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O Brasil sempre despertou a curiosidade do mundo. Seja por seu exotismo natural, seja pelas suas
dimensões continentais ou pelo caldeirão cultural formado por uma das sociedades mais miscigenadas do
planeta. Nos últimos anos, no entanto, o interesse internacional pelas coisas brasileiras andava um tanto
quanto arrefecido, principalmente pelo fato de a agenda geopolítica mundial estar voltada para o Oriente
Médio. Mas agora, com a ascensão do País a um papel de protagonista, ainda que emergente, no cenário
mundial, acadêmicos de todo o mundo, em especial os americanos, começam a voltar seus olhos
novamente para o Brasil. Só nos Estados Unidos estima-se que quase mil pesquisadores em diversas
universidades estejam dedicados exclusivamente a estudar assuntos tão diversos quanto a poluição da
Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, ou a história do Plano Real. Ao mesmo tempo, cerca de dez mil
estudantes universitários estão matriculados em cursos para aprender português. "Há um interesse
crescente pelo Brasil, por várias razões, desde as econômicas até o fato de termos mais brasileiros vivendo
nos Estados Unidos", diz o professor de História do Brasil da universidade americana de Brown, James
Green, integrante da Associação Norte-Americana de Estudos Brasileiros, que conta com cerca de 1,2 mil
sócios. A história desse interesse acadêmico pelo Brasil não é nova. Desde os anos 50, quando o Brasil
iniciou um rápido processo de industrialização, pesquisadores estrangeiros passaram a colocar o País em
suas pautas. Esse movimento cresceu nos anos 60 e 70 com a intensificação da Guerra Fria. Nessa época,
o governo dos Estados Unidos começou a financiar estudantes interessados em estudar o Brasil, um país
com informações sobre seu tecido social tão escassas quanto a Cuba tomada por Fidel e Che Guevara.
Mas, desde o fim da década de 90, tanto o Brasil quanto a América Latina deixaram de atrair a atenção
internacional, monopolizada pelo déjà vu: a batalha entre Ocidente e Oriente encarnada nas guerras do
Iraque e do Afeganistão.
"O desempenho econômico do Brasil durante a crise e as conquistas sociais do País voltaram a despertar o
interesse acadêmico", diz Joseph Love, diretor do Instituto Lemann, voltado exclusivamente para financiar
estudantes brasileiros ou americanos interessados no Brasil. Love, como outros brasilianistas, está percebendo
uma mudança importante no perfil dos pesquisadores de agora em relação aos de décadas passadas. "Antes o
interesse era quase exclusivamente antropológico. Questões como raça e gênero sempre cativaram os
pesquisadores. Agora o que vemos é uma curiosidade crescente por temas relacionados à economia,
experiências no sentido de diminuir o abismo social e questões ambientais", diz ele.
ISTOÉ, 03 set 2010.
2. O autor usa no segundo parágrafo a expressão francesa déjà vu (já visto), empregada
usualmente para indicar que uma situação parece conhecida, devido à semelhança com outra
vivida anteriormente. Essa expressão é usada para destacar a semelhança entre:
a) o processo de industrialização no Brasil e nos Estados Unidos.
b) a atuação dos grupos de esquerda no Brasil nos anos 1960 e 1970 e os líderes da revolução cubana.
c) o desenvolvimento econômico e industrial do Brasil na década de 1950 e no início do século 21.
d) as guerras do Iraque e Afeganistão e a Guerra Fria nas décadas de 1960 e 1970.
e) o interesse de pesquisadores americanos pelo Brasil e pelo Oriente Médio.
"Tiras, assim como esfihas, podem ser abertas ou fechadas. Segundo o Umberto Eco, que estabeleceu
este modelo, tão mais abertas serão quanto mais possibilidades de leitura oferecerem, e tão mais fechadas
quanto mais estrito for o campo de interpretação.
Na minha produção, tem de tudo, com vários índices de abertura.
Nestas, de ‘Almanaque’, em especial, tive uma intenção mais ou menos clara, que alcança seu êxito
(na leitura) conforme os códigos de quem lê são parecidos com os meus, que as fiz."
(Postado em 10 ago 2010.)
Para a interpretação dessa tira, considere que os códigos a que o autor se refere sejam os
conhecimentos necessários à interpretação da tira e indique quais, entre os pressupostos
abaixo, são mobilizados para o sucesso na leitura.
I. Para a interpretação de tiras, é importante conhecer a distinção entre obra aberta e obra fechada
formulada por Umberto Eco.
II. As geladeiras são equipamentos fundamentais para a conservação de produtos que se deterioram
se não forem armazenados em temperaturas baixas.
III. Numa sociedade consumista, é comum a aquisição de bens desnecessários.
IV. A Terra corre o risco permanente de ser alvo de ataques de armas nucleares.
V. O aquecimento global pode resultar no derretimento das geleiras da Antártida.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente o item II é verdadeiro.
b) Somente os itens III, IV e V são verdadeiros.
c) Somente os itens II, III e V são verdadeiros.
d) Somente os itens I e IV são verdadeiros.
e) Somente os itens I, II, III e V são verdadeiros.
Texto 1:
Apenas poucos séculos atrás, a mera ideia de resistir à agricultura, ao invés de estimulá-la, pareceria
ininteligível. Como teria progredido a civilização sem a limpeza das florestas, o cultivo do solo e a conversão
da paisagem agreste em terra colonizada pelo homem? Os reis e grandes proprietários podiam reservar
florestas e parques para caça e extração de madeira, mas na Inglaterra Tudor a preservação artificial dos
cumes incultos teria parecido tão absurda como a criação de santuários para pássaros e animais que não
podiam ser comidos ou caçados. A tarefa do homem, nas palavras do Gênesis (I, 28), era "encher a terra e
submetê-la", derrubar matas, lavrar o solo, eliminar predadores, matar insetos nocivos, arrancar fetos,
THOMAS, Keith. O homem e o mundo natural. S. Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 17-18.
Texto 2:
Antes dos anos 80, o termo biodiversidade não era conhecido. Esse termo, que une as palavras
‘diversidade’ e ‘biológica’, foi popularizado pelo livro Biodiversidade, de 1988, organizado pelo biólogo norte-
americano Edward O. Wilson, um dos pioneiros da ecologia, a partir dos debates do Fórum Nacional de
Biodiversidade, realizado dois anos antes em Washington (Estados Unidos).
O livro foi publicado no Brasil em 1997. No conceito de biodiversidade estão incluídos todos os seres
vivos e as relações que esses organismos têm entre si e com o meio físico, transformando e construindo
florestas, lagos e todos os elementos da paisagem que normalmente chamamos de natureza. Assim,
plantas, animais e ecossistemas passaram a ser entendidos como um complexo integrado, que dá forma e
funcionamento à vida no planeta.
A biodiversidade, portanto, não se refere exclusivamente aos organismos em si, mas também ao
ambiente criado a partir da presença deles. É como um jogo de xadrez. De que valem as peças se não
forem realizadas boas jogadas? Precisamos compreender as complexas regras desse jogo, para evitar ou
minimizar nossas interferências nefastas. No caso da Amazônia, precisamos apreender a biodiversidade da
região em toda a sua complexidade e dinâmica, entender os efeitos dos processos de mudança e buscar as
melhores soluções para a manutenção dessa diversidade.
A Amazônia está mudando. Ciência Hoje, jul. 2007, p. 40.
5. No Texto 1, o autor:
a) explicita como a relação homem/natureza era percebida no século XVI.
b) critica a atitude dos ingleses que colonizaram a América do Norte.
c) lamenta a profunda mudança na agricultura ocorrida ao longo de quatro séculos.
d) aponta a primazia do conceito de natureza sobre o de cultura no século XVI.
e) mostra-se saudosista quanto à concepção da relação com a natureza antropocêntrica e
fundamentada na Bíblia.
O texto a seguir é parte de uma entrevista publicada pela revista CULT e serve de base para as
questões 07 a 09.
No final de maio deste ano, a revista Science publicou um trabalho que causou alarde para além dos
muros da comunidade científica. Liderado pelo doutor Craig Venter, um grupo de cientistas norte-
americanos conseguiu criar em laboratório a primeira célula controlada por um genoma sintético. A
descoberta sinaliza para o fato de que a criação de seres vivos inéditos na natureza parece não estar
distante, o que despertou a atenção de diversos setores da sociedade. Prova disso foi a atitude do
presidente Barack Obama que, após tomar conhecimento do feito, pediu a seus conselheiros especializados
em biotecnologia que elaborassem um relatório sobre os possíveis prós e contras da descoberta. O
Vaticano, por sua vez, conclamou para o debate ético, ao afirmar que a descoberta "deve ter regras, como
tudo o que toca o coração da vida".
Esse exemplo é apenas um entre os tantos avanços recentes da ciência que suscitam acaloradas
discussões. O homem está autorizado a criar seres vivos inéditos na natureza? Quais os dilemas éticos
envolvidos? Qual o papel da sociedade e dos cientistas diante desses dilemas? Para discutir essas e outras
questões, a CULT entrevistou uma das maiores autoridades brasileiras no assunto, a geneticista Lygia da
Veiga Pereira.
CULT – Com relação ao genoma sintético, é correto falar em "criação" da vida, como a mídia vem
fazendo?
Lygia da Veiga Pereira – O que esse grupo [pesquisadores norte-americanos liderados pelo doutor Craig
Venter] fez foi sintetizar no laboratório um genoma completo de uma bactéria e, ao colocar esse genoma
dentro de outra, ele passou a reger a vida dessa bactéria. Então, rigorosamente falando, ele não criou vida,
eu diria que ele reprogramou uma vida, pois transformou uma forma de vida A em uma forma de vida B.
Trata-se de um grande avanço tecnológico, pois ele mostrou que consegue sintetizar no laboratório um
genoma de uma bactéria e que esse genoma funciona quando é posto dentro de outra.
Por que eu digo que é um avanço puramente tecnológico? Eles de fato sintetizaram as moléculas de DNA
em laboratório, mas a sequência daquele DNA já existia na natureza. O próximo passo, esse sim
revolucionário, será criar um genoma inédito, que a natureza não selecionou. Baseados nos milhares de
genes já descritos em bancos de dados, os pesquisadores poderão criar um genoma completamente
inédito, inseri-lo em uma bactéria e então vão criar um ser vivo inédito. E para que fazer isso? Porque eles
acham que vão conseguir desenhar seres vivos que exerçam funções interessantes para nós, como, por
exemplo, captar CO2 da atmosfera ou digerir o petróleo no mar. É um enorme desafio.
9. Avalie se as afirmativas a seguir correspondem ao ponto de vista expresso por Lygia da Veiga
Pereira na entrevista a propósito da criação em laboratório de seres não existentes na natureza:
I. A criação de seres vivos inéditos pode ser avaliada positivamente, uma vez que esses seres
podem ser projetados para exercer funções benéficas para os homens e outros seres vivos.
II. Antes de criar novos seres vivos, a ciência deve priorizar o estudo e a preservação da diversidade
biológica existente.
III. É necessário ampliar o conhecimento sobre os sistemas biológicos antes de colocar na natureza
seres criados em laboratório.
IV. A criação de seres vivos inéditos representa uma ingerência humana injustificável nos processos
naturais de evolução biológica.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa IV é verdadeira.
b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
(UFPR – 2010)
O PARADOXO DO BAFÔMETRO
Quando o Estado não consegue materializar a culpa de um cidadão acusado de alguma transgressão, por
causa de determinações que estão na Constituição Brasileira, o problema é do Estado e não do cidadão – o
I. O Brasil se equipara ao resto do mundo no uso da pirataria em relação aos filmes e no combate à
pirataria em relação às músicas.
II. Os dados acima alertam para a distinção entre informalidade e ilegalidade.
13. Tem muita gente boa aplaudindo Barack Obama porque ele proibiu a prática de torturas contra
presos. O suplício mais conhecido era a simulação de afogamento. Um pedaço dessa mesma
plateia emocionou-se com a valentia do Capitão Nascimento no filme "Tropa de Elite" e com o
poder de persuasão de seus sacos de plástico. É um novo tipo de esquizofrenia política. O
sujeito é Obama nos Estados Unidos e George Bush no Brasil.
Elio Gaspari, O Globo, jan. de 2009.
17. Não por acaso, o preâmbulo do Tratado do Espaço já reconhece "o interesse que apresenta
para toda a humanidade o programa de exploração e uso do espaço cósmico para fins
pacíficos" e enfatiza o desejo dos países signatários de "contribuir para o desenvolvimento de
ampla cooperação internacional" nesse programa.
Os termos grifados podem ser respectivamente substituídos, mantendo as relações de sentido, por:
a) o preposto – reitera – dignitários.
b) o dirigente – reforça – participantes.
c) a introdução – salienta – que o subscrevem.
d) o prefácio – atenua – que assinam.
e) o exórdio – sublinha – eminentes.
Nessa propaganda do dicionário Aurélio, a expressão "bom pra burro" é polissêmica, e remete a
uma representação de dicionário.
a) Qual é essa representação? Ela é adequada ou inadequada? Justifique.
b) Explique como o uso da expressão "bom pra burro" produz humor nessa propaganda.
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Quino, Toda Mafalda. São Paulo: Editora Martins Fontes, 6ª. Edição, 2003.
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a) Para o efeito de humor dessa anedota, contribui, de maneira decisiva, um dos verbos do texto. De
que verbo se trata? Justifique sua resposta.
b) Reescreva o diálogo que compõe o texto, usando o discurso indireto. Comece com: O fiscal do
"rapa" perguntou ao músico ...
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a) Explique o recurso utilizado para caracterizar o modo de falar das personagens na tira.
b) É possível afirmar que esse modo de falar caracterizado na tira é exclusivo do universo rural
brasileiro? Justifique.
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6. (FUVEST) Leia o seguinte texto, extraído de uma biografia do compositor Carlos Gomes.
No ano seguinte [1860], com o objetivo de consolidar sua formação musical, Carlos Gomes mudou-se
para o Rio de Janeiro, contra a vontade do pai, para iniciar os estudos no conservatório da cidade. "Uma
idéia fixa me acompanha como o meu destino! Tenho culpa, porventura, por tal cousa, se foi vossemecê
que me deu o gosto pela arte a que me dediquei e se seus esforços e sacrifícios fizeram-me ganhar
ambição de glórias futuras?", escreveu ao pai, aflito e cheio de remorso por tê-lo contrariado. "Não me culpe
pelo passo que dei hoje. [...] Nada mais lhe posso dizer nesta ocasião, mas afirmo que as minhas intenções
são puras e espero desassossegado a sua bênção e o seu perdão", completou.
Disponível em: <http://musicaclassica.folha.com.br> Acesso em: 29/3/2010.
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SINAIS
Por milênios o homem foi caçador. Durante inúmeras perseguições, ele aprendeu a reconstruir as
formas e movimentos das presas invisíveis pelas pegadas na lama, ramos quebrados, bolotas de esterco,
tufos de pêlos, plumas emaranhadas, odores estagnados. Aprendeu a farejar, registrar, interpretar e
classificar pistas infinitesimais como fios de barba. Aprendeu a fazer operações mentais complexas com
rapidez fulminante, no interior de um denso bosque ou numa clareira cheia de ciladas.
Gerações e gerações de caçadores enriqueceram e transmitiram esse patrimônio cognoscitivo. Na falta
de uma documentação verbal para se pôr ao lado das pinturas rupestres e dos artefatos, podemos recorrer
às narrativas de fábulas, que do saber daqueles remotos caçadores transmitem-nos às vezes um eco,
mesmo que tardio e deformado. Três irmãos (narra uma fábula oriental, difundida entre os quirguizes,
tártaros, hebreus, turcos...) encontram um homem que perdeu um camelo – ou, em outras variantes, um
cavalo. Sem hesitar, descrevem-no para ele: é branco, cego de um olho, tem dois odres nas costas, um
cheio de vinho, o outro cheio de óleo. Portanto, viram-no? Não, não o viram. Então são acusados de roubo
e submetidos a julgamento. É, para os irmãos, o triunfo: num instante demonstram como, através de
indícios mínimos, puderam reconstruir o aspecto de um animal que nunca viram.
Os três irmãos são evidentemente depositários de um saber de tipo venatório* (mesmo que não sejam
descritos como caçadores). O que caracteriza esse saber é a capacidade de, a partir de dados
aparentemente negligenciáveis, remontar a uma realidade complexa não experienciável diretamente. Pode-
se acrescentar que esses dados são sempre dispostos pelo observador de modo tal a dar lugar a uma
sequência narrativa, cuja formulação mais simples poderia ser "alguém passou por lá". Talvez a própria
idéia de narração (distinta do sortilégio, do esconjuro ou da invocação) tenha nascido pela primeira vez
numa sociedade de caçadores, a partir da experiência da decifração das pistas. O fato de que as figuras
retóricas sobre as quais ainda hoje se funda a linguagem da decifração venatória – a parte pelo todo, o
efeito pela causa – são reconduzíveis ao eixo narrativo da metonímia, com rigorosa exclusão da metáfora,
reforçaria essa hipótese – obviamente indemonstrável. O caçador teria sido o primeiro a "narrar uma
história" porque era o único capaz de ler, nas pistas mudas (se não imperceptíveis) deixadas pela presa,
uma série coerente de eventos.
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais. S. Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 151–2.
9. (UFPR) A fábula do homem que perdeu o camelo (ou cavalo) é resumida por Ginzburg para
mostrar que:
a) o raciocínio a partir de indícios, característico dos caçadores, teve origem no Oriente.
b) uma mesma fábula pode ter muitas versões quando faz parte da tradição de povos diferentes.
c) os caçadores tinham uma habilidade extraordinária de contar histórias e usavam essa capacidade
para confundir os ouvintes.
d) a análise de pequenos detalhes fornece pistas para a reconstituição de eventos não
testemunhados.
e) as fábulas tradicionais transmitem ensinamentos; esta mostra que a verdade e a justiça sempre
vencem.
10. (UFPR) As duas expressões relacionadas pelo sinal ↔ têm sentido equivalente em:
a) pistas infinitesimais ↔ pistas ínfimas
b) são evidentemente depositários ↔ são evidentemente superpostos
c) dados aparentemente negligenciáveis ↔ dados aparentemente desconexos
d) pinturas rupestres ↔ pinturas rurais
e) odores estagnados ↔ odores dispersos
11. (UFPR) Tem muita gente boa aplaudindo Barack Obama porque ele proibiu a prática de torturas
contra presos. O suplício mais conhecido era a simulação de afogamento. Um pedaço dessa
mesma plateia emocionou-se com a valentia do Capitão Nascimento no filme Tropa de Elite e
com o poder de persuasão de seus sacos de plástico. É um novo tipo de esquizofrenia política.
O sujeito é Obama nos Estados Unidos e George Bush no Brasil.
Elio Gaspari, O Globo, jan. de 2009.
Os leigos sempre se medicaram por conta própria, já que de médico e louco todos temos um pouco,
mas esse problema jamais adquiriu contornos tão preocupantes no Brasil como atualmente. Qualquer
farmácia conta hoje com um arsenal de armas de guerra para combater doenças de fazer inveja à própria
indústria de material bélico nacional. Cerca de 40% das vendas realizadas pelas farmácias nas metrópoles
brasileiras destinam-se a pessoas que se automedicam. A indústria farmacêutica de menor porte e
importância retira 80% de seu faturamento da venda "livre" de seus produtos, isto é, das vendas realizadas
sem receita médica.
Diante desse quadro, o médico tem o dever de alertar a população para os perigos ocultos em cada
remédio, sem que, necessariamente, faça junto com essas advertências uma sugestão para que os
entusiastas da automedicação passem a gastar mais com consultas médicas. Acredito que a maioria das
pessoas se automedica por sugestão de amigos, leitura, fascinação pelo mundo maravilhoso das drogas
"novas" ou simplesmente para tentar manter a juventude. Qualquer que seja a causa, os resultados podem
ser danosos.
É comum, por exemplo, que um simples resfriado ou uma gripe banal leve um brasileiro a ingerir doses
insuficientes ou inadequadas de antibióticos fortíssimos, reservados para infecções graves e com indicação
precisa. Quem age assim está ensinando bactérias a se tornarem resistentes a antibióticos. Um dia, quando
realmente precisar de remédio, este não funcionará. E quem não conhece aquele tipo de gripado que chega
a uma farmácia e pede ao rapaz do balcão que lhe aplique uma "bomba" na veia, para cortar a gripe pela
raiz? Com isso, poderá receber na corrente sanguínea soluções de glicose, cálcio, vitamina C, produtos
aromáticos – tudo sem saber dos riscos que corre pela entrada súbita destes produtos na sua circulação.
Dr. Geraldo Medeiros. Veja, 18 dez. 1985.
a) II e IV são verdadeiras.
b) I e IV são verdadeiras.
c) I e III são verdadeiras.
d) II e III são verdadeiras.
e) Apenas I é verdadeira.
13. (PUC/PR) Indique o que for FALSO sobre o texto de Geraldo Medeiros.
a) Apesar de tratar de um tema sério, o texto apresenta um certo tom de humor.
b) Os dados estatísticos apresentados no primeiro parágrafo são argumentos convincentes que o
autor utiliza para defesa de seu ponto de vista.
c) No segundo parágrafo, o uso do verbo acreditar, para introduzir as causas da automedicação,
anulou a força argumentativa do enunciado, o que acabou desqualificando todo o texto.
d) O fato de o autor assinar seu nome precedido do título de doutor (Dr.) é uma forma de dar
credibilidade tanto à posição defendida como aos argumentos apresentados.
e) A automedicação é o tema central do texto.
(UEM/PR)
(...) Nada mais pop do que buscar uma definição na Wikipédia de cultura pop:
"Cultura em Massa ou Cultura Pop é a cultura vernacular – isto é, do povo – que existe numa
sociedade moderna. O conteúdo da cultura popular é determinado em grande parte pelas indústrias que
disseminam o material cultural, como, por exemplo, as indústrias do cinema, televisão, música e editoras,
bem como os veículos de divulgação de notícias (...)."
Essa definição é bem funcional, principalmente na questão das fontes de cultura pop e na interação entre o
produto e o consumidor. Talvez a principal falha dessa síntese (...) seja quando diz uma cultura "do povo". O
termo "cultura popular" parece ter, pelo menos no Brasil, um sentido muito distinto de cultura pop, a ponto de
esses dois segmentos praticamente se oporem na opinião do público. Isto é, enquanto a cultura popular parece
remeter ao passado, ao tradicional, a cultura pop sempre tenta se relacionar com o que é novidade. (...)
Sabe aquela música que não saía da sua cabeça? Aquele trecho de livro que você anotou para não
esquecer? O filme a que toda vez que você assiste lembra daquela garota? O gibi que você leu e nunca
esqueceu? Uma das principais características da cultura pop é esta: ser como um chiclete, algo tão
cativante que gruda em você sem que você entenda o porquê. Fica mais interessante ainda quando você
pensa: "Mas por que eu gosto disso? Isso é uma droga!" (...)
16. (UEM/PR) Assinale o que for correto a respeito da posição do autor do texto em relação à
cultura pop.
01. O autor apresenta a cultura pop de forma pejorativa, referindo-se a ela como "droga" (linha 16).
02. Ao buscar a definição de cultura pop na Wikipédia, uma enciclopédia on-line construída por
internautas, e não em um dicionário ou em uma enciclopédia tradicional, o autor demonstra
adesão à cultura pop.
04. A cultura pop traz saudosismo para o autor do texto.
08. Para o autor do texto, um dos principais aspectos da cultura pop é o fato de alguns produtos dessa
cultura "grudarem" como chiclete na mente das pessoas.
16. Embora reconheça que a cultura pop nem sempre apresenta os melhores conteúdos, o autor do
texto não a estigmatiza, por considerar o significado que coisas simples podem adquirir na vida de
um indivíduo.
Soma: _____
17. (UEM/PR) Assinale o que for correto a respeito do conceito de cultura pop veiculado pelo texto.
01. Na visão do público, os conceitos de cultura popular e de cultura pop se opõem, contrariando a
definição de cultura pop da Wikipédia.
02. No Brasil, a cultura pop e a cultura popular apontam para direções diferentes.
04. De acordo com o autor do texto, a cultura pop não é "do povo", pois é produzida para o povo e não
pelo povo.
08. A partir do conceito de cultura popular apresentado no texto, no que se refere à música, pode-se
inferir que uma canção sertaneja tradicional seja um exemplo de cultura popular.
16. Produtos da cultura pop têm o poder de "grudar" na cabeça do indivíduo porque são feitos pela
indústria, ao passo que elementos da cultura popular são feitos por pessoas simples do próprio
povo, que não têm a mesma capacidade dos profissionais contratados pela indústria.
Soma: _____
"Os turistas que visitam as favelas do Rio se dizem transformados, capazes de dar valor ao que
realmente importa", observa a socióloga Bianca Freire-Medeiros, autora da pesquisa "Para ver os pobres: a
construção da favela carioca como destino turístico". "Ao mesmo tempo, as vantagens, os confortos e os
benefícios do lar são reforçados por meio da exposição à diferença e à escassez. Em um interessante
paradoxo, o contato em primeira mão com aqueles a quem vários bens de consumo ainda são inacessíveis
garante aos turistas seu aperfeiçoamento como consumidores."
No geral, o turista é visto como rude, grosseiro, invasivo, pouco interessado na vida da comunidade,
preferindo visitar o espaço como se visita um zoológico e decidido a gastar o mínimo e levar o máximo.
Conforme relata um guia, "O turismo na favela é um pouco invasivo, sabe? Porque você anda naquelas
ruelas apertadas e as pessoas deixam as janelas abertas. E tem turista que não tem ‘desconfiômetro’: mete
o carão dentro da casa das pessoas! Isso é realmente desagradável. Já aconteceu com outro guia. A
moradora estava cozinhando e o fogão dela era do lado da janelinha; o turista passou, meteu a mão pela
janela e abriu a tampa da panela. Ela ficou uma fera. Aí bateu na mão dele."
HAAG, Carlos. Laje cheia de turista. Como funcionam os tours pelas favelas cariocas. Pesquisa FAPESP no. 165, 2009, p.90-93.
(Adaptado).
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20. (FUVEST) Leia o seguinte excerto de um artigo sobre o teólogo João Calvino.
Foi preciso o destemor conceitual de um teólogo exigente feito ele para dar o passo racional
necessário. Ousou: para salvar a onipotência de Deus, não dá para não sacrificar pelo menos um quê da
bondade divina.
Antônio Flávio Pierucci, Folha de S. Paulo, 12/07/2009.
a) O excerto está redigido em linguagem que apresenta traços de informalidade. Identifique dois
exemplos dessa informalidade.
b) Mantendo o seu sentido, reescreva o trecho "não dá para não sacrificar pelo menos um quê da
bondade divina", sem empregar duas vezes a palavra "não".
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21. (FUVEST) Leia estas duas estrofes da conhecida canção Asa-Branca, de Luís Gonzaga e
Humberto Teixeira.
a) Indique uma palavra ou expressão que possa substituir "Qual" (primeira estrofe), sem alterar o
sentido do texto.
b) Na segunda estrofe, substitua a palavra "viu" por outra que cumpra a mesma função comunicativa
que ela tem no texto.
c) Nessas estrofes, os únicos recursos poéticos utilizados são rima e ritmo? Justifique sua resposta.
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a) Identifique, na frase I, o trocadilho a que se refere o redator e explique por que ele pede perdão
por tê-lo produzido.
b) É correto afirmar que na frase II ocorre ambiguidade? Justifique sua resposta.
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"Foi o melhor dos tempos e o pior dos tempos, a idade da sabedoria e da insensatez, a era da fé e da
incredulidade, a primavera da esperança e o inverno do desespero. Tínhamos tudo e nada tínhamos". As
palavras que abrem o romance Conto de duas cidades, de Charles Dickens, falam da Europa do século
XVIII, às vésperas da Revolução Francesa, mas definem à perfeição as grandes expectativas e a
encruzilhada vividas pela geração de 1968 no Brasil e no mundo. Naquele ano que para alguns não
terminou e para a maioria terminou mal, o "poder jovem" tomou de assalto as ruas de Paris, Bonn, Roma,
Praga, Washington, San Francisco, Cidade do México, Rio de Janeiro e São Paulo, entre outras. Sessenta
e oito foi o ápice da geração baby boomer, nascida depois da Segunda Guerra Mundial. Ao contrário de
seus pais, esses jovens eram urbanos, desfrutavam do conforto trazido pela tecnologia, ouviam sons
estridentes de rock’n roll, usavam cabelos e barbas compridos, minissaias, experimentavam drogas e, de
posse da pílula anticoncepcional, forçaram a porta da revolução sexual. Mas eles queriam mais e, em 1968,
se insurgiram em todos os cantos do planeta. Como um rastilho de pólvora, reivindicações estudantis se
transformaram, da noite para o dia, em rebeliões contra governos, instituições, a Guerra do Vietnã e, por
fim, toda a ordem vigente. "Sejamos realistas, exijamos o impossível"; "É proibido proibir", diziam os slogans
dos estudantes em Paris. No final, o establishment careta balançou, mas não caiu. Nos principais pontos da
revolta, a velha ordem venceu "e o sinal ficou fechado para os jovens": os conservadores ganharam as
eleições na França, os tanques soviéticos acabaram com a Primavera de Praga e Richard Nixon foi eleito
presidente dos EUA. Como consolo, 1968 deixou como herança o fim dos valores puritanos da sociedade
do pós-guerra, com o advento de uma moral sexual menos repressiva. Às vésperas de 2008, o legado
daquele ano grávido de utopias tragicamente abortadas permanece ainda desafinando o coro dos contentes
e alimentando esperanças de um futuro menos sombrio.
CAMARGO, Cláudio; LOBATO, Eliane. ISTOÉ, ed. 1987, 28 nov. 2007
26. (UFPR)
"Sejamos realistas, exijamos o impossível"
"É proibido proibir"
Cada um dos slogans contém uma proposta:
a) ortodoxa.
b) paradoxal.
c) conciliadora.
d) conservadora.
e) coerente.
27. (UFPR) Nos versos abaixo, o compositor Antônio Carlos Belchior refere-se às manifestações
que tiveram seu clímax em 1968:
Assinale a alternativa que apresenta uma idéia que pode ser encontrada tanto nos versos de
Belchior quanto no artigo "Um olhar sobre o passado".
a) A descoberta de métodos contraceptivos impulsionou as mudanças decorrentes dos movimentos
de 1968.
b) Os movimentos de 1968 incentivaram a expansão do consumo de drogas.
c) As manifestações de 1968 foram abortadas porque seus líderes se tornaram adultos.
d) A repressão policial pôs fim às manifestações estudantis de 1968 nas cidades mais importantes.
e) Apesar da grande mobilização de 1968, as sociedades permaneceram conservadoras.
(UFSC)
TEXTO 1
A Petrobras deve iniciar a produção comercial de etanol de segunda geração feito a partir de material
celulósico em 2012. Segundo autoridades governamentais, "o objetivo é manter a liderança do Brasil em
termos de produtividade em etanol de primeira geração e disputar a liderança em etanol de segunda
geração", porque os Estados Unidos superaram o Brasil como maior produtor de etanol do mundo em 2007.
O Brasil, que produz o etanol a partir da cana-de-açúcar, continua sendo o produtor mais eficiente do
biocombustível de primeira geração. Nos EUA o etanol é feito principalmente com milho, um método de
produção consideravelmente menos eficiente.
A produção de etanol de segunda geração ainda não atingiu a escala comercial, mas algumas empresas
apostam no uso de material celulósico, como bagaço de cana ou grama, para a produção de biocombustíveis,
em parte como uma maneira de evitar produtos que sejam alimentos. A forte expansão da produção de etanol
nos EUA nos últimos anos foi amplamente criticada por contribuir para a inflação dos alimentos.
[...]
A safra de cana do Brasil deve chegar a 630 milhões de toneladas nesta temporada, com as quais
serão produzidos 28 bilhões de litros de etanol. O bagaço é aproveitado nas usinas para gerar energia
através da queima da biomassa.
Se as tecnologias de produção do combustível celulósico se mostrarem viáveis, haverá matéria-prima
considerável – bagaço – já disponível nas usinas para ser usada, diferentemente dos Estados Unidos, onde
o transporte e a logística devem continuar sendo um desafio.
Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/economia,petrobras-deve-iniciar- producao-de-etanol-celulosico em-2012,
380467,0.htm> Acesso em: 9/8/2009. (Adaptado)
31. (UFSC)
Quando o alemão Fritz Muller chegou ao interior de Santa Catarina, em 1852, era como se pousasse
em outro planeta. Um planeta onde ele realizou estudos minuciosos, que lhe renderam fama internacional e
o apelido de "príncipe dos exploradores" – cortesia de seu ídolo e fã, Charles Darwin.
O fascínio pela fauna e flora abaixo do Equador foi o que atraiu o médico e filósofo de 31 anos ao vale
do Itajaí, um deserto verde onde dois anos antes Hermann Blumenau havia criado uma colônia alemã
batizada com seu sobrenome.
GOMES, S. Superinteressante, julho de 2009. p. 49.
32. (UFSC)
A "SKRITA" NA INTERNET
33. (UEL/PR)
As condições de bem-estar e de comodidade nos grandes centros urbanos são reconhecidamente
precárias por causa, sobretudo, da densa concentração de habitantes num espaço que não foi planejado
para aloja-los. Com isso, praticamente todos os pólos das estruturas urbanas ficam afetados: o trânsito é
lento; os transportes coletivos, insuficientes; os estabelecimentos de prestação de serviços, ineficazes.
Um exemplo disso é São Paulo, às sete da noite. O trânsito caminha lento e nervoso. Nas ruas, pedestres
apressados se atropelam. Nos bares, bocas cansadas conversam, mastigam e bebem em volta de mesas. Luzes
de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios. De repente, uma escuridão total cai sobre todos como uma
espessa lona opaca de um grande circo. Os veículos acendem os faróis altos, insuficientes para substituir a
iluminação anterior. Em pouco tempo, as ruas ficam desertas, o medo paira no ar...
Com base nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que o texto é predominantemente
a) injuntivo, pois apresenta inicialmente um argumento baseado no consenso e máximas aceitas
como verdadeiras.
b) narrativo, uma vez que busca fazer um relato a respeito da vida na grande capital, São Paulo.
c) dissertativo, pois expõe ideias gerais, seguidas da apresentação de argumentos que as
comprovam.
d) preditivo, pois é desenvolvido para permitir que o leitor preveja sobre o que tratará o texto.
e) descritivo, pois recria o ambiente, ou seja, o espaço, apresentando as suas características.
O LABIRINTO DA INTERNET
a) Qual é o pressuposto da personagem que defende o acordo ortográfico entre os países de língua
portuguesa? Por que esse pressuposto é inadequado?
b) Explique como, na tira ao lado, esse pressuposto é quebrado.
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36. (Unicamp) A propaganda abaixo explora a expressão idiomática ‘não leve gato por lebre’ para
construir a imagem de seu produto:
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a) Tendo em vista o contexto, é correto afirmar que o trecho "meias ou uma água-de-colônia barata"
deve ser entendido apenas em seu sentido literal? Justifique sua resposta.
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a) O sentido do texto se faz com base na polissemia de uma palavra. Identifique essa palavra e
explique por que a indicou.
b) A tirinha visa produzir não só efeito humorístico mas também efeito crítico. Você concorda com
essa afirmação? Justifique sua resposta.
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39. (Unicamp) Calvin é personagem de uma conhecida tirinha americana traduzida para várias línguas.
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40. (FUVEST) Leia a seguinte fala, extraída de uma peça teatral, e responda ao que se pede.
Odorico – Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de Prefeito, aqui estou para receber a
confirmação, ratificação, a autenticação e, por que não dizer, a sagração do povo que me elegeu.
Dias Gomes. O Bem-Amado: farsa sócio-político-patológica em 9 quadros.
a) A linguagem utilizada por Odorico produz efeitos humorísticos. Aponte um exemplo que comprove
essa afirmação. Justifique sua escolha.
b) O que leva Odorico a empregar a expressão "por que não dizer", para introduzir o substantivo
"sagração"?
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PLANTANDO COMBUSTÍVEL
É comum ouvir em qualquer faculdade de administração histórias sobre como as empresas de rádio
deveriam ter dominado a indústria nascente da televisão, ou como empresas de carruagem deveriam ter
dominado o mercado de trens e dos ônibus e assim por diante. Todos esses perderam o bonde da história
porque não entendiam direito qual era seu papel, qual era seu negócio. Ninguém estava no mercado de
transmissão de programas de rádio, estava no negócio do entretenimento. As pessoas não pagavam você
para terem os melhores e mais rápidos cavalos, as carruagens mais confortáveis, pagavam para serem
transportadas de um lugar para outro com eficiência.
De tanto martelar esse tipo de história, parece que a ficha caiu para as grandes empresas petrolíferas.
Elas sabem que não estão no ramo do petróleo, e sim, de energia. E se for energia limpa, renovável, que
não agrida o meio ambiente, melhor ainda.
Diante disso, pode-se concluir que aconteceu o fenômeno inverso. O que poderia ser uma vantagem
competitiva para algumas empresas, deixa de sê-lo quando ...
Salavip, 01 de ago. de 2008. (Adaptado)
Assinale a alternativa que apresenta uma continuação coerente para o texto acima.
a) ... empresas que não trabalhavam com energia percebem que o grande lance atualmente é
investir pesado na busca por petróleo.
b) ... as empresas que já trabalhavam com petróleo empregam mais recursos para encontrar novos
poços, a fim de aumentar a produção.
c) ... todas as empresas petrolíferas decidem entrar no ramo da energia renovável.
d) ... empresas petrolíferas perdem o bonde da história, a exemplo do que aconteceu com as
empresas de rádio e de carruagem.
e) ... a energia limpa passa a ser a grande concorrente do petróleo.
41. (UFPR) Todas as sentenças abaixo apresentam ambiguidades. Assinale a alternativa em que a
ambiguidade não pode ser desfeita com a simples alteração na ordem das palavras.
a) As crianças comeram bolo e sorvete de chocolate.
b) Ele viu a moça com um binóculo.
c) Ela saiu da loja de roupa.
d) As crianças esconderam os brinquedos que encontraram no porão.
e) Acabaram de roubar o banco da entrada da universidade.
O PARADOXO DO BAFÔMETRO
Quando o Estado não consegue materializar a culpa de um cidadão acusado de alguma transgressão,
por causa de determinações que estão na Constituição Brasileira, o problema é do Estado e não do cidadão
– o ordenamento constitucional tem de ser respeitado sob o risco de se jogar na linha de tiro o Estado de
Direito. É claro que deve ser punido quem dirige embriagado. Mas, pela tradição das constituições
brasileiras, ninguém é obrigado a produzir prova contra si – no caso, não há obrigatoriedade de submissão
ao bafômetro. É fato (lamentável) que cerca de 80% dos que recusaram o teste de embriaguez acabaram
absolvidos. Mas também se lamenta, pela inconstitucionalidade, o fato de a Advocacia-Geral da União
pleitear a prisão daquele que não se expõe ao bafômetro. Democracia se faz de paradoxos, não de
soluções fáceis.
ISTOÉ, 16 set. 2009, p. 29.
44. (UFPR) Não por acaso, o preâmbulo do Tratado do Espaço já reconhece "o interesse que
apresenta para toda a humanidade o programa de exploração e uso do espaço cósmico para
fins pacíficos" e enfatiza o desejo dos países signatários de "contribuir para o desenvolvimento
de ampla cooperação internacional" nesse programa.
Os termos grifados podem ser respectivamente substituídos, mantendo as relações de sentido, por:
a) o preposto – reitera – dignitários.
b) o dirigente – reforça – participantes.
c) a introdução – salienta – que o subscrevem.
d) o prefácio – atenua – que assinam.
e) o exórdio – sublinha – eminentes.
Perda Peso!
É incrível, ao se preparar, por exemplo, um frango, a quantidade de resíduos, toxinas e gorduras que a
Magic Cook retira do alimento, isso tudo iria se depositar em seu organismo. Com Magic Cook você come
mais e melhor, e ainda perde peso.
Malu Receitas n.º 102/2009, p.13. (Adaptado)
45. (UEPG) A reescrita do período "Com Magic Cook você come mais e melhor, e ainda perde
peso.", neste contexto assinale o que for correto.
01. A Magic Cook possibilita-lhe uma boa alimentação, você come mais e perde peso.
02. uanto mais frango se come, mais se emagrece.
04. A Magic Cook permite a preparação de uma alimentação saudável, consequentemente você come
mais e perde peso.
08. Você só perderá peso se comer mais e melhor.
16. Você perde peso, come mais e melhor se cozer alimentos numa Magic Cook.
Soma: _____
48. (UEPG) Assinale o que for correto, no que se refere aos períodos que expressam as mesmas
ideias apresentadas no texto.
01. Além do autor e do técnico do Palmeiras, um dos jornais mais respeitados do mundo não aprovou
a escolha do COI.
02. O autor teme que as Olimpíadas de 2016 serão um fiasco.
04. Ao derrotar Chicago, Madri e Tóquio, o Rio impõe-se perante o mundo, como uma cidade de forte
estrutura econômica, social e turística.
08. A conquista do Rio como sede das Olimpíadas 2016 causou uma comoção patriótica.
16. O povo saiu às ruas do Rio para comemorar.
Soma: _____
49. (UEL/PR)
Quando os filhos de Ponciá Vicêncio, sete, nasceram e morreram, nas primeiras perdas ela sofreu
muito. Depois, com o correr do tempo, a cada gravidez, a cada parto, ela chegava mesmo a desejar que a
criança não sobrevivesse. Valeria a pena pôr um filho no mundo? Lembrava-se de sua infância pobre, muito
pobre na roça e temia a repetição de uma mesma vida para os seus filhos. O pai trabalhava tanto. A mãe
pelejava com as vasilhas de barro e tinham apenas uma casa de pau a pique coberta de capim, para
abrigar a pobreza em que viviam. E esta era a condição de muitos. Molambos cobriam o corpo das crianças
que até bem grandinhas andavam nuas. Entretanto, assim que as meninas cresciam um pouco, as mães
providenciavam panos para tapar-lhes o sexo e os seios. Crescera na pobreza. Os pais, os avós, os bisavôs
sempre trabalhando nas terras dos senhores. A cana, o café, toda a lavoura, o gado, as terras, tudo tinha
dono, os brancos. Os negros eram donos da miséria, da fome, do sofrimento, da revolta suicida. Alguns
saíram da roça, fugiam para a cidade, com a vida a se fartar de miséria, e com o coração a sobrar
esperança. Ela mesma havia chegado à cidade com o coração crente em sucessos e eis no que deu. Um
barraco no morro. Um ir e vir para a casa das patroas. Umas sobras de roupa e de alimento para
compensar um salário que não bastava. Um homem sisudo, cansado, mais do que ela talvez, e
desesperançado de outra forma de vida. Foi bom os filhos terem morrido. Nascer, crescer, viver para quê?
[...] De que valera o padecimento de todos aqueles que ficaram para trás? De que adiantara a coragem de
muitos em escolher a fuga, de viverem o ideal quilombola? De que valera o desespero de Vô Vicêncio? Ele,
num ato de coragem-covardia, se rebelara, matara uns dos seus e quisera se matar também. O que
adiantara? A vida escrava continuava até os dias de hoje. Sim, ela era escrava também. Escrava de uma
condição de vida que se repetia. Escrava do desespero, da falta de esperança, da impossibilidade de travar
novas batalhas, de organizar novos quilombos, de inventar outra e nova vida.
EVARISTO, C. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Maza Edições, 2003. p. 82-83. (Adaptado)
50. (UEL/PR) Assinale a alternativa que indica corretamente o recurso expressivo do texto.
a) A hipérbole em "fugiam para a cidade, com a vida a se fartar de miséria, e com o coração a sobrar
esperança" marca a oposição brancos versus negros.
b) No texto, a gradação é utilizada para demarcar a fixação do tempo e a banalidade dos fatos.
c) As inversões sintáticas, marcadas por oxímoros e hipérbatos, acentuam a dimensão poética da narrativa.
d) O discurso indireto livre permite detectar a manifestação da consciência da personagem.
e) As interrogações propiciam a emergência das lembranças da infância de Ponciá, em especial de
Vô Vicêncio.
a) Os enunciados que introduzem os artigos 1.548 e 1.550 têm sentido diferente. Explique essa
diferença, comparando, do ponto de vista morfológico, as palavras nulo e anulável.
b) Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001), infringência vem de infringir (violar,
transgredir, desrespeitar) + ência. Compare o processo de formação dessa palavra com o de
incompetência, indicando eventuais diferenças e semelhanças.
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As regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que entram em vigor no Brasil a partir de
janeiro de 2009, vão afetar principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do trema e do hífen.
Cuidado: segundo elas, você não poderá mais dizer que foi mordido por uma jibóia, e sim por uma jiboia.
(...)
E. Simões, Que língua é essa?. Folha de S.Paulo, Ilustrada, p. 1, 28/9/2008. (Adaptado).
a) O excerto acima supõe que alterações ortográficas modifiquem o modo de falar uma língua.
Mostre a palavra utilizada que permite essa interpretação. Levando-se em consideração o quadro
comparativo das mudanças ortográficas e a suposição expressa no excerto, explique o equívoco
dessa suposição.
Eu sou um ardoroso defensor da reforma ortográfica. A perspectiva de ser lido em Bafatá, no interior da
Guiné-Bissau, da mesma maneira que sou lido em Carinhanha, no interior da Bahia, me enche de
entusiasmo. Eu sempre soube que a maior barreira para o meu sucesso em Bafatá era o C mudo [como em
facto na ortografia de Portugal] (...)
D. Mainardi, Uma reforma mais radical. Revista VEJA, p. 129, 8/10/2008.
b) O excerto acima apresenta uma ironia. Em que consiste essa ironia? Justifique.
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Uma nota diplomática* é semelhante a uma mulher da moda. Só depois de se despojar uma elegante
de todas as fitas, rendas, joias, saias e corpetes, é que se encontra o exemplar não correto nem aumentado
da edição da mulher, conforme saiu dos prelos da natureza. É preciso desataviar uma nota diplomática de
todas as frases, circunlocuções, desvios, adjetivos e advérbios, para tocar a ideia capital e a intenção que
lhe dá origem.
Machado de Assis.
*Nota diplomática: comunicação escrita e oficial entre os governos de dois países, sobre assuntos do interesse de ambos.
a) É correto afirmar que, segundo o texto, uma nota diplomática se parece com o "exemplar não
correto nem aumentado da edição da mulher"? Justifique sua resposta.
b) Tendo em vista o trecho "para tocar a ideia capital e a intenção que lhe dá origem", indique um
sinônimo da palavra "capital" que seja adequado ao contexto e identifique o referente do
pronome "lhe".
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54. (FUVEST) Leia os seguintes versos, extraídos de uma canção de Dorival Caymmi.
Balada do rei das sereias
O rei atirou
Sua filha ao mar
E disse às sereias:
— Ide-a lá buscar,
Que se a não trouxerdes
Virareis espuma
Das ondas do mar
Foram as sereias...
Quem as viu voltar?...
Não voltaram nunca!
Viraram espuma
Das ondas do mar.
a) Aponte, na fala do rei (primeira estrofe), um efeito expressivo obtido por meio do emprego da
segunda pessoa do plural.
b) Sem alterar o sentido, reescreva a fala do rei, passando os verbos para a 3.ª pessoa do plural e
substituindo, por outra, a conjunção que.
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55. (Unicamp) Encontram-se, abaixo, a transcrição de parte de uma transmissão de jogo de futebol,
trecho de uma canção e uma manchete de notícia.
TEXTO 1
Na marca de 36 minutos do primeiro tempo do jogo, pode abrir o marcador o time da Itapirense. A
Esportiva precisa da vitória. Tomando posição o camisa 9 Juary. É a batida de penalidade máxima. Faz
festa a torcida. Fica no centro do gol o goleiro Cléber. Partiu Juary com a bola para a esquerda, tocou, é gol.
Gol da Esportiva! E o Mogi Mirim tem posse de bola agora, escanteio pela direita. 39 minutos, Juan na
cobrança do escanteio para o Mogi Mirim, chutou, cruzou, cabeceia Anderson Conceição e é gol.
Foi aos 39 minutos do primeiro tempo, Juan pra cobrança do lado direito, subiu, desviou de cabeça o
zagueiro Anderson Conceição, bola pro fundo da rede do goleiro Brás da Itapirense. Cutucou pro fundo da
rede Anderson Conceição, camisa 4.
Transcrição adaptada de trecho da transmissão da partida entre Mogi Mirim Esporte Clube e Itapirense em 04/10/2008. Disponível no
Podcast "Mogi Mirim Esporte Clube", em www.mogimirim.com.br.
TEXTO 2
TEXTO 3
a) Nos três textos ocorrem verbos no tempo presente. Entretanto, seu uso descreve as ações de
formas diferentes. Compare o uso do presente nos textos 1 e 2, e mostre a diferença. Faça o
mesmo com os textos 2 e 3. Explique.
b) O encadeamento narrativo do texto 1 é construído pela alternância entre verbos no presente e no
passado. Justifique a presença exclusiva do passado no último parágrafo, considerando que se
trata de uma transmissão de jogo de futebol.
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56. (FUVEST) Leia o trecho abaixo, extraído de um conto, e responda ao que se pede.
Eu estava ali deitado olhando através da vidraça as roseiras no jardim fustigadas pelo vento que zunia
lá fora e nas venezianas de meu quarto e de repente cessava e tudo ficava tão quieto tão triste e de repente
recomeçava e as roseiras frágeis e assustadas irrompiam na vidraça e eu estava ali o tempo todo olhando
estava em minha cama com minha blusa de lã as mãos enfiadas nos bolsos os braços colados ao corpo as
pernas juntas estava de sapatos Mamãe não gostava que eu deitasse de sapatos deixe de preguiça
menino! mas dessa vez eu estava deitado de sapatos e ela viu e não falou nada ela sentou-se na beirada
da cama e pousou a mão em meu joelho e falou você não quer mesmo almoçar?
Luiz Vilela. Eu estava ali deitado.
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P1 A mentira é normal e está por toda parte. Todos mentimos, e quem diz o contrário mente. Temos
dificuldade em nos reconhecer como mentirosos porque há um julgamento moral contrário. Mentimos para
obter vantagens e para nos proteger de algo, o que significa que estamos, de certa forma, passando a
perna em alguém. Quem mente bem costuma se dar melhor do que quem não consegue fazê-lo.
P2 Isso acontece porque a mentira traz vantagens indiscutíveis. Bons mentirosos são mais populares e
bem-sucedidos. Alguns conseguem enganar por muito tempo e atingem status social mais alto, até
melhores salários. A mentira está em toda a natureza. Vírus enganam o sistema imunológico de seus
hospedeiros, plantas fingem para se livrar de predadores, animais blefam para conseguir comida. Não é só
uma questão de sobrevivência; é de levar vantagem e ser melhor do que os concorrentes. Assim é também
a vida humana.
P3 A mentira é o pilar das relações sociais. Há pais que dizem: "Ensino meu filho a não mentir". Isso é
falso. Somos nós que os ensinamos a não dizer a verdade. Ensinamos que é errado dizer à vovó que os
seios dela são caídos. Ensinamos as crianças a agradecer o presente de Natal mesmo quando elas o
odeiam. Isso pode ser denominado "tato", "boas maneiras", mas são mentiras. A mentira não é boa ou ruim;
ela é necessária. Imagine o mundo em que todos fossem verdadeiros uns com os outros. Seria o caos.
P4 Bons mentirosos são socialmente mais inteligentes. Conseguem perceber o que a outra pessoa
quer ouvir, o que é pertinente contar naquela hora; têm sensibilidade para notar a vulnerabilidade alheia.
São melhores manipuladores. Mas é preciso dizer que mentimos melhor quando não sabemos que estamos
mentindo. Ou seja, quando enganamos a nós mesmos. A melhor mentira é contada por aquele que acredita
no que está dizendo.
P5 Políticos são mentirosos profissionais. Eles mentem habilmente e, na maioria das vezes, têm
consciência disso. O que eles fazem é captar com precisão os anseios do eleitorado. Eles não estão
preocupados se vão conseguir fazer o que prometem ou não. O político mente para se dar bem. Quando ele
acredita na própria mentira, seu poder de persuasão se torna infinitamente maior. Quando os políticos são
apanhados em uma mentira, eles se safam mais facilmente do que as outras pessoas porque, no caso
deles, a arte de sofismar é uma questão de sobrevivência. [...]
P6 Nós, por outro lado, acreditamos nas mentiras dos políticos, porque é mais fácil e seguro nos
convencermos delas. Quando alguém diz com convicção que vai melhorar sua vida, como não querer
acreditar nisso? Podemos até desconfiar em um primeiro momento, mas, como anima crer nessa hipótese,
acabamos nos convencendo. É impressionante como nossas escolhas sobre aquilo em que acreditamos
são baseadas no que nos faz sentir bem, importantes, esperançosos. Não temos que assumir a nós
mesmos, nossas invejas, nossa mediocridade, nossos defeitos, enfim, nossa verdade. É com isso que os
políticos jogam. A velha máxima do "conhece a ti mesmo", hoje, jamais seria eleita. Cristo seria morto mais
uma vez. O grande negócio é dizer que os culpados são os outros – os pais, os patrões, os ricos, os
poderosos, o sistema. No barzinho, todos vão salvar o mundo defendendo os direitos humanos. A resultante
é um grande roubo, mas depois todos diremos que isso não é verdade, que isso só é verdade para os
outros [...]
P7 Como mentimos para nós mesmos, inconscientemente criamos um mecanismo de defesa que nos
impede de pensar muito no assunto; se o fizermos, ficaremos expostos como mentirosos. É nesse sentido
que somos programados para aceitar mentiras. Quando vem o demagogo e diz que vai acabar com a fome,
distribuir renda, promover justiça social, trazer a solidariedade, as pessoas logo adoram esse discurso de
preocupação com os outros, com a humanidade, etc. Não se dão conta de que o que elas querem é que o
Estado cuide delas, dê-lhes um emprego público bem remunerado, tire-as da dura competição pela vida. [...]
Mente o político, mente o eleitor, mentem a escola e a mídia, que sustentam essa mentira. Mas vá dizer que
é mentira, se todos, de alguma forma, fazem parte dela?
SMITH, D. L. Veja, 18 out. 2006. (Adaptado)
59. Os itens a seguir apresentam sinônimos para os termos fornecidos, respectivamente. Lembre
que o sentido de uma palavra depende, em grande parte, do contexto em que ela esteja inserida.
Por isso, sinônimo pertinente é aquele que pode substituir o termo original (no texto) com o
menor desvio semântico possível.
Assinale (V) somente para os itens que contiverem todos os sinônimos pertinentes; assinale (F)
para os itens que contiverem algum substituto não pertinente.
(Observação: todos os vocábulos estão grifados e na sequência em que aparecem no texto.)
( ) Para fingem e pertinente são sinônimos dissimulam e adequado.
( ) Para vulnerabilidade e anseios: fragilidade e desejos.
( ) Para persuasão e sofismar: convencimento e lograr.
( ) Para anima e baseadas no: é um alento e pautadas pelo.
( ) Para promover e se dão conta: exigir e se lembram.
60. As frases abaixo foram retiradas do texto. Considere o sentido que possuem no contexto do artigo.
I. Mentimos para obter vantagens e para nos proteger de algo, o que significa que estamos, de certa
forma, passando a perna em alguém. Quem mente bem costuma se dar melhor do que quem não
consegue fazê-lo.
II. Mas é preciso dizer que mentimos melhor quando não sabemos que estamos mentindo. Ou seja,
quando enganamos a nós mesmos. A melhor mentira é contada por aquele que acredita no que
está dizendo.
III. Eles não estão preocupados se vão conseguir fazer o que prometem ou não. O político mente
para se dar bem.
IV. É impressionante como nossas escolhas sobre aquilo em que acreditamos são baseadas no que
nos faz sentir bem, importantes, esperançosos. Não temos que assumir a nós mesmos, nossas
invejas, nossa mediocridade, nossos defeitos, enfim, nossa verdade.
V. Quando vem o demagogo e diz que vai acabar com a fome, distribuir renda, promover justiça
social, trazer a solidariedade, as pessoas logo adoram esse discurso de preocupação com os
outros, com a humanidade etc.
a) "Por" tem sentido de duração; "e" denota decorrência; "até" tem sentido de inclusão.
b) A preposição "em" corresponde ao interrogativo "aonde"; o ponto final após natureza poderia ser
substituído por vírgula, sem prejuízo de correção; a preposição "de" tem o mesmo sentido nos
dois casos.
c) Outra redação possível: "Assim como na natureza, na vida humana a questão é não só de
sobrevivência, mas de levar vantagem e ser melhor do que os concorrentes".
d) Em discurso indireto teríamos: "Há pais que dizem ensinar seu filho a não mentir". O verbo
"ensinar" foi utilizado com regências distintas; "que" possui a mesma função sintática nos dois
casos destacados.
e) A respeito da mentira, o autor substitui a avaliação moral pela aceitação pragmática.
62. Observe as frases de cada item abaixo. Avalie os itens considerando os casos em que a
expressão destacada da segunda frase é equivalente ou tem sentido aproximado ao termo
grifado da primeira frase.
a) I – Dados o interesse e o esforço demonstrados, optou-se pela permanência do servidor em sua
função.
II – O servidor tem qualidades, visto que o interesse e o esforço demonstrados justificaram a
permanência dele na função.
b) I – O governo preferiu contratar mais funcionários, ao invés de melhorar os vencimentos dos
atuais servidores.
II – O governo preferiu contratar mais funcionários, em vez de melhorar os vencimentos dos atuais
servidores.
Gilberto Dimenstein
Um dos fatos sociais mais extraordinários no país foi a redução da taxa
de assassinatos em São Paulo
PEDRO ANÍSIO DE LUNA tinha 16 anos e morava em João Pessoa, na Paraíba, quando inventou uma
plataforma para a distribuição gratuita de e-mails, ainda inédita no Brasil, depois adquirida por uma grande
empresa de telecomunicação. Mudou-se para São Paulo, onde virou empresário. Neste momento, ele está
usando seu talento para a informática no desenvolvimento de um aplicativo gratuito para celular destinado a
ajudar as pessoas que bebem a evitar acidentes no trânsito.
O aplicativo contabiliza a quantidade de doses ingeridas pela pessoa e, depois de certo limite, aparece
o número de telefone de um serviço de táxi. Chama a atenção que, na semana passada, essa invenção – já
em funcionamento, mas ainda em testes –- começou a ser "viralizada" não por adultos ou autoridades, mas
por um movimento de jovens da classe média paulistana, muitos dos quais, até pouco tempo,
despreocupados com a relação entre álcool e acidentes de trânsito.
Jovens de uma classe média "descolada" fazendo campanha contra o abuso do álcool são a prova de
que a semana passada foi um marco de civilidade contagiosa no Brasil.
Na segunda-feira passada, começou na cidade de São Paulo uma ofensiva do poder público contra os
motoristas que desrespeitam os pedestres. Estou convencido de que a lei vai pegar menos por causa da
ação da prefeitura do que pelo sinal emitido pelos jovens, decididos a tomar alguma atitude depois da morte
do amigo Vitor Gurman, vítima de atropelamento. Some-se a isso a indignação com o motorista de um
Porsche que dirigia em alta velocidade e matou uma jovem no bairro do Itaim.
A ação do poder público nada tinha a ver com a dos jovens, apesar de ambas terem, em essência, o
mesmo foco: o desrespeito no trânsito. Nessa combinação, porém, está o segredo do contágio que se
transforma em políticas públicas duradouras.
As mudanças se sustentam quando os governantes decidem implementar ações percebidas de fato
como relevantes pela opinião pública.
Há duas décadas, um pesquisador da Escola de Saúde Pública em Harvard descobriu, vendo
radiografias de pulmão, que mulheres que nunca tinham tocado num cigarro, mas tinham maridos fumantes,
eram vítimas dos males do fumo. Assim se revelou a existência do chamado fumante passivo. Produzia-se
ali o início de um processo que, tempos depois, se transformaria numa cena inimaginável: o cigarro banido
até mesmo de bares.
A chave desse processo que contagia grande número de pessoas está exatamente na possibilidade de
cooperação. Um dos fatos sociais mais extraordinários do país foi a redução de quase 80% na taxa de
assassinatos na cidade de São Paulo desde 1999. É claro que a polícia teve um papel fundamental, mas
foram jovens universitários que lançaram a campanha de desarmamento na frente da Faculdade de Direito
do largo São Francisco. A taxa de homicídio saiu da linha de epidemia.
Foi necessário o apoio de parte expressiva da opinião pública para que se implementassem políticas
destinadas a reduzir a gravidez entre adolescentes. Isso implicou a distribuição de camisinhas, pílulas
anticoncepcionais e as chamadas pílulas do dia seguinte. Diversas entidades resolveram entrar no debate,
mostrando os efeitos da gravidez precoce até o aumento da violência. Apenas no Estado de São Paulo, em
dez anos, foram menos 200 mil nascimentos indesejados.
Se dependesse apenas da vontade dos governantes, teria sido impossível implantar, em todo o país,
um sistema de avaliação do desempenho das escolas públicas com divulgação dos resultados. Por trás
disso, houve o esforço de muitas lideranças, entre as quais empresários preocupados com a educação.
NOTÍCIAS DEMAIS
É difícil compreender a conjunção de desastres naturais e os causados pelo homem que marcaram o
ano até agora. O atentado a bomba de Anders Behring Breivik em Oslo e as dezenas de pessoas que ele
matou na ilha de Utoeya, a maioria adolescentes, são só a tragédia mais recente.
Em janeiro, o levante tunisiano forçou o ditador Zine el Abidine Ben Ali a fugir do país. Depois, em
fevereiro, veio o terremoto de Christchurch, na Nova Zelândia.
Em março, houve um terremoto e um tsunami no Japão, o maior e mais custoso desastre para o país
desde Hiroshima e Nagasaki. Como consequência do abalo, surgiu o risco de desastre nuclear na usina
Fukushima Daiichi.
Em seguida aconteceu a Primavera Árabe, com multidões mobilizadas nas ruas de Alexandria e do
Cairo. Hosni Mubarak, que governou o Egito por décadas, foi derrubado.
França e Reino Unido antecipavam que Muammar Gaddafi caísse rapidamente na Líbia, e a Otan
interveio em apoio aos rebeldes do leste do país. Mas o coronel Gaddafi resistiu e continua no poder em
Trípoli, a despeito do bombardeio continuado de aviões aliados contra suas forças.
A oposição no Bahrein foi brutalmente reprimida, e com assistência militar saudita. Os EUA,
preocupados simultaneamente com a base de sua Quinta Frota no Bahrein e com o Irã, aceitaram a
repressão aos revoltosos do emirado.
Bashar Assad, na Síria, também resistiu à Primavera Árabe. Como Gaddafi, continua a fazê-lo, usando
a força bruta, mas sem qualquer assistência externa aos seus oponentes.
Em abril, tornados varreram o sul e o centro-oeste dos EUA. Em maio, Osama bin Laden foi
assassinado por forças especiais norte-americanas em um ataque audacioso no interior do Paquistão.
No mesmo mês, Dominique Strauss-Kahn, então chefe do FMI, foi forçado a desembarcar no aeroporto
JFK, em Nova York, de um avião da Air France que decolaria para Paris e preso. Foi acusado de agressão
sexual a uma camareira em um hotel de Nova York.
Depois, porém, que os promotores nos EUA admitiram que a história da vítima não se sustentava, e
com o ataque da dispendiosa equipe legal de Strauss-Kahn aos princípios morais da acusadora, Nafissatou
Diallo, a camareira decidiu revelar sua identidade e declarou à rede de TV ABC que queria que Strauss-
Kahn "soubesse que há lugares em que não pode usar seu poder, não pode usar seu dinheiro".
Enquanto isso, a fome ronda a Somália. A saga de Rupert Murdoch e a crise da dívida grega
continuam. Nos EUA, o presidente Barack Obama e o Congresso tentam evitar um calote nos pagamentos
do governo. E ainda nem chegamos ao fim de julho.
Kenneth Maxwell
Vamos admitir: desde que inventaram o Facebook e o Twitter que ninguém mais trabalha, só finge
As coisas não vão nada bem no hemisfério Norte. A Grécia foi pra cucuia, Portugal e Espanha estão no
vinagre, e, na Irlanda, os únicos habitantes que fizeram alguns caraminguás em 2011 foram os quatro
integrantes do U2. Até os EUA, quem diria, ameaçaram dar um calote global, o que levou a agência
Standard & Poor's a divulgar que a grande potência está mais pra poor do que pra standard.
Diante dos abalos econômicos e da ameaça de recessão mundial, acusam-se os suspeitos de sempre:
a esquerda vê o fim do capitalismo, a direita vocifera contra a ineficiência do Estado. Eu, contudo, cronista
independente, sem outro compromisso senão com a verdade – e com minha pequena, claro –, sei que a
culpa não é dos negociantes nem dos políticos: a culpa, meus caros, é das mídias sociais.
Vamos admitir: desde que inventaram o Facebook e o Twitter que ninguém mais trabalha, só finge –
uma hora, ia dar problema. Se o hemisfério Norte quebrou antes de nós é porque se enredou primeiro
nessas arapucas do Demônio, mas não demorará para nos estrumbicarmos também: afinal, o dia-padrão de
um trabalhador brasileiro não é tão diferente do de um americano ou europeu.
Vejamos: você chega ao trabalho, senta-se diante do computador e, antes de começar suas tarefas,
resolve dar uma checada rápida na homepage. A home traz uma fofoca sobre o comportamento sexual de
uma cantora pop, e você imediatamente pensa numa bobagem para tuitar. Abre o Twitter, escreve.
Passa então a clicar, de dez em dez segundos, no your tweets retweeted – como um ratinho de laboratório,
acionando a barra de glicose-, pra ver se gostaram da sua piada. Infelizmente, em 15 minutos, só um retuíte.
Você decide preencher a carência que subitamente lhe bateu indo até o Facebook: vai que alguém lhe deixou
um recado, na madrugada? Nada, ninguém quis lhe dizer coisa alguma nas últimas 12 horas.
Você descobre, contudo, que a Juliana Pereira, sua ex-colega de ginásio, postou as fotos do feriado,
na praia.
Você se lembra dessa Juliana, era bonita, e quando dá por si está há uns três minutos vasculhando as
imagens da moça, na esperança algo adolescente, algo senil, de vê-la de biquíni. Não achando nada além
de filhinhos sorridentes e uma ou outra foto artística de conchas, com efeitos gráficos do iPhone, decreta
que é, enfim, hora de começar a trabalhar. Mas, já que ficou tanto tempo no Facebook, por que não dar só
uma passadinha no Twitter, ver se, nesse meio tempo, alguém te retuitou, ou comentou seu tuíte? Nada,
ainda, mas um amigo colocou um link para uma propaganda belga de cerveja, muito engraçada. Quando vai
ver, já está na hora do almoço, e o dia nem começou.
Agora, caro leitor, some todo o tempo que você tem perdido nessas inúteis perambulações virtuais ao
tempo de todos os outros milhões de internautas, calcule o prejuízo em dólares, euros ou reais, e o
resultado é uma bela recessão global. Reajamos enquanto é tempo: ou a gente acaba com as mídias
sociais, ou as mídias sociais acabam com a gente!
PS. Meu amor, a história da Juliana Pereira é meramente ilustrativa, real apenas no terreno da ficção. Espero que compreenda.