Você está na página 1de 15

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO

ESPÍRITO SANTO

DISCIPLINA: QUÍMICA INORGÂNICA EXPERIMENTAL II

CURSO: LICENCIATURA EM QUÍMICA

Aline Athayde Scardua

Elias Bragatto Neto

Luiz Fernando Leoncio dos Santos

Luziana Delabarba Delunardi

Mariana da Silva Lorençoni

ISOMERIA DE LIGAÇÃO EM COMPOSTOS DE


COORDENAÇÃO

ARACRUZ
2023
Aline Athayde Scardua

Elias Bragatto Neto

Luiz Fernando Leoncio dos Santos

Luziana Delabarba Delunardi

Mariana da Silva Lorençoni

ISOMERIA DE LIGAÇÃO EM COMPOSTOS DE


COORDENAÇÃO

Relatório apresentado à disciplina


de Química Inorgânica Experimental
II como requisito parcial da
avaliação referente ao sétimo
período.

Professor: Pero Vitor

ARACRUZ

2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3

2. OBJETIVO 5

3. MATERIAIS E REAGENTES 6

4. PROCEDIMENTOS 7

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 8

6. QUESTIONÁRIO 11

7. CONCLUSÕES 13

8. REFERÊNCIAS 14
3

1. INTRODUÇÃO

O termo complexo significa um átomo metálico ou íon central rodeado por um


conjunto de ligantes. Um ligante é um íon ou molécula que pode ter existência
independente. Um complexo é a combinação de um ácido de Lewis (o átomo
metálico central) com várias bases de Lewis (os ligantes). Todos os metais de
todos os blocos da tabela periódica formam complexos (Shriver & Atkins, 1999,
p. 341).

Grande parte da química inorgânica sintética, inclusive a química da


coordenação dos metais e organometálica, envolve a conversão de moléculas,
por exemplo, pela substituição de um ligante por outro (Shriver & Atkins, 1999,
p. 622).

O comportamento de isomerismo é um aspecto que acontece tanto em


compostos orgânicos quanto em inorgânicos. Compostos com fórmulas
moleculares semelhantes, mas com configurações estruturais diferentes são
chamados de isômeros.

Existem vários tipos de isomeria entre os compostos de coordenação. Quando


os agregados têm a mesma conexão, mas tem arranjo espacial diferente dessas
ligações, são chamados de estereoisômeros. Os tipos mais comuns de isomeria
são geométricos (ou estereoisomerismo), isomerismo óptico, isomerismo
constitucional, comunicação e coordenação.

Isomeria de complexação é um tipo de isomeria que ocorre em compostos de


coordenação, nos quais o mesmo ligante pode se ligar a um íon metálico de
maneiras diferentes, resultando em compostos com fórmulas químicas e
propriedades diferentes. A isomeria de complexação é importante em química
inorgânica e é frequentemente encontrada em compostos de coordenação de
metais de transição (Simões Neto. 2009).

Existem dois tipos principais de isomeria de complexação: isomeria de ligantes


e isomeria de coordenação. Na isomeria de coordenação, os compostos têm
diferentes fórmulas moleculares devido a diferentes números ou tipos de ligantes
coordenados ao íon metálico. Na isomeria de ligantes, os compostos têm a
4

mesma fórmula molecular, mas diferentes arranjos dos ligantes ao redor do íon
metálico. (Simões Neto. 2009).

Alguns ligantes contêm mais de um átomo que pode doar pares de elétrons. Na
reação do pentaminoclorocobalto (III) por exemplo com o nitrito de sódio resulta
em uma reação de substituição de complexo. No íon nitrito (NO−2), tanto o átomo
de nitrogênio (N) quanto o átomo de oxigênio (O) podem atuar como doadores
de elétrons. Com isso vem a possibilidade de isomerismo. São considerados dois
complexos de fórmula geral [Co(NH3)5(NO2)]Cl2, ambos com a concentração
NO−2. Um deles vermelho, decompõe-se facilmente com ácidos que forma ácido
nitroso e contém Co-ONO, (figura 1a), classificado como complexo de nitrito. O
segundo complexo é amarelo, ácido-estável e contém o grupo CoNO2 e um
complexo nitro (figura 1b).

Figura 1. Isômeros do complexo [Co(NH3)5(NO2)]Cl2 e [Co(NH3)5(ONO)]Cl2

(a) pentaminonitritocobalto(III) e (b) pentaminonitrocobalto(III).

Neste tipo de isomeria, no qual um ligante reage com o mesmo metal usando
átomos diferentes em dois ou mais compostos com a mesma composição
química é chamado de isomeria de ligação. O grupo de átomos que torna isso
possível é chamado de ligante ambidentado.
5

2. OBJETIVOS

 Assimilar técnicas de laboratório necessárias para a preparação de


complexos;
 Realizar a síntese do cloreto de pentaaminonitritocobalto (III) e
pentaaminonitrocobalto (III), compreendendo sua isomeria de ligação.
6

3. MATERIAIS E REAGENTES
3.1 Materiais
● Barra magnética
● Bastão de vidro
● Béquer de 100 mL
● Chapa de aquecimento com agitação
● Conta-gotas ou pipeta de Pasteur
● Espátula
● Erlenmeyer de 125 mL
● Funil de Büchner de 50 mL para filtração a pressão reduzida
● Kitasato de 125 mL e conexões adequadas para filtração a pressão
reduzida
● Proveta de 10 mL
● Proveta de 50 mL
● Termômetro
● Bacia plástica (ou béquer grande) para banho de gelo
● Balança semianalítica
● Béquer de 50 mL
● Bomba de vácuo ou trompa de vácuo
● Frasco para guardar os produtos de síntese.

3.2 Reagentes
● Ácido clorídrico concentrado
● Amônia concentrada
● Cloreto de pentaaminoclorocobalto (III)
● Nitrito de sódio
● Papel indicador universal
● Água destilada
● Etanol absoluto
● Éter etílico
7

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Parte 1: Síntese do cloreto de pentaminonitritocobalto (III)

Foi preparado 60 mL de uma solução HCl 2 mol.L-1, em seguida preparou-se 15


mL de solução HCl 1:1 v/v e foi separado uma pisseta de água destilada em
banho de gelo para o resfriamento. Em seguida, foi pesado 1,25 g de
[CoCl(NH3)5]Cl2 e foi dissolvido em um Erlenmeyer de 125 mL uma mistura de
2,5 mL de solução de amônia concentrada e 20 mL de água com agitação e
aquecimento (dentro da capela) até todo o sólido ser dissolvido e iniciar ebulição,
após isso, resfriou-se a solução em banho de gelo até a temperatura de 10 °C e
adicionou-se 4 mL de solução HCl 2 mol.L-1, verificou-se o pH e ajustou-se o
mesmo com solução HCl 2 mol.L-1 até atingir a faixa de pH equivalente a 6 a 7.
Adicionou-se 1,25 g de NaNO2 e agitou-se, em seguida, adicionou-se 2 mL de
solução HCl 1:1 v/v, agitou-se e manteve-se em banho de gelo por 10 minutos.
O sólido obtido foi filtrado sob pressão reduzida e lavou-se com 10 mL de água
destilada gelada, em porções de 15 mL e, em seguida, com 15 mL de etanol
absoluto e 15 mL de éter etílico. E deixou-se secar ao ar. Foi observada a cor do
complexo recém-preparado, e se posteriormente ocorreu alguma mudança na
cor na aula seguinte.

Parte 2: Síntese do cloreto de pentaminonitrocobalto (III).

Foi pesado 1g de [Co(ONO)(NH3)5]Cl2 e dissolveu-se em um béquer de 100 mL


uma mistura contendo 1,5 mL de solução de amônia concentrada e 10 mL de
água. Foi aquecida a mistura até a ebulição, em seguida foi resfriada a mistura
em água corrente e adicionou-se lentamente 10 mL de HCl concentrado,
transferiu-se o béquer para banho de gelo e a mistura foi deixada em repouso
por 15 minutos. Após isso, filtrou-se o sólido sob pressão reduzida, lavando-a
com 15 mL de etanol em porções de 5 mL e, em seguida, com 15 mL de éter
etílico e foi deixado secar ao ar.
8

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Síntese de cloreto de pentaminonitritocobalto (III): [Co(NH3)5(ONO)]Cl2

Primeiramente, dissolveu-se 1,258g de cloreto de pentaminoclorocobalto (III) em


uma mistura de água e hidróxido de amônio concentrado, contidas em um
erlenmeyer, a diluição foi feita sobre aquecimento e agitação. Nessa primeira
parte foi observado uma coloração roxa na solução caracterizando a formação
do pentaminohidroxicobalto (III), como pode ser mostrado pela equação 1.


[𝐶𝑜(𝑁𝐻3 )5 𝐶𝑙]2+ −
(𝑎𝑞) + 𝑂𝐻(𝑎𝑞) → [𝐶𝑜(𝑁𝐻3 )5 𝑂𝐻]2+ −
(𝑎𝑞) + 𝐶𝑙(𝑎𝑞) Eq.1

Ao adicionar ácido clorídrico, verificou-se o pH da solução com papel indicador


universal. O pH estava em torno de 10, iniciou-se então o ajuste do pH para 6
com a adição de aproximadamente 5 mL de ácido clorídrico.

Após, foi adicionado 1,265g de NaNO2 (nitrato de sódio) e ácido clorídrico para
que o nitrito, proveniente do nitrito de sódio se coordene ao complexo no lugar
do OH- (Eq. 2 e 3). Essa coordenação só é possível devido ao meio estar ácido,
pois a solubilidade do complexo [Co(NH3)5(ONO)]Cl2 é baixa, sendo assim,
ocorre sua precipitação.

2𝑁𝑂2−(𝑎𝑞) + 2𝐻3 𝑂(𝑎𝑞)


+
⇄ 𝑁2 𝑂2 (𝑎𝑞) + 3𝐻2 𝑂(𝑙) Eq. 2

[𝐶𝑜(𝑁𝐻3 )5 𝑂𝐻]2+ 2+
(𝑎𝑞) + 𝑁2 𝑂2 (𝑎𝑞) → [𝐶𝑜(𝑁𝐻3 )5 (𝑂𝑁𝑂)](𝑎𝑞) + 𝐻𝑁𝑂2(𝑎𝑞) Eq. 3

De acordo com o procedimento, após a essa adição de ácido, a solução é


colocada em banho de gelo, o que é fundamental, visto que o composto
[Co(NH3)5(NO2)]Cl2 (cloreto de pentaminonitrocobalto III) é mais estável que o
[Co(NH3)5(ONO)]Cl2 (cloreto de pentaminonitritocobalto III) e sua formação seria
favorecida se fossem mantidas as condições iniciais da formação do
pentaminonitritocobalto (III). Entretanto, resfriar a solução, dificulta-se a
formação do isômero nitro, pois as condições do meio não são favoráveis. Dessa
forma, pode-se perceber que os isômeros formados não apresentam somente
colorações diferentes, mas também outras propriedades distintas, como a
solubilidade (FARIAS, 2010).

Para recolher todo o complexo, a solução que o continha foi filtrada a pressão
reduzida ao mesmo tempo em que foi lavado com água destilada gelada, etanol
9

absoluto e éter etílico. Essas soluções foram escolhidas para lavar o complexo,
pois elas não provocam sua solubilização. Assim, obteve-se um sólido de cor
alaranjada e ao verificar na literatura, pode-se concluir a formação do cloreto de
pentaminonitritocobalto (III) o que foi observado pela coloração característica
desse complexo (PENLAND; LANE; QUAGLIANO, 1956) (Figura 2).

Figura 2: Complexo de cloreto de pentaminonitritocobalto (III)

Fonte: Elaborado pelos autores.

Síntese de cloreto de pentaminonitrocobalto (III): [Co(NH3)5NO2]Cl2

Para sintetizar o complexo [Co(NH3)5(NO2)]Cl2 foi pesado 0,8 g do complexo


[Co(NH3)5(ONO)]Cl2, obtido na síntese anterior e adicionado a uma mistura de
hidróxido de amônio e água e em seguida foi aquecido. Esse procedimento visa
solubilizar os cristais desse complexo.

Posteriormente, foi acrescentado ácido clorídrico com a finalidade de manter o


meio ácido e assim favorecer a formação de [Co(NH3)5(NO2)]2+. Em torno de pH
4, a solubilidade do [Co(NH3)5(ONO)]Cl2 é baixa e assim o sal de cloreto do nitrito
complexo precipita. Dessa forma, o complexo nitrito se rearranja para dar a forma
nitro segundo o equilíbrio:

[𝐶𝑜(𝑁𝐻3 )5 (𝑂𝑁𝑂)]2+
(𝑎𝑞) ⇄ 𝐶𝑜(𝑁𝐻3 )5 (𝑁𝑂2 )]2+
(𝑎𝑞) Eq. 4

A tendência do deslocamento é para a direita em solução ácida.


10

Após isso, a solução foi resfriada em banho de gelo para cristalizar indicando a
formação do complexo de interesse e em seguida foi filtrada sob pressão
reduzida e lavada com etanol e éter etílico que assim como. Similar a síntese
anterior, essas soluções foram escolhidas para lavar o complexo, pois elas não
(figura 3) provocam sua solubilização. No final, obteve-se cristais de cor
amarelada caracterizando o completo [Co(NH3)5(NO2)]Cl2 (PENLAND; LANE;
QUAGLIANO, 1956).

Figura 3: Complexo de cloreto de pentaminonitrocobalto (III)

Fonte: Elaborado pelos autores.


11

6. QUESTIONÁRIO

1) Desenhe as estruturas de Lewis e de outros três exemplos de ligantes


ambidentados.
A figura abaixo representa o ligante ambidentado utilizado na prática em questão
(quando ligados pelo oxigênio – nitrito, quando pelo nitrogênio – nitro).

Além do íon nitrito (𝑁𝑂2− ), pode-se citar outros ligantes ambidentados como: o
íon tiocianato (𝑆𝐶𝑁 − ), o íon cianeto (𝐶𝑁 − ) e o DMSO (( 𝐶𝐻3 )2SO), cujas
estruturas de Lewis estão apresentadas a seguir:
 SCN– (Átomos doadores: S ou N)

 CN– (Átomos doadores: C ou N)

 DMSO (dimetilsulfóxido): Átomos doadores: S ou O


12

2) Desenhe as estruturas dos dois complexos sintetizados nesta prática.


Cloreto de pentaaminonitritocobalto (III)

Cloreto de pentaaminonitrocobalto (III)

3) Qual dos dois compostos se forma mais rapidamente em uma dada


temperatura? Justifique utilizando as estruturas dos complexos em sua
argumentação.
O cloreto de pentaaminonitritocobalto (lll) se forma mais rapidamente, visto que
o oxigênio que se liga ao metal dispõe de 3 pares de elétrons livres, enquanto o
nitrogênio possui somente um par de elétrons. Ainda assim, é importante
salientar que o complexo cloreto de pentaaminonitrocobalto (lll) é o mais estável,
neste caso o nitrogênio é o átomo doador, que, por ser menos eletronegativo
que oxigênio, dispõe de uma maior facilidade para compartilhar seu par de
elétrons com o íon metálico.
13

7. CONCLUSÕES

De acordo com os objetivos do experimento, foi possível realizar a síntese de


cloreto de pentaminonitritocobalto (III) e cloreto de pentaminonitrocobalto (III),
bem como adquirir uma fundamentação teórica concisa sobre síntese inorgânica
de complexos.

Concluiu-se também que além dos dois complexos apresentarem colorações


distintas, os dois isômeros de ligação também possuem diferenças em outras
propriedades, como solubilidades diferentes.
14

8. REFERÊNCIAS

AYALA, José Danilo; MODESTO DE BELLIS, Vito. Química Inorgânica


Experimental. Ufmg, [s. l.], p. 1-65, 2003. Disponível em:
https://qui.ufmg.br/~ayala/matdidatico/apostila_inorg_exp.pdf. Acesso em: 25
abr. 2023.

FARIAS, Robson Fernandes de. Síntese e isomerização do [Co(NH3)5(ONO)Cl2].


In: FARIAS, Robson Fernandes de. Práticas de Química Inorgânica. 3. ed.
Campinas: Átomo, 2010. Cap. 26. p. 84-85.

LEE, J. D. Química Inorgânica não tão concisa. São Paulo: Edgard Blücher,
1999.

MATOS, S. Química de coordenação de metais de transição. Disponível em:


https://slideplayer.com.br/slide/335381/. Acesso em: 24 abril. 2023

SHRIVER, D.F.; ATKINS, P.W. Química Inorgânica. Porto Alegre: Bookman,


2003.

SIMÕES NETO, José Euzebio. Abordando o conceito de isomeria por meio de


situações-problema no ensino superior de química. 2009. 121 f. Dissertação
(Programa de Pós-Graduação em Ensino das Ciências) - Universidade Federal
Rural de Pernambuco, Recife. Acesso em: 25 abr. 2023.

Você também pode gostar