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IV Encontro de Pesquisadores
da Chapada dos Veadeiros
08 e 09 de dezembro de 2016.
Alto Paraíso, GO.
2016
Comissão organizadora
Alexandre Sampaio – CECAT/ICMBio
André Cunha – Depto. Ecologia, Universidade de Brasília.
Fernando Tatagiba – PNCV/ICMBio
Walace Santo Cavalcante – Centro Unb Cerrado
Comitê científico
Alexandre Sampaio
Alice Amaral
André Cunha
Carolina Camargo
Clarisse Rocha
Fernando Tatagiba
Maria Júlia
Mozart Fazito
Reuber Brandão
Suelma Ribeiro
Walace Cavalcante
Apresentação
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) e a UnB Cerrado realizam o
IV Encontro de Pesquisadores da Chapada dos Veadeiros em Alto Paraíso de Goiás,
nos dias 08 e 09 de dezembro de 2016.
Este evento vem sendo realizado desde 2013 com o objetivo de aproximar a
comunidade científica, os gestores de unidades de conservação e a sociedade em
geral. Os eventos têm contribuído para a divulgação de conhecimentos científicos
de extrema relevância para a conservação da biodiversidade na Chapada dos
Veadeiros, contribuindo com informações de qualidade para embasar os debates
da sociedade em torno das questões ambientais.
O evento também tem o intuito de aproximar os diferentes atores da sociedade
em torno da conservação da biodiversidade e outras questões ambientais. Esses
seminários pretendem incentivar a realização de pesquisas científicas,
principalmente daquelas direcionadas aos questionamentos da sociedade e para
apoiar a tomada de decisões dos gestores ambientais. Dessa forma, a participação
de todos é essencial para que estes objetivos sejam alcançados. Os gestores e a
sociedade devem levantar as questões e a comunidade científica deve apresentar
resultados que podem ajudar a responder as demandas relevantes para a
conservação da biodiversidade e a manutenção dos serviços ecossistêmicos.
Programação
DIA 08
10h30 – Início e Boas vindas.
11h‐12h – Mesa 1 – Pesquisa e extensão na área social
Raizeiros de Alto Paraíso: Saberes ameaçados. Mieko Kanegae, colaboradora UnB
Cerrado.
Agricultura familiar em transição agroecológica: Soberania/Segurança alimentar e
conservação. César Barbosa (Sat). NASPA – Centro UnB Cerrado.
12h‐13h30 – Almoço
13h30‐15h30 – Mesa 2 – Turismo para o desenvolvimento sustentável e
conservação da natureza.
Inclusão socioprodutiva e turismo e as possibilidades para o PNCV. Prof. João Paulo
Faria Tasso, Centro de Excelência em Turismo, CET – UnB.
O conflito entre turismo e a mineração na Serra do Espinhaço, MG. Prof. Mozart
Fazito, Centro de Excelência em Turismo, CET – UnB, ET – UnB.
Percepções acerca da gestão integrada dos resíduos sólidos no contexto de
municípios turísticos – um olhar sobre Pirenópolis, GO. Prof. Luiz Spiller, Centro de
Excelência em Turismo, CET – UnB.
15h30‐16h30 – Café e mostra de pôsteres.
16h30‐18h30 – Mesa 3 – Biodiversidade e geodiversidade
Biologia reprodutiva da psitacídeos e perspectivas para pesquisas na Chapada dos
Veadeiros. Prof. Renato Caparroz, IB – UnB.
Por que fazer manejo de fogo no Cerrado? Prof.ª Isabel Belloni Schmidt, Dept.
Ecologia, IB – UnB.
Projeto do inventário do patrimônio geológico da Chapada dos Veadeiros. Profª
Joana Paula Sanchez e Prof. Marcelo Henrique Leão Santos, Curso de Gelogia, ICT
– UFG.
Restauração no PNCV e suas implicações para a conservação da biodiversidade e
serviços ambientais. Alexandre Sampaio, pesquisador CECAT – ICMBIO.
Pesquisas com anfíbios na Chapada. Prof. Reuber Brandão, Dept. Eng. Florestal,
UnB.
Dia 09
07h30‐10h – Oficina de observação de aves em Alto Paraíso, GO.
Oficina guiada por:
Marcelo Lisita – BirdinGoiás/Colégio Sagrados Corações;
Walace Cavalcante – Centro UnB Cerrado;
Prof. Renato Caparroz – IB – UNB.
09h‐12h – Reunião para pesquisadores e colaboradores do Centro UnB Cerrado e
PNCV – Planejamento de atividades para 2017.
12h‐16h – Almoço
14h‐16h – Continuação do planejamento e encerramento.
Sumário
Pesquisa preliminar sobre a gestão sustentável em meios de hospedagem de Alto
Paraíso – GO ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 01
Avaliação de restauração de cerrado por semeadura direta no Parque Nacional da
Chapada dos Veadeiros ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 03
Livro de Herpetofauna da Chapada dos Veadeiros ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 04
Os saberes das águas: por um diálogo interepistêmico ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 06
TOCANTINS: Um olhar sobre o patrimônio sociocultural e socioambiental a partir
da prática de espeleoturismo em Arraias e Aurora do Tocantins ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 07
Composição e estrutura da comunidade lenhosa em Mata Seca e a diversidade beta
da vegetação na área de ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros,
Goiás, Brasil ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 08
Indicadores de sustentabilidade como ferramenta de gestão para a APA de Pouso
Alto ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 09
Plantando desertos: O cerrado ilhado ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 10
Raizeiros de Alto Paraíso: saberes ameaçados ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 11
Agricultura familiar em transição agroecológica: Soberania/Segurança alimentar e
conservação ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 13
A contribuição econômica do turismo no Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 15
Pato‐mergulhão Mergus octosetaceus no Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros e seu entorno ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 16
Levantamento preliminar dos pequenos mamíferos não‐voadores da Reserva
Natural do Tombador, Cavalcante, Goiás ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 19
Pesquisa preliminar sobre a gestão sustentável em meios de
hospedagem de Alto Paraíso – GO.
Ana Paula Macêdo1, Arthur Cunha Muma2, Gabriella Fonseca Cassanello do Amaral3, Gustavo Pinto4, e
André de Almeida Cunha5
¹Graduanda em Turismo, UnB. E‐mail e telefone: hannah_macedo@hotmail.com.br, (61) 98114‐
2816. ²Graduando em Turismo, UnB. E‐mail e telefone: arthutuzito@hotmail.com, (61) 98607‐
1978. ³Graduanda em Turismo, UnB. E‐mail e telefone: gabriellacassanello@gmail.com, (61)
99699‐1363. 4Mestrando da University of Leeds, UK, pesquisador colaborador LABAP, IB – UnB.
E‐mail: gustavoppinto@gmail.com. 5Professor adjunto do Instituto de Biologia, Departamento de
Ecologia da UnB; Centro de Excelência em Turismo (CET), UnB; Centro de Estudos Avançados da
Chapada dos Veadeiros (UnB Cerrado), Brasília – DF. E‐mail e telefone: cunha.andre@gmail.com,
(61) 98175‐7170.
Atualmente, o desenvolvimento equilibrado em prol da conservação dos recursos
naturais e da valorização sociocultural ganham enfoque como paradigma emergente na
sociedade. Torna‐se imprescindível compreender a atitude dos empreendimentos turísticos
diante dessas mudanças. Numa localidade como a Chapada dos Veadeiros, onde o turismo
alternativo se destaca, é importante avaliar e incentivar a gestão sustentável dessas estruturas
de suporte. O objetivo desse trabalho é fomentar debates sobre a importância da gerência dos
meios de hospedagem para o alcance da sustentabilidade. A pesquisa, inicialmente de cunho
didático, foi desenvolvida pelos graduandos em turismo, na disciplina Projeto Integrador I, da
Universidade de Brasília, em Alto Paraíso – GO. Como hipótese nula, assumimos que o valor
cobrado para hospedagem está diretamente relacionado ao desempenho da pousada ou hotel
em relação à sustentabilidade. Foram aplicados os critérios de sustentabilidade elaborados pelo
Conselho Global de Turismo Sustentável (GSTC), com base em quatro dimensões: (1) Sistemas de
gestão; (2) Social e Econômico, com enfoque na população local; (3) Cultural; e (4) Meio
Ambiente. As três últimas dimensões visando identificar a maximização de benefícios e a
minimização dos impactos negativos. O trabalho de campo foi realizado entre 03 e 05 de junho
de 2016. Foram amostrados 15 meios de hospedagem, em Alto Paraíso e São Jorge, GO, com a
aplicação de questionário com 101 perguntas com respostas binárias (sim = 1, não = 0, onde 1
indica a existência de determinada ação em prol da sustentabilidade). As hospedagens
apresentaram resultados positivos para os quesitos de planejamento e infraestrutura,
englobados no sistema de gestão (1), com uma frequência de 76% de respostas positivas nessa
dimensão. Questões relativas ao âmbito social e econômico (2) tiveram 71% de respostas
positivas. A dimensão cultural (3) apresentou 67% de respostas positivas. Já a dimensão
ambiental, englobando questões como poluição e conservação dos recursos naturais, espécies e
ecossistemas teve apenas 35% de respostas positivas, indicando a urgência de medidas que
incentivem o melhor desempenho nesses critérios. A hipótese nula foi refutada, ou seja, não
existe relação entre o preço das hospedagens e seu desempenho para a sustentabilidade. Logo,
a busca e implantação de medidas em prol da sustentabilidade parece estar mais relacionada à
atitude dos donos e gerentes dos meios de hospedagem do que o custo envolvido em tais
medidas. Nessa pesquisa preliminar identificamos também que há carência de informação pelos
funcionários quanto às políticas internas e documentações da empresa, resultando em respostas
incertas ou nulas. Além de certa omissão ou tendenciosidade dos entrevistados para responder
algumas questões, o que pode representar um viés importante na pesquisa e reflete a
importância de coletar dados complementares para alguns critérios. No entanto, a pesquisa
serve como uma linha de base preliminar, que deve ser aprimorada, e levanta temas
fundamentais para guiar o debate e incentivar a busca para a contribuição do turismo para o
desenvolvimento sustentável da região. Deve‐se destacar que o aumento do desempenho dos
meios de hospedagem para a sustentabilidade depende não só do próprio trade, mas também
do apoio e incentivo dos órgãos governamentais e demais setores da sociedade. Assim como, a
parceria com a pesquisa, ensino e extensão universitária pode contribuir de sobremaneira para
alavancar o desenvolvimento sustentável com base no turismo de natureza, principal vocação da
região.
Palavras chave: gestão sustentável, meios de hospedagem, Alto Paraíso, sustentabilidade, turismo.
Avaliação de restauração de cerrado por semeadura direta no Parque
Nacional da Chapada dos Veadeiros.
André Ganem Coutinho¹, Daniel Luis Mascia Vieira², Alexandre Bonesso Sampaio³ e Isabel Belloni
Schmidt4.
¹Biólogo, aluno do Programa de Pós‐graduação em Ecologia, IB ‐ UnB. ²Pesquisador da Embrapa,
Recursos genéticos e Biotecnologia – Embrapa Cenargen e professor do Programa de Pós‐
graduação em Ecologia, IB – UnB. ³Analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e
Conservação da Biodiversidade do cerrado e caatinga – CECAT/ICMBIO. 4Professora do Dept. de
Ecologia, IB – UnB.
A competição com espécies exóticas invasoras é um importante filtro biótico para o
estabelecimento de espécies nativas na restauração de comunidades vegetais. No Brasil, o bioma
Cerrado é intensamente degradado para a criação de pastos, formados por gramíneas exóticas
africanas, que são invasoras nesse ecossistema, devido à sua grande capacidade competitiva. A
competição com essas gramíneas é o principal desafio para o estabelecimento de espécies
vegetais nativas na restauração de savanas brasileiras. Para evitar o reestabelecimento das
exóticas, o recobrimento inicia do solo por outras herbáceas é uma etapa importante das
estratégias de restauração. No Cerrado, a semeadura direta tem sido aplamente aplicada na
restauração, e utiliza uma grande densidade de sementes, o que intensifica o recobrimento e
facilita o plantio de herbáceas. O objetivo deste trabalho é avaliar três técnicas de semeadura,
baseadas em diferentes composições de espécies semeadas, no controle de gramíneas exóticas.
No Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO, Brasil), a restauração de cerrado
em uma área utilizada anteriormente para pasto é realizada desde 2012. Anualmente, as
gramíneas exóticas são retiradas e espécies nativas são plantadas. Em uma área de restauração
iniciada em 2015, foram estabelecidas 27 parcelas de 20x20m, compondo um experimento com
dois fatores: tipo de solo (mal drenado, bem drenado e rochoso) e composição de herbáceas
plantadas (gramíneas nativas diversas, Stylosanthes capitata, ou Lepidaploa aurea), com 3
parcelas para cada combinação de tipo de solo e composição de herbácea. 11 espécies de
arbustos e uma de árvore também foram plantadas nas parcelas. Uma amostragem da cobertura
vegetal foi realizada em abril de 2016 e outra será feita em abril de 2017.
No resultado da primeira amostragem, a cobertura média de gramíneas exóticas foi de
92%, a de gramíneas nativas foi de 564%, a de S. Capitata foi de 148%, e a de L. Aurea foi de 75%.
Não houve diferenças significativas de cobertura de exóticas entre os tratamentos de
composição de espécies semeadas. A cobertura de exóticas, nativas e S. Capitata foi
significativamente menor em solo rochoso. A cobertura de L. Aurea foi significativamente menor
em solo úmido. Os resultados evidenciam que as três composições têm igual impacto sobre o
estabelecimento de gramíneas exóticas, mas o tipo de solo é determinante para o sucesso inicial
das exóticas e nativas, o que pode alterar o resultado da competição. Resultados futuros
permitirão obter conclusões mais precisas.
Palavras chave: semeadura direta, restauração vegetal, pasto abandonado, Cerrado, competição entre gramíneas,
gramíneas invasoras, gramíneas nativas.
Livro Herpetofauna da Chapada dos Veadeiros
Arthur Sena Santos¹, Reuber Albuquerque Brandão²
¹Graduando em engenharia florestal, Laboratório de Fauna e Unidades de Conservação, UnB.
²Doutor no Dpt. de Engenharia Florestal, Laboratório de Fauna e Unidades de Conservação, UnB.
1‐ Introdução
No Cerrado, a savana mais biodiversa do planeta, apresenta uma herpetofauna rica e com
elevada taxa de endemismo quando comparada aos demais vertebrados, com 480 espécies,
sendo 33 Amphisbaena, 76 lagartos, 158 serpentes e 213 anfíbios anuros (Valdujo et al. 2012).
Dessas 267 espécies de répteis, 113 são endêmicas (42%), sendo 38 lagartos (50%), 21
Amphisbaena (64%) e 54 serpentes (35%) (Azevedo et al, 2016). Na Chapada dos Veadeiros, uma
região de especial importância biológica no Cerrado, ocorrem 48 espécies de serpentes, 57
anfíbios, cinco quelônios, duas de jacarés, 23 lagartos e duas anfisbênias. Apesar dessa elevada
diversidade, essa informação se encontra dispersa e ainda existem diversas lacunas de
informação que precisam ser preenchidas para o melhor conhecimento e conservação da
herpetofauna da Chapada dos Veadeiros.
2‐ Objetivos:
Compilar a informação sobre a diversidade de Répteis e Anfíbios que ocorrem na região da
Chapada dos Veadeiros;
Construir um guia de campo ilustrado sobre a herpetofauna da Chapada dos Veadeiros;
3‐ Material e Metódos
A lista de espécies será produzida a partir da revisão de artigos científicos, teses, dissertações e
monografias, relatórios técnicos e outros documentos. A lista será complementada com
informações de campo obtidas pelos autores.
Cada espécie será apresentada em uma ficha padrão, contendo fotos de adultos e juvenis, uma
breve descrição taxonômica, uma breve descrição da morfologia e características externas,
informações sobre história natural, uma breve descrição de larvas (no caso de anfíbios) e da
vocalização (no caso de anfíbios).
4 – Resultados
São conhecidas até o momento 137 espécies da herpetofauna do Parque Nacional da Chapada
dos Veadeiros e região. Existem diversas espécies restritas à Chapada dos Veadeiros, associadas
aos ambientes rochosos.
5 ‐ Conclusão
Um guia fotográfico das espécies da região irá contribuir para que a população conheça e se
interesse por esses animais, ajudando em sua conservação.
Apresentar os turistas as diferenças entre serpentes peçonhentas e não‐peçonhentas ajuda a
evitar acidentes ofídicos no Parque, que é uma região muito procurada por diferentes tipos de
visitantes.
Palavras chave: cerrado, diversidade, serpentes, anfibios, chapada dos veadeiros, livro.
Os saberes das águas: Por um diálogo interepistêmico
Carla Ladeira Pimentel Águas¹
¹Doutora em Sociologia, pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Inclusão
no Ensino Superior e na Pesquisa (INCTI), GO. E‐mail e telefone: carlaaguas@gmail.com, (61)
98272‐1440.
A presente proposta visa analisar as possibilidades de diálogo entre diferentes matrizes
epistêmicas, tendo como tema central a água – seus significados, seus usos, seus mitos, sua
produção, conservação e relação com a vida cotidiana e o sagrado. Desde a perspectiva das
Ciências Sociais, esta trajetória será percorrida tendo como pano de fundo teórico e
metodológico o conceito de epistemologias do Sul e dois de seus procedimentos sociológicos
centrais – a sociologia das ausências e a sociologia das emergências – considerando que, para
Boaventura de Sousa Santos (2006), a racionalidade ocidental é indolente, por não reconhecer e
por desperdiçar as experiências sociais disponíveis e possíveis do mundo. Esta proposta
encontra‐se ainda em fase inicial, tendo em vista que será foco de uma pesquisa de pós‐
doutorado, a ser desenvolvido no decorrer de 2017/18 pelo Centro de Pesquisa e Pós‐Graduação
sobre as Américas da Universidade de Brasília (CEPPAC/UnB). Portanto, ainda a título preliminar,
vislumbra o desenvolvimento de estudos comparados envolvendo comunidades quilombolas da
Chapada dos Veadeiros (Kalunga e Moinho), região produtora de água; do Sertão pernambucano
(Conceição das Crioulas); bem como povos originários da Cordilheira Oriental dos Andes (região
da Bacia do Jatun Mayu).
Esse caminho futuro terá, como ponto de partida, uma reflexão – a ser sistematizada
sob a forma de um primeiro artigo – acerca das possíveis aproximações entre as discussões
científicas de vanguarda acerca do tema “água” e conhecimentos ancestralmente acumulados
em variadas partes do mundo. Esse ensaio teórico será o fundamento preliminar dos posteriores
percursos em campo, que pretendem incluir espaços de debates em termos interepistêmicos e
fomentar iniciativas de articulação interinstitucional entre diferentes parceiros.
Palavras chave: água, epistemologias do Sul, saberes ancestrais, comunidades quilombolas, povos originários.
TOCANTINS: Um olhar sobre o patrimônio sociocultural e socioambiental
a partir da prática de espeleoturismo em Arraias e Aurora do Tocantins
Charles Pereira Barros¹, e‐mail: barrosepereira@gmail.com; Fernanda Gomes da Silva², e‐mail:
fernandagomes.tur@gmail.com; Sandra Ferreira dos Santos³, e‐mail: santossandra@uft.edu.br;
Valdirene Gomes dos Santos de Jesus4, e‐mail: jesuseval@uft.edu.br; Wagner Pereira dos Reis5, e‐mail:
wagner.p.r@uft.edu.br.
¹Mestranda em Botânica, IB – UnB. E‐mail e telefone: danielaramalho22@gmail.com, (61) 3107‐
2967. ²Professor adjunto da UnB. E‐mail e telefone: jrrpinto@unb.br, (61) 3107‐5615.
Tendo em vista a importância da ampliação da área do Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros (PNCV) para a preservação do Cerrado, o objetivo do presente estudo é avaliar o ganho
em termos de diversidade beta da vegetação lenhosa que o PNCV terá com a inclusão da
fitofisionomia Mata Seca a partir da ampliação da sua área. Na área de Mata Seca amostrada
será avaliada a composição, a riqueza e a diversidade de espécies lenhosas; serão listadas as
espécies lenhosas raras e endêmicas e a estrutura da vegetação será descrita com base nos
parâmetros fitossociológicos e na distribuição dos indivíduos em classes de diâmetro e de altura.
A riqueza e a diversidade de espécies lenhosas presentes na Mata Seca serão comparadas com
outras fitofisionomias já amostradas na região do PNCV e com outras Matas Secas amostradas
na região nordeste de Goiás. Ao final será calculada a diversidade beta da vegetação lenhosa na
região da Chapada dos Veadeiros. O inventário seguirá o protocolo do Manual para o
monitoramento de parcelas permanentes nos biomas Cerrado e Pantanal para Florestas
Estacionais, sendo coletados diâmetro, altura e identificação botânica de todos os indivíduos
lenhosos. A diversidade alfa da Mata Seca e das demais fitofisionomias amostradas em outros
trabalhos será calculada pelo Índice de Shannon e a uniformidade dos indivíduos entre as
espécies será calculada através do Índice de Pielou. A fitogeografia, o endemismo e a raridade
das espécies da Mata Seca amostrada serão determinados através de buscas na Flora do Brasil
2020, Livro Vermelho da Flora do Brasil e Species Link 2016. A caracterização estrutural da área
amostrada será por meio de parâmetros fitossociológicos (densidade, dominância, frequência e
valor de importância) e da distribuição de frequência dos indivíduos em classes de diâmetros e
de alturas. A caracterização fitogeográfica se dará por meio do cálculo da diversidade beta
(utilizando os índices de similaridade de Sørensen e Czekanowski), da comparação da riqueza
entre áreas com esforço amostral diferente (por meio de curvas de acumulação de espécies), da
comparação da riqueza entre as fitofisionomias (utilizando curvas de rarefação), da comparação
da diversidade alfa entre as comunidades vegetacionais (por meio de perfis de diversidade), da
verificação das diferenças florísticas e estruturais entre as comunidades (utilizando o método de
classificação por Two‐way Species Indicator Analysis‐TWINSPAN) e da organização espacial das
comunidades (utilizando o método de ordenação Non‐metric Multidimensional Scaling‐NMDS).
Indicadores de sustentabilidade como ferramenta de gestão para a APA
de Pouso Alto
Júlio Cesar S. Itacaramby¹
¹Gestor ambiental e advogado, UNISUL, GO. E‐mail e telefone: julio.itacaramby@gmail.com, (62)
99977‐9908.
Palavras‐chave: Indicadores de sustentabilidade. Unidade de Conservação. Área de Proteção Ambiental.
Gestão. Barômetro da Sustentabilidade.
Plantando desertos: O cerrado ilhado
Maria Beatriz Maury¹, Gislaine Disconzi² e Ruy Alcides de Carvalho³
¹Doutora pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da UnB. E‐mail:
beatriz.maury@gmail.com; ²Mestre, Pesquisadora associada ao Instituto Amada Terra de
Inclusão Social, GO. E‐mail: gisdisconzi@gmail.com; ³Mestre pela Universidade Católica de
Brasília. E‐mail: ruynto@gmail.com.
O Cerrado é o segundo maior bioma em extensão da América do Sul. Faz transição com
a Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e abriga as mais importantes bacias hidrográficas
da América do Sul, como a Amazônica, a Platina e a do São Francisco. Ambiente extremamente
delicado que cresce em solos pobres, sendo sua oferta de água limitada ao período das chuvas e
período seco intenso, e ainda assim abriga grande diversidade. O Cerrado é uma floresta de
cabeça para baixo, suas plantas investem em colocar o carbono nas raízes. Há uma quantidade
de carbono em cima do solo e três vezes mais embaixo. Durante a seca, o primeiro metro de solo
seca completamente, mas as plantas continuam retirando água das camadas mais profundas,
com suas raízes muito longas. Com a transpiração, o Cerrado libera a água que capta em forma
de vapor, mesmo durante a seca. Quando se desmata Cerrado, perde‐se o que está na parte
aérea, mas o estoque de carbono sob o solo é bem maior. No desmatamento, o carbono da parte
aérea queima rápido, mas as raízes vão se decompondo ao longo do tempo e liberando carbono.
Dados do MCTI mostram que as emissões do Cerrado se equivalem às da Amazônia. O
desmatamento do Cerrado provoca danos irreversíveis, especialmente aos recursos hídricos,
contribuindo em muito para o aquecimento global. O desmatamento provoca a insularização do
Cerrado restante tornando as áreas esvaziadas de riqueza biológica, fenômeno denominado por
David Quamenn de decaimento de ecossistemas. O Programa Mundial de Levantamento sobre a
Água, da ONU diz que os segmentos agrícolas utilizam em torno de 70% do consumo água total.
Em alguns países emergentes, de rápido crescimento da economia, esse percentual pode chegar
a 90%. No Brasil, 72% das vazões de consumo vão para a agricultura ‐ em especial a irrigada. O
uso da irrigação, por pivô central nas áreas de Cerrado, tem efeito negativo para o bioma, com a
diminuição dos recursos hídricos e com o desvio e esgotamento de reservatórios próximos ou
sobre as veredas, nascentes, córregos e rios para abastecer os pivôs. Além da contaminação
química das águas e da biota, principalmente nas proximidades de pivôs. O presente resumo
pretende mostrar de forma expositiva resultados de pesquisa sobre o impacto do agronegócio
nos recursos hídricos no Brasil, no Distrito Federal e na Chapada dos Veadeiros, apresentando
dados da ANA, Embrapa e outras fontes, ilustrando com imagens de satélites e fotografias locais.
Palavras chave: Cerrado, agronegócio, impactos, recursos hídricos, crise hídrica.
Raizeiros de Alto Paraíso: saberes ameaçados
Mieko Ferreira Kanegae, Daniela Ribeiro e Clara Carmoni.
Os raizeiros são pessoas reconhecidas pelas comunidades por serem detentores de
conhecimento sobre os recursos naturais e manipularem plantas medicinais. Muito procurados
especialmente pela elaboração de medicamentos caseiros, como garrafadas e xaropes,
apresentam conhecimentos empíricos para identificar, coletar, preparar seus compostos
medicinais, além de instruírem as pessoas que a eles recorrem sobre formas naturais de
erradicarem suas enfermidades. Dentre eles existem os que assimilaram esses conhecimentos
de seus antepassados e outros que aprendem por observação da natureza e/ou intuição
espiritual. Este projeto teve seu início quando uma estudante da UnB Cerrado mostrou ter
amplos conhecimento das plantas medicinais do Cerrado. Então verificamos com antigos
moradores quem eram os raizeiros que outrora foram referência para a comunidade e aqueles
que ainda são. Constatamos que muitos já haviam falecido ou estavam com idade avançada, e
ainda, que não se ouvia falar em novos raizeiros aprendizes. Considerando esse saber ameaçado,
tanto pela idade dos seus atores, quanto pela falta de interesse dos filhos darem continuidade a
este legado; também pela perseguição religiosa e ainda, por determinadas classes trabalhistas e
órgãos governamentais e por fim pela ameaça de desaparecimento de diversas plantas do
Cerrado, santuário de onde são retiradas as matérias primas para execução desse notório saber,
o presente trabalho apresentou os objetivos: 1. Identificar a árvore genealógica da transmissão
do conhecimento dos raizeiros que moram no município de Alto Paraíso de Goiás. 2. Documentar
as entrevistas, rodas de conversas e saídas acampo por meio de fotos, filmagens e gravação de
voz. 3. Identificar as espécies de plantas medicinais do Cerrado que hoje são mais difíceis de
encontrar ou que até desapareceram. 4. Identificar os produtos tradicionais fitoterápicos mais
utilizados na atualidade e comparar com os mais utilizados há 20 anos, avaliando se existe
variação entre as espécies vegetais mais procurados de acordo com as microrregiões. 5.
Identificar as causas das desistências do ofício por parte de alguns raizeiros e não continuidade
da transmissão do conhecimento para as próximas gerações. 6. Confeccionar livreto e DVD com
os dados coletados e realizar exposição itinerante em escolas e eventos. O projeto "Raizeiros de
Alto Paraíso: saberes ameaçados” está em execução desde fevereiro de 2016, com apoio
financeiro do Fundo de Arte e Cultura da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte do Estado de
Goiás (SEDUCE). Foram entrevistados 12 raizeiros de Alto Paraíso e produzido o curta‐metragem
“Raizeiros: saberes ameaçados”, com 34 minutos de duração, que retrata um pouco da vida e
obra desses cidadãos, patrimônio cultural imaterial da humanidade. Tanto o documentário
quanto a exposição já foram divulgados para mais de 500 pessoas dentre turistas e moradores,
inclusive em eventos de grande circulação como: I Encontro de Raizeiros e Pajés na Chapada dos
Veadeiros; VI Feira de Sementes e mudas da Chapada dos Veadeiros; Seminário Internacional de
Gestão Integrada do Território; ENJAP – I Encontro da Juventude de Alto Paraíso. Todos os
raizeiros reportaram o velame branco (Macrosiphonia velame) como uma espécie que está mais
difícil de ser encontrada sendo o principal motivo a retirada indevida da planta. Buscamos então
resgatar e salvaguardar o que ainda resta destes saberes e fazeres, além de estimular as próximas
gerações na perpetuação dos costumes tradicionais, desmistificando e quebrando preconceitos,
por meio de ações propostas como: palestras, oficinas, exposições, entre outras que foram e
estão sendo ofertadas para a comunidade em geral.
Palavras chaves: raizeiros, plantas medicinais, patrimônio imaterial, saberes ameaçados.
Agricultura familiar em transição agroecológica: Soberania/Segurança
alimentar e conservação.
Nina Paula Laranjeira¹, César Adriano de Souza Barbosa².
¹Doutora, Centro UnB Cerrado ‐ Alto Paraíso, GO. E‐mail e telefone: ninalaranjeira@gmail.com,
(61) 99989‐1881; ²Mestre, Centro UnB Cerrado ‐ Alto Paraíso, GO. E‐mail e telefone:
sat.altoparaiso@hotmail.com, (62) 98247‐5191.
A população total da Chapada dos Veadeiros – microrregião do nordeste Goiano ‐ é de
62.684 habitantes, dos quais 20.544 (32,77%) vivem na área rural, sendo 3.347 agricultores
familiares¹ 1.412 famílias assentadas², 06 comunidades quilombolas e 01 terra indígena³. Com
baixos índices socioeconômicos, a Chapada dos Veadeiros, além de patrimônio natural, guarda
significativa diversidade cultural, decorrente de diferentes ondas históricas de ocupação da
região. No entanto, grande parte da população local não tem oportunidades de acesso a políticas
públicas e formação adequada para associar aos seus saberes e fazeres tradicionais, os
conhecimentos técnico‐científicos necessários para a melhoria de suas iniciativas de trabalho,
geração de renda e alimentação saudável, e uso sustentável das riquezas naturais. Considerando
a necessidade de conservação da região, o papel da agricultura familiar, com ênfase na produção
agropecuária de base agroecológica, contribui diretamente com a melhoria da qualidade de vida
da região: Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN) e conservação dos recursos
naturais. O fortalecimento da agricultura familiar é uma forma de garantir o acesso das
populações urbanas a alimentos em quantidade e qualidade adequadas, a preços mais acessíveis,
além da inclusão produtiva dos agricultores. A ocupação deste território pela agricultura
industrial (agronegócio), sobretudo a sul, ou seja, São João D´Aliança e sul de Alto Paraíso de
Goiás, provocou mudanças na economia regional e colaborou com o esvaziamento do campo. A
quase total ausência de políticas públicas para o campo em geral, e para a agricultura familiar
especificamente, até o início dos anos 2000, foi levando os jovens para as cidades, em busca de
estudos e oportunidades de trabalho. A monocultura provocou significativas perdas de áreas de
Cerrado, causando impactos visíveis para as águas. As ações do NASPA estão voltadas para a
instauração de processos formativos, junto a agricultores familiares e jovens do campo,
colaborando para a ampliação de seus conhecimentos sobre agroecologia e conservação
ambiental, alimentação saudável e segurança alimentar, organização social e trabalho
cooperativo, voltadas à inclusão produtiva, geração de renda e manutenção do jovem no campo.
(¹ Fonte: IBGE, 2010; ² INCRA,2010; ambos em http://sit.mda.gov.br/ acesso em junho de 2016;³
http://www.territoriosdacidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/chapadadosveadeirosgo, acesso
em junho de 2016).
A contribuição econômica do turismo no Parque Nacional da Chapada
dos Veadeiros
Paula O. Gomes¹, André A. Cunha²
¹Mestranda em Turismo, Centro de Excelência em Turismo (CET), UnB. E‐mail e telefone:
paula.gomes.df@gmail.com, (61) 99963‐1783. ²Professor adjunto do Dpt. de Ecologia, IB – UnB.
Centro de Excelência em Turismo, UnB. Centro de Estudos Avançados da Chapada dos Veadeiros,
UnB Cerrado. E‐mail e telefone: cunha.andre@gmail.com, (61) 98175‐7170.
O turismo em áreas protegidas, cada dia mais popular, tem causado tanto entusiasmo
como preocupação, uma vez que pode gerar relevantes ganhos para a economia local, maior
sensibilização da importância da conservação, assim como novos incentivos para os governos e
comunidade local. De outro lado, os atrativos naturais podem ser degradados se não estiverem
devidamente planejados para receber o visitante. Os parques nacionais têm demonstrado que
as atividades de ecoturismo também geram valores econômicos, se comparados a outros usos
do solo, como a agricultura. O objetivo da pesquisa é estimar o impacto econômico da visitação
no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), analisando‐se as variáveis mais
significativas dos gastos dos visitantes na região relacionadas ao valor de uso para a recreação, e
também da disposição a pagar pelo valor de uso e de não uso dos visitantes. As hipóteses
consideram renda e idade as variáveis preditoras dos gastos efetivos dos visitantes; e renda, nível
de escolaridade e preocupação ambiental da disposição a pagar. A área de estudo, reconhecida
como Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO, mantêm também o habitat de espécies
ameaçadas de extinção, endêmicas e outras ainda não conhecidas pela ciência, a qual no ano de
2015 recebeu mais de 56 mil visitantes. A coleta de dados ocorreu em 5 períodos distintos,
totalizando 19 dias, 593 entrevistados. A entrevista por formulário, aplicada aos visitantes na
saída da visita ao parque, incluiu questões sociodemográficas; gastos efetivos da viagem,
disposição a pagar para uma taxa de visitação, e para conservação dos atributos naturais do
PNCV, preocupação ambiental do visitante, necessidade de atividades/serviços diversificados na
região; sugestão para melhoria dos serviços do parque e motivo da visita ao parque. A análise
preliminar dos dados aponta os gastos médios por visitante em torno de R$270/por dia de
viagem e duração média de 5 dias. Do total de pesquisados, em torno de 91% está disposto a
pagar uma taxa de ingresso, e 42% um valor mensal para a biodiversidade do parque, podendo
gerar em torno de R$1 milhão/ano para ingresso e R$1,4 a 1,7 milhão/ano de contribuição para
conservação do parque. O índice de 4,75, numa escala de 0 a 5, demonstra alta preocupação
ambiental do visitante quanto às questões de conservação. Essa pesquisa busca demonstrar os
benefícios econômicos fornecidos pelos serviços ambientais e a contribuição do PNCV para a
economia local, e ainda fornecer subsídios ao poder público e propor formas de arrecadação para
as áreas protegidas, como por exemplo, a cobrança de taxa de visitação.
Palavras‐chave: turismo de natureza, áreas protegidas, visitação, valor de uso, valor de legado, valor de
existência.
Pato‐mergulhão Mergus octosetaceus no Parque Nacional da Chapada
dos Veadeiros e seu entorno.
Paulo de Tarso Zuquim Antas¹, Vivian Braz², Gislaine Disconzi³, Marcos Aires Pereira4 e Rafael Aires5.
¹Biólogo, Fundação Pró‐Natureza, Brasília. E‐mail e telefone: ptzantas@outlook.com, (61) 3274‐
5358. ²Bióloga, Funatura; 3Bióloga, Funatura; 4Geógrafo, Funatura; 5Biólogo, Funatura.
O pato‐mergulhão é uma das espécies mais ameaçadas das Américas, sendo o anatídeo
em maior risco de extinção do continente (Antas 1996). Em boa parte da metade inicial do século
XX foi dado como extinto e a partir da década de 1950 surgiram os primeiros trabalhos em campo
com a espécie na província de Misiones, Argentina (Partridge 1956), ao mesmo tempo que era
redescoberto no Brasil, a partir de uma pele salgada obtida de um morador de Cavalcante pelo
coletor do Museu Nacional que acompanhava a expedição Machris à Chapada dos Veadeiros.
Posteriormente à criação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, a espécie foi
detectada no curso médio do rio Preto (Yamashita e Valle 1990), bem como na área sugerida
para expansão do parque na bacia do rio das Pedras (Bianchi et al. 2005) e na RPPN Campo Alegre,
sendo nesse local encontrado o primeiro ninho da região da Chapada dos Veadeiros (Antas 2005).
Os trabalhos da Fundação Pró‐Natureza com a espécie na região abrangeram o Parque
Nacional da Chapada dos Veadeiros, as áreas sugeridas para expansão do mesmo, as RPPNs Serra
do Tombador, Campo Alegre e Capetinga, a área kalunga do rio das Almas, bem como o médio e
baixo curso do rio Tocantinzinho. Os principais objetivos foram mapear as áreas de ocorrência,
avaliar índices de abundância relativa e aprofundar os estudos de biologia e ecologia no rio dos
Couros e rio Preto, no interior do parque nacional.
Percorridos cerca de 350km de rios, com a detecção de cerca de 40 indivíduos.
Documentada concentração de um grupo de 8 no poço da Capivara no interior do parque
nacional. Maiores valores populacionais nos rios Preto (parque nacional), Tocantinzinho e das
Pedras (área de expansão). Dois novos ninhos encontrados no parque nacional e feita a
compatibilização entre visitação e proteção nas regiões dos cânions 1 e 2 após verificação de
impacto sobre a reprodução. Por força do abandono do primeiro ninho, dois ovos levados à
incubadora em Brasília, com sucesso na incubação dos mesmos e fracasso na eclosão, talvez por
transporte inadequado para Poços de Caldas nos últimos dias. Cinco indivíduos capturados, com
coleta de dados e sangue enviado para análises genéticas na UFMG. Todos com rádios
transmissores instalados e com funcionamento por até 60 dias.
Além do parque nacional, a espécie está presente nas RPPNs listadas, sendo a Campo
Alegre aquela com maior informação. Na área proposta para expansão do parque nacional a
ocorrência se deu desde as cabeceiras até a saída do cânion do rio das Pedras, próximo a
Aurominas. Nessa região também foram detectadas mais três espécies de aves muito
ameaçadas. A incorporação dessa porção da bacia do rio das Pedras nos limites do Parque
Nacional da Chapada dos Veadeiros auxilia de forma significativa a conservação do pato‐
mergulhão e demais espécies ameaçadas.
Esse trabalho foi financiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza,
agradecendo ainda ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, CEMAVE ‐ Centro Nacional de
Pesquisa para a Conservação das Aves Silvestres e Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade pelos diferentes apoios institucionais e de autorizações para sua realização.
ANTAS, P.T.Z. 1996. The Brazilian Merganser (Mergus octosetaceus), the most threatened duck in South America.
Gibier Faune Sauvage, Game Wildl, v. 13, Juin 1996, p. 799‐800.
ANTA, P.T.Z. 2005. Aves da RPPN Campo Alegre, Alto Paraíso de Goiás, GO. Relatório Fundação Pró‐Natureza.
ANTAS, P.T.Z.; BRAZ, V.S.; FRANÇA, F.G.R.; PEREIRA, M.A.; DISCONZI, G. 2009. Mergus octosetaceus na chapada dos
Veadeiros, GO. Dados biométricos e de ninhos, expansão de ocorrência local e radiotelemetria. Resumos XVII
Congresso Brasileiro de Ornitologia, Aracruz, ES: 25.
BIANCHI, C.A.; BRANT, S.; BRANDÃO, R.A.; BRITO, B.F. New records of Brazilian Merganser Mergus octosetaceus in
the rio das Pedras, Chapada dos Veadeiros, Brazil. Cotinga, v. 24, p. 72–74, 2005.
BRAZ, V.S.; ABREU, T.L.S.; LOPES, L.E.; LEITE, L.O.; FRANÇA, F.G.R.; VASCONCELLOS, M.M.; BALBINO, S.F. Brazilian
Merganser Mergus octosetaceus discovered in Jalapão State Park, Tocantins, Brazil. Cotinga, v. 20, p. 68‐71, 2003.
PARTRIDGE, W.H. Notes on the Brazilian Merganser in Argentina. Auk, v. 73, p. 473‐488, 1956.
YAMASHITA, C.; VALLE, M.C. Ocorrência de duas aves raras no Brasil Central: Mergus octosetaceus e Tigrisoma
fasciatum fasciatum. Ararajuba, v. 1, p. 107‐109, 1990.
¹Doutora em Ecologia, UnB, UnB Cerrado, GO. E‐mail e telefone: clarisse@unb.br, (61) 98114‐
9655; ²Doutor em ecologia. E‐mail: alexandre.xexa@gmail.com.br, (61) 98127‐8878.
A Reserva Natural da Serra do Tombador (RNST) é uma Reserva Particular do Patrimônio
Natural (RPPN), uma categoria de Unidade de Conservação, que está localizada em Cavalcante,
Goiás. Com área de 8.700 hectares, fica situada a 24 km em linha reta do Parque Nacional da
Chapada dos Veadeiros (PNCV) e compõe um conjunto de áreas protegidas do bioma Cerrado no
Planalto Central brasileiro. A RNST foi criada oficialmente em 2009, tendo como proprietária a
Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Devido à heterogeneidade espacial
encontrada na RNST e à relevância desta área recém protegida, com levantamentos da fauna
local oriundos apenas dos estudos de diagnóstico, foi criado o projeto intitulado “Preenchendo
lacunas: Anfíbios, Pequenos Mamíferos e Peixes da RPPN Reserva Natural Serra do Tombador,
Cavalcante, Goiás”, do qual o subprojeto de pequenos mamíferos não‐voadores faz parte. O
levantamento preliminar dos pequenos mamíferos não‐voadores foi realizado entre 17 e
26/11/2016. Trinta armadilhas do tipo Sherman e uma gaiola foram instaladas e permaneceram
em operação durante quatro noites, em quatro pontos de amostragem, simultaneamente,
totalizando 120 Shermans e quatro gaiolas. Após este período, foram transferidas para outros
quatro pontos, funcionando por mais quatro noites, perfazendo um total de 992
armadilhas.noite. Estas foram distribuídas de modo a abranger formações campestres (incluindo
veredas), savânicas e florestais. Foram utilizadas armadilhas live‐traps do tipo Sherman, iscadas
e revisadas diariamente. Como metodologia complementar foram utilizadas armadilhas
fotográficas e armadilhas de queda. Durante o levantamento de dados primários foram
registradas três espécies de roedores: Oecomys cf. bicolor, Nectomys cf. rattus e Thrichomys
apereoides e uma de marsupial: Didelphis albiventris. Estes números são relativamente baixos
quando comparados à outros estudos realizados com esse grupo no Cerrado. Entretanto, além
do curto período de amostragem e baixo esforço amostral, os picos de abundância dos pequenos
mamíferos ocorrem no período seco. Por estes motivos recomendamos a realização de, no
mínimo, uma nova campanha para coleta de dados deste grupo durante o período seco.
Preencher estas lacunas de conhecimento é de extrema importância para a preservação e
conservação da fauna regional. Agradecimentos: Prof. Reuber Brandão, coordenador do projeto
e à Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Palavras‐chave: inventário, roedores, marsupiais, Cerrado, RPPN.
IV Encontro de Pesquisadores da Chapada dos Veadeiros
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