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COMPLIANCE E A FIFA
DR. EDMO COLNAGHI NEVES -------------------- 160
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o esporte paralímpiCo e os
Caminhos para a inClusão soCial
CIRO WINCKLER
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ---------------------------------- 177
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Introdução
O esporte é um fenômeno de definição polissêmico, não apenas
pelas suas manifestações, mas pelas possibilidades de desenvolvimento
humano que estão associados à sua prática (Bento, 2000)
As pessoas com deficiência têm seus primeiro relatos de prática esportiva
registrados no final do século XIX.
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No ano de 2011, no Brasil, passou-se a adotar o termo paralímpico
ao invés de paraolímpico. Isso ocorreu devido a necessidade de ajuste da
terminologia em virtude dos Jogos Rio 2016, e este alinhamento ajustou
o termo empregado no Brasil com o adotado pelo Comitê Paralímpico
Internacional- IPC e nos demais países de língua portuguesa (Parsons e
Winckler, 2012).
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I. A condição atual dos Jogos Para-
límpicos
Atualmente os Jogos Para- atletas com as mesmas funcio-
límpicos são o maior evento mul- nalidades de movimento em de-
tiesportivo para pessoas com de- terminadas classes. No entanto,
ficiência do mundo. O Jogos Rio isso também cria uma barreira,
2016 ultrapassaram os 4 bilhões pois nem todas as pessoas com
de audiência cumulativa global deficiência são elegíveis para o
(IPC, 2018). esporte, para serem aceitas elas
Essa condição midiática tem demandam apresentar uma de-
elevado no esporte o nível de ficiência mínima. Cada moda-
competitividade entre atletas, o lidade esportiva apresenta um
retorno financeiro e investimento sistema de classificação e suas
de patrocinadores. deficiências mínimas.
Esse cenário de disputa de- O quadro 1 apresenta as mo-
manda ajustes de modo a garan- dalidades paralímpicas, as defi-
tir a equidade da prática esporti- ciências que podem competir em
va, a principal diferença para isso cada esporte e o ano de inserção
em relação ao esporte olímpico nos Jogos Paralímpicos em sua
ocorre através da Classificação versão de Verão e de Inverno.
Esportiva. Esse sistema aloca
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Fonte: IPC 2018
Legenda: CR em cadeira de rodas, Física – deficiência física, Visual – de-
ficiência visual, intelectual – deficiência intelectual; As pessoas com de-
ficiência auditiva não estão inseridas no programa paralímpica por uma
questão ideológica, apesar de terem participado da fundação do IPC
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O Comitê Paralímpico Bra- ramentas.
sileiro foi fundado em 1995. Seu Esse cenário permitiu ao
estabelecimento associado à esporte brasileiro evoluir no nú-
condição legalista e aos movi- mero de praticantes e nos resul-
mentos sociais permitiu a cria- tados internacionais. A primeira
ção de conexões que levaram participação brasileira em Jogos
o esporte para um modelo de Paralímpicos ocorreu em 1972,
clubes esportivos organizados no entanto podemos acompa-
pelo esporte e não apenas pela nhar na Figura 1 que a evolução
área de deficiência ou centrados dos resultados brasileiros são
na inclusão social e utilizando o acentuados a partir dos jogos de
esporte como uma de suas fer- Atlanta 1996.
DIRETORIA DE MARKETING_CPB_2016
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III. O Papel do Comitê Paralímpico Brasi-
leiro
O Comitê Paralímpico Brasi- tam impacto e desenvolvimento
leiro exerce a função similar ao sistêmico, quando se foca nos
do Comitê Olímpico do Brasil no objetivos de cada uma dessas
que tange a representação in- manifestações. Assim um atleta
ternacional e a organização de no alto rendimento tem em sua
delegações brasileiras em Jogos pratica um processo de aprendi-
Sulamericanos, Parapanameri- zado, inclusão ou participação,
canos e Paralímpicos. No entan- mesmo que essas sejam peque-
to, em virtude da estrutura inter- nas e ocorram de maneira inci-
nacional ainda exerce a função dental. Costa e Winckler (2012)
de confederação nacional para ainda apontam que a esfera do
atletismo, natação, halterofilis- esporte saúde não é contempla-
mo, tiro esportivo e esgrima. No da na legislação brasileira de ma-
âmbito de gestão de recursos, neira ampla, apenas como uma
gerencia em parceria com Con- prática dentro do esporte escolar.
federação Brasileira de Esporte Isso pode limitar o desenvolvi-
Escolar e Confederação Brasi- mento do esporte uma vez que o
leira de Esporte Universitário os movimento paralímpico é depen-
recursos oriundos da Lei Agnelo/ dente dos profissionais de saúde
Piva implementando ações de fo- uma vez que o primeiro contato
mento esportivo, capacitação de da pessoa com deficiência e sua
recursos humanos, bem como família com o esporte ocorre ou,
organizando as competições infelizmente, deixa de ocorrer em
para esses grupos. Essas ações virtude da falta de estrutura ou
mostram que o CPB transcen- conhecimento.
de seu papel de alto rendimento Essa condição leva o CPB a
permitindo e garantindo o acesso desenvolver programas e ações
ao esporte a pessoa com defici- que contemplem não apenas o
ência. alto-rendimento, mas permitam
A lei Pelé (Nº 9.615/1998) o acesso das pessoas com de-
aponta que o esporte deve ter ficiência em diferentes níveis de
suas manifestações educacio- prática, influenciando em políti-
nal, participação, rendimento e cas públicas de esporte e educa-
formação (Brasil, 1998). Costa e ção, além de integrar programas
Winckler (2012) entendem que de saúde e reabilitação civis e
essas manifestações, apesar de militares.
organizadas juridicamente em
estruturas segregadas, apresen-
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Conclusão
Indicar o esporte paralímpico como um ambiente de inclusão é uma
linha de argumentação tênue uma vez que o esporte paralímpico segrega
as pessoas com menor habilidade e talento esportivo, limita o acesso de
quem não tem a deficiência mínima. No entanto, as conquistas dos atletas
paralímpicos modificam a percepção da população acerca da potenciali-
dade da pessoa com deficiência.
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Referências Bibliográficas
BAILEY S. Athlete First: A History of the Paralympic Movement London:
Wiley and Sons, 2008.
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