Você está na página 1de 32

7Book's

A TEORIA DO
INTERVALO
Daniel 9:27

PR. ROBERTO BIAGINI


A "Teoria do Intervalo"

Daniel 9:27

1
A "Teoria do Intervalo"

Título: A “Teoria do Intervalo”

Capa:Imagem da internet/Sérgio Eduardo

Diagramação:Sérgio Eduardo

Introdução:Sérgio Eduardo

Autor: PR. Roberto Biagini

Este é um E-book free que pode ser baixado pelo site da


7Book, todos os direitos são reservados ao autor da
obra.

A obra pode ser citada em partes ou em todo seu


conteúdo desde que cite a fonte e o autor, cada autor é
responsável pelo conteúdo que produz, a 7Book faz a
parte de diagramação e capa além de divulgação e
distribuição.

2
A "Teoria do Intervalo"

Introdução:

Neste E-book o Pr. Roberto Biagini explica o verdadeiro


sentido do texto de Daniel 9:27:

“E Ele confirmará o pacto com muitos por uma semana


fará cessar o sacrifício e a oblação; e pela asa das
abominações fará que seja desolada, até que a
consumação e o que foi determinado seja derramado
sobre o desolado.”

Além também de apresentar 12 provas irrefutáveis em


que essa teoria foi interpretada de forma errada tanto
por Hipólito(III.Séc.) e depois difundida por John N.
Darby, no século XIX.

Esse E-book explica em detalhes toda a teoria em que


Jesus não voltará em duas fases distintas uma sendo o
Arrebatamento Secreto e o aparecimento em glória e
majestade.

Desfrutem de mais um E-book Grátis que preparamos


para o seu crescimento espiritual.

Sérgio Eduardo.

3
A "Teoria do Intervalo"

Sumário

Introdução: .....................................................................3
A "Teoria do Intervalo" em Dan. 9:27 ............................5
1) Não é bíblica. ..............................................................6
2) Não é perfeita ............................................................7
3) Não é necessária ........................................................8
4) Não é cronológica. ...................................................10
5) Não é natural............................................................11
6) Não é exegética. .......................................................12
7) Não é climática. ........................................................16
8) Não é cristocêntrica. ................................................17
9) Não é proporcional ..................................................18
10) Não é segura. .........................................................18
11) Não é lógico............................................................19
12) Não é coerente.......................................................20
Conclusão .....................................................................27

4
A "Teoria do Intervalo"

A "Teoria do Intervalo" em Dan. 9:27

Pr. Roberto Biagini

Mestrado em Teologia

O conhecido comentarista romano Hipólito, do séc. III


confundiu os dois príncipes de Dan. 9:24-27,
concluindo que os dois eram um só, interpretando
"Ele" do v. 27, como sendo um futuro Anticristo, e não
Jesus Cristo que haveria de cessar os sacrifícios. É
lamentável que o erro de Hipólito tenha sido copiado
por John N. Darby, no século XIX, introduzindo o
conceito de que a vinda de Cristo consiste de duas
fases, o que capturou o pensamento de muitos
protestantes de hoje. Uma fase é o arrebatamento
secreto dos cristãos, seguido do Seu aparecimento em
glória e majestade, 7 anos depois, para governar a
Terra por mil anos. Certamente, ele está baseado na
"Teoria do Intervalo", que separa a última semana de
Dan. 9:27, em uma lacuna de mais de 2000 anos, após
a qual virá o Anticristo que fará uma aliança com os
judeus, mas quebra esta aliança na metade da semana
de 7 anos.

5
A "Teoria do Intervalo"

O que ensina a Bíblia sobre isto? Há 13 categóricos


"nãos", que justificam a não-aceitação da "Teoria do
Intervalo".

1) Não é bíblica. Não há a mínima sugestão na


Bíblia de que devemos colocar um intervalo no final do
período das 69 semanas de Dan. 9:27. Não há um só
paralelo em toda a Bíblia de semelhante acréscimo, em
um período profético que foi dado em sua perfeição
completa para ser interrompido.

Bíblica é a exposição que segue criteriosamente o seu


contexto mediato e imediato, considerando a harmonia
entre as partes e sua interpretação natural. Mas como
isso não acontece com a teoria do intervalo, ela pode
ser uma interpretação humana, uma tentativa de
encontrar a verdade na falta de mais sabedoria, mas
não é bíblica.

6
A "Teoria do Intervalo"

A teoria do hiato coloca a figura do Anticristo dentro


desta profecia, para o futuro, o que não consta em
nenhum texto, nem nesta parte, nem em qualquer
outra parte das Escrituras, para confirmar essa conexão
extra-bíblica. Não há um "Assim diz o Senhor" para
autorizar a adição de um intervalo em Dan. 9:27.

2) Não é perfeita. A teoria do intervalo desfaz a


perfeição profética tanto do período, como dos
acontecimentos relacionados. O número 70 é formado
de 7 x 10; o número 7 indica a perfeição do período
(como na própria semana de 7 dias); o número 10
indica a perfeição do governo e da vontade divina
(como visto nos 10 mandamentos). Dan. 9:24 expõe o
período, colocando o limite próprio, além de definir
claramente o propósito sêxtuplo, acrescido do 7º
propósito no verso 27, que descreve o acontecimento
que seria exato em sua perfeição para dar o sentido
mais bíblico e exato, na morte do Messias. Isto tudo
deve se cumprir dentro das 70 semanas.

Ora, separar a última semana, uma única, de 69 outras


semanas é tornar imperfeito um período perfeito, de
70 semanas, e frustrar o acontecimento mais perfeito
que foi o sacrifício do Messias na Cruz do Calvário, que
deve culminar com a metade da semana dos 7 anos
restantes, no ano de 31 d.C. É por esse perfeito
sacrifício que Jesus Cristo comunica a perfeição à Sua

7
A "Teoria do Intervalo"

Igreja (Heb. 10:14). A teoria do intervalo retira essa


perfeição profética, colocando sobre os ombros do
Anticristo uma obra que não lhe foi atribuída. Portanto,
não é perfeito separar um período perfeito, cujos
propósitos se ajustam e se cumprem com exatidão.

3) Não é necessária. Os advogados da teoria do


intervalo afirmam que se não houver uma lacuna entre
as 69 semanas e a 70ª, se o período for contínuo, não
haveria mais nada a dizer-se sobre o futuro. Dizem que
esse hiato é necessário para que tenhamos uma visão
do futuro. Entretanto, esta necessidade não existe,
porque a profecia das 70 semanas não foi dada para o
mundo em geral, mas para o povo judeu: "Setenta
semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre
a tua santa cidade." (Dan. 9:24), delimitando a
Teocracia de Israel para apenas mais 490 anos daquela
parte do tempo do profeta, e no final desse tempo, não
haveria mais chance para uma nação que rejeitaria o
Messias de Deus dizendo: "O Seu sangue caia sobre nós
e sobre os nossos filhos". (Mat. 27:25).

Ademais, esta profecia [de Dn 9] é uma ampliação do


capítulo 8:14, para explicar a primeira parte e o ponto
de partida da profecia dos 2300 anos (Dan. 8:26-27;
9:21-22). Mas, falando daquela visão disse o anjo: "...
esta visão se refere ao tempo do fim" e "há de
acontecer no último tempo da ira, porque esta visão se
refere ao tempo determinado do fim." (Dan.

8
A "Teoria do Intervalo"

8:17,19,26). Ora, se esses intérpretes da profecia estão


procurando um período que se estenda até o "tempo
do fim", devem então procurar no capítulo anterior, em
Dan. 8, porque este, sim, é claro em afirmar a verdade
sobre o fim dos séculos.

Mas como esses teólogos liberais sustentam a doutrina


extra-bíblica do Dispensacionalismo, que ensina a
conversão futura da nação israelita ao verdadeiro
Messias e a separação de judeus e gentios, eles se
vêem na necessidade de criar um intervalo para
adaptar a profecia às suas crenças preconcebidas.

Entretanto, a Bíblia ensina claramente o fim da


Teocracia judaica no próprio texto estudado, onde o
profeta Daniel expõe o tempo de graça para Israel:
"Setenta semanas estão determinadas sobre o teu
povo e sobre a tua santa cidade." (Dan. 9:24). Cristo
confirmou esta interpretação, quando diante dos
líderes judeus falou: "Portanto, vos digo que o reino de
Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe
produza os respectivos frutos." (Mat. 21:43). Logo
depois, Ele chorou ao contemplar a cidade condenada,
dizendo que o seu tempo de graça estava expirando, ao
afirmar: "Eis que a vossa casa vos ficará deserta." (Mat.
23: 37-38). O Espírito Santo estaria fora de qualquer
templo que fosse reedificado após a destruição do seu
santuário, predito por Daniel (9:26) e também
profetizado pelo grande Profeta e Mestre (Mat. 24:1-
2).

9
A "Teoria do Intervalo"

Acabou-se a Economia judaica, cumpriu-se a profecia


de Dan. 9:26-27. Após isto, o evangelho foi pregado
para os gentios que também deveriam ter a sua
oportunidade. Mas ainda assim, lá estavam os judeus
atrapalhando a pregação que era dirigida aos gentios.
Pelo que disse o apóstolo Paulo: "a ponto de nos
impedirem de falar aos gentios para que estes sejam
salvos, a fim de irem enchendo sempre a medida de
seus pecados. A ira, porém, sobreveio contra eles
(contra os judeus – v. 14-15), definitivamente." (1Tes.
2:16).

Portanto, não é necessário um intervalo para nos


indicar o futuro, porque as profecias relativas ao tempo
do fim se encontram explanadas nos capítulos
escatológicos de Dan. 2, 7, 8, e 11-12.

4) Não é cronológica. A teoria de que tratamos


segue a cronologia profética até o seu final,
percorrendo as 69 semanas, mas quando abandona a
sequência para adicionar um hiato perde a cronologia
exigida pelo próprio texto que se pretende explicar. É
de se admirar que as duas primeiras partes (7 semanas
e 62 semanas) seguem o padrão cronológico sugerido
pelo texto, mas que logo ao chegar à terceira unidade
(1 semana), sem nenhum motivo para isso, o autor da
teoria abandona a cronologia, para se satisfazer em
criar um intervalo, inadmissível em qualquer estudo
sério de escatologia.

10
A "Teoria do Intervalo"

Toda escatologia sem cronologia evidente por si


mesma e pelo texto estudado sofre do perigo de ser
considerada uma falsa teoria e perigosa interpretação,
da qual muitos vão depender até o seu modo de vida,
como acontece nesse caso, em que muitos estão
acomodados, julgando que tudo já está resolvido para
o seu futuro, e que nada mais tem a fazer a não ser
continuar em sua fé pelo que Cristo já fez na Cruz. O
resultado é um preparo frouxo e acomodado.

"É somente mediante uma ginástica hermenêutica e


uma suspensão da razão que um intervalo imenso pode
ser importado para Daniel, a fim de interromper o
período de tempo de outra forma cronologicamente
exato." (Dr. K.L.Gentry Jr., As 70 Semanas de Daniel).

Portanto, é grave toda interpretação escatológica que


não se preocupa com a cronologia, mas muito mais
grave quando essa cronologia é claramente indicada
pelo texto profético estudado, como base e
fundamento da verdade.

5) Não é natural. Espera-se de uma


interpretação profética que seja natural e espontânea,
seguindo-se as mínimas regras de interpretação, que
parta a sua exposição do próprio texto, conforme a
indicação do mesmo. Mas se há um acréscimo de
alguma coisa estranha ao texto, que não tenha um

11
A "Teoria do Intervalo"

relacionamento natural e comum das partes entre si, é


uma falsa interpretação, que precisa ser reestudado,
sem isenção.

O apóstolo Pedro advertiu à igreja primitiva: "Tende


por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como
igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu,
segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca
destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em
todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas
difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis
deturpam, como também deturpam as demais
Escrituras, para a própria destruição deles." (2Ped.
3:15-16). Uma interpretação profética jamais deveria
ser torcida, deturpada, ou forçada, em seu significado
original para que seja natural em sua compreensão.

6) Não é exegética. O ensino da teoria do hiato


se perde por sua falta de exegese séria do texto bíblico.
Para se fazer uma exegese, são necessários alguns
elementos indispensáveis, como: estudo das línguas
originais, estudo do contexto mediato e imediato,
gramática, estrutura literária do texto, bem como o
tipo de literatura apresentada, para citar algumas
ferramentas.

Mas, para não nos alongarmos demasiadamente,


vamos considerar apenas o tipo de literatura que foi
usada. Muitas vezes, a poesia hebraica é um recurso
usado nos escritos proféticos, dando beleza e força de

12
A "Teoria do Intervalo"

expressão. Na poesia, logo nos deparamos com o


método dos paralelismos: sinônimos, sintéticos,
antitético, alternativos e quiasmas.

A estrutura literária poética de Dan. 9:24-27 possui


sinônimos, antíteses, e quiasmas (linhas em X, "qui" –
do grego), além do jogo de palavras [como a palavra
"cortar" que no original tem a mesma raiz das palavras
traduzidas por "valados", "determinadas" e
"decretada"]. Mas o grande auxílio da poesia neste
caso são os contrastes que nos ajudam a identificar o
sujeito "Ele" do v. 27.

O grande problema por que muitos não podem ver a


Cristo é a identificação do sujeito "Ele" com o Anticristo
futuro. Mas tudo se esclarece se podemos ver dois
príncipes em luta e em frisante contraste:

v. 26 :

1) será morto o Ungido, (Príncipe no v. 25: morte ao 1º


Príncipe)

e já não estará ("não estará" na destruição que segue


logo abaixo)

2) e o povo de um príncipe que há de vir ("estarão"


para destruir:)

destruirá a cidade e o santuário,

13
A "Teoria do Intervalo"

e o seu fim será num dilúvio, (morte ao 2º príncipe: o


destruidor é destruído.)

e até ao fim haverá guerra; desolações são


determinadas.

v. 27:

1)' Ele fará firme aliança com muitos, (Retorna ao 1º


Príncipe)

por uma semana; na metade da semana, [o 1º Príncipe]

fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares;

2)' sobre ... abominações virá o assolador, (Retorna ao


2º príncipe)

até que a destruição, que está determinada, se


derrame sobre ele.

É evidente o contraste dos dois príncipes em luta. A


ordem é esta:

1) Primeiramente, destaca-Se o Messias, que morre.

2) Logo após, vem o destruidor, que também morre.

1)' A seguir, Gabriel retorna com o 1º Príncipe, Cristo


que constrói.

2)' Logo, vem o assolador que é destruído.

14
A "Teoria do Intervalo"

As linhas 1) e 2) estão em paralelo, mas em contraste.


A mesma estrutura se vê nas linhas 1)' e 2)': estão em
paralelo, mas em contraste. Entretanto, as linhas 1) e
1)' estão em harmonia, como também as linhas 2) e 2)'.
Esta é a estrutura poética e profética dos versos 26-27.
A compreensão desta forma poética de paralelismo
hebraico ajudará a identificar os personagens, e trará a
verdadeira interpretação dos termos. A conclusão é
clara: o maior personagem é enfatizado como sendo o
Messias e Sua obra redentora. O anjo Gabriel não
estava tão preocupado com o inimigo, mas com o
perigo de rejeitar o Messias, porque isso traria o
destruidor da própria nação e do templo. Essa seria a
sorte do povo judeu, embora havia um escape para os
arrependidos.

A identificação também virá com a resposta à palavra-


chave: destruição. Quem é o assolador, quem é que
destrói? É evidente que no verso 27, o assolador é
apresentado como o segundo personagem, após o
Cristo identificado como o "Ele" do início do verso. A
teologia identifica o fato de que Cristo (Ele) ao morrer
na Cruz, não só (1) cessa os sacrifícios, como também
(2) triunfa sobre o assolador e seus aliados,
mencionados na segunda parte do verso. O apóstolo
Paulo disse: " [1] tendo cancelado o escrito de dívida,
... que constava de ordenanças, ... removeu-o
inteiramente, encravando-o na cruz; e, [2] despojando

15
A "Teoria do Intervalo"

os principados e as potestades, publicamente os expôs


ao desprezo, triunfando deles na cruz." (Col. 2:14-15).

Comentando a teoria do parêntesis ou intervalo, diz o


teólogo Gentry: "Esse argumento ignora as
peculiaridades do estilo poético hebraico. A mente
oriental frequentemente confunde a preocupação
ocidental com uma sucessão cronológica; a estrutura
ocidental não pode ser inserida na passagem. Esse
'padrão revelacional' permite uma repetição paralela e
expansão do assunto, sem exigir uma sucessão real no
tempo." (Dr. K.L.Gentry Jr., As 70 Semanas de Daniel).

E mais: "Essas propostas futuristas repousam,


essencialmente, sobre uma compreensão errônea dos
padrões de pensamento da poesia hebraica... elas
representam uma leitura do idioma hebraico através
de óculos ocidentais". (Frank Holbook, Symposium on
Revelation - Book 1, pág. 327). "

7) Não é climática. O modo de colocação dos


termos da profecia, a ordem dos temas, a sequência
das divisões do período, e a explicação do anjo levam
ao ponto mais climático que é a realização de todo o
período das 70 semanas com o seu ponto climático na
última semana. O clímax é esperado na profecia
imediatamente na sua parte final. O texto não sugere
um anticlímax, como a teoria do intervalo quer impor,
dogmaticamente. O texto sugere fortemente um
momento culminante, e tem uma tendência para o seu

16
A "Teoria do Intervalo"

final imediato. Nada de um hiato distanciando a parte


mais esperada da profecia para um povo que
aguardava ansiosamente o Messias, na plenitude dos
tempos.

8) Não é cristocêntrica. A teoria do intervalo


ignora que a principal Figura apresentada em Dan. 9:27
seja o Messias, sendo a Sua morte e rejeição do
Crucificado pelos judeus a própria razão da destruição
de Jerusalém: "Porque estes dias são de vingança, para
se cumprir tudo o que está escrito." (Luc. 21: 22; Ver
Mat. 24:15). O período começa com vários objetivos
que tratam do pecado e sua vitória esmagadora. Mas
se as partes em que o período é dividido são
importantes, apontam, no entanto, para a parte
superimportante, que é o seu final cristocêntrico: a
obra de Jesus Cristo para cumprir os 7 objetivos na sua
morte como o Messias. Esta é a parte mais importante,
porque é o acontecimento sobre o qual gravitam todas
as verdades da Bíblia. Esta profecia bíblica encontra o
seu cumprimento máximo na Pessoa de Cristo, que
morreu na metade da semana, realizando a sua obra
salvífica para a humanidade.

A teoria do intervalo falha em não reconhecer essa


verdade cristocêntrica, para dar lugar ao Anticristo e,
portanto, perde-se no intuito de apresentar um futuro
personagem estranho à profecia, e deixa de visualizar a

17
A "Teoria do Intervalo"

mensagem cristocêntrica do "Cordeiro de Deus que tira


o pecado do mundo" (João 1:29).

9) Não é proporcional. Um período de 483


anos, seguido por outro período de 7 anos, um período
quase terminado num total de 490 anos, mas
interrompido abruptamente para além de 2000 anos é
algo simplesmente desproporcional. De novo, retirar 1
simples semana de 70 semanas e lançá-la
inadequadamente para um futuro indefinido de mais
de 2000 anos, sem nenhuma certeza de seu
cumprimento, é completamente desproporcional e
descabido.

10) Não é segura. A teoria do hiato não é uma


interpretação segura porque não encontra nenhum
apoio contextual. Não está segura no contexto
imediato, nem no contexto mediato. Não se baseia em
nenhuma segurança próxima ou distante. Não tem
nenhum "Assim diz o Senhor" para certificar a certeza
de sua pretensão. E não é sábio se aventurar numa
interpretação insegura, vacilante e comprometedora.

A grande falácia da doutrina do intervalo é que


promove insegurança espiritual à Igreja que ficando
confusa sobre o tempo de sua tribulação, recebe a
promessa de que no tempo do Anticristo ela será
retirada da Terra pelo Arrebatamento Secreto, mas
peca ao se deparar com muitos textos que indicam
claramente que a Igreja passará pela tribulação e é

18
A "Teoria do Intervalo"

provada nela, tendo experimentado a fúria de Satanás


e do Anticristo. (Dan. 12:1; Apoc. 7:14; 12:17; 13:15-
17). A doutrina do intervalo, juntamente com a
doutrina do Dispensacionalismo, que é a sua própria
base, não é segura, porque leva o povo de Deus a
relaxar o seu preparo, confiando em uma falsa
segurança.

11) Não é lógico. O pensamento de um possível


intervalo dentro de um período profético
criteriosamente estabelecido na Escritura não é lógico.
A lógica exige uma proposição e as provas que a
estabelecem. A proposição do profeta Daniel se
encontra no v. 24 (Dan. 9:24); as provas seguem
através da divisão do período em 7 + 62 + 1, resultando
em 70. Não é lógico separar a última semana, que é
uma das três unidades que complementam e
exatificam o número 70, com todas as explanações do
anjo assistente Gabriel, que se deu ao trabalho de unir
as partes ligadas pelos números e acontecimentos
correlatos.

A coisa mais lógica que se espera de um período


profético é que ele tenha um início e um fim, como é o
caso dos períodos de 1260, 2300, 1290, 1335 anos
(Dan. 7:25; 8:14; 9:24; 12:7, 11, 12; Apo. 11:2,3;
12:6,14; 13:5) – todos eles contínuos, sem nenhum
intervalo entre eles, como é também o caso de 70
semanas que também são uma unidade inseparável e

19
A "Teoria do Intervalo"

contínua (Dan. 9:24). Se não fosse assim, não haveria


por que procurar exatidão profética.

É lógico que a 70ª semana se refira aos 7 anos


seguintes à 69ª, isto é, ao período em que o ministério
do Messias tomou o lugar. As palavras do texto em
nenhuma forma indicam uma quebra ou intervalo. Ora,
sair da lógica mais simples, é errar na interpretação e
violentar o texto, fazendo-o dizer o que a profecia não
diz.

12) Não é coerente. A teoria do hiato, da


descontinuidade do período profético de Dan. 9:27,
não é coerente com o próprio ensino da profecia. O
Anticristo não pode realizar a obra estipulada como
sendo os 7 acontecimentos e propósitos do v. 24 e 27:
(1) "para fazer cessar a transgressão", (2) "para dar fim
aos pecados", (3) "para expiar a iniqüidade", (4) "para
trazer a justiça eterna", (5) "para selar a visão e a
profecia", (6) "para ungir o Santo dos Santos", e (7)
"cessar o sacrifício e a oferta de manjares".

Tudo isso é Obra exclusiva do Messias e tudo isso


pertence ao propósito final das 70 semanas:

(1) É Cristo que trata com o pecado de modo a extirpá-


lo: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo! Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo!" (João 1:29). "...agora, ... ao se cumprirem os

20
A "Teoria do Intervalo"

tempos, se manifestou uma vez por todas, para


aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado."

(2) É Cristo quem traz a justiça eterna: "A Tua justiça é


justiça eterna" (Sal. 119:142). "Justiça de Deus
mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre
todos os que crêem" (Rom. 3:22).

(3) É Cristo quem sela a profecia: "O tempo [Dan. 9:24-


27] está cumprido, e o reino de Deus está próximo;
arrependei-vos e crede no evangelho." (Marc. 1:15).

(4) É Cristo quem unge o Santo dos Santos: "Ora, o


essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal
sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da
Majestade nos céus, como ministro do Santuário
[celestial]" (Heb. 8:1). "...pelo Seu próprio sangue,
entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo
obtido eterna redenção." (Heb. 9:12).

(5) É Cristo quem faz cessar a lei cerimonial, os


sacrifícios e as ofertas de manjares: "E Jesus, clamando
outra vez com grande voz, entregou o espírito. Eis que
o véu do santuário [terrestre] se rasgou em duas partes
de alto a baixo" (Mat. 27:50-51). "Aboliu, na sua carne,
a lei dos mandamentos na forma de ordenanças" (Efé.
2:15). "Tendo cancelado o escrito de dívida, ... que
constava de ordenanças, ... removeu-o inteiramente,
encravando-o na cruz." (Col. 2:14).

21
A "Teoria do Intervalo"

(6) É Cristo quem faz uma "firme aliança", tão firme


que é eterna: "Farei com eles aliança eterna" (Jer.
32:40). "Porque isto é o meu sangue, o sangue da nova
aliança, derramado em favor de muitos, para remissão
de pecados." (Mat. 26:28). A idéia do original hebraico
é "confirmar a aliança", que evidentemente já existia,
por ser eterna; não tanto fazer uma aliança ainda
inexistente.

(7) É Cristo quem deu esta profecia e a interpretou:


"Quando, pois, virdes o abominável da desolação de
que falou o profeta Daniel [9:27], no lugar santo (quem
lê entenda), então, os que estiverem na Judéia fujam
para os montes." (Mat. 24:15-16). "Quando, porém,
virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está
próxima a sua devastação... Porque estes dias são de
vingança, para se cumprir tudo o que está escrito...
Cairão a fio de espada e serão levados cativos para
todas as nações." (Luc. 21:20, 22, 24). É evidente que
Cristo interpretava Dan. 9:27, predizendo a destruição
da cidade de Jerusalém no ano 70 d.C. pelos romanos,
considerados por Ele como "o abominável da
desolação".

Introduzir o futuro Anticristo nesse meio é colocar um


corpo estranho para a realização dos santos propósitos
divinos; mas Deus não tem parceria com Satanás. Seria
fazer o texto dizer o que não tem a intenção de dizer.
Seria forçá-lo à incoerência.

22
A "Teoria do Intervalo"

Faltaria espaço para considerar em maior profundidade


outra grande incoerência sobre a metade da semana
(Dan. 9:27), que todos concordam ser de 3 ½ anos:
Como podem os teólogos da teoria do intervalo tomar
o período de Dan. 7:25 (Dan. 12:7; Apo. 11:2,3; 12:6,14;
13:5), que descreve um período profético de 1260 dias-
anos e usá-los como 3 ½ anos para se adaptarem à
metade da última semana em Dan. 9:27?

(1) Se o princípio dia-ano (Núm. 14:34; Eze. 4:6-7, 1 dia


= 1 ano) foi usado para chegarem aos 490 anos (70
semanas x 7dias = 490 dias), então, pelo menos por
amor à coerência, 1260 dias também devem ser 1260
anos. Por que as 70 semanas são interpretados como
tempo profético e os 1260 dias não são? Mas, se forem
entendidos como devem ser, tempo profético de dias-
anos, como poderiam caber 1260 anos dentro de 1
semana de 7 anos, para ser a metade da semana?

(2) Ademais, onde estão os períodos de 1290 e 1335


dias-anos (Dan. 12:11-12) que se encontram próximos
cronologicamente dos 1260? (Dan. 12:7: 3 ½ tempos =
1260 dias).

(3) E ademais ainda, onde estão os diferentes contextos


dessas profecias relacionadas aos 1260 dias?

(4) E finalmente, como podem colocar no futuro


indefinido uma profecia que já se cumpriu no passado
(538-1798 d.C.), com o surgimento e queda do Papado,

23
A "Teoria do Intervalo"

cujos contextos se adaptam perfeitamente? E isso é


confirmado pelos grandes intérpretes da profecia
escatológica!

Conseqüentemente, desfaz-se o período de 3½ anos,


baseados em 7 textos extemporâneos, e está desfeita a
teoria do intervalo. Simples-mente, não há coerência.

Portanto, a teoria do intervalo não é coerente com o


ensino bíblico geral nem com o ensino particular do
anjo Gabriel de Dan. 9:24-27, que interpreta esse
período como sendo um período completo, terminado,
acabado.

13) Não é conservadora. Há um grande número de


teólogos conservadores que interpretam o período das
70 semanas como sendo uma unidade completa e
inseparável. Aqueles que aceitam a interpretação que
conecta a 70ª semana com o Messias e não com o
Anticristo incluem os seguintes eruditos:

1- Pais da Igreja primitiva: Tertullian, Eusebius,


Athanasius, Cyril de Jerusalém, Polychronius, e
Augustine.

2- Escritores cristãos medievais: O Venerável Bede,


Thomas Aquinas, and Arnold de Villanova.

3- Líderes da Pré-Reforma: Wycliffe e Brute, junto com


tais reformadores como Luthero, Melanchthon, Funck,
Selnecker, Nigrinus, e Heinrich Bullinger.

24
A "Teoria do Intervalo"

4- Eruditos da Pós-Reforma: Joseph Mede, Sir Isaac


Newton, William Whiston, Johann Bengel, Humphrey
Prideaux, John Blair, e James Ferguson.

5- Exegetas do Mundo Antigo do Século IXX: Jean de la


Flechere, William Hales, George Faber, Thomas Scott,
Adam Clarke, Thomas Horne, Archibald Mason, John
Brown, John Fry, Thomas White, Edward Cooper,
Thomas Keyworth, Alfred Addis, William Pym, Daniel
Wilson, Alexander Keith, Matthew Habershon, Edward
Bickersteth, e Louis Gaussen, como também o último
Havernick, Hengstenberg, e Pusey.

6- Expositores Americanos do Séc. IXX: Elias Boudinot,


William Davis, Moderador Joshua Wilson, Samuel
McCorkle, Robert Reid, Alexander Campbell, Jose de
Rozas (Mexico), Adam Burwell (Canadá), Robert Scott,
Stephen Tyng, Isaac Hinton, Richard Shimeall, James
Shannon, e John Robinson.

7- Expositores do Século XX: C.H.Wright, R. D. Wilson,


Boutflower, e outros muito numerosos para serem
mencionados.

Portanto, os adventistas tem uma hoste de ilustres


predecessores para a sua posição.

4 Citações extras, como exemplos:

1) "O povo de um príncipe. Certamente os Romanos, o


povo do príncipe, destruíram a cidade e o santuário em

25
A "Teoria do Intervalo"

um modo mais completo do que qualquer outro, desde


Nabucodonozor." (Pulpit Commentary, Exposition em
Dan. 9:26).

2) "Na metade da semana. A interpretação comum


aplica essas palavras à crucifixão de nosso Senhor..."
(Pulpit Commentary, Exposition, em Dan. 9:27).

3) "O fim da economia judaica... o fim da dispensação


judaica... O Tempo. Do começo do ministério do Senhor
acerca do tempo da morte de Estevão e o espalhar-se
da Igreja judaica cristã – cerca de 7 anos. ... as ‘70
semanas’ estavam acabadas. Daí para frente, a história
dos Atos dos Apóstolos volta-se para os gentios."
(H.T.Robjohns, Pulpit Commentary, Homiletics, em
Dan. 9:26-27).

4) "Versículo 27. É melhor considerar o sujeito como o


Messias, visto que Ele é a Pessoa mais proeminente
desta passagem. O concerto que deverá prevalecer
seria o concerto da graça pelo qual o Messias, por meio
de Sua vida e morte, obtém a salvação para Seu povo.
O septuagésimo sete se refere, dessa maneira, ao
tempo da vida terrena de nosso Senhor. Na metade
desse sete o Messias, por meio da Sua morte, faz
cessar os sacrifícios judaicos (cf. Hb 8.13). " (Novo
Comentário da Bíblia, Dan. 9:27). "

26
A "Teoria do Intervalo"

Conclusão
Você pode escolher esta interpretação forçada:

Ou você pode optar pela verdadeira interpretação:

27
A "Teoria do Intervalo"

A escolha é inteiramente sua. O que você vai fazer com


todo esse conhecimento maravilhoso? Espero que você

28
A "Teoria do Intervalo"

seja iluminado pelo Espírito Santo e escolha a verdade.


"E conhecereis a verdade e verdade vos libertará" do
erro, do pecado e da morte (João 8:32).

Amigo, se você apreciou este estudo, contacte


conosco, a fim de podermos lhe oferecer mais luz sobre
este e outros assuntos especiais da Igreja Adventista do
Sétimo Dia.

Escreva para:

Pr. Roberto Biagini

E-mail: prbiagini@gmail.com

29
A "Teoria do Intervalo"

30
7Book's

A TEORIA DO
INTERVALO
Daniel 9:27

Neste E-book o Pr. Roberto Biagini explica o


verdadeiro sentido do texto de Daniel 9:27:

“E Ele confirmará o pacto com muitos por uma


semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e pela
asa das abominações fará que seja desolada, até
que a consumação e o que foi determinado seja
derramado sobre o desolado.”

Além também de apresentar 12 provas irrefutáveis


em que essa teoria foi interpretada de forma errada
tanto por Hipólito(III.Séc.) e depois difundida por
John N. Darby, no século XIX.

PR. ROBERTO BIAGINI

Você também pode gostar