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O projeto não foi bem recebido por ter pontos polêmicos como o aumento indireto
de impostos sobre produtos e serviços básicos, como a gasolina, que aumentaria
de 5% para 19%. Até mesmo funerais sofreriam com aumento da taxação.
Desde o início das manifestações, morreram pelo menos 42 pessoas nas ruas das
cidades colombianas, a grande maioria civis. No mesmo período foram registrados
mais de 1.700 feridos, entre manifestantes e forças policiais ou militares.
Foto: Getty
Essa crise reflete nos clubes do país, o River Plate chegou a jogar uma partida da
Copa Libertadores com um goleiro improvisado, devido seus quatro goleiros
estarem acometidos pela Covid-19.
“Sendo coerentes com os cuidados com a saúde, vemos que é muito difícil que se
jogue a Copa América.”
No dia seguinte após esse anuncio a organização anunciou o Brasil como sede do
torneio, dizendo que é o ‘evento esportivo mais seguro do mundo’, se referindo
aos protocolos adotados pela entidade.
A Conmebol previa uma Copa América única para o ano de 2020. Duas sedes,
países convidados e uma "adequação" ao calendário da Eurocopa. Veio a
pandemia de coronavírus e todos os planos mudaram.
O presidente Jair Bolsonaro foi incluído, pela primeira vez, na lista de "predadores da liberdade de
imprensa" elaborada pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF). A edição de é composta por 37 chefes
de Estado ou governo que impõem uma repressão massiva à liberdade de imprensa.
Para cada "predador", a ONG internacional divulga um perfil dos motivos que fizeram ele ser incluído
na lista. A edição descreve que Bolsonaro usa "insulto, humilhação e ameaças vulgares" como "modo
de predação". De acordo com a publicação, desde que Bolsonaro assumiu a presidência tornou muito
mais difícil o trabalho da imprensa. "Sua marca registrada? Insultar, estigmatizar e humilhar jornalistas
muito críticos", diz.
A publicação também lembra da forma como o governo utiliza as redes sociais para desacreditar a
mídia. "Nas redes sociais, exércitos de apoiadores e robôs retransmitem e amplificam os ataques que
visam desacreditar a imprensa, apresentada como inimiga do Estado", destaca.
Os maiores ataques foram registrados contra mulheres jornalistas, analistas políticos e contra a rede
Globo. A Repórteres Sem Fronteiras registrou mais de 180 ataques contra o grupo Globo em 2020.
Também é citado o ataque a jornalista Patricia Campos Mello, da Folha de S. Paulo. Em março,
Bolsonaro foi condenado a indenizar a profissional por ter usado um comentário de cunho sexual para
se referir a ela.
Os predadores
A última edição da lista tinha sido publicada em 2016. Neste ano, 17 governantes aparecem pela
primeira vez, quase metade dos 37 que compõem a lista. Esta edição também traz a novidade de citar
pela primeira vez duas mulheres e um europeu.
Entre os novos integrantes da lista também está o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman,
suspeito de ordenar o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018. Já O presidente sírio,
Bashar Al-Assad, e o líder da revolução iraniana, Ali Khamenei, figuram na lista desde que ela foi
criada, há 20 anos.
Também fazem parte da lista o presidente da Venezuela Nicolás Maduro, o presidente de Cuba,
Miguel Diaz-Canel, presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente da China, Xi Jinping.
Dos 37 líderes, 16 representam países que estão na pior posição do relatório anual da RSF sobre a
liberdade de imprensa e 19 vêm de países que figuram na lista vermelha, onde o exercício do
jornalismo é considerado difícil, como é o caso do Brasil.
"Cada um desses predadores tem um jeito especial. Alguns fazem com que reine o terror, com ordens
irracionais e paranóicas; outros estão implementando estratégias muito estruturadas com base em leis
liberticidas. O desafio é fazer com que hoje esses predadores paguem o preço mais alto possível por
essa repressão. Não deixemos que sua maneira de agir se torne 'o novo normal'", diz a publicação.
PL sobre terrorismo
A lista foi divulgada ao mesmo tempo em que a Câmara dos Deputados voltou a analisar um projeto de
lei (PL) que busca endurecer a ação policial contra atos terroristas no país. Entidades de direitos
humanos se preocupam com o projeto, devido ao receio de que caso ele seja aprovado se proíba
a realização de manifestações contra o governo, como as que aconteceram no último sábado em todo o
país, já que o texto não deixa claro o que seria considerado terrorismo.
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A melhor estratégia a ser adotada pelo Brasil para enfrentar o novo ciclo de commodities vai ser
aquela capaz de mitigar os malefícios e aproveitar ao máximo os benefícios, transformando os ganhos
de curto prazo em projetos de desenvolvimento de longo prazo.
É necessário examinar o passado recente para evitar que o novo ciclo seja apenas mais um voo de
galinha.
Não bastasse o preço do gás e da gasolina, explodiu também o das carnes e de outros produtos básicos
para o consumidor brasileiro.
Na Argentina, o governo tentou garantir o abastecimento interno das carnes restringindo sua
exportação. Com isso, espera-se também estancar o aumento dos preços.
Há outras formas de atuar, como impostos sobre exportação ou o uso inteligente e planejado de
estoques reguladores, como a China fez em grande escala.
O que vemos no Brasil é mais uma vez omissão e descaso com o povo brasileiro. E o pior é que a
tendência é o agravamento dessa situação com a retomada das economias centrais. Vamos entender
isso.
Nos Estados Unidos, debate-se neste momento dois projetos audaciosos: um plano voltado à
infraestrutura e ao setor produtivo, o qual, se aprovado, deve destinar cerca de US$ 2 trilhões, e
outro plano voltado para a área da educação, que totaliza US$ 1,8 trilhão.
Na China, em março, o governo aprovou o 14º Plano Quinquenal do país.
Assim, o crescimento da demanda, que tinha sido reprimida nos primeiros trimestres de 2020, estimula
também uma maior procura por commodities, o que impacta os países sul-americanos.
No caso brasileiro, o Ibovespa (principal índice do mercado acionário do país) acumula crescimento
positivo em 2021 devido ao setor de commodities, e são as empresas do setor mineral que
apresentam as maiores altas.
Entre elas, pode-se citar a Vale, a CSN e a Gerdau. A demanda por soja também aumentou
consideravelmente nos últimos 12 meses, de modo que seu preço duplicou. A desvalorização do
real em relação ao dólar também privilegia as exportações.
Cabe, por fim, pontuar alguns aspectos nessa seção. Não é possível prever se este será um novo
“superciclo” ou um “miniciclo”, embora seja provável que, se bem sucedidos, o Plano Quinquenal
chinês, o Plano Biden e investimentos públicos similares na Europa elevem a demanda de
commodities nos países da América Latina e também do continente africano.
Como estes planos preveem a transição para uma economia mais verde, é possível que o caráter das
commodities demandadas sofra mudanças gradativas no médio prazo.
Em texto anterior, por exemplo, chamamos a atenção para o lítio, matéria prima fundamental
para as baterias dos novos carros elétricos.
O ciclo de commodities de 2003-2013: do início glorioso ao fim melancólico
O fenômeno em questão não é desconhecido. No início do século, com a aceleração do processo de
crescimento econômico de países emergentes com grande potencial de consumo, como na China e na
Índia, a economia global passou por um período de boom de commodities.
Conforme ilustram dados do Banco Central, no período de 10 anos, entre março de 2003 e março de
2013, a cotação do dólar caiu de R$3,47 para R$1,95 devido à valorização.
Essa sobreapreciação impactou diretamente a indústria nacional de forma negativa, reduzindo a sua
competitividade, tanto no mercado interno quanto externo.
Por um lado, os brasileiros encontravam facilidade em trocar os produtos industriais nacionais por
produtos industriais estrangeiros importados e, por outro, com a sobrevalorização do real, os produtos
nacionais perderam poder de competição no cenário internacional.
O resultado desta perda de competitividade foi o retrocesso do setor industrial nacional e uma
consequente queda da participação da indústria no produto e no emprego.
Nesse mesmo período, os produtos industriais e de alta tecnologia perderam participação na pauta
exportadora brasileira, variando de 11,2%, em 2000, para 4,0%, em 2014. Os de média-alta tecnologia
caíram de 25,2% para 16,5%.
Impactos
Com a expansão da demanda internacional decorrente da recuperação econômica dos países, a
economia doméstica sofre pressão crescente por desabastecimento dos bens exportados.
É o caso de produtos como a soja, abundantemente utilizada na produção da carne, como alimento do
gado. Tanto ela quanto a própria carne, assim como outros produtos, a exemplo dos combustíveis,
estão sendo mais demandadas no mercado internacional neste início do novo ciclo de commodities, o
que suscita aumento de seus preços na economia doméstica.
À medida em que a maior parte da produção nacional é voltada à exportação e, assim, o fornecimento
doméstico se reduz frente à demanda nacional, culminando no aumento dos preços.
Embora a expectativa internacional acerca do acirramento do novo boom dos commodities aponte para
os próximos meses, essa dinâmica de elevação dos preços nacionais por conta da demanda
internacional já se manifesta no Brasil desde o final do ano de 2020, com o aumento do preço da
gasolina, da carne e da inflação no geral.
Neste sentido, na medida em que este novo ciclo de exportações se intensifica, acentua-se também sua
repercussão sobre os preços do mercado nacional, indicando a necessidade de o governo de atuar com
políticas econômicas para lidar com essa dinâmica.
O Banco Central (BC), em suas atas do Comitê de Política Monetária (Copom) dos meses
de março e maio, utilizou a intensificação da demanda internacional por commodities como uma das
justificativas para os aumentos de juros de 0,75%, em ambas as reuniões.
Assim, com o aumento dos juros, espera-se uma valorização do câmbio, o que encareceria então os
produtos brasileiros no mercado internacional, pressionando pela redução da demanda internacional e,
portanto, diminuindo o espraiamento dos preços sobre a economia doméstica.
Lições
A melhor estratégia a ser adotada pelo Brasil para enfrentar o novo ciclo de commodities vai ser
aquela capaz de mitigar os malefícios e aproveitar ao máximo os benefícios, transformando os ganhos
de curto prazo em projetos de desenvolvimento de longo prazo.
Em termos de curto prazo, o desafio de lidar com a elevação dos preços nacionais da carne, de
combustíveis e de produtos cuja cadeia produtiva envolve a soja é um dos primeiros que se impõe.
Como forma de evitar uma redução da oferta no mercado doméstico destes produtos, pode-se adotar
várias medidas, como um esquema tarifário sobre as exportações que equilibraria os ganhos de se
vender no mercado nacional e internacional e/ou o uso de estoques regulatórios.
Este artifício tarifário também poderia ser útil para se enfrentar um segundo problema esperado no
médio e longo prazos: a acentuação do processo de reprimarização da economia brasileira.
Ao aumentar o valor do custo de exportação, o imposto evitaria uma sobreapreciação da moeda que
derrubaria a competitividade dos setores industriais nacionais.
Além disso, os ganhos auferidos pela taxação poderiam inclusive ser canalizados para projetos de
investimento de longo prazo (por meio da criação de um fundo soberano, por exemplo) capazes de
estimular a transformação da matriz econômica brasileira em direção a atividades mais complexas, de
maior produtividade e intensivas em tecnologia.
Evitando, dessa forma, que os ganhos do ciclo de commodities fiquem restritos majoritariamente ao
setor do agronegócio e acarretem, novamente, aumento da reprimarização da economia brasileira.
Cedo ou tarde a economia brasileira deve recuperar-se da recessão e entrar em nova fase de aceleração,
beneficiando-se da onda global de retomada econômica.
Cabe aos formuladores de políticas econômicas aprenderem com as lições do passado e estarem
prontos para evitar que o novo ciclo de commodities seja apenas mais um voo de galinha.
E, no curto prazo, é obrigação do governo evitar que ao trabalhador sejam negados preços acessíveis
daquilo que é produzido internamente.
*Os autores agradecem a colaboração do Prof. Giorgio Romano Schutte na elaboração do artigo.
**O OPEB (Observatório de Política Externa Brasileira) é um núcleo de professores e estudantes de
Relações Internacionais da UFABC que analisa de forma crítica a nova inserção internacional
brasileira, a partir de 2019.
A melhor estratégia a ser adotada pelo Brasil para enfrentar o novo ciclo de commodities vai ser
aquela capaz de mitigar os malefícios e aproveitar ao máximo os benefícios, transformando os ganhos
de curto prazo em projetos de desenvolvimento de longo prazo.
É necessário examinar o passado recente para evitar que o novo ciclo seja apenas mais um voo de
galinha.
Não bastasse o preço do gás e da gasolina, explodiu também o das carnes e de outros produtos básicos
para o consumidor brasileiro.
Curiosamente, o Brasil não depende de importação desses produtos, mas a lógica do mercado livre
subordina seus valores à demanda externa e à cotação do dólar, embora os itens sejam produzidos e
consumidos em reais.
Na Argentina, o governo tentou garantir o abastecimento interno das carnes restringindo sua
exportação. Com isso, espera-se também estancar o aumento dos preços.
Há outras formas de atuar, como impostos sobre exportação ou o uso inteligente e planejado de
estoques reguladores, como a China fez em grande escala.
O que vemos no Brasil é mais uma vez omissão e descaso com o povo brasileiro. E o pior é que a
tendência é o agravamento dessa situação com a retomada das economias centrais.
Caso obtenha sucesso, o Bidenomics marcará o fim de uma era onde o consenso se dava ao redor da ideia
de desonerar o setor privado na busca pelo crescimento econômico. O foco na classe média e nos ‘dois
terços mais pobres' prevê o aumento do consumo e da força de trabalho disponível, com muitos hoje
alocados em subempregos. Para minimizar o risco de inflação, considera-se que o crescimento econômico
direcione o aumento da arrecadação e não altere significativamente a razão dívida-PIB. Apesar de ser um
terreno novo, a expectativa é de que o déficit e a emissão de dívida sejam compensados pelos benefícios
conseguidos pelos investimentos feitos. Além disso, como a política monetária americana é menos
suscetível a flutuações cambiais, o impacto é muito menor do que em economias baseadas em outras
moedas.