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Os achados de avaliação
relacionados com os sistemas respiratório, neurológico e cardíaco
são documentados, e as alterações são discutidas com o médico.
O enfermeiro orienta o paciente sobre a dieta que deve ser
seguida para tratar a hipercloremia e manter a hidratação
adequada.
DISTÚRBIOS ACIDOBÁSICOS
Fisiopatologia
A acidose de intervalo aniônico normal resulta da perda direta de
bicarbonato, como em caso de diarreia, fístulas intestinais
inferiores, ureterostomias e uso de diuréticos; insuficiência renal
inicial; administração excessiva de cloreto; e administração de
nutrição parenteral sem bicarbonato ou solutos que produzem
bicarbonato (p. ex., lactato). A acidose de intervalo aniônico
normal também é denominada acidose hiperclorêmica.
A acidose de intervalo aniônico alto resulta do acúmulo
excessivo de ácido fixo. Se houver aumento para 30 mEq/ ℓ (30
mmol/ ℓ ) ou mais, está presente uma acidose metabólica de
intervalo aniônico alto, independentemente dos valores do pH e
HCO3−. Ocorre intervalo aniônico alto em cetoacidose, acidose
láctica, fase tardia de envenenamento por salicilato, uremia,
intoxicação por metanol ou etilenoglicol; e na cetoacidose com
inanição. O hidrogênio é tamponado pelo HCO3−, causando queda
da concentração de bicarbonato. Em todos esses casos, níveis de
ânions anormalmente altos inundam o sistema, aumentando o
intervalo aniônico acima dos limites normais.
Manifestações clínicas
Os sinais e sintomas de acidose metabólica variam conforme a
gravidade da acidose, mas incluem cefaleia, confusão, sonolência,
aumento de frequência e profundidade respiratórias, náuseas e
vômitos (Blevins, 2014; Burns, 2014). Ocorrem vasodilatação
periférica e diminuição do débito cardíaco quando o pH cai para
menos de 7. Outros achados da avaliação física incluem
diminuição da pressão arterial, pele fria e pegajosa, arritmias e
choque. A acidose metabólica crônica normalmente é observada
com a doença renal crônica.
Manejo clínico
O tratamento é direcionado para a correção do desequilíbrio
metabólico (Fischbach & Dunning, 2015). Se o problema resulta
da ingestão excessiva de cloreto, o tratamento tem por objetivo a
eliminação da fonte de cloreto. Quando necessário, é administrado
bicarbonato; entretanto, a administração de bicarbonato de sódio
durante uma parada cardíaca pode resultar em acidose
intracelular paradoxal. Podem ocorrer hiperpotassemia com a
acidose e hipopotassemia com a reversão da acidose e a
subsequente movimentação de potássio de volta para as células.
Por conseguinte, o nível de potássio sérico é cuidadosamente
monitorado, e a hipopotassemia é corrigida à medida que a
acidose é revertida.
Na acidose metabólica crônica, os níveis de cálcio sérico
baixos são tratados antes da acidose metabólica crônica para
evitar a tetania que resulta de aumento no pH e de diminuição no
cálcio ionizado. Podem ser administrados agentes alcalinizantes.
As modalidades de tratamento também podem incluir hemodiálise
ou diálise peritoneal.
Fisiopatologia
Uma causa comum de alcalose metabólica é o vômito ou a
aspiração gástrica com perda de íons hidrogênio e cloreto. O
distúrbio também ocorre na estenose pilórica, na qual apenas o
líquido gástrico é eliminado. O líquido gástrico apresenta pH ácido
(normalmente de 1 a 3), e a perda desse líquido altamente acídico
aumenta a alcalinidade dos líquidos corporais. Outras situações
que predispõem à alcalose metabólica incluem aquelas
associadas à perda de potássio, como terapia com diurético não
poupador de potássio (p. ex., tiazídicos, furosemida), e secreção
de ACTH (como no hiperaldosteronismo e na síndrome de
Cushing).
A hipopotassemia produz alcalose de dois modos: (1) os rins
retêm potássio e, portanto, a secreção de H+ aumenta; e (2) o
potássio celular se desloca para fora das células e para dentro do
LEC em uma tentativa de manter os níveis séricos quase normais
(à medida que os íons potássio deixam as células, os íons
hidrogênio devem entrar para manter a eletroneutralidade). A
ingestão excessiva de álcalis provenientes de antiácidos que
contêm bicarbonato ou a utilização de bicarbonato de sódio
durante a reanimação cardiopulmonar também podem causar
alcalose metabólica.
A alcalose metabólica crônica pode ocorrer em virtude de
terapia com diuréticos (tiazídicos ou furosemida) a longo prazo,
adenoma viloso, drenagem externa de líquidos gástricos, depleção
de potássio significativa, fibrose cística e ingestão crônica de leite
e carbonato de cálcio.
Manifestações clínicas
A alcalose é manifestada primariamente por sintomas
relacionados com a diminuição da ionização do cálcio, como
formigamento dos dedos e artelhos, tontura e músculos
hipertônicos. A fração ionizada do cálcio sérico diminui na
alcalose, à medida que mais cálcio se combina com as proteínas
séricas. Como é a fração ionizada do cálcio que influencia a
atividade neuromuscular, os sintomas de hipocalcemia com
frequência são os sintomas predominantes da alcalose. As
respirações são deprimidas como uma medida compensatória
pelos pulmões. Pode ocorrer taquicardia atrial. À proporção que o
pH aumenta e há o desenvolvimento da hipopotassemia, podem
ocorrer distúrbios ventriculares. Diminuição da motilidade e íleo
paralítico podem também estar evidentes.
Os sintomas da alcalose metabólica crônica são os mesmos da
alcalose metabólica aguda e, conforme o potássio diminui,
extrassístoles ventriculares ou ondas U frequentes são
observadas ao ECG.
Manejo clínico
O tratamento da alcalose metabólica aguda e crônica é
direcionado à correção do distúrbio acidobásico subjacente
(Fischbach & Dunning, 2015). Em virtude da depleção de volume
por perda gastrintestinal, o equilíbrio hídrico do paciente deve ser
cuidadosamente monitorado.
Cloreto suficiente deve estar disponível para que o rim absorva
sódio com cloreto (possibilitando a excreção do excesso de
bicarbonato). O tratamento inclui a restauração do volume de
líquido normal por meio da administração de soluções com cloreto
de sódio (porque a depleção de volume contínua perpetua a
alcalose). Em pacientes com hipopotassemia, o potássio é
administrado sob a apresentação de KCl para repor as perdas de
K+ e de Cl−. Antagonistas de receptores de H2, como cimetidina,
reduzem a produção de cloreto de hidrogênio (HCl) gástrico,
diminuindo, assim, a alcalose metabólica associada à aspiração
gástrica. Inibidores de anidrase carbônica são úteis no tratamento
da alcalose metabólica em pacientes que não podem tolerar a
rápida expansão do volume (p. ex., pacientes com insuficiência
cardíaca).
Fisiopatologia
A acidose respiratória sempre ocorre por causa da excreção
inadequada de CO2 com ventilação inadequada, que resulta em
elevação das concentrações de CO2 plasmático e,
consequentemente, aumento dos níveis de ácido carbônico. Além
de PaCO2 elevada, a hipoventilação normalmente causa
diminuição na PaO2 (Rogers & McCutcheon, 2013). A acidose
respiratória aguda ocorre em situações de emergência, como
edema pulmonar agudo, aspiração de objeto estranho, atelectasia,
pneumotórax e superdosagem de sedativos, bem como em
situações não emergenciais, como apneia do sono associada à
obesidade mórbida e administração de oxigênio a um paciente
com hipercapnia (CO2 excessivo no sangue) crônica, pneumonia
grave e síndrome de angústia respiratória aguda. A acidose
respiratória também pode ocorrer em doenças que comprometem
os músculos respiratórios, como distrofia muscular, esclerose
múltipla, miastenia gravis e síndrome de Guillain-Barré. A
ventilação mecânica pode estar associada à hipercapnia se a
velocidade da ventilação for inadequada e o CO2 for retido.
Manifestações clínicas
Os sinais clínicos na acidose respiratória aguda e crônica variam.
A hipercapnia (elevação da PaCO2) súbita pode causar aumento
do pulso e da frequência respiratória, aumento da pressão arterial,
embotamento mental ou confusão, e uma sensação de plenitude
na cabeça, ou diminuição no nível de consciência. Uma PaCO2
elevada, superior a 60 mmHg, causa vasodilatação vascular
cerebral e aumento do fluxo sanguíneo cerebral. A fibrilação
ventricular pode ser o primeiro sinal de acidose respiratória em
pacientes anestesiados.
Se a acidose respiratória for grave, a pressão intracraniana
pode aumentar, resultando em papiledema e vasos sanguíneos
conjuntivos dilatados. Pode resultar em hiperpotassemia, à medida
que a concentração de hidrogênio supera os mecanismos
compensatórios e o H+ é desviado para dentro das células,
causando movimentação de potássio para fora da célula.
A acidose respiratória crônica ocorre com doenças
pulmonares, como enfisema crônico e bronquite, apneia do sono
obstrutiva e obesidade. Desde que a PaCO2 não exceda a
capacidade do corpo de compensar, o paciente será
assintomático. Contudo, se a PaCO2 aumentar rapidamente, a
vasodilatação cerebral aumentará a pressão intracraniana,
desenvolvendo cianose e taquipneia. Pacientes com doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) que acumulam CO2
gradualmente ao longo de um período prolongado (dias a meses)
podem não desenvolver sintomas de hipercapnia, porque as
alterações renais compensatórias tiveram tempo para ocorrer.
segurança
Se a PaCO2 for cronicamente superior a 50 mmHg, o centro respiratório se torna
relativamente insensível ao CO2 como um estimulante respiratório, tornando a
hipoxemia o principal impulso para a respiração. A administração de oxigênio
pode remover o estímulo da hipoxemia, e, assim, o paciente desenvolve “narcose
por dióxido de carbono”, exceto se a situação for revertida rapidamente. O oxigênio
deve, portanto, ser administrado apenas com extrema cautela.
Manejo clínico
O tratamento é direcionado para a melhora da ventilação; as
medidas exatas variam de acordo com a causa da ventilação
inadequada (Burns, 2014; Rogers & McCutcheon, 2013). Os
agentes farmacológicos são utilizados conforme indicado. Por
exemplo, broncodilatadores ajudam a reduzir o broncospasmo;
antibióticos são utilizados para infecções respiratórias; e
trombolíticos ou anticoagulantes são utilizados para êmbolos
pulmonares (ver Capítulo 21).
Medidas de higiene pulmonar são iniciadas, quando
necessário, para limpar o trato respiratório do muco e da
drenagem purulenta. A hidratação adequada (2 a 3 ℓ /dia) é
indicada para manter as membranas mucosas úmidas e, assim,
facilitar a remoção de secreções. Oxigênio suplementar é
administrado conforme necessário.
A ventilação mecânica, utilizada adequadamente, pode
melhorar a ventilação pulmonar (Burns, 2014; Rogers &
McCutcheon, 2013). A ventilação mecânica inadequada (p. ex.,
aumento do espaço morto, configurações de velocidade ou volume
insuficientes, alta fração de oxigênio inspirado [FIO2] com
excessiva produção de CO2) pode causar excreção de CO2 tão
rápida que os rins não conseguem eliminar o excesso de
bicarbonato suficientemente rápido para evitar a ocorrência de
alcalose e convulsões. Por esse motivo, a elevação da PaCO2
deve ser diminuída lentamente. Posicionar o paciente em semi-
Fowler facilita a expansão da parede torácica.
O tratamento da acidose respiratória crônica é o mesmo da
acidose respiratória aguda.
Fisiopatologia
A alcalose respiratória sempre é causada por hiperventilação, que
provoca “descarregamento” excessivo de CO2 e, por conseguinte,
diminuição na concentração de ácido carbônico plasmático. As
causas incluem ansiedade extrema, hipoxemia, fase inicial da
intoxicação por salicilato, bacteriemia por gram-negativo e
configurações de ventilador inadequadas.
A alcalose respiratória crônica resulta de hipocapnia crônica,
tendo como consequência a diminuição dos níveis de bicarbonato
sérico. Insuficiência hepática crônica e tumores cerebrais são
fatores predisponentes.
Manifestações clínicas
Os sinais clínicos consistem em vertigem decorrente de
vasoconstrição e diminuição do fluxo sanguíneo cerebral,
incapacidade de concentração, dormência e formigamento por
causa da redução da ionização do cálcio, tinido e, por vezes,
perda de consciência. Os efeitos cardíacos da alcalose respiratória
incluem taquicardia e arritmias ventriculares e atriais.
Manejo clínico
O tratamento depende da causa subjacente da alcalose
respiratória. Se a causa for ansiedade, o paciente é instruído a
respirar mais lentamente para deixar que o CO2 seja acumulado,
ou a respirar dentro de um sistema fechado (como um saco de
papel). Um agente ansiolítico pode ser necessário para aliviar a
hiperventilação em pacientes muito ansiosos. O tratamento de
outras causas de alcalose respiratória é direcionado à correção do
problema de base.
Compensação
Em geral, os sistemas pulmonar e renal se compensam entre si
para retornar o pH ao normal. Em um distúrbio acidobásico único,
o sistema que não causa o problema tenta compensar ao retornar
a razão de bicarbonato–ácido carbônico até a normal de 20:1. Os
pulmões compensam os distúrbios metabólicos ao alterar a
excreção de CO2. Os rins compensam os distúrbios respiratórios
ao alterar a retenção de bicarbonato e a secreção de H+.
Na acidose respiratória, o excesso de hidrogênio é excretado
na urina em troca de íons bicarbonato. Na alcalose respiratória, a
excreção renal de bicarbonato se eleva, e os íons hidrogênio são
retidos. Na acidose metabólica, os mecanismos compensatórios
aumentam a velocidade da ventilação e a retenção renal de
bicarbonato. Na alcalose metabólica, o sistema respiratório
compensa ao diminuir a ventilação para manter o CO2 e aumentar
a PaCO2. Como os pulmões respondem aos distúrbios
acidobásicos em minutos, a compensação de desequilíbrios
metabólicos ocorre mais rápido que a compensação de
desequilíbrios respiratórios. A Tabela 13.12 resume os efeitos de
compensação.
Análise de gasometria
A análise de gasometria é utilizada com frequência para identificar
o distúrbio acidobásico específico e o grau de compensação
ocorrido. A análise normalmente tem por base uma amostra de
sangue arterial; entretanto, se uma amostra arterial não puder ser
obtida, uma amostra venosa mista pode ser utilizada. Os
resultados da análise de gasometria arterial fornecem informações
sobre a ventilação alveolar, a oxigenação e o equilíbrio
acidobásico. É necessário avaliar as concentrações de eletrólitos
séricos (sódio, potássio e cloreto) e de CO2 juntamente com os
dados da gasometria arterial, pois com frequência esses são o
primeiro sinal de um distúrbio acidobásico. História de saúde,
exame físico, resultados de gasometria anterior e eletrólitos
séricos devem sempre fazer parte da avaliação utilizada para
determinar a causa do distúrbio acidobásico (Grossman & Porth,