um aumento da
eficiência térmica do equipamento.
O economizador pouco comparece nas caldeiras de modesta capacidade e baixas pressões,
mesmo porque a temperatura de saída dos gases nos modernos geradores de vapor, atingem já valores
baixos, que não justificam sua instalação.
O projeto da caldeira pode fixar como temperatura de saída dos gases, temperaturas na ordem de
260 a 280 ºC, representando um rendimento de 87 a 88%. A inclusão de um economizador poderia levar
este rendimento de 90 a 91%.
Existem vários tipos de economizadores e na sua construção podem ser empregados tubos de aço
maleável ou tubos de aço fundido com aletas. A Figura 35 mostra um desenho esquemático de um
economizador e a Figura 36 a foto de um economizador de tubos lisos.
30

Figuraa 35. Econom


mizador.

Os econom
mizadores poddem ser de doiis tipos: em seeparado ou inttegral.
O econom
mizador separado é usado naas caldeiras dee baixa pressãoo (25 kgf/cm²)).
É construíído geralmentte de tubos dee aço ou ferro
o fundido com
m aletas. No seu interior cirrcula a
água e por fora circculam os gasess de combustãão.
O econom
mizador integraal é empregaddo nas caldeiraas de maior caapacidade de pprodução, apeesar de
requerrer mais cuidaados que o ecconomizador em
e separado. Todo o gás caarbônico e o ooxigênio, devem ser
retiraddos da água de
d alimentaçãão, porque quuando estes ellementos são aquecidos auumentam a co
orrosão
pelo lado interno doos tubos.
A corrosãão nos tubos de economizaadores pode ocorrer
o tanto na superfíciee interna quan
nto na
externna. Internamente a corrosãão pode ser caausada por im
mpurezas conttidas na águaa por deficiên
ncia no
tratam
mento. Externnamente, a corrosão podde ser causada pelos gases
g que caarregam elem
mentos
contam
minantes provvenientes do processo
p de coombustão.

Figura 366. Economizad


dor tipo tuboos lisos com cu
urva fora do fluxo dos gasses
31

j. Pré-aqu
uecedor de arr

O pré-aquecedor de ar é um equipam
mento (trocado
or de calor) quue eleva a tem
mperatura do arr antes
que este
e entre na fornalha. O calor
c é cedido pelos gasess residuais quuentes ou pello vapor da própria
p
caldeiira (Figura 37).

Figura 377. Pré-aqueceedor de ar.

A instalação desses equuipamentos offerece a vantaagem de melhhorar a eficiênncia da caldeirra pelo


aumennto da temperratura de equillíbrio na câmaara de combusstão. A figura 38 mostra um
ma caldeira com pré-
aqueccedor.

Figura 38.
3 Gerador de
d vapor com
m pré-aqueced
dor de ar
32

Pelo aumento de tempperatura dos gases, a mo


ontagem da fornalha
f exigee tijolos refratários
fabriccados com maateriais de meelhor qualidadde. A existênccia de pré-aquuecedores cauusa um aumeento na
perda de carga no circuito
c ar/gáss de combustãão, exigindo maior
m consum
mo de energia nno acionamen
nto dos
ventilladores.
De acordoo com o princíípio de funcionamento, os pré-aquecedor
p res de ar podeem se classificcar em:
pré-aqquecedor regeenerativo e préé-aquecedor tiipo colméia.
Nos pré-aqquecedores reegenerativos, o calor dos gaases de combbustão é transfferido indiretaamente
para o ar, através de um elem
mento de arm
mazenagem, por
p onde passsa o ar e o gás de comb
bustão,
alternnadamente.
Construtivvamente, os aquecedores
a recuperativos admitem duaas concepçõess, os chamado
os pré-
aqueccedores tubulaares de larga aplicação
a em geradores
g de vapor
v (ver figuura 39 e 40) e os pré-aqueccedores
de plaaca (ver figuraa 41).

Figura 39. Préé-aquecedor de


d ar com um
m passe

Figurra 40. Pré-aq


quecedor de ar
a com múltip
plos passes
33

Figura 411. Corte do prré-aquecedorr de ar de placas, com indiicação do sen


ntido dos gasees.

Um pré-aqquecedor de ar
a regenerativvo clássico é denominado tipo Ljungstrron é constitu
uído de
placass de aço finaas e corrugaddas que são aquecidas
a quaando da passaagem dos gasses de combu
ustão e
resfriaadas quando da
d passagem do
d ar (Figura 42). Seu form
mato assemelhha-se a uma rooda gigante, girando
g
lenta e uniformemeente.

Figura 42. Pré-aquecedo


P or de ar regen
nerativo tipo Ljungstron.

No pré-aqquecedor tipo colméia, os gases


g quentes, ao passarem pela colméia refratária, tro
ocam o
calor com o ar frio que vai para a combustão (Figura
( 43).
34

Figu
ura 43. Pré-A
Aquecedor de Ar tipo Colm
méia.

Alguns tippos de caldeiraas fazem o préé-aquecimento


o do ar, utilizando-se do prróprio vapor gerado.
g
Este equipamento
e é denominado pré-aquecedoor de ar a vapo
or.

k. Soprad
dores de fuligeem

Os sopradores de fuligeem (ramonadoores) permitem


m uma distribuuição rotativa de um jato dee vapor
no innterior da calddeira e tem por finalidadde, fazer a reemoção da fuuligem e depóósitos formad
dos na
superffície externa da
d zona de connvecção das caldeiras.
c
A figura 44
4 mostra com
mo é feita esta sopragem.

Figura 444. Soprador de


d fuligem.

Os tubos sopradores sãão providos de


d orifícios e são distribuíídos em ponttos convenien
ntes de
modoo a garantir jateamento na maior
m área de aquecimento
a possível.
p
Um outro tipo de ramonnador consistee de um dispo
ositivo que inttroduz o tubo soprador no in
nterior
da zonna de convecçção, sendo acionado manual ou automaticcamente.
35

Figurra 45. Esquem


ma de um sop
prador de fulligem.

3. Refereencias Biblioggráficas

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AMBIENTEC. NR ponível em: htttp://www.am
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• CHD VÁLVULAS S; Artigos Téccnicos: Caldeiras Flamottubulares, Caldeiras


C Aqu uatubulares, Tipos
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PERA 1

• PIPE SYSTEM – Sistemas


S de Coondução de Flluidos. Dispon
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• REIRA, R.P., Geradores dee Vapor, Editoora Libris, 199


TORR 95.

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