Carlos Roberto Ferreira Brandão (diretor do Museu de Arte
Contemporânea (MAC) da USP e ex-presidente do Instituto de
Museus (Ibram)) Para o professor, a perda é irreparável não só para o patrimônio brasileiro como para o patrimônio mundial. Segundo ele, a tragédia era anunciada, uma vez que, nos últimos anos, a queda no orçamento do museu foi proporcional ao aumento do risco que o prédio sofria. Ele recorda um projeto de recuperação do museu, financiado pela Petrobras, iniciado há dez anos. A ideia era transferir as coleções presentes no prédio para nove edifícios que seriam construídos, mas o processo foi interrompido após a construção de apenas três. De acordo com o especialista, não há um sistema de reparação jurídico-internacional que possa responsabilizar o Brasil por essa perda de patrimônio, que era de interesse mundial. Entretanto, o País já sofre uma responsabilização moral, que é igualmente danosa e preocupante, até porque muitos outros museus estão na mesma condição que o Museu Nacional. Para Brandão, comprova-se que os governantes não têm apreço pela pesquisa, não somente pelo incêndio, mas pelo sistema de pesquisa do Brasil, que tem sofrido de uma forma impressionante com queda de orçamento e descaso. “Sempre que se fala em reduzir custo, se pensa em reduzir custo no patrimônio e na educação”, conclui o professor.