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ronização de Fase
Ernesto Leite Pinto
20 de Outubro de 2021
1 Introdução
No entanto, em diversas apli
ações pode ser de interesse a implementação de té
ni
as de demodulação mais
simples, que dispensem os
ir
uitos e/ou esforços
omputa
ionais de sin
ronização da portadora gerada
lo
almente. É razoável ante
ipar que soluções deste tipo apresentam perdas de desempenho desempenho em
relação às suas
ontrapartidas
oerentes, mas em vários
ontextos estas perdas são bastante a
eitáveis diante
da simpli
ação obtida nos demoduladores. O estudo de demoduladores que operam sem sin
ronização de
fase foi ini
iado em
urso anterior e é retomado neste texto.
Na primeira parte do texto são dis
utidos e analisadas algumas estruturas de demodulação para sinais FSK
nas quais os de
isores utilizam apenas amostras da envoltória (amplitude) dos sinais re
ebidos (ltrados),
sendo a informação de fase
ompletamente des
artada. Este tipo de demodulador é dito não
oerente. As
estruturas de demodulação FSK não
oerentes aqui apresentadas podem ser fa
ilmente adaptadas para a
obtenção de demoduladores ASK On-O não
oerentes. O impa
to do emprego de demoduladores não
oerentes sobre o desempenho de sistemas FSK diante de ruído também é dis
utido neste texto.
No
aso das modulações PSK não é possível dispensar o uso de informação de fase no demodulador,
mas é possível evitar o uso de os
ilador lo
al sin
ronizado usando o sinal re
ebido em dois intervalos
de símbolo
onse
utivos para de
isão. Esta té
ni
a requer também uma modi
ação do mapeamento
de bits no modulador e é denominada modulação PSK diferen
ial (DPSK, de "Dierential Phase Shift
Keying"). Estendendo o estudo anterior, diversas estruturas de moduladores e demoduladores DPSK-M
são apresentados aqui, bem
omo alguns resultados relativos ao seu desempenho diante de ruído. A ideia de
modulação diferen
ial pode também ser estendida para sistemas QAM, mas este tópi
o não será explorado
neste texto.
Considera-se ini
ialmente o efeito de erros de sin
ronização de fase num re
eptor PSK-2
oerente e em
seguida são apresentados os sistemas DPSK (de "Diferential Phase-Shift Keying"), nos quais o re
eptor não
1
Comuni
ações Analógi
as e Digitais II - Material Auxiliar em Preparação 2
Num sistema DPSK a demodulação sem sin
ronização se torna possível porque é introduzida também uma
modi
ação no pro
esso de modulação, diferentemente do que o
orre
om sistemas ASK On-O e FSK,
nos quais a demodulação sem sin
ronização de fase pode ser implementada sem ne
essidade de alteração
no modulador
orrespondente.
2.1 Efeito dos erros de sin ronização de fase em demoduladores PSK-2 oerentes
Vamos analisar ini
ialmente um sistema PSK-2
oerente no qual o sinal de entrada está defasado de ψ rad
em relação ao os
ilador lo
al do demodulador.
tendo E, T e fc o signi ado de sempre, e sendo p(t) o formato de pulso retangular denido anteriormente.
Não é difí
il veri
ar que nestas
ondições a entrada do de
isor, aqui denotada por r,
a dada por
√
r = ± E cos(ψ) + n1 , (1)
onde n1 é a par ela de ruído e o sinal duplo (±) está asso iado aos dois possíveis valores do bit transmitido.
Analisando a expressão a
ima, vê-se que o desempenho deste demodulador PSK-2
oerente seria signi
a-
tivamente degradado mesmo
om valores não muito elevados do defasamento ψ.
(Em tempo: qual seria a perda na e iên ia de potên ia deste re eptor PSK-2 oerente para ψ = π/3 ?)
Uma visão mais
ompleta do efeito do defasamento ψ pode ser obtida da Fig. 1, onde se mostram as
projeções dos possíveis sinais re
ebidos num dado intervalo de bit sobre um base formada pelo
osseno e
seno da portadora restritos a este intervalo.
As projeções no eixo horizontal desta gura
orrespondem aos valores da par
ela de sinal na entrada do
de
isor do demodulador PSK-2
oerente, dados pelo primeiro termo do lado direito da equação (1). Note
√ √
que, seja qual for o bit transmitido, este termo varia entre − E e E, em função do valor do defasamento
ψ.
Um sistema de modulação DPSK é uma variante de PSK que possibilita a re
epção da informação trans-
mitida sem ne
essidade de sin
ronismo de fase.
Neste tipo de sistema a informação transmitida a
ada intervalo de símbolo é re
uperada utilizando-se
omo
referên
ia a fase do sinal re
ebido no intervalo de símbolo anterior. Para tanto, é ne
essário que o símbolo
transmitido esteja mapeado na diferença de fase entre dois intervalos de símbolos
onse
utivos.
Comuni
ações Analógi
as e Digitais II - Material Auxiliar em Preparação 3
Voltando à Fig. 1 e representando por θk e θk+1 as fases do sinal transmitido em dois intervalos de símbolos
onse
utivos, se o defasamento ψ se mantiver inalterado e des
onsideramos momentaneamente o ruído, as
fases re
ebidas
am dadas por θk + ψ e θk+1 + ψ .
Nestas
ondições a diferença entre as fases re
ebidas permane
eria a mesma para qualquer valor de ψ.
Portanto, se o bit de informação transmitido estivesse mapeado na diferença θk+1 − θk ele poderia ser
re
ebido, independentemente do valor de ψ.
Este tipo de mapeamento da informação é utilizado nos sistemas DPSK. No
aso de sistemas DPSK-2 os
valores de diferença de fase geralmente utilizados para representar os bits são 0 e π.
Num quadro mais realista, a presença de ruído afeta as fases re
ebidas e se torna ne
essário estabele
er
uma regra de de
isão adequada, visando minimizar a probabilidade de erro do re
eptor.
Figure 2: Ilustração da saída do amostrador em dois intervalos de bit onse utivos, om ruído.
É possível mostrar que a regra de de
isão de mínima probabilidade de erro de um sistema DPSK-2
onsiste
em avaliar a diferença entre as fases re
ebidas em dois intervalos de bit
onse
utivos (que
arregam efeitos
do ruído) e es
olher
omo valor de fase transmitida aquele do qual esta diferença está mais próxima. Em
Comuni
ações Analógi
as e Digitais II - Material Auxiliar em Preparação 4
suma, trata-se de uma regra de distân
ia mínima entre a diferença de fase re
ebida e os valores que poderiam
ter sido transmitidos (0 ou π , no
aso). Em se tratando de um sistema binário, a asso
iação entre diferença
de fase re
ebida e bit re
ebido é imediata.
A mesma regra de de
isão naturalmente se apli
a a demoduladores DPSK M-ários, nos quais o mapeamento
de bits de informação em diferenças de fase assume formas espe
í
as.
Cabe notar que a implementação de um pro
esso de de
isão baseado na diferença entre as fases re
ebidas
em dois intervalos de símbolo
onse
utivos requer o emprego de uma base de sinais em quadratura de fase
no demodulador,
omo a ilustrada na Fig. 1.
Uma forma de obter as projeções do sinal re
ebido nesta base de sinais em quadratura de fase é mostrada
na Fig. 3, onde são usados dois ltros passa-baixa
asados
om o formato de pulso usado na modulação,
os quais operam sobre as saídas dos multipli
adores. As saídas destes ltros são amostradas na taxa de
símbolos para dar origem às projeções desejadas (y1 e y2 na Fig. 3).
Figure 3: Uma forma de se obter as projeções do sinal re
ebido sobre uma base de sinais em quadratura de
fase para demodulação DPSK.
Um exemplo de vetores re
ebidos em dois intervalos de bit
onse
utivos num sistema DPSK-2
orrompido
por ruído é mostrado na Fig. 2. Analisando esta gura, vê-se que uma forma
onveniente de veri
ar se a
diferença de fase re
ebida está mais próxima de 0 ou de π
onsiste em avaliar o sinal do produto interno
entre os dois vetores re
ebidos. Se este sinal for positivo, de
ide-se pela diferença de fase 0. Em
aso
ontrário, de
ide-se pela diferença de fase π. O diagrama de blo
os de um demodulador que implementa
desta forma a regra de de
isão está mostrado na Fig. 4.
Modulador DPSK-2
Conforme expli
ado a
ima, o modulador de um sistema DPSK-2 difere de um modulador PSK-2 pelo fato
de que os bits transmitidos são asso
iados a diferenças de fase entre intervalos de bit
onse
utivos. Isto pode
ser obtido através da
odi
ação diferen
ial dos bits de informação, seguida de um pro
esso de modulação
idênti
o ao de um sistema PSK-2
onven
ional.
Um exemplo da asso
iação entre bits de informação, bits
odi
ados diferen
ialmente e fases do sinal
modulado é mostrado na Fig. 5.
Comuni
ações Analógi
as e Digitais II - Material Auxiliar em Preparação 5
Note-se que no sistema DPSK-2 é ne
essário estabele
er uma referên
ia de fase ini
ial para a transmissão
do primeiro bit, uma vez que a informação é sempre asso
iada à diferença entre a fase atual e a fase no
intervalo de bit anterior. A mesma referên
ia de fase, naturalmente, é usada tanto na modulação quanto
na demodulação.
No exemplo da Fig. 5 o estabele
imento desta referên
ia se dá no pro
esso de
odi
ação diferen
ial dos
bits, que requer um ponto de partida estabele
ido previamente para a
odi
ação do primeiro bit, que é
indi
ado entre parênteses.
Figure 5: Exemplo do uso de
odi
ação diferen
ial dos bits de informação
omo parte de um pro
esso de
modulação DPSK2.
Note que no exemplo da Fig. 5 a referên
ia de fase para iní
io do pro
esso de modulação é π. O que
mudaria neste exemplo
aso esta referên
ia de fase fosse 0 ?
Um outro diagrama de blo
os de modulador DPSK-2 é mostrado na Fig. 7. A prin
ipal diferença em
relação ao anterior é que neste
aso o mapeamento de bits em valores da diferença de fase é feita de forma
direta, e não através de uma
odi
ação diferen
ial de bits.
Deixa-se
omo exer
í
io para o leitor veri
ar que o modulador representado neste segundo diagrama de
blo
os produz a mesma saída que o
orrespondente à Fig. 6 se for utilizado o mapeamento de bits indi
ado
na tabela da Fig. 5 e se a referên
ia de fase ini
ial for a mesma.
Comuni
ações Analógi
as e Digitais II - Material Auxiliar em Preparação 6
Figure 6: Diagrama de blo os de um modulador DPSK-2 om odi ação diferen ial de bits.
Como é típi
o dos demoduladores sem sin
ronização de fase, também no sistema DPSK o
orre degradação
de desempenho diante de ruído, em
omparação
om um demodulador
oerente, que se
onstitui no preço
pago pela relativa simpli
idade de implementação.
Pode se ter uma ideia qualitativa deste efeito observando que, num sistema DPSK, a diferença entre dois
valores
onse
utivos da fase do sinal re
ebido, aqui denotada por θ̂k+1 − θ̂k , é afetada por 4 (quatro)
omponentes estatisti
amente independentes de ruído, originadas do ruido bran
o presente na entrada do
demodulador. Por outro lado, nos sistemas
oerentes, a fase re
ebida é afetada por no máximo duas
omponentes independentes de ruído.
1 − 2N
Eb
Pb = e 0. (2)
2
A Fig. 8 ilustra esta função, e também mostra a
urva de desempenho de um demodulador PSK-2
oerente.
A
omparação da e
iên
ia de potên
ia para uma probabilidade de erro de 10−3 indi
a uma perda de pou
o
mais de 1 dB na razão Eb /N0 do sistema DPSK-2 em relação ao PSK-2
oerente. Cabe notar que se trata
de uma perda idênti
a à que foi observada nos demoduladores FSK-2
oerentes, quando
omparados a
demoduladores FSK-2
oerentes.
Comuni
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as e Digitais II - Material Auxiliar em Preparação 7
Por falar nisso, a
omparação entre as expressões de Pb (Eb /N0 ) para demodulador FSK-2 não
oerente e
demodulador DPSK-2 mostra que no
aso do primeiro é ne
essário se ter o dobro da razão Eb /N0 para
se obter a mesma probabilidade de erro de bit. Noutras palavras, esta
omparação mostra uma perda de
e
iên
ia de potên
ia de 3 dB do demodulador FSK-2 não
oerente em relação ao demodulador DPSK-2.
Vale lembrar que uma perda de e
iên
ia de potên
ia de mesmo valor também foi observada quando se
omparou demoduladores FSK-2 e PSK-2
oerentes.
Uma síntese das
ara
terísti
as de desempenho de demoduladores FSK-2 e PSK-2,
om e sem sin
ronização
de fase, é mostrada na Fig. 9, onde todos os
omentários feitos a
ima podem ser
onferidos.
Figure 9: Desempenho diante de ruido: demoduladores PSK-2 e FSK-2,
om e sem sin
ronização de fase.
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ações Analógi
as e Digitais II - Material Auxiliar em Preparação 8
Os sistemas DPSK-M,
om M > 2, têm a mesma
on
epção do sistema DPSK-2,
om as devidas adaptações
nos detalhes.
No que diz respeito à modulação, a
ada intervalo de símbolo um grupo de q = log2 (M ) bits é mapeado
num valor de in
remento na fase do sinal modulado, em relação ao valor desta fase no intervalo de símbolo
anterior.
Desta forma, se denotamos por ∆φk o in
remento de fase no intervalo atual, e denotarmos por θk e θk−1 o
valor da fase da portadora no intervalo atual e no anterior, respe
tivamente, teremos a seguinte relação:
θk = θk−1 + ∆φk .
Um diagrama de blo
os de modulador DPSK-M é mostrado na Fig. 10. Note que se trata de uma
generalização do diagrama da Fig. 7.
Um exemplo de mapeamento de bits é dado na Fig. 11, que diz respeito a um sistema DPSK-4 (também
denominado DQPSK) no qual os in
rementos de fase utilizados são 0, π/2, π e 3π/2.
Note que esta tabela se refere à diferença entre valores da fase do sinal em intervalos de símbolos
onse
u-
tivos, e não aos valores da fase propriamente dita.
Vale lembrar também a ne
essidade de uma fase ini
ial de referên
ia, tanto para a modulação quanto para
a demodulação DPSK-M
omo já foi men
ionado no estudo do
aso binário.
No exemplo da Fig. 11, se admitirmos que esta fase de referên
ia é π/4,
on
lui-se que a fase (θk ) do sinal
DPSK-4 assumirá valores no
onjunto {π/4, 3π/4, 5π/4, 7π/4}.
Cabe ainda notar que este mesmo
onjunto de valores possíveis para a fase do sinal modulado também seria
obtido
aso a fase ini
ial de referên
ia fosse um múltiplo ímpar de π/41 .
As possíveis formas que este sinal DPSK-4 pode assumir num intervalo de símbolo qualquer são represen-
tadas na Fig. 11 através de um diagrama vetorial. Neste diagrama, as notações I (de in phase) e Q (de
1
O que mudaria se a fase ini
ial de referên
ia fosse π rad ?
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Figure 11: Sistema DPSK-4: mapeamento de bits e transições da fase do sinal modulado.
quadrature) identi
am o
osseno e seno da portadora, respe
tivamente,
omo elementos de uma base de
sinais.
O diagrama da Fig. 11 ainda in
lui um detalhe adi
ional, que são as linhas pontilhadas. Estas linhas
representam as transições da fase do sinal entre dois intervalos de símbolo
onse
utivos e
orrespondem,
naturalmente, aos valores não nulos de diferença de fase mostrados na tabela
ontida naquela gura.
Demodulador DPSK-M
A Fig. 12 mostra o diagrama de blo
os de um demodulador DPSK-M. Note-se nesta gura que após a
obtenção das projeções do sinal re
ebido é extraído o ângulo do vetor
orrespondente. A diferença entre este
ângulo e o obtido no intervalo de símbolo imediatamente anterior (∆φ̂k ) é usada
omo entrada do de
isor,
o qual,
onforme já men
ionado anteriormente implementa uma regra de de
isão de distân
ia mínima em
ângulo.
A saída do de
isor, por sua vez, é asso
iada à palavra binária
orrespondente, através do mapeamento
inverso de bits. Da saída dos amostradores até este ponto todas as operações se repetem na taxa de bits.
Após o mapeamento inverso é feita a
onversão paralelo/série para gerar a saída do demodulador, na taxa
de bits.
Por realizar de
isões envolvendo um número maior de diferenças de fase, um demodulador DPSK-M
om
M>2 sofre degradação de desempenho maior, em
omparação
om o demodulador
oerente
orrespondente,
do que a perda apresentada pelo DPSK-2 em relação ao PSK-2
oerente.
" r #
2 log2 M Eb π
Pb = Q 2 sen . (3)
log2 M N0 M
Na Fig. 13 são mostradas
urvas de Pb x Eb /N0 para demoduladores DPSK-2 e DPSK-4, além dos demod-
uladores
oerentes
orrespondentes. Vê-se
laramente nesta gura que a perda de e
iên
ia de potên
ia do
DPSK-4 em relação ao PSK-4
oerente é maior do que a perda do DPSK-2 em relação ao PSK-2
oerente.
É deixado
omo exer
í
io a quanti
ação (aproximada) da perda de e
iên
ia de um demodulador DPSK-4
em relação ao PSK-4
oerente para uma probabilidade de erro de bit 10−4 , usando a Fig. 13.
Figure 13: Desempenho diante de ruido: demoduladores DPSK x demoduladores PSK oerentes.