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BOBINAS
E INDUTÂNCIA
Eletrotecnia
Conceitos fundamentais 2

O que é uma bobina


▪ um condutor percorrido por uma corrente elétrica produz um campo
(eletro)magnético; se este for dobrado como uma espira são criados
pólos magnéticos (N e S).
Análise de Circuitos

N espiras

▪ Uma bobina é um fio condutor enrolado de forma a constituir um


conjunto de N espiras circulares, todas do mesmo raio, centradas sobre
o mesmo eixo e situadas em planos paralelos.
▪ Ao ser atravessada por uma corrente elétrica uma bobina cria um
campo magnético uniforme e intenso no seu interior.
▪ A bobina armazena energia sob a forma de um campo magnético, de
forma análoga a um condensador que armazena energia sob a forma
de um campo elétrico.
Conceitos fundamentais 3

▪ Para que servem as bobinas?


▪ filtrar determinadas bandas de frequência;
▪ instrumentos indicadores (ponteiros);
Análise de Circuitos

▪ sensores (posição, deslocamento, rpm);


▪ altifalantes, campainhas;
▪ relés de comando e de proteção, interruptores diferenciais;
▪ eletroímanes, electroválvulas e eletroinjetores;
▪ motores (CC, CA, passo-a-passo);
▪ geradores (CC, CA);
▪ transformadores;
▪ fontes de alimentação;
▪ ...
Conceitos fundamentais 4

Coeficiente de auto-indução ou indutância, L


▪ O coeficiente de auto-indução é o parâmetro que carateriza a bobina e
o seu valor depende da geometria da bobina (comprimento da bobina,
diâmetro das espiras, número de espiras, ...) e das propriedades
Análise de Circuitos

magnéticas do material que se encontra no seu interior.

▪ A indutância L:
▪ é proporcional ao número de espiras, N
menor indutância maior indutância

▪ é proporcional à área das espiras, A


menor indutância maior indutância
Conceitos fundamentais 5

▪ A indutância L:
▪ é inversamente proporcional ao comprimento da bobina, l
menor indutância maior indutância
Análise de Circuitos

▪ é proporcional à permeabilidade do núcleo, m


menor indutância maior indutância

núcleo de ar m = 1 núcleo de ferro macio m = 600

▪ e dada por (bobina ideal)

N2 m0 – Permeabilidade do vácuo
L = mA e m = m0 mr mr – Permeabilidade relativa
l

▪ e é medida em Henry, representada pelo símbolo H.


Conceitos fundamentais 6

▪ Relação entre L, I e U
▪ Quando a corrente que percorre a bobina varia é induzida uma
força eletromotriz na bobina, e. Esta força eletromotriz é designada
Análise de Circuitos

de força eletromotriz de auto-indução e é dada por

f (t ) Li (t ) i (t )
e=− =− = −L
t t t
em que f representa o fluxo na bobina devido ao campo magnético
criado pela corrente que percorre a bobina.

▪ Como a tensão é o simétrico da força eletromotriz obtemos

i (t )
u (t ) = −e = L
t
Conceitos fundamentais 7

▪ No mundo real
▪ As bobinas têm sempre uma certa resistência (condutor) e
aparecem capacidades entre espiras adjacentes. Na maioria das
aplicações essas capacidades são desprezáveis contudo, podem
Análise de Circuitos

tornar-se importantes a frequências elevadas.


▪ circuito equivalente:

Rperda

Cenrolamento
Lideal

▪ Interferências:
▪ campo eletromagnético gerado por uma bobina pode gerar
interferências nos circuitos;
▪ ruído eletromagnético que afeta uma bobina provoca ruído elétrico
(f.e.m induzida).
Tipos de bobinas 8

▪ Características importantes
▪ Indutância nominal
▪ e respetiva tolerância
Análise de Circuitos

▪ Tolerância da indutância nominal


▪ margem admissível de erro (em %)
▪ Fator de qualidade (Q)
L
▪ idealmente = 100% Q=
R
▪ Tipo de núcleo
▪ núcleos de ar, ferro, pó de metal, ferrite, ...
▪ Grau de integração
▪ discretas, híbridas, integradas (IC)
▪ Corrente máxima admissível
Tipos de bobinas 9

▪ Simbologia utilizada
▪ núcleo ar ou material ferromagnético;
▪ indutância fixa ou variável.
Análise de Circuitos

L fixa L fixa
(núcleo de ar) (núcleo de ferro)

L variável L variável
(núcleo de ar) (núcleo de ferro)
Análise de Circuitos Tipos de bobinas
10
Tipos de bobinas 11

▪ Exemplos – bobinas (Lx) em circuitos impressos:


Análise de Circuitos
Associação de bobinas 12

▪ Associação em série
L1 L2 LN
▪ As tensões adicionam-se

u (t ) = u1 (t ) + u 2 (t ) +  + u N (t ) 
Análise de Circuitos

i (t ) i (t ) i (t )
 u (t ) = L1 + L2 +  + LN 
t t t
N
u (t )
 = Leq = L1 + L2 +  + LN =  Ln
i (t )/t n =1

▪ isto é,
▪ a indutância equivalente de um conjunto de bobinas ligadas em série é
igual à soma das indutâncias individuais.
Associação de bobinas 13

▪ Associação em paralelo
▪ As correntes adicionam-se
L1 L2 LN
i (t ) = i1 (t ) + i2 (t ) +  + i N (t ) 
Análise de Circuitos

i (t ) i1 (t ) i2 (t ) i (t )
 = + ++ N 
t t t t
i (t ) u (t ) u (t ) u (t )
 = + ++ 
t L1 L2 LN

i (t )/t 1 1 1 1 N
1
 = = + ++ =
u (t ) Leq L1 L2 LN n =1 Ln

▪ isto é,
▪ o inverso da indutância equivalente de um conjunto de bobinas ligadas
em paralelo é igual à soma dos inversos das indutâncias individuais.
Característica tensão-corrente 14

▪ Relação entre u(t) e i(t)


▪ Como vimos no diapositivo 7, numa bobina ideal (i.e. R = 0) a
relação entre u(t) e i(t) é dada por:
Análise de Circuitos

i (t )
u (t ) = L
t
▪ Ilações
▪ as correntes constantes no tempo não induzem qualquer tensão
(f.e.m.) aos terminais da bobina;
▪ as correntes variáveis no tempo, mas com derivada finita, induzem
tensões finitas;
▪ as correntes sinusoidais induzem tensões também sinusoidais;
▪ as variações infinitamente rápidas da corrente induzem picos de
tensão com amplitude infinita.
Característica tensão-corrente 15

▪ Relação entre u(t) e i(t)


▪ Ilações (consequências práticas do último ponto)
pico de tensão
▪ quando se desliga um circuito indutivo, e.g.
▪ electroválvula, eletroinjector
Análise de Circuitos

Exemplo: tensão aos terminais de um injector


▪ motor, lâmpada fluorescente
▪ vai aparecer um pico de tensão (f.e.m.)
aos terminais do componente que corta,
e.g.
▪ interruptor/disjuntor
▪ relé de comando
▪ transístor
▪ que pode provocar
▪ arcos elétricos
▪ danificação do componente que corta injector liga injector desliga
▪ é preciso portanto prevenir, e.g.
▪ escolha/dimensionamento correto dos componentes
▪ condensadores em paralelo (filtra picos)
▪ díodos de free wheeling (bypass aos picos)
Comportamento em CC 16

▪ Análise da magnetização e desmagnetização de uma bobina


▪ Circuito RL série
uR(t)
i(t)
Análise de Circuitos

b R
a L uL(t)
E

▪ A magnetização de uma bobina consiste em fazer com que a bobina


armazene energia através da criação de um campo magnético no seu
interior. Depois de se atingir o regime estacionário, a corrente do circuito
terá o seu valor máximo e a tensão aos terminais da bobina será igual a
zero. Para magnetizar uma bobina podemos utilizar, por exemplo, o circuito
da figura com o interruptor na posição a.
▪ Para fazer a desmagnetização da bobina será necessário, por exemplo,
utilizar o circuito da figura com o interruptor na posição b.
Comportamento em CC 17

▪ Análise da magnetização de uma bobina uR(t)


i(t)
▪ Ao fecharmos o circuito a tensão aos terminais
b R
da bobina e a corrente que percorre o a L uL(t)
circuito irão variar no tempo. A tensão aos E
Análise de Circuitos

terminais da bobina vai diminuir desde um


valor máximo até 0 e a corrente irá aumentar
de 0 até um valor máximo. Nesse momento, a
bobina comporta-se como um curto-circuito em CC.

▪ Aplicando a lei de Kirchhoff das malhas ao circuito obtemos

E = u R (t ) + u L (t ) = R  i(t ) + u L (t )

▪ e utilizando a relação entre uL(t) e i(t) do diapositivo 7 obtemos

i (t ) i (t ) R E
E = R  i (t ) + L  + i (t ) =
t t L L
Comportamento em CC 18

▪ Análise da magnetização de uma bobina


▪ A equação anterior é uma equação diferencial de 1ª ordem de
coeficientes constantes1 e a solução obtida para i(t) é

(1 − e −t / t )
Análise de Circuitos

E
i (t ) =
R
▪ em que t (s) é a constante de tempo e é definida como
L
t= unidade de t =
H V/(A/s)

=
V/A
=s
R
▪ Podemos agora calcular o valor de uL(t)
i (t ) LE  1  −t / t
u L (t ) = L =− −  e 
t R  t
 u L (t ) = E e −t / t
1 A resolução das equações diferenciais de 1ª e 2ª ordem consta do programa de MATEMÁTICA.
Podemos também verificar se a solução obtida satisfaz a equação diferencial de 1ª ordem.
Comportamento em CC 19

▪ Análise da magnetização de uma bobina


▪ Os valores iniciais e finais de uL(t) e i(t) são calculados substituindo
nas equações anteriores o tempo, t, por 0 e por infinito.
Análise de Circuitos

▪ Valores iniciais:

u Li (t ) = E e −t / t = E e − 0 / t = E

ii (t ) =
E
(1 − e −t / t ) = E (1 − e −0 / t ) = 0
R R

▪ Valores finais:

u Lf (t ) = E e −t / t = E e − / t = 0 (t →   u Lf (t ) → 0)

i f (t ) =
E
(1 − e −t / t ) = E (1 − e − / t ) = E (t →   i(t ) → E / R )
R R R
Comportamento em CC 20

▪ Análise da magnetização de uma bobina


▪ A constante de tempo, t, pode ser interpretada como sendo o
tempo ao fim do qual a corrente já atingiu 63,2% do seu valor final
ou, o tempo ao fim do qual a tensão aos terminais da bobina já
Análise de Circuitos

desceu para 36,8% do seu valor inicial. Estes valores são obtidos a
partir das equações de i(t) e uL(t) para t igual a t

i (t ) =
E
(1 − e −t / t ) = E (1 − e −1 ) = 0,632 E = 63,2% E
R R R R

u L (t ) = E e −t / t = E e −1 = 0,368 E = 36,8% E

▪ Na prática costuma considerar-se que a magnetização da bobina


está completa ao fim de 5t, uma vez que o erro cometido é inferior
a 1%.
Comportamento em CC 21

▪ Análise da magnetização de uma bobina


Análise de Circuitos
Comportamento em CC 22

▪ Análise da magnetização de uma bobina


▪ Se a corrente inicial for diferente de zero as expressões da
corrente e da tensão serão dadas por:

i(t ) = I f + (I i − I f ) e −t / t
Análise de Circuitos

u L (t ) = R (I f − I i ) e −t / t

▪ A energia armazenada numa bobina depois da sua magnetização


corresponde à existência de um campo magnético no interior da
bobina e pode ser calculada do seguinte modo:

 (1 − e ) = (e − e −2t / t )
−t / t E −t / t E 2 −t / t
p(t ) = u L (t )  i (t ) = E e
R R
e

W =  p (t ) t
0
Comportamento em CC 23

▪ Energia armazenada numa bobina


 t − 2t / t 

W=
E2
 (e − t / t −e − 2t / t
) t =
E2

− t e −t / t 


E2
− e  =
 2 0
0
R R R
Análise de Circuitos

E2 E2 E2 t E2 t E2 1 E2
= (0 + t ) − (0 + t / 2) = t − = = L 2 =
R R R 2 R 2 R 2 R
1 2
= LIf
2

A energia armazenada numa bobina é então dada por:

1 2
W= LIf
2
Comportamento em CC 24

▪ Análise da desmagnetização de uma bobina uR(t)


i(t)
▪ A situação mais simples para analisar a
b R
desmagnetização de uma bobina consiste a L uL(t)
em ligar a bobina a uma resistência. E
Análise de Circuitos

Durante a desmagnetização da bobina


existirá uma corrente no circuito, e a energia
armazenada na bobina será dissipada
na resistência por efeito de Joule.

▪ Aplicando a lei de Kirchhoff das malhas ao circuito obtemos

u L (t ) + u R (t ) = 0  u L (t ) + R  i(t ) = 0

▪ e utilizando a relação entre uL(t) e i(t) do diapositivo 7 obtemos

i (t ) i (t ) R
L + R  i (t ) = 0  + i (t ) = 0
t t L
Comportamento em CC 25

▪ Análise da desmagnetização de uma bobina


▪ A equação anterior é novamente uma equação diferencial de 1ª
ordem de coeficientes constantes e a solução obtida para i(t) é
Análise de Circuitos

i (t ) = I i e −t / t
▪ em que t (s) é a constante de tempo definida anteriormente.
▪ Podemos agora calcular o valor da tensão aos terminais da bobina
i (t )  1
u L (t ) = L = L I i  −  e −t / t = − R I i e −t / t 
t  t
 u L (t ) = −U Li e −t / t
▪ A corrente e a tensão têm sinais contrários porque a bobina está a
comportar-se como um elemento ativo (está a fornecer energia).
▪ Na prática costuma considerar-se que a desmagnetização da
bobina está completa ao fim de 5t, uma vez que o erro cometido é
inferior a 1%.
Comportamento em CC 26

▪ Análise da desmagnetização de uma bobina


▪ Os valores iniciais e finais de uL(t) e i(t) são calculados substituindo
nas equações anteriores o tempo, t, por 0 e por infinito.
Análise de Circuitos

▪ Valores iniciais:

u Li (t ) = U Li e −t / t = U Li e − 0 / t = U Li

ii (t ) = I i e −t / t = I i e − 0 / t = I i

▪ Valores finais:

u Lf (t ) = U Li e −t / t = U Li e − / t = 0 (t →   u L (t ) → 0)

i f (t ) = I i e −t / t = I i e − / t = 0 (t →   i(t ) → 0)
Comportamento em CC 27

▪ Análise da desmagnetização de uma bobina

Ui
Análise de Circuitos

Ii
Comportamento em CC 28

▪ Expressões gerais para a magnetização e desmagnetização de


uma bobina
▪ As equações do diapositivo 23 para a magnetização de uma
Análise de Circuitos

bobina podem ser utilizadas como expressões gerais para a


magnetização e desmagnetização de uma bobina.
▪ Relembrando essas equações:

i(t ) = I f + (I i − I f ) e −t / t

u L (t ) = R (I f − I i ) e −t / t

▪ Isto desde que se utilize os valores adequados para Ii e If em cada


uma das situações de magnetização ou desmagnetização.
▪ A tensão para a desmagnetização da bobina virá com o sinal
negativo porque tinha sido definido com o mesmo sentido da
corrente e estas têm sentidos opostos.

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