Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Referência: BUENO, Luzia. Gêneros orais na escola: necessidades e dificuldades de um trabalho efetivo.
Instrumento (Juiz de Fora), v. 11, p. 09-18, 2009.
Introdução:
Cerca de dez anos atrás a se iniciou uma pesquisa sobre gêneros textuais, na PUC-SP e na
Universidade de Genebra, e foram ministrados pequenos cursos para professores produzirem material
didático. Os professores escolhiam o gênero textual para descrição, e produziram assim algumas
atividades para sala de aula. E o que chamou atenção, foram as raras vezes em que professores escolhiam
gêneros orais a serem trabalhados. Sendo assim, os estudos visam compreender por que alguns gêneros
recebem menos atenção que outros, e ouvir o posicionamento desses professores a respeito, para
compreender melhor as escolhas que são feitas no trabalho docente. Portanto, a abordagem do artigo é
compreender a melhor maneira de se inserir os gêneros orais na escola e esclarecer as reflexões dos
profissionais.
1. A necessidade de um trabalho com gêneros orais na escola na perspectiva dos documentos oficiais e
dos teóricos:
Em nosso cotidiano, ouvimos e falamos com mais frequência do que escrevemos ou lemos, mas no
ensino acontece o contrário, e tal situação é muito fácil de ser notada, como ao se observar um livro
didático, por exemplo, pouca atenção se dá ao gênero oral. Nota-se nos últimos anos que teóricos vêm
analisando a importância de se ensinar gêneros textuais, já que é por meio deles que interagimos, seja por
meio da oralidade ou escrita. Assim, precisamos ensinar aos alunos a utilizarem adequadamente os
gêneros textuais em sociedade.
Nesse artigo, vamos abordar o Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) de Bronckart (1999, 2004),
visto que nos fornece base para compreender as ações humanas por meio dos diferentes gêneros textuais.
Universidade Estadual do Norte do Paraná
Campus de Cornélio Procópio – CLCA
Disciplina: Residência Pedagógica- Ensino de Gêneros Orais
Docente: Letícia J. Storto
Estudante: Letícia da Silva Pereira
Assim, Bronckart afirma que, no desenvolvimento humano, as relações foram se travando, o que gerou o
surgimento da linguagem, o que também colaborou para a evolução humana.
Essa linguagem era utilizada entre as comunidades através de textos orais e, posteriormente, pelos
textos escritos. Apesar de não serem textos iguais entre si, pois variam entre as situações comunicativas.
Todo texto terá características do gênero pertencente, apesar de haver singularidades em seus
objetivos, que “ decorrem das operações de adaptação a que um agente singular submete as regularidades
do gênero, em função das representações do contexto da ação no qual ele se encontra.” (BRONCKART,
2001, P.3).
Dolz & Schneuwly (2004, p.160) completam que nos gêneros orais é necessário considerar meios
não-linguísticos, como:
- meios meios paralinguísticos: qualidade da voz, melodia, ritmo, risos, sussurros, respiração etc;
- meios cinésicos: postura física, movimentos de braços ou pernas, gestos, olhares, mímicas faciais
etc;
- posição dos locutores: ocupação de lugares, espaço pessoal, distâncias, contato físico etc.; -
aspecto exterior: roupas, disfarces, penteado, óculos, limpeza etc;
- disposição dos lugares: lugares, disposição, iluminação, disposição das cadeiras, ordem,
ventilação, decoração etc.
Assim, para a análise de um texto oral em um gênero específico, deve-se considerar vários
aspectos que o compõem, como marcas linguísticas e não-linguísticas, para que assim o aluno
compreenda as características dos gêneros e saiba utilizá-los de maneira adequada a cada contexto, além
das capacidades de linguagem, que segundo Dolz & Schneuwly (1998) são: capacidade de ação que será
desenvolvida com o trabalho com a situação de produção; capacidade discursiva, com a organização
textual; e capacidade linguístico-discursiva, com os aspectos linguístico-discursivos.
Nos PCNs, se enfatiza a importância do trabalho com gêneros orais e escritos, tendo ainda
indicações de grupos de gêneros a serem priorizados. Assim, os gêneros são vistos como ferramentas que
possibilitam uma melhor comunicação e interação entre os envolvidos.
No entanto, é preciso lembrar que no ambiente escolar os gêneros funcionam como objeto de
ensino, e que merece uma atenção e uma modificação para que possa ser inserido ao aluno, de modo que
Universidade Estadual do Norte do Paraná
Campus de Cornélio Procópio – CLCA
Disciplina: Residência Pedagógica- Ensino de Gêneros Orais
Docente: Letícia J. Storto
Estudante: Letícia da Silva Pereira
Considerações Finais:
Para concluir, nesse artigo podemos observar que por um lado temos uma abordagem teórica que
fala sobre a importância e como trabalhar a oralidade, e de outro lado, professores revêem que apesar de
muitos estudos, o gênero oral ainda não tem o devido destaque. Sendo assim, se espera um
posicionamento mais firme de todas as partes envolvidas, para que assim, com políticas efetivas, o gênero
oral seja implementado e trabalhado de maneira adequada com os alunos.