O documento discute as análises do sociólogo Jessé de Souza sobre a violência no Brasil. Embora reconheça seu trabalho como intelectual, o autor critica certas ênfases e generalizações de Jessé. Aponta que ele por vezes apresenta uma visão simplista ao não considerar a complexidade das situações urbanas brasileiras e as duas faces da violência policial e do tráfico.
O documento discute as análises do sociólogo Jessé de Souza sobre a violência no Brasil. Embora reconheça seu trabalho como intelectual, o autor critica certas ênfases e generalizações de Jessé. Aponta que ele por vezes apresenta uma visão simplista ao não considerar a complexidade das situações urbanas brasileiras e as duas faces da violência policial e do tráfico.
O documento discute as análises do sociólogo Jessé de Souza sobre a violência no Brasil. Embora reconheça seu trabalho como intelectual, o autor critica certas ênfases e generalizações de Jessé. Aponta que ele por vezes apresenta uma visão simplista ao não considerar a complexidade das situações urbanas brasileiras e as duas faces da violência policial e do tráfico.
Não há dúvidas que o Jesse é um intelectual de marca maior’.
Isso me ficou claro quando eu li "A ralé brasileira" e trechos de "A Construção social da subcidadania". Entretanto, de um tempo pra cá, não aprecio certas ênfases que ele utiliza nem a generalização de exemplos sociológicos a partir de um único e conveniente ponto de vista.
Exemplo disso: Como ele mesmo disse, 60 mil pobres são
assassinatos ao ano no Brasil. Entretanto, a polícia não é sequer responsável nem por 10% dessas mortes (e ainda quando ela mata, ela mata em confronto). Claro que a polícia brasileira é corrupta e comete injustiças. Ela é sanguinolenta (também por que a classe média aplaude), e os seus procedimentos são controversos. Mas assim também é o traficante que usa o outro negro favelado como 'escudo' para escapar dos tiros da polícia ou mata qualquer um que sobe o morro sem se identificar previamente ou se não paga a dívida de entorpecentes. As duas faces da moeda devem ser mostradas. Não adianta esta dualidade estar presente no livro e na palestra essa visão simplesmente "desaparecer". As situações do cotidiano urbano brasileiro são muito complexas para formulações tão categóricas e unidimensionais. Penso eu que o fato de Jessé ter mobilizado ao longo do tempo suas faculdades intelectuais para tornar mais 'palatável' a leitura para os grupos de esquerda fez ele perder parte do brilho, ainda que ele possua muito e seja um dos sociólogos brasileiros mais originais, críticos e dedicados a entender de forma analítica os meandros da desigualdade brasileira e da formação da pobreza que é legitimada e inconscientemente aplaudida pela própria sociedade que a compõe.