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ATM DAD ES REGIONALIZAÇÃO

HIDROLÓGICA NO ESTADO
DE SÃO PAULO

1-ugura 1. usoietas meauas anuais no tstaao ae ao rauuo.


Assessoria de
Recursos Hídricos do DAEE

Entre 1972 e 1983 o DAEE realizou estudos


regionais de águas subterrâneas abrangendo todo
o território estadual. Dentre as equipes técnicas
constituídas para o desenvolvimento desses
estudos, a de hidrologia teve papel importante
na estimativa das recargas dos aqüíferos
subterrâneos. A partir de dados hidrológicos coletados
e analisadospelo Centro Tecnológico de Hidráulica
-

CTH, foram aplicadas as mais avançadas técnicas


de modelos probabilísticos e determinísticos com

excelentes resultados, consubstanciados nos

relatórios dos Estudos de Aguas Subterrâneas.


Desde 1980 equipe de
a hidrologia aplicou-se
a estudos de regionalização hidrológica visando

definir metodologia para estimativa de


disponibilidades hídricas nas bacias hidrográficas
do Estado de São Paulo, tendo como objetivos
principais o planejamento e a gestão dos
recursos hídricos.
Este artigo consolida os estudos
desenvolvidos desde então pelos técnicos
Alexandre Liazi, João Gilberto Lotufo Conejo,
José Carlos Francisco Palos e Paulo Sergio Cintra.

;cO

5
hidrologicamente homogêneas no Estado de decisões.
A11V DAD ES
suas
São Paulo. Deve-se ter em conta, ainda, que a variá-
Freqüentemente, nos estudos para apro- vel hidrológica disponibilidade hídrica a ser
veitamento dos recursos hídricos das regionalizada é função da finalidade do pro-
bacias hidrográficas, o hidrólogo é convo- jeto ou uso do recurso hídrico. Em estudos
cado para avaliar a disponibilidade hídrica de qualidade das águas superficiais, o obje-
superficial em locais onde não existe série tivo pode ser avaliar a capacidade de autode-
Desde 1980, início do Estudo de
com o histórica de vazões ou, se existe, a extensão puração do curso de água para a vazão mí-
Águas Subterrâneas da Região Administra- da série observada é pequena. Nesses casos, nima, associada a dada probabilidade de
tiva 5, o DAEE vem desenvolvendo uma me- é necessário aplicar técnicas que permitam a ocorrência. No caso de pequenos aproveita-
todologia para estimar a disponibilidade hí- transferência de informações de outros lo- mentos hidrelétricos deseja-se quantificar a
drica das bacias hidrográficas do território cais para a bacia hidrográfica em questão. energia possível de ser gerada, comumente
paulista, que não disponham de dados hidro -

Uma das técnicas de transferência de infor- estimada pela análise da curva de permanên-
lógicos observados. Fruto desta pesquisa mações comumente empregada é a regio- cia. Quando, por outro lado, o objetivo é
apresenta-se, a seguir, o estudo de regionali- nalização hidrológica. atender uma determinada demanda para
zação das variáveis hidrológicas: vazões mé- Por outro lado, para adequada gestão
a abastecimento, é necessário verificar se a va-
dias e mínimas, volumes de regularização in -

dos recursos hídricos, especialmente nas ati- zão a ser captada é menor que a descarga
tra -anual e curvas de permanência. O estudo vidades de administração como, por exem- mínima para um dado período de retorno
baseou-se nos totais anuais precipitados em plo, na concessão de uso cia água para uma (captação a fio de água). Caso a demanda
444 postos pluviométricos, o que permitiu a dada finalidade, a disponibilidade hídrica sej maior que a mínima e menor que a
elaboração da carta de isoietas médias precisa ser conhecida, já que o balanço de- média de longo período, é preciso avaliar
anuais, as séries de descargas mensais ob- manda -disponibilidade é um indicador im- qual o volume de armazenamento neces-
servadas em 219 estações fluviométricas e portante na manifestação favorável ou não à sário para atender essa demanda, associado
as séries históricas de vazões diárias de 88
solicitação pretendida. Novamente a regio- a um determinado risco de não atendimento

postos fluviométricos. nalização hidrológica é uma ferrarnenta que em um ano qualquer.


A análise conjunta dos parâmetros estu- possibilita esta avaliação de maneira rápida, Para solucionar as questões anterior-
dados para a obtenção dessas variáveis hi -

de acordo com a agilidade de que a adminis- mente colocadas, o DAEE desenvolveu meto-
drológicas possibilitou identificar 21 regiões tração dos recursos hídricos requer para dologia que permite a avaliação da disponi -

Parâmetros regionais.

Média Plu. (õ) Valores de XT Vai, de A e B Curvas de Permanência q

Região Período de Retorno I Freqüência Acumulada (P[X>xl) em Porcentagem


a b A B
10 15 20 25 50 100 5 10 15 20 25 30 40 50 60 70 75 80 85 90 95 100

A -22,14 0,0292 0,708 0,674 0,655 0,641 0,607 0,581 0,3532 0,0398 2,608 2,045 1,618 1,325 1,165 1,093 0,950 0,810 0,693 0,590 0,535 0,498 0,443 0,393 0,348 0,260

B -29,47 0,0315 0,708 0,674 0,655 0,641 0,607 0,581 0,4174 0,0426 2,150 1,734 1,505 1,366 1,250 1,153 0,994 0,846 0,745 0,640 0,588 0,545 0,498 0,430 0,371 0,165

C -29,47 0,0315 0,748 0,723 0,708 0,698 0,673 0,656 0,4174 0,0426 2,150 1,734 1,505 1,366 1,250 1,153 0,994 0,846 0,745 0,640 0,588 0,545 0,498 0,430 0,371 0,165

o -22,14 0,0292 0,708 0,674 0,655 0,641 0,607 0,581 0,5734 0,0329 1,947 1,597 1,394 1,271 1,193 1,111 0,996 0,897 0,820 0,727 0,687 0,646 0,607 0,560 0,510 0,423

E -22,14 0,0292 0,708 0,674 0,655 0,641 0,607 0,581 0,4775 0,0330 2,142 1,676 1,496 1,372 1,278 1,160 0,960 0,834 0,744 0,664 0,626 0,580 0,546 0,504 0,440 0,358

F -22,14 0,0292 0,708 0,674 0,655 .0,641 0,607 0,581 0,6434 0,0252 1,797 1,533 1,400 1,297 1,232 1,165 1,003 0,905 0,822 0,743 0,715 0,672 0,643 0,598 0,558 0,465

G -2023 0,278 0,632 0,588 0.561 0,543 0,496 0,461 0,4089 0,0332 2,396 1,983 1,664 1,442 1,255 1,121 0,923 0,789 0,679 0,592 0,547 0,506 0,469 0,420 0,363 0,223

H -29,47 0,315 0,748 0,723 0,708 0,698 0,673 0,656 0,4951 0,0279 2,089 1.788 1,579 1,389 1,239 1,118 0,957 0,845 0,750 0,664 0,627 0,590 0,538 0,490 0,434 0,324

I -29,47 0,0315 0,708 0,674 0,655 0,641 0,607 0,581 0,6276 0,0283 1,913 1,538 1,365 1,270 1,173 1,103 0,980 0,895 0,808 0,740 0,705 0,673 0,635 0,585 0,540 0,413

-29,47 0,0315 0.708 0,674 0,655 0,641 0,607 0,581 0,4741 0,0342 2,272 1,792 1,526 1,366 1,231 1,125 0,948 0,807 0,715 0,628 0,596 0,566 0,523 0,462 0,414 0,288

K -26,23 0,0278 0,689 0,658 0,639 0,626 0,595 0,572 0,4951 0,0279 2,089 1,788 1,579 1,389 1,239 1,118 0,957 0,845 0,750 0,664 0,627 0,590 0,538 0,490 0,434 0,324

L -26,23 0,0278 0,759 0,733 0,717 0,706 0,677 0,654 0,6537 0,0267 1,770 1,517 1,390 1,310 1,225 1,158 1,012 0,915 0,827 0,748 0,717 0,667 0,628 0,583 0,527 0,420

M -4,62 0,0098 0,759 0,733 0,717 0,706 0,677 0,654 0,6141 0.0257 1,970 1,666 1,468 1,294 1,181 1,096 0,961 0,874 0,790 0,714 0,679 0,646 0,604 0,570 0,516 0,429

N -26,23 0,0278 0,689 0,658 0,639 0,626 0.595 0,572 0,4119 0,0295 2,396 1,983 1,664 1,442 1,255 1,121 0,923 0,789 0,679 0,592 0,547 0,506 0,469 0,420 0,363 0,223

o -26,23 0,0278 0,689 0,658 0,639 0.626 0,595 0.572 0.3599 0,0312 2,408 2,010 1,750 1,538 1,346 1,179 0,935 0,775 0,645 0,547 0.505 0,462 0,418 0,374 0,316 0,170

P -26,23 0,0278 0,619 0.577 0,552 0.535 0,492 0.459 0,3599 0,0312 2,408 2,010 1,750 1,538 1.346 1,179 0,935 0,775 0,645 0,547 0.505 0,462 0,418 0,374 0,316 0,170

o -462 0,0098 0,633 0,572 0,533 0,504 0.426 0,358 0,6537 0.0267 1,770 1.517 1,390 1,310 1,225 1,158 1,012 0,915 0,827 0,748 0,717 0,667 0,628 0.583 0,527 0.420

A -4.62 0,0098 0,661 0,629 0,610 0,598 0,568 0,546 0,6141 0,0257 1,940 1,640 1,453 1,320 1,203 1,113 0,967 0,873 0,803 0,713 0,670 0,627 0,577 0,527 0,463 0,340

S -4,62 0,0098 0,661 0.629 0,610 0,598 0,568 0,546 0,5218 0,0284 2,325 1.823 1,588 1,352 1,188 1.097 0,925 0.810 0,708 0,633 0,598 0,563 0,525 0.488 0,420 0,293

I -4,2 0,0098 0.661 0.629 0.610 0,598 0,568 0,546 0,4119 0,0295 2,471 2,156 1,751 1,468 1,324 1,109 0,880 0,781 0,674 0,581 0,517 0,481 0,429 0,380 0,316 0,241

U -4,62 0,0098 0,594 0,518 0,469 0,433 0,330 0,240 0,4119 0,0295 2,471 2,156 1,751 1,468 1,324 1,109 0,880 0,781 0,674 0.581 0,517 0,481 0,429 0,380 0,316 0,241

Vazão Média de Longo Período Volume de Regularizaçáo e Duração crítica


Q(//s) =
[a + b. P(mm/ano)] Area (km2)
.

[OF
-

(XT. A. )j2 K
-

Vazão Mínima de Duração de Período de Retorno T 4. Kr. B. O

x. O. (A + B. d)
(XT. A .)
= -

d =

2. X. B. O
Curva de Permanência
q.
=

6
bilidade hídrica em qualquer curso de água Para que o cálculo da regressão entre VAZOES MÍNIMAS
do território paulista. chuva média anual (mm/ano) e vazão média DE d MESES CONSECUTIVOS
Assim, através do uso da técnica da regio- plurianual (1/51km2) pudesse ser realizado,
nalização hidrológica, tornou-se possível es- foi elaborado um mapa de isoietas para o Es -
Neste caso o objetivo foi obter a vazão mí-
timar as seguintes variáveis hidrológicas: taclo de São Paulo, na escala 1:1.000.000 nima de dmeses de duração associada à pro-
«vazão média de longo período; (ver Figura 1) baseado nas informações ob- babilidade de ocorrência em um ano qual-
servadas em 488 estações pluviométricas. A quer.

vazão mínima de duração variavel de um a
partir desse mapa calculou-se a precipitação Assim, foram utilizadas as séries de va-
seis meses associada à probabilidade de
média plurianual em cada uma das 219 ba- zões médias mensais observadas para deri-
ocorrência;
cias hidrográficas selecionadas que possuem vação dos resultados.

curva de permanência de vazões; série histórica de vazão. Em bacias hidrográ- A partir dessas séries observadas de va-
«volume de armazenamento intra -anual ne- ficas com grandes áreas de drenagem, maior zões médias mensais foram obtidas doze
cessário para atender dada demanda, sujeito que 5.000 km2, foram utilizados dados de séries de vazões mínimas anuais de 1, 2, 3...
a um risco conhecido; precipitação e vazão parciais, ou seja, corres- 11 e 1 2 meses consecutivos, para cada posto

vazão mínima de sete dias associada à pro- pondentes à área de drenagem compreen- fluviométrico estudado, selecionando-se as
babilidade de ocorrência. dida entre o posto e o (s) imediatamente a vazões mínimas dessas durações para cada
O resultado do trabalho é apresentado montante. A precipitação média anual (P) ano civil. Essas novas séries foram padroni-

por meio de gráficos e tabelas. Na Figura 5 em cada uma dessas bacias foi calculada
pela zadas dividindo-se os valores originals da
aparecem delimitadas as regiões com compor- média ponderada da precipitação, interpola- série pela média das vazões mínimas de cada
tamento hidrológico semelhante. A tabela da entre duas isoietas consecutivas (p1*), e a duração.
indica os valores dos parâmetros regionais área de drenagem (A1) entre essas mesmas Denotando-se por Qd a série de vazões
derivados da aplicação da metodolo- isoietas. Assim: mínimas anuais de duração d meses e a

gia. A Figura 6 mostra as regiões homogê- vazão média das mínimas de mesma dura-
neas em termos do parâmetro que permite ção, define-se a variável adimensional:
obter a vazão mínima de sete dias consecuti- (2)
A1 (3)
vos e dada probabilidade de ocorrência.
conforme esquema apresentado na Figura 2. Às séries originadas a partir desta nova
A Figura 3 mostra a equação das retas de variável aleatória padronizada (Xd) foram
VAZÃO MÉDIA regressão quatro regiões homogêneas
nas aplicadas as seguintes distribuições teóricas
DE LONGO PERÍODO identificadas estudo, e os respectivos coe-
no de probabilidade: log -normal 3 parâmetros,
Através de estudos realizados pelo DAEE em ficientes de correlação. Na tabela de parâ- Pearson tipo Ill, log -Pearson tipo Ill, extre-
1983, verificou-se que a descarga média metros regionais encontram-se listados os mos tipo Ill e log -extremos
tipo Ill. Dessas
plurianual, numa dada seção de um curso de valores de a e b da reta de regressão, onde cinco distribuições, três (log -Pearson tipo Ill.
água, pode ser obtida com boa aproximação, com o auxílio da Figura s é possível localizar extremos tipo Ill e log -extremos tipo Ill)
através de relação linear dessa vazão (Q) espacialmente cada uma dessas regiões ho- apresentaram, na grande maioria dos casos,
com o total anual médio precipitado na bacia mogêneas. valores muito próximos para períodos de re-
hidrográfica (P), Dessa forma pode-se obter através do torno entre 5 e 100 anos. A distribuição ex-
estudo, a estimativa da vazão média pluria- tremos tipo Ill foi selecionada principal-
(1)
nual de qualquer seção do curso de água a mente porjá ter sido empregada em estudos
onde a e b são parâmetros da reta de re- partir da precipitação anual média, calculada realizados pelo DAEE, em 1984, e pela boa
gressão. através do mapa de isoietas da Figura 1. aderência verificada.

Figura 2. Cálculo da preciptação (Us/km2) Figura 3. Vazão média plurianual.


anual média.
80TT"" lT

I'EEE
::E E HE E ::T:::

REGIÃO 1 .

Posto
Fluviométrico'
:: EGIA

=
A1.P + A2.P2' + A3.P' + A4.P + A5.P5'

I
P
_______

A1+A2+A3+A4+A5
:::
1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
A é a área entre as isoletas Precipitação (mmlano)
P e P~1
P é a chuva média na área A, REGIÃO 1 =
O0292P -22.14 REGIÃO 3 =
0.0278P-26.23
8 0.8722 R =
0.9402
obtida por interpolação entre
P e P1 REGIÃO 2 =
0.0315-29.47 REGIÃO 4 Õ =
0.0098P4.62
R =
0.9861 R =
0.8282
O valor máximo da função é dado por:
ATM DAD ES
Substituindo-se a/Q e b/Q por A e B respecti-
vamente, tem-se: ro -

x,. . n. Õ112
V= (14)
4. x. B. Q
(11)
A similaridade dos valores de A e B entre É importante salientar que a metodologia
postos fluviométricos permitiu a regionali- pode ser empregada para durações críticas
A semelhança entre as distribuições acu- zação,ou seja, a delimitação das áreas onde de no máximo seis meses, sendo esta dura-
muladas para as diversas durações permitiu essesparâmetros podem ser considerados ção calculada pela equação:
agrupar as doze amostras numa única. Por- homogêneos. A regionalização dos parâme-
tros A e B levou a delimitação de 14 regiões. d= (15)
tanto, a variável Xd não depende mais da 2. XT. B. Q
Susbtituindo -se a Equação (11) na Equa-
duração d, e a Equação (3) pode ser rees-
crita: ção (8) tem-se: Portanto, fixada uma demanda qualquer
é possível, com os resultados obtidos, cal-
X =
QJõ.,J (4) Qa.T=XT.(A+B.d).Q (12)
cular o volume de reserva intra -anual neces-
função
A de distribuição acumulada da Portanto, com o uso da Equação (12) po- sária para atender a demanda com uma pro-
distribuição extremos tipo Ill é dada pela de-se obter o valor da vazão de d meses de babilidade de sucesso ou fracasso prede- - -

equação: -
duração e probabilidade de ocorrência 1/Ta terminada em um ano qualquer, em função
partir da vazão média plurianual, já que os dos estudos derivados nos itens anteriores.
F(x)=i -e (5) parâmetros XT, A, B são conhecidos para
todo Estado. Deve-se lembrar ainda que
o
onde a, p e y sãorespectivamente os parâ- como a vazão média Q pode ser obtida a par-
CURVAS DE PERMANÊNCIA
metros de escala, locação e limite inferior da tir da precipitação média P Equação (2), o
variável aleatória X. Como:
resultado fica bastante simplificado.
Nem sempre o interesse do usuário da água
(6) está no conhecimento da vazão média ou mí -

VOLUME DE REGULARIZAÇÃO nimajá apresentada. Muitas vezes interessa


substituindo-se a Equação (6) na Equação
INTRA-ANUAL saber a amplitude de variação das vazões e
(5) pode-se calcular o valor de X1- da variável principalmente a freqüência com que cada
aleatória Xem função do período de retorno Quando a demanda a ser atendida supera a valor de vazão ocorre numa determinada se-
T: vazão mínima que pode ocorrer num curso
ção do rio. A
obtenção da curva de perma-
X=y+($7)* [-In(i-i)J (7) de água, muitas vezes com armazenamento nência de vazões numa seção é a resposta
relativamente pequeno, pode-se aumentar
Utilizando-se este procedimento para a para essa questão, uma vez que para cada
variável X. derivada da padronização das Va- significativamente o nível de atendimento da vazão possível de ocorrer naquele local, está
demanda, sem incorrer nos gastos requeri-
associada a freqüência (ou número de vezes)
zões mensais de cada posto fluviométrico,
dos por aproveitamentos com regularização
foram calculados os valores de xTpara perío- que ela é excedida.
dos de retorno Tde 10, 15,20,25,50 e 100 plurianual. A regionalização das curvas de perma-
Desta forma, o estudo desenvolvido pro- nência foi realizada da análise das
anos. Como os valores de x1 são adimensio- a partir
curou estimar os volumes de armazena-
nais, foi possível comparar os valores obti- freqüências acumuladas, calculadas para as
mento necessários para atender demandas séries de va.zões mensais observadas, em
dos, para os vários postos estudados e agru-
que superam sazonalmente as disponibilida- cada um dos 219 postos fluviométricos es-
pá-los regiões homogêneas.
em nove

Dada a possibilidade de se obter os valo-


des hídricas, restringindo-se portanto às es- tudados. Para que os resultados pudessem
res XT para qualquer bacia, e pela própria gê- tiagens intra -anuais. ser comparados, as séries originals foram
A metodologia utilizada para o cálculo do
nese da variável aleatória X Equação (4); padronizadas dividindo-se as vazões men-
volume de regularização pode ser represen-
tem-se: sais pela média de longo período da série
tada graficamente pela Figura 4. A reta su-
(Q). Assim, a variável padronizada é definida
Qa.r=xT.Q (8) perior representa o volume necessário para por:
atender uma demanda firme QF' e a curva in-
ou seja, para se calcular a vazão mínima de q=Q/Q (16)
ferior indica o volume disponível natural-
duração d de período de retorno T (Qd.T) é
mente para um determinado período de re- Ordenando-se valores de q em ordem
preciso determinar a média das vazões míni- os
torno T(ou probabilidade de ocorrência), O
mas de duração d meses (Qd). Em estudos decrescente, pode-se estimar a freqüência
realizados pelo DAEE, em 1984, verificou-se
volume disponível para o período Té obtido acumulada, também denominada perma-
que a média das vazões de estiagem Qd varia
multiplicando-se a Equação (12) pelo nú- nência (P), por:
mero de segundos em d meses (K.d). A
inearmente com a duração d. O mesmo
maior diferença entre a demanda e a dispo- P=F,(q>=q,)=i/N (17)
comportamento foi comprovado neste es-
nibilidade (t') representa o volume de re-
tudo para valores dmenores ou iguais a seis onde i representa o. número seqüencial do
meses. Assim sendo, é possível representar gularização intra -anual necessário para su- valor q1 da variável q na série ordenada, No
essa vazão média (Q) por uma equação do prir a demanda QF' com um risco de (100/ número total de elementos na série e
tipo: T)% de não atendimento em um ano qual- F (q>= q,) a freqüência com que o valor q1 é
quer. excedido ao longo do traço histórico.
Qaa+b.d.parad6 (9) Algebricamente, obtém-se o volume de A partir das séries ordenadas q1 e i/N de
Para que os resultados de cada posto pu- regularização pela maximização da função: cada posto foram calculados, por interpola-
dessem ser comparados entre si e agrupa-
V=[QF-xT.(A+B.d).Q1.K.d
ção linear, os valores (qp) da variável padro-
(13)
dos, a Equação (9) foi adimensionalizada di- nizada (q), para diferentes valores de per-
vidindo-se ambos os lados da equação pela onde QF é a vazão firme a ser regularizada manência (P), comparando-se os valores de
dada probabilidade de sucesso implícito
qp nas diferentes estações fluviométricas es-
vazão média de longo período (Q), resul- com

tando: no fator X, A e B são os coeficientes da reta tudadas, foi possível identificar quinze re-
de regressão entre a média das vazões míni- giões com comportamento semelhante (ver
(10)
mas e a duração d, é a média de longo tabela).
período e Ko número de segundos do mês. Com os valores de qp e pela Equação (16)

8
pode-se calcular a vazão média mensal para
uma dada permanência P por: Figura 4. Volume de regularização.
(18)
=
Vazão firme a ser regularizada (m3/s)
XT =
Fator relativo a probabilidade de sucesso
Ae B =
Coei, da reta de regressão da média das vazões mínimas
o =
Vazão média de longo periodo (m3/s)

VAZÕES MÍNIMAS ANUAIS K =


Número de segundos de um mês
d =
Duração em meses
DE SETE DIAS CONSECUTIVOS. Demanda
QF.K.d ...

Os resultados até aqui apresentados permi-


tem obter a vazão mínima de d meses de
duraçào e probabilidade de ocorrência (1/T) E0F-)XT.A12 Disponibilidade
K
qualquer, para qualquer região V
X1.(A+B.d) OK d
=

em um ano
4.XT. B. O
do Estado. No entanto, não se tem informa-
ções sobre vazões mínimas para intervalos
de tempo inferiores ao mês.
Uma solicitação freqüente sobre vazões
mínimas refere-se àquela com sete dias de
duração, cuja vantagem é sofrer menos in-

It /d=0!!
fluência de erros operacionais e intervenções
humanas no curso de água, do que a vazão
mínima diária e é suficientemente mais deta-
lhada que a vazão mínima mensal. Assim,
esta vazão é utilizada com freqüência como 10 12

indicador da disponibilidade hídrica natural Duração (meses)


num curso de água. V =
[OX1.(A+B.d)Ol.K.d
Em estudo anterior verificou-se que a
função distribuição de probabilidade da vari-
ável padronizada X, definida por:
na Equação (20), tem-se: região H, calcula-se pela Equação (12):
X=Q/Q,n= 7,30,60,...l80dias (19)

onde évazão mínima anual de n dias


a Q7.T=C.XT.(A+B).I (22) =
x,o.(A+ 8.1) =
0.748(0,4951+0,0279.1)9,48
consecutivos e é a média das mínimas de
onde valor de Cé obtido Quo 3.70 m3/s.
partir da Figura
=

n dias, independe do valor de n, ou seja, é o a

6; valores de x, A e B da tabela, e aé cal-


os
possível considerar as amostras X, como
culado em função da precipitaçáo anual mé- Volume necessário para se regularizar 5,0
provenientes de um mesmo universo, e por-

tanto determinar uma única distribuição de dia a partir dos valores a e b, também lista- m3/s,com 10% (T= 10 anos) de probabili-

variável padronizada. dos referida tabela. dade de não atendimento em um ano qual-
probabilidade para a na

Admitiu-se que a distribuição de proba- quer. Aplicando-se a Equação (14) com os

bilidade das séries de vazões mínimas padro- parâmetros da região H, tem-se:


nizadas de I 2 , 12 meses consecutivos
.........
EXEMPLO DE APLICAÇÃO
(Xd) é a mesma das séries de vazões mínimas DA METODOLOGIA
[5,0 (0.748 0.495/. 943)]2
-

padronizadas (Xv) de 30, 60, 180 dias


... .2628000 =
Z4. 106m3
4.0.748.0.0279.9.48
consecutivos. Portanto. supõe-se que os
Foi escolhido o rio Buquira ou do Ferräo, na
valores dexT da Equação (7) valem para as bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul,
vazões mínimas anuais padronizadas de sete
para exemplificar o emprego da metodolo- e sendo aduração crítica calculada utilizan-
dias consecutivos (X7).
gia apresentada. do-se a Equação (15) e os parâmetros da
Pode-se reescrever a Equação (5) da se- Na Figura 7, reprodução ampliada do mesma região:
guinte maneira: mapa de isoietas anuais médias, encontra-se
Qnio=xr.Q7 (20) delimitada a bacia hidrográfica em questão,
5.0 (0.748. 0.4951 9,48)
-

com área de 401 ,5 km2 e precipitação anual


.

d =
3,8 meses
2. 0,748. 0,0279. 9,48
média de 1.685 mm/ano calculada de acordo
Dessa forma, para se calcular a vazão mí-
com a Equação (2). A bacia situa-se na região
nima anual de sete dias consecutivos e perío- •
Vazão para 95% de permanência (Q95):
do de retorno T anos é necessário obter a H da Figura 5 e Z da Figura 6.
substituindo-se o valor de q95 obtido ta-
-

na
média dessas vazões mínimas de sete dias Cálculo da vazão média plurianual (Q): apli-
cando-se os valores de a e b (ver tabela) váli- bela, e Q na Equação (18), tem-se:
(Q). Com esse objetivo foram analisadas as
dos para a região H, na Equação (1), tem-se:
séries diárias de 88 postos fluviométricos, a
Qgs q95. 0,434. 9,48 4,11 m3/s
partir das quais calculou-se o valor de Q..
= = =

Passou-se então a estudar a relação (C) en- a + b. P=- 2947+ 0315. 1.685= 25611/5km2

tre a média das mínimas anuais de sete dias •


Vazão mínima anual de sete dias consecuti-
consecutivos (Q» e a média das mínimas que, multiplicada pela área de drenagem da vos e período de retorno de dez anos (Q7,j&:
anuais de um mês (aM) definida por: bacia, que é 401,5 km2, tem-se: da Figura 4 obtém-se o valor de C, e aplican-
do-se os valores de x10 A e B retificados da
C=7/íM (21)
23.61 401,5 =
9.479//Sou 9,48 m3/s. tabela e à Equação (22), calcula-se:
Analisando-se os valores de C para os 88
postos foi possível definir três regiões que •
Vazão mínima anual de um mês de duração Q.1o =
C. X,0. (A + 8).
aparecem delimitadas na Figura 4. e 10 anos de período de retorno (Q, &: com
Substituindo-se Q, C. QM valores de x10 A e B listados na tabela para a
=
0,85.0,748. (0,495! + 0,0279). 9,48= 3,15m3/s
hidrológicas. determinada bacia.
ATM DAD ES
para uma
Figura 7. Isoietas da bacia
baseada nos parâmetros regionais, parece
jiidrográfica do rio Buquira.
ser, geralmente, mais razoável que a obtida a
partir de uma única série observada em ou- _. 2000

tro local. Finalmente, a regionalização simul-


tânea de vários parâmetros, como a apre-
19Oo p
sentada e desenvolvida pelo DAEE, permite o

A técnica de regionalização hidrolágica definir, de maneira precisa e segura. as áreas 2O


tem-se mostrado instrumento muito ágil e hidrologicamente semelhantes.
importante nos estudos de planejamento e Assim, recomenda-se que principalmente
administração de recursos hídricos. Este os órgãos ligados à gestão de recursos hídri-

método possibilita a obtenção de variáveis cos desenvolvam estudos de regionalização.

hidrológicas básicas, como vazões médias e para que se tenha uma base mínima de infor-
mínimas, de maneira simples e rápida. Além mações hidrológicas nas várias regiões do . DIVISA DO ESTADO
disso, a estimativa dos valores das variáveis País.

Figura 5. Regiões hidro 'gic s me hantes.


MINAS GERAIS
io Grand

..,u
550Jose
.

/ 00 •., .,
....

MATO GROSSO
.

.. T ..... ...
DO SUL
.

S N
M.. .,..

op••... •..• .. O
4f0.
a ....
:..

Rio Para panem .....

.i iOc

Gn4

LimIte inter:::dual

J Reservatorio existente
D

J Rego

Figura 6. Regioes hidr á I m Ihantes quanto ao parâmetro C.

NAS GERAIS
'o Região C
m São

os000 X 0.75

a Y 0.80
MATO GROSSO
DO SUL 'ela '°a z 0.85

.q0 ...
.

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PARANÁ :,.

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Limite interestadual

J Reservatório existente

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