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ANAIS DA X MOSTRA CIENTÍFICA DO CESUCA – NOV.

/ 2016
ISSN – 2317-5915

Violência doméstica e avaliação psicológica: um estudo de caso

Jaqueline Lichtenstein1
Márcia Elisabete Wilke Franco2

Resumo: O presente artigo tem por objetivo apresentar um modelo de avaliação psicológica de um
trabalho de pesquisa em Psicologia Jurídica – PSIJUR desenvolvido pela Faculdade de Psicologia
do Cesuca-Inedi, localizada em Cachoeirinha/RS. O estudo foi realizado no primeiro semestre de
2016, com uma avalianda, gênero feminino, com vinte e nove anos de idade, solteira, residente na
cidade de Cachoeirinha, vítima de violência doméstica, encaminhada para avaliação psicológica,
pela 2ª vara criminal da Comarca de Cachoeirinha/RS, junto ao núcleo de Psicologia Jurídica da
Faculdade Cesuca-Inedi. Neste artigo será possível acompanhar o passo a passo utilizado para a
realização de uma avaliação psicológica, bem como, os resultados obtidos a partir da aplicação e
apuração dos testes, e o que foi possível observar durante os atendimentos que foram realizados de
forma individual. Os testes utilizados para esta avaliação psicológica foram: Teste gestáltico de
BENDER, Inventário de habilidades sociais conjugais - IHSC, Escala para avaliação de tendência a
agressividade - EATA, Teste Casa – Árvore – Pessoa - HTP e Bateria Fatorial de Personalidade -
BFP. Ao término da avaliação foi realizado um laudo que foi enviado ao responsável pelo caso para
avaliação psicológica. A juíza da 2ª vara criminal da Comarca de Cachoeirinha/RS solicita a
avaliação psicológica e a utiliza como base para tomada de decisão sobre o processo de acusação
de violência doméstica aberto pela vítima quando sofreu a agressão. Os resultados desta avaliação
psicológica apontaram necessidade de intervenção psicológica junto a paciente, possibilitando
assim, a formação de vínculo e a continuidade do tratamento psicológico.

Palavras-chave: Psicodiagnóstico; Avaliação psicológica; Violência doméstica.

Abstract: This article aims to present a psychological evaluation model of a research paper in
Forensic Psychology - PSIJUR developed by Cesuca-Inedi Psychology College located in
Cachoeirinha / RS. The study was conducted with a patient, female, twenty-nine years old, victim
of domestic violence, referred for psychological assessment at the core of Legal Psychology. In this
article you can follow the step by step for the establishment of a psychological assessment, the
results obtained from the application and verification of the test, and what was observed during the
consultations that were conducted individually. The tests used for this psychodiagnosis were
BENDER, IHSC, EATA, HTP and BFP. At trial end we conducted a report that is sent to the charge
of the case, that is, who sent the victim for evaluation. The judge asks the psychological evaluation
and use as a basis for decision making on the domestic violence prosecution process opened by the
victim when he suffered the attack. The results showed the need for psychological intervention with
the patient, allowing the formation of bonding and continuity of care.

Keywords: Psychodiagnostic; Psychological evaluation; Domestic violence.

1
Cesuca – Faculdade Inedi, Cachoeirinha, RS, Brasil. E-mail: jaquelinelichtenstein@gmail.com.
2
Cesuca – Faculdade Inedi, Cachoeirinha, RS, Brasil. E-mail: marcia.franco@cesuca.edu.br.

C o m p l e x o d e E n s i n o S u p e r i o r d e C a c h o e i r i n h a

Rua Silvério Manoel da Silva, 160 – Bairro Colinas – Cep.: 94940-243 | Cachoeirinha – RS | Tel/Fax. (51) 33961000 | e-mail:
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1 INTRODUÇÃO

O Psicodiagnóstico é entendido por alguns teóricos como processo científico,


Cunha (2003) corrobora com a ideia, trazendo sobre a utilização de perguntas específicas
para obter respostas que provavelmente se estruturarão na forma de hipóteses que serão
confirmadas ou não com a aplicação de testes. A realização de um psicodiagnóstico se dá a
partir de uma queixa, ou seja, o motivo pelo qual o paciente foi encaminhado para a
avaliação psicológica ou psicodiagnóstico como é chamado por alguns teóricos. A
entrevista inicial é uma técnica utilizada para obter informações sobre o paciente, estas
perguntas devem ser específicas e tendem a possibilitar respostas que ajudarão na decisão
sobre a conduta seguinte. Cunha (2003), por exemplo, diz que a entrevista clínica é um
conjunto de técnicas de investigação e que esta deve ser conduzida por um entrevistador
treinado. Este entrevistador através de uma relação profissional deverá utilizar os seus
conhecimentos psicológicos tendo como objetivo descrever e avaliar os aspectos pessoais e
sistêmicos do paciente e a partir da entrevista fazer recomendações, encaminhamentos,
propor intervenções ao mesmo. Cunha (2003), ainda, contribui para a elaboração do
psicodiagnóstico apresentando o passo a passo a ser seguido para um parecer assertivo,
onde o ponto de partida para um psicodiagnóstico é o encaminhamento, ou seja, o motivo
pelo qual o paciente chegou até o profissional psicólogo com uma pressuposição de algum
problema com explicação psicológica.

Papalia (2010), explica sobre o desenvolvimento humano as fases da vida, e que


não há idade certa para estabelecer a transição da adolescência para a vida adulta. Entende-
se que a fase “adulto jovem” é assim caracterizada por realizações após a adolescência,
como por exemplo, conclusão de ensino superior, casamento, aquisição de casa própria,
estabilidade financeira, colocação profissional no mercado de trabalho, relações
interpessoais estáveis, entre outros. Quando um indivíduo tem sua fase do ciclo vital
incongruente com o que realmente vive, isto pode estar relacionado a fases anteriores do
ciclo vital que não foram bem sucedidas ou superadas. Nesta ocasião, o conhecimento da
história pregressa do paciente é de extrema importância e servirá para identificar se a
referida fase está de acordo com a vida atual do paciente. A maneira como o indivíduo se
comporta e enxerga sua vida, bem como se organiza para dar conta das demandas que se
apresentam, tem relação com os modelos que teve durante a sua vida, na infância e na
adolescência.

Segundo Winck & Strey (2008) a violência doméstica sofrida por uma mulher pode
estar relacionada com a transgeracionalidade, a história de vida da vítima pode ser
fundamental para a identificação desta relação. Segundo eles, os papéis de gênero que são
aprendidos durante a formação do sujeito, com os modelos os quais seguiu e as histórias de
seus antepassados, costumam ser determinantes quanto a personalidade de cada um, seja o
agressor ou a vítima. Quando um homem agride uma mulher, seja fisicamente ou
psicologicamente, faz por ter sido criado em uma sociedade que por sua cultura permitia
este comportamento, manifestando-se de forma agressiva para colocar sua autoimposição.
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Cesuca – Faculdade Inedi, Cachoeirinha, RS, Brasil. E-mail: jaquelinelichtenstein@gmail.com.
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Desta forma se entende que o homem que apresenta um comportamento de violência,


provavelmente esteja retransmitindo aquilo que aprendeu com relação a sua própria
história da masculinidade e até mesmo as relações entre gêneros em geral. Esta cultura
permite que o homem nas relações de gênero tenha o papel de protagonista, onde ele é o
principal e onde se sente no direito de praticar a violência quando algo não esteja de acordo
com a sua ideia. Ao pensarmos em violência doméstica é importante um estudo paralelo
sobre questões de gênero.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Conforme o artigo 7°, da lei n° 11.340/2006, Maria da Penha as formas de violência


podem ser física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Sendo a violência física
caracterizada por qualquer atitude que agrida e que cause dano à integridade ou à saúde da
mulher. A violência psicológica é caracterizada quando há dano emocional e/ou diminuição
da autoestima da vítima, e que ainda possa prejudicar a vítima quanto ao seu
desenvolvimento, através de controle sobre as ações, comportamentos, crenças e decisões
da vítima, mediante a ameaça por parte do agressor, a violência psicológica também é
caracterizada quando há na relação situações de constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição, insulto, chantagem,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe
cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. Quanto à violência sexual, esta é
entendida como qualquer conduta que a constranja a vítima, obrigando-a a presenciar, a
manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça,
coação ou uso da força. A violência patrimonial se caracteriza como qualquer conduta que
configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de
trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo
os destinados a satisfazer suas necessidades e a violência moral se caracteriza como
qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

Quando falamos em psicodiagnóstico, Cunha (2003) diz que a entrevista clínica é


um conjunto de técnicas de investigação e que esta deve ser conduzida por um
entrevistador treinado. Este entrevistador através de uma relação profissional deverá
utilizar os seus conhecimentos psicológicos tendo como objetivo descrever e avaliar os
aspectos pessoais e sistêmicos do paciente e a partir da entrevista fazer recomendações,
encaminhamentos, propor intervenções ao mesmo. O processo diagnóstico como processo
científico é apresentado e defendido por Cunha (2003), são utilizadas perguntas específicas
para obter respostas que provavelmente se estruturarão na forma de hipóteses que serão
confirmadas ou não com a aplicação de testes. Para a elaboração do psicodiagnóstico
oferece um passo a passo a ser seguido, aumentando assim a probabilidade de um
psicodiagnóstico assertivo. Ocampo & Arzeno (1987) apontam que o ponto de partida para
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um psicodiagnóstico é o encaminhamento, o motivo pelo qual o paciente chegou até o


profissional psicólogo com uma pressuposição de algum problema com explicação
psicológica.

E no que se refere ao desenvolvimento humano, Papalia (2010) explica sobre as


fases da vida, e que não há idade certa para estabelecer a transição da adolescência para a
vida adulta, entretanto, entende-se que a fase “adulto jovem” é assim caracterizada por
realizações após a adolescência, como por exemplo: conclusão de ensino superior,
casamento, filhos, aquisição de casa própria, estabilidade financeira, colocação profissional
no mercado de trabalho, relações interpessoais estáveis, entre outros.

3 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

A paciente avaliada move uma ação contra seu ex-companheiro, ela o denunciou
após uma agressão e o mesmo foi enquadrado na lei Maria da Penha. O casal foi
encaminhado ao núcleo Psijur, localizado na clínica-escola do curso de psicologia na
faculdade Cesuca- Inedi, no mesmo município, pelo poder judiciário da Comarca de
Cachoeirinha. A juíza responsável encaminha os envolvidos, vítima e agressor, para
avaliação psicológica no Psijur e após, emissão do laudo, utiliza-o como instrumento de
base para tomada decisão para continuidade ou não ao processo ora aberto.

O psicodiagnóstico a ser apresentado neste relatório é referente a uma mulher de 29


anos de idade, solteira, mãe de uma menina de dois anos de idade, vítima de violência
doméstica, que trabalha em uma empresa na área de limpeza e conservação há cinco
meses.

Para a realização da avaliação psicológica será necessário considerar pontos


importantes como: o motivo/a queixa, a história pregressa e a história atual. Identificar se a
mesma se enquadra nas fases do desenvolvimento humano, a partir de sua faixa etária e
considerações referentes às condições biopsicossociais da mesma.

4 PLANEJAMENTO DA AVALIAÇÃO E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Para a realização da avaliação psicológica foi elaborado um planejamento, neste foi


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previsto a realização de entrevistas iniciais, a confecção do genograma e dos dados sócio-


demográficos e aplicação de testes conforme o protocolo do PsiJur. Os testes aplicados
para esta avaliação foram: Bender, IHSC, EATA, HTP, BFP.

5 HISTÓRIA PREGRESSA

Ela conta que viveu com os pais até os dez anos, quando o pai faleceu, o pai era
caminhoneiro, passou mal ao chegar em casa após uma viagem, foi socorrido e não resistiu
no hospital. Lembra com emoção deste dia e relata que o pai a instruiu: “ajuda tua mãe
com teus irmãos. O pai não volta”. Ela lamenta a morte do pai e diz que a vida dela teria
sido totalmente diferente do que foi e do que é se o pai não tivesse morrido. Após a morte
do pai, descobriu que o pai tinha outra família, com outros filhos. Ela relata não ter
problemas com isso e que hoje tem contato com os irmãos por parte do pai. Seus pais
tiveram 5 filhos, sendo: a mais velha de 31 anos, casada, mãe de um menino e uma
menina. Ela com 29 anos, solteira, mãe de uma menina. Uma terceira de 27 anos, que tem
4 filhos de pais diferentes e com quem a paciente não tem muito contato. Um irmão de 24
anos, ex-usuário de drogas casado com uma mulher de 45 anos e não tem filhos, ela relata
bastante apreço por este irmão, e teria uma outra irmã que faleceu com 2 horas de vida em
março do mesmo ano em que o seu pai faleceu, hoje esta irmã estaria com 19 anos. A
paciente diz que guarda com ela a certidão de natimorto da irmã e a certidão de óbito do
pai. Relata não ter uma relação muito próxima com a mãe biológica, e diz relacionar-se
muito melhor com uma amiga que tem como mãe de coração.

Quanto ao ex-companheiro, disse se conheceram em 2011 pela internet, namoraram


por mais ou menos cinco meses e foram morar juntos na casa da mãe dele. Em 2013 teriam
se separado. Ainda em 2013 ela descobriu que estava grávida, da filha que hoje tem 2 anos,
com isso teriam reatado, no início de 2014. Ela estava grávida de cinco meses e eles se
separaram novamente. Ele foi morar com outra mulher em outra cidade, ela relata que eles
continuaram se falando e mantiveram uma relação amigável em prol da filha. Ela diz que
ele tem 34 anos, trabalha como vigilante armado na mesma empresa há mais de cinco anos,
que sempre foi muito responsável com o trabalho.

6 HISTÓRIA ATUAL

O ex-marido não reside com ela desde o quinto mês de gestação da filha, citado
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anteriormente. A relação dos dois desde que a menina nasceu é de apenas “pai e mãe” da
menina. Sobre a agressão, a paciente relata que em fevereiro de 2016 foi agredida
fisicamente pelo ex-companheiro, a paciente disse que não esperava ser agredida, pois o
ex-companheiro nunca tinha sido violento. Relatou que no domingo antes da ocorrência da
agressão, teria levado a filha ao médico e que a menina estava com otite crônica, o médico
teria prescrito remédios que ela então comprou. Quando retornou para casa, telefonou para
o pai da menina falando sobre a situação da filha e que precisaria de dinheiro para a
semana, visto que havia gasto o dinheiro que tinha com os remédios. Segundo ela, o
mesmo ficou de ir a sua casa no dia seguinte. Ela relata que na segunda-feira a noite ele
teria chegado à sua casa com uma sacola que a avó paterna da menina teria enviado com
alguns mantimentos, e que ela teria dito: “Porque sua mãe foi se incomodar?” e ele teria
respondido “não conhece a mãe?!”. Ela relata que foi guardar os mantimentos, neste
instante o ex-marido teria questionado de forma agressiva sobre a compra dos remédios,
ela teria dito que precisava comprar, pois a menina não dormia há duas noites, com dor. Ele
teria iniciado uma agressão verbal reclamando sobre ter que sempre dar dinheiro. O mesmo
então teria jogado o dinheiro sobre a mesa e dito que ela não conseguiu engravidar de outro
e engravidou dele. Neste momento ela teria amassado o dinheiro e dito que então não
precisava deixar o dinheiro e jogou o dinheiro no chão. Ela relata que empurrou o ex-
companheiro para fora da casa dizendo para ele ir embora, neste instante ele teria dado
socos no rosto dela e batido com capacete em seus braços. Neste momento ela disse que
gritou e mandou ele embora, e ele teria dito “tua sorte que eu só te bati”, ele teria dito
também: “semana que vem eu voltar para buscar a minha filha e vou te arrebentar a cara”.
A paciente disse que ele foi para a porta e falou: “vai lá, chama a polícia pra mim!”, ela
então teria telefonado para uma senhora amiga que ela considera uma “mãe de coração” e
quando esta amiga chegou, ele já teria ido embora. Contou que foram à Delegacia e na
sequência foi encaminhada para exame de corpo de delito no IML em Porto Alegre. Depois
disso não teria mais falado com o ex-companheiro, o viu apenas na audiência, mas não
conversou. Ela disse que acha que ele ficou mais nervoso quando ela o empurrou para fora
de casa. Disse ter medo que ele faça de novo, pois não o reconhece mais após este
comportamento.

7 LEVANTAMENTO QUANTITATIVO E QUALITATIVO DOS DADOS

O levantamento dos resultados dos testes foi realizado com o apoio dos respectivos
manuais de cada teste, com relação ao teste Bender, este foi corrigido a partir do protocolo
para interpretação do teste Bender para adultos (Segundo Max Hutt).

Levantamento e análise do teste Bender: percebeu-se organização da paciente


quanto à distribuição das figuras na folha, não houve rasuras, ela refez três vezes a figura
seis, concluindo a figura na terceira tentativa. A figura que a paciente apontou como a que
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mais gostou foi a figura cinco, esta figura está relacionada com os vínculos orais com
relação ao mundo e a sexualidade, e manejo das coisas cotidianas, e a que menos gostou
foi a figura seis, segundo o protocolo de interpretação, esta figura está relacionada com
questões de afeto e de relacionamento interpessoal. A paciente rotou a folha para desenhar
as figuras A e figura sete.

A análise informa que ela pode apresentar falta de atenção aos limites, dificuldade
de expressar seus impulsos agressivos e falta de preocupação com os demais. Pode parecer
emocionalmente perturbada, ter dificuldade de planejamento, apresentar defesas mal
estruturadas ou insuficientes e ansiedade. Quanto às relações interpessoais, a mesma pode
demonstrar dificuldade no relacionamento. Ao que se refere agressividade, tensão,
impulsividade e noção temporal de limites, a paciente pode apresentar angústia, medo de
enfrentar o ambiente e inibição. Quanto aos aspectos relacionados à inteligência e a
afetividade, a paciente pode apresentar rigidez e dificuldades na modulação afetiva. Ao que
se refere às adaptações a normas sociais, a mesma pode apresentar ansiedade,
características estas de um sujeito desadaptado socialmente, assim como, imaturidade e
dificuldade de enfrentar situações novas. Com relação aos vínculos orais com a figura
materna, a paciente pode apresentar esquiva do contato afetivo. Relações afetivas
paranóides também podem ocorrer com esta paciente. Ainda podem ser investigadas
questões relacionadas com ideação suicida. A paciente pode ter o manejo das coisas
cotidianas prejudicado pela percepção inadequada da realidade, assim como, com relação
aos vínculos orais referentes ao mundo e a sexualidade. Já no que diz respeito ao afeto e
aos relacionamentos interpessoais, a mesma pode apresentar auto crítica e ansiedade
elevada. Com relação à autoridade, a paciente pode apresentar uma relação imatura frente à
figura de autoridade, uma relação temerosa, e também de oposição e rejeição, evitando e
mantendo distancia do contato. No que se refere à sexualidade, a mesma pode apresentar
aceitação dos impulsos sexuais e manejo adequado destes impulsos, pode também
demonstrar identificação com papéis masculinos.

Levantamento e análise do teste HTP: Com relação ao tempo para iniciar e concluir
os desenhos, a paciente iniciou o desenho da casa após quinze segundos (latência) e
concluiu com tempo de dois minutos e doze segundos, o desenho da árvore iniciou cinco
segundos (latência) após a entrega da folha e concluído após quatro minutos e trinta
segundos, o desenho da pessoa foi iniciado após quarenta e cinco segundos (latência) após
a entrega da folha e concluído após quatro minutos e vinte segundos.

No inquérito posterior ao desenho, a paciente trás sobre o desenho da casa questões


relacionadas à sua infância, a filha, a vontade de estar só com a filha e sobre ter um lugar
com espaço para a filha brincar, ela diz que a casa é de um andar e que enxerga a casa
acima dela e longe. Diz que parece uma casa que morou quando era mais nova. Sobre a
escolha do quarto, disse que ficaria com o quarto da frente, pois o quarto dos fundos seria
da filha e assim protegeria a filha. Sobre quem moraria com ela na casa, disse que seria a
filha, pois é parte dela. No desenho o dia está ensolarado, é de manhã, a estação do ano é
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primavera, o dia está lindo. O que a casa mais precisa é de mais uma janela, pois ela só fez
uma.

Ainda no inquérito, agora sobre a árvore, a paciente trás que é uma laranjeira e que
é uma árvore que tinha na casa em que ela morou até os quinze anos de idade, esta árvore
tem vinte e seis anos, sobre a árvore estar viva ela diz que de verdade não está mais, mas
que no desenho está. A árvore é uma mulher, é forte e o que lhe dá esta impressão é por ter
muitos frutos e por que ela é resistente. Relata que a árvore lembra a infância. No desenho
da árvore é inverno, o dia está ensolarado, está muito frio. Sopra vento da esquerda para a
direita, vento minuano. Sobre o que a árvore mais precisa, de cuidados assim como a gente
precisa.

Sobre o inquérito do desenho da pessoa humana, o desenho é de um homem de


sessenta e um anos de idade, é o pai (falecido) da paciente, a pessoa está chegando a casa
em que morava com a família, a pessoa está feliz por estar chegando a casa. Sobre em que
a pessoa faz pensar, a paciente trás que faz sentir saudade. Quanto ao que esta pessoa mais
precisa, a resposta é que não precisa de nada, pois já é falecido, e está bem onde ele está
agora.

Na lista de conceitos interpretativos os que mais apareceram na apuração foram:


Regressão, Ansiedade, Dependência, Retraimento, Organicidade, Necessidade de apoio,
Preocupação consigo mesma, Fixação no passado, Impulsividade, Necessidade de
gratificação imediata, Fantasia, Oposição, Inadequação e Insegurança.

Apresentou retraimento podendo estar relacionado com o grau de insegurança


também identificado, assim demonstrando necessidade de apoio e dependência em relações
afetivas, familiares e interpessoais. Quanto à fixação no passado, esta pode estar
relacionada com a morte do seu pai que ocorreu quando a mesma tinha dez anos de idade,
a paciente trouxe este relato ao falar sobre o desenho da figura humana. A oposição que a
mesma apresenta, pode estar relacionada à ausência da figura de autoridade durante o seu
desenvolvimento ainda na infância. A paciente demonstra necessidade de gratificação
imediata, tende a ser satisfeita com reconhecimento referente ao bom desempenho na
realização de tarefas, isto pode ocorrer no contexto familiar e também profissional.
Demonstra preocupação consigo mesma e ansiedade e com relação às realizações no
futuro, fala diversas vezes sobre a vontade de aquisição da casa própria. A paciente
apresenta inadequação e fantasia em relação à vida. Demonstra também impulsividade
diante de situações adversas. Apresenta ainda tensão, e esta pode estar relacionada à
situação da saúde da filha que nos últimos meses passou por procedimento cirúrgico. A
paciente demonstra regressão em algumas situações de conflitos nas relações interpessoais,
isto pode estar relacionado com a sua organicidade.

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Levantamento e análise do teste EATA: A apuração desta escala resultou no


percentil de 7%, tendo a classificação abaixo da média, sendo classificado como Tipo I. A
paciente apresentou agressividade abaixo da média em todas as sub-escalas. Pode
apresentar comportamentos agressivos em algum momento, mas são bastante esporádicos.

Levantamento e análise do teste IHSC (Feminino): As habilidades avaliadas, sendo


os fatores compostos por habilidades relacionadas à Expressividade/Empatia (F1),
Autoafirmação assertiva (F2), Autocontrole reativo (F3), Autocontrole proativo (F4),
Conversação assertiva (F5). Quanto a frequência apresentou escore total de 79, e escore
por fatores individuais da seguinte forma F1 – escore 21, F2 – escore 20, F3 – escore 12,
F4 – escore 04 e F5 – escore 16.

No que se refere a expressividade e empatia, a paciente demonstra habilidades de


expressar compreensão, sentimentos, desejos ao cônjuge, bem como habilidade de
conversação em situações cotidianas e livre de conflitos. Com relação à autoafirmação
assertiva, a paciente demonstra habilidade em defender o respeito à sua individualidade,
quanto a opiniões e direitos no contexto conjugal/familiar. Pode expressar preferências,
sentimentos e opiniões de maneira assertiva de um cônjuge em relação ao outro, em geral
com algum risco de desagradar ao outro. A paciente demonstra habilidade para defender-se
diante de situações potencialmente estressantes, como: críticas e brincadeiras do cônjuge,
estados emocionais alterados e problemas, mantendo o autocontrole e preservando o
relacionamento, quanto ao autocontrole reativo. Quanto ao autocontrole proativo, a
paciente demonstra autocontrole que podem ser bastante úteis para uma boa comunicação e
entendimento entre os cônjuges. Pode ter facilidade para perceber se o outro está abalado
emocionalmente, aguardar que fale e tem facilidade em fazer-se compreender. A paciente
demonstra facilidade para atender pedidos do cônjuge com relação a certos
comportamentos como: cumprimento de acordos, esclarecimento. Também demonstra
habilidade de reagir assertivamente aos comportamentos do outro, por exemplo, discordar
ou pedir que o outro aguarde a fala, com tendência a garantir a reciprocidade de trocas no
relacionamento do casal, com relação à conversação assertiva.

Levantamento e análise do teste BFP: A apuração do teste resultou conforme tabela


abaixo:

FACETA/VALOR ESCORE BRUTO PERCENTIL CLASSIFIC.


Vulnerabilidade N1 2,33 20 Baixa
Instabilidade N2 2,67 25 Baixa
Passividade N3 2,67 30 Média
Depressão N4 3,00 80 Alta
Neuroticismo N 2,67 35 Média
Nível de Comunicação E1 6,00 90 Muito Alta
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ISSN – 2317-5915

Altivez E2 4,86 85 Alta


Dinamismo - assertividade E3 4,60 40 Média
Interações Sociais E4 6,14 85 Alta
Extroversão E 5,40 90 Muito Alta
Amabilidade S1 6,50 85 Alta
Pró-sociabilidade S2 6,63 85 Alta
Confiança S3 3,75 15 Baixa
Socialização S 5,63 65 Média
Competência R1 6,20 90 Muito Alta
Ponderação R2 3,50 15 Baixa
Empenho R3 7,00 95 Muito Alta
Realização R 5,57 75 Alta
Abertura a ideias A1 3,40 15 Baixa
Liberalismo A2 4,14 25 Baixa
Busca por novidades A3 4,67 50 Média
Abertura A 4,07 20 Baixa

Pode apresentar grande independência emocional em relação aos outros. A mesma


tende a se preocupar pouco com as opiniões alheias e usualmente tomar decisões e
enfrentar problemas sem levar em conta os demais, o que pode afetar a qualidade de suas
relações interpessoais. No que se refere à instabilidade emocional pode apresentar
pouquíssimas variações de humor, e geralmente não tomar decisões de forma impulsiva e
apresentar uma alta tolerância a frustrações. Pode também a apresentar maior constância de
humor, capacidade para lidar com sentimentos negativistas e controle de impulsos. No que
tange as questões ligadas à depressão, a mesma tende a relatar expectativas negativas em
relação ao seu futuro e que indicam ter uma vida monótona e sem emoção. Além disso,
pode sentir-se solitária, sem objetivos claros para sua vida, pode considerar-se incapaz de
lidar com as dificuldades do cotidiano e, relata uma expectativa negativa em relação ao
próprio futuro, o que caracteriza desesperança. Com relação à comunicação apresenta
facilidade para falar em público, para conhecer novas pessoas e, tende a apresentar um
maior senso de intimidade, rapidamente avaliando como profundas relações relativamente
recentes. Além disso, tende a iniciar conversas com os outros, expressar suas opiniões e
interesses quando está em grupo e indica que dificilmente sente-se constrangida em
situações sociais. Pode relatar a necessidade de receber atenção dos outros, a crença de que
os demais a invejam e uma predisposição para falar excessivamente sobre si, suas
qualidades e suas posses. Quanto às interações sociais tende a ser gregária, esforça-se para
manter contato com seus conhecidos. Relata preferir atividades em grupo e se envolve
rapidamente com as pessoas. Apresentou alto nível de extroversão, tende a ser falante e
busca contato com pessoas, mesmo que as conheça pouco. Tende a ter um senso de
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intimidade maior que os demais, contando fatos íntimos e confiando em pessoas que
conhece relativamente pouco. Além disso, pode ser uma pessoa ativa e externaliza suas
preferências e crenças para os demais, podendo apresentar certa dominância. Essa
característica parece estar relacionada com uma tendência à liderança, indicada na
literatura, apresentada por pessoas mais extrovertidas. Demonstra preferência para realizar
atividades em grupo. Procura ativamente por companhia. Tal característica pode ser
observada em vários contextos, como no trabalho, na família, como amigos. Quanto à
avaliação referente à amabilidade tende a ser atenciosa e amável com as demais, demonstra
sua preocupação com as necessidades alheias. Tende a ser proativa para resolver os
problemas das pessoas, bem como expor seu apreço por elas. Apresenta uma preocupação
em tratar bem as demais pessoas, perguntando como estão e esforçando-se para que se
sintam bem. Quanto à pró-sociabilidade, tende a evitar situações de risco, bem como
transgressões a leis ou regras sociais. Tende a apresentar uma postura franca com os
demais, evitando pressioná-los ou induzi-los a fazerem algo que não queiram. Apresentou
baixo nível de confiança nas pessoas, pode frequentemente relatar uma constante
percepção de que as pessoas podem estar tentando prejudicá-la em variados contextos,
tende a ser muito ciumenta no que diz respeito às relações amorosas e a apresentar uma
grande dificuldade em desenvolver intimidade com outros. Quanto à competência, tende a
acreditar no seu potencial para realizar várias tarefas ao mesmo tempo, a gostar de
atividades complexas e desafiadoras e a possuir clareza sobre seus objetivos de vida. No
que se refere à ponderação, tende a falar sem pensar antes, a agir antes de fazer algum
planejamento e a ser impulsiva. A impulsividade, nesse caso, não se relaciona
necessariamente a baixa tolerância à frustração ou uma reação emocional negativa
intensificada, mas sim, à falta de planejamento e organização de modo geral. Na faceta de
empenho, tende a ter pouco comprometimento em tarefas e compromissos, pode ser
descuidada com a forma de realização e conclusão de tarefas. Tende a colocar pouca
energia nas atividades em que se envolve e pode, com alguma frequência, fazê-las de tal
forma que a qualidade de seu trabalho seja insuficiente ou prejudicada. Apresenta alto nível
em realização, tende a buscar formas de alcançar seus objetivos, mesmo que isso envolva
algum sacrifício ou conflite com algum desejo imediato. Tende a ser ambiciosa, ser
esforçada e muito dedicada ao trabalho. Apresentou baixo escore em abertura a ideias,
pode ser pouco curiosa para conhecer novos temas, pode ser mais conservadora e fiel a
seus gostos artísticos e pode possuir uma postura rígida quanto a conceitos. Quanto ao
liberalismo, costuma relativizar valores e conceitos sociais, sendo mais dogmáticas. Pode
usualmente defende a ideia que os valores adotados não devem ser mudados com o passar
do tempo. Quanto à abertura de ideias, tende a ser convencional nas suas crenças e
atitudes, conservadora nas suas preferências, dogmática e rígida. Além disso, tende a ser
menos responsivas emocionalmente (Costa & Widiger, 2002).

8 EXAME DO ESTADO MENTAL

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Cunha (2003), trás sobre o exame do estado mental, que há um consenso de que as
alterações possíveis apresentam alterações envolvendo sinais e sintomas nas áreas
relacionadas à conduta humana, sendo, atenção, senso-percepção, memória, orientação,
consciência, pensamento, linguagem, inteligência, afetividade e conduta.

Observou-se na paciente avaliada que as funções do ego estão preservadas.


Apresenta afetividade adequada, mas apresenta problemas na relação de afeto com a mãe
biológica. Quanto a conduta a mesma em algumas situações evidenciou reação agressiva
como foi descrito no caso, mais de forma situacional e esporádica.

9 HIPÓTESE INICIAL

A partir das entrevistas realizadas e da apuração dos testes aplicados, foi possível
identificar que paciente necessita de escuta para externar seus sentimentos e assim
possivelmente dar conta das demandas cotidianas com mais facilidade. A mesma
demonstra ansiedade em relação ao processo que move contra o ex-companheiro, relata
medo do resultado do processo, onde pode ter que compartilhar a guarda da filha, diz que
entende que é direito do pai e da filha conviverem, e o pai acompanhar o crescimento da
filha, mas que não será fácil para ela. A intervenção psicológica seria importante para
trabalhar a aceitação e assim ter uma boa convivência com ex-companheiro durante o
crescimento da filha. A paciente demonstra apego com uma pessoa amiga como se fosse
sua mãe, no entanto, a sua mãe biológica é viva e com esta a paciente relata não conseguir
ter uma relação muito próxima. Recomendado intervenção psicológica a fim de melhorar
esta relação entre a paciente e sua mãe biológica. A paciente ficou órfã de pai aos dez anos
e trás com muita tristeza o fato de tê-lo perdido quando ainda era criança, pensa que a vida
teria sido diferente se o pai não tivesse falecido, a intervenção psicológica nesta situação
seria importante para que a paciente pudesse focar no presente e nos planos para o futuro.

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A violência doméstica intrafamiliar é complexa e envolve vários aspectos sejam


psicológicos, sociais, físicos e jurídicos. Apresenta altos índices de incidência e geralmente
ocasionam sérias alterações comportamentais e emocionais para a vítima e para o agressor.
Por isso é preciso pensar em métodos de avaliação que sejam efetivos e a partir deles poder
pensar em novas práticas para o psicólogo.

A psicologia Jurídica tem contribuído para a compreensão da violência doméstica e


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através de estudos de casos é possível obter uma compreensão sobre a dinâmica familiar, e
o planejamento de intervenções clínicas adequadas e assim possibilitando pensar mais
sobre promoção e prevenção de saúde mental. A avaliação psicológica tem sido muito
importante no processo do Psijur, pois os psicólogos e pesquisadores integrando os
aspectos teóricos, técnicos, metodológicos e éticos, podem proporcionar uma melhor
qualidade de vida das vítimas e de suas famílias.

REFERÊNCIAS

BRASIL. [Lei Maria da Penha (2006)]. Lei Maria da Penha: do papel para a vida.
Brasília: Senado Federal, Gabinete da Senadora Rosalba Ciarlini, 2010. 22 p. [879477]
SEM.

BUCK, John N. H – T P: casa -árvore-pessoa, técnica projetiva de desenho: manual e


guia de Interpretação . Tradução de Renato Cury Tardivo; revisão de Iraí Cristina Boccato
Alves -2. Ed São Paulo : Vetor, 2009.

CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico V. Porto Alegre: Artmed, 2000.

OCAMPO, M. L. S., ARZENO, M. E. G. O Processo Psicodiagnóstico. In: O Processo


Psicodiagnóstico e as Técnicas Projetivas. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

PAPALIA, Diane E; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento


Humano. tradução: Carla Filomena Marques Pinto Vercesi. [et al].10ª edição. Porto
Alegre: AMGH, 2010.

SISTO, F. F. Escala de Avaliação de Tendência à Agressividade. (EATA) 1. ed. São


Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.
VILLEMOR-AMARAL, A E.de; MACHADO, M. A. dos S. NORONHA, A. P.P. O
Zulliger no sistema compreensivo: um estudo de fidedignidade. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2009.

WINCK, G. E. & STREY, M N. "A voz mais alta, mas na hora certa”: A naturalização
da violência de gênero enquanto recurso legitimado ao homem. Revista Ártemis, Vol.
9, Dez 2008, p. 116.

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VILLA, M. B., DEL PRETTE, Z.A.P. – Inventário de habilidades sociais conjugais


(IHSC – Villa&Del-Prette): manual de aplicação, apuração e interpretação”. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.

NUNES, C. H.S. S., HUTZ, C.S., NUNES, M. F. O. Bateria Fatorial de Personalidade


(BFP): manual técnico. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.

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