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Campus Jaguarão
Licenciatura em História
História Contemporânea I
Revolução Industrial
INTRODUÇÃO
Há diversas fontes para que possamos tentar compreender a dimensão dessa Revolução,
seja em documentos históricos, produções literárias ou até mesmo produções audiovisuais,
essas possíveis justamente pelo desenvolvimento da própria Revolução Industrial. Aqui, a
análise feita se utilizará, como base, essa última fonte, o Cinema, fonte essa que fornece
inúmeras camadas analíticas, desde o que vemos em tela e até mesmo o que não se é visto nela,
como disse Marc Ferro:
“[o cinema] destrói a imagem do duplo que cada instituição, cada indivíduo se
tinha constituído diante da sociedade. A câmara revela o funcionamento real
daquela, diz mais sobre cada um do que queria mostrar. Ela descobre o segredo,
ela ilude os feiticeiros, tira as máscaras, mostra o inverso de uma sociedade,
seus “lapsus”. É mais do que preciso para que, após a hora do desprezo venha
a da desconfiança, a do temor (...). A idéia de que um gesto poderia ser uma
frase, esse olhar, um longo discurso é totalmente insuportável: significaria que
a imagem, as imagens (...) constituem a matéria de uma outra história que não
a História, uma contra-análise da sociedade.” (1976)
O filme a ser utilizado como fonte, será “Tempos Modernos”, de 1936, dirigido e
interpretado por Charlie Chaplin. A escolha por esse longa-metragem deu-se pela sua
complexidade crítica que se estende até a atualidade, como poderemos ver no decorrer desse
texto. Além disso, “Tempos Modernos” também nos ajuda a refletir em como esse processo
revolucionário afetou e afeta a vida das pessoas em todo o território global.
Com isso, o intuito aqui é de que possamos visitar um pouco esse processo ocorrido
desde o apagar das luzes do século XVIII, na Europa, passando pelas suas etapas ao adentrar
os séculos seguintes, etapas essas desenvolvidas e dissipadas pelo resto do globo, juntamente
com as expansões imperialistas.
AS REVOLUÇÕES
A Revolução Industrial possui quatro etapas, sabendo que desde a invenção das
máquinas à vapor, esse desenvolvimento maquinário foi contribuindo para cada vez mais o
avanço das tecnologias, chegando ao mundo digital do qual estamos constantemente inseridos.
Tendo a primeira dessa etapa ocorrida entre os anos de 1780-1840, sendo iniciado no
território inglês, devido as condições favoráveis a esse fato, como por exemplo uma política
liberal que estava se estabilizando cada vez mais, principalmente com o processo de
privatização das terras, a partir dos cercamentos das mesmas, além de mãos-de-obra e matérias
primas em demasia.
Com essas privatizações de terras, uma vasta produção de algodão, onde havia uma
manufatura em desenvolvimento, que era a de produção de roupas e tecidos em geral, porém, a
partir do desenvolvimento de maquinários, essa produção, que antes era realizada de maneira
artesanal, passa a ser produzida em fábricas, o que possibilitou um aumento de produção e,
consequentemente, um maior acumulo de capital. Como antes esses artesãos possuíam controle
e conhecimento de todos os processos de seus produtos, com o avanço tecnológico, esses
produtores passaram a perder o controle do que fabricavam, pois agora não trabalhavam mais
para si e sim para empresários, tendo início ao capitalismo industrial.
Esse desenvolvimento industrial fez com que houvesse um grande êxito rural, levando
as pessoas, que antes viviam nos campos, a viverem nos grandes centros urbanos, tanto da
Inglaterra como em outros países que passaram por esse mesmo processo. Isso fez com que
essas pessoas habitassem em cortiços e outros espaços insalubres, além de que essas fábricas
eram completamente prejudiciais à saúde desses trabalhadores, o que gerava a propagação de
inúmeras doenças entre eles. Nessas fábricas, o corpo de trabalhadores era completado com
homens, mulheres e, até mesmo, crianças, onde chegavam a trabalhar cerca de 80 horas
semanais. Devido a essas situações, Hobsbawm nos diz que houve, como consequência, “o
aparecimento de um forte movimento sindicalista” (1968), onde se utilizaram de greves em
busca de melhorias de trabalho.
Outro fator importante, nesse segundo período, foi um maior estruturamento para o
fornecimento de energia elétrica, tendo os nomes de Nikola Tesla e Thomas Edison como
desenvolvedores dessas técnicas.
Como as fábricas estavam visando cada vez mais seus lucros e o aumento de suas
produtividades, nesse segundo momento revolucionário, iremos ver o surgimento de três
métodos de produção, onde o intuito era o de diminuir o tempo das produções para que assim,
consequentemente, houvesse um maior acumulo de capital. Esses métodos, utilizados até os
dias de hoje, são: Taylorismo - o que consiste em manter o trabalhador em apenas uma função
específica, cronometrando o tempo deste funcionário, onde a remuneração era relacionada com
a produtividade individual -, Fordismo – onde há um desdobramento do Taylorismo, com o
adicional de uma esteira rolante para um ritmo mais dinâmico de trabalho além de uma maior
padronização dos produtos -, e, por fim, o Toyotismo – busca minimizar o estoque produzido
devido a demanda, eliminar desperdício e, ao contrário das que vimos antes, os trabalhadores
realizam mais de uma função -.
Já a terceira revolução, conhecida também como revolução digital, tem seu período
marcado entre os anos de 1950-2010, com a substituição gradual das tecnologias mecânicas
pelas tecnologias digitais, ocasionando em uma expansão de computadores, o que contribuiu
com uma maior comunicação entre as sociedades. Foi nesse período em que houve o surgimento
da internet e o desenvolvimento de novas tecnologias, como a indústria espacial, o que levou a
humanidade a solos além dos já invadidos e conquistados, como a Lua, por exemplo. O
desenvolvimento da biotecnologia também se deu nesse momento, contando também com um
maior desenvolvimento agrícola, devido a sua informatização de produção.
“Tempo Modernos” é um filme de 1936, escrito, dirigido e atuado por Charlie Chaplin.
Uma forte crítica, principalmente, a uma sociedade industrializada, onde as cidades são sujas,
barulhentas e a atividade humana foi reduzida a uma repetição de tarefas que não exigem
nenhuma criatividade.
Chaplin começou a observar os problemas causados pelas ações sociais nas sociedades
industrializada e, com isso, teve a idéia de escrever o roteiro do longa-metragem. Embora nesse
período o cinema já havia a introdução do som, Chaplin decidiu trabalhar com pouquíssimas
falas, trazendo uma universalidade em sua obra, já que sem a barreira da linguagem, qualquer
pessoa em qualquer lugar do mundo conseguiria captar a mensagem impressa em sua obra.
No Brasil, sua personagem ficou conhecida como Carlitos, e nessa obra busca se
adequar na sociedade trabalhando como um operário em uma fábrica e seguindo as normas
sociais, embora não tenha muito êxito nisso e acaba que por entrar em diversos problemas por
conta de sua personalidade, como ser demitido em outros empregos, chegando até mesmo a ser
preso, sob a alegação de vadiagem. No meio desse processo todo, Carlitos acaba por conhecer
uma órfã que, assim como ele, enfrenta dificuldades para se adequar aos papéis sociais dos
quais os obrigavam a performar, e, com isso, ambos buscam se ajudar a conseguirem uma vida
digna em meio a esse caos todo.
Logo no início do filme, vemos uma mensagem, a qual vai ser fio condutor de toda a
trama: “Tempos Modernos – uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a
humanidade em busca da felicidade”. A primeira imagem que vemos, após essa mensagem, é
uma alusão ao tempo do homem que é tomado por essa indústria, sendo simbolizada por um
relógio, junto de um som que faz alusão ao sinal existente nas fábricas, tendo o relógio como
marcador do horário em que os funcionários devem entrar, trabalhar e ir embora.
Um dos autores que abordam a temática da sociedade, é Michel Foucault, onde ele
trabalha a idéia do biopoder e as instituições disciplinares, que acabam por delimitar o espaço
de vivência humana, sempre com a idéia de obedecer – obedecer a horários, obedecer às regras,
obedecer a padrões -, o que podemos pensar em como até mesmo fora do ambiente fabril, como
o ambiente escolar, tem sido constantemente inserida essas práticas.
Outro ponto destacado por Chaplin, é o horário de almoço em que a fábrica constrói um
equipamento que tem o intuito de alimentar os funcionários enquanto os mesmos trabalham,
até que, enfim, esse equipamento é quebrado por não aguentar a velocidade em que o patrão
tenta colocar.
Carlitos tem a função de apertador de parafusos, embora ele não saiba nem o que a
fábrica produz, nos mostrando o quão mecanizado se torna o serviço dentro desses espaços,
expropriando toda e qualquer criatividade humana que possa existir. Com o desenrolar do filme,
a personagem de Chaplin adoece, entrando em colapso nervoso e acaba sendo levado ao
hospital, onde fica internado. Ao ter alta e sair do hospital, Carlitos recebe a prescrição de
descansar e evitar emoções fortes, mas ao se deparar com uma realidade onde o desemprego
está generalizado, como conseguir seguir as recomendações médicas, em uma cidade com um
ritmo frenético e barulhenta?
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
FERRO, M. O filme: uma contra-análise da sociedade? In: LE GOFF, J., NORA, P. (Orgs.).
História: novos objetos. Trad.: Terezinha Marinho. Rio de Janeiro: F. Alves, 1976. p. 202-203