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O EVANGELHO
DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Monte Mor/SP
2018
Esta apostila foi redigida a partir das videoaulas ministradas na Esco-
la Convergência de Teologia & Vida Cristã EAD (Ensino a Distância)
e outros materiais didáticos relacionados, cujas referências constam
no corpo da mesma.
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Copyright© 2018 por Escola Convergência
Todos os direitos reservados
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Autor:
Harlindo de Souza
Revisão Final:
Maria de Fátima Barboza
Diagramação:
Fabi Vieira
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Esta apostila ou qualquer parte dela não pode ser reproduzida
ou usada de forma alguma sem autorização expressa da Escola
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mencionada a fonte, com endereço postal e eletrônico.
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Sumário
Aula 1
Quem é Deus? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Aula 2
Quem é o Homem? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Aula 3
Quem é Jesus? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Aula 4
A Resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Aula 5
A Criação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Aula 6
A Queda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Aula 7
A Redenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Aula 8
A Consumação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Aula 1
v.1.0.0
QUEM É
DEUS?
“Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus!
Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus
caminhos! Pois, quem conheceu a mente do Senhor? Quem se tornou
seu conselheiro? Quem primeiro lhe deu alguma coisa, para que lhe seja
recompensado? Porque todas as coisas são dele, por ele e para ele. A ele
seja a glória eternamente! Amém.” (Rm 11.33-36)
Conhecer a Deus e a sua obra é, sem dúvidas, a maior necessidade dos seres humanos.
O próprio Deus adverte seu povo a respeito da importância de conhecê-lo. Através
do profeta Jeremias¹, ele diz que o verdadeiro motivo para se gloriar não seria ou-
tro, senão conhecê-lo. Conhecer a Deus implica em compreender as facetas do seu
1. Jr 9. 23,24
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
caráter e seu plano eterno. Portanto, esse será o objetivo dessa disciplina, um
mergulho profundo nos aspectos importantes do caráter de Deus e sua obra.
O intuito é levá-lo a compreender algumas das características que compõem a
mensagem do evangelho na palavra de Deus.
A pregação do evangelho deve ser proclamada aos que não creem, com intuito de
levá-los a Cristo, mas também àqueles que já foram alcançados por essa mensagem.
Os nascidos de novo devem ser constantemente alimentados pelas boas novas da sal-
vação. O homem precisa ser relembrado que a graça de Deus é o único motivo que o
torna livre da condenação eterna. Sendo assim, no decorrer dessa disciplina você será
relembrado sobre as grandezas de um Deus que salva e liberta o homem do pecado.
O conteúdo do evangelho, que explicaremos ao longo dessas oito aulas, é concen-
trado em: Deus, o homem, Jesus e a resposta (Criação, Queda, Redenção e Consu-
mação). Em cada um desses pontos se desenvolve a narrativa bíblica que culmina
na grande revelação da salvação e restauração apresentadas pelo evangelho.
Nessa primeira aula falaremos sobre Deus. Veremos sobre alguns de seus atributos,
com intuito de esclarecer a ligação entre a pessoa de Deus e o evangelho. É im-
portante compreender quem Deus é na mensagem do evangelho (as boas novas da
salvação), para que dessa forma possamos compreender com intelecção a sua obra.
A centralidade do evangelho está na pessoa de Deus, portanto, é necessário conhe-
cê-lo para assimilar com clareza a mensagem que ele quer transmitir à humanidade.
ONIPOTENTE
Deus é Todo-Poderoso, não existe nada que ele não possa fazer. Ele possui ca-
pacidade suficiente para fazer tudo que lhe agrada. Sua vontade pode ser plena-
mente satisfeita, pois ele é todo-poderoso para cumpri-la. Sua voz foi forte o su-
ficiente para dar vida ao mundo que conhecemos e nada escapa do seu controle.
Segundo A. W. Pink (2016)² o poder de Deus é “aquilo que dá vida e movimento a
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A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
“Pois ele falou, e tudo se fez; ele mandou, e logo tudo apareceu.” (Sl 33.9)
3. ibid., p.75.
4. PINK, A. W. Os atributos de Deus. São Paulo: Publicações evangélicas selecionadas, 2016.
p. 81.
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
“Deus não é homem para que minta, nem filho do homem, para que se
arrependa. Por acaso, tendo ele dito, não o fará? Ou, havendo falado,
não o cumprirá?” (Nm 23.19).
“Quando tentado, ninguém deve dizer: Sou tentado por Deus, pois Deus
não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta.” (Tg 1.13).
“se somos infiéis, ele permanece fiel; pois não pode negar-se a si mesmo.”
(2 Tm 2.13).
Embora o poder de Deus seja infinito, o uso que ele faz desse poder é qualificado
por seus outros atributos. A limitação não está em seu poder, mas na sua falta de
desejo por fazer o que é mau.
O intuito de discorrer a respeito desses três pontos, não é revelar as fraquezas de
Deus, o contrário é verdadeiro. Essas características revelam que Deus, mesmo
tendo poder para fazer tudo que quer, fará apenas aquilo que é de acordo com seu
caráter. Ele não fará algo que transgrida a sua santidade. Precisamos entender que
ele é onipotente, contudo, esse poder está direcionado à sua santidade e soberania.
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
INDEPENDENTE
“Quem primeiro deu a mim, para que eu lhe retribua? Tudo o que existe
debaixo do céu é meu.” (Jó 41.11)
“O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, Senhor do céu e da terra,
não habita em templos feitos por mãos de homens. Tampouco é servido
por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa. Pois é ele mes-
mo quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas.” (At 17.24,25)
Deus não depende de nada nem de ninguém. O homem que vive de maneira inde-
pendente está sujeito ao erro, porém, Deus, sendo autossuficiente, não necessita
de auxílio ou amparo. Segundo A. W. Pink (2016), “toda criação dá testemunho,
não só do grande poder de Deus, mas também da sua inteira independência de todas
as coisas criadas”.5 Deus não resgatou o homem, por meio da mensagem do evan-
gelho, por carência ou necessidade, ele criou e salvou a humanidade por causa do
amor que transborda de seu ser. Deus não possui necessidades a serem supridas,
mas é glorificado quando o seu amor é derramado sobre os homens, satisfazendo
suas almas. Ele é exaltado quando o homem supre cada uma de suas necessidades
nele, e somente nele. Nisso são demonstradas a glória e beleza de Deus, ele salva
e convida o homem a ser inundado de amor, ainda que este não possua nada para
oferecer em troca. Por meio do sangue de Cristo, derramado em favor dos homens,
ele comprou os seus, não para preencher alguma lacuna, mas para demonstrar a
sua glória. Portanto, ele é digno de receber nossas vidas como oferta de adoração.
“Porque todo animal da floresta é meu, assim como o gado, aos milhares
nas montanhas. Conheço todas as aves dos montes, e tudo o que se move
no campo é meu. Se eu tivesse fome, não te pediria, pois o mundo é meu e
tudo que nele existe.” (Sl 50.10-12)
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Deus criou tudo que existe de acordo com a sua vontade, sem auxílio algum. Ele
criou o homem para ser eternamente dependente dele, mas em nada depende de
nós. A independência de Deus revela seu poder, ele tem controle e domínio sobre
todas as coisas e em nada necessita de auxílio. Em contrapartida a essa verdade, a
independência do homem gera morte, pois até mesmo o ar que respira é dádiva de
Deus. Mesmo os homens que se posicionam contrários a Deus, têm seu fôlego de
vida sustentado pelas mãos daquele que tudo criou.
CRIADOR
Deus criou o universo e tudo que nele há, portanto, possui direito sobre toda a
criação. O mesmo que, por meio da sua voz, deu vida a tudo que existe, continua
a reger o mundo com o poder inerente a ele. Segundo Albert M. Wolters (2006)
“o mesmo Deus criador e o mesmo poder soberano que chamou o cosmos à existência
no princípio, o mantém na existência de momento a momento até hoje.”6 Ele não criou
o mundo e se ausentou, tampouco absteve-se, ele continua a reger o universo que
está debaixo do seu poder criativo. Muitos podem se indignar com o fato de Deus
determinar um padrão correto de conduta, ou ainda com o fato de ele julgar aqueles
que vivem longe desse padrão. Mas a grande verdade a respeito disso é que Deus,
por ter criado todas as coisas, tem direito sobre sua criação. Ele é o único que pode
julgar a moral dos homens, o único que pode dizer o que deve ou não deve ser feito,
pois foi seu sopro divino que deu vida aos homens. Tudo que foi criado por Deus
está debaixo de sua tutela.
O mesmo poder que atuou na criação vem atuando ao longo dos séculos, governan-
do todas as coisas. Como dito anteriormente, Deus não criou o universo e o que
nele há para deixá-lo à mercê da sorte. Ele é o criador, dono e Rei, sua poderosa
mão continua a reger o universo. Sobre isso Wolters (2006) diz:
6. WOLTERS, Albert M. A criação restaurada: Base bíblica para uma cosmovisão reformada.
São Paulo: Cultura Cristã, 2006. p 25.
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Deus deu origem, sustenta e governa a humanidade, tudo por amor ao seu nome.
Todas as obras criadas por Deus foram feitas para o seu prazer, para que fosse glori-
ficado. Ele não é apenas todo-poderoso e independente, mas aquele que criou tudo
que existe de acordo com o propósito da sua santidade.
SANTO
Deus é santo, ou seja, separado de todo pecado. Mesmo antes que o pecado viesse
a existir como uma prática real, ele já era santo, eternamente santo. Contudo, não
é santo apenas por ser separado de tudo aquilo que é mau, mas por ser dedicado a
tudo que é bom e honroso. Segundo A. W. Pink (2016):
7. ibid., p.26.
8. PINK, op. cit., p.65.
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A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Deus orienta o que deve ser feito à porta da tenda da congregação (ou Tabernáculo):
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A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
“Como filhos obedientes, não vos amoldeis aos desejos que tínheis em
tempos passados na vossa ignorância. Mas sede vós também santos em
todo vosso procedimento, assim como é santo aquele que vos chamou,
pois está escrito: Sereis santos, porque eu sou santo.” (1 Pe 1.14-16)
JUSTO / RETO
“Ele é a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos
são justos. Deus é fiel, e nele não há pecado; é justo e reto.” (Dt 32.4)
Tudo que Deus faz é justo e reto, ele é o próprio padrão de justiça e retidão. Ele é
glorificado quando sua justiça é estabelecida. Tudo que ele criou e faz tem como
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
propósito principal a honra do seu nome. Sendo assim, Deus age em retidão quan-
do se dedica à sua própria glória. Quando o homem se dedica à sua própria glória
ele está pecando, mas quando Deus trata a si mesmo como o centro do universo,
ele é justo. A nenhuma criatura é dado o direito de colocar-se como centro do uni-
verso, mas àquele que tudo criou é concedido esse direito.
Outro ponto é que sua justiça está contida no fato dele enviar pecadores para o in-
ferno,10 da mesma forma que está contida no fato dele salvar pessoas da condenação
eterna. Esse é um preceito que escandaliza diversas pessoas, todavia o estabeleci-
mento do padrão moral de Deus não deveria escandalizar. A ofensa com a justiça
de Deus sendo instaurada revela um coração centrado em si próprio e não na glória
daquele que é santo. Tal atitude deveria conduzir ao arrependimento.
Segundo A. W. Pink (2016), muitas pessoas se ofendem com o fato de Deus se irar,
porém, a Bíblia apresenta mais referências a respeito da ira de Deus do que do seu
amor. Ele é o padrão de justiça, o homem que se ofende com a forma como Deus
governa e julga o mundo, escandaliza-se com aquele que criou e tem domínio sobre
todas as coisas. Ainda segundo Pink:
Deus odeia a injustiça, é contrário à sua natureza ser apático frente a maldade e o
pecado. Deus, por amor ao seu nome, rege a terra em justiça e retidão e detesta
tudo que vai contra seu padrão divino. Ele é o único puro e santo capaz de deter-
minar o que é correto, portanto, cabe ao homem entregar-se aos preceitos divinos,
confiando que ele sabe a forma justa e reta de guiar a humanidade, seja manifestan-
do sua graça ou sua ira.
10. “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; pelo contrário, temei aque-
le que pode destruir no inferno* tanto a alma como o corpo.” ( mt 10.28)
11. PINK, op. cit., p.144.
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
O EVANGELHO EXPLÍCITO
O evangelho explícito é composto por duas perspectivas a respeito das boas novas
da salvação, elas apontam para a relação existente entre a obra de Cristo com o
homem e a criação.
Evangelho no chão (aspecto antropológico):
Engloba a narrativa bíblica sobre Deus, o homem, Cristo e a resposta. Ao observar
o evangelho sob essa perspectiva, o homem pode perceber claramente a obra re-
dentora de Cristo estendida à humanidade, sendo possível ainda perceber a glória
de Deus reinando sobre o seu plano eterno para o homem.
Evangelho no alto (aspecto cosmológico):
Por meio dessa perspectiva é possível ver a conexão entre a salvação e a restauração
cósmica, a narrativa bíblica a respeito da redenção.13
Todos os pontos vistos até agora têm como propósito fazê-lo compreender a men-
sagem do evangelho. Fechar os olhos para quem Deus de fato é nas Escrituras
é o mesmo que abster-se de uma correta compreensão a respeito do evangelho.
Esse é o sentido por trás do título dessa disciplina, tendo em vista que Deus é aque-
le que idealizou e proclama as boas novas por meio do seu Filho.
CONCLUSÃO
A justiça e retidão de Deus revelam que ele sempre age de acordo com seu padrão
justo. A justiça, em termos bíblicos, tem a ver com organizar tudo em seu devido
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
lugar. Em contrapartida, o mundo prega que justiça tem a ver com igualdade, ideia
que não condiz com o padrão de justiça imutável de Deus.
Todo o assunto que circunda a onipotência, independência, santidade e justiça de
Deus, nos conduz a um dilema. Esse dilema consiste no fato de que, todos esses
atributos revelam que Deus não deveria salvar o homem, uma vez que o jugo desi-
gual entre Criador e criatura é extremamente perceptível. Deus deveria condenar
a humanidade, sem exceções, ao inferno. Todavia, ainda assim, condenados eter-
namente ao castigo da ira divina, não seriam capazes de pagar a dívida gerada pela
ofensa feita contra Deus. Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus14,
portanto: Todos os seres humanos mereceriam o inferno!
Quando tentamos de alguma forma cobrar que Deus faça determinada coisa por
nós, ou quando o julgamos como déspota, isso revela que cremos em um evange-
lho distorcido. Outro ponto alarmante, que demonstra o quanto o evangelho vem
sendo distorcido, encontra-se definido na expressão “deísmo moralista terapêutico
cristão”, criada pelo sociólogo Christian Smith. Segundo Matt Chandler e Jared
Wilson, “a ideia por trás do deísmo moralista terapêutico cristão é que somos capazes
de ganhar o favor de Deus e nos justificar diante dele em virtude de nosso compor-
tamento” (2013).15 Tal ideia se disfarça de pensamento cristão no meio de muitas
igrejas. Muitas vezes, em grupos religiosos, os assuntos discutidos dizem respeito
ao bem-estar, ao fato de considerarem a bondade algo inato nos seres humanos e
ainda sobre como o mal pode ser evitado por eles. Crenças como essas, por mais
que circulem ao redor do nome de Jesus, estão longe de serem assuntos centrados
nas verdades do evangelho.
14. Rm 3.23
15. WILSON, Jared. CHANDLER, Matt. op. cit., p 13.
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Por vezes, os cristãos são revestidos por justiça própria, fato que os impede de
compreender com clareza a mensagem da salvação. Por algum motivo, presume-se
que a obra da cruz salva o homem apenas dos pecados cometidos antes da conver-
são, mas a partir desse ponto ele deve assumir o controle e ser o responsável por
se autopurificar. O homem acredita que, por meio do seu esforço, obterá a melhor
performance espiritual, fato que não corresponde à verdade. É necessário conhecer
as verdades a respeito de Deus e das boas novas que ele quer comunicar ao homem.
A mensagem do evangelho, revelada nas Escrituras, aponta para um Deus todo-po-
deroso, bom, reto e rico em misericórdia. A Bíblia tem o evangelho como centro de
sua mensagem, mas para compreender essa mensagem de boas novas é necessário,
primeiramente, olhar para o coração daquele que proclama ao homem essa palavra.
A mensagem do evangelho é o próprio Deus.
17
Aula 2
v.1.0.0
QUEM É O
HOMEM?
INTRODUÇÃO
Na aula anterior falamos sobre quem é Deus, vimos que é impossível adentrar nas
verdades do evangelho, sem antes mergulhar na realidade de quem Deus é. Como
sequência ao assunto da disciplina, falaremos sobre o homem, discorreremos sobre
sua condição após a queda. A humanidade encontra-se imergida no pecado e é em
meio às suas maldades que o evangelho ressoa. As boas novas da salvação propa-
gam-se em um contexto de completa corrupção. O pecado de Adão condenou a hu-
manidade ao jugo desse mal, toda a criação foi e ainda é afetada pela maldade, desde
o Éden. Portanto, é necessário voltar os olhos para o que a Bíblia tem a dizer sobre
a condição humana. O que as Escrituras falam a respeito de quem é o homem? Ao
olhar para a humanidade, segundo a ótica bíblica, é possível perceber a condição
em que o evangelho encontrou o homem e sobre a condição que gera nele a neces-
sidade pela mensagem salvífica de Cristo.
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
O homem é mau, ainda que pense em praticar o bem, sua natureza o faz pender
para tudo aquilo que é contrário à lei de Deus¹. Além de ter em si uma natureza pe-
caminosa o homem é incapaz de melhorar a si próprio, contudo mantém-se iludido
por acreditar que existe bondade inata em seu coração. Como se não bastasse todas
essas idiossincrasias a respeito da condição humana, o homem ainda se nutre de
uma religiosidade nociva e opressora. Esses serão assuntos que veremos a fundo
nessa aula, pois é necessário conhecer a verdadeira natureza do homem, para assim
caminhar rumo à proposta do evangelho.
1. Rm 7. 18,19.
2. Importante filósofo, teórico político, escritor e compositor de Genebra. Considerado um
dos principais filósofos do iluminismo.
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Sem floreios ou voltas, a grande verdade a respeito do ser humano é que ele é peca-
dor, ou seja, mau em sua natureza. Segundo Greg Gilbert:
A Bíblia diz que não somente Adão e Eva são culpados de pecado.
Todos nós somos. Em Romanos 3.23, Paulo diz: “Todos pecaram e
carecem da glória de Deus”. E um pouco antes ele diz: “Não há jus-
to, nem um sequer” (3.10). O evangelho de Jesus Cristo é cheio de
pedras de tropeço, e essa é uma das maiores. Para corações humanos
que pensam obstinadamente de si mesmos como bons e autossufi-
cientes, essa ideia de que os homens são fundamentalmente peca-
minosos e rebeldes não é apenas escandalosa. É também revoltante.³
Nessa passagem Noé acaba de sair da arca e faz um sacrifício diante de Deus, a
passagem diz que o cheiro do sacrifício o agradou. Mas ainda que o cheiro daquele
sacrifício tenha sido suave diante de Deus, ele se refere ao homem e às futuras
3. GILBERT, Greg. O que é o evangelho?. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2015. p.70
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
gerações como sendo imbuídas de maldade. Então, prometeu que não amaldiçoaria
mais a terra por conta de sua maldade, pois sabia muito bem que o homem é mau
desde a sua meninice e que sua natureza é corrupta. Todos, sem exceção, nascem
maus e contaminados pelo pecado. Mesmo os homens que a Bíblia considera como
sendo justos, são maus em sua essência e precisam de Deus para serem resgatados
de suas maldades. Jesus foi o único homem justo e livre de pecados que andou
sobre a terra.
A CONDIÇÃO HUMANA
1. O HOMEM É MAU
“Todos nós somos como o impuro, e todas as nossas justiças, como trapo
da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas malda-
des nos arrebatam como o vento. E não há quem invoque o teu nome, que
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
“Pois não há um só homem justo sobre a terra, que só faça o bem e nunca
peque.” (Ec 7.20)
“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem al-
gum; pois o querer o bem está em mim, mas não o realizá-lo.” (Rm 7.18)
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nas vossas transgressões e peca-
dos, nos quais andastes no passado, no caminho deste mundo, segundo
o príncipe do poderio do ar, do espírito que agora age nos filhos da deso-
bediência, entre os quais todos nós também antes andávamos, seguindo
os desejos carnais, fazendo a vontade da carne e da mente; e éramos por
natureza filhos da ira, assim como os demais.” (Ef 2.1-3)
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Esses são alguns dos versículos que revelam a maldade humana. A palavra de Deus
não mede esforços quando o assunto é apontar o quão pecador o homem é. O pe-
cado é como uma lama que inunda o homem por dentro e se espalha por todo seu
ser. Não existe nenhum aspecto do seu caráter que não seja manchado pelo pecado.
A esse respeito, Greg Gilbert nos diz que:
A maldade humana é um tema bíblico que não abre margem para questionamentos
ou interpretações. O homem é mau, é rebelde contra a vontade de Deus, ainda que
de forma involuntária. Sua natureza o direciona ao pecado desde sua tenra idade.
O homem não é apenas mau, ele é também incapaz de melhorar a si próprio. Não
existe no homem nenhuma arma que o ajude a evoluir ou purificar sua natureza
pecaminosa. Qualquer tentativa de autopurificação pode resultar apenas em uma
troca por pecados socialmente aceitos. Por exemplo, um homem pode desejar se
livrar da impureza sexual, uma vez que tal pecado pode trazer prejuízos para sua
vida. Mas será grato se trocar a imoralidade pelo orgulho. Tal atitude não revela
uma evolução espiritual, isso significa apenas que houve esperteza na forma como
o pecado foi administrado. Não existe nenhuma habilidade no homem capaz de
ajudá-lo a evoluir e livrar-se de seus pecados. O caminho que resta à humanidade
é o caminho de arrependimento, é necessário reconhecer toda maldade que habita
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
em nosso coração e aceitar o fato de que não temos em nós a mínima capacidade
de nos autopurificar. O homem possui a habilidade inata de ser mau, porém, é
completamente inapto no que diz respeito a curar-se de sua maldade.
3. O HOMEM É ILUDIDO
“Se dissermos que não temos pecado algum, enganamos a nós mesmos, e
a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel
e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se
dissermos que não temos cometido pecado, nós o tornamos mentiroso, e
sua palavra não está em nós.” (1 Jo 1.8-10)
Além de maus e incapazes de curar-se de suas maldades, os homens são iludidos. Ain-
da que alguns creiam na maldade que habita em seus corações, não acreditam ser essa
maldade algo preocupante. O homem acredita que o seu pecado é um mero detalhe
que pode ser facilmente corrigido por ele. Greg Gilbert (2015), afirma que muitas ve-
zes os homens acreditam que a natureza humana é como uma esfera de quartzo, polida
e brilhante. Por mais que esteja suja com poeira ou lama, mantém-se completamente
intacta e bela por baixo desses desasseios. Ainda segundo Greg Gilbert:
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
causa do pecado. Apenas quando temos um encontro com Deus e somos acusados
da nossa total incapacidade em cumprir a sua lei é que estaremos preparados para
receber o evangelho. Uma vez que toda a nossa esperança pecaminosa na bondade
humana é aniquilada pelo padrão divino contido nela. Reconhecer a sua própria
maldade e pecado é a única forma de conduzi-lo a Deus.
O homem é capaz das maiores atrocidades, entre suas inúmeras atitudes pecami-
nosas está o fato de se apropriar da lei de Deus e usá-la como instrumento para
oprimir outras pessoas. A lei de Deus nos foi dada para acabar com a ilusão de que
somos bons; um de seus objetos é gerar corações humildes, porém, tem sido usada,
muitas vezes, como objeto de orgulho e arrogância. O homem é mau, incapaz de
melhorar a si próprio, iludido e ainda religioso. É comum que a lei de Deus seja uti-
lizada como pódio, para que o homem se vanglorie diante dos outros, julgando-se
melhor do que aqueles que são ignorantes quanto ao conhecimento da lei. Quando
usamos o conhecimento da lei de Deus, sem a prática, para oprimir outras pessoas,
ou quando tentamos barganhar com Deus usando a sua própria palavra, estamos
sendo religiosos.
Muitas vezes, quando o homem esbarra na sua incapacidade em cumprir a lei
divina, ele a distorce encaixando-a em um formato que condiga com a sua
mediocridade. Existem diversas versões particulares dos preceitos divinos, um
conjunto de regras impostas sobre as pessoas, mas que não se assemelham em
nada à verdadeira lei. Infelizmente usamos o conhecimento da lei de Deus para um
propósito completamente contrário aos desígnios divinos.
O propósito de Deus sempre foi salvar o homem por meio de sua graça. Sempre foi
que seus filhos chegassem à conclusão que necessitam desesperadamente dele e
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
da sua misericórdia. Por esse motivo ele entrega a sua lei aos homens, para tirá-los
do entorpecimento que os tornam completamente iludidos quanto à sua própria
natureza. A lei serve para confrontá-lo e conduzi-lo ao total abandono à mensagem
do evangelho. Mas muitas vezes a transformamos em uma religião, imputamos à lei
de Deus as nossas tradições e nos tornamos como os fariseus.
Enquanto Jesus demonstrava graça e amor aos pecadores que se aproximavam dele,
era ao mesmo tempo implacável com os religiosos da época. Os fariseus apropria-
ram-se da chave do reino de Deus, mas a escondiam de si e dos demais pecadores.
Tal atitude despertava a ira de Cristo. O objetivo de Deus não é que nos tornemos
religiosos por causa do nosso muito conhecimento, mas que sejamos humilhados
diante do seu evangelho.
Esses quatro pontos, a respeito da condição humana, apontam para o evangelho,
visto que a primeira palavra do evangelho é arrependimento.
“Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o evan-
gelho de Deus e dizendo: Completou-se o tempo, e o reino de Deus está
próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho.” (Mc 1.14,15)
Nessa passagem Jesus começa a pregar o evangelho após João ter sido preso. Ele
não abandonou a mensagem que João pregava, mas começou a pregar sobre arre-
pendimento. Isso nos mostra que antes de crer no evangelho é necessário abraçar
a mensagem de arrependimento. Não é possível trilhar o caminho proposto por
Cristo sem compreender que todos os homens são falidos como criaturas de Deus.
Ao passo que você conhece a lei de Deus, é possível que se questione sobre a exis-
tência de atitudes religiosas em sua vida. É possível fazer uma autoanálise e buscar
compreender, por meio de seis aspectos muito simples, se existe religiosidade em
seu coração. Vejamos esses aspectos que denunciam a religiosidade:
1. Orgulho: Orgulhar-se do seu conhecimento, ainda que não pratique.
2. Esforço humano: Crer que consegue agradar a Deus por meio de suas atitudes.
3. Autopreservação: Zelar pela sua própria imagem (sua reputação) e importar-se
demasiadamente com a opinião alheia;
4. Necessidade de mediador: Delegar a responsabilidade de ouvir a voz de Deus a
um mediador, pastor, líder religioso, pai, esposo, entre outros.
26
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
5. Barganha: Barganhar com Deus achando que pode apaziguá-lo e ganhar suas
bênçãos através de boas obras ou ritos religiosos.
6. Julgar: Julgar os outros, comparando-se com eles.
Se você identifica algum desses aspectos em sua vida, isso é um grande indício de que você
está abraçando regras religiosas, não o verdadeiro evangelho de Deus. O evangelho não tem
a ver com justiça humana, ou regras humanas, mas com a justiça perfeita de Cristo.
CONCLUSÃO
A natureza pecaminosa do homem o faz pensar, por vezes, que sua conduta pode
atrair o favor divino. Porém, vimos que os atos de justiça dos homens são como
trapos de imundícia para Deus. Cada centímetro do ser humano está corrompido
pelo pecado. O homem é mau, incapaz de melhorar a sua condição de pecador,
iludido e ainda religioso. A situação do homem perante Deus não é nada favorável,
visto que ele abomina o pecado, justamente a habilidade que o homem melhor sabe
desempenhar. Por serem religiosos, muitos acreditam que podem chegar a Deus
por meio de suas obras de justiça, porém o evangelho nos diz que existe apenas um
justo perante Deus. Jesus Cristo foi o único homem justo, santo e irrepreensível
que andou pela Terra.
Qualquer noção de justiça própria deve ser abandonada pelo homem. É necessário
que abracemos a opinião de Deus a respeito de nossa natureza. Esse é o primeiro
passo para o arrependimento, o único caminho que conduz às boas novas da salva-
ção. Para abraçar o evangelho bíblico é necessário compreender que qualquer ato
de justiça desempenhado pelo homem, chega às narinas de Deus como um cheiro
desagradável. Quando abandonamos a ilusão de que somos bons, podemos receber
uma justiça muito maior do que a nossa, a justiça do próprio Jesus Cristo. Portanto,
creia no que Deus diz a seu respeito, Ele diz que você é pecador e que sua maldade
é pútrida perante ele. Esse caminho, ainda que difícil, é o único que pode conduzi-
-lo ao verdadeiro arrependimento. Ao abraçar a má notícia de que é pecador, você
se torna apto a abraçar as boas notícias da salvação.
27
Aula 3
v.1.0.0
QUEM É
JESUS?
“Mas agora a justiça de Deus se manifestou, sem a lei, atestada pela Lei
e pelos Profetas; isto é, a justiça de Deus por meio da fé em Jesus Cristo
para todos os que creem; pois não há distinção. Porque todos pecaram
e estão destituídos da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente
pela sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus, a quem
Deus ofereceu como sacrifício propiciatório, por meio da fé, pelo seu san-
gue, para demonstração da sua justiça. Na sua paciência, Deus deixou
de punir os pecados anteriormente cometidos; para demonstração da sua
justiça no tempo presente, para que ele seja justo e também justificador
daquele que tem fé em Jesus.” (Rm 3.21-26)
28
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
A IDENTIDADE DE CRISTO
1. PLENAMENTE DEUS
Jesus é plenamente Deus e, por isso, tem todo o direito sobre o homem. Como
Deus eterno, é o único que pode decidir o destino da humanidade, pois é santo,
justo e autor da vida. Jesus sempre existiu e sempre existirá como Deus, embora
tenha vindo a terra como homem, ele continua para todo o sempre como Deus
eterno. Segundo Michael Reeves, “[...] não devemos pensar que aquele que em sua
natureza era Deus tenha excluído alguma coisa de si mesmo, de alguma forma remo-
vendo algum atributo de Deus de si mesmo [...]”¹ .
1. REEVES, Michael. Deleitando-se em Cristo. Brasília, DF: Editora Monergismo, 2018. p.41.
29
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por
intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito existiria. A vida estava
nele e era a luz dos homens” (Jo 1.1-4)
“Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está ao lado do Pai,
foi quem o revelou.” (Jo 1.18)
2. PLENAMENTE HOMEM
30
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Foi necessário que Jesus viesse à terra como homem, assumindo a forma do ser que
ele mesmo havia criado, para viver uma vida perfeita de obediência ao Pai celeste.
A vida de Cristo na terra foi excelente, não foi encontrado nele pecado algum, e
foi por meio da vida irrepreensível, de um ser plenamente homem e plenamente
Deus, que o homem foi salvo. Segundo Michael Reeves:
E foi assim que o Senhor de toda criação, aquele que precisava inclinar-
-se para contemplar os céus e a terra (Sl 112.6), humilhou-se vindo do
céu para assumir a forma de servo. Ele criou a sua própria mãe e, então,
diante de todos os anjos, o Pai enviou o seu notável Filho. [...] Ele não
se esvaziou de nada daquilo que era: ele esvaziou-se a si mesmo, humi-
lhando-se quanto ao fato de ser Deus conosco na forma de um bebê.
O altíssimo humilhou-se, o Criador tornou-se criatura, a Palavra ficou
muda, o próprio poder de Deus tornou-se um feto indefeso.²
Vejamos abaixo, o que a Bíblia tem a nos dizer sobre a humanidade de Cristo:
Jesus aprendeu a obediência
"Embora sendo Filho, aprendeu a obediência por meio das coisas que so-
freu. Depois de aperfeiçoado, tornou-se a fonte da salvação eterna para
todos os que lhe obedecem” (Hb 5.8,9)
“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das
nossas fraquezas, mas alguém que, à nossa semelhança, foi tentado em
todas as coisas, porém sem pecado.” (Hb 4.15)
31
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
3. O REI PROMETIDO
Deus firmará o seu trono para sempre, ele é o Messias tão aguardado pelos judeus,
aquele que tem o poder para libertar o povo e conduzi-lo a uma vida de paz.
Jesus, o Cristo, é aquele que governará a terra para todo sempre
4. O REI SOFREDOR
Cristo veio à terra para sofrer em favor da humanidade. Ele sofreu em diversos ní-
veis. De acordo com Greg Gilbert:
3. GILBERT, Greg. O que é o evangelho?. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2015. p.91.
32
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Portanto, Jesus se despiu da sua glória, completamente ciente das dores e sofri-
mentos que o aguardavam na terra.
Vejamos o que a Bíblia nos diz a respeito dos sofrimentos de Cristo:
Ele é o Cordeiro de Deus
“No dia seguinte, João viu Jesus, que vinha em sua direção, e disse:
Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” (Jo 1.29)
5. O REDENTOR
A obra perfeita de Cristo trouxe redenção ao mundo. Sua vida, morte e ressurrei-
ção foi o caminho escolhido por Deus para resgatar o homem do destino eterno de
sofrimento ao qual estava destinado.
Vejamos o que Bíblia nos diz sobre a obra redentora de Cristo:
“E, tomando um cálice, rendeu graças e o deu a eles, dizendo: Bebei dele
todos; pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança derramado em favor
de muitos para perdão dos pecados.” (Mt 26.27,28)
33
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
“Por isso o Pai me ama, porque dou a minha vida para retomá-la. Nin-
guém a tira de mim, mas eu a dou espontaneamente. Tenho autoridade
para dá-la e para retomá-la. Essa ordem recebi de meu Pai.” (Jo 10.17,18)
"... quem entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos servirá; e
quem entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Pois o próprio
Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a
vida em resgate de muitos.” (Mc 10.43-45)
EXPIAÇÃO
“Daquele que não tinha pecado Deus fez um sacrifício pelo pecado em
nosso favor, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (2 Co 5.21)
“Porque também Cristo morreu uma única vez pelos pecados, o justo
pelos injustos, para levar-nos a Deus; morto na carne, mas vivificado pelo
Espírito.” (1 Pe 3.18)
A expiação diz respeito à obra de Cristo, realizada por meio de sua vida e morte. O
alvo da expiação é a salvação do homem, o perdão de seus pecados e a reconciliação
com Deus. Esse caminho percorrido por Cristo libertou a humanidade da culpa
que pesava em seus ombros, apresentando uma possibilidade contrária à condena-
ção eterna. Por meio da expiação o homem foi habilitado a seguir rumo a uma nova
vida. Em outras palavras, damos o nome de expiação a tudo aquilo que Cristo fez,
em sua vida e morte, para conquistar a salvação do homem. Quando Jesus se apre-
senta a João Batista a fim de ser batizado, João logo o apresenta como o cordeiro de
34
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Deus que tira o pecado do Mundo4 e a forma usada por Deus para extirpar o pecado
do mundo chama-se expiação.
Ainda sobre a expiação, é importante entender que Jesus foi castigado pelo pró-
prio Deus. O Pai depositou sua ira sobre o Filho, Deus castigou a Deus para que o
homem fosse salvo. Cristo se entregou para sofrer nas mãos do Pai tendo o mesmo
nível de dignidade que ele. A dignidade humana é nula se comparada à dignidade
daquele que foi ofendido pelo pecado. Jesus, ao se entregar como sacrifício pelos
pecados da humanidade, foi o único capaz de aplacar a ira daquele que é santo e
justo. O sangue dele foi derramado em favor dos pecadores, não apenas o sangue
enquanto matéria, mas a sua vida foi completamente entregue na cruz. O sangue
significa a vida, portanto esse foi o preço que o Filho de Deus pagou para resgatar
o homem. A sua vida não foi poupada, sendo espremido até seu último suspiro, a
fim de aplacar a ira do Pai. Porém, um outro aspecto sobre a expiação que deve ser
ressaltado, é o fato de que o sofrimento de Cristo não foi eterno. Na cruz ele dis-
se: está consumado! Todavia o homem, ainda que condenado ao inferno por toda
eternidade, jamais será capaz de pagar sua dívida com Deus. Um coração rebelde
prosseguirá em rebeldia, blasfemando contra Deus enquanto recebe em seu corpo
o castigo por suas maldades. Tal atitude torna a dívida do homem progressivamen-
te mais alta, levando-o para longe do arrependimento de seus pecados. Ou seja,
um coração rebelde por causa do juízo de Deus se tornará cada vez mais rebelde
à medida que recebe o castigo eterno. Porém, Cristo foi castigado pelo Pai sem
rebelar-se contra ele.
A obra de Cristo foi completa, ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mun-
do. Para compreendermos melhor a sua obra, no que tange à obra da expiação, é
importante que antes tenhamos clareza sobre os motivos que a tornam necessária.
Falaremos a seguir sobre a causa da expiação, o motivo que fez Cristo encarnar e
morrer pelos pecados da humanidade. Para isso dividiremos a causa da expiação em
duas colunas: A Justiça e o amor de Deus.
4. Jo 1.29
35
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Deus é o Juiz de toda terra, por ser o Criador de tudo que existe, ele torna-se ha-
bilitado a julgar toda criação. Mas ele não é apenas juiz, é também justificador de
todo aquele que deposita fé nele. A retidão de Cristo mantém-se intacta ainda que
ele transforme pessoas injustas em justas. A justiça de Deus estabelece a estrutura
pela qual ele trabalha para alcançar a redenção da humanidade. Cristo foi enviado à
terra a fim de que a justiça de Deus fosse demonstrada.
“a quem Deus ofereceu como sacrifício propiciatório, por meio da fé, pelo
seu sangue, para demonstração da sua justiça. Na sua paciência, Deus
deixou de punir os pecados anteriormente cometidos" (Rm 3.25)
Portanto, Deus declarou sua justiça ao enviar Cristo para morrer pelos pecados
da humanidade, tendo em vista que o homem jamais seria apto a aproximar-se de
Deus sem que antes sua dívida fosse paga. Porém, a motivação por trás da expiação
é o amor de Deus.
“Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16)
“Nisto está o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele quem nos
amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.” (1 Jo 4.10)
36
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Deus poderia decidir não salvar o homem, nesse sentido é possível dizer que a ex-
piação não era uma necessidade absoluta. Porém, motivado por seu amor, decide
resgatar a humanidade, ainda que a única maneira pela qual ele poderia realizar tal
obra fosse através do sacrifício do seu único Filho. Ainda que a expiação não fosse
uma necessidade absoluta, ela tornou-se a “consequência” da decisão amorosa de
Deus por salvar os homens, com isso a expiação tornou-se uma necessidade absoluta.
A esse conceito é dado o nome de “absoluta necessidade consequente'6 da expiação.
Portanto, o amor e justiça de Deus são igualmente importantes, ambos foram as
causas da expiação. A obra da expiação é motivada pelo amor de Deus, mas é ao
mesmo tempo regulada pela sua justiça. Deus estabeleceu, motivado por seu amor,
o propósito de salvar a humanidade, mas a sua justiça é o meio pelo qual essa salva-
ção precisa acontecer.
A OBEDIÊNCIA DE CRISTO
Jesus foi obediente em tudo, nisso consiste o cerne de sua obra. Ele viveu uma vida
perfeita de obediência a Deus, tendo em vista que a consequência de sua vida irre-
preensível cairia em favor da humanidade. O fato de Cristo ter sido obediente em
tudo tornou o seu sacrifício válido, e esse é o motivo pelo qual os homens podem
vislumbrar a esperança da salvação. A obediência de Cristo pode ser dividida em
duas partes: ativa e passiva, vejamos.
5. PINK. A.W. Os atributos de Deus. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2016. p.
136.
6. GRUDEM, Wayne A Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova. 1999. p.472.
37
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Cristo sofreu pela culpa que não era sua, assumiu o lugar dos pecadores como uma
ovelha muda enviada ao matadouro. Ele foi punido com o castigo que era designado
ao homem, sendo julgado, humilhado e morto, e a isso damos o nome de obediên-
cia passiva.
Portanto, a obediência ativa de Cristo diz respeito à sua vida perfeita em contraste
à rebeldia do homem. A humanidade é incapaz de cumprir a lei de Deus, por isso
Jesus a cumpriu em nosso lugar. Já a obediência passiva de Cristo tem a ver com a
punição que ele sofreu em favor dos homens. Ele viveu a vida que nós jamais conse-
guiríamos viver e sofreu a morte que nós deveríamos sofrer, para que pudéssemos
ser reconciliados com Deus. Isso é a obra da expiação de Cristo, esse é o cerne de
sua obra na cruz.
OS SOFRIMENTOS DE CRISTO
Os sofrimentos de Cristo podem ser divididos em três aspectos, sendo esses obstá-
culos que ele precisou suportar para completar sua obra de expiação.
1°Ele se tornou homem
Por ter se tornado homem, Jesus se limitou para sempre, portanto os seus sofri-
mentos não dizem respeito apenas à cruz, mas ao fato de ter se tornado criatura
para toda eternidade. Ele, mesmo sendo Deus, se rebaixou assumindo a forma de
38
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Cristo não sofreu apenas o abandono do Pai, mas teve que suportar a ira divina so-
bre a sua carne. Ele foi amaldiçoado por Deus, o Pai se opôs ao Filho e o esmagou
com o peso de sua ira. Com isso, o coração de Cristo foi totalmente despedaçado.
SACRIFÍCIO: Esse termo se liga ao fato de que os homens deveriam morrer como
sacrifício pelo pecado, mas Cristo se entregou em nosso lugar, recebendo o castigo
que estava destinado aos homens.
“Nesse caso, seria necessário que ele sofresse muitas vezes, desde a fun-
dação do mundo. Mas agora, na consumação dos séculos, ele se manifes-
tou de uma vez por todas, para aniquilar o pecado por meio do sacrifício
de si mesmo.” (Hb 9.26)
39
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
PROPICIAÇÃO: Termo recorrente na Bíblia que significa tornar alguém que está
contra você propício a você. Cristo fez propiciação por nós, ele foi atingido pela ira
de Deus que vinha em nossa direção. Ao desviar a ira de Deus do homem, Cristo
tornou a humanidade apta a receber o amor do Pai.
“Mas todas essas coisas procedem de Deus, que nos reconciliou consi-
go mesmo por meio de Cristo e nos confiou o ministério da reconcilia-
ção. Pois Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo,
não levando em conta as transgressões dos homens; e nos encarregou da
mensagem da reconciliação.” (2 Co 5.18,19)
“Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para
servir e para dar a vida em resgate de muitos.” (Mc 10.45)
CONCLUSÃO
A resposta de Deus ao desprezo dos homens por ele foi, desde o ínicio, o sacrifício
do seu Filho, Jesus Cristo. Embora os homens fossem dignos de condenação eter-
na, Cristo obedeceu ao Pai e entregou-se em prol da remissão dos pecados. Jesus
tomou sobre si os pecados dos homens, se tornando maldição e bebendo o cálice
da ira de Deus. Aquele que não tinha pecado algum, se entregou para ser ferido,
humilhado e abandonado por seu Pai. Porém, a história não termina com a sua mor-
te. Ele ressuscitou no terceiro dia pelo poder do Espírito de Deus, que o levantou
dentre os mortos com um corpo glorificado. Assim, a justiça de Deus foi satisfeita
na morte e ressurreição de Jesus. Ele fez, com sua carne e sangue, a ponte sobre o
abismo que havia entre o homem e Deus, reconciliando-os.
40
Aula 4
v.1.0.0
A
RESPOSTA
Até aqui vimos diversos aspectos cruciais que auxiliam no correto entendimento
do evangelho bíblico. Primeiro falamos a respeito do caráter santo e justo de Deus,
assim como o direito que ele detém sobre a criação, uma vez que tudo foi criado por
meio de suas mãos. À medida que a grandeza de Deus é contemplada, a percepção
sobre o seu evangelho aumenta.
Em seguida falamos sobre a depravação do homem. Por meio dessa percepção foi
possível compreender que o homem, imerso em sua maldade, jamais poderia se
aproximar de um Deus santo. Contudo, Deus estabeleceu um meio pelo qual a
humanidade pudesse se reconciliar com ele, a obra expiatória de Jesus Cristo. Ten-
do em vista cada um desses aspectos, falaremos nessa aula sobre a atitude correta
que o homem deve ter frente a esses pontos, ou seja, a resposta ao evangelho.
41
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Jesus Cristo operou uma maravilha tão exorbitante que exige resposta, quer de ódio,
quer de paixão.¹
Nessas quatro aulas a abordagem feita sobre o evangelho vem sendo vista por uma
perspectiva antropológica, ou seja, estamos olhando para o evangelho do ponto de
vista humano. Como o homem percebe, reage e é atingido pelo evangelho. A partir
da próxima aula olharemos para o evangelho por uma perspectiva cósmica, ou seja,
de forma mais ampla.
Voltando ao assunto da nossa quarta aula, veremos a atitude que o homem deve ter
frente à proposta do evangelho. Olhemos as palavras de Jesus a esse respeito:
“Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o evan-
gelho de Deus e dizendo: Completou-se o tempo, e o reino de Deus está
próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho.” (Mc 1.14,15)
A FÉ SALVÍFICA
Fé é uma das palavras que, por muito tempo, tem sido tão mal usada, que
a maioria das pessoas não tem ideia do que ela realmente significa. Peça a
alguma pessoa na rua que descreva a fé, e, embora talvez você ouça
algumas palavras respeitosas e agradáveis, o âmago da questão será,
provavelmente, que fé é crer no ridículo em contrário a toda evidência.²
1. WILSON, Jared. CHANDLER, Matt. Evangelho Explícito. São José dos Campos, SP: Editora
Fiel, 2013. p. 73.
2. GILBERT, Greg. O que é o evangelho?. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2015. p.100,101.
42
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Para muitos, a fé diz respeito a algo que não pode ser provado, porém tal definição
não condiz com a fé salvífica. A fé implica em uma confiança firme e inabalável3 fun-
damenta nas verdades do evangelho. Vejamos como Paulo descreve a fé de Abraão:
Abraão creu, ainda que todas as circunstâncias fossem contrárias ao que Deus lhe
havia prometido. Por mais que Abraão tenha cometido erros em seu percurso de fé,
ele não deixou de confiar nas palavras de Deus. Essa é a fé salvífica, uma fé sólida
que independe das circunstâncias para existir, por meio dela Abraão foi justificado
e por meio dela o homem pode receber a vida eterna.
Todas as dádivas dadas por Deus são recebidas por meio da fé, vivemos e morremos
por meio dela, vejamos:
• Recebemos a justiça pela fé (Rm 3.22)
• Somos justificados pela fé (Rm 3.30; Gl 2.16)
• Permanecemos firmes pela fé (Rm 11.20)
• Somos filhos de Deus pela fé (Gl 3.26)
• Somos habitados por Cristo pela fé (Ef 3.17)
• Somos ressuscitados em Cristo pela fé (Cl 2.12)
• Herdamos as promessas pela fé (Hb 6.12)
• Conquistamos reinos, praticamos a justiça, fechamos a boca de leões pela fé (Hb 11.33)
• Somos guardados pela fé (1 Pe 1.5)4
3. ibdem. p 102.
4. WILSON, Jared. CHANDLER, Matt. op. cit., p.99
43
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
O primeiro aspecto
O primeiro aspecto é o conhecimento, ele em si mesmo não é suficiente para sal-
vação, contudo, para que o homem possa crer na obra de Cristo, é necessário que
haja algum conhecimento a respeito dela. Sobre isso o apóstolo Paulo diz em sua
carta aos romanos:
“Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invo-
carão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não
ouviram falar? E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm 10.13,14)
44
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
ela. Essa compreensão não deve ser meramente intelectual, mas precisa estar ligada
a uma vida de comunhão com Deus. Todo o conteúdo adquirido a respeito da fé deve
estar conectado a uma vida que confia e se relaciona com Cristo. Ainda que o conte-
údo adquirido não seja perfeito é importante ser batizado pela verdade de que Jesus é
uma pessoa viva, não apenas um conceito ou história. Ele é um homem, um judeu de
33 anos que habita, por meio do Espírito Santo, no interior daqueles que nele creem.
A fé se expande à medida que o conhecimento sobre essas verdades aumenta.
A principal fonte para se aprofundar nesses assuntos é, sem dúvida alguma, as Es-
crituras. A palavra de Deus contém toda verdade e conteúdo necessário para que a
fé na obra de Cristo se torne mais sólida. A fé bíblica, que conduz o homem à salva-
ção, implica na busca pelo conhecimento de quem Jesus é e sobre o que ele fez pela
humanidade. Essa fé tem a ver com concordar e aprovar tudo o que as Escrituras
dizem acerca desse assunto. Conhecer, confiar e relacionar-se com essa terceira
pessoa da Trindade, são passos que conduzem o homem à vida eterna.
ARREPENDIMENTO
“Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o evan-
gelho de Deus e dizendo: Completou-se o tempo, e o reino de Deus está
próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho.” (Mc 1.14,15)
45
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
46
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
“Mas eu me lembrarei da minha aliança, que fiz contigo nos dias da tua
juventude, e firmarei contigo uma aliança eterna. Então te lembrarás
dos teus caminhos e ficarás envergonhada (...). Firmarei a minha aliança
contigo, e saberás que eu sou o SENHOR; para que te lembres e te enver-
gonhes, e nunca mais abras a boca, por causa da tua vergonha, quando
eu te perdoar tudo quanto fizeste, diz o SENHOR Deus.” (Ez 16.60-63)
“Ali vos lembrarei de vossos caminhos e de todos os atos com que vos
tendes contaminado; e tereis nojo de vós mesmos, por causa de todas
as maldades que tendes cometido. E sabereis que eu sou o SENHOR,
quando eu agir para convosco por amor do meu nome, não conforme as
vossas obras, nem conforme os vossos atos corruptos, ó casa de Israel,
diz o SENHOR Deus.” (Ez 20.43,44)
“E que fruto colhestes das coisas de que agora vos envergonhais? Pois o
fim delas é a morte.” (Rm 6.21)
Segundo aspecto
O segundo aspecto diz respeito a uma aprovação emocional do ensino bíblico so-
bre esse tema. Basicamente, significa que o arrependimento envolve uma profunda
tristeza pelo pecado, associado a um sentimento de aversão às práticas do mal. O
arrependimento gera no interior do homem uma repulsa pelos pecados outrora
praticados. Portanto, esse segundo aspecto implica em uma concordância do en-
sino bíblico a respeito da depravação humana, associado a uma profunda tristeza
pelos pecados ainda praticados.
Terceiro aspecto
O terceiro aspecto do arrependimento bíblico diz respeito a uma decisão pessoal
de se afastar do pecado. Implica em um compromisso profundo e sincero por viver
uma vida de obediência a Cristo. É empenhar-se em não ceder às práticas pecami-
nosas, submetendo força, mente e emoções à vontade de Deus. Aquele que não
experimenta esse profundo desejo por obedecer a Cristo, lutando contra o pecado,
não experimentou o arrependimento genuíno, segundo as Escrituras.
47
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
A tristeza segundo Deus é aquela que gera no homem o ímpeto por lutar contra sua
própria natureza. Não diz respeito a um simples remorso, mas a um profundo en-
tendimento da própria maldade, associado ao desejo por andar em direção oposta
ao pecado.
1. Arrependimento
48
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
2. Crer no evangelho
“Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e
for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.” (Mc 16.15,16)
3. Obediência a fé
4. Sinais
“Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim também fará as
obras que eu faço, e as fará maiores, pois estou indo para o Pai.” (Jo 14.12)
“E juntamente com eles, por meio de sinais, Deus testemunhou feitos ex-
traordinários, diversos milagres e dons do Espírito Santo, distribuídos
segundo a sua vontade.” (Hb 2.4)
49
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
O CAMINHO PROGRESSIVO DO
ARREPENDIMENTO E FÉ
CONCLUSÃO
50
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
51
Aula 5
v.1.0.0
A CRIAÇÃO
Até aqui olhamos para o evangelho por uma perspectiva antropológica, ou seja, por
meio de uma concepção pessoal e humana. Porém, existe ainda um outro ponto de
vista a ser trabalhado, me refiro à ótica cosmológica. Tal aspecto diz respeito a uma
compreensão divina sobre o evangelho. Portanto, a partir dessa aula seguiremos
nosso assunto através desta concepção. Discutiremos a relação da mensagem do
evangelho com toda a realidade criada por Deus.
Os pontos de vista antropológico e cosmológico são igualmente importantes para
uma profunda compreensão do plano de Deus. Juntas, essas duas perspectivas tra-
zem maior clareza a respeito da obra divina. Nessa aula, falaremos especificamente
sobre a criação e a sua relação com o evangelho.
52
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
“porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visí-
veis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam poderes; tudo foi criado por ele e para ele.” (Cl 1.16)
Nas palavras de Paulo, direcionadas à igreja de Colossos, é possível notar que sua
preocupação é esclarecer a premissa de que todas as coisas foram criadas em Cris-
to. Com o advento do pecado o mundo sofreu uma enorme deterioração, passando
a andar em direção contrária ao propósito original de Deus. Porém, Paulo afirma
que a origem de toda realidade conhecida é o próprio Cristo e que nele todas as coi-
sas encontram redenção. Tal redenção conduz o homem à vida eterna, mas também
consiste em tornar a criação apta a cumprir o propósito original pelo qual foi criada.
O alvo do evangelho é a restauração de toda a realidade criada por Deus.
Para falar a respeito desse assunto, faremos uso de uma estrutura simples:
A ESTRUTURA DO ENTENDIMENTO
CORRETO DO EVANGELHO É:
CRIAÇÃO • QUEDA • REDENÇÃO • CONSUMAÇÃO
Cada um desses pontos será visto de maneira mais detalhada, tendo em vista que,
juntos, contribuem para o correto entendimento da mensagem do evangelho.
Assim, é possível ter a revelação a respeito do plano de Deus, ampliada à medida
que vemos o evangelho sendo exposto nas Escrituras.
A CRIAÇÃO E O EVANGELHO
53
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Como dito anteriormente, nosso assunto é dividido em dois pontos de vista dis-
tintos, Antropológico e Cósmico. Os pontos que veremos a partir dessa aula se
adequam a uma perspectiva cósmica.
Ponto de vista antropológico:
a. Deus, Homem, Jesus e a Resposta a tudo isso;
b. O evangelho é visto por uma perspectiva pessoal, mas prosseguindo em enten-
dimento a respeito da obra de Deus.
Ponto de vista cósmico:
a. Criação, Queda, Redenção e Consumação;
b. A supremacia de Cristo, a glória de Deus e o destino do Universo são alvos do
evangelho. Esses são objetivos muito maiores do que a salvação pessoal.
1. Gn 1.1
54
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
A criação será restaurada por Cristo por meio do evangelho, apenas dessa forma
ela estará apta a cumprir o propósito original pelo qual foi criada. Vejamos alguns
aspectos a respeito desse tema:
A criação é ordenada e reflete a glória do criador
Deus criou todas as coisas em perfeita harmonia, com leis e ordens que funcionam
em consonância, sendo seu nome glorificado por meio da excelência de sua obra.
Contudo, Cristo é o responsável por reger e sustentar todas as coisas. A ordem pre-
sente na criação existe unicamente por ser submetida ao domínio do Filho de Deus.
“porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visí-
veis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam poderes; tudo foi criado por ele e para ele. Ele existe antes de todas
as coisas, e nele tudo subsiste.” (Cl 1.16.17)
2. WOLTERS, Albert M. A criação restaurada: Base bíblica para uma cosmovisão reformada.
São Paulo: Cultura Cristã, 2006. p. 37.
55
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
“Tudo tem uma ocasião certa, e há um tempo certo para todo propósito
debaixo do céu. Tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e
tempo de arrancar o que se plantou; (Ec 3.1,2)
Ao final do sétimo dia Deus contemplou a criação, obra de suas mãos, e viu que
tudo era bom. Ao criar o homem, Deus o insere em um mundo sujeito à cosmo-
nomia (leis cósmicas). Portanto, a criação submete seu curso às leis que regem o
universo. O ser humano não é alheio a essa ordem criada, contudo, transcende a
criação, tendo como destino o próprio Deus. O homem foi colocado na Terra para
glorificar o seu nome, por meio do cumprimento do propósito divino, revelando
o potencial da criação através de seu trabalho. Adão foi posto no jardim com o en-
cargo de cultivar e cuidar da criação, por meio desse trabalho a glória de Deus seria
revelada. Segundo Matt Chandler e Jared Wilson:
Deus criou tudo, e tudo era bom, mas aquilo que criou para ser bom
não era um fim em si mesmo, foi-nos dado como bom para que nós
56
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Um outro ponto a respeito do homem é que ele é o único elemento da criação que
se torna moralmente maligno. Nenhum outro elemento da criação tem essa capaci-
dade. O homem transcende a criação, inclusive no que diz respeito à sua maldade.
Deus existia antes de dar vida a tudo que existe. Ele criou o lugar onde habitam os
anjos, criou o homem à sua imagem e semelhança, ele criou o tempo. Ao criar todas
as coisas, Deus cria a estrutura temporal e espacial na qual elas existirão. Deus não
tem princípio, meio ou fim, sua existência se difere de tudo o que a mente humana
é capaz de imaginar.
“Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim
de vida, mas feito semelhante ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote
para sempre.” (Hb 7.3)
Ele estabeleceu a criação e resolveu habitar dentro dela, para que dessa forma pu-
desse se relacionar com as criaturas feitas à sua imagem e semelhança. O Pai criou
todas as coisas por meio do Filho e no poder do Espírito Santo.
“No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma e
vazia, e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus
pairava sobre a face das águas.” (Gn 1.1,2)
“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que
foi feito existiria.” (Jo 1.3)
3. WILSON, Jared. CHANDLER, Matt. Evangelho Explícito. São José dos Campos, SP: Editora
Fiel, 2013. p. 122.
57
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
"porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visí-
veis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam poderes; tudo foi criado por ele e para ele.” (Cl 1.16)
“nestes últimos dias, porém, ele nos falou pelo Filho, a quem designou
herdeiro de todas as coisas e por meio de quem também fez o universo.”
(Hb 1.2)
“Os céus foram feitos pela palavra do SENHOR, e todo o exército deles,
pelo sopro da sua boca. (...) Pois ele falou, e tudo se fez; ele mandou, e
logo tudo apareceu.” (Sl 33.6,9)
“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que
foi feito existiria.” (Jo 1.3)
“porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visí-
veis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam poderes; tudo foi criado por ele e para ele.” (Cl 1.16)
58
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
“Tu somente és SENHOR. Tu fizeste o céu e o céu dos céus, com todos os
seus elementos, a terra e tudo quanto nela existe, os mares e tudo quanto
neles há, e tu dás vida a todos os seres, e os exércitos do céu te adoram.”
(Ne 9.6)
“Na sua mão está a vida de todo ser vivo, e o espírito de todo o gênero
humano.” (Jó 12.10)
“Ele existe antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste” (Cl 1.17)
Porém existem algumas visões que são contrárias à visão bíblica sobre o assunto.
São elas:
O materialismo: Teoria que diz ser o universo visível a única realidade existente. É
incoerente um cristão se intitular materialista, uma vez que para ser cidadão do céu
é preciso crer na existência de Deus.
O panteísmo: Teoria que diz não haver distinção entre Deus e a criação. Segundo
essa teoria, Deus não transcende à criação, ou seja, não está acima dela, não é in-
dependente dela.
59
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
CONCLUSÃO
O evangelho não tem como objetivo livrar o homem dos perigos do mundo, todavia
sua mensagem tem o poder de revolucionar a realidade conhecida por nós. A obra
de Cristo, por mais que vá em direção a indivíduos isolados, não se resume a esse
ponto, seu propósito diz respeito à salvação e restauração de todo o universo. Deus
é glorificado quando o seu evangelho atinge de maneira pessoal os seus filhos, mas
também quando se expande a toda a realidade criada, fazendo-a alcançar sua ver-
dadeira forma. A mensagem do evangelho tem o poder de transformar toda a cria-
ção, seus alvos são a supremacia de Deus, Sua glória e o destino do universo, são
objetivos infinitamente maiores do que a salvação individual. É errado crer que
o alvo do evangelho se resume à salvação de seres isolados, tal ponto de vista é
egoísta. A obra de Cristo tem a ver com o propósito cósmico de Deus para toda a
sua criação.
60
Aula 6
v.1.0.0
QUEDA
A Queda narra o grande drama da humanidade. Por meio da desobediência de um
só homem, toda a criação foi condenada aos efeitos nocivos do pecado. Portanto,
um profundo e correto entendimento a respeito da queda é indispensável à huma-
nidade, pois é um fato determinante para todo e qualquer homem. Compreenden-
do o quão trágico foi esse evento e seus efeitos para o mundo criado por Deus, é
possível vislumbrar com mais afinco a bendita esperança que é proposta, a restau-
ração de todas as coisas por meio do evangelho.
Nesta aula falaremos sobre o evangelho por meio de uma perspectiva cósmica,
ou seja, uma visão que discorre a respeito da restauração de toda a criação pela
mensagem do evangelho. Na primeira aula falamos sobre o evangelho cósmico,
abrangendo os aspectos que ligam a criação ao evangelho. Falamos ainda sobre o
evangelho como instrumento usado por Deus para conduzir a criação de volta ao seu
61
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
propósito original. A partir de agora nossa atenção será voltada para a queda. Ao
olhar para esse acontecimento, fato que marcou para sempre a história da humani-
dade, é possível enxergar a necessidade da restauração cósmica.
A QUEDA DE SATANÁS
“E Deus viu tudo quanto fizera, e era muito bom. E foram-se a tarde e a
manhã, o sexto dia.” (Gn 1.31)
Deus declara que tudo que havia criado era bom, portanto, havia perfeita harmonia
e paz na criação. Toda a criação de Deus permanecia boa até esse momento. Con-
tudo, em Gênesis 2.15, quando Deus insere o homem no Éden, lhe é delegada a
função de cultivar e guardar o jardim, vejamos:
É possível deduzir que antes de Adão e Eva serem inseridos no jardim, toda a reali-
dade criada por Deus era boa. Contudo, em dado momento veio a existir um certo
perigo. Esse mal que passou a rondar a obra do Criador, tornou necessária a função
dada por Deus a Adão, de guardar o jardim. Cremos que Adão deveria guardá-lo da
influência do mal, pois a queda de Satanás passou a oferecer perigo à ordem estabe-
lecida por Deus. O mundo no qual Adão e Eva viviam já não era mais um lugar sem
defeitos como havia sido em Gênesis 1.31, havia um risco que tornava necessária a
vigília constante. Deus criou um universo perfeito e sem defeitos, porém Satanás
passou a ameaçar essa ordem.
Satanás foi o responsável por enganar Eva, fazendo-a pecar e convidar seu marido
a também pecar contra Deus. Eva foi enganada¹, contudo Adão pecou de forma
voluntária, condenando a humanidade à corrupção de sua própria natureza.
1. 1Tm 2.14
62
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Adão e Eva falharam em sua missão de proteger a criação das influências do mal, pois
desobedeceram a ordem de Deus e deram ouvidos ao mal que rondava o jardim.
Primeiro aspecto
O homem existe enquanto indivíduo, autoconsciente, com suas peculiaridades e
personalidades distintas. O homem é consciente a respeito de si e do mundo que o
cerca. Ele, diferente dos outros seres criados por Deus, possui a capacidade de re-
fletir sobre sua própria humanidade, sendo esse um dos aspectos que o levam a ser
chamado imagem de Deus. O Criador é plenamente consciente a respeito de quem
Ele é e foi da sua vontade compartilhar essa característica com o homem. Portanto,
a humanidade é formada por indivíduos autoconscientes e imbuídos de personalida-
des únicas. Esse é um dos motivos que torna o homem um ser semelhante a Deus
Segundo Aspecto
O homem foi criado para viver em comunidade, assim como o Criador. Deus é tri-
no, ele é Pai, Filho e Espírito Santo, e por dispor de plena comunhão em si mesmo,
criou o homem, para que também pudesse participar dessa realidade. Ao incluir o
homem na comunhão harmônica existente na Trindade, Deus é glorificado.
Adão vivia só no jardim, mas vejamos o que Deus diz a esse respeito:
“Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; eu lhe
farei uma ajudadora que lhe seja adequada. (Gn 2.18)
63
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Terceiro Aspecto
O terceiro aspecto da imagem de Deus sendo refletida no ser humano é o que
podemos chamar de corregência ou cocriação. Deus depositou no homem a capa-
cidade de criar e governar, habilidades essas que não foram compartilhadas com os
outros seres da criação.
Deus criou o homem e estabeleceu com ele uma aliança. A obediência de Adão
não se dava apenas por uma submissão a leis impessoais, mas pela fidelidade ao
relacionamento que existia entre Criador e criatura. É possível perceber que havia
uma aliança entre os dois, as ordens dadas por Deus não eram direcionadas a Adão
por ele desempenhar seu papel de maneira correta, mas porque vivia uma vida de
confiança em Deus. Ao andar com Deus, Adão aprendia a exercer seu papel dentro
da criação, portanto, os dois cultivavam uma relação de discipulado. Cada passo
que Adão dava com Deus o levava a aprender como caminhar e agir como o Criador
agia, para que dessa forma pudesse exercer sua função de cocriador e corregente.
A obediência de Adão e a confiança que depositava em Deus eram um treinamento
para que ele viesse a governar a criação, essa era a relação que a raça humana tinha
com seu Criador no princípio.
Adão e Eva não eram, em certo sentido, seres perfeitos quando foram criados por
Deus, tendo em vista que eram limitados e não haviam alcançado plena maturida-
de. Eles participavam do que é possível chamar de mal metafísico, pois não eram
maus, contudo, eram limitados. É importante frisar que Deus não falhou ao criar
o homem, gerando um ser defeituoso e por isso ele pecou, de acordo com Albert
M. Wolters, “o pecado, uma invasão alienígena à criação, é completamente estranho
ao propósito de Deus para as suas criaturas. Ele não foi planejado; não pertence à
criação.”2
Portanto, Deus criou o homem para que expandisse seus conhecimentos e habi-
lidades ao longo do tempo, fato que aconteceria à medida em que ele seguisse as
ordens do Criador.
2. WOLTERS, Albert M. A criação restaurada: Base bíblica para uma cosmovisão reformada.
São Paulo: Cultura Cristã, 2006. p. 68.
64
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
O ENGANO
Um ponto importante a ser dito sobre a queda é que Eva foi enganada pela serpen-
te. As Escrituras deixam claro que Eva foi enganada, enquanto Adão pecou de for-
ma consciente. O fato de Eva ter sido enganada revela que, possivelmente, dentro
de seu coração era nutrida uma desconfiança de Deus. A serpente se aproveitou e
alimentou essa desconfiança para o sucesso de seus objetivos malignos. Esse enga-
no pode ser dividido em cinco estágios, vistos em Gênesis 3.
Contudo, Deus jamais havia proibido o consumo das árvores do jardim, sua ordem
era direcionada apenas à árvore do bem e do mal:
Porém, como podemos ver em Gênesis 2.17, Deus não havia proibido o homem de
tocar no fruto.
65
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
“Na verdade, Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos
olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.” ( Gn 3.5)
“Então, vendo a mulher que a árvore era boa para dela comer, agra-
dável aos olhos e desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto,
comeu e deu dele a seu marido, que também comeu.” (Gn 3.6)
O PECADO DE ADÃO
Não existe nenhuma explicação clara sobre os motivos que levaram Adão a pecar,
porém, é possível levantar três teorias diferentes a respeito desse assunto:
Primeira teoria
O simples desejo por independência e a crença nas suas próprias habilidades leva-
ram Adão a pecar, ou seja, a possibilidade de comer do fruto não era um pensamen-
to novo. A oferta de Eva foi uma oportunidade de realizar o que já estava em seu
66
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
coração. Quando a Bíblia diz que a mulher comeu o fruto, logo em seguida ela o
ofereceu ao seu marido que rapidamente aceitou. É possível deduzir que Adão en-
contrava-se próximo a Eva, uma vez que ela não precisou se deslocar para oferecer
o fruto. Portanto, segundo essa teoria concluímos que Adão acompanhou a cena de
Eva sendo enganada e foi omisso. Talvez Adão já houvesse decidido, em seu cora-
ção, se rebelar contra o Criador e confiar em sua própria força, influenciado pelo
desejo de ser igual a Deus, porém independente.
Segunda Teoria
Adão pecou por idolatrar sua mulher. Ele desejou ser fiel a Eva, colocando-a no lu-
gar de Deus e por isso foi omisso. Adão não hesitou em pecar, ainda que diante da
possibilidade de perder sua mulher para o pecado cometido por ela.
Terceira Teoria
Essa teoria relaciona as duas citadas acima. De acordo com ela, existia em Adão um
desejo por independência, portanto, ao perceber a oportunidade que sua omissão
criou, ele decidiu apoiar as ações de Eva. Dessa forma ele não perderia sua mulher
e seguiria o caminho que seu coração ansiava. Esse episódio é semelhante ao que
narra a história do rei Acabe e da rainha Jezabel. Acabe era um homem mal e omis-
so diante das ações pecaminosas de sua mulher. Ele via nas ações de Jezabel uma
forma de legalizar os anseios ruins de seu coração.
As dores de parto
Um dos resultados da queda recaíram sobre a mulher. Deus proferiu o juízo conde-
nando as mulheres a gerar vida por meio de dores.
Tensão relacional
Deus determinou que o desejo da mulher seria para o seu marido e ele a dominaria.
Tal decreto revela que as mulheres, posteriores a Eva, continuariam a agir no mes-
mo padrão de independência e manipulação. Assim como os homens, posteriores a
Adão, continuariam a agir de forma omissa. Um outro resultado da queda se revela
67
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
no fato do homem tentar dominar a mulher por meio da força e opressão, não por
meio de uma autoridade correta.
Quando olhamos para a história de Caim e Abel, é possível perceber que essa ten-
são relacional sobe de nível. Ela não diz respeito apenas aos sexos opostos, mas à
humanidade como um todo. Como exemplo disso podemos citar o relato de Lame-
que, que descreve os assassinatos cometidos por ele sem apresentar qualquer re-
morso³. Essa tensão permeia toda e qualquer relação humana, crescendo em níveis
cada vez maiores de crueldade, corrupção e violência.
O trabalho árduo
Um outro aspecto a ser citado, como resultado negativo da queda, é o trabalho
árduo e improdutivo. O esforço do homem parece nunca corresponder ao resulta-
do obtido. O fruto parece infinitamente menor do que o esforço depositado para
alcançá-lo.
“E disse para o homem: Porque deste ouvidos à voz da tua mulher e co-
meste da árvore da qual te ordenei: Não comerás dela; maldita é a terra
por tua causa; com sofrimento comerás dela todos os dias da tua vida.
Ela te produzirá espinhos e ervas daninhas; e terás de comer das plantas
do campo.” (Gn 3.17,18)
A morte
A consequência final da queda é a morte, a partir daquele momento a humanidade
estaria fadada a lidar com a efemeridade de suas vidas. O pecado condenou os ho-
mens a retornar ao pó, o mesmo pó que pela graça de Deus os gerou.
“Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela
foste tirado; porque és pó, e ao pó tornarás.” (Gn 3.19)
3. Gn 4.23
68
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Tudo é vaidade
Tudo que foi criado por Deus para sua glória, tornou-se vazio de sentido aos ho-
mens, pois eles buscam encontrar na criação uma forma de satisfazer suas almas.
No livro de Eclesiastes o autor fala que “tudo é vaidade”4, ou seja, tudo que Deus
criou para a glória do seu nome e para o desfrute dos homens, são tidas como vãs,
pois não possuem a mesma glória que havia no princípio. O homem vive em busca
da glória que inundava a criação no princípio, contudo ele não a encontra, uma
vez que o pecado ofuscou a beleza que habitava na criação. Por não encontrar o
anseio mais profundo de sua alma, o homem afunda-se no desespero, tornando-se
dominador e explorador de tudo que Deus criou, porém está sempre consciente da
seguinte verdade: tudo é vaidade!
Ainda sobre isso, vejamos um trecho do livro “Evangelho Explícito”:
No final, não existe nada debaixo do sol que traga realização eterna.
Temos de olhar além do Sol. O sulco de nossos corações não pode ser
preenchido com o que é temporal. Exige a eternidade. Portanto, nos-
sa própria busca por mais e mais, cada vez maior, cada vez melhor, é o
nosso sentimento de que algo está fora, defeituoso, deformado e que-
brado. No mesmo sentido que a morte, a dor e o sofrimento dizem-
-nos que algo no mundo está quebrado, a nossa busca insaciável nos
diz que algo maior que a própria terra está faltando em nossa alma.5
O caos
O último resultado da queda é o caos que se instaurou na criação. O mundo criado
por Deus se tornou um lugar mal e hostil. Os desastres naturais, a guerra entre os
animais, a guerra entre os homens, a exploração desenfreada, todas essas coisas
apontam para uma realidade caótica. Segundo Albert M. Wolters:
Não apenas a raça humana, mas também todo o mundo não huma-
no foi afetado pelo fato de Adão não atender aos mandamentos e à
advertência explícita de Deus. Os efeitos do pecado tocaram toda
a criação; toda coisa criada está, em princípio, tocada pelos efeitos
corrosivos da queda.6
4. Ec 1.2
5. WILSON, Jared. CHANDLER, Matt. Evangelho Explícito. São José dos Campos, SP: Editora
Fiel, 2013. p. 153.
6. WOLTERS, Albert M. op. cit., p. 63.
69
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
CONCLUSÃO
O pecado dilacerou o mundo criado por Deus, porém, haverá um dia em que a
Terra será governada por aquele que trará ordem ao caos existente no interior do
homem e no mundo em que habita.
7. Is 6.3
8. WILSON, Jared. CHANDLER, Matt. op. cit. p 151.
70
Aula 7
v.1.0.0
A REDENÇÃO
Esta é a nossa penúltima aula e agora estamos nos encaminhando para a conclusão
desta disciplina. Na primeira metade das aulas, vimos o evangelho de uma perspec-
tiva antropológica, ou seja, olhamos para a mensagem das boas novas do ponto de
vista humano, como o homem percebe, reage e é atingido pelo evangelho. Da me-
tade para o fim, nossa missão tem sido conhecer o aspecto cosmológico do evan-
gelho, reconhecendo de que forma ele atinge e transforma todo o cosmo criado.
Estas duas perspectivas deixam claro que o desenvolvimento do plano de Deus
na terra, revelado nas Escrituras, está diretamente relacionado e é permeado pela
mensagem central do evangelho. Entretanto, há uma tendência em pensarmos no
evangelho apenas como uma porta de entrada para a vida cristã. Porém, enxergar-
mos as boas novas como uma mensagem destinada somente aos novos convertidos
71
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
O EVANGELHO DO REINO
"E este evangelho do reino será pregado pelo mundo inteiro, para teste-
munho a todas as nações, e então virá o fim." (Mt 24.14)
1. WILSON, Jared. CHANDLER, Matt. Evangelho Explícito. São José dos Campos, SP: Editora
Fiel, 2013. p. 161.
2. Mt 4.17
3. Is 65.17
4. 1 Co 15.28
5. 1 Co 15.52
6. Ap 20.11-12
7. Ap 21.1
8. Ap 22.1-5
72
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Essa é a mensagem do reino de Deus que deve ser proclamada a todas as nações.
E, segundo o próprio significado etimológico do nome evangelho, essa mensagem
traz consigo boas notícias. Essas boas novas trata-se da salvação em Cristo, mas
também da restauração de todas as coisas criadas.
O EVANGELHO DO REINO E
O CHAMADO PEREGRINO
Embora o cristão seja agraciado pela salvação, sua salvação individual não serve
para posicioná-lo a cumprir seu propósito diante do alvo universal de Deus. Há
uma jornada a ser percorrida, pois não é suficiente apenas ser salvo, é necessário
73
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
O EVANGELHO DO REINO E O
DISCIPULADO MESSIÂNICO
"Por isso não nos desanimamos. Ainda que o nosso exterior esteja se des-
gastando, o nosso interior está sendo renovado todos os dias. Pois nossa
tribulação leve e passageira produz para nós uma glória incomparável,
de valor eterno, pois não fixamos o olhar nas coisas visíveis, mas naque-
9. 1 Pe 2.11
74
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
las que não se veem; pois as visíveis são temporárias, ao passo que as que
não se veem são eternas." (2 Co 4.16-18)
As pessoas, no geral, gostam de ouvir boas histórias. E uma boa narrativa, seja
em filmes, livros ou séries, conta histórias de pessoas que se envolvem em um
propósito maior que suas próprias vidas. Esse envolvimento permite-lhes que
sejam capazes de fazer sacrifícios em prol do alvo maior que está diante delas.
Contribuir para o cumprimento deste alvo, apesar dos sacrifícios que envolvem o
objetivo final, produz uma satisfação pessoal e um senso de sentido. Isto se dá pelo
fato de ver a sua vocação, o seu chamado e missão pessoais contribuindo para a
realização do propósito que é maior que suas próprias vidas.
Desta forma, se há ainda alguma dificuldade e resistência na vida do crente que o
impede de viver sacrifícios e sofrimentos em prol da causa do evangelho, isso pro-
vém da falta de uma visão clara do propósito eterno.
O evangelho do reino é a narrativa que nos dará o entendimento correto para tri-
lharmos a jornada de peregrinação que nos é proposta, e que permitirá que vivamos
10. Fp 4.12
11. Rm 8.23
75
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
uma vida como a dos heróis da fé, em Hebreus 11. Olhar para a estrutura do desen-
volvimento do plano de Deus nas Escrituras é o que nos trará visão e aumentará
nossa fé no cumprimento glorioso do seu propósito.
Embora muitos crentes tenham dúvidas sobre qual seu verdadeiro chamado e vo-
cação, se observarmos atentamente há, diante de nós, um chamado claro para ser-
mos representantes e embaixadores do reino vindouro12. E participar deste reino
é infinitamente superior a qualquer prazer, sucesso ou realização que podemos ter
nesta era.
Os autores do livro "O Evangelho Explícito", declaram:
Portanto, independentemente de qual atividade está sendo exercida por você neste
momento e de seu papel vocacional, o Senhor te convida a abraçar sua identidade
vindoura, por meio de Cristo, de ser um rei e sacerdote.
REIS E SACERDOTES
12. 2 Co 5.20
13. WILSON, Jared. CHANDLER, Matt. op. cit. p 1175.
14. 1 Pe 1.19
76
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
SACERDOTES
"Os sacerdotes levitas e toda a tribo de Levi não terão parte nem herança
com Israel. Comerão das ofertas queimadas ao SENHOR e da herança
dele. Não terão herança entre seus irmãos; o SENHOR é a sua herança,
como lhes disse." (Dt 18.1,2)
77
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Veja que não há recompensa para o sacerdote nesta era, sua herança é o Senhor. Os
sacerdotes são peregrinos que aguardam o verdadeiro galardão, sua herança real,
que não está relacionada apenas à terra, mas ao Deus que habita nela.
Da mesma forma, nós não devemos esperar qualquer tipo de recompensa ou heran-
ça nesta terra. Não há nada que o sistema deste mundo possa nos oferecer. Nossa
esperança está no reino vindouro!
REIS
15. Fp 2.6
16. Jo 13.12
78
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
17. Mc 10.43-45
79
O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
A consequência de viver este estilo de vida é que, certamente, quem segue o siste-
ma deste mundo irá interpretá-lo mal e, raramente, isso produzirá alguma honra ou
glória no tempo presente. Talvez produza até perseguição e martírio. Mas a questão
é que servir desta forma, testemunha e aponta para o reino de Deus. Consequen-
temente, pessoas têm seus olhos abertos e suas vidas transformadas à medida que
são transportadas do império das trevas para dentro do reino do Filho do seu amor.
4º - Reinar é exercer julgamento:
O papel de um rei não diz respeito somente ao governo ou a tomada de decisões
e direções. Biblicamente, um rei é chamado para julgar as causas do povo. Desta
forma, nossa identidade como reis está relacionada à função de exercer julgamento
sobre pessoas, situações e até mesmo, sobre a criação.
Há uma mentalidade enraizada em alguns, que diz: "não devemos julgar uns aos
outros". O que não se deve pensar, no entanto, é que sua vida pode servir individu-
almente como régua de medir, como padrão para o enquadramento dos que estão
ao seu redor. Contudo, a Bíblia convoca a igreja a exercer juízo, primeiramente,
inclusive, no seu próprio meio.
Vamos analisar atentamente a exortação de Paulo à igreja de Corinto:
Paulo está criticando aquela igreja porque os seus membros não exerciam a sua
função governamental de julgar as causas que aconteciam no meio deles. Portanto,
nós não devemos julgar como indivíduos, mas como corpo de Cristo nós devemos
exercer essa função.
Greg Gilbert diz, no livro "O que é o Evangelho", que: "A igreja é a arena que Deus
escolheu para, acima de tudo, exibir sua sabedoria e a glória do evangelho."18
18. GILBERT, Greg. O que é o evangelho?. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2015. p.132.
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Por que, então, devemos exercer juízo apenas como corpo de Cristo? Vejamos a
seguir características dessa posição:
O corpo de Cristo
1. Nele há uma união mística e orgânica com Deus.
2. Nele há diferentes funções e diferentes dons.
3. Nele há comunhão pessoal e interdependência.
a) No corpo de Cristo cada membro é ligado ao Cabeça – Cristo.
b) No corpo de Cristo os membros têm uma relação de submissão e de-
pendência uns dos outros.
5º - O reinado sacerdotal:
Quando o corpo de Cristo exerce juízo a um indivíduo, ele não deve fazê-lo para
que haja desprezo ou rejeição da pessoa julgada. A intenção deve ser zelar pelos
padrões bíblicos do reino de Deus no meio do seu povo.
Logo, no contexto da exortação é que Paulo declara: "Com esse homem não deveis
nem sequer comer."19, ele não está incentivando a rejeição de irmãos, ele está discer-
nindo quem faz ou não, verdadeiramente, parte do corpo de Cristo.
A grande questão é que se não entendermos nosso papel sacerdotal como identi-
dade primária, o julgamento que será exercido dentro da igreja, se estiver fora do
contexto de comunhão com Deus, será um julgamento turvo, manchado e conta-
minado.
Observe o que Paulo fala à igreja em Éfeso:
19. 1 Co 5.11b
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
A Noiva de Cristo
A identidade de Noiva é o cumprimento do propósito da humanidade.
a) Ser noiva é uma posição e nada tem a ver com feminilidade.
b) Como auxiliar, ela é uma corregente.
c) Ela tem acesso ao governo e à intimidade.
Portanto, o nosso entendimento a respeito do evangelho do reino de Deus deter-
minará se conseguimos, de fato, compreender o que significa a redenção que há em
Cristo. Logo, a finalidade deste estudo e a sua conclusão, resume-se nas palavras
de Jesus aos seus discípulos em Mateus, capítulo 28: conhecido por todos como a
Grande Comissão.
A GRANDE COMISSÃO
20. Mt 16.25
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
desaprovados e tenham prejuízos neste tempo, ainda assim eles o fazem porque tem
revelação do que é, verdadeiramente, valioso no reino.
O convite: um chamado ao martírio
Conforme vimos anteriormente, faz parte da grande comissão testemunhar do rei-
no vindouro. Ser testemunha, no sentido original da palavra, significa tornar-se
mártir. Ou seja, testemunhar do reino não é apenas morrer para este mundo, mas
é, principalmente, morrer em favor deste mundo. Para que aqueles que ainda não
conhecem a mensagem da redenção possam vê-la através do testemunho dos dis-
cípulos de Cristo.
O chamado: fazer discípulos
Talvez você tenha dúvidas sobre qual é o seu chamado, em qual área você irá atu-
ar ou para que você é vocacionado. No entanto, quando Jesus declarou aquelas
palavras em Mateus, capítulo 28, ele deixou claro o seu desejo: façam discípulos.
Por isso, qualquer cristão, independentemente do que exerce como atividade, deve
ter como foco discipular as pessoas ao seu redor através do testemunho de um es-
tilo de vida que aponte para a vinda do rei e do reino.
O alvo: alcançar todas as nações
O objetivo da grande comissão é que todas as nações sejam alcançadas pela pre-
gação e testemunho do evangelho do reino. Todas as nações englobam diversas
etnias, tribos, culturas, línguas e nichos sociais. E é por este motivo que nós não
devemos limitar o reino de Deus à nossa "cultura evangélica". A igreja precisa reno-
var sua mente e buscar transmitir o evangelho das formas mais variadas possíveis.
Pois, embora a mensagem seja uma, as formas de compartilhá-la podem e devem
ser diversas para que todas as nações sejam, de fato, alcançadas.
O seu lugar na grande comissão
Portanto, o seu questionamento deve ser: "onde e para quem eu fui chamado a
testemunhar e anunciar esta mensagem?". Este é o cerne da nossa ação diante da
mensagem do reino de Deus.
PREPARANDO O CAMINHO
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
CONCLUSÃO
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Aula 8
v.1.0.0
A
CONSUMAÇÃO
"Pois crio novos céus e nova terra; e as coisas passadas não serão lem-
bradas, nem serão mais recordadas." (Is 65.17)
Nesta última aula da disciplina "O Evangelho de Deus", vamos estudar sobre o último
aspecto do evangelho do reino: a consumação de todas as coisas. É importante ter em
vista que assim como toda boa narrativa, o evangelho tem uma conclusão. Cada parti-
cularidade da história do plano de Deus aponta para o fim que o Senhor já decretou.
Além disso, algo que tem sido pontuado até aqui é que as boas novas se tratam de
uma narrativa com diversas partes que juntas e integradas formam o todo. Ou seja,
o evangelho não está completo quando se aborda apenas um aspecto em detrimen-
to de outro. Por isso, vamos revisar o que estudamos até aqui:
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
O EVANGELHO
1. Deus 1. Criação
2. Homem 2. Queda
3. Cristo 3. Redenção
4. Resposta 4. Consumação
Estes oito aspectos do evangelho deixam claro qual é a mensagem que Deus tem
para nós por meio das boas novas. Portanto, meditar em cada um deles é funda-
mental. Primeiro, para termos uma correta compreensão do alvo que está diante
de nós e, em seguida, conhecermos como nossas vidas, individual e coletivamente
contribuem para o plano redentivo de Deus.
Desta forma, nenhum aspecto deve ser negligenciado ou enfatizado mais do que
outro. O evangelho é uma mensagem completa quando aborda cada um desses oito
pontos. Vejamos o que acontece quando há uma ênfase maior de um aspecto em
detrimento do outro:
Enfatizando o aspecto pessoal em detrimento do aspecto cósmico:
O perigo iminente e, por vezes, até sutil, de enfatizar os quatro primeiros aspectos
pessoais das boas novas é torná-lo um evangelho excessivamente centrado no homem.
Logo, é uma mensagem que responde e supre apenas questões de âmbito pessoal, por
exemplo: como as necessidades da minha vida podem ser supridas em Deus?
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Dar essa ênfase pode fazê-lo negligenciar a missão de Deus. Visto que uma visão
correta do evangelho o inclui na participação ativa do que Deus está fazendo na
história a partir daquilo que ele está fazendo em sua vida individualmente.
A CRUZ NO CENTRO
Vejamos a seguir o que Greg Gilbert declara em seu livro "O Que é o Evangelho?":
E ainda:
1. GILBERT, Greg. O que é o evangelho? São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2015. p.145.
2. GILBERT, Greg. op. cit., p. 145.
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
A IMPORTÂNCIA DA ESCATOLOGIA
O que é escatologia?
A escatologia é o estudo que diz respeito ao fim de todas as coisas. E embora o
intuito nesta aula não seja estudarmos exaustiva e sistematicamente este assunto (o vere-
mos mais à frente no curso), é importante pontuar aqui sua relevância dentro do evangelho.
Pense na figura do casamento: uma noiva que não se interessa pelo dia e pelos
eventos que antecedem sua união com o noivo, é como um cristão que não se
interessa pela volta de Jesus e pelo fim dos tempos.
Os apóstolos viviam com a convicção profunda de que veriam, ainda em vida, os
acontecimentos escatológicos se cumprirem. Isso não aconteceu, mas precisamos
entender que os assuntos escatológicos devem despertar em nós a esperança e a
expectativa de que Deus concluirá plenamente o seu plano.
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Os autores do livro "O Evangelho Explícito"³ citam Anthony Hoekema em seu livro
"A Bíblia e o Futuro"4 para reforçar a importância do correto entendimento sobre
o ensino das coisas do fim. Nele, Hoekema diz haver três razões principais para
compreender a respeito da doutrina da consumação:
A PROMESSA DA RESSURREIÇÃO
3. WILSON, Jared. CHANDLER, Matt. Evangelho Explícito. São José dos Campos, SP: Editora
Fiel, 2013.
4. HOEKEMA, Anthony. A Bíblia e o Futuro. Cambuci, SP: Editora Cultura Cristã, 2019.
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
Esta disciplina chama-se "O Evangelho de Deus" e, desde o começo das aulas, es-
tamos definindo as boas novas como uma mensagem ampla, com múltiplas partes
que compõem o todo. Neste sentido, precisamos entender que o evangelho não é
uma mensagem apenas para livrar almas do inferno.
O objetivo de Deus, demonstrado através do evangelho, não é nos levar a viver
como um espírito desencarnado por toda a eternidade. Pelo contrário, Deus criou
o homem e o colocou no Jardim do Éden para que ele vivesse ali, cultivando a terra,
servindo a Deus e tendo comunhão com o Altíssimo.
Mesmo após a queda5 e, embora Adão tenha pecado e ido contra a vontade do Se-
nhor, ainda assim Deus permanece com seu propósito original. Ou seja, o que foi
estabelecido no princípio será consumado no fim.
Cristo morreu e ressuscitou para que o objetivo inicial de Deus — de ter comu-
nhão com o homem — fosse novamente possível. Nossa comunhão não é apenas
em espírito, nossas almas e corpos serão regenerados para que adoremos o Senhor
com tudo que somos. Por isso, Cristo foi o primeiro a ressurgir dos mortos e a sua
ressurreição garante a nossa.
Na ocasião em que Jesus voltar para estabelecer o seu reino na terra ele trará juízo e
condenação para os ímpios, mas não fará somente isto. Também trará recompensa
para os justos que estiverem vivos e para os justos que andaram com Deus durante
suas vidas e morreram na esperança da ressurreição. Dentre eles: Abraão, Isaque,
Jacó e tantos outros que passaram pela história. E para que ele possa fazer isso ele
irá ressuscitar esses justos dentre os mortos.
Na ressurreição, todos os justos terão seus corpos renovados pela glória de Deus,
serão livres da influência do pecado, revestidos de imortalidade e, consequente-
mente, viverão para sempre em plena comunhão com ele.
3. A esperança da ressurreição
Nosso corpo apresenta limitações por ter sido contaminado pelo pecado. Da mes-
ma forma, nossa mente sofre ataques por desejos distorcidos e corrompidos. No
5. Gn 3.6-8
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6. Hc 2.14
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A CONSUMAÇÃO E A CRIAÇÃO
"Porque a criação ficou sujeita à inutilidade, não por sua vontade, mas
por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que também a própria
criação seja libertada do cativeiro da degeneração, para a liberdade da
glória dos filhos de Deus. Pois sabemos que toda a criação geme e ago-
niza até agora, como se sofresse dores de parto; e não somente ela, mas
também nós, que temos os primeiros frutos do Espírito, também gememos
em nosso íntimo, aguardando ansiosamente nossa adoção, a redenção do
nosso corpo." (Rm 8.20-23)
7. Gn 1.28
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A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
O GOVERNO MESSIÂNICO
O governo messiânico sobre a terra corresponde ao período de mil anos que será
inaugurado com o retorno de Jesus. Esse período é conhecido como Milênio. Nes-
te tempo, Jesus libertará a sua criação do cativeiro e da influência do pecado, e
restaurará cada coisa ao seu propósito original de perfeição.
Neste período de restauração de todas as coisas, os que tiverem seus corpos glorifi-
cados também irão governar e reinar sobre a terra, servindo a criação para que esta
glorifique o nome de Deus.
Durante os mil anos de reinado e governo do Messias, ele restaurará tudo aquilo
que foi manchado pelo pecado em todo o período da história desde a queda do ho-
mem. Esse é o alvo de Jesus durante este período.
Na consumação de todas as coisas, os rios que hoje estão poluídos serão purifica-
dos, a corrupção será aniquilada, a justiça será ordenada e toda a criação conviverá
em harmonia plena. Veja o que o profeta Isaías profetizou sobre este período:
"A justiça será o cinto do seu peito, e a fidelidade, o cinto de sua cintura.
O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito.
O bezerro, o leão e o animal de engorda viverão juntos; e um menino
pequeno os conduzirá. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias
se deitarão juntas; e o leão comerá palha como o boi. A criança de peito
brincará sobre a toca da cobra, e a desmamada porá a mão na cova da
víbora. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte,
porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas
cobrem o mar.” (Is 11.5-9)
Este é o desejo de Deus: ver sua criação restaurada e cheia da sua glória. Jesus irá
redimir a terra para o Pai, mas a mensagem do evangelho nos conclama a participar
com ele desta missão. O seu povo santo, que abraçou as boas novas do evangelho e
foi primeiramente alvo da sua redenção, irá governar e reinar juntamente com ele.
Não subjugando e dominando a criação, mas servindo a ela para que o seu nome
seja glorificado por meio do seu testemunho entre as nações.
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O EVANGELHO DE DEUS
A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
"Então vi um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira
terra já se foram, e o mar já não existe. Vi a cidade santa, a nova Jerusa-
lém, que descia do céu, da parte de Deus, enfeitada como uma noiva pre-
parada para seu noivo. E ouvi uma forte voz, que vinha do trono e dizia:
O tabernáculo de Deus está entre os homens, pois habitará com eles. Eles
serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles." (Ap 21.1,2)
Ou seja, céus e terra vão ser uma só coisa. O lugar da habitação de Deus estará entre
nós e o trabalho feito pelo governo de Cristo e dos seus redimidos permitirá que o
Pai habite em nosso meio.
Experimentaremos os novos céus e a nova terra e tudo o que há de bom em am-
bos, o que glorifica a Deus, será potencializado na consumação, para produzir mais
glória ainda para ele. Ou seja, a terra não será semelhante ao céu ou vice-versa. Na
verdade, a experiência futura da consumação de todas as coisas unirá a realidade
de tudo aquilo que Deus criou na terra e viu que era bom com tudo aquilo que é
glorioso no céu.
Portanto, a experiência vindoura da consumação é algo totalmente diferente do
que já foi vivido até aqui. E isso não significa que o homem perderá a sua humani-
dade e o que desfruta de bom hoje. Pelo contrário, significa que o prazer que Deus
permite que desfrutemos em nossas vidas será aperfeiçoado e potencializado para
que, em tudo, a sua glória seja vista.
8. Hb 11.10
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A boa nova de uma perspectiva pessoal e cósmica
O EVANGELHO E A CONSUMAÇÃO
Essa realidade tão almejada — por Deus e por nós — começa com a mensagem do
evangelho. As boas novas transformam primeiro o interior do homem e depois se
expandem transformando as pessoas, as comunidades, cidades e até nações intei-
ras, através de um serviço que aponta para o reino de Deus.
O fim desse plano, ou o que estamos chamando de consumação, consiste na reden-
ção de toda a realidade ao nosso redor. E é justamente através do evangelho que
conhecemos quem é esse Deus maravilhoso que irá redimir todas as coisas, qual é a
realidade vindoura que nos aguarda e o que devemos fazer diante desta mensagem.
O evangelho de Deus é o evangelho que nós queremos investigar, estudar e continuar
nos aprofundando. Essa é a mensagem que desejamos que seja conhecida em toda terra.
Portanto, ao sermos alvo das boas novas, há somente uma resposta a esta mensa-
gem: confiar no Deus que é poderoso o suficiente para concretizar, em plenitude,
a redenção dessa terra e de toda a humanidade caída.
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