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UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE "SISTEMA" PARA ESTIMAR OS NÍVEIS DE


DESEMPENHO DE UM CIRCUITO DE TESTE DE COMANDO HIDRÁULICO DE
ACORDO COM A NORMA ISO 13849

Conference Paper · December 2022

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Victor Dias de Souza Alexandre Andrade


Universidade Federal do ABC (UFABC) Universidade Federal do ABC (UFABC)
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Fernando Gasi
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UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE “SISTEMA” PARA
ESTIMAR OS NÍVEIS DE DESEMPENHO DE UM
CIRCUITO DE TESTE DE COMANDO HIDRÁULICO
DE ACORDO COM A NORMA ISO 13849
Victor Dias de Souza – siegersouza94@gmail.com
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC - UFABC

Alexandre Acácio de Andrade– aacacio@ufabc.edu.br


UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC - UFABC

Fernando Gasi – fernando.gasi@ufabc.edu.br


UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC - UFABC

ÁREA: 5 - ENGENHARIA DO PRODUTO


SUBÁREA: 5.3 - PLANEJAMENTO E PROJETO DO PRODUTO

RESUMO: ESTE ARTIGO TEM COMO OBJETIVO UTILIZAR O SOFTWARE


“SISTEMA”, UMA FERRAMENTA GRATUITA DISPONIBILIZADA PELA IFA (INSTITUTE
FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH OF THE GERMAN SOCIAL ACCIDENT
INSURANCE), PARA DETERMINAR O NÍVEL DE DESEMPENHO REQUERIDO PARA
UM SISTEMA DE TESTE DE REPETIBILIDADE E FADIGA DE UM COMANDO
HIDRÁULICO VOLTADO PARA O CONTROLE DE FLUÍDOS EM CIRCUITOS DE
MÁQUINAS MÓVEIS. A ÚLTIMA REVISÃO DA NORMA REGULAMENTADORA N°12
(NR-12), REFERENTE À SEGURANÇA DE MÁQUINAS, PASSOU A ACEITAR NORMAS
TÉCNICAS DE SEGURANÇA FUNCIONAL MAIS RECENTES E ABRANGENTES, TAIS
COMO A NBR ISO 13849, E VISTA A COMPLEXIDADE PARA A ESPECIFICAÇÃO DOS
SISTEMAS, SOFTWARES PASSARAM A SER PROTAGONISTAS NO AUXÍLO AOS
PROJETISTAS PARA A CORRETA DEFINIÇÃO DOS SISTEMAS DE SEGURANÇA. O
ARTIGO SEGUE SEQUÊNCIALMENTE AS ETAPAS PARA A DEFINIÇÃO DE UM
SISTEMA DE SEGURANÇA, INDO DESDE A ESPECIFICAÇÃO DA FUNÇÃO DE
SEGURANÇA, DEFINIÇÃO DA CATEGORIA DE DESEMPENHO, ATÉ A VALIDAÇÃO DO
SISTEMA ATRAVÉS DE CÁLCULOS DE TEMPOS ESTIMADOS DE FALHA, SENDO
POSSÍVEL CONCLUIR SATISFATORIAMENTE A ESTIMATIVA DOS NÍVEIS DE
DESEMPENHO DO PROJETO EM QUESTÃO, GERANDO AO FIM UM RELATÓRIO
COM TODOS OS DADOS INFORMADOS PARA O SISTEMA.

PALAVRAS-CHAVES: ISO 13849; SEGURANÇA FUNCIONAL; NR-12; SOFTWARE


SISTEMA; COMANDO HIDRÁULICO.
XXIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Resiliência na Cadeia de Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2022

USAGE OF “SISTEMA” SOFTWARE TO


DETERMINE THE PERFORMANCE LEVEL OF A
MOBILE MANIFOLD VALVE TEST SYSTEM IN
ACCORDANCE WITH THE ISO 13849 STANDARD
ABSTRACT: THIS PAPER AIMS TO USE THE "SISTEMA" SOFTWARE, A FREE TOOL
PROVIDED BY IFA (INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH OF THE
GERMAN SOCIAL ACCIDENT INSURANCE), TO DETERMINE THE REQUIRED
PERFORMANCE LEVEL OF A REPEATABILITY AND FATIGUE TEST SYSTEM FOR A
MOBILE MANIFOLD VALVE INTENDED FOR FLUID CONTROL IN MOBILE
MACHINES. THE LATEST REVISION OF REGULATORY STANDARD NO.12 (NR-12),
RELATED TO MACHINERY SAFETY, STARTED TO ACCEPT MORE RECENT AND
COMPREHENSIVE FUNCTIONAL SAFETY TECHNICAL STANDARDS, SUCH AS NBR
ISO 13849, AND GIVEN THE COMPLEXITY FOR THE SPECIFICATION OF THE
SYSTEMS, SOFTWARE HAS BECOME A PROTAGONIST IN HELPING DESIGNERS TO
CORRECTLY DEFINE THE SAFETY SYSTEMS. THE ARTICLE FOLLOWS
SEQUENTIALLY THE STEPS FOR THE DEFINITION OF A SAFETY SYSTEM, GOING
FROM THE SPECIFICATION OF THE SAFETY FUNCTION, DEFINITION OF THE
PERFORMANCE LEVEL, UNTIL THE VALIDATION OF THE SYSTEM THROUGH
CALCULATIONS OF ESTIMATED TIME TO FAILURE, BEING POSSIBLE TO
CONCLUDE SATISFACTORILY THE ESTIMATE OF THE PERFORMANCE LEVELS OF
THE PROJECT, GENERATING AT THE END A REPORT WITH ALL THE DATA
INFORMED FOR THE SYSTEM.

KEYWORDS: ISO 13849; FUNCTIONAL SAFETY; NR-12; SOFTWARE SISTEMA;


MOBILE MANIFOLD VALVE.

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1. INTRODUÇÃO

No Brasil, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) é o conjunto de normas


responsável pela regulamentação das relações entre trabalhadores e suas respectivas empresas
(CAMPOS, 2013), sendo também referendadas dentro da CLT diversas Normas
Regulamentadoras (NR), regras obrigatórias que definem os requisitos técnicos e legais
mínimos de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO) dentro das empresas (PEINADO, 2012).
Dentre as NRs em vigor, a Norma Regulamentadora 12 (NR-12) é a norma responsável por
definir os requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho no projeto
e utilização de máquinas e equipamentos, passando esta a admitir em sua última revisão a
norma técnica ABNT NBR ISO 13849, partes 1 e 2, para a adequação dos sistemas de
controle projetados para desempenhar funções de redução de risco (Safe Related Parts of
Control System - SRPCS) (BRASIL, 2019). Até então, a norma de referência em vigor era a
ABNT NBR 14153, uma norma nacional baseada na norma europeia EN 954, a qual foi
descontinuada na Europa em 2009, mas adotada como em presunção de conformidade (válida
para atender a legislação da União Europeia) até o final de 2011 (COMISSÃO EUROPEIA,
2009).
A norma ABNT NBR ISO 13849 traz critérios mais rigorosos para a definição dos
sistemas de segurança, além de adotar métodos probabilísticos, arquiteturas e níveis
desempenho requeridos para os SRPCS. A norma é dividida em 2 partes, sendo a Parte 1
relacionada a todos os princípios e requisitos para a aplicação e integração de SRPCS, assim
como o design de software (ABNT, 2019a), e a Parte 2 voltada para a especificação dos
procedimentos e condições de análise, teste e validação dos SRPCS (ABNT, 2019b). Visto os
métodos mais sofisticados para estimar os níveis de risco e definição das categorias de
segurança, é previsto um período de adaptação e familiarização com a norma, sendo este um
dos motivos de ambas as normas ABNR NBR 14153 e ABNT NBR ISO 13849 estarem
concomitantemente em vigor no Brasil, entretanto, conforme apontado na apresentação da
última versão da ABNR NBR 14153, a norma está prevista para ser cancelada, ainda que não
informada a previsão para que isto aconteça (ABNT, 2022).
Tendo já passado por tal período de transição e visualizado estas dificuldades, o
Instituto de Segurança Ocupacional da Alemanha (IFA) desenvolveu o software SISTEMA,
acrônimo de “Safety Integrity Software Tool for the Evaluation of Machine Applications”
(Software para Definição do Nível de Integridade em Sistema de Máquinas, em tradução

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livre), o qual tem como principal função auxiliar os projetistas a realizar os cálculos e
documentações dos respectivos desempenhos requeridos e atingidos dos SRPCS (IFA, 2020).
O software SISTEMA não é o único disponível para o design de SRPCS, citando
como exemplo as ferramentas PAScal (PILZ GMBH & CO. KG, 2022) e a TIA Safety
Evaluation Tool (SIEMENS, 2022). Além dos softwares, que seguem a metodologia
convencional proposta pela norma, outras metodologias para o design de SRPCS podem ser
encontradas na literatura, tal como o método proposto por Vázquez e Pérez (2018), que
inverte as sequências interativas propostas na norma, com o intuito de definir em uma única
interação os componentes necessários para atender os níveis de desempenho (PL) encontrados
durante a avaliação de riscos, etapa que precede o design dos sistemas de segurança e que tem
como objetivo identificar e avaliar os riscos presentes nos sistemas (ABNT, 2013).
A proposta deste artigo é utilizar o SISTEMA em uma aplicação padrão, afim de
avaliar se este software pode ser útil e se este pode auxiliar projetistas e demais usuários a
adequar seus sistemas de segurança aos novos requisitos da NR-12, que agora faz menção a
ABNT NBR ISO 13849, a qual após um período de transição passará a ser a norma de
referência para adequação de SRPCS no Brasil.

2. OBJETIVO

Dentre os softwares existentes para a definição de SRPCS, o SISTEMA foi escolhido


por ser disponibilizado gratuitamente, e por apresenta uma estrutura lógica e sequencial para a
definição das funções de segurança e seus subsistemas, sendo então o objetivo deste artigo
utilizar os recursos disponíveis neste software para encontrar os níveis de desempenho
requerido e atingido, além de gerar a documentação de um sistema automático para teste de
repetibilidade e fadiga de um comando hidráulico automatizado pneumaticamente, avaliando
assim os recursos do software SISTEMA e sua aplicabilidade para projetistas e outros
usuários no Brasil.

3. ENSAIOS E TESTES

Para a realização deste ensaio foi utilizada a última versão disponível do SISTEMA,
atualmente na versão 2.0.8, o qual pode ser gratuitamente baixado no site do IFA (IFA, 2020).
Como modelo para este ensaio foi utilizado um sistema automático para teste de
repetibilidade e fadiga de um comando hidráulico automatizado pneumaticamente, o qual
pode ser visualizado na Figura 1.

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FIGURA 1 - Sistema de Teste de Comando Hidráulico

Fonte: Os Autores, 2022

O sistema é composto pelo comando hidráulico a ser testado, um cilindro pneumático


de simples ação, uma válvula pneumática para comutação do cilindro, um sensor de pressão
que detecta se o comando se encontra recuado ou avançado, e um módulo eletrônico
programável que faz a recepção do sinal de pressão e realiza a atuação do cilindro de simples
ação.
A sequência de funcionamento é a seguinte:
• Na posição inicial, o sistema encontra-se em pressão de repouso, isto é, recuado;
• O módulo eletrônico aciona a válvula pneumática que induz o funcionamento do
cilindro de simples ação, simulando um acionamento da alavanca do comando
hidráulico;
• O comando hidráulico permite a passagem de fluxo de óleo, atingindo então a pressão
de atuação, isto é, avançado;
• O módulo eletrônico detecta que o comando hidráulico está avançado através do
sensor de pressão e cessa o acionamento da válvula pneumática, induzindo o cilindro
de simples ação à sua posição inicial, isto é, recuado, simulando um retorno da
alavanca do comando hidráulico à posição inicial;
• O comando hidráulico restringe a passagem do fluxo de óleo, que passa a ser desviado
para tanque;
• Ao retornar à posição inicial, o comando volta a apresentar uma pressão de repouso, a
qual é identificada pelo controlador, um contador é incrementado, e o ciclo se repete
novamente.

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4. METODOLOGIA

O módulo Eletrônico é o responsável por monitorar a pressão do sistema em cada


estágio do teste. A função do SRPCS será monitorar os incrementos e decrementos de pressão
e checar se estes estão ocorrendo em intervalos regulares pré-definidos. Caso seja detectado
que alguma das atuações não resultou no resultado esperado (incremento ou decremento da
pressão), o sistema precisa ser dirigido a um estado de segurança, para que algum usuário faça
a avaliação do sistema e cheque se houve alguma falha mecânica, elétrica, hidráulica etc., a
fim de reiniciar os testes caso o sistema se encontre em uma condição segura, ou pará-lo para
correções caso esteja em uma condição insegura.
Um fluxograma de funcionamento do sistema pode ser visualizado na Figura 2.

FIGURA 2 - Fluxograma de funcionamento do teste

Fonte: Os Autores, 2022

O IFA solicita uma inscrição para download do software, e junto são fornecidos
também diversos exemplos de sistemas e funções de segurança, os quais podem auxiliar o
projetista, encontrando um ou mais projetos similares que podem ser utilizados de referência
para as definições de seus próprios sistemas. Além do software, o IFA dispões também de um
relatório de aplicação da ISO 13849, o qual trás esclarecimentos mais profundos sobre cada
um dos requisitos presentes na norma, auxiliando projetistas a definirem níveis de
desempenho, categorias, cobertura de diagnóstico, entre outros pontos crucias para um
sistema de segurança (HAUKE et al., 2019), sendo este relatório também utilizado de
referência para a elaboração deste projeto.
Iniciando o software SISTEMA, é possível atribuir dados para a documentação inicial
do projeto (nome, autores, revisões etc.), além de uma aba permitir a inclusão das funções de

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segurança presentes no projeto em questão. Na Figura 3 são incluídos os dados iniciais para o
sistema pneumático de teste do comando hidráulico, e a função de segurança “Parada de
emergência por comportamento inesperado” é adicionada.

FIGURA 3 - Dados Iniciais do Projeto

Fonte: Os Autores, 2022

Dentro da função de segurança suas características podem ser implementadas, as quais


baseiam-se no funcionamento esperado e projetado para a função em questão, além de apoiar-
se em embasamentos de referência da norma ABNT NBR ISO 13849, sendo para esta função
definido seu tipo como “Tempo de Resposta”, o qual deve ser monitorado caso a apreciação
de riscos indique que isto é necessário (ABNT, 2019a; HAUKE et al., 2019). Na Figura 4
podem ser visualizadas as características inseridas para a função.

FIGURA 4 - Características da Função de Segurança

Fonte: Os Autores, 2022

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Uma das ferramentas mais interessantes do software SISTEMA é determinação dos


níveis de desempenho requeridos (Performance Level Required – PLr) através do gráfico de
risco, o qual pode ser visualizado na Figura 5. Para o sistema em questão, foi definido que a
severidade do dano é reversível, visto que uma demora no tempo de resposta pode ser
proveniente do mal funcionamento do sensor, rompimento de alguma vedação, falta de fluido
(pneumático ou hidráulico), ou seja, situações que dificilmente irão resultar em impactos para
o operador, ou caso ocorram, não resultarão em danos permanentes. É previsto que um
operador acompanhe continuamente o teste, logo a exposição ao risco é constante. A
identificação de qualquer uma das situações de risco é difícil, por consequência a
possibilidade de evitar o perigo é baixa. O nível de desempenho requerido segundo os
critérios acima e a definição do software sistema é PLr = c, como pode ser visto na Figura 5.

FIGURA 5- Nível de desempenho requerido

Fonte: Os Autores, 2022

Com o nível de desempenho determinado, pode-se então inserir os diferentes


componentes, também chamados de subsistemas, presentes nesta função de segurança.
Segundo a norma ABNT NBR ISO 13849, o mesmo subsistema pode estar presente em
diversas funções de segurança, entretanto, o nível de desempenho mínimo do subsistema deve
ser igual ou maior àquele requerido para a função (ABNT, 2019a; HAUKE et al., 2019). Para
simplificar este projeto, será apenas inserido o subsistema do atuador pneumático, não
estendendo desnecessariamente este artigo.

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Com o subsistema “Circuito Pneumático” inserido, são determinados os critérios para


estimativa do nível de desempenho. Para este projeto será utilizada a combinação de
categoria, tempo médio entre falhas perigosas e cobertura de diagnóstico para determinação
do nível de desempenho do subsistema. A Figura 6 demonstra a escolha deste e outros
critérios para a determinação do nível de desempenho PL.

FIGURA 6- Critério para estimativa do PL do Subsistema

Fonte: Os Autores, 2022

Para determinação da categoria de subsistema a norma ABNT NBR ISO 13849 precisa
ser consultada. Segundo a norma, a categoria recomendada para um sistema com desempenho
PL c é a categoria 1, entretanto, é necessário que alguns critérios sejam atingidos: os
componentes utilizados devem ter sido testados em uso e princípios de segurança devem ser
utilizados. Para além disto, o tempo médio até uma falha perigosa (MTTFD) deve ser alto, o
que significa um tempo médio para falha perigosa entre 30 e 100 anos (ABNT, 2019a;
HAUKE et al., 2019). A Figura 7 aponta a utilização destes critérios para o atuador
pneumático do sistema de testes do comando hidráulico.

FIGURA 7 - Categoria do subsistema

Fonte: Os Autores, 2022

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O software SISTEMA separa os subsistemas em canais e seus respectivos blocos, e


cada bloco com seus respectivos elementos. Como neste canal do subsistema será apenas
considerado o atuador pneumático de simples ação (desconsiderando a válvula, sensor de
pressão e controlador eletrônico), o canal 1 será composto apenas pelo bloco “Atuador
Pneumático”, sem elementos inclusos, conforme visto na Figura 8.

FIGURA 8 - Bloco “Atuador Pneumático”

Fonte: Os Autores, 2022

Para determinar o MTTFD novamente a norma ABNT NBR ISO 13849 precisa ser
consultada. Uma das técnicas para se estimar o MTTFD é a utilização do parâmetro de
número de ciclos até que 10 % dos componentes falhem perigosamente (B10D). Isto é adotado
pois para componentes pneumáticos e eletromecânicos é difícil calcular o tempo médio para
falha perigosa. Consultando novamente a norma, é possível adotar valores típicos de MTTFD
e B10D para componentes que foram fabricados de acordo com os princípios de segurança de
acordo com a ABNT NBR ISO 13849, desde que o subsistema também atenda aos requisitos
da norma. Levando em consideração a utilização de um cilindro pneumático de simples ação
que atenda a estes requisitos, é possível, segundo a norma, estimar um B10D = 20.000.000
(ABNT, 2019a; HAUKE et al., 2019).
Sabendo o número de ciclos, é necessário então estimar o número médio de operações
anuais (nop), o qual será utilizado para o cálculo do MTTFD. Novamente o software
SISTEMA auxilia o usuário, conforme visto na Figura 9, onde pode ser vista a janela para
inserção de valores para o calcular o nop.

FIGURA 9 - Cálculo do número de Operações

Fonte: Os Autores, 2022

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Considerando que o sistema performará testes de diversos comandos, é estimado que


ele trabalhe 220 dias por ano, 16 horas por dia (dois turnos de 8 horas), com um tempo de
ciclo de 4 segundos (2 segundos para avanço e 2 segundos para retorno do cilindro
pneumático). Nestas condições, o sistema efetuará cerca de 3.2 milhões de ciclos/ano, e
através de cálculos realizados automaticamente pelo software, o MTTFD do sistema será de
63,1 anos, o que corresponde a um valor alto utilizando a escala prevista na norma. A Figura
10 apresenta estes resultados.

FIGURA 10 - Cálculo do MTTFD

Fonte: Os Autores, 2022

Na árvore lateral do software, conforme Figura 11, é possível visualizar as


informações resumidas da função de segurança em questão, e segundo os dados inseridos, o
subsistema em questão atinge um nível de desempenho PL = c, sendo então adequado para a
função de segurança definida para o projeto.

FIGURA 11 - Resumo da função de segurança e seus subsistemas

Fonte: Os Autores, 2022

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Tendo o projetista finalizado a especificação do seu projeto, é possível emitir um


relatório que sintetiza todas as informações inseridas no software: funções de segurança,
subsistemas, canais, blocos, elementos, níveis de desempenho requerido e atingido, gráficos
de risco, entre outros. O relatório do sistema pneumático de teste de comando hidráulico teve
um total de 5 páginas, e parte de seu cabeçalho pode ser visto na Figura 12.

FIGURA 12 - Relatório do Projeto

Fonte: Os Autores, 2022

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O software SISTEMA mostrou-se uma excelente ferramenta para a determinação dos


níveis de desempenho requerido e os atingidos para o subsistema presente neste projeto. Seu
arranjo tem uma sequência lógica e a interface é amigável o suficiente para induzir o
projetista a encontrar as funções desejadas e também inserir todas as informações estritamente
necessárias, visto que o software apresenta alertas quando algumas informações cruciais são
faltantes.

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Apesar de sua versatilidade, nota-se que sua utilização não priva o projetista de ter
conhecimentos mínimos das normas de segurança utilizadas para desenvolvimento das
funções de segurança presentes no projeto. O software apresenta todas as ferramentas para o
usuário inserir as informações previstas na norma, mas o projetista ainda precisa realizar
consultas e tomar decisões baseando-se na análise de riscos e categorias definidas para o
projeto, por exemplo. Para guiar e orientar o projetista, seria interessante o software contar
com algum recurso que indicasse a qual capítulo da norma o usuário precisa consultar para
obter maiores informações da etapa em desenvolvimento, facilitando assim a procura de
dados durante a elaboração do projeto.
É digno de se notar que o software possui diversas opções de idioma, entretanto, o
português não está presente. Este é um ponto que pode gerar ainda mais dificuldades para
usuários não familiarizados com o idioma inglês, por exemplo, sendo esta uma barreira
adicional para a utilização da ferramenta.
Apesar das melhorias sugeridas para o software, como a tradução para nosso idioma
nativo (o que poderiam tornar ainda maior sua aceitação e utilização) e maiores informações
da norma, o SISTEMA revela-se um software muito versátil e intuitivo, além da grande
vantagem de ser gratuito, guiando o projetista através de todas as etapas sugeridas pela ABNT
NBR ISO 13849, sendo então adequada para a preparação de projetistas e outros usuários para
as novas demandas de segurança trazidas pela normas atualmente em vigor.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Hydac Tecnologia Ltda. e a todos os colaboradores


envolvidos pela oportunidade, colaboração e pela disponibilização do projeto em questão para
a elaboração deste artigo científico.
Os autores agradecem também ao Fórum de Inovação e Competitividade Sustentável
da UFABC (FICS/UFABC) pelo apoio nas pesquisas.

REFERÊNCIAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO


12100: Segurança de máquinas – Princípios gerais de projeto - Apreciação e redução de
riscos. Rio de Janeiro. 2013.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO


13849-1:2019: Segurança de máquinas - Partes de sistemas de comando relacionadas à
segurança Parte 1: Princípios gerais de projeto. Rio de Janeiro. 2019a.

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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO


13849-1:2019: Segurança de máquinas - Partes de sistemas de comando relacionadas à
segurança Parte 2: Validação. Rio de Janeiro. 2019b.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR


14153:2022: Segurança de máquinas - Partes de sistemas de comando relacionadas à
segurança - Classificação por categorias de segurança. Rio de Janeiro. 2022.

BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA. NR-12 - Segurança no


Trabalho em Máquinas e Equipamentos. Brasília: Ministério do Trabalho e Previdência,
2019. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-
especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-
regulamentadoras /nr-12.pdf. Acesso em: 16 jul. 2022.

CAMPOS, Andre Gambier. Setenta Anos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). In:
KREIN, Jose Dari et al. Regulação do trabalho e instituições públicas. São Paulo: Editora
Fundação Perseu Abramo, 2013. p. 73.

COMISSÃO EUROPEIA. Comunicação da Comissão no âmbito da execução da


Directiva 2006/42/CE do Parlamento Europeu e do Conselho relativa às máquinas e que
altera a Directiva 95/16/CE (reformulação). 2009. Disponível em: https://eur-
lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=OJ:C:2009:321:FULL&from=EN. Acesso em:
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HAUKE, Michael et al. Functional safety of machine controls: application of EN ISO


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IFA – INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH OF THE GERMAN


SOCIAL ACCIDENT INSURANCE. Software-Assistent SISTEMA: Safety Integrity
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VÁZQUEZ, Alberto Porras; PÉREZ, Julio-Ariel Romero. A new methodology for facilitating
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