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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

QUÍMICA INORGÂNICA EXPERIMENTAL II – 3215/02

SÍNTESE DE CLORETO DE HEXAAMINNÍQUEL II

DISCENTE: DENYS MARCEL RA:115213

MIGUEL TOLEDO NICOLETTI RA:115902

MATEUS MEIRA NANTES RA:112282

DOCENTE: Prof. Drª HAGATA CREMASCO DA SILVA

MARINGÁ/PR

2021

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................3

2. OBJETIVOS.............................................................................................................4

3. MATERIAIS E MÉTODOS…………….....................................................................4

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................6

5. CONCLUSÕES......................................................................................................10

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................11

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1. INTRODUÇÃO

O níquel é o elemento de número 28 na tabela periódica, tendo seu símbolo


como “Ni”, sendo assim classificado como metal de transição, apresenta cor branca
prateada com tons de amarelo. As principais características dele é sua alta
condutividade elétrica e de calor, tendo seu ponto de fusão a 1728 K, mas podemos
também classificá-lo como dúctil e maleável, entretanto não pode ser laminado1.
Este metal é encontrado em diversos minerais, meteoritos e no núcleo da terra.
Sendo que sua abundância em nosso planeta é duas vezes maior que a do cobre.
Seu estado de oxidação mais comum é o +2, mas podemos encontrá-lo também em
0, +1 e +3 em certos complexos, porém são pouco característicos2.

O termo complexo, também chamados de compostos de coordenação, é


usado para quando temos um átomo central, metálico ou íon, rodeado por uma série
de ligantes, que estão presentes ao redor dele. Os ligantes podem ser
caracterizados como uma base de Lewis, ou átomo doador, já que os elétrons
usados na formação do complexo vem deles. O átomo central de um complexo pode
ser denominado como um ácido de Lewis, ou átomo receptor3.

Muitos complexos são formados de forma direta usando um sal anidro com
um grupo de ligação a partir de um líquido. A substância líquida mais utilizada a
princípio para a formação dos complexos é a água, onde o sal é diluído dentro dela
e depois é adicionado outra substância líquida mais estável como a amônia e com
isso formamos o complexo que queremos. Mas também podemos colocar o sal
diretamente no composto líquido que queremos que reaja, entretanto muitas vezes
este método é menos utilizado por conta da ebulição de certos elementos, como a
amônia a 33°C, que faz com que seja mais conveniente a diluição da mesma em
água, para evitar a rápida evaporação4.

Podemos caracterizar os complexos em dois grupos determinados pela


velocidade que trocam de ligantes. Os complexos que trocam rapidamente de
ligantes podem ser caracterizados como lábeis, já os que tem uma velocidade de
troca menor são chamados de inertes. A maior parte dos complexos formados a
partir de metais de transição tem tendência a serem lábeis, com exceção dos
formados com os íons Cr(III) e Co(III)5.

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Em água a dissociação dos íons de níquel 2+, formam um complexo
hexahidratado [Ni(H2O)6] 2+, que apresenta geometría octaédrica e cor verde. Este
composto pode ser usado para formar complexos de níquel, já que as moléculas de
água são facilmente substituídas por outros elementos que formam moléculas mais
estáveis como a amônia e amina6.

O complexo de hexaaminníquel (II) é formado a partir da síntese acima,


onde temos a troca das moléculas de água pelas moléculas de amônia:

[Ni(H2O)6]2+(aq) + 6 NH3(aq) → [Ni(NH3)6]2+ (aq) + 6H2O(l)

Podemos ver visualmente a reação ocorrendo, pois a solução passa de cor


verde, para o azul-violeta/roxo, que é a cor do hexaaminníquel (II). Este composto
tem uma estrutura cristalina cúbica, é paramagnético, e é solúvel em água, e
soluções aquosas de amônia. Entretanto quando ele está apenas em meio aquoso o
complexo sofre hidrólise, e vai perdendo suas moléculas de amônia que são
substituídas pela água, podendo formar um precipitado de Ni(OH)2. Podemos
destacar também que nosso complexo é insolúvel em amônia concentrada, álcool
etílico e éter, por isso a utilização de uma solução entre água e amônia é
recomendável6.

No transcorrer deste relatório é abordado e discutido a síntese do complexo


de hexaaminníquel II conjuntamente com seu estudo de transição de elétron e cor,
testes de caracterização, e análise da filtração à vácuo.

2. OBJETIVOS

Sintetizar e caracterizar via análises químicas qualitativas, o cloreto de


hexaaminníquel (II).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a síntese do [Ni(NH3)6]Cl2 foi transferido com uma pipeta de 5 mL, 2,5
mL de hidróxido de amônio(NH4OH) concentrado para um béquer de 25 mL, em
seguida, para formar a solução amoniacal de cloreto de amônio(NH4Cl), foi
adicionado de pouco em pouco com uma espátula o cloreto de amônio(NH4Cl) sólido

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no béquer, que foi agitado entre as adições de cloreto de amônio até saturar a
solução, após a saturação, essa solução foi transferida para uma proveta de 25 mL,
foi então, adicionada água destilada até atingir um total de 5 mL da proveta. A
solução foi deixada em repouso e devidamente tampada.

Utilizando uma balança foi pesado 2,0 g de cloreto de níquel hexahidratado


(NiCl2.6H2O) sólido, após a pesagem o sólido foi transferido com cuidado para um
béquer de 25 mL, e foi adicionada água destilada gota a gota sob agitação, em
quantidade mínima, até dissolver todo o sal. Nesse mesmo béquer foi adicionado
gradualmente com uma pipeta de 5 mL, 10 mL de solução concentrada de hidróxido
de amônio. Com isso, a cor da solução mudou de verde para azul, a próxima etapa
foi esfriar a solução em uma torneira com água corrente fazendo com que a água
entre em contato apenas com o lado de fora do béquer, assim trocando calor e
esfriando a solução interna do béquer. após o processo de resfriamento, foi
adicionado 5 mL da solução amoniacal de cloreto de amônio(NH4Cl) que foi
previamente preparada. o resultado foi deixado em repouso por 15 minutos em
banho de gelo. após o resfriamento, os cristais obtidos foram filtrados utilizando a
técnica de filtração à vácuo com um papel filtro, funil de büchner e um kitassato
ligado a uma mangueira que conecta a uma bomba de vácuo, em seguida, os
cristais foram lavados com uma porção de 5 mL de hidróxido de amônio(NH4OH)
concentrado gelado, seguida de pequenas porções de etanol(C2H5OH) e, finalmente,
de éter etílico(C4H10O). Após os cristais secarem no próprio funil com o sistema de
vácuo funcionando, foram então, passados para uma placa de petri, pesados os
cristais obtidos e anotado o seu resultado, logo após, foi então armazenado o sólido
em um dessecador.

Passados 2 dias, seguimos para a etapa de caracterização do complexo


[Ni(NH3)6]Cl2, para isso, foi preparado em um tubo de ensaio, 5 mL de uma solução
aquosa do complexo, sendo essa, nossa solução estoque.

Para o primeiro teste, foi analisado a presença de amônia e de níquel na


amostra, então, com uma pipeta de 5 mL, foi transferido 10 gotas da solução
estoque para um tubo de ensaio, logo após, aquecemos o composto com um bico
de bunsen, também foi mantido um papel tornassol vermelho em cima do tubo de
ensaio durante esse processo, para verificar se o meio estava básico.
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Posteriormente, o composto foi esfriado chegando a temperatura ambiente, por fim,
foi adicionado 3 gotas de solução alcoólica de dimetilglioxima, o resultado foi
observado e anotado.

Para o segundo teste, foi analisado a presença de íons cloreto na amostra,


então, com uma pipeta de 5 mL, foi transferido 5 gotas da solução estoque do
composto em um tubo de ensaio, e adicionado nesse mesmo tubo de ensaio 3 gotas
de solução de AgNO3 0,10 mol L-1 com uma pipeta de 5 mL, o resultado foi
observado e anotado.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

É empregado a metodologia de filtração ao experimento pois almejamos


separar o sólido poroso das demais misturas de substâncias heterogêneas, a
filtração a vácuo é utilizada por possuir uma maior velocidade de escoamento do
líquido ao sólido sob o papel filtro, que por sua vez deve ser menor que o tamanho
das partículas a serem filtradas. A filtração a vácuo, além de promover uma filtração
mais rápida em relação à filtração por gravidade, é indicada quando a fase líquida da
mistura tem viscosidade elevada (resistência do líquido de escoamento, que
corresponde ao atrito interno nos fluidos devido às interações intermoleculares, “uma
molécula desliza sobre a outra”)7. Para a filtração a vácuo é utilizada técnica de
gravimetria por precipitação, o qual adicionamos uma solução que causará
precipitação em outra, nesse caso, utilizamos o hidróxido de amônio para que
precipite os cristais do nosso complexo, outro fato é de que a amônia seja ligada
complexo a fim de doar elétrons para o níquel atuando como base de Lewis, tal
como na figura 18. O etanol é utilizado para auxiliar nossos cristais a terminarem de
se formar enquanto o éter etílico é introduzido à filtração pois possui função de
diminuir a solubilidade do nosso complexo, para posteriormente facilitar seu
processo de secagem, conjuntamente com a “lavagem” do amônio ainda restante no
papel filtro.

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Figura 1. Representação dos ligantes do complexo de cloreto de hexaaminníquel II após a
adição de Hidróxido de Amônio.

Após a filtração seguida dos passos na metodologia, temos por fim a


formação do nosso complexo de geometria octaédrica. A massa de cloreto de
hexaaminníquel II foi respectivo ao grupo 1 contendo 1,9723 g do complexo. Sua
síntese provém tal como na figura 2.

Figura 2. Síntese do cloreto de hexaaminníquel II.

A geometria é essencial para explicar seu mecanismo de formação.


Inicialmente o níquel é rodeado por ligantes de água, que com a adição de hidróxido
de amônio, os ligantes de água são substituídos por ligantes amônia por mecanismo
de substituição dissociativa, o qual ocorre reação SN1 formando um intermediário de
menor número de coordenação (representada por colchetes e um asterisco) como
na figura 3, cada ligante é substituído por vez e não todos de uma vez, a velocidade
da reação depende da saída da água (H2O), representada por “X”, o qual a etapa
lenta determina a velocidade da reação, e a entrada de ligantes amônia (NH3) é
representado na figura por “Y”9.

Figura 3. Esquema representando o mecanismo de substituição dissociativa do cloreto de


hexaaminníquel II.

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A transição eletrônica dos elétrons entre níveis energéticos é responsável
pela cor dos complexos, a coloração do [Ni(NH3)6]2+ octaédrico é aproximada do roxo
claro/azul-escuro tendendo para o ultravioleta, de acordo com o espectro visível na
figura 4, temos o complexo com 2 elétrons livres, fazendo uma generalização,
quanto menos elétrons livre nosso complexo ter, maior será sua tendência para o
UV, no espectro visível, podemos enxergar essa cor entre 400 e 450 nanômetros, o
que caracteriza um baixo comprimento de onda e da alta frequência10.

Figura 4. Espectro eletromagnético evidenciando nosso complexo na região do UV.

De acordo com a metodologia realizada para o teste de caracterização de


amônia, e sabendo da literatura que o papel tornassol vermelho em contato com
uma base muda da cor vermelha para a azul, é observado a evolução de um gás à
medida que aquecemos a solução estoque, que com a ajuda do papel tornassol
vermelho, ele passou para azul, indicando que o meio possui excesso de íons OH-
deixando o meio básico, característico da amônia.

Foi caracterizado o cloreto quando adicionado o nitrato de prata (AgNO3),


após a adição, é observado que a solução antes azul claro agora passa para branco
turvado com soluto, isso se deve a formação do cloreto de prata que não se dissolve
em água e vira corpo de fundo, com isso, evidencia-se a presença de Cl- na nossa
amostra.

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Por fim, para a caracterização de níquel é adicionado dimetilglioxima (DMG),
que após a adição na solução estoque, de cor azul clara passa para
rosa/avermelhada. Sabemos que nosso complexo é azul por ser octaédrico, isso
implica que ele é campo fraco, ou seja, possui baixo desdobramento entre a banda
eg e t2g, e se possui baixo desdobramento ele também possuirá baixa estabilidade,
e consequentemente irá aparecer na parte ultravioleta, assim como observado sua
cor ser azul. Entretanto, quando adicionado a DMG, a conformação do complexo
passa de octaédrico para quadrado planar, de campo forte, alto desdobramento
entre a banda eg e t2g, alta estabilidade e consequentemente irá aparecer tendendo
para a parte infravermelho do espectro eletromagnético, avermelhado. Em síntese,
ele muda da cor azul para vermelho pois estamos mudando de conformação
octaédrica para quadrado planar, afetando diretamente na cor do complexo10.

De acordo com a literatura, podemos fazer outros testes de caracterização, tal


como para evidenciar a presença do íon cloreto (Cl-), como mostrado na figura 5 11.

Figura 5. Esquema para caracterizar o gás cloro de uma solução desconhecida.

Podemos fazer um outro teste de caracterização da amônia tal como na figura


6, onde usamos o hidróxido de sódio (NaOH) juntamente com nossa solução
estoque e fenolftaleína, o resultado observado é a evolução de um vapor que deixa
nossa fenolftaleína rosa, o que indica teor básico característico da amônia.

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Figura 6. Teste de caracterização da presença de amônia em solução.

Todos os compostos de níquel quando aquecidos com carbonato de sódio


(Na2CO3) sobre o carvão vegetal, produzem escamas de níquel metálico cinza
fracamente magnéticos. Se os mesmo forem colocados sobre uma tira de papel filtro
dissolvidas por ácido nítrico (HNO3) juntamente com gotas de ácido clorídrico (HCl)
concentrado, o papel de adquirirá uma cor verde característico da formação do
cloreto de níquel II11.

5.CONCLUSÕES

No presente relatório, conseguimos atingir os objetivos previstos no item 2.


Desde a sintetização do elemento hexaaminníquel (II) de 1,9723 g, até sua
caracterização. Podemos concluir através do experimento feito com o composto de
dimetilglioxima a presença do níquel, já que a coloração da solução de azul passa
para rosa, indicando a troca da conformação octaédrica para quadrado planar. Com
a mudança de coloração no papel tornassol vermelho para azul, indica-se a
presença de amônia à medida que é aquecida. A precipitação do cloreto de prata
não dissolvido evidencia-se a presença do íon cloro.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ROCHOW, E. G. Inorganic Syntheses, v. 6. McGraw-Hill, New York. 1960.

2. PAULINO, Antônio Augusto Soares. Síntese e caracterização do [Ni(NH3)6]Cl2.


UFPE, 2011.

3. SHRIVER, DUWARD; ATKINS, PETER. Química inorgânica - 4ª edição. Porto


Alegre, Bookman, 2008.

4. BASOLO, Fred; JOHNSON, Ronald. Química de los compuestos de


coordinación: la química de los complejos metálicos. Universidad central da
Venezuela: Reverté. S. A, f. 87, 1966.

5. Danilo Ayala Vito Modesto De Bellis J. Química Inorgânica Experimental. 2013.

6. VOGEL, Análise Química Quantitativa, 6ª Edição, LTCEditora, Rio de


Janeiro-RJ, 2002.

7. Bastos AR, Afonso, JC. Separação sólido-líquido: Centrífugas e papéis de


filtro. Química Nova. 2015.

8. Yoshito, W.K. Cotrim, M.E.B.; Ussui, V.; Lazar, D.R.R. Paschoal, J.O.A. ESTUDOS
DOS PARÂMETROS DE CO-PRECIPITAÇÃO DE PÓS DE NIO-YSZ. Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares, 2004.

9. SHRIVER, DUWARD; ATKINS, PETER. Química inorgânica - 4ª edição. Porto


Alegre, Bookman, 2008.

10. Lee, J. D. Química Inorgânica não tão concisa, 5ª ed., Edgard Blücher: São
Paulo, 1999.

11. VOGEL, Análise Química Quantitativa, 6ª Edição, LTCEditora, Rio de


Janeiro-RJ, 2002.

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