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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
SETOR DE QUÍMICA INORGÂNICA
QMC1841 – QUÍMICA DE COORDENAÇÃO EXPERIMENTAL

Relatório experimental: síntese do [Ag(PPh3)2]NO3

Integrantes: Pedro José Tronco Pauletto,


Vitor de Arruda Kessler e Yasmin Vieira.
Professor: Bernardo Almeida Iglesias.

Santa Maria, 2022


1. Fundamentação teórica

A prata é um metal de alta densidade dificilmente na natureza no estado puro,


sendo quase sempre encontrado em grandes aglomerados junto ao ouro, chumbo e cobre.
É o melhor condutor de eletricidade e de calor que se conhece, e um dos poucos metais
que tem essa qualidade sem de antes ter de sofrer qualquer tratamento químico. Como
elemento, a prata (Ag) encontra-se localizada no bloco d da Tabela Periódica, grupo 11,
período 5, portanto, é um metal de transição. Sua configuração eletrônica é [Kr]4d105s1.
Quando Ag0(s), possui cor prateada, é brilhante, maleável, dúctil e apresenta ótima
condutividade elétrica1.
A química de coordenação da prata é dominada pelos complexos de Ag+ (d10), que
têm pouca preferência por uma geometria de coordenação específica: o [Ag(NH3)2]+ é
linear, o [Ag(NH3)3]+ é trigonal e o [Ag(NH3)4]+ é tetraédrico. A prata também pode ser
encontrada nos estados de oxidação 2+ e 3+. Para Ag2+ é observada distorção das posições
octaédricas devido ao efeito Jahn Teller, similar ao que ocorre para o Cu2+. Os complexos
de Ag3+, por fim, são sempre quadráticos, de forma similar ao ouro (Ag3+)2.
Neste relatório, é descrita a síntese do complexo nitrato de bis(tri(fenil)fosfina) de
prata(I) ([Ag(PPh3)2]NO3). O [Ag(PPh3)2]NO3 é um complexo amplamente utilizado
como ácido de Lewis na síntese de numerosos tiolatos de metais mistos ou calcogênios
aglomerados. A tri(fenil)fosfina é um ligante do campo forte e seu spin baixo, formando,
assim, um complexo linear com a prata, que possui número de coordenação igual a 2. A
estabilização do complexo ocorre através de retrodoação, onde o ligante e o metal
estabilizam-se através de compartilhamento de carga eletrônica de forma mútua. Na Fig.
1, pode-se observar uma representação da estrutura esperada para o complexo.

Fig. 1: Representação da estrutura para o complexo [Ag(PPh3)2]NO3.

1
MIESSLER, Gary L et al, Inorganic Chemistry, 5. ed. Boston: Pearson, 2014.
2
WELLER, Mark et al, Química Inorgânica, 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.
2. Procedimento experimental

Iniciou-se colocando um béquer de vidro de 250 mL sobre a balança (1). Foi


selecionada a tecla tara, e foi medida a massa de 0,344 g de nitrato de prata, o equivalente
a 0,002 mol (2). Em seguida, foi colocado um béquer de 50 mL sobre a balança (3),
selecionada a função tara, e foi medida a massa de 1,042 g de tri(fenil)fosfina (PPh3),
equivalente a 0,004 mol (4).

(1) (2) (3) (4)

Em cada um dos béqueres contendo AgNO3 e PPh3 foi adicionada a quantia de 10


mL de tetraidrofurano (THF), resultando nas soluções 1 e 2, respectivamente. Na solução
2, além do THF, também foram adicionados 5 mL de etanol. Ao béquer contendo a
solução 1 foi adicionado um agitador magnético, e a solução foi aquecida e agitada sob
uma chapa de aquecimento (5). Foi vertida, lentamente, a solução 2 sob a solução 1 (6).
A temperatura da chapa foi ajustada para 100 ºC, e a agitação foi mantida de forma regular
durante 1 h. Ao longo do processo, conforme verificou-se a evaporação do solvente, foi
adicionado etanol à mistura (7). Inicialmente, a mistura das soluções 1 e 2 manteve-se
incolor, entretanto, ao longo do decorrer da reação pode-se observar a formação e
precipitação de um pó branco no sistema reacional. Quando foi atingida a formação de
precipitado em volume superior ao restante de solvente na mistura, o béquer contendo o
produto foi retirado da chapa de aquecimento (8).

(5) (6) (7) (8)

Foi removido o agitador magnético, e o precipitado agregado a ele foi lavado com
solvente. Enquanto isso, foi medida a massa de um papel filtro seco, sendo igual a 1,495
g. O papel foi dobrado e colocado em um funil, preso em um suporte. O produto final
obtido foi filtrado, e lavado diversas vezes com THF e etanol (9). O papel filtro foi
identificado, colocado sobre vidro relógio, e armazenado em dessecador, onde foi
mantido durante 24 h (10). Após esse período, a massa do papel filtro seco e do produto
foi medida, sendo subtraído o valor equivalente a massa do papel filtro (11), permitindo
que então fosse calculado o rendimento do procedimento experimental.

(9) (10) (11)


3. Resultados e discussão

a) Qual a massa obtida do produto e o rendimento em porcentagem?

A massa de produto se dá pela diferença da massa do filtro e da massa pesada após


o experimento:

𝑚 = 2,542 − 𝑚𝑓
𝑚 = 2,542 − 1,495
𝑚 = 1,047 𝑔

Podemos calcular o rendimento teórico base na estequiometria da reação:

𝐴𝑔𝑁𝑂3 (𝑎𝑞) + 2𝑃(𝑃ℎ)3 → [𝐴𝑔(𝑃(𝑃ℎ3 )2 ]𝑁𝑂3

Foram utilizados 0,002 mol de reagente nitrato de prata e 0,004 mol de reagente
fosfina. A reação se dá em uma proporção 1:2 nos reagentes, e o número de mols utilizado
está nessa proporção (0,002/0,004 = ½). Portanto, o rendimento teórico seria de 0,002
mol de complexo (coeficiente estequiométrico de 1:1 entre o nitrato de prata e complexo
final). O peso molecular do complexo é de 693,86 g/mol. Logo a massa esperada de
complexo seria de 1,38772 g (693,86 × 0,002). Desse modo, ao dividir a massa obtida
pela teórica, obteremos o rendimento, que é de 75,45%. Também poderíamos obter o
mesmo resultado utilizando a quantidade mols final obtida. O número de mols obtido (n)
é dado pela divisão da massa obtida pela massa molar do complexo.

1,047 𝑔
𝑛=
693,86 𝑔/𝑚𝑜𝑙

𝑛 = 0,001589

Para obter o rendimento, será dado pela divisão de n por 0,002 (rendimento
teórico), cujo resultado é de 75,45% novamente.

b) Qual a geometria de coordenação deste complexo? Desenhar a estrutura.

Linear
c) Porque o nitrato não permanece coordenado à prata(I) e sim somente a
tri(fenil)fosfina? Explique.

O nitrato é uma base de fronteira de Pearson, enquanto a prata(I) e o ligante


tri(fenil)fosfina possuem uma natureza macia, desse modo tendo uma melhor tendência
de interação e, por consequência, complexação.

d) Porque o complexo tem coloração branca?

Uma vez que os orbitais d da prata estão completamente preenchidos, não há


possibilidade de transições eletrônicas, logo ele será um sólido branco.

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