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LGBTQIA+

LGBTQIA+
LGBTQIA+
LGBTQIA+
Plano Estadual LGBTQIA+
de Promoção LGBTQIA+
dos Direitos da LGBTQIA+
População LGBTQIA+
LGBTQIA+
de Pernambuco LGBTQIA+
2021 - 2023
LGBTQIA+

LGBTQIA+
LGBTQIA+
LGBTQIA+
LGBTQIA+
LGBTQIA+
LGBTQIA+
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

ÍNDICE
2. CONTEXTUALIZAÇÃO   8

3. INTRODUÇÃO   10

4. GLOSSÁRIO LGBTQIA+   12

5. EIXOS ESTRATÉGICOS    14

5.1. EDUCAÇÃO E LAICIDADE   15

5.2 CULTURA, ESPORTE, LAZER E TURISMO   17

5.3 TRABALHO, EMPREGO E RENDA   19

5.4 SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL   21

5.5 DIREITOS HUMANOS: LEGISLAÇÃO, CIDADANIA E SEGURANÇA   24

5.6 DEMOCRATIZAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO   27

5.7 IGUALDADE RACIAL   29

5.8 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA   31

5.9 PESSOAS IDOSAS   32

6. PRIORIDADES DAS SECRETARIAS PARA O PLANO LGBTQIA+/PE DA DIVERSIDADE   33

6.1 SECRETARIA DE SAÚDE - SES   33

6.2 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E ESPORTES - SEE   33

6.3 SECRETARIA DA MULHER – SECMULHER   34

6.4 SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO - SEPLAG   34

6.5 SECRETARIA DE CULTURA - SECULT   35

6.7 SECRETARIA DE TURISMO E ESPORTES - SETUR   36

6.8 SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL, CRIANÇA E JUVENTUDE - SDSCJ   37

6.9 SECRETARIA DO TRABALHO, EMPREGO E QUALIFICAÇÃO - SETEQ   37

6.10 SECRETARIA DE JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS - SJDH   38

6.11 SECRETARIA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO - SECTI   38

7. CARTA-PROPOSTA PARA COMBATE AO EXTERMÍNIO DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS   3 9

7.1 PROPOSTAS   40

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

P E R N A M B U C O/2 0 2 1 -2 0 2 3

G OV E R N A D O D O E S TA D O D E P E R N A M B U C O

GOVERNADOR

Paulo Henrique Saraiva Câmara

VICE-GOVERNADORA

Luciana Santos

S E C R E TA R I A D E D E S E N V O LV I M E N T O S O C I A L , C R I A N Ç A E J U V E N T U D E

S E C R E TÁ R I O

Sileno Guedes

S E C R E TÁ R I A E X E C U T I VA D E S E G M E N TO S S O C I A I S

Marília Bezerra

COORDENADORA DE POLÍTICAS LGBTQIA+ DE PERNAMBUCO

Poliny Aguiar

C O N S E LH O E STA D U A L D O S D I R E ITO S D A P O P U L AÇ ÃO
LG BTQ IA+ (C E D PLG BTQ IA+)

O Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT de Pernambuco (CEDPLGBT), institu-


ído pelo Decreto Estadual nº40.189/2013, com as alterações promovidas pelo Decreto Estadual nº
41.912/2015 e Decreto Estadual nº 47.779/2019, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Social,
Criança e Juventude (SDSCJ), por meio da Secretaria Executiva de Segmentos Sociais (SESES) e
da Coordenadoria de Políticas para a População LGBT de Pernambuco, é uma instância colegiada
superior de consulta e deliberação, de natureza permanente que tem por competência: propor,
acompanhar e recomendar a implementação de políticas públicas de interesse da população LGBT
no Estado de Pernambuco.

G R U P O D E TR A B A LH O D E S I STE M ATI Z AÇ ÃO D O P L A N O
E STA D U A L D O S D I R E ITO S D A P O P U L AÇ ÃO LG BTQ I A+
G OV E R N A M E NTA L
Poliny Aguiar e Silva – Sec. de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude
Luiz Valério Soares – Sec. de Saúde
Dayanna Santos – Sec. de Educação e Esportes

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

SOCIEDADE CIVIL INSTITUIÇÕES DA


Jair Brandão de Moura Filho – GESTOS - SOCIEDADE CIVIL
Soropositividade, Comunicação e Gênero
Marcone Costa de Menezes – Movimento AMHOR

LGBT Leões do Norte Titular: Ana Carla Lemos


Maria Daniela de Mendonça – Articulação e Suplente: Hildenize dos Anjos
Movimento Para Travestis e Transexuais de
Pernambuco - AMOTRANS AMOTRANS

Titular: Maria Daniela de Mendonça


ASSESSORIA TÉCNICA Suplente: Lilian Fonthinelly
Íris de Fátima da Silva – Secretária Executiva
do CEDPLGBTQIA+/PE A R TJ O V E M

Alexsandro Cavalcanti Felix de Souza – Apoio Titular: Cleyton Manoel Maia


Técnico do CEDPLGBTQIA+/PE Suplente: Gessé da Silva Rodrigues
Ariana Rita de Melo Ferraz Barreto – Apoio
Técnico do CEDPLGBTQIA+/PE CANDACES

Titular: Rivânia Rodrigues da Silva


PRESIDÊNCIA Suplente: Maria Luiza Aquino
PRESIDENTE

Glauber dos Santos Stringlini (GAYMADO) FÓRUM LGBT DE PERNAMBUCO

Titular: Lucas Lira Gomes


VICE-PRESIDENTE Suplente: Emerson Silva Santos
Poliny Aguiar e Silva (SDSCJ)
G AY M A D O

S E C R E TA R I A E X E C UTI VA Titular: Glauber dos Santos Stringlini


S E C R E TÁ R I A E X E C U T I VA Suplente: Jonata Bruno Santos
Íris de Fátima da Silva
GHC – GRUPO DE HOMOSSEXUAIS DO

APOIO TÉCNICO CABO DE SANTO AGOSTINHO

Ariana Ferraz Titular: Fernando Rodrigues da Silva


Suplente: Everaldo Ulisses dos Santos

GESTOS

Titular: Jair Brandão de Moura Filho


Suplente: Juliana Araújo Cesar

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

INSTITUTO TRANSVIVER SEC. DA MULHER (SECMULHER)

Titular: Rosilene Oliveira Rocha Titular: Lucidalva Maria do Nascimento


Suplente: Érre Dantas de Medeiros Suplente: Maria de Fátima Moreira e Silva

LEÕES DO NORTE SEC. DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INO-

Titular: Marcone Costa de Menezes VAÇÃO (SECTI)

Suplente: Jerônimo da Silva Lima Titular: Jurema Regueira Arabyan Monteiro


Rosa
REDE LGBT DO INTERIOR Suplente: João Victor Lima dos Santos
Titular: Alzyr Anttonio de Sá brasileiro
Suplente: Hewrya Maia Maria de Lima SEC. DO TRABALHO, EMPREGO E QUALI-

FICAÇÃO (SETEQ)

INSTITUIÇÕES Titular: Eliane Valkiria da Silva Vieira

G OV E R N A M E NTA I S Suplente: Samuel Ferreira da Silva Calado

S E C . D E C U LT U R A ( S E C U LT ) / F U N D A R P E
SEC. DE D E S E N V O LV I M E N T O SOCIAL,
Titular: José Neto Barbosa
CRIANÇA E JUVENTUDE (SDSCJ)
Suplente: José Clementino de Oliveira
Titular: Poliny Aguiar e Silva
Suplente: Joelma José da Silva
SEC. DE TURISMO E LAZER (SETUR)

Titular: Maria Eduarda Lopes


SEC. DE JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS
Suplente: Gláucia Roberta Martins
(SJDH)

Titular: Roseane Fátima de Queiroz Morais


S E C . D E P L A N E J A M E N TO E G E S TÃO ( S E -
Suplente: Andréa Fabiana Araújo da Silva
PLAG)

Titular: Ryan Paulo da Silveira Amorim


SEC. DE DEFESA SOCIAL (SDS)
Suplente: Vandré Araújo Cechinel
Titular: Jeanne de Aguiar Pinheiro de Souza
Suplente: Ary Siqueira de Cunha Filho
COMISSÕES
SEC. DE SAÚDE (SES)
COMISSÃO EXECUTIVA
Titular: Luiz Valério Soares
Suplente: Beatriz Andrade de Araújo
Presidência: Glauber Stringlini;
Secretaria Executiva: Íris de Fátima;
SEC. DE EDUCAÇÃO E ESPORTES (SEE)
Coordenadores (as) das Comissões: Marcone
Titular: Aline Rodrigues Malta
Costa e Alzyr Brasileiro.
Suplente: Joana de Farias Melo

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

COMISSÃO PERMANENTE DE MONITO-

R A M E N TO E AVA L I AÇ ÃO DAS AÇÕ E S P O-

L Í T I C A S I M P L E M E N TA DA S P E LO P O D E R

PÚBLICO

COORDENAÇÃO

Rede LGBT do Interior - Alzyr Anttonio de Sá


brasileiro
Secretaria de Cultura – José Neto Barbosa

COMPOSIÇÃO

Rede LGBT do Interior – Alzyr Anttonio de Sá


brasileiro
Gestos – Jair Brandão de Moura Filho
Amhor – Ana Carla
ArtJovem – Cleyton Manoel
Candaces – Rivânia Rodrigues
Sec. de Cultura – José Neto
Sec. de Mulher – Lucidalva Nascimento
SDSCJ – Poliny Aguiar

COMISSÃO PERMANENTE DE ACOMPA-

NHAMENTO DAS VIOLAÇÕES DE DIREI-

TOS DA POPULAÇÃO LGBTQIA+

COORDENAÇÃO

Leões do Norte – Marcone Costa

COMPOSIÇÃO

Leões do Norte – Marcone Costa


Transviver – Rosilene Rocha
Amostrans – Maria Daniela
Sec. de Justiça e Direitos Humanos – Roseane
Morais
Sec. de Defesa Social – Jeanne Aguiar
Sec. de Ciência, Tec. e Inovação – João Victor
Sec. de Desenvolvimento Social, Criança e Ju-
ventude – Poliny Aguiar

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

2. Contextualização

A construção do Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+ de Per-


nambuco “Pernambuco da Diversidade” é uma decisão política do Governador Paulo Câmara e sur-
ge como resposta às reinvindicações do movimento social organizado. Tem por finalidade estabe-
lecer, afirmar e garantir os direitos da população LGBTQIA+; demonstrando, assim, o compromisso
firmado com o governador para adotar uma política pública para esta população, consolidando a
cidadania plena e democrática.

É importante destacar que, a partir de 2009, ações foram desenvolvidas pelo Governo do
Estado, perpassando diversas secretarias, em consonância com uma política que busca garantir
direitos sociais com equidade para a população LGBTQIA+ e que desde a primeira gestão do go-
vernador Paulo Câmara foram criados equipamentos como a Secretaria Executiva de Segmentos
Sociais, a Coordenadoria Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBT, a posse do Con-
selho Estadual de Direitos da População LGBT, a criação do Procedimento Operacional Padrão para
a População LGBT (Secretaria de Defesa Social/Polícia Militar); a Criação do Comitê Interinstitucio-
nal pró Mulheres Lésbicas e Bissexuais; Lançamento da política de saúde integral para a popula-
ção LGBT (primeira no Brasil); inclusão no PPA (Plano Plurianual) de orçamento específico para a
população LGBTQIA+ – com a finalidade de garantir e fortalecer as políticas públicas de apoio e
atenção à população LGBTQIA+; a partir de 2019 também foram instituídos o Comitê Pró Travestis
e Mulheres Trans; A campanha Folia Sem LGBTQIA+fobia; A Cartilha dos Direitos da População
LGBTQIA+ de Pernambuco; A Lei Lorena Muniz, que garante o uso do nome social das pessoas
trans nos documentos de óbito; Também foram dialogados e edificados políticas de inclusão e
decretos que podem ser visualizados nos anexos. Este Plano Estadual de Promoção dos Direitos
da População LGBT de Pernambuco “Pernambuco da Diversidade” está fundamentado nas orien-
tações e diretrizes contidas no Plano Nacional de Promoção da Cidadania LGBTQIA+, referendados
na Conferência Nacional LGBT, em abril de 2016 e que ocorreu de forma conjunta com a de direitos
humanos, traduzindo-se enquanto um marco histórico de avanços de direitos político-sociais. E nas
I, II e III Conferências Estaduais e Regionais LGBT de Pernambuco, como também, nas Conferências
Municipais do Recife, Olinda, Jaboatão e Belém do São Francisco, visando a transversalidade e a
interdisciplinaridade de algumas ações, bem como, a otimização de recursos humanos e materiais,
estabelecendo parcerias para sua realização.

As ações contidas neste documento foram retiradas, também, das escutas ativas, realiza-
das em três seminários regionais no estado: Sertão, Agreste, Região Metropolitana (Zona da Mata
Norte e Zona da Mata Sul). Os seminários ocorreram, respectivamente, nos seguintes municípios:
Salgueiro, Caruaru e Recife, sob a responsabilidade da Secretaria Executiva de Segmentos Sociais
(SESES), hoje vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ). Cria-
da em 2015, pelo gestor da pasta, a Executiva tem como missão promover, coordenar, acompanhar

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

e fortalecer as políticas públicas afirmativas, de forma integrada no Estado. Visa, neste sentido, a
prevenção e o enfrentamento de todas as formas de preconceito, discriminação e violação dos di-
reitos, em busca do desenvolvimento social com equidade e humanização, na garantia dos direitos
dos segmentos sociais.

Os Seminários Regionais dos Segmentos Sociais tiveram como objetivo apresentar a SESES
(Secretaria Executiva de Segmentos Sociais) e suas ações; debater a política para esse segmento,
que representa mais de 60% da população pernambucana e colher contribuições para construção
dos planos estaduais de promoção da igualdade racial, quilombola e LGBTQIA+.

Os segmentos da Pessoa Idosa e com Deficiência, já continham os respectivos Planos Es-


taduais. Contudo, suas presenças foram importantes, uma vez que perpassam por todos os seg-
mentos acima elencados e a execução de suas políticas está sob a responsabilidade da Secretaria
Executiva de Segmentos Sociais.

Participaram das escutas lideranças dos povos tradicionais (quilombolas, indígenas, ciganos
(as), povos de terreiro); lideranças do movimento negro, pessoa com deficiência, pessoa idosa e
LGBTQIA+; conselheiros (as) de assistência, de igualdade racial, educação, saúde, mulher, juventu-
de, idoso (a), pessoa com deficiência e LGBTQIA+; Secretaria (as) de Assistência Social, Educação,
Saúde, Mulher, entre outras, que também atendem esta temática; gestores (as) de órgãos munici-
pais de politicas de igualdade racial, pessoa com deficiência, pessoa idosa e de população LGBT-
QIA+ e técnicos (as) dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência
Especializados em Assistência Social (CREAS).

O Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+ de Pernambuco “Per-


nambuco da Diversidade”, estrutura-se em 09 (nove) eixos estratégicos, de acordo com a pertinên-
cia temática das ações propostas, a saber: educação e laicidade; cultura, esporte, lazer e turismo;
trabalho, emprego e renda; saúde e assistência social; direitos humanos; legislação, cidadania e
segurança; democratização e disseminação da informação e comunicação; igualdade racial; pes-
soas com deficiência; pessoas idosas. Vale ressaltar que por população LGBTQIA+ entendem-se
os seguintes recortes: racial/étnico, povos tradicionais, geracional, classe social e de pessoas com
deficiência.

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

3. Introdução

Apresentar o movimento LGBTQIA+ no Estado de Pernambuco é remontar o início dos anos


60, quando as pessoas começaram a se agrupar nos fins de semana, depois da praia, para conver-
sas e discussões sobre poesia, política e literatura. Após o golpe de 1964, no calor dos protestos,
começaram a surgir alguns grupos de artes cênicas, que pensavam em como se poderiam ocupar
espaços que pudessem visibilizar os gays, primeiramente. Só no início dos anos 70 surgiram os pri-
meiros grupos organizados, mas ainda sem uma consciência política da defesa de direitos. Foi uma
época de ocupação de espaços e visibilidade.

Do teatro para a poesia; dela para as falas em público; daí para a literatura; alguma coisa
de cinema (caseiro) e, timidamente, os gays e algumas lésbicas atravessaram a década sem muitos
avanços. Até porque a repressão era a palavra de ordem da segurança pública, com relação aos
“sodomitas/entendidos” e “mulheres-machos”.

Só em 1980, a consciência do “coletivo” nasceu. Surgiram os grupos mais organizados, que


iniciaram um trabalho de apropriação do sentimento que eram pessoas iguais às outras, que cum-
priam deveres e teriam que exigir direitos. O final da década de 1980 trouxe o amadurecimento dos
gays e lésbicas, incorporando as travestis e alguns bissexuais; notadamente assumidos. Os anos
1990 foram efervescentes e, justamente nesse período, se solidificou o trabalho de alguns grupos.
Hoje, ONG’s organizadas, despertando para a temática do “grande guarda-chuva” dos direitos hu-
manos.

Hoje, depois de muitas lutas e algumas conquistas, o movimento segue mais organizado,
mesmo segmentado, incluindo as pessoas trans sob a mesma bandeira. Com a participação dos
grupos, a partir da década de 1990, Pernambuco passa de espectador para ator. Surgindo, assim,
os primeiros grupos ainda dentro dos Sindicatos, como o Grupo Articulação e Movimento Homos-
sexual do Recife e Região Metropolitana (AMHOR); o Grupo Gay de Pernambuco (GGP); Movimento
LGBT Leões do Norte e as Organizações lideradas por ativistas LGBTQIA+ e do enfrentamento a
Aids, como a ONG Gestos –Soropositividade, Comunicação e Gênero. O Projeto Abraços; a Articu-
lação e Movimento para Travestis e Transexuais (AMOTRANS); o Movimento Integrar de Pernambu-
co; a Associação Pernambucana das Profissionais do Sexo (APPS); a Organização Homossexual do
Cabo de Santo Agostinho (OHCA); o Grupo de Trabalho em Prevenção Posithivo (GTP+) O Grupo
de Cidadania Homossexual de Pernambuco (GCHP) a Nova Associação de Travestis e Transexuais
de Pernambuco (NATRAPE); a Nova Associação dos Profissionais do Universo Masculino de Per-
nambuco (ASPRONUMPE); o Movimento Ser Coletivo e, ainda, o Instituto Papai; além do Núcleo
de Pesquisa Gênero e Masculinidade da UFPE (GEMA/UFPE); o Coletivo LGBT do Sindicato dos
Trabalhadores na Educação de Pernambuco (SINTEPE), entre tantas outras. Vale ressaltar, também,
a enorme contribuição dos grupos, associações e Ong’s de todas as regiões do interior do estado.

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

O caminho ainda é longo. A criação desse plano é considerada um marco para efetivarem-se
políticas afirmativas “de verdade” para o movimento LGBTQIA+ no Estado de Pernambuco. Nessa
direção temos como referência os dados levantados a partir dos Indicadores Criminais em Pernam-
buco, onde as estatísticas de CVLI e Violência das Vítimas do Segmento LGBTQIA+ são divulgadas
pela secretaria de Defesa Social (SDS) em que aponta que de janeiro de 2020 a julho de 2021 foram
de 48 CVLI contra pessoas LGBTQIA+, sendo 27 em 2020 e outros 21 em 2021 (até julho). E que no
mesmo período os indicadores de violência por ameaça, violência doméstica/familiar, calúnia, cons-
trangimento ilegal, estupro, estupro de vulnerável, injúria, lesão corporal, maus tratos, outras lesões
corporais, outros crimes contra a dignidade sexual, racismo, preconceito, discriminação e outros
crimes e vias de fatos foram no total de 3.502 no mesmo período de janeiro de 2020 a julho de 2021.

Neste sentido percebemos a urgência em desenvolver políticas públicas que venham a favo-
recer o respeito à população LGBTQIA+, visando a equidade de direitos; pois os dados nos mostram
situações de desigualdades extremas: Pernambuco constitui um dos estados que tem um alto índice
de violência contra a população LGBTQIA+.

Sendo assim, o Governo de Pernambuco, tendo como conjectura a excelência da pessoa hu-
mana e o imperativo de solidificar políticas afirmativas para populações, que vêm ao longo da histó-
ria sendo marginalizadas, como a população LGBTQIA+, concretiza o Plano Estadual de Promoção
dos Direitos da População LGBTQIA+ de Pernambuco como documento de referência, em busca de
cidadania plena para esta população. Desta forma, os princípios que norteiam o plano baseiam-se
na defesa de um estado laico, da diversidade e liberdade de expressão, livre orientação afetiva e/ou
sexual e de uma cultura de paz para os (as) LGBTQIA+s e todos os sujeitos sociais.

O Plano, pois, busca promover a inclusão social da população LGBTQIA+, propiciando sub-
sídios para a construção e implementação de políticas públicas voltadas às promoção e defesa dos
direitos individuais e coletivos dessa população em Pernambuco.

Reconhecemos que ainda temos um caminho a ser trilhado, mas passos estão sendo dados e
não mais podemos parar, pois, a vigilância em torno dos direitos para a população LGBTQIA+ deve
permanente, para que haja maiores conquistas. A cidadania plena da população LGBTQIA+ acon-
tecerá a partir do comprometimento, não somente do Poder Executivo, mas também do Legislativo
e do Judiciário. O movimento social organizado e atuante tem papel primordial para as conquistas
dos direitos da população LGBTQIA+ nos mais variados espaços: conselhos, no espaço escolar, nas
políticas de saúde, nas expressões culturais e em todos os demais espaços da vida pública. Alme-
jamos, pois, uma nova sociedade, alicerçada, especialmente, no respeito às diversidade, especifi-
camente a orientação afetiva e/ou sexual e identidade de gênero da população. Assim, o respeito
mediará as relações sociais estabelecidas e teremos um mundo mais justo e, por conseguinte, mais
igualitário.

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

4. Glossário LGBTQIA+

LÉSBICAS: São pessoas que se reconhecem no gênero feminino e tem desejos e relações
afetivas e/ou sexuais com pessoas do gênero feminino.

G AY: São pessoas que se identificam com o gênero masculino e tem desejos e relações afe-
tivas e/ou sexuais por pessoas do gênero masculino.

BISSEXUAL: São pessoas que tem desejos e relações afetivas e/ ou sexuais por ambos os
gêneros.

T R AV E S T I S E T R A N S E X UA I S : “T” é uma letra que sozinha abarca universos totalmente


distintos e únicos. Num pensamento geral, “Trans” seriam pessoas que não se identificam com o
gênero que lhes foi designado no seu nascimento.

MULHER TRANS: Uma mulher transgênero (mulher trans) é uma pessoa que ao nascer foi
designada ao gênero masculino mas que tem a sua identidade de gênero feminina.

T R AV E S T I : Uma mulher travesti é uma pessoa que tem a expressão de gênero diferente da
que lhe foi designada ao seu nascimento. Na maioria de suas expressões, a travestilidade se mani-
festa em pessoas designadas do gênero masculino no nascimento, mas que objetivam a construção
do feminino, por meio de suas roupas, comportamento, podendo incluir ou não procedimentos es-
téticos e cirúrgicos. Identidade de gênero latino-americana, muitas vezes considerada transgênero,
terceiro sexo ou não-binária. Simboliza luta e resistência.

HOMEM TRANS: Um homem transgênero (homem trans) é uma pessoa que ao nascer foi
designada ao gênero feminino mas que tem a sua identidade de gênero masculina.

QUEER: Anteriormente usada como forma de descriminação, a palavra inglesa “Queer”


pode ser traduzida como “estranha”, “excêntrica”, “esquisita” e foi usada durante muito tempo para
rotular pessoas que fugiam dos padrões que na época eram considerados normais em relação a
gênero e sexualidade. Nos anos 80 com a ascensão de movimentos feministas e dos direitos LGB-
TQIA+, com a epidemia de HIV/Aids e a urgente necessidade de visibilidade, políticas públicas e
pesquisas, militantes dos EUA e Reino Unido, assumiram a palavra “Queer” em um ato de rebeldia,
para denominar todo o movimento de pessoas invisibilizadas que a sociedade não entendia ou não
respeitava, transformando “estranho” em adjetivos positivos e palavras de poder. Há quem traduza
o “Q” para a língua portuguesa como “Questionando”. Enfim, não se trata de uma orientação sexual
e sim uma corrente de pensamento que questiona a abordagem de gênero e sexualidade na nossa
sociedade.

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

INTERSEXO: são pessoas que têm características e variações congenitais de anatomia se-
xual (biológica) e reprodutiva do sexo feminino e masculino. Ao nascerem, muitas vezes, o órgão
genital não determina se é pênis ou vagina. Nesses casos, alguns pais optam pela cirurgia de defi-
nição do sexo no bebê, mas há uma grande discussão em torno da escolha de gênero deste ser ao
crescer.

S O U I N T E R S E XO, N ÃO H E R M A F R O D I TA : Não se usa o termo hermafrodita para definir


uma pessoa intersexo, pois a palavra traz um estigma e carrega preconceito para esta população.

ASSEXUAL: A assexualidade é vista como uma orientação sexual, mas na prática corres-
ponde a diversas possibilidades que vão além do sexo. Assexuais por definição são pessoas que não
sentem atração sexual por outras pessoas, independente de gênero, mas isso não significa que não
podem ou querem construir relacionamentos. A assexualidade abrange uma grande variedade de
possibilidades em diferentes níveis.

+: Para todas as possibilidades de se identificar. Para todas as letras que possam surgir. Para
a visibilidade e direitos de todas as expressões e identidades que surgem e possam surgir.

NÃO-BINÁRIO, NÃO BINÁRIA OU NÃO BINÁRIE: Pessoas não-binárias podem tran-


sitar entre os dois gêneros, podem não se encaixar em nenhum dos dois gêneros, podem ter mais
de um gênero, podem se aproximar mais de um ou do outro, podem ou não ser pessoas trans. Ser
não=binário não está necessariamente ligado a aparência da pessoa, mas à forma como ela se sen-
te e enxerga a sociedade que vivemos.

PANSEXUAL: É a pessoa que pode sentir atração por outra pessoa, independente do gêne-
ro, identidade ou orientação sexual. Sem necessariamente ter alguma preferência.

N ÃO É O P Ç ÃO, É O R I E N TAÇ ÃO : Ninguém opta por ter uma orientação ou identidade, já


nascemos com essa condição.

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

5. Eixos Estratégicos

Educação e Laicidade: concepção de política desde a educação infantil, onde sejam des-
construídos preconceitos, mitos e tabus com relação à população LGBT promovendo a educação
inclusiva, não sexista e não LGBTfóbica, como princípios baseados na laicidade.

Cultura, Esporte, Lazer e Turismo: articular o acesso contínuo da população LGBT às políticas
de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo em especial às dimensões simbólica, econômica e indenitária.

Trabalho, Emprego e Renda: identificar os problemas que são considerados indispensáveis


para garantia de empregabilidade da população LGBT no sistema público de emprego, trabalho e
renda.

Saúde e Assistência Social: garantir o acesso e qualificar o atendimento nos serviços de saú-
de e da assistência social de acordo com as especificidades da população LGBT.

Direitos Humanos, Legislação, Cidadania e Segurança: implantar políticas públicas que, via-
bilizem a igualdade de direitos para a população LGBT e o exercício da cidadania plena.

Democratização e Disseminação da Informação e Comunicação: democratizar a transmissão


e difusão de informações no intuito de efetivar o acesso à informação.

Igualdade Racial: garantir a efetivação da igualdade de oportunidades da população LGBT


de negros e negras, a defesa dos direitos e o combate à discriminação e às demais formas de into-
lerância étnica.

Pessoas com Deficiência: equiparação de oportunidades valorizando o protagonismo e as


escolhas das pessoas LGBT com deficiência.

Pessoas Idosas: garantir a população LGBT idosa uma sociedade que assegure dignidade,
independência, protagonismo, autonomia e inclusão social.

Propostas para serem executadas nos anos de 2021,2022 e 2023:

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

5.1. Educação e Laicidade

R E S P O N SÁV E L M E TA S

Realizar, no âmbito escolar, debates e campanhas


educativas consolidando os Direitos Humanos
Secretaria de Educação e
LGBTQIA+ e enfrentamento à LGBTQIA+fobia,
Esportes
considerando os recortes de cor, raça, etnia, classe,
gênero, deficiência e geração;

Garantir formação continuada, para os(as) profissionais


Secretaria de Educação
de Educação, contemplando a temática da diversidade
e Esportes, Secretaria da
sexual, identidade de gênero e étnico-racial, com
Mulher e Secretaria de
ênfase no enfrentamento à LGBTQIA+fobia, a partir da
Justiça e Direitos Humanos
educação infantil;

Elaborar materiais didáticos sobre diversidade sexual,


Secretaria de Educação e
identidade de gênero e étnico-racial, com ênfase no
Esportes e Secretaria de
enfrentamento à LGBTQIA+fobia, a partir da educação
Justiça e Direitos Humanos
infanti;

Premiar, através de concursos e campanhas, as escolas


Secretaria de Educação de ensino básico, universidades e escolas técnicas e os/
e Esportes, Secretaria da as estudantes da rede pública por produções literárias e
Mulher e Secretaria de demais expressões culturais pelo fim da LGBTQIA+fobia
Justiça e Direitos Humanos e pela consolidação do Estado Laico, nas perspectivas
das temáticas gênero, cor, raça e etnia;

Secretaria de Educação Garantir o acesso e a permanência de toda a população


e Esportes, Secretaria da LGBTQIA+ em todos os níveis, etapas e modalidades de
Mulher e Secretaria de ensino, sem discriminação por diversidade sexual e/ou
Justiça e Direitos Humanos identidade de gênero, cor, raça e etnia;

Financiar, apoiar, incentivar e divulgar estudos e


pesquisas acadêmicas sobre as multiplicidades e
Secretaria de Educação e questões correlatas à diversidade sexual, identidade de
Esportes e Secretaria de gênero, cor, raça e etnia assim como, realizar cursos de
Ciência e Tecnologia especialização gratuitos (a exemplo de GDE – Gênero e
Diversidade nas Escolas) para profissionais de educação,
com tecnologia em Braille, Audiodescrição e Libras;

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

Secretaria de Educação Criar e/ou ampliar acervos nas bibliotecas escolares


e Esportes, Secretaria com obras científicas, literárias, filmes e outros materiais
da Mulher, Secretaria de que contribuam para promoção do reconhecimento
Justiça e Direitos Humanos da diversidade sexual, identidade de gênero, cor, raça
e Secretaria de Ciência e e etnia com tecnologia em Braille, Audiodescrição e
Tecnologia Libras;

Desenvolver campanhas de prevenção a ISTs/Aids,


Secretaria de Educação e
Infecções sexualmente transmissíveis, para toda a
Esportes e Secretaria de
comunidade escolar, em busca do exercício responsável
Saúde
da sexualidade;

Secretaria de Educação
Garantir a inclusão dos temas de identidade de gênero e
e Esportes, Secretaria da
orientação sexual nas políticas públicas de ensino, para
Mulher e Secretaria de
crianças, adolescentes, jovens e idosos/as;
Ciência e Tecnologia

Secretaria de Educação Capacitar e sensibilizar os (as) profissionais que


e Esportes, Secretaria trabalham em instituições públicas, que prestam
da Mulher, Secretaria de assistência socioeducativa às crianças e adolescentes,
Administração (CEFOSPE) visando a garantia dos direitos humanos e respeito à
e Secretaria de Justiça e diversidade sexual, identidade de gênero, cor, raça e
Direitos Humanos etnia;

Financiar, apoiar, incentivar e divulgar os estudos e


Secretaria de Educação e
pesquisas acadêmicas, no âmbito da educação sobre
Esportes e Secretaria de
as multiplicidades e questões correlatas à orientação
Ciência e Tecnologia
sexual, identidade de gênero, cor, raça e etnia;

15
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

5.2 Cultura, Esporte, Lazer e Turismo

R E S P O N SÁV E L M E TA S

Criar mecanismos de incentivo e fomento para projetos


LGBTQIA+ no âmbito estadual, através da criação
Secretaria de Cultura,
de editais com políticas de inclusão para pessoas
Fundação do Patrimônio
com identidade não cisgênera ou ageneridade, tais
Histórico e Artístico de
como pessoas trans, travestis, não bináries, queer/
Pernambuco - FUNDARPE
questionando, andrógine, fluido e outra variabilidade de
gênero, ou condição específica como intersexo.

Secretaria de Turismo
Esporte e Lazer, Secretaria Capacitar profissionais de diversas áreas do turismo,
de Defesa Social/ como o setor hoteleiro, segurança pública, repartições
Delegacia do Turista e públicas e privadas, para o atendimento à população
Empresa de Turismo de LGBTQIA+;
Pernambuco - Empetur

Secretaria de Cultura,
Fundação do Patrimônio
Histórico e Artístico de
Criar “selo” LGBTQIA+ identificando artistas, empresas,
Pernambuco - FUNDARPE,
pessoas e instituições públicas e privadas que
Secretaria de Trabalho,
promovam o respeito à diversidade e direitos sexuais;
Emprego e Qualificação
e Secretaria de Justiça e
Direitos Humanos

Secretaria de Cultura,
Secretaria de Turismo,
Mapear as instituições públicas, privadas e pessoas
Esporte e Lazer,
que trabalham com a cultura, esporte, lazer e turismo
Empresa de Turismo de
LGBTQIA+, criando um sistema de cadastramento no
Pernambuco - Empetur
âmbito estadual;
e Secretaria de Justiça e
Direitos Humanos

16
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

Secretaria de Cultura
Secretaria de Turismo
Promover formações para servidores(as) que envolvam
Esporte e Lazer, Secretaria
a temática LGBTQIA+, voltadas para a superação das
de Administração
desigualdades de gênero, orientação sexual, identidade
(CEFOSPE) e Empresa de
de gênero, cor, raça e etnia, geração e classe social;
Turismo de Pernambuco -
Empetur

Secretaria de Cultura,
Secretaria de Turismo
e Lazer, Secretaria de Apoiar paradas da Diversidade entre outros eventos,
Administração (CEFOSPE), exemplo de datas comemorativas, festivais e outras
Empresa de Turismo de ações de promoção e formação, com temas referentes
Pernambuco - Empetur aos Direitos e Cidadania da População LGBTQIA+;
e Secretaria de Justiça e
Direitos Humanos

Secretaria de Justiça
e Direitos Humanos, Fomentar a criação de espaços comunitários recreativos
Empresa de Turismo de e desportivos para a participação da população
Pernambuco - Empetur LGBTQIA+, com a promoção de campanha de
e Secretaria de Turismo, prevenção e combate à LGBTQIA+fobia;
Esporte e Lazer

Secretaria de Turismo,
Promover campanhas de prevenção e combate à
Esporte e Lazer e
LGBTQIA+fobia nos eventos esportivos realizados no
Secretaria de Justiça e
Estado;
Direitos Humanos

Secretaria de Turismo,
Democratizar o acesso ao esporte educacional de
Esporte e Lazer e
qualidade, como forma de inclusão social, criando
Secretaria de Justiça e
oportunidades de participação da população LGBTQIA+;
Direitos Humanos

Desenvolver programas, projetos e eventos esportivos


Secretaria de Turismo, nas diferentes modalidades, incluindo modalidades
Esporte e Lazer e não populares e esportes radicais e de aventura,
Secretaria de Justiça e de natureza, ou ainda, programas de lazer para
Direitos Humanos comunidade LGBTQIA+, jovens adultos(as), idosos(as) e
pessoas com deficiências;

17
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

5.3 Trabalho, Emprego e Renda

R E S P O N SÁV E L M E TA S

Ampliar, em articulação com a Secretaria de Micro e


Secretaria de Micro e
Pequenas Empresas, Trabalho e Qualificação, políticas
Pequenas Empresas,
de acesso ao emprego, trabalho e renda para a
Trabalho e Qualificação
população LGBTQIA+;

Secretaria de Micro e
Implantar e garantir políticas de empregabilidade para
Pequenas Empresas,
os(as) travestis e transexuais;
Trabalho e Qualificação

Articular, em parceira com o MTE e Ministério Público


Secretaria de do Trabalho, a implementação de políticas de proteção
Administração e combate à discriminação de LGBTQIA+ no ambiente
de trabalho;

Criar Grupo de Trabalho na Secretaria de Micro e


Pequenas Empresas, Trabalho e Qualificação, com
Secretaria de Micro e
a participação da Sociedade Civil e ONG's para
Pequenas Empresas,
acompanhar a inserção e o desenvolvimento de
Trabalho e Qualificação
políticas públicas de emprego, trabalho e renda para a
população LGBTQIA+;

Secretaria de Micro e
Pequenas Empresas Incentivar os(as) empregadores/as a inserirem a
Trabalho e Qualificação população LGBTQIA+ no Programa do Primeiro
e Secretaria de Justiça e Emprego;
Direitos Humanos

Estimular e instrumentalizar a criação de cooperativas,


Secretaria de Micro e iniciativas para sustentabilidade e associações que
Pequenas Empresas, objetivem a expansão dos direitos da população
Trabalho e Qualificação LGBTQIA+ e geração de emprego, trabalho e renda nos
projetos e programas de economia solidaria.

18
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

Secretaria de Educação,
Promover e garantir capacitações visando à qualificação
Secretaria de Micro e
e inserção no mercado de trabalho da população
Pequenas Empresas,
LGBTQIA+, através de parcerias com instituições de
Trabalho e Qualificação,
ensino superior, institutos e de pesquisa (visando cursos
Secretaria de Justiça
técnicos e tecnológicos), ONG’s, organizações da
e Direitos Humanos e
sociedade civil, empresas privadas, OSCIP’s e serviço
Secretaria de Ciência e
público;
Tecnologia

Secretaria de Educação
e Esportes, Secretaria
Criar um selo de qualidade para incentivar as empresas,
de Micro e Pequenas
universidades, etc que promovem ações de proteção
Empresas, Trabalho e
e acolhimento das pessoas LGBTQIA+ como forma de
Qualificação e Secretaria
incentivo.
de Justiça e Direitos
Humanos

19
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

5.4 Saúde e Assistência Social

R E S P O N SÁV E L M E TA S

Secretaria de Saúde, Formar e sensibilizar profissionais de saúde e assistência


Secretaria de Ciência e social para o tratamento qualificado, no atendimento
Tecnologia e Secretaria de à população LGBTQIA+, procurando garantir acesso
Justiça e Direitos Humanos igualitário na formação permanente;

Secretaria de Saúde, Desenvolver oficinas regionais de sensibilização para


Secretaria de Ciência e implantação de ações de acessibilidade e acolhimento
Tecnologia e Secretaria de na rede estadual de saúde integral e assistência social
Justiça e Direitos Humanos da população LGBTQIA+;

Fortalecer as ações de enfrentamento da epidemia de


Secretaria de Saúde HIV/AIDS, junto à população LGBTQIA+, em parceria
com a vigilância em saúde;

Secretaria da Mulher e Realizar formações permanentes com CRAS e CREAS de


Secretaria de Justiça e acessibilidade e acolhimento, na promoção dos direitos
Direitos Humanos da população LGBTQIA+;

Realizar formações permanentes com as equipes das


Secretaria de Saúde UPAs e UPAEs, para acessibilidade e acolhimento da
saúde integral da população LGBTQIA+;

Incentivar a criação de organismos municipais voltados


Secretaria de Saúde ao fortalecimento da política LGBTQIA+, tais como,
conselhos, coordenadorias, gerências e outros;

20
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

Incentivar, apoiar, criar e monitorar a formação de


Grupos Técnicos (GT) e/ou Comitês Técnicos de Saúde
Secretaria de Saúde
Integral LGBTQIA+ Municipais, com representações da
gestão, conselhos de saúde e sociedade civil LGBTQIA+;

Promover ações permanentes junto à Secretaria


de Vigilância em Saúde, visando a construção de
Secretaria de Saúde indicadores da Saúde LGBTQIA+ e inclusão das variáveis
de identidade de gênero e orientação sexual, nas fichas
de notificação e prontuários nos serviços de saúde;

Realizar Fóruns Regionais na Assistência Social, para


Secretaria de Saúde
promoção dos direitos da população LGBTQIA+;

Secretaria de Saúde e Acrescer, na rede de saúde, atendimento qualificado


Secretaria de Justiça e para crianças e adolescentes LGBTQIA+ em situação de
Direitos Humanos abuso e violência sexual;

Realizar Fórum Estadual sobre Saúde e Pessoas Idosas


Secretaria de Saúde
LGBTQIA+;

Realizar Fórum Estadual sobre Saúde e Pessoas


Secretaria de Saúde
LGBTQIA+ com Deficiência;

Promover ações permanentes com a Secretaria Estadual


Secretaria de Saúde e
de Ressocialização, FUNASE e Coordenação Estadual de
Secretaria de Justiça e
Saúde Prisional, sobre a Saúde da População LGBTQIA+
Direitos Humanos
privada de liberdade;

21
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

Promover ações permanentes sobre promoção,


prevenção e cuidado à saúde integral LGBTQIA+,
Secretaria de Saúde
envolvendo as políticas estratégicas e SAP da Secretaria
Estadual de Saúde;

Promover ações permanentes com as universidades


Secretaria de Saúde,
(UFPE/NUSP, UPE/NISC, e FIOCRUZ/NESC) e a
Secretaria de Ciência e
Escola Estadual de Saúde Pública para elaboração de
Tecnologia e Secretaria de
pesquisas e outras atividades que abordem a temática
Justiça e Direitos Humanos
Saúde Integral LGBTQIA+;

Potencializar e sensibilizar a Ouvidoria de Saúde do


Secretaria de Saúde
Estado para acolher denúncias da população LGBTQIA+;

22
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

5.5 Direitos Humanos: Legislação, Cidadania e Segurança

R E S P O N SÁV E L M E TA S

Criar instrumentos e dispositivos legais que coíbam


Secretaria de Justiça e
estabelecimentos públicos e privados que discriminem
Direitos Humanos
e/ou desrepeitem a população LGBTQIA+;

Criar casa de apoio e acolhida para a população


Secretaria de Justiça e LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade social, para
Direitos Humanos a colhida e profissionalização, garantindo dotação
orçamentária destas;

Propor ao Poder Legislativo a garantia de recursos


públicos para eventos culturais em todo Estado, com
Secretaria de foco nas questões LGBTQIA+, incluindo uma semana
Administração e Secretaria nos calendários municipais e estaduais, conforme
de Justiça e Direitos exemplo da “Afro-Diversidade”, garantindo estruração
Humanos na LOA (Lei Orçamentária Anual) e no PPA (plano
Plunianual) das duas esferas de Governo (Municipal e
Estadual);

Secretaria de Justiça e Criar um fórum de Gestores(as) para discussão de


Direitos Humanos políticas públicas para a população LGBTQIA+;

Secretaria de
Articular com o programa Pacto Pela Vida um
Administração e Secretaria
instrumento para mensurar indicadores de violência
de Justiça e Direitos
contra a população LGBTQIA+ em todos os aspectos;
Humanos

Estabelecer políticas públicas que garantam recursos


dentro do PPA, LOAS e LDO às ações intersetoriais, para
Todas as Secretarias
atendimento e acolhimento à demanda da poopulação
LGBTQIA+;

23
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

Garantir a formação permanente e sensibilização


Secretaria de Justiça
dos (as) agentes de segurança pública, agentes
e Direitos Humanos e
socioeducativos(as) e Conselheiros(as) Tutelares, para o
Secretaria de Defesa Social
atendimento humanizado da população LGBTQIA+;

Garantir que nos programas habitacionais urbanos e


rurais seja contemplada a população LGBTQIA+ com
Secretaria de Habitação acesso à moradia de baixo custo, culturalmente, sócio
e histórico, apropriada e segura, incluindo abrigos e
outras acomodações emergenciais;

Garantir a criação e a ampliação de centros de


referência em Direitos Humanos de prevenção e
enfrentamento à LGBTQIA+fobia, com assistentes
Secretaria de Justiça e
sociais, advogados(as), psicólogos(as) e educadores(as)
Direitos Humanos
sociais, para atender a população LGBTQIA+,
respeitando as especificidades de todos(as) entre elas as
deficiências, interiorizando as políticas;

Acompanhar e monitorar o uso dos registros de


ocorrência e formulários de atendimento em órgãos
públicos e privados, a identificação de orientação sexual
Todas as Secretarias
e identidade de gênero, para fins estatísticos e de
formulação de políticas públicas estratégicas de ações
de atendimento.

Criar instrumentos para notificação dos índices de


Secretaria de Defesa Social
violência contra LGBTQIA+;

Garantir ações afirmativas relativas à identidade de


gênero e orientação sexual, bem como, enfrentamento
Todas as Secretarias da LGBTQIA+fobia, através de campanhas publicitárias
educativas na mídia (Televisão, rádio, jornal, revistas e
outdoors, etc);

Secretaria de Justiça e Garantir recurso para ação de descentralização do


Direitos Humanos Conselho Estadual de Direitos da População LGBTQIA+;

24
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

Promover ações permanentes com a secretaria


Secretaria de Justiça executiva de ressocialização, FUNASE e diversas
e Direitos Humanos e Secretarias sobre a vivência da população LGBTQIA+
Secretaria da Mulher em privação de liberdade e cumprimento de medidas
socioeducativas;

Potencializar e sensibilizar as ouvidorias do Estado para


Todas as Secretarias
acolher denúncias da população LGBTQIA+;

Secretaria de
Incluir nos programas que envolvem pessoas em
Desenvolvimento Social,
situação de risco e rua o recorte LGBTQIA+;
Criança e Juventude

Secretaria de Fortalecer a atenção integrada aos(às) usuários(as)


Desenvolvimento Social, de drogas LGBTQIA+s, visando a reintegração com a
Criança e Juventude e família e a sociedade em geral: prezando pelo programa
Secretaria da Saúde atitude e no enfrentamento à LGBTQIA+fobia;

Secretaria de
Desenvolvimento Social, Criar mecanismo de ação integrada para atendimento,
Criança e Juventude, acolhimento às(aos) adolescentes LGBTQIA+ em
Secretaria de Defesa situação de violência doméstica e situação de rua.
Social/DPCA

25
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

5.6 Democratização e Disseminação da Informação e


Comunicação

R E S P O N SÁV E L M E TA S

Estabelecer políticas focadas na utilização dos meios


Todas as Secretarias de comunicação de massa como instrumentos de
promoção da cidadania LGBTQIA+;

Secretaria de Comunicação Promover formações políticas para comunicadores(as)


e Imprensa e Secretaria de comunitários, para abordagem qualificada das pautas
Justiça e Direitos Humanos LGBTQIA+;

Secretaria de Comunicação Promover a divulgação de direitos já conquistados para


e Imprensa e Secretaria de o segmento LGBTQIA+ de maneira sistemática, para
Justiça e Direitos Humanos toda a sociedade;

Secretaria de Comunicação Possibilitar a veiculação de programas e demais


e Imprensa e Secretaria de produtos em veículos públicos estaduais, realizados por
Justiça e Direitos Humanos produtores(as) LGBTQIA+;

Criar um observatório, a fim de monitorar os meios de


Secretaria de Comunicação
comunicação de massa, acerca das pautas LGBTQIA+,
e Imprensa e Secretaria de
para subsidiar análises críticas, pesquisas e políticas
Justiça e Direitos Humanos
públicas no setor;

Promover encontros formativos, a fim de debater com


Secretaria de Comunicação
a academia e diversos setores da sociedade a relação
e Imprensa e Secretaria de
dos meios de comunicação de massa com a população
Justiça e Direitos Humanos
LGBTQIA+;

26
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

Estabelecer políticas focadas na utilização dos meios


Todas as Secretarias de comunicação de massa como instrumentos de
promoção da cidadania LGBTQIA+;

Criar e visibilizar grupo de trabalho em Comunicação e


Secretaria de Justiça e Diversidade Sexual, com objetivo de monitorar e avaliar
Direitos Humanos os meios de comunicação no estado, em relação ao
tratamento dado à população LGBTQIA+-PE;

Incentivar a criação e veiculação de campanhas de


Secretaria de Justiça e
comunicação que refreiem a violência e discriminação,
Direitos Humanos
com base na orientação sexual e identidade de gênero;

Articular e desenvolver ações de comunicação, de


utilidade pública, respeitando a acessibilidade, que
garantam a divulgação dos Direitos Humanos e da
Todas as Secretarias cidadania da população LGBTQIA+, visando ampliar
o repasse de informações em relação ao tema e,
sobretudo, sensibilizar a sociedade pernambucana para
uma cultura de paz.

27
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

5.7 Igualdade Racial

R E S P O N SÁV E L M E TA S

Secretaria de Educação,
Apoiar estudos e pesquisas sobre a discriminação
Secretaria de Ciência e
múltipla, ocasionada pelo racismo, LGBTQIA+fobia,
Tecnologia e Secretaria da
machismo e sexismo;
Mulher

Criar instrumentos para diagnosticar e avaliar as


Secretaria de Justiça e
múltiplas formas de discriminação, combinadas com a
Direitos Humanos
LGBTQIA+fobia, o racismo e preconceito de classe;

Estimular a implementação de ações no âmbito da


administração pública estadual e da sociedade civil de
Todas as Secretarias
combate à LGBTQIA+fobia, que inclua o recorte de cor,
raça, etnia e classe social;

Apoiar a elaboração de uma agenda comum entre o


movimento negro, o movimento de religiões de matrizes
Secretaria de Justiça e africanas, povos tradicionais e de terreiro e o movimento
Direitos Humanos LGBTQIA+ e a realização de seminários, reuniões,
oficinas de trabalho sobre a temática do racismo e
LGBTQIA+fobia;

Secretaria de Justiça
e Direitos Humanos, Recomendar a inclusão, nos ciclos básicos e nos cursos
Secretaria de Ciência e de nível superior, de conteúdos sobre relações étnicos
Tecnologia e Secretaria de raciais, diversidade sexual e de identidade de gênero;
Educação

Secretaria de Justiça
e Direitos Humanos, Formar os(as) profissionais da educação com ênfase
Secretaria de em cor, raça, etnia, diversidade sexual e de identidade
Administração, Secretaria de gênero, como meio de enfrentar à LGBTQIA+Fobia,
da Mulher, Secretaria de racismo, sexismo e machismo, existentes no ambiente
Ciência e Tecnologia e escolar;
Secretaria de Educação

28
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

Secretaria de Saúde, Propor a inclusão na política de Atenção à Saúde da


Secretaria da Mulher e População Negra o segmento LGBTQIA+, dando ênfase
Secretaria de Justiça e às lésbicas, mulheres bissexuais, travestis e transexuais
Direitos Humanos masculinos e femininos, negros e negras;

Secretaria de Justiça Promover ações voltadas para a segurança pública da


e Direitos Humanos e população negra LGBTQIA+, com prioridade para a
Secretaria de Defesa Social juventude negra LGBTQIA+;

Formar, continuamente, gestores (as), operadores(as) de


Secretaria de Justiça
direito e agentes sociais na área de segurança pública,
e Direitos Humanos e
com ênfase em cor, raça, etnia, diversidade sexual,
Secretaria de Defesa Social
identificação de gênero e direitos humanos;

Intensificar, no serviço público e privado, políticas para


Todas as Secretarias o enfrentamento à discriminação por orientação sexual,
identidade de gênero, cor, raça e etnia;

Criar indicadores para monitoramento de políticas


públicas destinadas à população negra, povos
Todas as Secretarias
tradicionais, indígenas e etc., com políticas afirmativas
de orientação sexual e identidade de gênero;

Intensificar, através das propagandas oficiais do governo


estadual, o reconhecimento da diversidade étnica, de
Todas as Secretarias
orientação sexual e identidade de gênero do povo
brasileiro.

29
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

5.8 Pessoas com Deficiência

R E S P O N SÁV E L M E TA S

Incluir a perspectiva da orientação sexual e identidade


Todas as Secretarias de gênero nas políticas voltadas à pessoa com
deficiência;

Formar, continuamente, conselheiros (as) sobre o direito


Secretaria de
à sexualidade da pessoa com deficiência, combatendo
Desenvolvimento Social,
toda forma de exploração e abuso sexual que possam
Criança e Juventude
decorrer de sua vulnerabilidade social;

Firmar parcerias com entidades de pessoas com


Todas as Secretarias deficiência, objetivando dar visibilidade e inclusão do
público LGBTQIA+;

Disponibilizar produção literária sobre a temática


Todas as Secretarias LGBTQIA+ em braile, letras ampliadas, também em
formato digitalizado e audiovisual, narrado e libras;

Garantir, nos encontros, palestras e seminários,


Todas as Secretarias conselhos e conferências LGBTQIA+ e demais,
acessibilidade para a pessoa com deficiência;

Secretaria de
Formar, continuamente, os (as) profissionais das
Desenvolvimento Social,
instituições públicas e privadas para trabalhar com
Criança e Juventude
pessoas com deficiência LGBTQIA+, garantindo a
e Secretaria de
inclusão e acessibilidade;
Administração

30
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

5.9 Pessoas Idosas

R E S P O N SÁV E L M E TA S

Secretaria de
Incluir a perspectiva de orientação sexual e identidade
Desenvolvimento Social,
de gênero nas ações da Política Estadual do (a) Idoso(a);
Criança e Juventude

Assegurar a questão da formação permanente dos(das)


funcionários(as) públicos(as) para a inclusão das
Todas as Secretarias
temáticas: de orientação sexual e identidade de gênero
da pessoa idosa LGBTQIA+;

Secretaria de
Incluir no Programa Humanidade atenção às pessoas
Desenvolvimento Social,
idosas com a temática LGBTQIA+;
Criança e Juventude

Promover o acompanhamento das profissionais do


Secretaria de
sexo da população LGBTQIA+ idosa, dando ênfase
Desenvolvimento Social,
às questões de gênero, saúde e, principalmente, a
Criança e Juventude
prevenção às DST/HIV/AIDS;

Secretaria de
Garantir ações afirmativas de promoção dos direitos e
Desenvolvimento Social,
da cidadania das pessoas idosas LGBTQIA+.
Criança e Juventude

31
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

6. Prioridades das Secretarias para o Plano LGBTQIA+/PE da


Diversidade

Dentro deste contexto, as secretarias do governo do Estado informam as 5 prioridades que irão tra-
balhar o Plano Estadual dos Direitos da População LGBTQIA+ de Pernambuco (2021, 2022 e 2023)
para o ano de 2021:

6.1 Secretaria de Saúde - SES

1. Formar e sensibilizar profissionais de saúde para o tratamento qualificado, no atendimento à po-


pulação LGBTQIA+, procurando garantir acesso igualitário na formação permanente;

2. Incentivar a criação de organismos municipais voltados ao fortalecimento da política LGBTQIA+,


tais como, conselhos, coordenadorias, gerências e outros;

3. Promover ações permanentes junto à Secretaria de Vigilância em Saúde, visando a construção


de indicadores da Saúde LGBTQIA+ e inclusão das variáveis de identidade de gênero e orientação
sexual, nas fichas de notificação e prontuários nos serviços de saúde;

4. Promover ações permanentes sobre promoção, prevenção e cuidado à saúde integral LGBTQIA+,
envolvendo as políticas estratégicas e SAP da Secretaria Estadual de Saúde;

5. Promover ações permanentes com as universidades (UFPE/NUSP, UPE/NISC, e FIOCRUZ/NESC)


e a Escola Estadual de Saúde Pública para elaboração de pesquisas e outras atividades que abor-
dem a temática Saúde Integral LGBTQIA+.

6.2 Secretaria de Educação e Esportes - SEE

1. Garantir formação continuada, para os(as) profissionais de educação, incluindo os(as)


das Casas de Juventude, contemplando a temática da diversidade sexual, identidade
de gênero e étnico-racial, com ênfase no enfrentamento à LGBTQIA+fobia, a partir da educação
infantil;

2. Elaborar materiais didáticos sobre diversidade sexual, identidade de gênero e étnico-racial, com
ênfase no enfrentamento à LGBTQIA+fobia, a partir da educação infantil;

3. Desenvolver campanhas de prevenção a DSTs/Aids e doenças sexualmente transmissíveis para

32
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

toda a comunidade escolar, em busca do exercício responsável da sexualidade;

4. Garantir a inclusão dos temas de identidade de gênero e orientação sexual nas políticas públicas
de ensino, para crianças, adolescentes, jovens e idosos/as;

5. Capacitar e sensibilizar os (as) profissionais que trabalham em instituições públicas,


que prestam assistência socioeducativa às crianças e adolescentes, visando a garantia
dos direitos humanos e respeito à diversidade sexual, identidade de gênero, cor, raça e etnia

6.3 Secretaria da Mulher – SECMULHER

1. Premiar, através de concursos e campanhas, as escolas de ensino básico, universidades e escolas


técnicas e os/as estudantes da rede pública por produções literárias e demais expressões culturais
pelo fim da LGBTQIA+fobia e pela consolidação do Estado Laico, nas perspectivas das temáticas
gênero e raça;

2. Criar e/ou ampliar acervos nas bibliotecas escolares com obras científicas, literárias, filmes e ou-
tros materiais que contribuam para promoção do reconhecimento da diversidade sexual, identidade
de gênero e etnia/raça, com tecnologia em Braille, Audiodescrição e Libras;

3. Capacitar e sensibilizar os (as) profissionais que trabalham em instituições públicas, que prestam
assistência socioeducativa às crianças e adolescentes, visando a garantia dos direitos humanos e
respeito à diversidade sexual, identidade de gênero e etnia/raça;

4. Promover ações permanentes com a Secretaria Executiva de Ressocialização, FUNASE e diversas


secretarias sobre a vivência da população LGBTQIA+ em privação de liberdade e cumprimento de
medidas socioeducativas;

5. Intensificar, no serviço público e privado, políticas para o enfrentamento à discriminação por


orientação sexual, identidade de gênero e raça.

6.4 Secretaria de Planejamento e Gestão - SEPLAG

1. Garantir ações afirmativas relativas à identidade de gênero e orientação sexual, bem como, en-
frentamento da LGBTQIA+fobia, através de campanhas publicitárias educativas na mídia (televisão,
rádio, jornal, revistas, outdoors etc.);

33
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

2. Potencializar e sensibilizar as Ouvidorias do Estado para acolher denúncias da população LGBT-


QIA+;

3. Articular e desenvolver ações de comunicação, de utilidade pública, respeitando a acessibilidade,


que garantam a divulgação dos Direitos Humanos e da cidadania da população LGBTQIA+, visando
ampliar o repasse de informações em relação ao tema e, sobretudo, sensibilizar a sociedade per-
nambucana para uma cultura de paz;

4. Estimular a implementação de ações no âmbito da administração pública estadual e da sociedade


civil de combate à LGBTQIA+fobia, que inclua o recorte de cor, raça, etnia e classe social;

5. Intensificar, no serviço público e privado, políticas para o enfrentamento à discriminação por


orientação sexual, identidade de gênero, cor, raça e etnia.

6.5 Secretaria de Cultura - SECULT

1. Criar mecanismos para projetos culturais da população LGBTQIA+ no âmbito estadual, com po-
líticas de inclusão para pessoas não cisgênera, tais como trans, travesti, não binária ou outra varia-
bilidade de gênero (queer/questionando, andrógine, fluido e mais), bem como para pessoas sem
identidade de gênero (agênero) ou com condição específica (intersexo), garantindo no Funcultura
ou através da criação de editais e demais incentivos e fomentos;

2. Promover formações para servidores(as) que envolvam a temática LGBTQIA+, voltadas para a su-
peração das desigualdades de gênero, orientação sexual, identidade de gênero, raça/cor, geração
e classe social;

3. Apoiar Paradas da Diversidade entre outros eventos, exemplo de datas comemorativas, festivais e
outras ações de promoção e formação, com temas referentes aos direitos e cidadania da população
LGBTQIA+;

4. Acompanhar e monitorar o uso dos registros de ocorrências e formulários de atendimento em


órgãos públicos e privados, a identificação de orientação sexual e identidade de gênero, para fins
estatísticos e de formulação de políticas públicas estratégicas de ações de atendimento;

5. Garantir ações afirmativas relativas à identidade de gênero e orientação sexual, bem como, en-
frentamento da LGBTQIA+fobia, através de campanhas publicitárias educativas na mídia (televisão,
rádio, jornal, revistas, outdoors; etc.)

34
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

6.6 Secretaria de Defesa Social - SDS

1. Articular com o Programa Pacto Pela Vida um instrumento para mensurar indicadores de Violência
contra a População LGBTQIA+ em todos os aspectos; (GACE)

2. Acompanhar e Monitorar o uso dos registros de ocorrências e formulários de atendimento em


órgãos públicos, a identificação de orientação sexual e identidade de gênero, para fins estatísticos e
de formulação de políticas públicas estratégicas de ações de atendimento; (GACE)

3. Criar instrumentos para notificação dos índices de violência contra LGBTQIA+; (GACE)

4. Garantir ações afirmativas relativas à identidade de gênero e orientação sexual, bem como, en-
frentamento da LGBTQIA+fobia, através de campanhas publicitárias educativas na mídia ( televisão,
rádio, jornal, revistas, outdoors etc). Essa ação, nesse formato, não tem como a SDS executar tendo
em vista que as secretarias não dispõem de orçamento próprio para publicidade, às mídias pagas
são definidas e coordenadas pelo Núcleo Especial de Comunicação (NEC) do Governo de Pernam-
buco. Em relação a esse conteúdo específico, a articulação é feita entre a Secretaria de Desenvolvi-
mento Social, Criança e Juventude, coordenadora da Política LGBTQIA + no Estado, e o NEC.

Entretanto podemos realizar essa ação dessa forma: “Fortalecer ações afirmativas relativas à iden-
tidade de gênero e orientação sexual, bem como o enfrentamento à LGBTQIA+fobia, através de
divulgação de conteúdos, nas mídias institucionais disponíveis, a partir de ações e projetos desen-
volvidos pela SDS, operativas e órgãos vinculados no combate ao preconceito e à discriminação;
(CICOM)

5. Potencializar e sensibilizar as Ouvidorias do Estado para acolher denúncias da População LGBT-


QIA+. (Ouvidoria)

6.7 Secretaria de Turismo e Esportes - SETUR

1. Promover Formações de Servidores (dia 10 set);

2. Apoiar a parada;

3. Capacitar profissionais das diversas áreas do turismo p atendimento à população LGBTQIA+ (pode
ser uma ação a ser desenvolvida por nós?);

35
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

4. Participação no Fórum brasileiro em São Paulo em Setembro;

5. Campanha de conscientização através de nossos veículos de comunicação e mídias sociais.

6.8 Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventu-


de - SDSCJ

1. Criar Instrumentos e Dispositivos legais que coíbam estabelecimentos públicos e privados que
discriminem e/ou desrespeitem a população LGBTQIA+;

2. Estabelecer políticas focadas na utilização dos meios de comunicação de massa como instrumen-
tos de promoção da cidadania LGBTQIA+;

3. Formar, continuamente, gestores operadores de direitos e agentes sociais na área de segurança


pública, com ênfase em cor, raça, etnia, diversidade sexual, identificação de gênero e direitos hu-
manos;

4. Realizar formações permanentes com as equipes do CRAS E CREAS de acessibilidade e acolhi-


mento, na promoção dos direitos da população LGBTQIA+;

5. Promover e garantir capacitações visando à qualificação e inserção no mercado de trabalho da


população LGBTQIA+, através de parcerias com instituições de ensino superior, institutos de pes-
quisa (visando curso técnicos e tecnológicos), ONGs, organizações da sociedade civil, empresas
privadas, OSCIPs e serviço público.

6.9 Secretaria do Trabalho, Emprego e Qualificação - SETEQ

1. Qualificação profissional através de cursos direcionados a população LGBTQIA+;

2. Políticas de acesso a emprego e renda;

3. ncentivo ao empreendedorismo e ao primeiro emprego;

4. Política de acesso a informações;

5. Incentivo a proteção e acolhimento das pessoas LGBTQIA+ no âmbito coorporativo;

36
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

6.10 Secretaria de Justiça e Direitos Humanos - SJDH

1. Garantir a manutenção do Centro Estadual de Combate à Homofobia, com equipe multidisci-


plinar: assistentes sociais, advogados(as), psicólogos(as) e educadores(as) sociais, infraestrutura e
condições para a interiorizando de suas ações;

2. Garantir formação para os(as) profissionais de educação, da saúde e da assistência social, con-
templando a temática da diversidade sexual, identidade de gênero e étnico-racial, com ênfase no
enfrentamento à LGBTQIA+fobia;

3. Promover ações permanentes com a Secretaria Estadual de Ressocialização, FUNASE e Coorde-


nação Estadual de Saúde Prisional, qualificando o atendimento à População LGBTQIA+ privada de
liberdade;

4. Garantir ações afirmativas relativas à identidade de gênero e orientação sexual, bem como, enfren-
tamento da LGBTQIA+fobia, através de campanhas publicitárias educativas na mídia e veículos de
comunicação, bem como por meio do apoio a eventos, como a Parada da Diversidade, entre outros;

5. Participar dos espaços de incidência nas políticas públicas, como: Conselho, Fórum de gesto-
res(as) e Comitês para o enfrentamento às situações de violência e discussões de políticas públicas
para a população LGBTQIA+.

6.11 Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação - SECTI

1. Campanha de Conscientização através das mídias sociais ;

2. Realizar atividades de educação e divulgação científica, através de exposições, oficinas e discus-


sões científicas voltadas para a população LGBTQIA+;

3. Realizar programas e atividades itinerantes de educação e divulgação científica;

4. Potencializar o acesso a formação da população LGBTQIA+ em nível superior, prioritariamente


nos cursos de áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, através do atendimento às
demandas dos setores econômicos do Estado de Pernambuco, propiciando melhor qualificação de
recursos humanos para a sociedade e inclusão social e laboral .

5. Fortalecer as ações afirmativas na Formulação, fomento e execução das ações de política estadual
de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação.

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

7. Carta-proposta para o combate ao extermínio de travestis


e transexuais

Com 152 assassinatos e mais de 350 casos de violência em um ano, o Brasil é o país que mais mata
pessoas trans no mundo, seguido pelo México com 56 assassinatos e EUA com 28, segundo dados
da Transgender Europe (TGEU/2020), monitorados entre 01 de outubro de 2019 a 30 de setembro
de 2020.

Pernambuco desponta como um dos estados mais violentos para esta população. Desde 2017,
quando a Associação Nacional de Travestis e Transexuais/ANTRA iniciou uma série de levantamen-
tos anuais sobre os registros e casos identificados de assassinato de pessoas trans em todo o Brasil,
o estado ostenta o triste status de ser uma das Unidades Federativas da União mais letais para esta
população. Sendo o 6º/2017 em números absolutos (13 assassinatos), 10º/2018 (7 assassinatos),
4º/2019 (8 assassinatos), e 7º/2020 (7 assassinatos), em números totais de 2017 a 2020, encontra-se
em 6º mais letal segundo dados da ANTRA. Em 2021, o estado pernambucano atingiu a triste marca
de 7 assassinatos em 9 meses (segundo a Rede de Observatórios da Segurança/2021), consideran-
do os assassinatos ocorridos tanto na Região Metropolitana de Recife (RMR), quanto no interior do
estado. São em sua grande maioria, casos de violência extrema, brutal e desproporcional, premedi-
tadas por motivos torpes, sem chance de defesa para a vítima, e com requintes de crueldade.

Casos como o de Lorena Muniz (25), mulher transexual pernambucana que foi esquecida sedada
em uma maca, durante um incêndio numa clínica estética no estado de São Paulo, há milhares de
quilômetros de sua residência e sua rede de apoio, por não ter sua demanda atendida pelo SUS do
estado. Ou o de Roberta Silva (33), travesti, preta, moradora de rua, incendiada durante a madruga-
da enquanto dormia, por um adolescente adoecido e esquecido pelo Estado, que instrumentalizou
a transfobia contra o corpo da vítima, de acordo com o ódio estrutural e institucional difundido
por grupos conservadores e fundamentalistas da sociedade que estigmatizam e demonizam as
identidades trans, ocasionando seu óbito após ter 40% do seu corpo queimado e os dois braços
amputados. Evidencia-se também os casos de Rebeca (24) e Fabiana (30), que não menos brutais,
foram esfaqueadas e alvejadas por armas de fogo no interior do Estado, onde as políticas estaduais
chegam com mais dificuldades ou nem chegam.

Em virtude disso, entre os dias 16 e 18 de julho de 2021, reuniram-se ativistas e movimentos de defe-
sa da população de pessoas trans e travestis (TT) de Pernambuco, em Glória do Goitá, para produzir
uma estratégia de intervenção emergencial a ser apresentada ao Poder Executivo deste estado. O
presente documento é síntese e resultado deste processo, que se balizou pelas compreensões de
que:

1. O Estado de Pernambuco encontra-se entre os 6 mais letais no Brasil para a população trans,

38
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

consequentemente, um dos mais violentos e mortais do mundo para tal recorte populacional. Sa-
bendo que os dados são subnotificados, haja visto a negligência policial em registrar os casos de
transfobia e as fragilidades das atuais leis que abarcam este tipo de crime, o real número de mortes
e violências são muito maiores;

2. Pernambuco, apesar de ser uma das Unidades Federativas com razoável número de equipa-
mentos estaduais de prevenção à violência e vulnerabilidade social desta população, mantém tais
mecanismos sucateados e sem verbas condizentes, demonstrando estarem ineficazes e obsoletos;

3. O Estado tem por pressuposto a admissão de respeito e proteção a projetos de vida distin-
tos daqueles considerados como padrão pela maioria da sociedade, sendo o direito à segurança,
fundamental e previsto no caput do art. 5º da Constituição Federal. Sempre que um recorte popu-
lacional encontra-se insuficientemente protegido, o Estado tem o dever constitucional de aprovar
leis, medidas e políticas públicas para efetivar a proteção da população em questão das opressões
que lhe assolam.

7.1 Propostas

7. 1 . 1 C A S A D E AT E N Ç Ã O I N T E G R A L A T R AV E S T I S E P E S S O A S T R A N S

OBJETIVO PRINCIPAL:

• Acolher integralmente a população de pessoas trans e travestis de todo o estado de Pernam-


buco.

Objetivos secundários:

• Servir como ponto de apoio, acolhimento e cuidado às pessoas trans e travestis do estado de
Pernambuco;

• Superar as atuais debilidades e potencializar o funcionamento e o acesso aos equipamentos e


serviços públicos já existentes pertinentes a esta população;

• Servir a nível nacional como programa-modelo em desenvolvimento;

A “Casa Estadual de Atenção Integral a Travestis e Pessoas Trans” deverá conter equipes interdisci-
plinares para atender aos objetivos deste programa na Região Metropolitana e em todo o estado.
As regiões da Zona da Mata, Agreste e Sertão deverão conter equipes próprias de atendimento

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

interdisciplinar em alinhamento com a “Casa de Acolhimento Estadual” da RMR. Como principio


de combate a transfobia institucional e estrutural queremos que a maior parte da equipe, senão a
equipe toda, a ser contratada ou realocada pelo estado seja composta por pessoas Trans e Travestis,
priorizando pessoas não-brancas, entendendo a importância da educação entre pares e de que o
próprio Estado proporcione vagas e acessibilidade ao mercado de trabalho combatendo a transfo-
bia institucional, se propondo como projeto modelo.

Isso posto, consideramos que a Casa de Atenção Integral justifica-se na promoção das seguintes
ações:

• Atuar como Casa de Passagem, com estrutura para abrigamento de pessoas trans e travestis em
situação de alta vulnerabilidade, condicionada ao acompanhamento da população usuária pelos
serviços, dispositivos e equipamentos pertinentes;

• Atuar como porta de entrada, ponte e acolhimento (presencial ou remotamente) para os demais
serviços pertinentes à população usuária;

• Criar e executar um canal com função de Ouvidoria, por meio de um “Disque X”, para recebi-
mento e encaminhamento de denúncias sobre situações de discriminação da população TT dentro
dos equipamentos do estado;

• Criar, promover e executar espaços formativos com foco em empregabilidade, combatendo a


vulnerabilidade socioeconômica atentando o fomento à autonomia e preparação para inserção no
mercado de trabalho;

• Promover a articulação e a parceria entre órgãos governamentais, institutos de pesquisas e


Universidades, visando estabelecer estratégias específicas e instrumentos técnicos que possam ma-
pear e produzir dados e informações sobre a condição socioeconômica da população TT; sobre a
situação e as políticas de saúde, assistência e benefícios previdenciários; sobre relações de gênero a
partir de uma perspectiva racial; e sobre condição e acesso aos direitos da juventude de pessoas TT;

• Estabelecer e implementar estratégias de sensibilização dos operadores do Direito, assessorias


legislativas e gestores de políticas públicas sobre os direitos das pessoas TT;

• Ampliar a articulação com o Ministério do Trabalho, na implementação de políticas de combate


à discriminação/exclusão no ambiente de trabalho, incluindo nos programas de políticas afirmativas
existentes, como GRPE (Gênero, Raça, Pobreza e Emprego) e da fiscalização do trabalho, o combate
à discriminação de travestis e transexuais, bem como de políticas de acesso ao emprego, trabalho
e renda;

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

• Apoiar a criação de um Grupo de Trabalho para elaborar um plano para o fomento, incentivo e
apoio às produções artísticas e culturais que promovam a cultura e a não- discriminação de gênero;

• Apoiar a produção de bens culturais e eventos de visibilidade massiva de afirmação das identi-
dades de gênero TT;

• Estimular e apoiar a distribuição, circulação e acesso aos bens e serviços culturais com temática
ligada ao combate à transfobia e à promoção da cidadania da população de pessoas TT;

• Encaminhar e acompanhar casos, quando pertinente, às DEAM (Delegacias Especializadas da


Mulher), bem como fiscalizar a atuação das DEAM no que diz respeito ao atendimento da popula-
ção de pessoas TT;

Para tal é primordial que o espaço disponha não apenas de estrutura física adequada às atividades
descritas, mas também de equipe interdisciplinar. Em consonância com os princípios e contexto
desta Carta, entendemos, por representatividade, que para a composição da referida equipe, sejam
priorizadas pessoas trans e travestis.

Dada sua estrutura física e de pessoal, compreendemos também que este espaço é apto a receber
a responsabilidade de gestão de outros serviços e dispositivos públicos que

eventualmente possam ser desenvolvidos para atender a essa população, tornando-se, inclusive,
referência e modelo a ser replicado fora do estado.

7. 1 . 2 C A M PA N H A B I F O C A L C O N T R A A T R A N S F O B I A E O T R A N S F E M I N I C Í D I O

Objetivo Principal:

• Promover um debate qualificado e coerente sobre a existência e as raízes da opressão estrutural


e as violências que a população TT estão submetidas.

Objetivos secundários:

• Promover uma conscientização social em favor da respeitabilidade das pessoas TT para construir
um cenário mais positivo na implementação de políticas públicas ;

• Estimular as denúncias e o reconhecimento dos crimes de transfobia e transfeminicídio ocorri-


dos em todos os âmbitos da sociedade;

O entendimento e a propagação da ideia por parte dos setores conservadores e cristãos funda-
mentalistas de que corpos trans ameaçam a estrutura da família — instituição entendida como base

41
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

da sociedade —, que não devem ter direitos garantidos e que devem se arrepender de seus com-
portamentos pela crença na existência de um Deus que abomina a vivência destas pessoas, vem
diariamente fundamentado e justificando as agressões, exclusões e extermínio dessa população.

As formas brutais de assassinato, a demonização destes corpos, os constrangimentos públicos com


base na publicização dos genitais destas pessoas, além da vergonha e repulsa que as famílias sen-
tem de seus membros, resultando na expulsão do convívio familiar, hostilidade do meio escolar, na
compulsoriedade da prostituição, nos estupros corretivos, no aumento da população em situação
de rua, e de maior exposição de IST’s, são fatores que evidenciam a não aceitação destes corpos
por questões religiosas e moralistas, que não devem pautar o tratamento digno a estas pessoas,
bem como não podem ser aceitos como entraves para a garantia de direitos e acolhimento público
deste recorte social.

Desta forma a Campanha Estadual contra a Transfobia tem por cerne desmentir esta narrativa he-
dionda e excludente, localizar politicamente a perversidade e autoritarismo de uma parte da popu-
lação que atua para impedir avanços sociais amparados em valores culturais obscurantistas, visões
de mundo medievais e, sobretudo, compartilhar o entendimento da transexualidade, transgene-
ridade e travestilidade a partir da ótica das pessoas trans e seus movimentos sociais para que as
tratativas de respeito e a construção da dignidade dessa população seja não só um dever do estado,
mas um compromisso de toda a sociedade.

Portanto, entendemos como uma demanda urgente a promoção de um debate sério sobre a exis-
tência desta opressão e das violências que a população TT estão submetidas no cotidiano diante da
consolidação de um senso comum transfóbico e cissexista que atribuí um valor demoníaco, inferior,
patológico e de perigo para corpos trans que tem como consequência a desumanização destas
pessoas, designando um tratamento de desprezo e violência. Desta forma a campanha visa trazer
um esclarecimento anti-transfóbico para a sociedade civil e trabalhadores de serviços públicos atra-
vés de uma atuação bifocal escoada em um conjunto diverso de vias: através de material midiático
que deve ser veiculado em tvs, rádios, redes sociais, sites e outdoors, bem como a elaboração de
material impresso para divulgação nos espaços e transportes públicos do estado; formação e capa-
citação de gestoras/es, equipes de referência e/ou técnicas, para cumprimento de protocolos que
combatam os entraves para a inclusão da população TT nos serviços oferecidos pelo Estado, para
que, obrigatoriamente, reconheçam a autoidentificação desta população, priorizem um atendimen-
to específico a esta demanda e, principalmente, lide com essas pessoas com dignidade, algo que
não está acontecendo atualmente nos equipamentos e serviços públicos.

Acreditamos que assim seja possível promover uma conscientização social em favor da respeita-
bilidade das pessoas trans para construir um cenário mais positivo na implementação de políticas
públicas que valorizem a diversidade de corpos e permita a emergência de uma cultura social que

42
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

preze pelos direitos das pessoas TT e que, diante da consolidação da campanha, estimule as denún-
cias dos crimes de transfobia ocorridos em todos os âmbitos da sociedade.

Considerações iniciais

A campanha deve ser construída sistematicamente pelos movimentos sociais TT em parceria com
a gestão estadual, já que o estado de Pernambuco, diante de seus equipamentos sucateados, já
provou não conseguir desenvolvê-la nos métodos, meios e com a urgência e o conteúdo que esta
população precisa.

Antes de sua veiculação e lançamento no âmbito da sociedade civil, a campanha deve ser apresen-
tada a toda sociedade de forma que inicie o debate sobre o tema de maneira pedagógica e respon-
sável, trazendo o interesse dos meios de comunicação sobre sua abordagem e necessidade, sem
negligenciar o tom de denúncia sobre as violências cotidianas por parte do Estado e da sociedade.
A abrangência da campanha deve chegar em todo o Estado de Pernambuco, sobretudo a partir dos
equipamentos e serviços públicos, mas também através dos meios de comunicação e de eventos
para a mobilização de atores sociais locais que ajudem na sua consolidação e na propagação das
mensagens e objetivos que ela veicula.

Em relação aos agentes públicos, a formação e capacitação que visa melhorar o acolhimento do
Estado à população TT deve ser obrigatória, atendendo a criação de protocolos e o cumprimento
dos já existentes sob risco de responsabilização por negação de direitos fundamentais, sobretudo
no acesso à saúde e à educação.

Assim, a campanha será aplicada em duas áreas distintas:

• Sociedade Civil - Área 1 - audiovisual/ sonora/ fotográfica / leitura

A área 1 abrangerá a sociedade civil como um todo, através de veículos audiovisuais, sonoros, ima-
géticos e escritos. A midiática utilizada para veiculação da campanha deverá ser feita por emissoras
de rádio e televisão, redes sociais de instituições públicas em forma de stories e posts, jornais, out-
doors, grafitagem, panfletos, folders.

• Agentes públicas(os) - Área 2 - Formação dos serviços do Estado

A área 2 terá como abrangência toda a rede de servidoras(os) e funcionárias (os) do Estado, sendo
que, este deverá buscar diálogo com as esferas federais e municipais que atuem nos municípios e
territórios de Pernambuco, visando o atendimento humanizado de toda a população TT pernambu-
cana, de acordo com a constituição federal de 1988.

43
Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

A campanha deverá ter caráter contínuo, havendo a seleção de áreas de atuação e setores prioritá-
rios. Observa-se ainda que as gestões públicas obedecem períodos de duração em acordo com os
períodos eleitorais, respeitando o regime democrático de governo. Isto sugere que a campanha seja
planejada e executada durante toda a vigência da gestão corrente, mas também que seja dada con-
tinuidade nas gestões seguintes através de convênios entre as esferas e instrumentos legislativos.

A campanha também deverá ser interiorizada, garantindo o pleno atendimento de toda a popu-
lação TT pernambucana, nos padrões descritos acima. Para tal, sugere-se que sejam utilizadas as
instituições e mecanismos que tenham capilaridade máxima e possibilitem tais ações. Dentro desta
ótica, identificamos o Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA por ser uma autarquia estadual
vinculada à esta unidade federativa, estando presente em praticamente todos os municípios do
estado, contando com escritório físico minimamente estruturado (computadores, impressora, GPS,
veículo próprio e equipe técnica); também identificamos os Centros de Referência em Assistência
Social - CRAS, e os Centros de Referências Especializados em Assistência Social - CREAS, que apesar
de serem vinculados ao Sistema Único de Assistência Social - SUAS, de gestão Federal, possuem
capilaridade e potencial para a execução desta capacitação, assim como execução pela esfera mu-
nicipal.

Como locais de aplicação desta campanha bifocal, o presente documento indica as redes de aten-
ção básica, as redes estaduais de saúde, as redes estaduais de educação, Centros de Referência em
Assistência Social - CRAS, e os Centros de Referências Especializados em Assistência Social - CREAS,
vinculados ao SUAS; zona rural (Postos de Saúde da Família - PSF, agentes públicas(os), grupos es-
colares - GRES…) e diversas instâncias da Segurança Pública.

Conteúdo da Campanha

• SAÚDE - A população TT deve ter o direito integral à saúde garantido pelo Estado e respeitado
por toda a sociedade, assim como todas as demais questões relacionadas a tal, inclusos pontos
específicos tais como: acesso à saúde geral; gravidez em homens trans, transmasculines e pessoas
com útero; parentalidade e direitos reprodutivos de pessoas TT, o direito à mastectomia masculini-
zadora pela rede pública. Além disso, é preciso que seja tomada como questão de saúde pública e
as consequências da falta de acesso e cuidado, que levam tal população a recorrer a clínicas priva-
das e/ou clínicas clandestinas para, por exemplo, procedimentos com silicone industrial. Por serem
situações e experiências vivenciadas exclusivamente por tal população, é desconhecida pela popu-
lação cisgênera, trazendo a urgência em trazer à luz da sociedade pernambucana de forma ampla
e irrestrita. Ademais, também precisamos discutir e avançar na descentralização e interiorização dos
serviços estaduais de saúde para a população TT.

• CONCEITOS SOBRE IDENTIDADE DE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL - É fato que a socie-

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

dade civil no geral ainda desconhece conceitos básicos acerca das diversidades sexuais e de gê-
nero, e que cada vez mais vêm surgindo de formas múltiplas, muitas vezes causando confusão e
desinformação sobre o tema. Tal realidade é fator de preconceito, discriminação, constrangimento,
exclusão, violações de direitos diversos, violências físicas, psicológicas, patrimoniais, sexuais, etc,
baseadas exclusivamente na transfobia, atravessadas e sobrepostas por outras formas de opressão
como racismo, capacitismo, classismo. Sugere-se que as atividades da campanha apresentem de-
poimentos de pessoas trans que passam ou tenham passado por tais situações de constrangimento
e violência a fim de conscientizar a população geral sobre o impacto na vida destas pessoas. Salien-
ta-se que tais medidas visam proteger o recorte populacional, assim como garantir-lhes dignidade,
proteção, condições de vida satisfatórias para seu desenvolvimento e qualidade de vida além dos
35 anos (expectativa média de vida da população).

• VIOLÊNCIA DOMÉSTICA TRANSFÓBICA - Muitas vezes o primeiro espaço de violações de direi-


tos, de violência sexual, de discriminação, é o próprio ambiente familiar. É uma ação inegociável a
conscientização deste núcleo social, assim como o incentivo às denúncias de violações e violências
sofridas por crianças e adolescentes trans, muitas vezes operacionalizadas por seus próprios entes,
e/ou pessoas com quem convivem no âmbito familiar. Entende-se que tais violências e violações
comprometem tanto a saúde física e mental destas pessoas, assim como dão início a um ciclo de
precarização da vida e vulnerabilidade social que só se encerram com a morte, cada vez mais pre-
coce.

• CARTILHA CONTRA A TRANSFOBIA - A população trans sofre uma infinidade de violências e


violações de direitos específicas não vivenciadas pelos demais recortes populacionais cisgêneros
que a sigla LGBT abriga. São situações que impactam diretamente nas vidas destas pessoas e que
criam todo um ciclo de precarização das suas existências, que vão desde a hostilidade e expulsão
dos meios familiar e escolar, até o “transhomicídio”/transfeminicídio, passando pela prostituição
compulsória, e toda violência envolvida. Portanto, diante das profundas especificidades das experi-
ências vividas pela população TT, compreendemos que se faz necessária a elaboração e divulgação
de uma cartilha específica voltada para esta, além da já existente cartilha contra a LGBTfobia.

• FAMÍLIA - Como dito mais acima, muitas vezes a defesa do modelo padrão familiar cisheteronor-
mativo é utilizado como ferramenta para a opressão, discriminação e não reconhecimento das mais
diversas conformações familiares possíveis, dentre elas as famílias compostas por pessoas trans e
travestis. É urgente o combate pelo Estado deste tipo de discriminação, que se expressa tanto nas
relações cotidianas quanto nos serviços públicos, chegando ao caso de negação de direitos fami-
liares básicos.

• DIREITO À CIDADE - Neste ponto, entendemos ser necessário abordar as violências e cons-
trangimentos ocorridos nos espaços públicos de circulação e agravado no caso da população TT

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

vivendo na rua, sendo o direito de viver a cidade um direito de todos. Diversos são os casos de
constrangimentos para utilização de espaços como banheiros públicos, provadores de lojas e outros
espaços categorizados por gênero. Faz-se necessária a abordagem sobre os direitos já existentes
que garantem o livre e adequado acesso pelas pessoas TT a esses espaços

• PRIVAÇÃO DE LIBERDADE E VIOLÊNCIA CARCERÁRIA - Sabendo-se a população trans no ex-


tremo da vulnerabilidade social, da baixa escolaridade, ausência de capacitação técnica, não aceita-
ção/absorvimento no mercado formal de trabalho, é incontestável a dificuldade para manutenção
de suas próprias vidas. Em virtude da necessidade econômica de comer, vestir, morar e arcar com
contas e demais despesas, esta população é compelida a atividades degradantes, com altos índices
de insegurança, insalubridade e violência, e até mesmo à atividades ilícitas. Não por acaso, segundo
o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (2020), 38,5% da população carcerária
brasileira de Travestis e Mulheres Trans está em privação de liberdade por roubo, e 34,6% por tráfi-
co, atividades criminais ligadas a aspectos de socioeconômicos e raciais, num total de 73,1% desta
população, evidenciando seu caráter de extrema vulnerabilidade social. Não obstante sina tão cruel,
estas pessoas ainda passam por inúmeros constrangimentos, violações e violências que vão além
da realidade vivida pela população cisgênera encarcerada. Desde encarceramento em desacordo
com sua autodeclaração de gênero, até trabalhos forçados, constrangimentos, abusos sexuais, es-
tupros coletivos e corretivos, agressões físicas em função de suas identidades de gênero. Com isto,
não apenas se faz necessário a garantia dos direitos humanos destas pessoas trans e travestis sob
tutela do Estado, como também a conscientização acerca dos direitos desta, pela sociedade e toda
população carcerária das unidades prisionais e penitenciárias do Estado de Pernambuco e seus
agentes públicos.

• EDUCAÇÃO - Sendo um dos primeiros ambientes sociais das pessoas de forma geral, a escola é
fundamental e determinante para o desenvolvimento cognitivo, da sociabilidade e psicomotor das
pessoas, e consequentemente para a inserção dos sujeitos na sociedade, e no mercado de traba-
lho. Com elevadas e lamentáveis taxas de evasão escolar (leia-se exclusão escolar), a população de
crianças e adolescentes trans são vítimas constantes de bullying transfóbico nestes espaços. Cons-
trangimentos públicos, impossibilidade de uso do nome social e banheiro em conformidade com o
gênero, estigmatização, agressões físicas e violência sexual são apenas alguns dos exemplos de tal
transfobia o que comprova a hostilidade escolar para esta parcela da juventude trans. É de extrema
urgência que estes projetos de vida não sejam interrompidos. É imprescindível que a vida destas
pessoas não seja desestruturada. É neste sentido que o ambiente escolar é fundamental para a for-
mação deste recorte populacional e é indiscutível que o Estado tem a responsabilidade de garantir
a permanência escolar destas crianças e adolescentes, assim como conscientizar toda a sociedade
a este respeito.

• QUALIFICAÇÃO, EMPREGABILIDADE, TRABALHO E RENDA - Um dos grandes desafios do

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

combate à transfobia, é a inclusão da população trans no mercado de trabalho e a naturalização


destas(es) cidadãs(os). Graças à baixa ou nenhuma escolaridade, as pessoas TT atingem a idade
economicamente ativa sem condições de concorrência em um mercado de trabalho cada vez mais
competitivo, machista, capacitista, racista e tecnocrata. Com o aumento da recessão, do desempre-
go e da transfobia no mercado de trabalho, este recorte populacional é compelido ao subemprego,
a atividades insalubres e sem nenhuma margem de segurança e regulamentação, como a prostitui-
ção compulsória.

Estando, segundo dados da ANTRA (2021), 90% da população de travestis e mulheres trans com-
pulsoriamente exercendo a prostituição, e sabendo das dificuldades desta mudança de cenário em
curto prazo, verifica-se a urgência em criar uma normativa regulatória, assim como uma agência
estadual reguladora que assegurassem os direitos e a segurança destas/destes profissionais, ofere-
cendo condições de exercerem suas profissões dignamente.

Para tal, faz-se necessário a conscientização do papel social do sexo, assim como a divulgação dos
direitos destas profissionais em todas as camadas da sociedade pernambucana.

Tendo em vista o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, machista, capacitista, racista e
tecnocrata e a importância de abrir mercados além do sexo, verifica-se imprescindível a oferta de
cursos de formação profissional e capacitação como forma de qualificar e conferir condições de
concorrência às pessoas TT. Há uma certa tendência de vincular e também estigmatizar a força
trabalhadora TT em áreas como estética ou culinária. É importante pensar em qualificar nas mais
diversas áreas, permitindo novas experiências e horizontes profissionais.

Compreendendo o mercado de trabalho como um universo dinâmico e em constante transforma-


ção, entendendo a transfobia como algo estrutural em nossa cultura, faz-se responsabilidade do
Estado o fomento de campanhas sobre inclusão no mercado de trabalho, assim como programas
de incentivos fiscais, e criando sistemas de cotas nas diversas áreas e setores da esfera estadual.

7. 1 . 3 P R O T O C O L O S E M C I D A D A N I A E S E G U R A N Ç A P Ú B L I C A

Objetivo principal:

• Estabelecer protocolos para adequado acolhimento às denúncias e às vítimas de transfobia e/


ou transfeminicídio

Objetivos secundários:

• Capacitar as equipes responsáveis para a adequada condução das situações;

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

• Consolidar uma política de estado bem definida para a condução dos casos;

• Avançar no atendimento às especificidades próprias das violências sofridas por essa população;

É premente que os serviços, equipamentos e dispositivos já existentes estejam preparados para


receber a população de pessoas trans e travestis. Se a qualidade desse acolhimento perpassa a
adequada capacitação das equipes, é importante que também avancemos no desenho de proto-
colos específicos, que não só assegurem a qualidade do atendimento realizado, como também a
consolidem como política efetiva de estado.

O contexto em que esta carta é produzida evidencia que Segurança Pública é um ponto delicado e
merecedor de atenção. Destacamos uma ausência dupla: falta um lugar específico designado para
receber essas denúncias, e a experiência já vem mostrando o sucesso desse tipo de particularização
de atendimento em casos como os das DEAM - Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher;
falta protocolos que garantam que pessoas trans e travestis tenham acolhimento e abordagem ade-
quada, considerando tanto suas particularidades identitárias quanto as das violências e violações
sofridas.

Sobre isso, consideramos serem as DEAM o equipamento mais preparado atualmente para ser re-
ferenciado e preparado para o acolhimento da população de pessoas TT, inclusive homens trans,
transmasculinidades e demais pessoas com útero, que estão à mercê de violências sexuais e de
gênero específicas. O afirmamos não a partir de uma suposta adequabilidade identitária, já que
parte significativa da população de pessoas trans e travestis não são mulheres, mas pela eficiência
técnica implicada em seu foco e experiência em violências e violações relacionadas a gênero. Para
tal, deve-se desenvolver protocolo específico, visando as referidas garantias:

• Protocolo de acolhimento e acompanhamento de denúncias de pessoas trans e travestis pelas


DEAM — Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher

◦ Garantir uso de nome social, pronome e tratamento por gênero adequado ao autoidentificado
pela pessoa denunciante;

◦ Garantir a produção de dados e estatísticas a partir do uso deste equipamento por essa po-
pulação;

◦ Garantir e parametrizar a notificação de outros dispositivos e equipamentos pertinentes quan-


to à denúncia recebida, preferencialmente os especializados em questões de gênero/sexualidade
e/ou direitos humanos, que possam dar suporte no acompanhamento do caso e colaborar com a
segurança da pessoa denunciante;

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

◦ Garantir, quando necessário, escolta na ida à delegacia e na volta para casa.

Ainda no escopo da segurança pública, a vulnerabilidade da população de pessoas trans e travestis


é acentuada quando encontra-se na condição de suspeita de crime ou delito e precisa enfrentar
abordagem e apreensão pela força policial. Para minimizar violações nestas circunstâncias, deve-se
desenvolver protocolo voltado às garantias abaixo descritas:

• Protocolo de apreensão de pessoa suspeita, quando esta é pessoa trans ou travesti

◦ Garantir uso de nome social, pronome e tratamento por gênero adequado ao autoidentificado
pela pessoa abordada;

◦ Garantir a integridade física e psicológica da pessoa apreendida;

◦ Garantir e parametrizar a notificação de outros dispositivos e equipamentos pertinentes quan-


to à denúncia recebida, preferencialmente os especializados em questões de gênero/sexualidade
e/ou direitos humanos;

◦ Garantir o acionamento de dispositivos e serviços protetivos, que acompanhem os casos e


garantam os direitos civis de pessoas trans e travestis em acusação de atividade criminal.

Outro problema constante nos casos de violência publicizados no último mês, em Pernambuco, e
que é frequentemente presente em casos similares, é o desrespeito ao nome social da pessoa trans
e travesti, decorrente deste não constar em documentos oficiais. Ainda que a possibilidade de retifi-
cação cartorial de nome e sexo, conquista recente do movimento de pessoas TT, tenha facilitado o
processo, ainda encontra barreiras significativas no acesso a pessoas em situação de rua e de maior
vulnerabilidade social. Deve-se criar protocolo para endereçar a questão:

• Protocolo de retificação de nome e sexo para pessoas em situação de rua e/ou alta vulnerabi-
lidade

• Garantir o amplo conhecimento, por parte da população alvo, da possibilidade de retificação de


nome e sexo por via cartorial;

• Garantir que os serviços de assistência social façam o encaminhamento para retificação, aten-
dendo às necessidades de transporte e segurança;

• Parametrizar e viabilizar a emissão de certidões por parte da equipe dos serviços de assistência,
por procuração, nos casos em que considerar-se pertinente e mediante expresso desejo e autoriza-
ção da pessoa usuária.

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

Salienta-se, ainda, que todos os protocolos e políticas referentes ao uso do nome social devem
assegurá-lo mesmo para pessoas que não realizaram a retificação do registro, bem como garantir,
nesses casos, que o nome de registro não seja constante ou mencionado em documentos de circu-
lação e/ou de visibilidade pública. Ainda, em documentos onde o nome civil deve constar, o nome
social deve estar em destaque.

Por fim, é inegociável que os referidos protocolos sejam desenvolvidos em parceria com a socieda-
de civil organizada nos movimentos políticos de pessoas trans e travestis.

7. 1 . 4 P R O G R A M A D E E L E VA Ç Ã O E D U C A C I O N A L E E M P R E G A B I L I D A D E

Objetivo principal:

• Proporcionar a elevação da escolaridade de travestis e transexuais.

Objetivos secundários:

• Combater a transfobia institucional nas escolas de Pernambuco;

• Diminuir o índice de evasão escolar de pessoas trans e travestis;

• Melhor preparação para inserção e atuação no mercado de trabalho.

O programa tem o objetivo de promover o acesso e também elevação escolar de pessoas Trans e
Travestis. Para isso visamos acompanhamento institucional, com interdisciplinariedade e também a
oferta de cursos profissionalizantes, como educação financeira, de forma a combater a prostituição
compulsória e o maior agravamento da desigualdade no mercado de trabalho.

As pessoas inscritas no programa serão matriculados no Ensino de Jovens e Adultos para concluir a
Etapa 1 - Ensino Fundamental ou Etapa 2 - Ensino Médio, podendo fazer a Etapa - 1 e depois voltar
para o programa e realizar a Etapa - 2, pois compreendemos que são pessoas que foram expulsas
de casa ainda muito jovens ou que ainda na adolescência eram discriminadas e sofriam com a trans-
fobia institucional dentro dos equipamentos de ensino. O programa prevê o auxílio financeiro no
valor de 1 (um) salário mínimo, sempre reajustado, para garantir autonomia financeira e aumentar
a adesão ao programa, pois compreendemos que é uma população que precisa garantir seu sus-
tento desde muito cedo o que também torna a dedicação aos estudos mais difícil. Segundo dados
oficiais da ANTRA, as travestis e transexuais estão compulsoriamente na prostituição, aponta que
90% dessa população se encontra na prostituição e 4% no mercado informal de trabalho. Também
será ofertado o VEM Estudantil com crédito para o deslocamento referente às idas à escola e aos
atendimentos interdisciplinares. E por fim, serão ofertados cursos profissionalizantes, como forma

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

de incentivo à aderência dessas pessoas ao mercado de trabalho, garantindo articulações e parce-


rias com empresas públicas e privadas. Importante que os cursos sejam ofertados de acordo com as
demandas territoriais aos que os usuários estão inseridos.

Esse programa deve funcionar de forma conjunta com a “Casa de Acolhimento Estadual” para cen-
tralização dos cadastros e encaminhamentos para as Unidades de Ensino, bem como acionamento
da Secretaria de Educação e Centro Estadual de Combate à Homofobia para formação e sensibiliza-
ção das unidades de ensino, além de acompanhamento da presença e rendimento escolar.

Outros objetivos

• Garantir a população Travesti e Trans uma vida livre de discriminação e estigmatização;

• Promover os direitos humanos, os direitos fundamentais, o direito à vida digna, o acesso à ci-
dadania, e a qualificação e humanização do atendimento prestado às pessoas TTs em situação de
vulnerabilidade social;

• Assegurar atendimento interdisciplinar para população Travesti e Trans durante todo o período
que estiver sendo atendida pelo programa;

• Combater a transfobia institucional e estrutural que pessoas trans e travestis têm enfrentado no
estado de Pernambuco.

Critérios de participação

• Serem travestis, mulheres transexuais, homens trans ou transmasculines, pessoas não binárias,
prioritariamente aquelas em situação de vulnerabilidade social e/ou negras e indígenas, e egressas
do sistema prisional;

• Ter ensino médio e/ou fundamental incompleto;

• Disponibilizar carga horária 30 horas semanais.

Critério de Permanência

• Presença em 70% das atividades relacionadas ao projeto;

• Presença e rendimento no EJA, curso profissionalizante e estágio;

• Participar do Ensino de Jovens e Adultos ou curso profissionalizante ou realizar estágio;

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

• Participar de atendimento multidisciplinar.

Cadastro

O cadastro para a inclusão no Programa de ELEVAÇÃO EDUCACIONAL E EMPREGABILIDADE PARA


A POPULAÇÃO TT deve contemplar pessoas a partir de sua raça, etnia, orientação sexual, renda,
visando minimizar e mitigar as desigualdades e vulnerabilidades sociais desta população.

A N E XO I - TA B E L A D E T E M A S PA R A C A M PA N H A B I F O C A L

CAMPANHA CONTRA A TRANSFOBIA E O TRANSFEMINICÍDIO

AGENTE
ÁREA CONTEÚDO PÚBLICO
(FORMAÇÕES)

Gravidez em homens trans, transmasculines,


SIM
pessoas com útero;

O direito à mastectomia masculinizadora


SIM
pela rede pública;
Atenção Básica
Acesso à saúde; SIM (via gerência
municipal e
Gravidez em homens trans, transmasculines, pactuações
SIM
pessoas com útero; entre
Saúde município-
Silicone industrial; clínicas clandestinas; estado),
SIM hospitais
clínicas particulares
gerais, redes
Interiorização e descentralização dos estaduais de
NÃO saúde
serviços;

Saúde mental e suicídio entre homens trans


SIM
e transmaculines;

Prevenção de ISTs/Aids; SIM

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

Nomenclaturas e conceitos básicos sobre


SIM
gênero e sexualidade
Bê-a-bá Todos
Crianças e adolescentes trans SIM

Abandono familiar SIM

Violência psicológica e sexual NÃO


Família e
SUAS e serviços
violência
Discriminações e exclusão SIM da segurança
doméstica
pública
transfóbica
Famílias transparentais SIM

Diversidade de conformações familiares NÃO

Acesso a locais públicos divididos por


SIM Todos, em
gênero (banheiros, provadores etc.)
Direito à especial redes
moradia e de assistência
“Higienização” de espaços públicos SIM
à cidade social e
acolhimento
Pessoas trans e travestis em situação de rua SIM

População carcerária SIM


Privação de Sistema
liberdade e carcerário e
Tratamento adequado e cidadão NÃO
violência socioeducativo
Insegurança de vida e direitos negados SIM

“Evasão” escolar NÃO


Acesso à Rede Estadual
educação de Educação
Transfobia nas escolas SIM

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Plano Estadual de Promoção dos Direitos da População LGBTQIA+

Prostituição e trabalho sexual: regulação da


NÃO
atividade e garantias da segurança

Qualificação > formação profissional SIM


Secretaria
Direito ao de Emprego,
trabalho Funcionalismo Público > formação dos Qualificação e
agentes, obrigação do Estado dos agentes, NÃO Renda
articulação com os municipios,

Mercado formal (garantia de


NÃO
empregabilidade), informal e criminalidade

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Secretaria de Desenvolvimento
Social, Criança e Juventude

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