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módulo 1

OS PRIMEIROSPASSOS DO HORSEMANSHIP
Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

No Módulo 1, você aprenderá o que é, o que envolve e as variações do Horsemanship!

Para isso, não poderíamos deixar de fora um breve histórico dessa interação, não é mesmo?

Você conhecerá, ainda, um pouquinho mais sobre como vivem os cavalos, a sua natureza e os
seus principais comportamentos! 

E então, vamos lá?

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Aula 1 – Afinal, o que é
Horsemanship?
À primeira vista, essa palavra parece extremamente sofisticada e complicada, não é mesmo?
Mas não se assuste, pois as aparências enganam! 

Horsemanship é a junção de três termos oriundos da língua inglesa:


• Horse – cavalo

• Man – homem

• Ship (abreviação de relationship) – relacionamento 

Agora ficou fácil compreender que estamos falando, em linhas gerais, do relacionamento entre
homem e cavalo.

É preciso ficar muito claro que o horsemanship


não é um método de treinamento específico,
mas, sim, qualquer relação que possa
existir entre um cavalo e um ser humano. 

Você lida com cavalos? Então, mesmo que você não saiba, você pratica horsemanship! E, como
qualquer relação que exista entre os seres humanos, sua relação com os cavalos pode ser
boa ou ruim, adequada ou não. E agora, sabendo que você já pratica o horsemanship sempre
que lida com os cavalos, o certo a fazer é entender de que forma você poderá conduzir esse
relacionamento com assertividade. Você está pronto(a)?

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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

Relacionamento humano x cavalo


O relacionamento entre os seres humanos e os equídeos existe desde tempos muito remotos. 

GLOSSÁRIO
Equídeos: Quando dizemos “equídeos”, englobamos nesse grupo tanto os equinos
- que são os cavalos e as éguas - como os muares (burros e mulas) e os asininos
( jumentos e jumentas). 

Desde os tempos pré-históricos, os animais


domésticos já acompanhavam o homem em sua
vida e no estabelecimento das civilizações. Nos
primórdios, o homem apenas caçava o cavalo com
intuito de consumir sua carne. Porém, após sua
domesticação, há aproximadamente 6.000 anos,
até a chegada do motor de explosão, no início do
século XX, os cavalos substituíram os veículos e
foram ferramentas indispensáveis para todos os
países para transporte, condução de lavouras e
mobilidade dos exércitos. 

Nossa, muita história, não é mesmo? Mas ela é necessária para que você entenda a
importância dos cavalos nas vidas dos seres humanos e no desenvolvimento das sociedades
desde tempos muito antigos. 

Então, a partir do momento em que os seres humanos estabeleceram vínculo com os equídeos,
esses animais foram – e são – utilizados das mais diversas formas. 

Confira!

Os cavalos desempenharam importante papel em


diversos conflitos históricos. Em muitas guerras,
antes do desenvolvimento de tanques, eram eles
que carregavam as tropas para as batalhas.

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Por ser mais rápido e mais disposto do que o boi, o


cavalo o substituiu na função de arar a terra. Assim,
um de seus usos foi – e ainda é – no plantio.

O cavalo também é utilizado em famosas


modalidades esportivas, como o hipismo, o polo, o
volteio e, até mesmo, as famosas corridas.

No turismo rural, se tem algo que agrada, é um


bom passeio a cavalo, não é mesmo? Esses animais
são muito utilizados para o lazer.

No auxílio a pessoas com deficiência, com


a equinoterapia, que pode ser utilizada em
tratamentos físicos, cognitivos, psicomotores e
socioafetivos.

Além de todas essas funções, os cavalos também


desempenham importante papel nas polícias de
diversos países, inclusive no Brasil. Você já se
deparou com a cavalaria da Polícia Militar? São
belos animais!

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Bem, agora que você já sabe quando e


por que se iniciou o vínculo do homem
com os cavalos, você precisa entender
como esse relacionamento funciona.

Para aprender mais sobre como funciona o relacionamento entre


os humanos e os cavalos, veja o conteúdo a seguir ou, então,
acesse o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e ouça em
formato de podcast! Acesse e desfrute desse material de um jeito
mais dinâmico e interessante.

Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a


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O relacionamento entre humanos e cavalos funciona como qualquer outro!


Isso mesmo! Assim como nas relações humanas, no horsemanship o
segredo do sucesso é a comunicação. Ou seja, entender o animal e se fazer
entender por ele.
Certamente, você deve estar se questionando sobre como tornar isso
possível, já que estamos falando de duas espécies completamente
diferentes, certo?
E só há uma maneira: nós, humanos, somos a parte racional desse
relacionamento e, portanto, cabe a nós compreendermos e desvendarmos
a linguagem dos nossos amigos equinos para, então, estabelecermos a
comunicação. 
Falando, assim, parece algo extremamente difícil, complicado, não é mesmo?
Mas é muito mais fácil do que parece: basta observar e entender os sinais
naturais do cavalo e, com o tempo e a prática, aprender a identificá-los e
replicá-los.
Viu? É simples! Mas ainda há um longo caminho a percorrer até nos
tornarmos plenamente capazes de praticar um horsemanship de qualidade!
Enquanto isso, pratique a observação e fique atento ao comportamento dos
animais e seus sinais! Bons estudos e até a próxima!

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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

Agora que você já sabe o que é horsemanship, e se você já lidou com um cavalo, já sabe
também que o praticou ou pratica, é importante que você entenda que, quando falamos em
relacionamento humano x cavalo, não estamos falando apenas dos momentos da montaria, do
treinamento ou da doma do animal. 

Já que o horsemanship é TODO o relacionamento existente entre o humano e o cavalo com que
está lidando, será necessário que você entenda as particularidades sobre esse animal: como ele
se comporta, quais os motivos que o levam a agir como ele age e como é sua vida natural, ou
seja, como seria sua vida em seu habitat natural, se ele ainda vivesse em estado selvagem.

Comportamento Gera Comportamento


Só depois de conhecer de forma profunda a vida e os hábitos
dos cavalos, você saberá o que terá que fazer para manter sua
qualidade de vida, o que você deve fazer como “dono” - ou tutor,
como são chamados os donos de pets -, e o que não poderá fazer.

É muito importante lembrar que você sempre deverá pensar no bem-estar do cavalo e no que é
melhor para ele, e não em suas próprias vontades ou necessidades.

Como o horsemanship diz respeito a todo o


relacionamento de um humano com um cavalo,
ele inclui, também, compreender as necessidades
mais básicas do animal, saber reconhecer quando
ele não está em um bom dia, se está tenso ou com
medo, se está feliz, seguro, saudável ou doente,
bem alimentado ou não. 

E como os cavalos não falam, irão demonstrar em seu comportamento se o relacionamento, o


cuidado, está adequado ou não. Se surgir uma enfermidade, por exemplo, eles demonstrarão
ao seu “dono”, por meio do seu comportamento, pela manifestação de sintomas ou por sua
aparência física. 

Dessa forma, saber o que está


acontecendo com seu cavalo, seja física
ou psicologicamente, sempre se trata de
relacionamento, sempre é “horsemanship”.
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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

Quem pode praticar o Horsemanship?


Agora que você já sabe que o horsemanship nada mais é do que relacionamento entre humano
e cavalo, já está apto(a) a responder a essa pergunta. E a resposta é básica: qualquer pessoa
que queira e que esteja disposta a se relacionar com os cavalos. 

Seja uma criança ou um idoso, homens e mulheres,


o horsemanship só tem uma regra: que o praticante
esteja disposto a compreender o cavalo!

E por que é necessário que nós, humanos, compreendamos os cavalos, e não o contrário? Ora,
nós somos a parte pensante, racional da relação, e somos nós que temos a capacidade de
conhecer a linguagem deles – linguagem corporal – e a possibilidade de praticá-la!  

E para compreender e praticar essa linguagem, precisamos entender um pouco mais sobre a
etologia, sobre o comportamento dos cavalos. Vamos lá?

GLOSSÁRIO
Etologia: A etologia pode ser definida como a forma pela qual um animal se adéqua
ao meio em que vive, como manifesta suas reações. São seus comportamentos diante
de situações diversas, gerando reações imediatas. 

Como os animais utilizam uma linguagem diferente dos seres humanos, seu pensamento
também é processado de forma diferenciada. Eles possuem pensamento “associativo”, ou
seja, em vez de pensarem por meio de palavras, como os humanos, eles pensam por meio de
imagens. Sendo assim, cada imagem do ambiente em que vivem irá influenciar, de alguma
maneira, seu comportamento. 

E nós precisamos estar cientes de todas as diferenças em relação ao comportamento,


ao pensamento e à aprendizagem para que a comunicação seja efetiva. Mas pode ficar
tranquilo(a)! Ainda vamos falar muito sobre esse assunto.

Bem, agora que você estudou um pouco sobre a etologia, precisa conhecer outro termo: a
senciência. Os cavalos, assim como várias outras espécies animais, são seres “sencientes”. 

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A senciência é a capacidade que um indivíduo


tem de sentir conscientemente algo, ou seja,
de estar consciente do que acontece ao seu
redor (MOLENTO, 2006 apud LEME et al., 2017). 

Então, sendo animais sencientes, os cavalos têm a capacidade de experimentar sentimentos


bons e ruins. Portanto, nós, seres humanos, que nos dispomos a trabalhar com cavalos,
carregamos uma “obrigação moral” de cuidar bem desses animais, evitando seu sofrimento e
garantindo seu bem-estar. 

Certo, mas você sabe de que forma você poderá garantir o bem-estar dos cavalos? Você
saberá avaliar quando esses animais estarão livres de sofrimento? Se você ainda não sabe,
acompanhe!

Veja essa dica!


No estudo do bem-estar animal, no geral, existe um termo
denominado “Cinco Liberdades”, que funcionam como
fundamentos para a criação de diversos animais.

Acompanhe, na tabela a seguir, quais são as 5 liberdades. 

Liberdade de fome e sede Bem alimentado.

Liberdade de medo e
Não ser tratado por meio de força e violência.
ansiedade

Liberdade de desconforto Não ser submetido à dor.

Liberdade de ferimentos,
Deve estar saudável.
dor e doenças

Liberdade para expressar


o seu comportamento Deve ter espaço para se comportar como um cavalo.
natural

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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

Além do que se viu


Esses são direcionamentos gerais sobre o bem-estar animal,
e as orientações específicas sobre o bem-estar dos cavalos (e
equídeos, em geral) você encontrará no material complementar
disponível para download no seu Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA).

Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a


página do Portal EaD do Senar Goiás, clique aqui!

Qualquer pessoa que queira poderá realizar horsemanship, mas será necessário que o
praticante de horsemanship tenha um conhecimento mínimo sobre comunicação e bem-
estar animal para que possa manter ou melhorar a qualidade de vida de seus cavalos e,
consequentemente, a relação entre humanos e cavalos. 

Muita coisa até aqui, não é mesmo? Mas não se preocupe, pois iremos reforçar e especificar
cada ponto no decorrer do curso. 

Veja essa dica!


O que deve ficar gravado para você, que deseja praticar o
horsemanship, é: esteja disposto(a) a aprender e a compreender
os cavalos! 

Além do que se viu


Caso você deseje aprender mais sobre o bem-estar e as cinco
liberdades, pode consultar o Manual de boas práticas de manejo
em equideocultura, disponível para download no seu Ambiente
Virtual de Aprendizagem (AVA).

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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

Tipos de Horsemanship
Como já dissemos que horsemanship é um relacionamento, ele pode ser bom ou ruim, simples
ou complicado. A forma como o relacionamento irá se desenvolver dependerá da maneira
como o humano conduzirá a relação e de sua habilidade em se comunicar com os cavalos.

O termo horsemanship é relativamente novo, e


as pessoas que têm utilizado essa prática estão
buscando uma linha de horsemanship natural, ou
seja, têm procurado compreender a linguagem
natural dos cavalos, sua forma de vida em
estado selvagem, e, a partir daí, estabelecer a
comunicação. 

No entanto, nem sempre foi assim. Por muito tempo, o objetivo foi apenas “domar” os cavalos,
independentemente do método utilizado. 

GLOSSÁRIO
Domar: A palavra “doma” significa domesticar, subjugar, reprimir, dominar, tornar
manso e racional.

Para aprender mais sobre o assunto, veja o conteúdo a seguir ou,


então, acesse o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
assista em formato de vídeo! Acesse e desfrute desse material de
um jeito mais dinâmico e interessante.

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Vamos falar um pouco mais sobre os tipos de horsemanship?


Como você já sabe, esse termo diz respeito à relação entre nós, os humanos,
e os cavalos. E, quando falamos em relação, estamos nos referindo a todas
elas: sejam boas ou ruins!

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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

O termo vem ganhando espaço no dia a dia de quem lida com esses
animais, principalmente em razão da sua linha natural: a doma racional.
Isso porque o manejo tradicional, ou a “doma tradicional”, tem como
características o emprego de dor para obter respostas do cavalo; permite
que o cavalo imponha sua vontade sobre o treinador; pretende modificar
o comportamento pela intimidação e cansaço; e emprega procedimentos
mecânicos de aprendizagem, baseados em repetições intermináveis e
sem reflexão.
A doma racional, por outro lado, é um conjunto de técnicas utilizadas
para amansar equinos e muares, com o objetivo de que os animais sejam
condicionados a obedecer, para que aprendam e compreendam que é
benéfico para eles obedecerem aos comandos dados pelo domador, sem
violência, sem dor e sem brutalidade.
Esse processo torna os animais mais dispostos ao aprendizado e ao
treinamento e, consequentemente, mais confiáveis, com rendimento
superior aos animais treinados de maneira tradicional.
Agora, você pode estar se perguntando: por que, mesmo existindo um
método como a “doma racional”, algumas pessoas ainda utilizam métodos
considerados ultrapassados e prejudiciais para o bem-estar dos cavalos?
E a resposta é muito simples: porque, bem ou mal, esses métodos
“convencionais” funcionam. No final das contas, o cavalo domado,
“quebrado”, irá se tornar um animal “manso” e quase sempre irá
desempenhar o trabalho que o domador pretende que ele desempenhe.
A grande diferença é que o cavalo que aprende por meio do manejo
racional terá prazer em realizar o que foi proposto e terá um desempenho
infinitamente superior ao animal que foi subjugado. Isso sem falar em nossa
“obrigação moral” de manter o bem-estar e a qualidade de vida dos animais
com quem lidamos! Não é mesmo?
Inclusive, com a evolução do treinamento de cavalos, a palavra “doma”,
justamente devido ao seu significado, vem sendo cada vez menos usada,
dando lugar ao termo horsemanship ou horsemanship natural.
Então, se você é daqueles que busca compreender o comportamento natural
dos cavalos e replicá-lo no momento de doma – que, a partir de agora,
chamaremos de iniciação - e no momento de treinamento, você segue a
linha do horsemanship natural!
E essa prática é uma forma de comunicação e entendimento que pode
ser utilizada em qualquer momento, em qualquer animal, atividade e
circunstância!
Bacana, não?

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Aula 2 - Como vivem os cavalos
Agora que você já está familiarizado com as particularidades do horsemanship, creio que ficou
convencido(a) de que será melhor praticar a linha natural. Correto? 

Então, vamos explicar um pouco mais sobre a vida natural dos cavalos, ou seja, como vivem em
seu estado selvagem, seu comportamento em habitat natural, com seu grupo (manada) e os
comportamentos de fuga e luta. 

Vamos lá!

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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

A natureza do cavalo
Os equídeos são animais herbívoros, que se alimentam somente de plantas, sendo assim, por
natureza, “presas”. Ou seja, naturalmente, na cadeia alimentar, existem animais predadores,
que caçam e se alimentam de outros indivíduos, que são suas presas. Dessa forma, os cavalos
têm vários comportamentos naturais que visam garantir sua sobrevivência.

Os cavalos nem sempre tiveram a aparência que conhecemos hoje. Eles passaram por um
grande processo de evolução no decorrer de milhões de anos para que pudessem sobreviver. O
primeiro ancestral do cavalo surgiu no continente americano, há aproximadamente 60 milhões
de anos, e era conhecido como “Eohippus”. Esse animal tinha um porte muito menor do que o
cavalo moderno, com aproximadamente 35 centímetros de altura e dorso arqueado. Mas não
pense que o Eohippus logo se transformou no cavalo que conhecemos... A espécie passou por
diversas fases de evolução até se transformar na que conhecemos hoje, denominada como
Equus caballus. 

Acompanhe, no infográfico a seguir, a linha do tempo de evolução do cavalo.

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Tempo - Milhões de anos atrás
Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

*** Quando clina na espécie aparece o círculo com a imagem do osso.

Hyracotherium Merychippus Equus

Mesohippus Pliohippus

55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5

Tempo - Milhões de anos atrás

Essas várias alterações adaptativas dos ancestrais aconteceram para que a espécie pudesse
sobreviver. Ocorreu um aumento gradativo no tamanho corporal e a redução do número de
dedos (o casco que conhecemos hoje é um único dedo que sobrou dos quatro, depois do
processo evolutivo), além de modificações nos dentes, que facilitaram o consumo de forragens
(LEME, 2017).  

Além do que se viu


Se você ficou curioso(a) sobre como os cavalos “perderam os
dedos”, leia este texto, que lhe auxiliará a compreender: https://
cavalus.com.br/geral/como-os-cavalos-perderam-os-dedos/.

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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

Grandes alterações foram observadas nos sistemas musculoesquelético (esqueleto e


músculos) e digestório (estômago e intestinos), o que resultou, em seus descendentes, em
maior capacidade de fuga de animais predadores. Acompanhe quais foram essas modificações
na tabela abaixo!

Sistema O sistema musculoesquelético tornou-se mais eficiente para


musculoesquelético possibilitar a fuga de predadores, em alta velocidade.

E essa capacidade de fuga, foi complementada pelas


alterações do sistema digestório, constituído por um estômago
Sistema digestório muito pequeno, proporcionalmente ao tamanho do cavalo, que
comporta pouca quantidade de alimento, o que dá capacidade
aos equídeos de realizarem fugas imediatas.

Os cavalos podem pastejar até 18 horas por dia, já


que o tamanho pequeno do estômago os obriga a
ingerir pouca quantidade de alimento por vez.

Devido a esse fato, os cavalos necessitam


preservar toda energia que for possível, quando
em estado natural.

Para saber por que os cavalos são considerados animais


“preservadores de energia”, veja o conteúdo a seguir ou, então,
acesse o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e ouça em
formato de podcast! Acesse e desfrute desse material de um jeito
mais dinâmico e interessante.

Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a


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Antes de sanar a sua curiosidade sobre o porquê de os cavalos serem


considerados animais preservadores de energia, é preciso fazer algumas
considerações: como você já aprendeu, os cavalos, em seu habitat natural,
alimentam-se, exclusivamente, de vegetais, como forragens e capins. Assim,
seu alimento natural possui baixos teores de energia.

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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

Mas fique atento(a)! Essa realidade é diferente da dos cavalos criados por
humanos, que se alimentam de rações comerciais balanceadas!
Considerações feitas, voltemos ao raciocínio...
Em razão desse baixo teor, os cavalos precisam preservar toda a energia que
for possível. Por isso, são considerados “animais preservadores de energia”!
Mas isso ainda não explica o motivo, não é mesmo? Então, vamos entender
melhor.
É o seguinte: se um cavalo, em seu estado selvagem, desperdiçar energia e
tempo em excesso, pode ser que ele logo morra, já que a reposição dessa
energia perdida levará mais tempo do que o disponível. Ou seja, antes que
esse cavalo e seu grupo precisem se deslocar, ou antes que algum predador
se aproxime de sua manada.
Por esse motivo, ele sempre tentará realizar o mínimo de esforço em seu
cotidiano, já que precisa preservar sua energia para sobreviver.
Conseguiu entender? Fácil, né?

É como se os cavalos “guardassem” toda a


energia que possuem em seu organismo, recebida
pelos alimentos (pastagens), para momentos
em que precisará fugir de algum predador
ou se deslocar para pastagens novas. 

Dessa forma, contextualizando com o


horsemanship, é de responsabilidade de cada um
que está lidando com um cavalo fazer com que
o treinamento seja o menos “penoso” possível,
e facilitar para que o cavalo queira realizar cada
exercício proposto, para que haja menos resistência
por parte deles! 

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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

E sendo animais “preservadores de energia”, de que forma você acha que eles vêm os
momentos de trabalho? 

Veja essa dica!


Seguindo o raciocínio, a resposta ficou fácil, não? O fato de
os cavalos serem preservadores de energia significa que eles
encaram os momentos de descanso como uma recompensa,
como algo positivo, e o trabalho pode ser entendido como uma
consequência negativa, caso o animal tenha que fazer um esforço
muito grande e não queira realizar o trabalho proposto.

Ufa! Quanta informação! Agora, veremos como eles vivem e se relacionam com seu grupo,
a manada.

A manada
Como você já aprendeu, os cavalos não são animais predadores, eles não atacam, não matam
para se alimentar e dependem de sua velocidade para fugir e sobreviver. 

Podemos notar que, mesmo depois de muito tempo de domesticação, os cavalos conservam
a essência dos comportamentos de seus ancestrais. E uma particularidade da espécie, que
influencia bastante nos tipos de comportamentos dos cavalos, é o fato de viverem em grupos,
de serem animais “gregários”, ou seja, sociais, formadores de manada.

E você consegue imaginar o motivo que leva os cavalos a precisarem da manada para viver? A
resposta está no início deste tópico! 

É justamente o fato de serem animais predados.


Em estado selvagem, se aparecer um predador
para atacar, estando em grupo, podem fugir
rapidamente, dificultando a escolha do predador. 

Porém, sozinhos, estarão sem essa proteção, essa vantagem, sendo presas fáceis. Esse fato é
um forte motivo para que estar sozinho seja algo indesejado, uma punição.

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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

Veja esta dica


O autor e treinador de cavalos, mundialmente conhecido, Monty
Roberts, conta, em seu livro “O Homem que ouve cavalos”, muito
sobre a organização dos animais em seu grupo social. 

Em 1948, com 13 anos, Monty teve a oportunidade


de observar uma manada de cavalos selvagens
Mustangues, no deserto de Nevada, nos
Estados Unidos. Com essas observações, Monty
compreendeu o papel de cada membro do grupo e
as relações de liderança existentes. 

Essas observações possibilitaram a criação de seu método de doma racional ou “iniciação”,


como prefere o autor. Falaremos mais sobre o método de Monty e outros métodos no
decorrer do curso.

Como foi observado por Monty, e com certeza por vários outros estudiosos dos cavalos, na
manada existem regras determinadas que precisam ser seguidas por todos os componentes,
do potrinho ao garanhão, para que o grupo conviva tranquilamente e se proteja dos ataques
de predadores.

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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

Existe na manada uma hierarquia entre os membros, que serve para preservar a vida e a
segurança do grupo. Estar nela garante que cada animal se sinta mais seguro e que seja
possível haver maior e melhor possibilidade de sobrevivência. 

Devido a isso, os cavalos apresentam uma disposição natural para respeitar um líder, o que faz
com que seja possível educá-los e treiná-los quando escolhem um ser humano para cumprir
esse papel. 

Que tal conhecer os líderes da manada? Confira o papel de cada um na tabela abaixo.

Na manada, existe um líder macho, o garanhão. Sua presença


junto às fêmeas durante os períodos de deslocamento,
em busca de água e pastagens, garante que acontecerá
Líder
acasalamento quando as éguas estiverem no período fértil.
Portanto, o garanhão tem a função de servir às fêmeas e
proteger o grupo.

Há também uma líder fêmea, que, normalmente, é a égua


mais velha do grupo, também chamada égua matriarca. É ela
Líder fêmea a responsável por liderar o caminho que o grupo irá seguir,
onde irão se alimentar e tomar água, além de garantir que as
regras de convivência sejam seguidas por todos os membros. 

Tanto um garanhão quanto uma égua


matriarca estão suscetíveis a perderem
seus postos de liderança e subirem ou
descerem na escala hierárquica da manada
por várias vezes ao longo da vida.

Comportamento de fuga e luta


Vamos compreender um pouco mais sobre os dois comportamentos que os cavalos podem ter
diante das situações de fuga e luta.

Lembrando que os equídeos não atacam, vou contar a você uma coisa: a reação dos cavalos
sempre será fugir quando estiverem assustados. 

Curso Horsemanship 27
Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

Veja essa dica


Monty Roberts chama os cavalos de “animais voadores”, que
sempre irão “voar” em fuga, o mais rápido que puderem, para
uma distância segura de onde está o perigo. 

Depois de fugirem, os cavalos olharão novamente para a situação ameaçadora e irão reconsiderar
a situação, ou seja, avaliar se precisarão fugir um pouco mais ou se já estão em segurança. Esse
fenômeno, de maneira instintiva, possibilita ao cavalo um modo de fuga reflexo. 

E por que o animal para e reconsidera a situação? Eles param e reavaliam a possibilidade de
perigo, depois de fugirem por um tempo, porque eles não podem gastar energia excessiva
fugindo de alguma coisa de maneira desnecessária. 

comportamento gera comportamento


Os cavalos são animais reativos, ou seja, eles irão reagir
às situações em que se encontram. E quando se sentirem
ameaçados, tentarão se livrar das ameaças em potencial. 

De acordo com Monty Roberts: “Cavalos não tramam, planejam ou enganam”. Essas, são
características humanas e não devem ser atribuídas aos cavalos. 

Esses animais irão sempre reagir às situações em que se encontram, da maneira que for
possível. E a primeira opção sempre será fugir. Todavia, em situações em que a fuga não for
possível, e ele se sentir ameaçado, então ele poderá “lutar” para se defender.

E isso explica grande parte dos casos de


cavalos, criados por seres humanos, que
têm comportamentos agressivos quando
estão presos em suas baias ou em locais
reduzidos, podendo morder, dar coices ou
serem agressivos de outras maneiras.

É como se o cavalo dissesse: “Eu preferiria não estar aqui, eu preferia fugir, mas, como não me
resta opção, terei que me defender”.

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Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

Conclusão do módulo
Muito bem! Você chegou ao final do primeiro módulo! Isso significa que você já está um pouco
mais inteirado(a) sobre o que é o horsemanship e sobre como vivem esses lindos animais!

Não esqueça! Você precisa responder as atividades de


aprendizagem diretamente no seu Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA). Lá, além de feedbacks orientativos, o seu
progresso ficará salvo, permitindo que você avance e navegue
entre os módulos que já completou!

Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a


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Mas se quiser se aquecer para esse momento, que tal dar uma espiadinha nas questões?

Curso Horsemanship 29
Módulo 1 | Os primeiros passos do Horsemanship

Atividades de aprendizagem
Leia os enunciados com muita calma e atenção. Se achar necessário, leia mais de uma vez!
Então, analise a informação trazida em cada alternativa. 

Boa sorte! 

Questões

1. Paulo, proprietário e gestor do sítio Boa Esperança, conversava com Júlia, fisioterapeuta
que trabalha com equoterapia. Durante esse bate-papo, Paulo afirmou para Júlia que
horsemanship se trata do relacionamento entre homens e cavalos e ainda lhe deu mais
alguns detalhes sobre essa técnica. 
Analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa que apresenta corretamente as
informações ditas por Paulo.

a. O horsemanship é exclusivo para momentos da montaria, treinamento e doma


do animal. 

b. Você saberá que um cavalo estará bem cuidado, e dentro dos padrões de bem-estar, se
ele apresentar as quatro liberdades e estiver livre de: fome e sede; medo e ansiedade;
desconforto; ferimentos e doenças.

c. Todos os tipos de horsemanship serão bons e efetivos para a comunicação com


o cavalo. 

d. As linhas de horsemanship “natural”, nos últimos tempos, têm sido mais efetivas na
comunicação com os cavalos.

2. Durante o estudo do conteúdo, você pôde aprender sobre a evolução dos cavalos e
seu comportamento natural. Diante do que aprendeu, analise as opções e marque a
alternativa que julgar correta:

a. Desde que existem, os cavalos têm a aparência que conhecemos hoje, mesmo que
tenham passado por um grande processo de evolução. 

b. Os cavalos são considerados animais “preservadores de energia”, pois poupam energia


para realizar a caça. 

c. Os cavalos são animais reativos e, sempre que encontrarem uma ameaça, irão preferir
fugir a lutar. 

d. Quem lidera a manada é o garanhão, com o auxílio da égua alfa ou matriarca. 

Curso Horsemanship 30

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