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Laboratório de física

Laboratório de física
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Reitor: Geovani Broering


Pró-Reitora de Administração e Finanças: Soraya Lemos Erpen Broering
Pró-Reitor Acadêmico: Roberto Lopes da Fonseca
Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão: Renato Rodrigues
Núcleo de Produção EaD Unifacvest: Felipe Boeck Fert, Ricardo Leone Martins e Viviane Grassi
Produtora Responsável: DTCOM – Direct to Company S. A.
SUMÁRIO

UNIDADE 1 - Introdução............................................................................................................................. 7
1.1 Medidas Físicas................................................................................................................................ 9
1.1.1 Grandezas Físicas/Unidades (SI)................................................................................................... 9
1.1.2 Aparelhos de medida.................................................................................................................... 13
1.2 Aquisição e análise de dados numa experiência.............................................................................. 19
1.2.1 Erro de leitura............................................................................................................................... 19
1.2.2 Erros experimentais...................................................................................................................... 20
1.3 Algarismos significativos.................................................................................................................. 24
1.3.1 Definição....................................................................................................................................... 25
1.3.2 Regras (para contar/apresentar medidas experimentos)............................................................. 25
1.3.3 Operações..................................................................................................................................... 26
1.4 Gráficos............................................................................................................................................27
1.4.1 Roteiro para a elaboração de um bom gráfico.............................................................................. 28
1.4.2 Exemplos....................................................................................................................................... 29
1.5 Exemplo de relatório de aula prática............................................................................................... 30
1.5.1 Introdução..................................................................................................................................... 31
1.5.2 Estrutura do relatório................................................................................................................... 31
1.5.3 Orientações para elaboração do exemplo de relatório a partir do roteiro................................... 36
1.6 Experimento: medidas físicas e os aparelhos de medida................................................................ 36
1.6.1 Roteiro..........................................................................................................................................37
1.7 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)................................................................................... 47
1.7.1 Experimento – Indicação dos EPIs para Práticas Laborais (virtual)............................................... 48

UNIDADE 2 - Experimentos de Mecânica................................................................................................... 51


2.1 Cinemática....................................................................................................................................... 53
2.1.1 Movimento Retilíneo Uniforme (MRU)......................................................................................... 53
2.1.2 Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (MRUV)............................................................... 56
2.1.3 Queda Livre................................................................................................................................... 58
2.1.4 Lei de Hooke................................................................................................................................. 63
2.1.5 - Lançamentos Horizontais e colisões........................................................................................... 65
2.1.7 Estática – Balança de Prato........................................................................................................... 71
2.2 Movimentos Oscilatórios................................................................................................................. 73
2.2.1 Pêndulo Simples............................................................................................................................ 74
2.2.2 Pêndulo Físico............................................................................................................................... 76
2.2.3 Oscilações em molas..................................................................................................................... 78
UNIDADE 3 - Experimentos de Termodinâmica......................................................................................... 83
3.1 Calor específico................................................................................................................................ 85
3.1.1 Calor específico dos líquidos......................................................................................................... 89
3.1.2 Calor específico dos sólidos.......................................................................................................... 91
3.2 Calorimetria..................................................................................................................................... 92
3.2.1 Dilatômetro................................................................................................................................... 93
3.2.2 Calorimetria.................................................................................................................................. 94

UNIDADE 4 - Experimentos de Mecânica dos Fluídos............................................................................... 103


4.1 Mecânica dos fluídos....................................................................................................................... 105
4.1.1 Hidrostática................................................................................................................................... 107
4.1.2 Hidrodinâmica............................................................................................................................... 118
4.1.3 Viscosímetro de Stokes................................................................................................................. 132
UNIDADE 1

Introdução
Introdução

Você está na unidade Introdução, e conhecerá os padrões de medidas físicas, ou seja, as


grandezas e as unidades, conforme o Sistema Internacional (SI), que permitem uma melhor análise
de dados inerentes aos processos científicos. Aprenderá a reconhecer os algarismos significativos,
o processo de arredondamento e incertezas, que auxiliarão na hora de elaborar os relatórios dos
experimentos nos laboratórios de física. Entenderá ainda a respeito da aplicação e da forma de
utilização dos instrumentos e aparelhos para a realização de medida adequada para cada tipo de
medição. Compreenderá também aspectos importante para a construção de gráficos, tabelas e
escalas que serão adicionados nos relatórios. E, por fim, entenderá sobre os devidos cuidados que
todo técnico/pesquisador deverá ter durante as atividades laborais, como a utilização adequada
dos equipamentos de proteção individual (EPIs) para a sua integridade física e dos demais colegas
que estarão atuando juntamente nos experimentos.

Bons estudos!

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1.1 Medidas Físicas
O ato de medir é um procedimento experimental necessário durante experimentos realizados,
principalmente, nos laboratoriais de física. Sendo assim, toda a resolução de problemas e questões
levantadas na engenharia ocorrem a partir da ligação entre teoria e experimentação. Por isso, é
importante que o engenheiro entenda, a partir de práticas em laboratórios, as técnicas aplicadas
para a medição, a metodologia de utilização destes equipamentos e o seu uso adequado. Assim,
com os dados experimentais, é adequado que o engenheiro faça todo o processamento das
informações numéricas, objetivando entender o fenômeno ocorrido durante a prática laboratorial.

Tudo que existe no universo, e definimos como um corpo, é constituído por um tipo de matéria
que, no estudo das grandezas físicas, poderá ser quantificada. Atualmente, com a tecnologia,
novos materiais têm surgido no mercado, e todo esse fenômeno de desenvolvimento vem a partir
de estudos, sejam eles teóricos ou aplicando uma metodologia experimental a fim de entender
o seu comportamento. Para que ocorra o surgimento de novos materiais, a engenharia utiliza
fenômenos físicos, por meio de medições, que utiliza grandezas, sejam elas fundamentais ou
derivadas.

1.1.1 Grandezas Físicas/Unidades (SI)


A grandeza está relacionada a tudo que envolve medida. O fato de medir significa comparar
quantitativamente uma grandeza física com uma unidade padrão estabelecida. Medir uma
grandeza é o mesmo que comparar a outra de uma mesma espécie. Uma das grandezas mais
utilizadas no dia a dia é denominada de grandeza fundamental e, a partir dela, tem-se as grandezas
derivadas. A tabela “Grandezas fundamentais” informa as grandezas fundamentais, bem como sua
unidade de medida e símbolo.

Grandeza Unidade Símbolo


Comprimento Metro m
Massa Quilograma Kg
Tempo Segundo S
Intensidade de corrente elétrica Ampére A
Temperatura termodinâmica Kelvin K
Quandade de substância Mole mol
Intensidade Luminosa Candela Cd

Tabela 1 - Grandezas fundamentais


Fonte: Elaborada pela autora, adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2007).

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com oito linhas e três colunas. Na primeira linha,
constam: grande, unidade e símbolo. Na coluna da esquerda estão as grandezas: comprimento,
massa, tempo, intensidade de corrente elétrica, temperatura termodinâmica, quantidade de

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substância e intensidade luminosa. Na do centro, as suas respectivas unidades: metro, quilograma,
segundo, Ampére, Kelvin, Mole e Candela. E, na coluna da direita, as suas respectivas siglas: m,
Kg, S, A, K, mol e Cd.

As grandezas foram divididas em fundamentais e derivadas. Como o próprio nome já diz,


a grandeza derivada vem de outros tipos de grandezas. Um exemplo claro relacionado a esse
conceito seria a grandeza da velocidade. A velocidade é calculada a partir de duas grandezas
fundamentais, a distância e o tempo (m/s); já a grandeza fundamental não depende de outras
grandezas físicas.

Para chegar ao real entendimento de estudos relacionados aos fenômenos físicos, é primordial
saber das grandezas básicas envolvidas no experimento com o objetivo de atender aos critérios
propostos para a física a fim de apresentar, de forma precisa e clara, os resultados obtidos. Para
isso, todo o processo de medida executado em laboratórios deve estar dotado de padronização
operacional, elegendo a unidade de medida adequada aquele tipo de procedimento. As grandezas
fundamentais ou básicas são aplicadas para descrever todas as grandezas físicas de forma
entendível.

Por isso, já são estabelecidos por um padrão, que é determinado em termos de valor de
unidade. Sendo assim, dentro dos procedimentos, o resultado é obtido a partir da medida de
grandeza, que deve conter as informações relacionadas ao valor da grandeza, incerteza da medição
e unidade. Sabe-se que, para todos os experimentos, é necessário que, quem o faça, saiba avaliar,
repetir essa medição e descrever as respectivas incertezas. O Brasil utiliza o Sistema Internacional
(SI). Além disso, todas as regras que expressam tanto os resultados quanto as incertezas durante
as medições estão descritas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pelo Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade e Tecnologia (INMETRO).

A altura, o peso e a idade podem ser considerados como grandeza física, mas não posso dizer
o tamanho da saudade ou da admiração. Para falar sobre grandeza física, é preciso comparar com
uma unidade padrão, como centímetros ou palmos, que é a distância entre o nariz e a extremidade
do dedo, com o braço esticado, dando origem à jarda. No período do Absolutismo, os reis usavam
os próprios corpos como unidade de medida, e quando um rei falecia, mudava a unidade de
medida. Por isso, a necessidade de padronização. A massa é uma representação da medida de um
material ou objeto diante das alterações do seu movimento. Por hora, não podemos confundir as
quantidades físicas peso e massa.

10
Figura 1 - Terra e lua com diferentes gravidades
Fonte: Elena11, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: Muitas vezes, há uma confusão ao falar sobre massa e peso. Ao entrar em um
supermercado, e pedir três quilos de carne, o atendente vai colocar o produto sobre a balança
para medir o quanto de massa tem o pedaço de carne e não o peso. O peso é classificado como
uma unidade de força, ou seja, N = kg/m.s2 e é regido pela força gravitacional que atua sobre um
determinado corpo. Sendo assim, uma pessoa, ao pisar na lua, terá peso diferente de quando
estiver na terra.

Pode-se afirmar que a relação entre massa e peso são grandezas físicas. A primeira é escalar
e a segunda, vetorial.

• Escalar

Essa grandeza é descrita por um número, seja ele positivo ou negativo, com as suas devidas
unidades apropriadas.

• Vetorial

Essa grandeza pode ser especificada por um módulo ou magnitude e direção e sentido.

A unidade de medida quantifica a grandeza. Por isso, é importante saber fazer a conversão.
A figura “Conversão das grandezas de comprimento, superfície e volume” apresenta unidades
de conversão que estão relacionadas ao comprimento, à superfície e ao volume. O metro (m)
representa no Sistema Internacional de Medidas a unidade para descrever o comprimento. Visto
que a unidade metro aceita múltiplos (km) e submúltiplos centímetro (cm) e milímetro (mm).

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Outra unidade importante para descrever grandeza física é o tempo, que no SI é representado
pelo segundo (s), que permite múltiplos, como o minuto (min) e hora (h), e submúltiplos, o
milissegundo, o microssegundo e o nanossegundo.

1 min = 60 s

1 h = 60 min = 60 x 60 s = 3600 s

1 dia = 24 h = 24 x 3600 s = 86.400 s

No caso de superfície e área, os seus valores são obtidos pela multiplicação de valores de
comprimento (em metros). Sendo assim, como as medidas de área são realizadas pela largura
e comprimento, utilizaremos: “área expressa em m2”. Lembrando que, quando as medidas são
elevadas ao quadrado, como representadas na figura “Conversão das grandezas de comprimento,
superfície e volume”, a conta deverá ser feita adicionando-se o dobro de número zeros. Para
volumes, a medida será realizada também pela multiplicação dos valores de comprimentos. Dessa
forma, vamos aplicar em três dimensões (largura, altura e comprimento), expressando o seu valor
em m³.

Comprimento Suepercie Volume


1 km = 1000 m 1 km² = 1.000.000 m² 1 km³ = 1.000.000.000 m³
1 hm = 100 m 1 hm² = 10.000 m² 1 hm³ = 1.000.000 m³
1 dam = 10 m 1 dam² = 100 m² 1 dam³ = 1.000 m³
1m=1m 1 m² = 1 m² 1 m³ = 1 m³
1 dm = 0,1 m 1 dm² = 0,01 m² 1 dm³ = 0,001 m³
1 cm = 0,01 m 1 cm² = 0,0001 m² 1 cm³ = 0,000001 m³
1 mm = 0,001 m 1 mm² = 0,000001 m² 1 mm³ = 0,000000001 m³
Tabela 2 - Conversão das grandezas de comprimento, superfície e volume
Fonte: Autora, 2021.

#ParaCegoVer: A conversão das unidades de medida está apresentada de acordo com a


grandeza anunciada. Pensando em dimensão, o comprimento seria uma única reta. A superfície é
representada por duas dimensões, e o volume, por três dimensões.

Agora, vamos relacionar a velocidade, que pode ser usada em km/h ou m/s. Dessa forma,
as grandezas fundamentais que compõem a velocidade são o comprimento e o tempo. Para
representar as unidades relacionadas à velocidade, utiliza-se a conversão das medidas apresentada
na figura “Conversão da velocidade de acordo com o SI de m/s para km/h”.

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Velocidade Velocidade
1 m/s = 3,6 km/h
5 m/s = 18 km/h
10 m/s = 36 km/h Regra de três:
Se => 1m/s = 3,6 km/h
15 m/s = 54 km/h
10m/s = x
20 m/s = 72 km/h X = 3,6 x 10 = 36 km/h
25 m/s = 90 km/h
30 m/s = 108 km/h
Tabela 3 - Conversão da velocidade de acordo com o SI de m/s para km/h
Fonte: Autora, 2021.

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma relação do sistema internacional de medidas (SI) para
se referir à velocidade, e apresenta uma regra de três para fazer a conversão de m/s para km/h.

Existem outras grandezas que estão relacionadas, por exemplo, com as unidades elétricas
(Ohm, Volt, Watt, Hertz etc). Todas pertencem ao Sistema Internacional (SI), porém, nas condições
de grandezas derivadas.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

1.1.2 Aparelhos de medida


Os aparelhos ou instrumentos são importantes quando executamos medições de
comprimento, espessura e diâmetro e, dependendo do equipamento, fornece uma
melhor precisão.

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Fique ligado
Medidas de incertezas são primordiais na física e, por isso, só podem ser
realizadas a partir de equipamentos que visam fornecer as incertezas
operacionais, como o décimo.

A régua graduada é o instrumento mais simples de medição que temos. A régua


pode ser de aço carbono, inoxidável ou madeira. A régua graduada com encosto é
muito utilizada quando se quer medir um comprimento interno. Quando for medir
com a régua, é importante observar se o objeto tem alguma rebarba ou algum tipo de
sujeira, aqui falamos tanto do objeto a ser medido quanto da régua.

Como dito acima, a régua é um instrumento de medida que, dependendo do


material, é preciso se ter cuidado, como, por exemplo, uma régua de aço carbono.
Após a utilização, deve-se passar um lubrificante a fim de proteger contra a corrosão
da mesma.

Figura 2 - Régua graduada em centímetro e milímetro


Fonte: E_Vector, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma régua. Deve-se atentar para o procedimento de uma
medida utilizando uma régua graduada, uma vez que poderá ocorrer o erro de paralaxe, que é
característico do ser humano. O erro de paralaxe seria causado pelo desvio óptico do observador.

O paquímetro é um tipo de instrumento que realiza medições internas e externas, como


o diâmetro interno/externo, a profundidade e o comprimento. É um aparelho que pode ser
comparado com a régua. No entanto, o paquímetro apresenta uma incerteza menor durante as
medições.

Os paquímetros podem ser tanto analógicos quanto digitais. Nos paquímetros analógicos,
temos a escala principal (fixa) e o nônio ou vernier (móvel). Dependendo do equipamento, é
encontrada a resolução do instrumento. O nônio poderá ser de 10, 20 e 50 divisões para saber a
resolução, como, por exemplo, na figura “Paquímetro”, temos 20 divisões então:

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• Resolução = 1 mm/ 20 divisões = 0,05 mm.

Figura 3 - Paquímetro
Fonte: Viktor Chursin, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: A imagem aponta o paquímetro mostrando as diversas partes que o compõem


bem como as suas escalas.

No micrômetro, temos a escala fixa e o tambor.

Na escala fixa, temos a linha de referência, na qual cada traço corresponde a 1 mm no


instrumento que tiver o número zero. O espaçamento da escala oposta a que começa no zero é
também 1 mm, mas defasada de 0,5 mm.

O tambor graduado é dividido em 50 partes, sendo o número zero (0), circulado na figura
“(a) Micrômetro zerado”, o ponto inicial. Ressalta-se que, cada parte, corresponde a 1 centésimo
de milímetro (0,01); dando uma volta completa no tambor, teremos 50 centésimos de milímetro
ou 0,5 mm. Quanto ao tambor que, nesse caso tem a graduação centesimal, a precisão do
instrumento encontra-se no somatório da escala fixa com o tambor. Para esclarecimento da escala
de centésimo, o fio de cabelo, por exemplo, medi entre 3 a 6 centésimos.

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Figura 4 - (a) Micrômetro zerado; (b) partes escalares do micrômetro
Fonte: Volodymyr Krasyuk; AlexLMX, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: A imagem mostra duas figuras, a da esquerda é um micrômetro zerado, e a


figura da direita contém as partes escalares do micrômetro – contato fixo, contato móvel, escala
fixa e tambor.

Termômetro

A temperatura é um dado importante em diversos estudos relacionados à física, visto que


muitas das propriedades físicas dos materiais são relacionadas com a temperatura. Os materiais
podem ser identificados a partir da sua fase (sólido, líquido e gasoso), visto que a densidade, a
pressão a vapor entre outros vão depender da temperatura na qual o material se encontra.

Temperatura diz respeito à quente e frio, e pode ser relacionada ao estado do movimento
aleatório dos átomos, à dilatação térmica e à viscosidade. Essa variável é utilizada para explicar
fenômenos na física com relação à transferência de calor. Quanto mais calor adicionado a um
sistema, maior será a sua energia térmica. No SI, a representação da temperatura é o grau Kelvin
(K). Dessa forma, a temperatura de 0 K é considerada como zero absoluto. Com relação à escala
de grau Celsius (°C), o zero (0) é a temperatura de congelamento da água e 100 °C, de ebulição.

Figura 5 - Tipos de termômetros


Fonte: VladyslaV Travel photo; Mind Pixell, Shutterstock, 2021.

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#ParaCegoVer: A figura mostra métodos aplicados para a medição de temperatura. Eles
fornecem uma propriedade física do material. Dos dispositivos temos: termômetros, que são
capazes de medir a temperatura de um corpo a partir de emissão óptica, como o primeiro da
esquerda para direita, entre outros, como o terceiro e o quarto, os mais conhecidos por todos, que
medem a temperatura corporal por contato na pele.

Os equipamentos que são utilizados para medir a temperatura funcionam a partir de princípios
físicos como: alteração do comprimento ou do volume; alteração da carga elétrica e potência
radiante.

Erro Associado
Equipamento Menor divisão
(metade da menor divisã
Trena 1 mm 0,5 mm
Escala (0 a 10 cm) 0,5 mm 0,25 mm
Escala (10 a 100 cm) 1 mm 0,5 mm
Balança 0,1 g 0,05 g
Termômetro 1 ºC 0,5 ºC

Tabela 4 - Instrumentos de medição


Fonte: Elaborada pela autora, adaptada de Halliday, Resnick, Walker (2007).

#ParaCegoVer: A tabela, com seis linhas e três colunas, apresenta alguns instrumentos de
medição. Na parte superior da coluna da esquerda, tem a palavra equipamento e, na sequência:
trena, escala (0 a 10 cm), escala (10 a 100 cm), balança e termômetro. Na coluna do meio, na parte
superior, está escrito “menor divisão”, e, por fim, na coluna da direita, “erro associado (metade
da menor divisão)”.

Incerteza de uma medição

Qualquer medição está submetida a incertezas, que podem ser por causa de alguns fatores,
como:

• tipo do equipamento;

• influências externas (que não estão sendo medidas); e

• o operador ou observador.

Em muitos casos, o observador trabalha com estimativas. Isso acontece quando o


equipamento não fornece a grandeza escalar adequada para a leitura da unidade de medida.
Como mencionado acima, um dos instrumentos utilizados para medir o comprimento é a régua.
Sendo assim, dependendo da sua grandeza escalar, o valor medido terá uma boa ou uma má

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precisão. O importante é apresentar o resultado de forma que os leitores entendam e saibam o
nível de confiança de tal medição.

Suponha que, ao medir o comprimento de uma barra com uma régua de escala milimetrada, o
algarismo após a vírgula, informado devido à precisão do instrumento, leva o observador a obter
uma leitura mais confiável devido à escala ser milimetrada. Observa-se que, a partir de cada objeto
medido, tem-se os valores de (7,8; 7,5; 7,3). Caso a régua apresentada abaixo fosse centimetrada,
ou seja, sem os valores de milímetros, os valores a serem identificados após a vírgula seriam
totalmente dependentes da leitura do observador.

Figura 6 - Distribuição de medida em uma régua graduada em milímetro


Fonte: Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: Distribuição de medida em uma régua graduada em milímetro, a partir de três


barras de tamanhos diferentes.

Após medidas, é importante que observador adicione as informações de medidas expressadas


com a sua grandeza, ou seja, um valor numérico e o erro relativo às imprecisões do equipamento
e a sua limitação de medida.

Dessa forma, observa-se nos relatórios de medidas que os valores vêm com a seguinte notação:

• Medida = Valor numérico ± Erro, por exemplo: M (massa) = 75,2 0,3 kg. Então, esse número
poderá variar de 74,9 a 75,5 kg, que seria o valor da grandeza de medida.

Podemos dizer então que, as medidas podem ser avaliadas a partir de uma
dispersão em torno da média.

Sendo assim, essa incerteza poderá ser avaliada por métodos estatísticos, caso
haja uma boa representatividade de medidas; ou não estatísticos, por não possuir
um determinado número de repetição para a aplicação desses métodos.

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No próximo tópico, vamos discutir sobre os tipos de erros que podem ocorrer durante os
experimentos, e os cálculos estatísticos referente à média e ao erro.

1.2 Aquisição e análise de dados numa experiência


Durante experimentos laborais, deve-se atentar, principalmente, às condições de medição,
como o instrumento ideal a ser utilizado (aplicação específica). Vale ressaltar que, ao expor os
resultados de uma dada experiência, é necessário que os outros leitores entendam e saibam o
grau de certeza dos resultados. Podemos afirmar que existem dois tipos de erros. Confira abaixo.

• Erro sistemático

É a parte previsível do erro; corresponde à parcela do erro médio.

• Erro aleatório

Corresponde à fração imprevisível; é o fator que conduz a repetidas medições e levam a


distintas indicações.

Vamos entender agora o que é o erro de leitura. Acompanhe.

1.2.1 Erro de leitura


Quando se realiza algum tipo de medição, o objetivo é alcançar o seu valor real. Porém, é bem
complicado chegar a esse valor. Ao comparar os valores adquiridos nos experimentos, o ideal é
fazer uma série de medidas para que haja uma proximidade do valor real. A classificação de Erro
é a disparidade entre o valor medido e o valor verdadeiro de grandeza. Os erros de leitura estão
relacionados por erros humanos durante a leitura e a interpretação dos dados.

Vamos considerar uma situação na qual você deseja medir uma peça utilizando uma régua que

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tenha centímetros e milímetros. Para isso, vamos realizar esta atividade com alguns observadores.
Cada um vai posicionar a régua junto ao objeto escolhido, e fazer uma leitura. Ao repetir esse
procedimento, serão verificados que os valores obtidos para cada medição foram diferentes. Isso
se deve ao erro de paralaxe, causado pela observação errada por desvio óptico a partir do ângulo
de visão do observador, que pode se dar devido à incapacidade do operador, à seleção incorreta
do instrumento ou à posição incorreta de ponteiros ou indicadores.

Como nenhuma medida na física é classificada com exatidão, os valores de determinados


dados medidos sempre estarão propensos às limitações e refinamento dos equipamentos ou
pela capacidade de quem está operando o instrumento de medida. No geral, deverá haver uma
coerência entre o equipamento e o tipo de medição requerida.

França (2007) distingue precisão de exatidão nos processos de calibração.

• Precisão

São medidas que apresentam baixa dispersão, portanto, a precisão está relacionada ao
conceito de repetição das medições e estabilidade do equipamento, sendo conhecida também
por limite de erro do instrumento.

• Exatidão

Diz respeito à condição, à qualidade que é exato em conformidade a uma padronização. Dessa
forma, as medidas exatas são livres de erros.

Vamos estudar agora os erros experimentais. Acompanhe.

1.2.2 Erros experimentais


Os Erros que se relacionam às medições são nomeados em Erros estatísticos e sistemáticos.
Quando se fala em erros estatísticos, ou seja, aleatórios, estão conectados à precisão do
aparelho e às condições externas de medidas. Para realizar as medidas com boa precisão em
alguns equipamentos, são instaladas proteções, por exemplo, contra vibração e ruído. Em alguns
laboratórios, é necessário o controle de temperatura, calibração do equipamento e falhas do
procedimento de medição adotado pelo observador/técnico. Para melhor controle das análises
dos materiais, são adicionados em laboratórios diversos equipamentos que fazem o controle
necessário, a fim de se ter medidas mais precisas e com menor influência sobre a alteração dos
resultados.

Por exemplo, ao medir uma temperatura com um termômetro, deve-se levar em conta os
erros que poderão ocorrer, e realizar uma estimativa da interferência do valor real.

Outro equipamento de medição de temperatura que necessita de um controle de calibração

20
e identificação da matéria é o pirômetro, que é um termômetro digital. Esse equipamento vai
medir a temperatura da superfície do material por meio da irradiação térmica. Por isso, ao fazer
tais medições, o técnico deverá conferir se o equipamento está calibrado e também determinar a
emissividade a ser usada quando for medir a temperatura. A emissividade está relacionada com a
capacidade de emissão de energia por radiação da sua superfície. Na literatura, pode-se encontrar
uma tabela que identifica a emissividade dos materiais.

Dessa forma, a medida de grandeza não seria somente para definir a unidade e o número,
que foi encontrado durante a realização de experimentos, mas também fornece uma série de
informações, que visa caracterizar as medidas feitas durante ensaios ou experimentos.

Vamos pensar que executamos várias medições relacionadas à temperatura de um


determinado experimento. O primeiro passo para se ter resultados precisos, é levar em conta a
calibração do equipamento, entre outros aparatos que podem influenciar na conclusão do que
se precisa relatar. De acordo com a tabela “Medidas de temperatura e cálculo da média", foram
realizadas 10 medições de temperaturas, que, provavelmente, durante as anotações, passarão a
ter um nível de variação. Para isso, o observador realizará uma repetição de leitura com o objetivo
de chegar a um valor mais preciso.

Medições Temperatura (ºC)


T1 42,50
T2 55,20
T3 33,25
T4 58,70
T5 45,20
T6 38,50
T7 41,30
T8 40,90
T9 47,60
T10 39,50
Total 442,65
Média 44,27
Tabela 5 - Medidas de temperatura e cálculo da média
Fonte: Autora, 2021.

#ParaCegoVer: A tabela fornece medições de um dado experimento relacionado à aferição da


temperatura. Sendo assim, para melhor precisão, foram realizadas 10 medições e, a partir desses
dados, foi calculado o desvio padrão dessas medidas. O desvio padrão fornece o grau de dispersão
do conjunto de dados experimentais.

21
A partir dos dados adquiridos durante o experimento de medição de temperatura, foi
necessária a realização do cálculo da média das temperaturas que foram anotadas durante todo o
procedimento. Para isso, pode ser aplicada a equação:

Média:

Em que:

• n = número de medições;

• = somatório;

• = valor medido (x1, x2, x3 .... x10), no caso acima, T1, T2, T3 ... T10.

A avaliação da incerteza será dada pela equação:

Desvio padrão amostral: Sx =

Em que:

• Sx: desvio padrão amostral;

• n: tamanho da amostra;

• : valor da amostra;

• : média.

Erro absoluto: diferença entre o valor exato e o valor aproximado (em módulo).

= | Xa – Xb |

Em que:

• Xa = valor exato;

• Xb = valor aproximado;

Erro relativo: erro absoluto em relação ao valor exato em termos de percentuais.

22
Propagação de Erros em fórmulas de cálculo de grandezas

Por exemplo, poderemos medir a densidade d do material que constitui uma peça
paralelepipédica, medindo a sua massa m e as dimensões a, b, e c da peça. A relação funcional
entre a quantidade que pretendemos, d, e as quantidades primárias m, a, b, e c é expressa por:
d=

Como as quantidades primárias são inevitavelmente medidas com um certo erro, interessa-
nos esclarecer de que maneira esses erros individuais se propagam ao resultado d.

Para isso, designemos por Z a quantidade final (ou calculada) e por A, B etc., as quantidades
primárias.

Considerando que teremos os melhores valores de A, B etc. (quantidades primárias


independentes) e uma definição dos respectivos erros (também independentes) e a função Z = Z
(A, B, ...), demonstra-se que o erro do valor calculado d é dado pela seguinte expressão (fórmula
de propagação dos erros):

Em que: σz, σA, σB etc. são os erros de Z, A, B etc.

Apresenta-se na tabela “Relação entre erros e funções” a indicação das expressões de Z para
algumas das relações mais comuns entre Z e A, B etc.:

Função Relação entre erros


Z = A + B + ...
Somas e Diferenças (σz) = (σA) + (σB) + ...
Z = A - B + ...
Z = A.B (σz) = (σA) + (σB)
Produtos e quociente
Z = A/B Z A B
(σz) = n (σA) + m (σB)
Potências Z = A’’xB’’’
Z A B

Tabela 6 - Relação entre erros e funções


Fonte: Autora, 2021.

#ParaCegoVer: A figura mostra uma tabela com 4 linhas e 3 colunas. Na coluna da direita, na
segunda linha, está escrito: “Somas e Diferenças”; na terceira linha, “produto e quociente” e na
quarta linha, “potências”. Na parte superior da segunda coluna está escrito “função” e, no topo da
terceira coluna, “relação entre erros”.

23
Exemplo:

Dada uma função Z = A - 2B, em que A e B são medidas independentes, pretende-se calcular o
valor de Z e do seu erro σz a partir dos seguintes valores de A e de B:

A = (100 ± 3); B = (45 ± 2)

O cálculo de Z é imediato: Z = 100 - 2x45 = 10.

Para calcular σz, recorrendo a expressão geral e como:

vem σz = 5, então: Z = (10 ± 5)

Este resultado presta-se a algumas considerações. Verificamos assim que, embora os valores
das quantidades A e B estejam afetados de um erro relativamente baixo (< 5%), o mesmo não
acontece para o resultado final, em que o erro padrão é quase tão elevado quanto o próprio valor
de Z (erro relativo 50%).

Este exemplo indica que, se pretendemos que o erro no resultado final não exceda um valor
prefixado, temos de, utilizando a fórmula de propagação dos erros, determinar quais os limites
superiores do erro a admitir em cada uma das quantidades primárias.

O processo de medida de uma (ou mais) dessas quantidades poderá ser crucial para que o erro
final possa estar dentro dos limites pretendidos.

Fique ligado
Site para simulações interativas para ampliar o aprendizado no laboratório de
física. Endereço eletrônico: https://phet.colorado.edu/pt_BR/.

1.3 Algarismos significativos


Em todos os experimentos de medição, exige-se uma determinada precisão na ordem de
grandeza. A partir de certas quantidades medidas, todos os valores conhecidos deverão ser
expressados pelo seu número correto de algarismos significativos.

24
1.3.1 Definição
De acordo com a literatura, o significado de algarismos significativos de uma medida são
números que estão relacionados a dígitos numéricos, que informam a medida, sendo esses
corretos, e o primeiro duvidoso. Para que ocorra uma medição com uma boa correção, é preciso
identificar um equipamento que vá fornecer uma grandeza escalar que auxiliará o observador
durante a leitura.

Após estudarmos o desvio padrão, depois de diversas medidas, calculamos a incerteza, ou


seja, pelo cálculo do ERRO. Imaginemos uma medida de comprimento, na qual temos: L = (5,6 ±
0,2 cm). Neste caso, o algarismo 6 seria o duvidoso. Dessa forma, se temos um valor, por exemplo,
de: 5,3573 0,1 cm, visto que a incerteza informada é de 1 milímetro, sendo assim, não procede
informar esse resultado com os algarismos 3 5 7 e 3, porque eles não são significativos. Retirando
os algarismos duvidosos, que estão dentro da incerteza, teremos, neste caso (5,3573), 1 algarismo
significativo no resultado, tem-se 5 0,1 cm.

Norma da ABNT recomenda que a incerteza seja dada apenas por dois algarismos. Se o desvio
padrão calculado a partir dos dados experimentais apresentar 0,5236, recomenda-se usar 0,5 ou
0,52.

1.3.2 Regras (para contar/apresentar medidas experimentos)


Para melhor entendimento da regra de identificação do algarismo significativo, tem-se como
exemplo a figura “Exemplo de medida em uma régua milimetrada”.

Figura 7 - Exemplo de medida em uma régua milimetrada


Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma ilustração de um lápis amarelo, colocado ao lado de


uma régua.

Como identificar os algarismos significativos?

Algarismos Significativos = Algarismos Significativos Não duvidosos + Algarismo Significativo


duvidoso, ou seja:

25
No caso do lápis, figura “Exemplo de medida em uma régua milimetrada”, um observador,
anotou 6,43 cm: em que temos 3 algarismos significativos. Neste caso, o algarismo/dígito “3” será
o algarismo significativo duvidoso, porque é uma estimativa conforme avaliação do observador.

Para completar o entendimento, tem-se as seguintes regras/exemplos:

Regras

• 0,00300: a partir desse número, vamos contar os algarismos significativos que neste caso,
serão (0,00300), ou seja, o número zero à esquerda não conta. Sendo assim, temos três
algarismos significativos.

• 0,075: mesmo caso acima, sendo que os dígitos não zeros serão os 2 dígitos ou algarismos
significantes (0,075).

• 690,: temos a vírgula decimal, mas, se não tivesse, seria um número não preciso, mas,
no caso desta medida, pretende-se dizer ao certo que temos três algarismos significativos
(690,).

• 35,0: temos a vírgula após o número 5, visto que, aqui a medida apresenta a casa decimal
mais próxima, e, portanto, temos três algarismos significativos (35,0).

• 403,001: neste caso, temos a casa decimal dos milhares. Sendo assim, o número zero após
a casa decimal estão entre números não zeros. Aqui, todos os dígitos são algarismos signi-
ficativos (403,001). Sendo assim, temos seis algarismos significativos

• 43.000: neste caso, estão ambíguos, pois não tem a casa decimal. Se a anotação fosse
43.000, (vírgula) teríamos cinco números significantes. Porém, quando a anotação estiver
de forma não clara como 43.000, podemos dizer que temos dois algarismos significativos.

Ressalta-se que: os algarismos são contados da esquerda para direita, a partir do primeiro
dígito não nulo, ou seja, quando for realizar a contagem dos algarismos significativos não conta:
potência de 10 e nem o zero à esquerda. Zeros podem ser ou não ser algarismos significativos.
Dessa forma, qualquer dígito que não seja zero e qualquer dígito zero no meio é significativo.

1.3.3 Operações
Ao realizarmos operações, sejam elas de adição ou de subtração, deve-se atentar para o
número de casa decimal que deverá ser a menor.

Tem-se a adição f 5,42 + 2,1 = 7,52; como a primeira parcela tem duas casas decimais, e a

26
segunda 1 casa decimal, o resultado será apresentado com apenas uma casa decimal 7,5.

Regra do arredondamento: se o primeiro número após 5 < 5, deve permanecer o valor da casa
decimal; caso seja >5, aumenta-se mais uma unidade na casa decimal.

Ao realizarmos operações, sejam elas de multiplicação ou de divisão, deve-se atentar para:

Se, caso os números da multiplicação, forem 1,25 x 2,5 = 3,125; como o primeiro fator (1,25)
tem três algarismos significativos e o segundo (2), o resultado será apresentado pelo fator com
dois algarismos, ou seja 3,1.

No caso de arredondamento; se o primeiro for < 5, vão permanecer o valor do último algarismo
significativo; caso seja >5, aumenta mais uma unidade no algarismo significativo.

Se 3,34 x 1,7 = 5,678, como a representação, será feita por dois algarismos, e como o 7 é maior
do que 5, acrescentamos mais uma unidade = 5,7.

1.4 Gráficos
Na física, existem grandezas que se relacionam uma com a outra e que podem alterar a partir de
algumas funções. Para a construção de um gráfico, é necessário retornar a alguns conceitos como,
por exemplo, o plano cartesiano. No plano cartesiano, temos duas variáveis que são apresentados
pelos eixos das abcissas (x) e das ordenadas (y), sendo essas perpendiculares entre si. Atualmente,
existem softwares que auxiliam na construção de gráficos. Muitos já estão familiarizados com o
Excel, mas também temos o Origin, PowerBi e outros.

Segundo Ramalho Junior, Ferraro e Soares (2007), nos fenômenos ocorridos quando se estuda
física, as coordenadas apresentadas pelos eixos x e y podem ser substituídas por fenômenos. A
cinemática, que descreve o movimento dos corpos sem se preocupar com a sua causalidade, tem:
espaço (s) e tempo (t); velocidade escalar (v) e o tempo (t); aceleração () e o tempo (t).

27
Figura 8 - Exemplos de gráficos
Fonte: graphixmania, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: A imagem apresenta alguns modelos de gráficos que podem ser encontrados
na literatura e que vão depender da função aplicada para plotar.

Os gráficos são utilizados para expressar dados experimentais, que permitem uma boa
visualização dos resultados e das suas grandezas experimentais. Veja a seguir como produzir um
gráfico.

1.4.1 Roteiro para a elaboração de um bom gráfico


Veja abaixo o que é necessário para a construção de um gráfico.

• Legenda

Deve apresentar as variáveis, os símbolos, as abreviações, as cores expostas no gráfico e o seu


significado.

• Eixos

Horizontal e vertical, que deverá conter a grandeza da respectiva medida. As suas escalas
deverão estar de forma a mostrar nitidamente o fenômeno experimental desejado.

• Título

Deve ser escrito na parte superior da área do gráfico.

28
• Marcar

Pontos do gráfico com símbolos adequados e de tamanho de fácil visibilidade. As barras de


erros poderão ser plotadas e aparecer no gráfico.

Confira abaixo um modelo de gráfico experimental.

Figura 9 - Gráfico com função da temperatura versus tempo


Fonte: Autora, 2021.

#ParaCegoVer: A figura apresenta um modelo de gráfico experimental, em que foi medida e


calculada a temperatura teórica e a experimental versus o tempo.

Existem gráficos, por exemplo, que necessitam do uso de outras equações, escalas de log,
potência etc. Esses dados dependerão do tipo de coleta, experimento ou ensaios que serão
executados no laboratório.

1.4.2 Exemplos
Abaixo foram adicionados dois gráficos de trabalhos desenvolvidos com relação ao estudo
de dois tipos de materiais. Qual é o interesse dessas medidas, o que o autor quer passar quando
analisa esses gráficos. Observa-se que, visivelmente, são descritos dois tipos de materiais, ou
seja, aqui é feita uma comparação de comportamento mecânico com unidades de medidas
determinadas. No eixo x não temos numerações, mas sim, condições das amostras que foram
ensaiadas.

Para fazer esses gráficos, foram selecionados dois aços inoxidáveis duplex, com espessuras
diferentes. A partir dessas amostras, foram feitos ensaios que mediram a resistência desses

29
materiais e os seus alongamentos. São grandezas de força que estão totalmente ligadas à condição
do material, à composição química e ao processamento, ou seja, como foi fabricado. Em diversos
tipos de laboratórios são feitas caracterizações que utilizam diferentes tipos de equipamentos
e fazem o uso desses resultados para a construção de tabelas e de gráficos (para a melhor
compreensão do fenômeno ocorrido). Por isso, a importância de se ter um gráfico legível, com
legendas e escalas bem definidas.

Qual a leitura que você faria nesses gráficos? Para ajudar, no primeiro, observamos uma
inclinação no eixo x, e no outro, há um declínio. Poderíamos ter gráficos relacionando a velocidade,
a temperatura, o tempo, entre outras grandezas que vão definir com precisão o relatório dos
dados coletados e, juntamente, com a conclusão explicar os resultados que foram obtidos em tal
experimento.

Figura 10 - Gráfico de propriedades mecânicas


Fonte: Autora, 2021.

#ParaCegoVer: A figura mostra gráficos que foram obtidos a partir de experimentos, e que
foram realizados laminação a frio e, posterior, tratamento térmico. As medições foram feitas a
partir de equipamentos selecionados de acordo com a propriedade a ser obtida.

Vamos estudar agora a importância da aula prática na produção de um relatório.

1.5 Exemplo de relatório de aula prática


Para a produção de um relatório, deve estar bem definido qual é o tipo de experimento que
será realizado na aula prática. A partir do estudo teórico dos fenômenos da física, todos esses
conceitos serão aplicados durante os experimentos.

Durante as experiências em laboratórios, anote cada etapa desenvolvida durante o


experimento. É primordial manter a atenção para que ocorra um melhor aprendizado e fixação da
teoria, relacionando-a à prática.

30
Fique ligado
Para auxiliar nas pesquisas bibliográficas, o site https://researchgate.net
apresenta vários artigos publicados em congressos e revistas.

1.5.1 Introdução
Resultados obtidos nos experimentos laborais devem ser apresentados sob forma de relatório.
A finalidade deste é que seja descrito, de forma clara, o objetivo da realização do trabalho. O título
da experiência deve estar coerente ao que contém no relatório.

Os métodos experimentais desenvolvidos nos laboratórios são realizados a partir de


questionamentos e levantamentos de hipóteses. O ensinamento com relação ao uso de
equipamentos e instrumentos relacionados aos fenômenos físicos visa fornecer aos estudantes
boas práticas durante as pesquisas aplicadas na engenharia, alinhadas de forma clara aos
conhecimentos teóricos adquiridos durante todo o aprendizado. Muitas das experiências
praticadas em laboratórios de física são feitas para validar uma teoria, entregar ao estudante
uma abrangência para a aplicação de como planejar, executar a metodologia para a realização
de medidas com os seus respectivos instrumentos, e ser capacitado a analisar os dados obtidos
durante as práticas laboratoriais.

Vale ressaltar que todos os instrumentos utilizados nos laboratórios deverão estar especificados
no relatório, bem como a metodologia aplicada durante toda a medição. Os relatórios feitos a
partir das práticas laboratoriais colaboram com o entendimento dos fenômenos relacionados à
teoria estudada na física. Por isso, a coleta de informações, juntamente com os resultados, leva a
uma compreensão melhor dos conceitos relacionados às leis da física, aos fenômenos ocorridos
a partir de um determinado estudo. O relatório deverá ser um processo de aprendizado, no qual
todas as análises, resultados, discussões e conclusões sejam elaboradas seguindo as Normas da
ABNT e que colabore com o aprendizado com relação aos conceitos estudados na física.

1.5.2 Estrutura do relatório


A capa de um trabalho científico deverá conter: título, nome dos autores, instituição,
disciplina, resumo do que foi realizado no trabalho e, se caso for exigência, a necessidade que o
resumo também esteja em inglês (abstract). O autor fará uma introdução baseada no assunto que
está sendo estudado, vinculado ao título. Aqui é importante não perder a essência da pesquisa/
experimento.

A parte da introdução deverá expor também: introdução teórica, ou seja, resumo da teoria
envolvida. Os objetivos deverão estar bem claros ao que pretende verificar durante as análises

31
experimentais. A parte experimental e a discussão é o item mais importante do relatório, no qual
serão descritos os procedimentos experimentais, os métodos de medida e o cálculo envolvido.
A partir dos dados obtidos, serão discutidos todos os resultados, respondendo às questões
propostas no texto.

Dica quanto aos espaçamentos das páginas:

• margem esquerda e superior: 3 cm;

• margem direito e inferior: 2 cm;

• espaçamento entre linhas: 1,5 cm;

• fonte: geralmente, a mais utilizada pelas instituições é Arial, tamanho 12.

No relatório, a parte que vai chamar a atenção para um bom entendimento de quem está
lendo é o resumo, no qual é exposto o tema abordado, como foi realizado os experimentos, como
foi medido, e qual é tipo de equipamento. Dessa forma, pode-se buscar o entendimento a partir
de artigos, literaturas, que visam a deixar o relatório mais bem escrito e demonstrando segurança
nos resultados finais.

Fique ligado
Dessa forma, sempre é deixada bem clara, durante os experimentos, a
necessidade de não passar nada em branco, ou seja, anotar tudo, todos os
fenômenos relacionados aos experimentos, até mesmo o que deram errado.

Outro aspecto importante são as unidades de medida quando se está relacionando dados
observados durante determinado experimento. Por isso, é de grande importância saber descrever
a real metodologia aplicada, o aparelho que foi utilizado e a padronização dos valores numéricos.
Deve-se ter no relatório um critério de clareza e boa definição nas escalas que serão adicionadas
nos gráficos para efeito de leitura e comparação. Outro fator importante é deixar transparente as
bibliografias utilizadas e as devidas referências para não cair no fator plágio.

Um relatório bem elaborado requer informações bem escritas, com design bem estruturado e
que siga um roteiro que permita aos leitores acompanhar desde o título até a conclusão da linha
de pensamento do que se pretende alcançar.

Veja abaixo a estrutura e a apresentação de relatório de aula prática.

32
Figura 11 - Modelo de capa para relatório
Fonte: FACVEST, 2021.

#ParaCegoVer: A imagem mostra a capa de um relatório da disciplina de Laboratório de Física


I, do Centro Universitário FACVEST.

Confira abaixo o modelo da parte interna do relatório, segundo OLIVEIRA (2021) seguido pelos
itens:

1. Resumo

Apresentação do(s) principal(ais) objetivo(os) do experimento, com lista das etapas constantes
do procedimento experimental desenvolvido.

2. Introdução teórica

Apresentação dos pontos básicos do estudo ou atividades desenvolvidas, especificando


as principais aquisições teórico-metodológicas, referentes às técnicas empregadas, onde é
apresentado um embasamento teórico do experimento descrito para situar o que se pretendeu
estudar no experimento. A partir da literatura consultada, apresenta-se uma revisão resumida do
assunto, com as referências bibliográficas feitas por números entre colchetes, que são listadas no
item final do relatório.

33
Lembre-se que a introdução não é uma cópia da literatura. Não copie os textos consultados.
Para isso, bastaria uma máquina de fotocópias. A introdução deve possuir poucos parágrafos.

3. Parte experimental

Neste item, deverá ser apresentada a descrição detalhada do experimento realizado, contendo
a descrição dos materiais e instrumentos utilizados e também a descrição dos passos e técnicas
empregadas. Este item precisa conter elementos suficientes para que se possa ler e reproduzir o
experimento no laboratório.

Geralmente, são utilizados imagens, desenhos e diagramas para esclarecer sobre a montagem
da aparelhagem.

4. Resultados obtidos

Esta é a parte principal do relatório, onde são adicionados todos os dados levantados, os
cálculos realizados (inclusive de erros experimentais), gráficos e respostas às perguntas nos
roteiros de experimentos fornecidos, que podem ser numéricos ou não. Dessa forma, para cada
tipo de cálculo, deverão ser apresentadas a fórmula matemática utilizada e a dedução do cálculo
do erro experimental.

Um exemplo completo com todos os dados e resultados de grandezas e erros (normalmente


são necessárias repetições de cálculos, que não precisarão de repetição de apresentação de
passos de cálculo, somente de apresentação dos resultados em forma de lista ou tabela).

Fique ligado
Utilize apenas os dados simulados ou obtidos experimentalmente, ou seja,
não invente ou copie dados experimentais de outras fontes.

5. Conclusões

É a apresentação de uma análise dos resultados obtidos, com as observações e comentários


pertinentes. Espera-se que se discutam os resultados em termos dos fundamentos estabelecidos
na introdução, mas também que os resultados inesperados e observações sejam relatados,
procurando uma justificativa plausível para o fato. Apresenta-se aqui, uma avaliação global do
experimento realizado, com fatos extraídos do experimento, comentando-se sobre as adaptações
ou não, apontando-se possíveis explicações e fontes de erro experimental. Não é uma síntese do
que foi feito (isso já está na introdução e na parte experimental).

34
6. Referências bibliográficas

É o conjunto de elementos que permitem a identificação de documentos impressos ou


registrados em qualquer suporte físico, tais como: livros, periódicos e materiais audiovisuais, no
todo ou em parte. Quando se faz uma referência bibliográfica, deve-se levar em consideração
a ordem convencional dos seus elementos, prevista pelas normas da ABNT. Na referência
bibliográfica, tem-se a seguinte ordem de elementos: autor, título, edição, local, editora, data,
volume e páginas.

Apresenta-se uma relação das fontes utilizadas pelo(s) autor(es). Todas as obras citadas no
trabalho devem obrigatoriamente constar nas referências bibliográficas. Bibliografia é a relação dos
documentos existentes sobre determinado assunto ou de determinado autor. A lista bibliográfica
apresentada ao final de um trabalho pode ser feita de forma alfabética, sistemática (por assunto)
ou cronológica, com referências numeradas consecutivamente em algarismos arábicos.

Nesta lista, não se repete a mesma entrada da referência (autor ou título), que é substituída
por um travessão equivalente a cinco espaços e a segunda linha e subsequentes iniciam sob o
primeiro espaço da primeira palavra que inicia cada referência.

• Padrões de apresentação:

Capítulo, fragmento ou outras partes de uma obra: livro, folheto, dicionário, enciclopédia,
manual, catálogo e guia.

SOBRENOME, Prenome do Autor da parte e da obra. Título da parte consultada. In: Título da
obra: subtítulo. nº. ed. Local: Editora, ano. v. nº, cap. nº, p. inicial-final.

SOBRENOME, Prenome do Autor da parte. Título da parte: subtítulo. In: SOBRENOME,


Prenome do Autor da obra. Título da obra: subtítulo. nº. ed. Local: Editora, ano. v. nº, cap. nº, p.
inicial-final.

Exemplos:

DUARTE JÚNIOR, João Francisco. A aprendizagem da realidade. In: O que é realidade. 3. ed.
São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 77-88. DESCOBRIMENTO do Brasil. In: Enciclopédia delta universal.
Rio de Janeiro: Delta, 1986. v. 5, p. 2.515- 2.517.

Livro: SOBRENOME, Nome. Título. Edição. Editora: Cidade, data de publicação.

Site: www.xxxxxxxx.xxx.xx/xxxxxxxxx....... Data de acesso: ___/___/______.

35
1.5.3 Orientações para elaboração do exemplo de relatório a partir do
roteiro
Veja abaixo dicas para o aproveitamento do conteúdo do roteiro do experimento para a
elaboração do relatório.

• Reaproveita-se, com pequenas adequações, o item de objetivo(s) do roteiro dentro do item


Resumo do relatório.

• Reaproveita-se o item de Introdução teórica para o respectivo item no relatório.

• O item parte experimental do relatório é onde, a partir do roteiro, transfere-se o texto do


material utilizado e descrevem-se os procedimentos realizados com narrativa no passado.

• No item resultados obtidos do relatório, colocam-se: os dados obtidos/medidos; cálculos;


tabelas especificadas no roteiro a ser preenchidas; gráficos; exemplos de cálculo de erros,
que preencheram as tabelas e demais cálculos; e a análise dos dados/resultados, que, às
vezes, vêm especificadas no próprio roteiro.

• No item conclusão, expõe-se o sucesso ou fracasso do experimento, justificando-o.

Agora, vamos estudar os experimentos em si. Acompanhe.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

1.6 Experimento: medidas físicas e os aparelhos de


medida
Na física, todos os experimentos realizados exigem a avaliação da confiabilidade a partir dos
valores medidos por meio da utilização dos instrumentos. Sendo assim, a física permite a aplicação
de teorias da probabilidade e estatística na representação de suas medidas. Dessa forma, o

36
engenheiro deverá estar familiarizado com o conjunto da física durante a realização de medições,
especificando as variáveis envolvidas no processo, saber as especificações dos aparelhos de
medida, enfim, de todo o mecanismo experimental.

1.6.1 Roteiro
Objetivo

Aprender os padrões de medidas, as medidas físicas e as respectivas incertezas inerentes aos


processos científicos. Reconhecer os algarismos significativos de uma medida física, aprender os
processos de arredondamento e operacionalização de algarismos significativos. Familiarizar-se
com aparelhos ou instrumentos de medidas.

Introdução teórica

A Física ocupa-se de estudar um dado fenômeno físico, no qual se procura entender certas
propriedades ou grandezas associadas a esse fenômeno. Esses fenômenos são regidos por leis
físicas, que são quantitativas, ou seja, são expressas por funções matemáticas. Assim, para se
verificar uma lei física, está implícito que se deve avaliar quantitativamente uma ou mais
grandezas físicas e, portanto, realizar medidas.

O objetivo aqui é o estudo das grandezas físicas, bem como os procedimentos e instrumentos,
ou aparelhos, necessários para a realização de suas medidas. A tabela “Grandezas físicas x
Aparelhos de Medida” mostra algumas grandezas físicas e os aparelhos utilizados para medi-las.

Grandeza Aparelho
régua milimetrada
trena
Comprimento
paquímetro
micrômetro
Massa balança
Tempo cronômetro

Tabela 7 - Grandezas físicas x Aparelhos de medida


Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela, com duas colunas. Na coluna da esquerda
consta a palavra “grandeza” na parte superior e, na sequência: comprimento, massa e tempo. E,
na coluna da direita, “aparelho”: régua milimetrada, trena, paquímetro, micrômetro, balança e
cronômetro.

37
Aparelhos de medida

O objetivo aqui é reconhecer os procedimentos de manuseio e determinação da precisão de


alguns aparelhos frequentemente utilizados no laboratório de Física. A precisão de um aparelho
de medida corresponde à quantidade mínima da grandeza física que ele é capaz de diferenciar. Por
exemplo, numa régua milimetrada, a precisão é de 1 mm.

Nesse sentido, é oportuno classificar o aparelho, de acordo com a sua escala, em analógicos
e não analógicos.

Os aparelhos analógicos são aqueles cujas escalas permitem que o algarismo duvidoso da
medida seja avaliado. Exemplos: régua milimetrada e trena.

Neste caso, é usual adotar a incerteza da escala como sendo a metade da precisão, exemplo:
régua milimetrada: precisão = 1 mm (menor divisão), então a incerteza = 1/2 mm = 0,5 mm, e o
erro de medida = +/- 0,5 mm.

Figura 12 - Trena
Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A figura mostra uma trena amarela, com os números em preto e vermelho.

Para entender a origem deste critério, considere, por exemplo, a medida do comprimento do
lápis com uma régua milimetrada mostrada na figura abaixo.

38
Figura 13 - Medição de comprimento de lápis com régua milimetrada
Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A imagem mostra um lápis amarelo de 64,5 milímetros.

Se a marcação da régua fosse precisa, pode-se avaliar até décimos de milímetro. Mas se a
régua é graduada em milímetros é porque o material com que é feita pode resultar em variações
do comprimento total comparáveis com a sua menor divisão ou, então, o próprio processo de
fabricação pode não ser seguro, dando variações comparáveis com a menor divisão.

Nestes casos, supor a régua exata e avaliar décimos de milímetro não é garantia de uma boa
medida. Por outro lado, arredondando até o milímetro inteiro mais próximo pode implicar em perda de
informação. Assim, avaliar a incerteza em metade da precisão é um meio termo aceitável. É importante
observar que esta incerteza corresponde, na verdade, à incerteza máxima, que pode ser obtida com a
régua milimetrada. O comprimento do lápis na Figura “Medição de comprimento de lápis com régua
milimetrada” é de 64,5 mm, sendo que os algarismos 6 e 4 são exatos, e o 5 é o algarismo duvidoso, ou
estimado. Portanto, o resultado final da medida deve ser L = (64,5 +/- 0,5) mm.

Os aparelhos não analógicos são aqueles que têm uma escala auxiliar ou digital.

Para os não analógicos e não digitais, como o paquímetro e micrômetro externo, tem de se
analisar a precisão, que é fornecida pela escala auxiliar (nônio ou vernier).

Figura 14 - Paquímetro
Fonte: UFJF, 2010.

39
#ParaCegoVer: A imagem mostra um paquímetro. Na esquerda, tem a orelha fixa e a orelha
móvel; a seguir, tem a indicação do nônio ou vernier, o parafuso de trava e o propulsor. Na parte
superior, está indicada a escala física em polegadas e, na inferior, a escala fixa em milímetros. E,
por fim, bem à direita, tem a haste de profundidade.

Na sequência, veja a figura de um micrômetro externo.

Figura 15 - Micrômetro externo


Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A figura mostra um micrômetro externo. O equipamento produzido em metal


está sobre um fundo verde claro.

Alguns apresentam nesta escala a incerteza, mas, se não for o caso, e o paquímetro permitir, a
precisão de 0,1 mm, então a incerteza é do mesmo jeito que na régua milimetrada, isto é, incerteza
= 0,1/2 mm = 0,05 mm, e o erro de medida = +/- 0,05 mm.

Para os não analógicos e digitais, como balança e cronômetro, tem que se analisar a precisão,
que é fornecida pela menor medida do mostrador (“display”), sendo definida como uma unidade
da última posição à direita.

Por exemplo: uma balança que apresenta valores inteiros de Kg e com display com três casas
decimais tem precisão de 0,001 kg ou 1 g. Então, um objeto que apresente uma leitura de 0,235 kg
deve ter a sua medida apresentada como (0,235 +/- 0,001) kg ou (235 +/- 1 g).

40
Figura 16 - Balança digital
Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma balança digital branca. O display pode mostrar as casas
decimais de uma medição.

Para atividades com cronômetro digital, utilizaremos os aplicativos de celular com esta função
e, conforme o caso, será determinada a precisão.

Figura 17 - Cronômetro digital (Motorola G8 Power)


Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A imagem mostra um cronômetro digital utilizado em celulares. Na tela preta,


os símbolos estão na cor branca, na sua maioria, e alguns na cor azul.

Parte Experimental

41
Serão realizadas medições de dimensões:

Utilizando régua milimetrada e trena, dos seguintes corpos de prova:

• 3 pedaços de madeira com formato de paralelepípedo (“tarugos”);

• 2 discos de metal (espessura);

• 1 disco de resina com furo (espessura);

• 1 tarugo de metal.

para preenchimento das tabelas régua milimetrada e trena.

Tabela 8 - Régua milimetrada


Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com quatro colunas. Na linha bem de cima
constam: corpo de prova, comprimento (Medida e unidade), largura (medida e unidade) e altura
(espessura) – medida e unidade. E nas linhas abaixo: tarugo de madeira maior, tarugo de madeira
médio, tarugo de madeira menor, tarugo de metal, disco metálico maior, disco metálico menor e
disco de resina.

42
Tabela 9 - Trena
Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com quatro colunas. Na linha bem de cima
constam: corpo de prova, comprimento (medida e unidade), largura (medida e unidade) e altura
(espessura) – medida e unidade. E nas linhas abaixo: tarugo de madeira maior, tarugo de madeira
médio, tarugo de madeira menor, tarugo de metal, disco metálico maior, disco metálico menor e
disco de resina.

Utilizando paquímetro, dos seguintes corpos de prova:

• 3 pedaços de madeira, com formato de paralelepípedo (“tarugos”) (exceto comprimen-


to);

• 2 discos de metal;

• 1 disco de resina com furo (dimensões externas e diâmetro do furo);

• 1 tarugo de metal.

Para preenchimento da tabela “Paquímetro”:

43
Altura
Comprimento Largura Diâmetro do Disco Diâmetro do furo
Corpo de Prova (Espessura)
Medida Un. Medida Un. Medida Un. Medida Un. Medida Un.
Tarugo de
madeira ( ± ) ( ± )
maior
Tarugo de
madeira ( ± ) ( ± )
médio
Tarugo de
madeira ( ± ) ( ± ) ( ± )
menor
Tarugo de
( ± ) ( ± ) ( ± )
metal
Disco
metálico ( ± ) ( ± )
maior
Disco
metálico ( ± ) ( ± )
menor
Disco de
( ± ) ( ± ) ( ± )
resina

Tabela 10 - Paquímetro
Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com seis colunas. Na linha bem de cima constam:
corpo de prova, comprimento (Medida e unidade), largura (medida e unidade), altura (espessura)
– medida e unidade, diâmetro do disco (medida e unidade) e diâmetro do furo (media e unidade).
E nas linhas abaixo: tarugo de madeira maior, tarugo de madeira médio, tarugo de madeira menor,
tarugo de metal, disco metálico maior, disco metálico menor e disco de resina.

Utilizando micrômetro, dos seguintes corpos de prova:

• 2 discos de metal (espessura);

• 1 disco de resina com furo (espessura);

• 1 tarugo de metal (exceto comprimento).

para preenchimento da tabela “Micrômetro”.

44
Altura
Comprimento Largura
Corpo de Prova (Espessura)
Medida Un. Medida Un. Medida Un.
Tarugo de
( ± ) ( ± )
metal
Disco metálico
( ± )
maior
Disco metálico
( ± )
menor
Disco de
( ± )
resina

Tabela 11 - Micrômetro
Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A figura é uma tabela com quatro colunas (corpo de prova, comprimento,
largura e altura (espessura) e cinco linhas. Abaixo do corpo de prova, tem: tarugo de metal, disco
metálico maior, disco metálico menor e disco de resina.

Serão realizadas medições de massa utilizando a balança digital dos seguintes corpos de prova:

• 3 pedaços de madeira com formato de paralelepípedo (“tarugos”);

• 2 discos de metal;

• 1 disco de resina com furo;

• tarugo de metal.

para preenchimento da tabela “balança digital”:

45
DĂƐƐĂ
ŽƌƉŽĚĞWƌŽǀĂ
DĞĚŝĚĂ hŶ͘
dĂƌƵŐŽĚĞ
;цͿ
ŵĂĚĞŝƌĂŵĂŝŽƌ
dĂƌƵŐŽĚĞ
;цͿ
ŵĂĚĞŝƌĂŵĠĚŝŽ
dĂƌƵŐŽĚĞ
ŵĂĚĞŝƌĂ ;цͿ
ŵĞŶŽƌ
dĂƌƵŐŽĚĞ
;цͿ
ŵĞƚĂů
ŝƐĐŽŵĞƚĄůŝĐŽ
;цͿ
ŵĂŝŽƌ
ŝƐĐŽŵĞƚĄůŝĐŽ
;цͿ
ŵĞŶŽƌ
ŝƐĐŽĚĞƌĞƐŝŶĂ ;цͿ

Tabela 12 - Balança Digital


Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A figura mostra uma tabela com corpo de prova (coluna da esquerda): tarugo
de madeira maior, tarugo de madeira médio, tarugo de madeira menor, tarugo de metal, disco
metálico maior, disco metálico menor e disco de resina. Na coluna da direita, tem comprimento
(medida/unidade).

Serão realizadas cinco medições aleatórias de tempo utilizando o aplicativo de cronômetro de


celular para o preenchimento da tabela “cronômetro digital”.

Tempo
Medições
Medida Un.
Medida 1 ( ± )
Medida 2 ( ± )
Medida 3 ( ± )
Medida 4 ( ± )
Medida 5 ( ± )

Tabela 13 - Cronômetro digital


Fonte: UFJF, 2010.

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com seis linhas. Na coluna da esquerda tem:
medições, medida 1, medida 2, medida 3, medida, 4 e medida 5. E na coluna da direita, tempo
(medida e unidade) e espaços para preenchimento da medida 1 à medida 5.

46
Vamos agora estudar sobre os equipamentos de proteção individual. Acompanhe.

1.7 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)


Os equipamentos de proteção individual são acessórios de uso pessoal, destinados à proteção
da saúde e integridade física do técnico. A utilização dos EPI é regulamentada pela Norma NR-6,
da Portaria de n. 3214, do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em trabalhos realizados em laboratórios, a proteção serve para não haver acidente e nem
contaminar amostras que estão no local. Por isso, devemos analisar os riscos quando vamos
trabalhar em laboratórios. Para isso, temos EPIs necessários para cada tipo de laboratório e
experimentos dos quais serão realizados.

O que não pode usar em laboratório?

Anéis grandes, pois eles podem cortar ou perfurar as luvas; as pulseiras devem ser evitadas;
os relógios e os colares grandes também podem causar problemas. Ao aproximar da bancada ou
transitar pelo laboratório, esses acessórios podem ficar presos em algum equipamento ou quina,
causando acidentes. Outro item proibido em laboratórios são sapatos abertos ou com saltos,
chinelos e, dependendo dos experimentos, é necessário evitar o uso de tênis.

Figura 18 - Equipamentos de proteção individual (EPIs)


Fonte: Anna LoFi, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: Todos os devidos cuidados devem ser descritos antes de iniciar qualquer
experimento. Faça uma análise de risco, e observe na norma qual é o EPI mais adequado para a
proteção da saúde e da integridade física, caso alguns incidentes ou acidentes aconteçam dentro
dos laboratórios de física.

Confira a seguir a lista de equipamentos de proteção individual.

47
• Capacetes: usados no caso de proteção contra choques elétricos e contra impactos de ob-
jetos.

• Capuz/jaleco: tanto o capuz quanto o jaleco protegem contra riscos de origem térmica,
respingos de produtos químicos.

• Óculos de segurança e proteção facial: proteção dos olhos contra impactos de partículas,
contra luminosidade intensa, radiação ultravioleta e infravermelha e produtos químicos.

• Protetor auditivo: protege o sistema auditivo contra níveis sonoros superiores aos estabe-
lecidos na NR – 15 (BRASIL, 2020b).

• Protetor respiratório: proteção das vias respiratórias contra poeiras, vapores orgânicos,
gases.

• Luvas: para proteção das mãos contra agentes abrasivos e escoriantes; agentes cortantes e
perfurantes; choques elétricos; agentes térmicos, biológicos, químicos, vibrações e contra
radiações ionizantes.

1.7.1 Experimento – Indicação dos EPIs para Práticas Laborais (virtual)


Para classificar os tipos de EPIs que serão utilizados nas práticas laboratoriais, é necessário,
antes de iniciar os experimentos, saber as regras que regem o laboratório que será utilizado. Vale
ressaltar que a ausência desses equipamentos pode levar riscos à saúde e à segurança de todos.

Para práticas com substâncias irritantes, tóxicas, entre outros produtos, deve-se atentar para
qual tipo de máscara deverá ser utilizado. A NR6 (BRASIL, 2020a) estabelece regras e diretrizes que
devem ser estudadas para ter conhecimento referente ao uso dos equipamentos de segurança.
Nessa norma, também estão especificadas todas as responsabilidades de quem irá utilizar o
equipamento e o seu uso correto. Os acidentes acontecem por momentos de descuidos. Por isso,
fique atento aos tipos de EPIs e como usá-los.

48
Conclusão

Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• aprender a importância das grandezas no estudo dos fenômenos que ocorrem na física;

• compreender que cada equipamento apresenta uma escala de acordo com o tipo de ex-
perimento que irá realizar no laboratório. O uso correto do equipamento e as repetições
evitam erros de leituras;

• identificar os algarismos significativos e todas as regras envolvidas nas operações de repre-


sentação desses e também a questão do arredondamento, de acordo com cada operação;

• anotar todos os dados experimentais realizados no laboratório de física para auxiliar na


elaboração do relatório, seguindo todas as instruções e normas;

• estudar sobre os equipamentos de proteção individual adequados para cada tipo de expe-
rimento que será executado no laboratório de física, bem como aos avisos relacionados aos
procedimentos as práticas laborais.
IBLIOGRAFIA

BRASIL, Norma Regulamentadora Nº 15 (NR-15), Ministério do Trabalho e Previdência. A NR-15


estabelece as atividades que devem ser consideradas insalubres, gerando direito ao adicional de
insalubridade aos trabalhadores. 22 out. 2020a. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-
-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-
-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/norma-regulamentadora-no-15-nr-15. Acesso em: 29 dez. 2021.

BRASIL, Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6), Ministério do Trabalho e Previdência. A NR-06 é


norma especial, que regulamenta a execução do trabalho com uso de Equipamentos de Proteção
Individual (EPI), sem estar condicionada a setores ou atividades econômicas específicas. 22 out.
2020b. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-es-
pecificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/norma-regu-
lamentadora-no-6-nr-6. Acesso em: 29 dez 2021.

FRANÇA F. A. Instrumentos e Medidas: grandezas mecânicas. UNICAMP, 2007.

GONÇALVES, K. A. M. B. Influência do caminho da deformação a frio e recozimento na textura


cristalográfica e propriedades mecânicas dos aços inoxidáveis duplex UNS S31803 e UNS S32304.
2015. 140f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Metalurgia e Materiais – Programa de Pós
Graduação – PPGEM) – Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Belo Horizonte, Minas Ge-
rais.

HALLIDAY, D; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentals of physics. Extended Edition. Wiley. 2007.

OLIVEIRA, S. M. Relatório de aula prática. UNIFACVEST: Lages (SC), 2021.

RAMALHO JUNIOR, F.; FERRARO, N. G; SOARES, P. A. de T. Os fundamentos da física. 9. ed. rev. e


ampl. São Paulo: Moderna, 2007.

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Medidas Físicas e os Aparelhos de Medida. De-
partamento de Física. Instituto de Ciências Exatas. Disponível em: https://www.ufjf.br/fisica/
files/2010/03/01_Pratica1.pdf. Acesso em: 26 dez 2021.
UNIDADE 2

Experimentos de Mecânica
Introdução

Você está na unidade Experimentos de Mecânica. Conheça aqui os principais assuntos que
serão abordados. No estudo da Mecânica, estudará o comportamento dos corpos nas mais
diversas situações e em meios diferentes. Aprenderá também quais efeitos acontecem quando
dois corpos se chocam. Na Dinâmica, verá a força presente em sistemas com molas e a lei que
rege tais movimentos. Para a análise da Estática, outro campo da Dinâmica, compreenderá o que
ocorre quando queremos equilibrar dois corpos em uma balança de pratos.

Já dentro da Ondulatória, você verá quais fórmulas e conceitos definem os movimentos dos
pêndulos simples e dos pêndulos reais, como também as similaridades e diferenças entre eles, e
os conceitos que envolvem as molas.

Além disso, serão disponibilizados links para o nosso Laboratório Virtual, onde você poderá
realizar experimentos de Cinemática e Movimentos Oscilatórios.

Bons estudos!

52
2.1 Cinemática
Quando analisamos os movimentos que os corpos descrevem, sem nos preocuparmos com
as forças empregadas neles, estamos tratando de uma parte da Física denominada Cinemática.
Se considerarmos as forças envolvidas nesses corpos, bem como as suas propriedades, lidamos
com a Dinâmica.

Neste tópico, examinaremos algumas grandezas cinemáticas em casos que envolvem apenas
uma dimensão.

2.1.1 Movimento Retilíneo Uniforme (MRU)


Para iniciarmos o estudo sobre o movimento dos corpos, é necessário conceituarmos alguns
componentes:

Posição (x): lugar determinado em uma trajetória. Pode se relacionar à posição de um móvel
com o tempo de acordo com a função:

Deslocamento ( ): imagine que, em um instante de tempo , um automóvel se encontre


em uma posição x. Mais tarde, este mesmo automóvel se encontrará na posição . Observa-
se que o automóvel variou seu espaço no trajeto, e a esse tipo de variação de espaço, definimos
como deslocamento. Dado por: .

Velocidade Média ( ): grandeza que possui módulo, direção e sentido, ou seja, é uma
grandeza vetorial. É definida como a razão da variação da posição em relação ao intervalo de
tempo:

Normalmente, a velocidade média depende do intervalo de tempo específico.

Tome como exemplo um automóvel no instante e esteja em um ponto


Após , ele se encontra no ponto . Definimos então que a velocidade
média deste automóvel é dividido pelo intervalo de tempo, ou seja,

Velocidade instantânea : também podemos pensar em velocidade instantânea, denominada


pontual, que é aquela associada a um instante de tempo, definida por: .

Em que, a velocidade instantânea é o limite da velocidade média no intervalo de


tende a zero. O valor do limite de , quando tende a zero e conceito
matemático de diferenciação é escrito na forma e é definido como a derivada de em relação a t.

Por não se tratar de uma grandeza vetorial, a velocidade escalar é apenas o módulo da
velocidade instantânea, sem qualquer indicação da sua direção e sentido: .

53
Aceleração Média : um corpo possui aceleração quando a sua velocidade varia com o
tempo. Define-se aceleração média como o quociente da variação da velocidade pelo intervalo
de tempo: .

Também é definida como uma grandeza vetorial.

Aceleração instantânea : pode-se entender seguindo o mesmo raciocínio da velocidade


instantânea. Ela é definida como sendo o limite da aceleração média quando o intervalo de tempo
tende a zero, ou seja, é a taxa de variação da velocidade com o tempo: .

Podemos classificar os movimentos quanto ao seu sentido e quanto à variação da velocidade.

• Para corpos que se deslocam a favor da trajetória, o movimento é classificado como pro-
gressivo e

• Para aqueles que se deslocam contrários à trajetória, , e seu movimento é retrógrado.

Quanto à variação de velocidade, o movimento de corpo será progressivo se sua velocidade


for crescente, e retardado, se ela estiver decrescente.

Agora que já definidos alguns conceitos, conseguiremos, com mais clareza, entender os
movimentos estabelecidos pelos corpos. O primeiro e mais simples movimento descrito por um
corpo é o Movimento Retilíneo Uniforme (MRU). Ele consiste em um movimento unidimensional,
no qual um corpo descreve uma trajetória em linha reta, percorrendo distâncias iguais em
intervalos de tempos iguais, sendo a sua aceleração nula, uma vez que a velocidade escalar é
constante no decorrer do tempo. Há também casos em que a velocidade instantânea coincide com
a velocidade média em qualquer instante; isso ocorre quando um corpo percorre distâncias iguais
em intervalos de tempos iguais.

Imaginemos que um casal irá passar férias no litoral e, para isso, precisa acessar uma longa
rodovia que liga uma cidade a outra. Às 13h, o casal entrou em um trecho de linha reta no km 50
e seguiu nela com a mesma velocidade até as 15h, quando, no km 260, acessou uma rotatória que
o leva a uma estrada bem íngreme.

Matematicamente, pode-se definir essa situação através da equação:

Em que,

referem-se às posições final e inicial, respectivamente, e tratam do tempo final


e inicial, respectivamente.

Perceba que, durante as duas horas que o casal esteve viajando, o veículo manteve uma

54
velocidade escalar de 105 km/h, caracterizando um movimento constante e, como foi relatado no
problema, em linha reta. Logo, um MRU.

A partir da fórmula da velocidade, obtém-se a equação horária do MRU:

Gráficos do MRU

1) Posição: tratando-se de um MRU, o gráfico da posição em função do tempo será uma


reta inclinada em relação ao eixo do tempo. Se o deslocamento for ao sentido contrário, a partir
do ponto de origem, a reta será decrescente, e dizemos que o movimento é retrógrado. Se o
deslocamento for ao sentido da trajetória, a reta será crescente, e o movimento é classificado
como progressivo, conforme o gráfico a seguir.

Figura 1 - Gráfico de distância e tempo – velocidade uniforme


Fonte: Smart Vectors, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: na imagem, há o gráfico da posição pelo tempo , em que o eixo é a posição e o


eixo , o tempo. A posição será uma reta inclinada em relação ao eixo do tempo.

2) Velocidade: como estamos lidando com um movimento no qual a velocidade é constante, o


gráfico de velocidade em função do tempo não poderia ser outro a não ser uma reta paralela ao
eixo do tempo. Se a velocidade possuir valor negativo, a reta será abaixo do eixo do tempo, e se a
velocidade for positiva, a reta será conforme a figura a seguir, acima do eixo do tempo.

55
Figura 2 - Velocidade positiva
Fonte: Smart Vectors, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra o gráfico da velocidade pelo tempo , em que o eixo é a


velocidade e o eixo o tempo. Por se tratar de um MRU, a velocidade será uma reta paralela em
relação ao eixo do tempo.

Na prática, observamos que este movimento é idealizado na maioria das vezes, pois sabemos
que, no dia a dia, sempre é necessário aumentarmos ou diminuirmos a velocidade ao longo de
uma trajetória.

Fique ligado
Convidamos você a realizar o experimento “Movimento Retilíneo Uniforme
(MRU)” em nosso Laboratório Virtual: https://www.virtuaslab.net/ualabs/
ualab/10/61a8cc9c42bee.html

O movimento que mais se aproxima do que vivenciamos no cotidiano é o Movimento


Uniformemente Variado (MRUV), que estudaremos agora.

2.1.2 Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (MRUV)


Vimos que, para que um movimento seja uniforme, a sua velocidade escalar média tem de ser
sempre a mesma em qualquer intervalo de tempo, ou seja, a sua aceleração é nula. Isso já não
ocorre para movimentos variados, em que a aceleração será diferente de zero.

Um caso particular desse tipo de movimento é o MRUV, que, da mesma forma que o MRU,
é um movimento unidimensional, porém, a velocidade vai variar, e essa variação ocorre com
a mesma taxa durante todo o trajeto. Sendo assim, a aceleração será constante para qualquer
intervalo de tempo. Para tanto, a aceleração média para qualquer intervalo de tempo será igual a

56
aceleração instantânea.

A partir da equação acima, vimos como varia a velocidade escalar no passar do tempo
são constantes e, a cada valor de , corresponde a um único valor de t:

Outra maneira de demonstrar a equação da velocidade acima é analisar a área sob a curva
entre os limites em um gráfico de aceleração versus o tempo, em que o retângulo tem como altura
e o comprimento t. A área do retângulo é igual a , que, na equação, é igual a :

Figura 3 - Aceleração versus tempo


Fonte: vectorWalker2019, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: na imagem, há o gráfico de aceleração pelo tempo, em que o eixo é a


aceleração e o eixo o tempo. Como o movimento é um MRUV, a aceleração será constante, logo é
representada por uma reta paralela ao eixo .

Para a função horária do espaço, podemos nos valer do fato de que, se a aceleração é
constante, a velocidade média será a média aritmética das velocidades em qualquer intervalo de
tempo de .

Substituindo as fórmulas da velocidade média com a variação da posição:

57
temos que:

Porém, pode ser que encontremos casos nos quais não teremos o valor do tempo. Dessa forma,
faremos o uso do que hoje conhecemos como a Equação de Torricelli, na qual, ao dispormos da
velocidade e da aceleração, conseguimos saber a variação da posição. Novamente, vamos usar a
equação da velocidade e, em seguida, elevar todos os termos ao quadrado:

Usando a função horária da posição:

e, fazendo as substituições, temos que:

Fique ligado
Convidamos você a realizar o experimento “Movimento Retilíneo
Uniformemente Variado (MRUV)” em nosso Laboratório Virtual: https://
www.virtuaslab.net/ualabs/ualab/11/61a8cd255a9b3.html

Um dos exemplos de MRUV que possui a aceleração aproximadamente constante é o de um


corpo caindo na superfície terrestre, ou em queda livre. Assunto este que será abordado a seguir.

2.1.3 Queda Livre


Galileu Galilei (1564-1642) demonstrou que se desconsiderarmos a resistência do ar conhecido
como força de arrasto, corpos de diferentes formas e pesos abandonados de certa altura cairão
com a mesma aceleração. Também demonstrou que a aceleração será constante se, além disso,
forem desconsiderados os efeitos da rotação da Terra, bem como se o raio da Terra for grande em
comparação com a queda.

58
Figura 4 - Representação de bola abandonada
Fonte: BlueRingMedia, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: na imagem, há a representação de uma mão abandonando uma bola e essa


fará um movimento de queda livre.

Tendo em conta esses fatores, denominamos tal movimento ideal, como queda livre e, que
por se tratar de um movimento vertical, também é classificado como um MRUV.

O nome que se dá à aceleração de um corpo em queda livre é aceleração da gravidade e é


representada pelo símbolo e seu valor, ao nível do mar, é aproximadamente de 9,8m/s² ou 980
cm/s², obtido por Isaac Newton (1643-1727) mais tarde através da Lei da Gravitação Universal.

Para efeito de cálculo, este valor será arredondado para 10 m/s². Isso significa uma variação de
velocidade de 10 m/s a cada segundo, ou, de 36 km/h em cada segundo.

Assim, se não houvesse a resistência do ar, em 5 segundos de queda, um corpo alcançaria o


solo com uma velocidade de 180 Km/h.

Além de não considerarmos a resistência do ar para a análise dos mais diversos problemas, um
corpo em queda livre tem a sua velocidade aumentada até um valor limite. Depois desse instante,
seu movimento passa ser uniforme, ou seja, a sua velocidade passa ser constante.

Descrevendo um movimento vertical para baixo, desconsiderando a resistência do ar, um


corpo tem a sua velocidade aumentada e, o contrário, é verdadeiro. Um corpo lançado em
movimento vertical para cima descreverá um movimento chamado de retardado, com a sua
velocidade diminuindo. Isso é importante apenas para a análise do sinal da velocidade escalar.
Em uma trajetória de subida ou descida o sinal da aceleração escalar será determinado apenas
pela orientação da trajetória e não pelo fato de o corpo subir ou descer. A velocidade será
na subida e na descida. Na subida, o movimento é retardado, pois a sua velocidade vai
diminuindo; e, na descida, como a velocidade está aumentando, o movimento será acelerado,

59
portanto, .

De acordo com convenções algébricas para a aceleração temos que:

• quando um corpo estiver subindo: .

• quando um corpo estiver em queda: .

Um corpo descrevendo uma trajetória para cima ou para baixo terá o seu movimento associado
apenas ao sinal da velocidade escalar.

Para um corpo abandonado de certa altura, temos as equações já analisadas anteriormente:

• (Equação horária do espaço);

• (Equação horária da velocidade);

• (Equação de Torricelli).

Em que, , já que a origem é o ponto de partida da trajetória.

Para o corpo lançado verticalmente, a velocidade inicial será , portanto:

• (Equação horária do espaço);

• (Equação horária da velocidade);

• (Equação de Torricelli).

Vamos a um exemplo de como pode ser cobrado este tema. Imaginemos uma bola em queda
livre como mostra a figura a seguir.

60
Figura 5 - Representação de bola em movimento
Fonte: Drawing For Freedom, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: figura mostra uma representação de uma bola (na cor verde) caindo em
instantes de tempo diferentes (de 0 segundos a 6 segundos).

No instante . No instante
e a distância percorrida será de . No instante
. Quando
e assim sucessivamente, ou seja, um objeto em queda livre tem a sua velocidade aumentada em
a cada segundo e a distância percorrida aumenta proporcionalmente ao quadrado do
tempo.

61
Fique ligado

Sabe por que a gravidade vale ??

A segunda lei de Newton:

A partir dessa lei, temos que:

Sabendo que a massa da Terra é de e que o raio médio


é de , basta realizarmos o cálculo:

Issac Newton afirmou o que Galileu antes já havia dito sobre a queda dos corpos. Que eles
sim cairiam ao mesmo tempo, só que em decorrência de uma força que os puxava para baixo.
Fazendo comparações entre a queda dos corpos aqui na Terra submetidos a essa força e a força
necessária para fazer com que a Lua se mantivesse na sua órbita, Newton percebeu que a força da
gravidade era a mesma tanto para Terra e Lua, quanto para qualquer objeto e/ou corpo celeste e
que iriam se atrair mutuamente, de acordo com as suas massas e as suas distâncias. Daí, temos o
que chamamos hoje de Lei da Gravitação Universal.

Conforme a Lei da Gravitação Universal, dois corpos se atraem mutuamente com uma força
proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância
que os separa.

A partir do que conhecemos de Cálculo diferencial e integral, que ele mesmo desenvolveu,
conseguiu resolver matematicamente seus estudos, culminando em:

Em que, G é a constante gravitacional universal, que tem com valor .

Fique ligado
Convidamos você a realizar o experimento “Queda Livre” em nosso Laboratório
Virtual: https://www.virtuaslab.net/ualabs/ualab/13/61a8cd5bee6ab.html

62
2.1.4 Lei de Hooke
Para entendermos a Lei de Hooke (que na realidade não deveria ser chamada de lei, uma vez
que não é uma lei geral da natureza, antes, é uma relação específica), bem como suas aplicações,
precisamos, primeiramente, relembrar alguns conceitos.

• Cinemática

Vemos os movimentos descritos pelos corpos, sem considerar as forças envolvidas.

• Dinâmica

Além dos movimentos, consideramos as forças que atuam em cada um deles. E essas forças
são de dois tipos: as conservativas e as não-conservativas.

Uma força é mencionada como conservativa quando o trabalho que ela realiza para mover um
corpo independe de sua trajetória. Podemos citar a força peso como exemplo de força conservativa.
Já as forças não-conservativas, ou dissipativas, além da trajetória realizada, o trabalho realizado
necessitará de outras grandezas como, por exemplo, a velocidade e direção do movimento, dentre
outras.

Consideremos agora um caso particular de força conservativa: a força elástica. Quando um


corpo sofre uma deformação diante de uma força empregada, surge no mesmo instante, uma
força no sentido contrário ao da força que o deformou. Essa força dá-se o nome de força elástica.

Uma grandeza importante no estudo do comportamento dos corpos é a deformação. Para


cada tipo de deformação, tem a ela outra grandeza que é a tensão. Quando ambas possuem
um valor muito pequeno, notamos que elas são diretamente proporcionais, e assim definimos a
constante de proporcionalidade ou módulo de elasticidade. Isso é notado quando achatamos um
objeto. A compressão nele será proporcional. Assim, pode ser formulado como:

Robert Hooke (1635-1703) verificou que a deformação sofrida por molas era diretamente
proporcional à força aplicada a elas, em que massas diferentes exercem força peso diferentes
quando acopladas a uma mola.

63
Figura 6 - Lei de Hooke
Fonte: Designua, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem apresenta três molas penduradas em uma plataforma. A primeira


não possui nenhuma massa acoplada a ela, logo, ela não sofrerá elongação. As duas seguintes
possuem conectadas em si massas diferentes. A segunda menor do que a terceira, e tendo como
consequência, diferentes esticamentos.

Uma mola ao ser comprimida resiste a essa força, exercendo uma força contrária. Da mesma
forma, quando ela é esticada, contraporá ao esticamento com uma força em sentido contrário.
Assim sendo, o sentido da força elástica ou a força de reação executada pela mola será sempre
contrário ao sentido da deformação.

Matematicamente, calculamos a intensidade da força elástica por:

Em que:

= Força elástica;

= Constante elástica da mola, que depende das características físicas da mola.

Como a unidade de medida da força é Newton (N), e a de comprimento é metro (m), a unidade
dessa constante é o Newton por metro .

x = elongação da mola, ou, o valor da deformação sofrida.

64
O sinal negativo refere-se ao fato de o sentido da força elástica ser sempre contrário à
deformação.

Esse resultado experimental só é valido para intervalos de tempo bem pequenos, até onde for
o limite de proporcionalidade, ou seja, quando a tensão e a deformação ainda forem proporcionais.

Fique ligado
Convidamos você a realizar o experimento “Lei de Hooke” em nosso Laboratório
Virtual: https://www.virtuaslab.net/ualabs/ualab/14/61a8cdae95b41.html

2.1.5 - Lançamentos Horizontais e colisões


Movimento horizontal é explicado como sendo um movimento uniforme, com velocidade
constante, ou seja , e que posterior a este movimento ele cairá sob efeito gravitacional,
portanto, é um movimento composto por inicialmente um movimento horizontal e depois por um
vertical, no qual sua trajetória será de uma parábola, conforme a representação abaixo.

Figura 7 - Representação de bola sendo jogada de plano horizontal


Fonte: Elaborada pela autora, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma representação de uma bola sendo lançada em um plano
horizontal e, por inércia, ela continua a sua trajetória, no entanto, em queda livre, posteriormente,
identificando assim a velocidade em relação ao eixo e ao eixo do movimento horizontal.

Em cada instante da trajetória, a velocidade resultante do corpo é dada pela soma vetorial
da velocidade horizontal e da velocidade vertical , que terá seu módulo alterado uma vez que a
aceleração da gravidade tem a sua direção vertical.

Para melhor análise, lembremos que velocidade é uma grandeza vetorial, ou seja, possui

65
intensidade, direção e sentido, podendo ser decomposta.

Enquanto o corpo estiver no movimento horizontal, ele se deslocará em relação ao eixo x.


Como a sua velocidade é constante, , e temos a fórmula do Movimento Uniforme:

Já quando o corpo descreve o movimento de queda, seu movimento é agora em relação ao


eixo y. As equações são as que contemplam o Movimento Uniformemente Variado:

Além disso, a sua direção é sempre tangente à trajetória.

A análise matemática do movimento horizontal se dá através do movimento em linha reta e,


posteriormente, nos instantes de queda.

Ao tempo de queda, basta considerar que será igual ao tempo que um corpo gasta em queda
livre, já que no movimento horizontal não há aceleração. Assim sendo:

Além dessas grandezas já conhecidas, não podemos deixar de mencionar que, quando um
corpo se desloca em um lançamento horizontal, ele atingirá uma distância na horizontal máxima,
chamada de alcance, que dependerá tanto da velocidade inicial de lançamento quanto da
altura de queda. Como o movimento horizontal é constante, basta encontrar o valor da distância
horizontal até o momento em que o corpo atinge o solo:

Imagine que um jogador de sinuca atira uma bola inicial nas demais, gerando um embate.
Nessa mesma situação, várias possibilidades podem ocorrer com as outras bolas, como uma ficar
parada e outra se movimentar, ou ambas se movimentarem. Podemos pensar em outra situação
do dia a dia, como um choque entre dois automóveis – um em movimento e o outro parado, ou
ambos em movimento, ou ainda em outra situação: uma pessoa que arremessa uma bola em
outra pessoa que está em cima de um skate em movimento. Todas as situações apresentadas são
exemplos de colisões.

66
Figura 8 - Mesa de sinuca
Fonte: Dmytro Furman, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma mesa de sinuca verde e 15 bolas (posicionadas de tal
maneira a formar um triângulo). Elas estão do lado esquerdo da imagem. Em contrapartida, do
lado direito, tem uma bola (que está borrada, pois está com certa velocidade) instantes antes de
se chocar com as demais bolas.

Denominamos colisões ou choques como sendo uma interação forte entre dois corpos em
um intervalo de tempo relativamente curto e desconsiderando as forças externas, tornando-os
sistemas isolados. Outros exemplos também são válidos, como uma bola de basquete sendo
quicada no solo, quando o núcleo de um átomo é bombardeado por nêutrons em uma fissão
nuclear e um pêndulo balístico mostrado na figura a seguir.

Figura 9 - Pêndulo balístico


Fonte: Sergey Merkulov, Sutterstock, 2021.

67
#ParaCegoVer: a imagem aponta o funcionamento de um pêndulo balístico. Na primeira
figura, um projétil é disparado rumo ao pêndulo, que é um dispositivo composto por um bloco
de madeira ou outro material com elevada massa, pendurado por fios inextensíveis, flexíveis e de
massa desprezível. A figura do meio mostra o projétil colidindo com o pêndulo e, na última figura,
o sistema projétil-bloco se deslocando. No instante da colisão, o sistema projétil-bloco só possui
energia cinética. Após a colisão, o sistema passa ter a energia cinética convertida em energia
potencial gravitacional.

Ao desconsiderarmos as forças externas, considerando o sistema como isolado, dizemos que o


momento linear inicial é o mesmo que o final, ou que existe uma conservação do momento linear.
O conceito de momento linear é particularmente importante para entendermos os processos
envolvidos nas colisões. Então, veja uma breve explanação.

Momento Linear também chamado de Quantidade de Movimento é a grandeza que mede o


produto da massa de um corpo pela velocidade adquirida por ele.

Considere um corpo de massa constante m. Como já vimos anteriormente, .

De acordo com a segunda lei de Newton,

Substituindo, teremos que:

A força resultante que atua em um corpo é igual à derivada em relação ao tempo da sua
massa e sua velocidade. O momento será maior à medida em que a sua massa m e sua velocidade
v f foram maiores. Logo, por definição:

Consideremos novamente o mesmo corpo de massa m com certa velocidade e submetido a


uma série de forças.

Novamente, retomando a segunda lei de Newton, em que:

68
Como já sabemos que a variação da velocidade adquirida por um corpo pela sua massa é o
momento linear, podemos definir que a força resultante em um determinado intervalo de tempo
é igual à variação do momento linear do corpo no mesmo intervalo de tempo. A isso, damos o
nome de impulso:

O princípio da Conservação do Momento Linear afirma que, se um sistema for isolado de


forças externas, o impulso será nulo, e o momento linear total do sistema será constante, porque
a resultante de forças também será nula. Assim:

Agora que situamos nos conceitos de momento linear e impulso, passemos para as colisões.
Como já mencionado, são choques que, na maioria das vezes, são formadas por forças muito
maiores do que as forças externas, tornando-as desprezíveis. Assim sendo, o sistema será
considerado isolado, e o momento linear será conservado.

Fique ligado
Dizer que o momento linear será conservado é o mesmo que dizer que o
momento linear total do sistema é o mesmo que o momento linear antes da
colisão.

Existem diante das mais diversas situações, três tipos de colisões:

• as perfeitamente elásticas,

• as parcialmente elásticas, e

• as perfeitamente inelásticas.

Relembremos primeiro o conceito de energia cinética. De maneira simples, é o valor do


trabalho total realizado para que um corpo adquira aceleração até a velocidade no momento,
ou até chegar ao repouso, dado por:

Para os casos em que, após a colisão, a velocidade dos corpos envolvidos passa a ter sentidos
diferentes e a energia cinética é a mesma antes e depois à colisão, chamamos este tipo de
perfeitamente elástica:

69

Já em casos nos quais a energia cinética antes da colisão é maior do que depois da colisão,
dá-se o nome de parcialmente elástica, ou simplesmente, inelástica:

E por fim, quando dois corpos colidem e, após o choque, permanecem unidos e se movimentam
como se fossem um único corpo. Neste caso, também a energia cinética antes será maior do que
a de depois da colisão, uma vez que haverá uma dissipação maior de Energia:

Existe uma grandeza adimensional que nos auxilia na variação de energia cinética ocorrida em
uma colisão. A ela, chamamos de Coeficiente de Restituição e que corresponde à razão entre a
velocidade de afastamento e de aproximação dos corpos, e que varia de 0 a 1:

Para as colisões elásticas, em que a energia cinética não vai variar, . Já para a situação
em que teremos maior dissipação de Energia, que é nas colisões perfeitamente inelásticas,
perfeitamente inelásticas, e, por fim, nas colisões em que os corpos seguem separados com
velocidades diferentes, com dissipação parcial de Energia, , que são as parcialmente.

Coeficiente de
Colisões: Energia Momento Linear
Restuição
Perfeitamente
e=1 Conserva-se Q_(antes )=Q_depois
Elásca
Parcialmente
0>e>1 Parcial Dissipação Q_(antes )=Q_depois
Elásca
Perfeitamente
e=0 Maior Dissipação Q_(antes )=Q_depois
Inelásca

Quadro 1 - Resumo as situações de colisão


Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra um quadro, com quatro linhas e quatro colunas, com o
resumo do que acontece nas três situações de colisão. Na primeira coluna, tem os tipos de colisões:
perfeitamente elástica, parcialmente elástica e perfeitamente inelástica. Na segunda coluna, os
coeficientes correspondentes a cada colisão, na terceira, as energias dissipadas ou conservadas e,
por fim, na quarta e última coluna, o momento linear em cada colisão.

Até agora estudamos os comportamentos dos corpos em movimento, bem como as forças que
atuam nele.

70
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Convidamos você a realizar o experimento “Lançamentos Horizontais e
Colisões” em nosso Laboratório Virtual: https://www.virtuaslab.net/ualabs/
ualab/52/61a8cdd887e66.html

Agora vamos analisar o que ocorre em corpos em situação de equilíbrio.

2.1.7 Estática – Balança de Prato


Retomemos primeiramente ao conceito de Torque ( )ou Momento de Força, que é o produto
da Força aplicada em determinado corpo pela distância d de um ponto O, fazendo com que o
corpo rotacione:

Em que, d é chamado de Braço de alavanca, que é a distância entre a força aplicada e o ponto
de rotação.

Por convenção, o Torque pode ser positivo ou negativo, dependendo do sentido de aplicação
da Força: (+) para o sentido anti-horário, e (-) para o sentido horário.

Quando duas forças de mesmo módulo, mesma direção e sentidos opostos são aplicadas em
um sistema a certa distância uma da outra, dizemos que esse sistema é Binário.

Fique ligado
O Torque do Binário ou Momento do Binário será a soma algébrica dos
torques das forças que o constituem.

Uma vez que as forças aplicadas possuem mesma intensidade, mesma direção e sentidos
contrários, quando aplicado um binário a um sólido, este adquire movimento de rotação, já que
o torque não é nulo e não possui movimento de translação, uma vez que a resultante do binário
é nula.

Quando consideramos que um corpo rígido não está em condição de rotação e nem de
translação, ele está em repouso ou em equilíbrio estático. Para que isso ocorra, devemos nos
atentar a duas condições:

71
• Quando a soma vetorial de todas as forças que atuam em um corpo for igual a zero.

• Quando a soma dos Torques de todas as forças externas que atuam em um corpo, em qual-
quer ponto, for igual a zero.

Ou seja, um corpo estará em equilíbrio quando a soma vetorial de todas as forças que atuam
sobre ele for nula. Além disso, onde as forças atuam em pontos diferentes, deve-se garantir que
não haverá rotação e, para isso, o somatório dos torques deve ser igual a zero.

Na maioria dos problemas envolvendo equilíbrio dos corpos, veremos que uma das forças que
atuarão sobre um corpo será o seu o seu peso. O torque do peso atuando em um determinado
ponto recebe o nome de centro de gravidade. O seu centro de gravidade coincidirá com o centro
de massa se a gravidade tiver valor constante em todos os pontos do corpo.

Um exemplo prático de equilíbrio estático, em que os pesos são forças imprescindíveis para
análise, é a balança de pratos. Esses equipamentos são utilizados para medir a massa de corpos
e que, inicialmente, eram feitos de uma barra suspensa pelo seu centro com pratos em suas
extremidades. O objeto a ser pesado era posto em uma das extremidades e na outra era colocado
um peso padrão até que o sistema entrasse em equilíbrio. O mesmo princípio valia para balanças
de apenas um prato, no entanto, uma das extremidades era fixa.

No nosso dia a dia, também encontramos situações semelhantes, como em balanços infantis e
em tipos de alavancas. Em todas essas situações, se considerarmos o centro de massa exatamente
no meio do comprimento da barra, e os torques iguais a zero, podemos afirmar que os corpos
estão em equilíbrio estático. Porém, podemos também ter equilíbrio estático alterando o centro
de massa, desde que nos valemos das duas condições registradas acima.

A imagem a seguir exemplifica equilíbrio estático em uma situação onde o centro de massa da
pedra de sustentação, também chamado de fulcro da alavanca está exatamente no centro.

72
Figura 10 - Equilíbrio estático
Fonte: Smile Studio, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: na imagem, há uma demonstração de equilíbrio estático, onde há uma pedra


em formato linear sustentando em equilíbrio uma pedra grande na extremidade esquerda e três
pedras pequenas na extremidade direita.

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Convidamos você a realizar o experimento “Estática - Balança de Prato”
em nosso Laboratório Virtual: https://www.virtuaslab.net/ualabs/
ualab/23/61a8ce08b9639.html

Vamos estudar agora os movimentos oscilatórios. Acompanhe.

2.2 Movimentos Oscilatórios


No nosso dia a dia, encontramos várias situações envolvendo muitos tipos de movimentos
oscilatórios. O pêndulo de um relógio, quando tocamos as cordas de um violão e as moléculas
de ar na emissão sonora são apenas alguns exemplos. Além dos tipos, também podem ser
classificados quanto à natureza:

• mecânicos,

• eletromagnéticos,

• elétricos,

• dentre outros.

Para que um corpo descreva um movimento oscilatório, ele obrigatoriamente terá que realizar
movimentos de ida e volta, em torno sempre de sua posição de equilíbrio. Analisaremos três tipos

73
específicos de oscilações do tipo mecânico: o pêndulo simples, o pêndulo físico e as oscilações
em molas.

2.2.1 Pêndulo Simples


Imaginemos a seguinte situação: um pêndulo está em repouso, em equilíbrio estável,
inicialmente. Quando ele é deslocado a certa altura, adquirirá energia potencial. Depois solto,
haverá uma força que o fará retornar à sua posição inicial. Após atingir este ponto, a sua energia
potencial será nula, e ele terá energia cinética máxima, que o fará se deslocar até algum ponto do
outro lado e sendo novamente puxado para a posição de equilíbrio, conforme a figura a seguir.

Figura 11 - Pêndulo
Fonte: SciFiMan, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a figura, há uma representação de um pêndulo, no qual ele oscila em torno da


posição de equilíbrio.

Um pêndulo simples é um sistema idealizado composto por um corpo de dimensões


desprezíveis, suspenso a um fio inextensível e de massa também desprezível. Ele faz parte do
tipo mais simples de oscilação, que é o Movimento Harmônico Simples (MHS); este nada mais
é que do que um movimento que oscila em torno da sua posição de equilíbrio graças à ação de
uma força restauradora, no qual é diretamente proporcional ao deslocamento x da posição de
equilíbrio.

Para que um pêndulo simples descreva realmente um MHS, o corpo descreverá uma trajetória
que será um arco de circunferência de raio L, igual ao comprimento do fio, e a força restauradora
seja diretamente proporcional a , desde que seja um ângulo pequeno.

74
No instante em que o corpo de massa é puxado para um dos lados, o fio faz um ângulo com
a vertical. As forças que atuam neste momento sobre o corpo são o
do fio. O movimento se dará ao longo de um arco de círculo de raio L. Decompondo a força peso,
teremos como componente radial e como tangencial. É esta componente que
atuará no corpo de massa m, retornando-o à sua posição de equilíbrio, ou seja, esta componente
será a força restauradora, expressa por:

O sinal negativo indica que a força é contrária ao sentido de x e .

Como já dito, para que o pêndulo descreva um MHS, o ângulo precisa ser pequeno. Se, de fato
isso ocorrer, será muito próximo de , dado em radianos. Assim, o deslocamento será muito
próximo ao comprimento do arco . Dado isso, temos:

Sendo, portanto, a força restauradora proporcional ao deslocamento.

O tempo gasto para que ocorra uma repetição completa do movimento é chamado de período
(T), e o número de vezes que o movimento ocorre por unidade de tempo é chamado de frequência
(f). Frequência e período são grandezas inversamente proporcionais:

Para os pêndulos simples, o cálculo do período se dá pela relação do comprimento do fio e


pela ação da gravidade:

O pêndulo para medição do tempo foi bastante usado ao longo da história. Para que um
pêndulo seja preciso, é necessário que a amplitude das oscilações seja constante.

75
Fique ligado
Facilmente encontrado em lojas de decoração, o pêndulo de Newton é um
dispositivo feito para além da comprovação do movimento oscilatório. Ele
também explica como se dá a conservação de Energia, por transformar energia
potencial gravitacional em energia cinética e a conservação do momento
linear, ou quantidade de movimento. No momento que há transformação de
Energia, ela possui certa quantidade de movimento que será repassada para
as demais esferas até chegar à última.

Podemos citar como exemplo de pêndulo simples o pêndulo de Foucault, inventado por Jean
Foucault (1819-1868), com a finalidade de demonstrar o movimento de rotação da Terra.

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Convidamos você a realizar o experimento “Pêndulo Simples” em
nosso Laboratório Virtual: https://www.virtuaslab.net/ualabs/
ualab/20/61a8ce505e399.html

Até o momento, vimos um pêndulo idealizado, no entanto, podemos analisar o funcionamento


dos pêndulos reais, ou, físicos adiante.

2.2.2 Pêndulo Físico


Pêndulo físico, também chamado de pêndulo composto ou ainda de pêndulo real, é um
sistema, ou corpo rígido de qualquer forma, suspenso por um ponto O, que oscila em um plano
vertical em torno de um eixo perpendicular ao seu plano, como exemplo, temos um brinquedo
presente em parques de diversão conhecido como Discovery, no qual um disco gira 360° pendurado
em um pêndulo.

76
Figura 12 - Discovery
Fonte: Imfoto, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra a figura de um brinquedo todo colorido, chamado Discovery,


presente em parques de diversões. Ele fica suspenso por um eixo superior. O movimento é como
o de um pêndulo, mas com giros de 360 graus.

Diferentemente do pêndulo simples, em que a concentração de massa se dava em um único


ponto, o pêndulo físico tem a sua massa distribuída ao longo do corpo de massa m e momento de
inércia I preso a um eixo com distância d do centro de massa.

Quando este corpo é posto a se descolar, a força peso produz um torque restaurador:

Assim como no pêndulo simples, quando o corpo é liberado, ele irá oscilar em torno da posição
de equilíbrio e da mesma forma, se o ângulo for pequeno, o pêndulo físico irá se comportar
como um MHS. Sendo assim, a relação de torque e momento de inércia para o movimento se dá
pela equação diferencial:

Assim, para encontrarmos o valor do período T de um pêndulo real, basta utilizar do momento
de inércia I em torno do eixo, da massa m do corpo e da distância d do eixo até o centro de

gravidade: .

77
Um exemplo de pêndulo físico, mas não muito conhecido, é o pêndulo de Kater, construído
por Henry Kater no séc. IX, com a finalidade de medir a aceleração da gravidade na superfície da
Terra. Feito de uma haste de metal, são acopladas duas lâminas nas extremidades. Também possui
uma massa que pode ser movida ao longo da barra e uma das lâminas é ajustável para averiguar
os períodos. A massa é ajustada até o ponto que os períodos sejam uniformes. Nesse momento,
o período T é igual ao período de um pêndulo simples, sendo calculado da mesma forma, e o
comprimento do fio passa ser à distância das lâminas. A partir do período e da distância entre as
lâminas estabelecidas, pode-se calcular a aceleração da gravidade.

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Convidamos você a realizar o experimento “Pêndulo Físico” em
nosso Laboratório Virtual: https://www.virtuaslab.net/ualabs/
ualab/32/61a8ce850a21c.html

2.2.3 Oscilações em molas


Imaginemos agora a seguinte situação: um bloco de massa m acoplado a uma mola que
obedece a lei de Hooke, ou seja, que seja ideal, que é esticada. Assim como ocorre nos pêndulos, ao
soltar a mola, ela empurrará este bloco onde ele irá passar pelo ponto de equilíbrio e se deslocará
para a outra extremidade com a mola comprimida. Esse movimento se tornará periódico à medida
em que a mola exerce uma força restauradora no bloco, levando-o de volta à posição de equilíbrio.

Figura 13 - Oscilador massa-mola


Fonte: SciFiMan, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: figura mostra a representação de um oscilador massa-mola. Na primeira


imagem (superior), a mola está em máxima compressão, na segunda, em seu estado de equilíbrio
e, por fim, na terceira, a mola está em máximo esticamento.

Quando essa força for diretamente proporcional ao deslocamento da posição de equilíbrio e,


neste caso, quando a amplitude, que é o valor máximo do deslocamento, for pequena, a oscilação

78
também será um MHS.

Tomemos nota da lei de Hooke:

em que: k é a constante elástica.

Quando a mola é esticada por uma distância e depois solta, o objeto acoplado a ela adquirirá
uma aceleração dada por:

Como a aceleração é a derivada temporal da velocidade, e como velocidade é a derivada


temporal da posição, a aceleração, portanto, será a derivada segunda da posição.

A aceleração não é constante, já que, quando a mola está na posição de equilíbrio, é zero.
A partir daí, ela começa a desacelerar até parar, desconsiderando o atrito, retornando a acelerar.
E tem sinal negativo porque é contrária ao deslocamento.

Por meio da equação acima, podemos encontrar a posição do corpo, na forma de equação
diferencial: .

E a sua solução será uma função cosseno: .

Realizando a derivada primeira e segunda, temos a função velocidade e aceleração:

Em que:

é o que chamamos de ângulo de fase, ou constante de fase, que nos informa em que ponto
do deslocamento o movimento se encontra em .

também pode ser compreendido como sendo a amplitude do movimento, ou seja, .

Sabendo que o bloco adquire aceleração através da segunda lei de Newton, e conhecendo a lei
de Hooke, bem como o cálculo de frequência angular, podemos encontrar o período de oscilação
do sistema massa-mola:

79

Como frequência angular é dada por

No dia a dia, encontramos sistemas que utilizam de uma massa unida a uma mola. É o caso
de um dinamômetro, aparelho usado para medir a força. Em peixarias, por exemplo, utiliza-se de
tal aparelho para medir a força peso do peixe. Também como exemplo, nos carros, através dos
amortecedores.

Fique ligado
Convidamos você a realizar o experimento “Oscilações em Molas”
em nosso Laboratório Virtual: https://www.virtuaslab.net/ualabs/
ualab/53/61a8ceb4933f0.html

80
Conclusão

Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• identificar um Movimento Retilíneo Uniforme, adquirido por um corpo em linha reta e com
velocidade constante;

• aprender sobre o Movimento Uniformemente Variado, em que a velocidade varia a uma


mesma taxa;

• compreender o que é a força elástica, estabelecida pela lei de Hooke;

• entender o movimento que os corpos descrevem em lançamentos horizontais;

• aprender sobre os tipos de colisões, as forças atuantes e as energias conservadas e dissi-


padas após o choque;

• entender que um corpo está em equilíbrio quando a soma vetorial de todas as forças que
atuam nele é nula;

• conhecer o movimento de queda livre demonstrado por Galileu e Newton.


IBLIOGRAFIA

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. v.1. 5. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC,
2002.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. v.2. 5. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC,
2007.

RAMALHO JUNIOR, F.; FERRARO, N. G.; SOARES, P. A. de T. Os Fundamentos da Física. v.1. 9. ed, rev.
e ampl. São Paulo: Moderna, 2007.

SEARS, F. W.; ZEMANSKY, M. W.; YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física I: Mecânica. 12. ed. São
Paulo, SP: Pearson Addison Wesley, c2008-2009 vol 2

YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física I – Mecânica. 12. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley,
2008.
UNIDADE 3

Experimentos de Termodinâmica
Introdução

Você está na unidade Experimentos de Termodinâmica. É interessante entender os fenômenos


que ocorrem pela interação de partículas ou átomos dentro de uma matéria, seja ela no estado
sólido, líquido ou gasoso. Portanto, essa unidade permite o estudante identificar e descrever os
fenômenos básicos da termodinâmica.

Quando falamos de termodinâmica, identificamos um sistema separado pela vizinhança –


seja fixa ou móvel – e, dentro do sistema, temos uma massa ou matéria, em que se estuda o
comportamento na visão da termodinâmica. Você também estudará aqui o calor específico e a
dilatometria.

Bons estudos!

84
3.1 Calor específico
Os estudos da termodinâmica, mais precisamente a primeira lei da termodinâmica, é utilizada,
por meio de experimentos, para o conhecimento do calor específico de uma substância. A
propriedade termodinâmica possibilita o entendimento do comportamento de um determinado
corpo quando este recebe ou transfere energia (MORAN et al., 2004; VAN WYLEN; SONNTAG;
BORGNAKKE, 2003).

Na termodinâmica, pode-se observar em diversos estudos ou vídeos relacionados a esse tema


que, em primeiro lugar, deve-se entender o que é o sistema. Na língua portuguesa, o sistema
significa um conjunto que se encontra ligado ou ordenado entre si. Nada mais é do que se trata a
termodinâmica.

Figura 1 - Configuração do sistema na termodinâmica


Fonte: Elaborada pela autora, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma das figuras mais utilizadas para o entendimento e
compreensão de um dos pontos estudados na termodinâmica. Dessa forma, o sistema pode ser
definido com a real situação que se deseja estudar, e a sua região externa é nomeada vizinhança,
e o que separa o sistema da vizinhança é a fronteira do sistema.

Segundo Halliday et al., 2007; Van Wylen; Sonntag; Borgnakke, 2003, pode-se entender que,
na termodinâmica, poderemos ter sistemas simples e complexo, e a sua fronteira poderá ser
fixa ou móvel. No caso de um sistema fixo, por exemplo uma massa, ela permanecerá, dentro
desse, não passar pela fronteira; sendo assim, tem-se um sistema fechado. Outro tipo de sistema
conhecido na termodinâmica é o isolado, no qual não ocorre troca de calor com a vizinhança. A
fronteira determina o controle do volume, que poderá manter dentro do sistema ou que poderá
passar; neste caso, denominamos de sistema aberto ou volume de controle.

Observa-se que os estados da matéria e as suas propriedades, dependendo da temperatura


que se encontram, podem se apresentar nos estados líquido, sólido e gasoso. E, sendo assim,

85
a partir de cada estado, ocorre um comportamento diferente das moléculas ou átomos que
constituem essa matéria. Ressalta-se que as propriedades físicas podem ser intensivas ou
extensivas. As primeiras não dependem da quantidade da massa, já as extensivas dependem da
quantidade estudada.

Conforme Gaio et al. (2016), o calor específico (c) é definido como a quantidade de energia
necessária para aumentar a temperatura de 1 °C de uma unidade massa (g) de uma determinada
substância.

Dessa forma, vou fazer uma pergunta e você vai pensar comigo. Qual é a definição de calor?
O calor pode ser definido como a energia térmica em movimento ou a diferença da temperatura
entre dois corpos (GAIO et al., 2016). Lembrando que o fluxo do calor será sempre na direção
de maior temperatura para a menor temperatura. Dessa forma, podemos chamar a unidade de
medida de calor em joules (J) no Sistema Internacional (SI) e, em alguns casos, pode ser chamado
também de caloria (cal).

1 cal = 4,18 J

Vamos agora entender o que seria cv e cp. Suponha dois tanques, A (água) e B (propano), de
mesma massa (m), qual a substância seria mais difícil de resfriar se estivessem a uma temperatura
de 200 °C? A substância com maior c será mais difícil de ser resfriada, o problema é que esses têm
dois tipos de calores diferentes:

• cv: calor específico à volume constante. Mede a energia que a substância precisa trocar
à volume constante; então massa constante. No processo à volume constante, a massa
permanece constante.

• cp: calor especifico à pressão constante. Neste caso, se variar 1 °C, o tanque não mudará o
seu volume quando for esfriado no conjunto cilindro pistão.

Figura 2 - Equilíbrio térmico


Fonte: Elaborada pela autora, 2021.

86
#ParaCegoVer: a figura mostra um esquema de um sistema fechado com duas barras, caso
eu adicione dois objetos com temperaturas diferentes – um recipiente fechado e sem contato
térmico com a parte de fora, a partir de um determinado tempo, após os dois objetos estarem
próximos um do outro, o que ocorrerá dentro desse ambiente é o equilíbrio térmico.

Segundo Halliday; Resnick; Walker (2016), as grandezas Joule e caloria são duas unidades de
medidas que fazem referência ao calor. Na primeira lei da termodinâmica, a unidade referia-se
ao Joule como energia. No entanto, atualmente, essa relaciona-se tanto à energia quanto a calor.

Retornando aos conceitos anteriores, força e/ou peso estão relacionados à segunda lei
de Newton, que é definida pela multiplicação de massa vezes aceleração (m.a). Por sua vez, a
aceleração está relacionada a duas grandezas fundamentais – que são comprimento e o tempo –
representada por: m/s.

Para continuar entendendo mais sobre o calor, vamos falar um pouco de energia, que é o
conceito mais relevante no estudo da termodinâmica. A primeira lei da termodinâmica refere-se à
conservação da energia, sendo em forma de energia mecânica, térmica, celétrica, nuclear, sonora,
eólica, entre outras.

Outro ponto a ser entendido na termodinâmica é a variável trabalho (W), que pode ser
definido pelo deslocamento (x) de um objeto a partir de uma determinada força (F). Sendo assim,
W pode ser definido como a transferência de energia J ou cal.

Dentre os conceitos mencionados acima, podemos dizer que a capacidade térmica se refere à
característica do material, e o calor específico sensível é uma propriedade da substância.

Sendo assim, os autores Van Wylen; Sonntag; Borgnakke (2003); Moran et al. (2004); Gaio et
al. (2016) referem-se a vários conceitos relacionados à termodinâmica. Os estudos abaixo sobre
capacidade térmica, calor específico dos líquidos e dos sólidos foram produzidos a partir destas
obras.

Capacidade térmica está relacionada com a quantidade de calor que o objeto recebe, sendo
essa proporcional à variação da temperatura ( ). A razão entre elas define a capacidade
térmica – quanto o corpo precisa perder ou receber de calor sensível para variar um grau na sua
temperatura. Se eu disser que capacidade térmica de um material é de 25 cal, significa que, se eu
fornecer 2 x 25, vou gerar mais 2 °C. Importante lembrar que capacidade térmica é característica
de um corpo.

Lembrando que a capacidade térmica dependerá do calor específico, que é uma propriedade
da substância. Por exemplo, o calor específico da água, ferro ou de qualquer substância é uma,

87
porém, uma jarra cheia de água ou uma placa de ferro terão as suas capacidades térmicas
diferentes. A capacidade térmica é diretamente proporcional à massa , ou seja, é

constante, e calor específico é .

O calor específico seria a quantidade de energia adicionada ao sistema para aumentar ou


diminuir uma unidade de massa que pode ser considerada como kg ou mol de uma determinada
substância, como estudaremos para os diversos tipos de líquidos.

Figura 3 - Calor específico


Fonte: zizou7, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a fórmula é bastante estudada, e muitas pessoas a conhece por “quemacete” –


a quantidade de calor que um corpo ganha ou cede é igual a massa vezes calor específico (depende
de cada substância) pela variação de temperatura.

Segundo a equação, Q é o calor trocado, m é a massa, c calor específico e o T é a variação


de temperatura. Para uma mesma quantidade de calor, mesma massa, maior o calor específico,
menor variação de temperatura ou menor calor específico e maior a variação da temperatura.

Fique ligado
Por que quando você vai se comer algum legume ou sopa, você observa
que um esfria mais rápido do que o outro? Essa dúvida podemos tirar,
por exemplo, com um prato de sopa com um pedaço de pão na mesma
temperatura. Observa-se que o prato de sopa demora mais para resfriar, isso
ocorre porque a sopa tem maior capacidade térmica. Sendo assim, precisará
perder muito calor para esfriar.

Pode-se relacionar a quantidade de massa, visto que, menor quantidade de massa, menos
moléculas a serem agitadas, e maior quantidade de massa, mais moléculas a serem agitadas.

↑ Maior massa ↑ dificuldade em aumentar a temperatura ↑ capacidade térmica.

88
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

3.1.1 Calor específico dos líquidos


Para aumentar 1° a temperatura em 1kg de água, é necessário fornecer 4186 J, ou seja: c =
4186 J/ kg.k (Joule/ quilograma vezes k é a temperatura). O calor específico de sólido e líquido varia
pouco, sendo considerado uma constante, o que é diferente do gás, que depende da temperatura,
da pressão e do volume. Confira abaixo o calor específico para a água em diferentes fases:

• Líquido (água) c = 1 cal/g.°C

• Gelo e valor (são aproximados) c = 0,55 cal/g.°C

Ressalta-se que, em muitos casos, no lugar de Joule (J), terá caloria (cal), ou no lugar do Kelvin
(k), terá Celsius °C.

A mudança do estado da água ocorre por meio das formas abaixo.

• Fusão

Estado sólido para líquido.

• Vaporização

Estado líquido para gasoso.

• Condensação

Estado gasoso para líquido.

• Congelamento

Estado líquido para sólido.

89
Veja na figura a seguir a mudança dos estados físicos da água.

Figura 4 - Mudança de estado da substância água a partir da perda e ganho de energia


Fonte: Fouad A. Saad, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra que a mudança dos estados físicos de uma substância
(água) vai depender tanto da perda quanto do ganho de energia para mudança da matéria. Essa
transferência de energia vai estar relacionada ao movimento das moléculas e como essa ocorrerá:
por condução, convecção ou radiação.

Equivalente água

Lembre-se que o calor específico é a quantidade de energia favorecida para adicionar 1 °C ao


corpo. A equação “quemacete” será estudada da seguinte forma: Imagine que seja fornecido calor
a uma substância, que variará de temperatura, visto que o equivalente água é quanto de água eu
forneço para sofrer a mesma variação de calor.

Vamos imaginar dois líquidos, em recipientes diferentes. A massa da água será a mesma da
massa do óleo, adiciona temperatura a esses dois recipientes, o que irá acontecer com os líquidos,
qual vai aquecer mais rapidamente?

Para responder a essa questão, vamos recorrer ao calor específico. Como o calor específico do
óleo (0,56 cal/g.°C) é menor do que o calor específico da água, ele irá aquecer mais rapidamente.
A substância com maior calor específico é que vai precisar de mais energia para a variação de
temperatura.

90
Fique ligado
Após estudar sobre calor específico dos líquidos, disponibilizamos um link do
Laboratório Virtual. Espero que aproveite bastante.

https://www.virtuaslab.net/ualabs/ualab/63/61b1f356e3ad1.html

3.1.2 Calor específico dos sólidos


O calor específico dos sólidos é importante para estudar o comportamento de diversos
materiais quando submetidos a altas temperaturas e, sendo esses resfriados a partir de meios
diferentes, proporcionarão modificações nas propriedades dos materiais. Muitas empresas
siderúrgicas trabalham com o processo de laminação a quente, no qual uma placa é aquecida a
uma temperatura de, aproximadamente, 1000 °C, e resfriada durante a laminação.

Figura 5 - Forno
Fonte: Alfa Photostudio, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a figura apresenta um tipo de forno utilizado em experimentos de laboratório


ou até mesmo em fábricas para tratamentos térmicos em materiais.

Imagine que um sólido “quente” está a uma temperatura TC (temperatura da chapa) e


um recipiente T2 com água fria, ou seja, uma temperatura T2 < T1. Quando o sólido quente é

91
adicionado na água fria, sabe-se que a água irá esquentar, pois a sua temperatura aumentará, e o
sólido irá esfriar.

O que está ocorrendo no sistema é uma transferência de calor do sólido quente para a
água fria. Esta transferência de calor cessará no momento em que tanto a água quanto o sólido
estiverem na mesma temperatura – temperatura de equilíbrio (Te).

Fique ligado
A mudança ou a transferência de calor de um sólido vai depender do calor
específico da substância e da capacidade térmica que apresenta para que
ocorra a mudança do estado físico de sólido para líquido.

No processo de fusão (passagem do estado sólido para o líquido), a medida em que aumenta
a temperatura, as moléculas que estavam menos agitadas começam a se movimentar dentro do
material ou do corpo, aumentando a sua energia. Dessa forma, haverá mudança de estado da
matéria.

Por isso, encontramos na literatura pontos de fusão dos materiais, pontos de solidificação e
pontos de vaporização. Um exemplo é o aço, que na temperatura de aproximadamente 1550 °C
passa do estado sólido para o líquido, já o alumínio quando atinge cerca de 600 °C já muda de
sólido para líquido.

Fique ligado
Após estudar sobre calor específico dos sólidos, disponibilizamos um link do
Laboratório Virtual. Espero que aproveite bastante.

https://www.virtuaslab.net/ualabs/ualab/62/61b1f4b80e398.html

3.2 Calorimetria
A transferência de calor ocorrerá quando houver materiais ou objetos com diferentes
temperaturas, que serão colocadas em contato uma com a outra. As energias encontradas nas
moléculas podem ser denominadas de rotacional, vibratória e translacionais (cinética), quando
essas recebem energia, começa acontecer uma movimentação entre elas. Assim, as moléculas que
estão em estado energético maior, se encontram em temperatura maior, e as menos energéticas,
com temperatura menor.

92
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

3.2.1 Dilatômetro
A dilatometria ocorre quando aumenta as dimensões de um determinado corpo devido ao
aumento da temperatura, visto que a maioria dos materiais se expande ao aquecer.

• A variação de dimensões está relacionada ao tipo de material, ao tipo de ligação bem como
à mobilidade atômica.

• A dilatação mais utilizada nos experimentos é a dilatação linear, na qual temos a variação
somente em uma dimensão, quando um corpo de prova (CP) é submetido ao aumento de
temperatura.

O ensaio de dilatometria estudado por muitos engenheiros é um equipamento que faz esse
tipo de medida. Nele, um corpo de prova é posicionado dentro de um compartimento, no qual
o corpo de prova cilindro é adicionado com um termopar soldado e, dentro desse equipamento,
tem outro dispositivo que vai medir a dilatação linear desse CP. Nenhum equipamento trabalha
sozinho, então deve-se alimentar o software do dilatômetro com dados como: temperatura de
aquecimento, taxa de aquecimento, rampa (que é o tempo de permanência do material quando
atingir a temperatura de aquecimento e a taxa que deseja resfriar esse material). Durante essas
medições, o equipamento fornecerá uma curva, na qual observa-se a uma dada temperatura a
dilatação do corpo de prova, quando aquecido, e a contração, quando resfriado.

A variação do comprimento é proporcional à variação da temperatura e também


ao comprimento inicial , em que se considera a característica do material chamada de
coeficiente de dilatação linear .

Equação da constante de proporcionalidade dos parâmetros utilizados no dilatômetro.

93
Para o estudo da dilatação térmica, utiliza-se um dilatômetro. Com ele, é possível prever
transformações de fases que poderão ocorrer no material.

Fique ligado
Após estudar sobre Dilatometria, disponibilizamos um link do Laboratório
Virtual. Espero que aproveite bastante.

https://www.virtuaslab.net/ualabs/ualab/16/61b1f5777176c.html

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

3.2.2 Calorimetria
A medida da temperatura pode ser feita através do efeito de um sistema, que é a variação
do volume de um corpo. Qual é o conceito fundamental de temperatura? Pode-se dizer que ela
mede a energia cinética de cada partícula. Para isso, temos no Sistema Internacional (SI) o Kelvin,
o Celsius e o Fahrenheit.

Kelvin: é conhecida como a temperatura absoluta. A sua escala é sempre positiva. Sendo
assim, o seu mínimo sempre é 0 K (zero absoluto). Observe que não tem o símbolo ( °).

Celsius: é a escala mais utilizada pela sociedade, por ser mais prática do que a escala kelvin,
que se utiliza muito no meio acadêmico.

94
Figura 6 - Temperaturas Kelvin e Celsius
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra como obter as temperaturas Kelvin e Celsius, que, juntamente
com juntamente com o Fahrenheit, integram o Sistema Internacional (SI).

O calor específico é uma grandeza da calorimetria que estuda a troca de energia que os
mesmos corpos estão submetidos. Para falarmos de calorimetria, vamos retornar à equação
denominada “quemacete”.

Recapitulando: . Neste caso, é denominado de calor sensível, que


temos variações relacionadas a:

Q: quando recebe energia ele é (+)

Q: quando libera energia ele é (-)

c: calor específico

: variação de temperatura pode ser positivo (+), quando aumenta a temperatura, e


negativo (-), quando reduz a temperatura.

Lembrando que energia (Q) poderá ser representada por caloria (cal) ou Joules (J).

95
Fluxo de calor

Corpo A Corpo B
Liberando calor Recebendo calor
Q(-) Q(+)

Figura 7 - Transferência de calor


Fonte: gritsalak karalak, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem retrata a troca de calor de um recipiente mais quente para um mais
frio. Como o corpo A está liberando calor, esse será negativo, e o outro que está recebendo calor,
será positivo.

Quando fornecemos energia ou retiramos energia de um corpo, haverá uma determinada


reação, seja de expansão ou de contração, isso dependerá do calor específico da matéria.
Retornando ao conceito de capacidade térmica, que é a quantidade de calor que recebe ou cede
com relação à variação de temperatura que o corpo vai experimentar, na qual sua grandeza física
é unidade de energia (Joules ou caloria – J/cal) (CARVALHO FILHO, 2018).

Vamos estudar a transferência de energia no sistema descrito na figura “Panela sobre a chama
de um fogão”. A panela pode ser de aço inox, alumínio ou de ferro, a chama fornece calor à panela,
que tem dentro água, óleo ou outra substância. Se a panela está a 35 °C e a água a 5 °C, haverá
transferência ou troca de calor até que atinja o equilíbrio entre essas temperaturas. Quando o
sistema recebe energia por calor, será definido como processo de aquecimento (+), e quando
perde energia por calor, o processo é de resfriamento (-). E quando o processo não perde e nem
ganha energia por forma de calor, o processo é definido por adiabático.

Figura 8 - Panela sobre a chama de um fogão


Fonte: Adriano Fernandes, Shutterstock, 2021

96
#ParaCegoVer: a imagem mostra uma panela sobre a chama do fogo. Essa panela pode ser
fabricada, por exemplo, por materiais diferentes: alumínio, ferro ou aço inox. Cada um terá o seu
específico valor de condutividade térmica.

De acordo com Gaio et al. (2016), a transferência de calor poderá ser dada por condução,
convecção ou radiação.

Para cada material existe uma constante de proporcionalidade conhecida como condutividade
térmica do material (k). A condução térmica será proporcional ao K, à área total e ao gradiente
de temperatura. Dessa forma, dependendo do material, da área e do calor fornecidos terão
resultados diferentes de Q (energia), conforme a equação de Fourier.

A transferência de calor por condução é quando há o contato de dois objetos com temperaturas
diferentes, e daí inicia-se a transferência de calor em função da temperatura, que é mais conhecida
como a lei Fourier.

: quantidade de energia transferida por condução em relação ao tempo e, geralmente, é


utilizada em W (watt). Porém, em exercícios de termodinâmica, é (kW) 1kW = 1000W.

A: é em metros quadrados

= derivada da temperatura em uma direção x, sua unidade pode ser k/m ou °C/m.

Por convecção, temos que o modo de transferência de calor é pelo escoamento, ou seja, vai
haver uma troca de energia em uma superfície e o meio, isso dependerá de como será realizado o
contato térmico. Na convecção, temos a lei de resfriamento de Newton.

: coeficiente de transferência de calor por convecção (W/m2.k)

: área (m2)

: temperatura do sólido (°C)

temperatura do fluido (°C)

Exemplos:

• uma chapa quente sendo resfriada com ventiladores;

97
• trocadores de calor;

• ficar em frente ao ventilador.

A última forma de transferência de calor é por radiação, sendo a energia transmitida por
ondas eletromagnéticas. Poderá ocorrer no vácuo, mas é necessário um meio que viabilize tanto a
emissão quanto a geração de energia.

= ε..A.T 4s

Em que:

Ts é a temperatura da superfície – sempre em Kelvin (K);

é a constante de Stefan-Bolztmann;

Falando de emissividades ( ), as superfícies metálicas apresentam próximas de 0,92, e as não


polidas ficam na faixa de 0,6 e 0, 9;

A é a área.

A radiação térmica não é monocromática, portanto, as substâncias diferentes emitem e


absorvem radiação de maneiras diferentes.

Exemplo: Imagine você deitado na areia da praia. O seu corpo está em contato com a areia
e também com os raios de sol. A molécula da areia está mais quente, passando para o corpo por
condução e, como perdemos calor para o ar, a molécula do seu corpo está mais quente e se choca
com o ar, e a molécula de ar vai embora pelo movimento do fluido ar. O sol faz chegar calor até
você por meio de ondas eletromagnéticas, que vamos chamar de radiação.

Figura 9 - Modos de transferência de calor


Fonte: Makenzie Dunford, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra alguns modos de troca de calor. À esquerda, temos a figura
de um sol, representando a radiação. No centro, tem a ilustração de um ferro de passar roupas,

98
representando a condução e, à direita, convecção, ilustrada por uma xícara com líquido quente.

Potência térmica – a equação fornecida para calcular a potência térmica é , energia térmica
pelo tempo visto que potência , e sua unidade será , que é igual a watt , ou por outra unidade, que
é a caloria por segundo (cal/s). Então, a potência é a energia em trânsito pelo tempo.

A potência térmica é a medida do calor transferido. Ao aquecer uma panela com um


determinado líquido, observa-se que, à medida em que o tempo passa, quanto mais calor for
fornecido à panela (que estiver com água, por exemplo), o líquido aquecerá até entrar em ebulição.

Voltemos ao sistema da qual temos chama, panela e água. Observa-se que o fundo da panela
é o componente condutor, que transferirá calor para o líquido. Diante disso, temos que, quanto
maior a diferença de temperatura entre o líquido e o fundo da panela, mais rápido será a troca
de calor, ou seja, maior será o aquecimento. Porém, isso vai depender da área, da espessura e do
material da panela, uma vez que a condição será: quanto maior a área do condutor, maior será
a transferência de calor para o líquido. Porém, quanto mais espesso for o condutor (fundo da
panela), mais difícil será o transporte de calor, pois esse vai ter distâncias maiores para percorrer.
Neste caso, a potência apresentará comportamento inversamente proporcional à espessura (VAN
WYLEN; SONNTAG; BORGNAKKE, 2003).

• Calor sensível: é quando um determinado material recebe calor, e o efeito produzido é a


mudança de temperatura.

• Calor latente: é a energia térmica que se transforma em energia potencial, alterando o es-
tado físico (sólido, líquido e gasoso). A fórmula é mais conhecida como “quemole”. Ou seja,
a mudança de fase é proporcional à quantidade de energia recebida ou cedida.

A quantidade de calor sensível é fundamental para a equação geral de calorimetria, pois essa
quantidade seja ela recebida ou cedida por um corpo, é diretamente proporcional à massa e à
variação da temperatura.

Fique ligado
Após estudar sobre Equilíbrio Térmico, disponibilizamos um link do Laboratório
Virtual. Espero que aproveite bastante.

https://www.virtuaslab.net/ualabs/ualab/17/61b1f5af2e7ef.html

99
Conclusão

Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• aprender que calor e o trabalho são fenômenos transitórios e que ambos podem atravessar
a fronteira do sistema;

• analisar as mudanças de estado da matéria quando for fornecido energia a ela;

• entender que ensaios de dilatometria são usados para estudar, via dilatação térmica, os
fenômenos ocorridos dentro de um material;

• estudar a convecção, a condução e a radiação;

• compreender que o calor específico é característico da substância, e a capacidade térmica


relaciona-se à quantidade de massa.
IBLIOGRAFIA

CARVALHO FILHO, P. Termodinâmica. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.

GAIO. A, TURRA. C, BARP. L, BRANSALISE. L. C. Relatório de Prática Experimental em Termodinâmi-


ca - Calor Específico. Instituto Federal Catarinense (IFC). Luzerna, 2016.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: eletromagnetismo. v.3. 10. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2016.

MORAN, M. J. et al. Fundamentos de Termodinâmica Térmica. 2. ed. Barcelona. Editora REVERTÈ,


2004.

VAN WYLEN, G. J.; SONNTAG, R. E.; BORGNAKKE, C. Fundamentos da Termodinâmica. Tradução da


6ª Edição Americana: E. J. Zerbini. São Paulo: Editora Edigard Blucher Ltda, 2003.
UNIDADE 4

Experimentos de Mecânica dos


Fluídos
Introdução

Você está na unidade Experimentos de Mecânica dos Fluídos. Conheça aqui o que acontece
quando tomamos algum líquido com o auxílio de um canudinho ou o que faz com que boiemos
em uma piscina. Entenda também o motivo de sentirmos incômodo nos ouvidos quando subimos
a uma altitude diferente da nossa cidade de origem. E compreenda por que o óleo e a água não
se misturam.

Você terá aqui as respostas para essas perguntas e para outras que fazemos quando nos
deparamos com algo que faz parte do nosso dia a dia, que são os fluidos. Com o estudo da
hidrostática, verá a definição de conceitos, como massa específica e a diferença entre pressão
hidrostática e pressão atmosférica. Já na hidrodinâmica, aprenderá como os fluidos se comportam
em movimento; as equações que definem seus movimentos e quais obstáculos encontram em um
escoamento.

Além disso, ao longo do material, serão disponibilizados os links para nosso Laboratório Virtual.

Bons estudos!
4.1 Mecânica dos fluídos
A etimologia da palavra “fluir” deriva do verbo em latim que significa escorrer ou derreter.
O conceito de Mecânica é associado ao comportamento dos corpos, estando eles parados ou
em movimento. A partir destes conceitos, podemos entender o nosso campo de estudo nesta
unidade. Estudar mecânica dos fluidos é, basicamente, entender o comportamento dos fluidos,
que podem ser agrupados em gases e líquidos, estando eles em repouso ou em movimento, ou
seja, com suas propriedades dinâmicas.

A mecânica dos fluidos tem suas origens na hidráulica. Por volta do ano 400 a. C, tanto na
Mesopotâmia quanto no Egito as obras hidráulicas foram aumentadas para garantir a irrigação.

Mais tarde, os impérios gregos e chineses e, especialmente, o império Romano foram


caracterizados pela construção de um grande número de obras hidráulicas.

Pesquisadores como Reynolds, Froude, Prandtl e Von Kármán estabeleceram que o estudo dos
fluidos deva ser um misto de teoria e experimentação. Com eles, nasceu a ciência da mecânica
dos fluidos, como a conhecemos hoje. Veja abaixo alguns dos personagens principais, cujas obras
contribuíram para o desenvolvimento da ciência da mecânica dos fluidos:

• Arquimedes (287–212 a.C);

• Evangelista Torricelli (1608–1647);

• Blaise Pascal (1623–1662);

• Isaac Newton (1643–1727);

• Daniel Bernoulli (1700–1782);

• Leonard Euler (1707–1783);

• Pitot Henri (1695–1771);

• Chezy Antoine (1718–1798);

• Venturi Giovanni Battista (1746–1822);

• Poiseuille (1799–1869);

• Ludwig Hagen Heinrich (1797–1884);

• Stokes George Gabriel (1819–1903);

105
• Navier (1785–1836);

• Weisbach Julius (1806–1871);

• Darcy Henri (1803–1858);

• Reynolds Osborne (1842–1912);

• William Froude (1810–1871);

• Manning Robert (1816–1897);

• Buckingham Edgar (1867–1940);

• Ludwig Prandtl (1875–1953);

• Ferry Moody Lewis (1880–1953);

• Von Kármán T. (1881–1963).

Confira, a seguir, os tipos de fluidos.

• Fluidos Newtonianos

É um fluido cuja viscosidade pode ser considerada constante no tempo. Os fluidos newtonianos
são todos aqueles fluidos que se comportam de acordo com a lei da viscosidade de Newton. Isso
quer dizer que a viscosidade é apenas uma função da condição do fluido.

• Fluidos Ideais

Um fluido ideal é um fluido de viscosidade zero, incompressível e deformável quando sujeito a


tensões de cisalhamento (por muito pequenas que são). Suas características são: fluxo estacionário,
quando a velocidade do fluido em um ponto é constante no tempo, e fluxo irrotacional, quando
não apresenta redemoinhos, quer dizer, não há momento angular do fluido em nenhum ponto.

• Fluidos Reais

Os fluidos reais diferem dos ideais por possuírem uma certa viscosidade, ou seja, um atrito
interno que causa tensões tangenciais entre fluidos. Podemos considerar a viscosidade como uma
espécie de atrito interno em fluidos, em que tensões de cisalhamento aparecem na superfície de
um elemento de fluido se movendo em relação ao resto do fluido. Tanto os líquidos quanto os
gases têm viscosidade, embora os primeiros são muito mais viscosos do que os últimos.

106
• Meio Contínuo

O conceito de meio contínuo permite simplificar a análise e o estudo de fluidos, considerando


a mesma hipótese utilizada para o estudo de sólidos. O fluido é considerado contínuo em todo o
espaço que ocupa, ignorando assim a sua estrutura molecular e as descontinuidades associadas
a ela. Com esta abordagem, podemos considerar que as propriedades do fluido (densidade,
temperatura etc.) são funções contínuas. O modelo contínuo assume que a estrutura molecular
é tão pequena em relação às dimensões consideradas nos problemas de interesse prático, que
podem ser ignoradas.

Quando se usa o modelo contínuo, um fluido é descrito como uma função de suas propriedades,
que representam características médias de sua estrutura molecular.

4.1.1 Hidrostática
Fluidos em equilíbrio estático, levando em consideração as forças atuantes nos líquidos e nos
gases serão os nossos objetos de estudo. A partir de agora analisemos a Hidrostática.

E, para iniciarmos um exame da Hidrostática/Hidrodinâmica, temos que conceituar os


elementos que compõem os fluidos.

Durante toda sua vida escolar, você provavelmente ouviu o termo “estados físicos da matéria”.
Desde muito cedo nos estudos das ciências, vimos que basicamente existem três tipos: os
sólidos, os líquidos e os gases. Pois bem, atualmente são admitidos cinco estados: além dos três
já conhecidos, se juntam a estes o plasma e o condensado Bose-Einstein. No entanto, há quem
defenda que existem ainda mais estados, chegando hoje a um total de oito estados físicos da
matéria. Porém, não vamos nos adentrar neles.

Os estados da matéria são classificados de acordo com o comportamento das suas estruturas
moleculares. Quando aplicamos em um material uma força que poderá comprimi-lo, esticá-lo
ou até mesmo distorcê-lo, de acordo com a terceira lei de Newton, ele reagirá com uma força
contrária ou de reação. Se a força aplicada fizer uma pequena variação em sua forma ou dimensão,
a força de reação terá como função o restabelecimento do equilíbrio.

No entanto, esse equilíbrio se dará apenas nos sólidos, graças às suas estruturas moleculares.
Podemos imaginar as estruturas dos sólidos como sendo um conjunto de moléculas unidas umas
às outras em uma estrutura de três dimensões, em que o comportamento que terão é similar às
molas. Assim, ao receberem forças externas, serão capazes de reagir.

Já nos líquidos e nos gases, como suas estruturas e forças intermoleculares são fracas, eles
não são capazes de reagir às forças de ação.

107
Conforme a figura “Estados físicos da matéria”, a estrutura molecular dos sólidos e das
estruturas fluidas dependerá das forças existentes entre as moléculas.

Figura 1 - Estados físicos da matéria


Fonte: gritsalak karalak, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra a representação de três estados físicos da matéria e suas


estruturas moleculares. A primeira é o estado gasoso, com as estruturas espalhadas; a do meio
é o líquido, com a estrutura molecular mais organizada, e, por fim, o sólido, com a sua estrutura
molecular organizada como uma estrutura em três dimensões.

Quanto ao plasma e ao condensado de Bose-Einstein, ambos possuem as características dos


gases.

• Plasma

É o estado físico mais presente no universo.

• Condensado Bose-Einstein

É um estado de resfriamento, chegando quase ao zero absoluto. Para se entender o seu


comportamento, é necessário um entendimento de física quântica e de matemática estatística.

Tendo em mente os estados físicos da matéria, analisemos a partir de agora como se


comportam dois desses estados: os líquidos e os gases.

I. Pressão

Imagine a seguinte situação: Você está segurando uma seringa com o êmbolo em uma das
extremidades e, na outra, um dos seus dedos fecha a abertura de tal forma que o fluido fique

108
confinado dentro da seringa. Quando você movimenta o êmbolo, o fluido age sobre toda a face
do êmbolo, gerando uma tensão normal, que é uma medida da pressão do fluido sobre o êmbolo.

A partir dessa situação, podemos entender uma das grandezas mais importantes para o estudo
dos fluidos: a pressão. Definida como sendo a relação da força aplicada sobre uma superfície e a área
dessa superfície. A força que a pressão gera no êmbolo é sempre perpendicular à área onde age.

Podemos entender de outra forma. Um fluido em repouso exerce uma força perpendicular sobre
uma superfície que está em contato com ele. Isso ocorre porque, mesmo estando em repouso, as
moléculas que o constituem estão em movimento. Imaginemos uma pequena superfície
centralizada em um ponto do fluido; a força normal exercida pelo fluido em toda a área da superfície
é , e a essa força normal por unidade de área, define-se como pressão, dada por:

No SI, a unidade é o Pascal

Para exemplificar:

1. Uma força de 500 N é aplicada sobre uma área de 0,04 m². A pressão exercida sobre essa
área é igual a:

Fique ligado
Pressão atmosférica é a força que o ar da atmosfera exerce em um determinado
ponto na Terra, podendo variar de acordo com a altitude.

Para exemplificar, a pressão atmosférica na cidade de Belo Horizonte (MG), que está situada a
850 m acima do nível do mar, é de 0,9 atm. Já em La Paz, na Bolívia, que se encontra a 3600 m do
nível do mar, a pressão atmosférica é de 0,65 atm.

Quando viajamos e atingimos altitudes diferentes, sofremos com o efeito da diminuição da


pressão. Por isso que uma aeronave acima dos 1700 m em nível do mar faz a pressurização do ar,
mantendo a pressão dentro do avião adequada ao corpo humano.

Outra situação é quando mergulhamos a certa profundidade. À medida em que avançamos


abaixo do nível do mar, a pressão aumenta e é necessário que inalemos uma mistura de gases
para que a pressão interna do nosso organismo se “iguale” à pressão a qual estamos submetidos.

Em ambas as situações isso ocorre porque o peso do fluido é um fator que precisa ser analisado
quando variamos as altitudes. Considerando que a densidade e a aceleração gravitacional sejam

109
constantes em todos os pontos em uma situação de alteração de altitude, podemos demonstrar a
relação da pressão P em um ponto no interior de um fluido em equilíbrio e a sua altura.

Para encontrarmos esses valores e quaisquer outros acima do nível do mar, é necessário
considerarmos a massa específica proporcional à pressão, segundo a lei dos gases ideais, a
temperatura do ar constante em todos os pontos e a variação de desprezível através da equação:

Em que,

• é a massa específica;

• p é a pressão em determinado ponto;

• a é a altitude;

• g é a gravidade.

Considerando a massa específica e a pressão proporcionais, temos que:

Em que: é a pressão ao nível do mar. Assim:

Integrando a pressão do nível do mar y=0 até a pressão em certa altitude:

Lei de Pascal: podemos também expressar a equação acima usando a profundidade abaixo
da superfície:

A pressão é igual a mais a pressão , a certa profundidade h, ou seja, a pressão em


certa profundidade será maior do que a pressão na superfície.

Blaise Pascal (1623–1662) verificou, portanto, que se o valor de for aumentado, em


qualquer profundidade do fluido aumenta a uma taxa igual ao valor do aumento da pressão: “A
pressão aplicada a um fluido no interior de um recipiente é transmitida sem nenhuma diminuição
a todos os pontos do fluido e para as paredes do recipiente”.

110
Para exemplificar:

Uma caixa d’água está a 12 metros do chão e está cheia de água, cuja densidade é igual a 1.103
kg/m3. A pressão atmosférica na região vale 1.105 Pa e g é igual a 10 m/s2. A pressão, no fundo
da caixa d’água é dado por:

A figura a seguir demonstra a lei de Pascal, um sistema de vasos comunicantes, em que a


pressão no topo de cada coluna de líquido é a pressão atmosférica , e a pressão na base possui
o mesmo valor . Segundo tal lei, a diferença entre e é igual a , em que h é distância
do topo de cada coluna do líquido até a base. Logo, todas as colunas apresentam a mesma altura,
independentemente da forma que possuem.

Figura 2 - Sistema de vasos comunicantes


Fonte: Fancy Tapis, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra a representação de cinco vasos, de diferentes formas,


interligados por uma mesma base, também conhecidos por vasos comunicantes. A altura do
líquido dentre deles, logo a pressão será a mesma.

Prensa hidráulica

A figura a seguir tem um êmbolo de área , que executa uma força sobre uma superfície

de um líquido. A pressão é transmitida, de maneira integral, até o êmbolo de área ,


sendo a mesma pressão aplicada nos dois cilindros. Sendo assim:

111
Figura 3 - Prensa hidráulica
Fonte: K.K.T Madhusanka, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra a representação de uma prensa hidráulica, ou elevador


hidráulico, que é um tubo preenchido por um líquido confinado entre dois êmbolos de áreas
diferentes.

Como exemplos de aplicação desse princípio no dia a dia estão as cadeiras de dentistas, os
macacos hidráulicos, os volantes hidráulicos, dentre outros.

Para exemplificar:

Um elevador hidráulico de um posto de gasolina é acionado por um pequeno êmbolo de área


igual a . O automóvel a ser elevado tem massa e está sobre o êmbolo
maior, de área . A intensidade mínima da força que deve ser aplicada ao êmbolo menor
para conseguir elevar o automóvel é de:

II. Compressibilidade

Cada aumento ou diminuição na pressão exercida em um fluido corresponde à uma contração


ou expansão do fluido. Essa deformação (mudança de volume) é chamada de elasticidade ou, mais
especificamente, de compressibilidade. O parâmetro usado para medir o grau de compressibilidade
de uma substância é o módulo de elasticidade volumétrico, , definido pela seguinte equação:

Em que:

• – é o aumento da pressão;

• – variação do volume;

112
• – volume contido.

Na maioria dos casos, um líquido pode ser considerado incompressível, mas quando a pressão
muda abruptamente, a compressibilidade torna-se evidente e importante. O mesmo acontece se
houver mudanças significativas na temperatura.

O módulo volumétrico de elasticidade de um fluido é uma medida que expressa o quão difícil
é comprimir.

III. Densidade

Outro importante conceito de qualquer material é a sua densidade, que também pode ser
chamada de massa específica. É definida como sendo o quociente da massa de um material pelo
volume por ele ocupado quando este for homogêneo:

Para exemplificar:

Qual a massa de uma chapa de ferro de volume 320 cm3? A densidade absoluta do ferro é
7,8 g/cm3.

Trata-se de uma grandeza escalar, ou seja, não possui propriedades direcionais e terá os seus
valores alterados de acordo com fatores como pressão e temperatura.

No SI, a unidade será .

Quando se aumenta a pressão em um material, a sua massa específica também aumentará,


e o seu volume relativo será , ou seja, o volume irá diminuir se a pressão aumentar. A essa
relação, dá-se o nome de módulo de compressibilidade , e pode ser expresso por:

O sinal negativo indica que é positivo e são grandezas com sinais opostos.

Pela fórmula, aceitamos que, quanto maior for o valor de , alto será o valor de que resultará, no
entanto, em uma pequena variação . Um exemplo é a água, que possui .O
seu volume irá variar apenas 1,8%, se for submetida a uma pressão de 400 atm.

113
No entanto, o módulo de compressibilidade irá modificar consideravelmente com a variação
de temperatura, segundo a equação de um gás ideal.

Fique ligado
Quando era criança já brincou de colocar água em um punhado de amido de
milho? Pois é, fica um fluido diferente, não é mesmo? Esse é um dos exemplos
de fluido não newtoniano.

Os fluidos, de modo geral, comportam-se como se fossem newtonianos, ou seja, possuem


características bem definidas como a tensão de cisalhamento, sendo diretamente proporcional à
deformação sofrida. Já os não newtonianos, não possuem viscosidade definida com clareza, isto
é, a sua viscosidade não será proporcional à força ou tensão de cisalhamento. Outros exemplos
de fluidos não newtonianos são o creme dental e, em algumas situações, a lama, dentre outros.

IV. Empuxo

Arquimedes de Siracusa (287 a.C – 212 a.C), considerado um dos principais cientistas da idade
clássica, formulou o seguinte princípio: “Um corpo total ou parcialmente imerso em um fluido é
sustentado por uma força de baixo para cima, com intensidade igual ao peso do fluido deslocado
pelo corpo”. Vamos entender o que essas palavras significam.

Quando entramos em uma piscina, temos a sensação de sermos mais leves do que no ar, ou
quando colocamos um cubo de gelo na água, ele flutua. Esses são apenas dois exemplos de que
quando um corpo possui densidade menor do que a do fluido, ele flutua.

A figura “Objetos de densidades diferentes inseridos em um recipiente com água” mostra que
a cortiça flutua, a madeira afunda parcialmente e o alumínio fica completamente submerso.

Figura 4 - Objetos de densidades diferentes inseridos em um recipiente com água


Fonte: grayjay, Shutterstok, 2021.

114
#ParaCegoVer: a imagem mostra a representação de três objetos de mesma forma, inseridos
em um mesmo fluido. No primeiro recipiente, uma esfera de cortiça, está na superfície do líquido;
no recipiente do meio, uma esfera de madeira está parcialmente submersa e, na terceira, uma
esfera de alumínio completamente submersa no líquido. Essas situações ocorrem devido ao
Empuxo, princípio desenvolvido por Arquimedes.

Analisemos uma porção de um fluido confinado em certa estrutura e em equilíbrio, conforme


a imagem da esquerda, na figura "Pressão exercida por fluido em outro fluido confinado em uma
estrutura e em um objeto sólido". As setas representam as forças executadas pelo fluido vizinho
sobre o fluido em repouso. O somatório das forças será zero, porque o fluido está em equilíbrio.
Logo, o peso do fluido deve ser equilibrado por uma força de mesma intensidade, mas de sentido
de baixo para cima. De acordo com a análise já feita anteriormente acerca da profundidade,
as setas direcionadas para cima são maiores do que as direcionadas para baixo, uma vez que a
pressão aumenta com a profundidade.

Passemos agora para a imagem da direita, na figura "Pressão exercida por fluido em outro
fluido confinado em uma estrutura e em um objeto sólido", na qual substituímos o fluido confinado
por um objeto sólido, com a mesma dimensão e forma, submerso no mesmo líquido. A pressão
em cada ponto será a mesma nas duas situações, o que indica que a força exercida pelo líquido de
baixo para cima é também igual ao peso do fluido que foi deslocado pelo objeto. Essa força recebe
o nome de Empuxo.

Figura 5 - Pressão exercida por fluido em outro fluido confinado em uma estrutura e em um
objeto sólido
Fonte: Fouad A. SaadShuttersock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra a representação das forças atuantes em um fluido em


equilíbrio e um objeto, ambos submersos em um líquido.

Pela definição da teoria do Princípio, o módulo do Empuxo se dará por:

115
Como:

Em que é a densidade do fluido, e v é o volume do fluido deslocado.

Para exemplificar:

Determine o empuxo sobre uma esfera de raio r=5 cm, que tem de seu volume submerso
em água.

Dados:

• Estabilidade de corpos submersos

A condição para a estabilidade dos corpos completamente imerso em um fluido é que o


centro de gravidade (G) do corpo deve estar abaixo do centro de flutuabilidade (B). O centro da
flutuabilidade de um corpo está no centro do volume deslocado e é através deste ponto que a
força de empuxo (empuxo) atua no sentido vertical. O peso do corpo atua verticalmente para
baixo através do centro de gravidade.

• Estabilidade para corpos flutuantes

A condição para a estabilidade dos corpos flutuantes é que um corpo flutuante é estável se o

116
seu centro de gravidade (G) estiver abaixo do metacentro (M). O metacentro é definido como o
ponto de intersecção do eixo vertical de um corpo quando ele está em sua posição de equilíbrio, e
a linha vertical que passa pelo centro de flutuabilidade (B) quando o corpo é ligeiramente virado.

V. Equilíbrio Relativo

Veja a seguir duas situações de equilíbrios relativos.

a) Líquido sob aceleração horizontal uniforme

Se um líquido em um recipiente aberto recebe uma aceleração horizontal, este líquido, após
um certo tempo, vai se ajustar a essa aceleração movendo-se como se fosse um sólido. A superfície
livre, inicialmente plana e horizontal, é deformada, adquirindo uma inclinação, que depende da
aceleração dada.

b) Líquido sob rotação uniforme em torno de um eixo vertical

Quando o fluido dentro de um recipiente é girado com velocidade angular constante em torno
de um eixo, após certo tempo, o movimento será igual ao de um sólido. A única aceleração é
dirigida radialmente em direção ao eixo de rotação, e a superfície livre assume a forma de um
paraboloide de revolução.

Figura 6 - Tensão superficial da água impede que inseto afunde


Fonte: Milan Pic, Sutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra um inseto na superfície da água. Ele não afunda devido à
tensão superficial da água.

Objetos como um clips ou uma lâmina de barbear quando colocados horizontalmente sobre
a água, bem como no exemplo acima, quando um inseto pousa sobre a superfície da água, não
afundam pelo fato de a água se comportar como uma membrana submetida a uma tensão.
No interior de um líquido há forças de atração em todas as direções entre as moléculas que o
compõem, tornando-a equilibrada. Na superfície, no entanto, as atrações não ficam equilibradas,

117
já que só terão atração com as moléculas abaixo e do lado, formando uma espécie de película que
resiste à expansão.

Fique ligado
Convidamos você a acessar nosso Laboratório Virtual e realizar o experimento
de “Hidrostática”, que trata do princípio de Arquimedes e do Empuxo. Acesse:
https://www.virtuaslab.net/ualabs/ualab/15/61b335bd963f6.html

Síntese:

A estática dos fluidos é a ciência responsável pelo estudo de fluidos em repouso. Para fazer isso,
é baseado em princípios físicos que são o Princípio de Pascal, que inicia a equação hidrostática.
Esta equação tem muitas aplicações em engenharia, pois é a medição da pressão por meio de
manômetros ou manômetros diferenciais. Isso também se aplica a forças hidrostáticas que atuam
em superfícies submersas, o que é muito comum no nosso dia a dia. Para isso, análises de força
hidrostática são feitas em superfícies planas submersas e superfícies curvas.

Você também pode fazer uso do princípio de Arquimedes, que estabeleceu as diretrizes para
a estabilidade e flutuação de corpos imersos em fluidos.

4.1.2 Hidrodinâmica
Até o momento, vimos como os fluidos se comportam quando estão em equilíbrio. A
dinâmica dos fluidos é responsável por estudar os fluidos em movimento. No caso da água, é a
Hidrodinâmica. Veja, a seguir, alguns conceitos interessantes que nortearão o nosso estudo.

Fluxo: este é o nome dado ao movimento das partículas de fluido, também chamado de
regime atual. Confira abaixo os tipos de fluxos.

• Fluxo permanente, estável ou estacionário

Ocorre quando as condições, em qualquer parte do fluido, não mudam com o clima.

• Fluxo não permanente

Um fluxo não é permanente quando as propriedades e condições do fluido, em qualquer


ponto, mudam com o tempo.

• Fluxo uniforme

É aquele em que a magnitude, a direção e o sentido do vetor de velocidade não variam de um

118
ponto a outro dentro do fluido em um determinado instante.

• Fluxo não uniforme

Um fluxo é considerado não uniforme quando a velocidade e a pressão variam de ponto a


ponto na região do fluxo.

• Escoamento laminar

É caracterizado porque o movimento das partículas do fluido ocorre seguindo trajetórias


bastante regulares, separadas e perfeitamente definidas, dando a impressão de que eram folhas
ou camadas paralelas umas às outras, que deslizam suavemente umas sobre as outras, sem
misturar troca macroscópica ou transversal entre elas.

• Fluxo turbulento

Quando as partículas de fluido se movem seguindo trajetórias muito irregulares, originando


câmbio no momento de uma porção de fluido para outra.

• Fluxo rotacional

Quando as partículas de fluido dentro de uma região têm rotação em torno de qualquer eixo.

• Fluxo ideal

Quando o fluido que corre não produz tensões de cisalhamento em seu caminho.

• Fluxo real

Ocorre quando os efeitos da viscosidade se manifestam durante a sua trajetória.

Na sequência, vamos estudar o escoamento.

I. Escoamento

Para os fluidos, o termo escoar também pode ser entendido como dar curso, fluir e, para
entender como os fluidos escoam, precisamos dos dados em cada ponto do espaço em cada
momento da velocidade do fluido e da sua massa específica. Aqui adotaremos o conceito de
escoamento teorizado por Leonard Euler (1707-1783). No entanto, existe outra maneira de
analisar, que é através do escoamento Lagrangeano, desenvolvido por Louis Lagrange (1736-
1813). Tal abordagem não será tratada nesta Unidade.

Examinando um determinado instante de tempo, qualquer grandeza pertencente ao fluido


terá o seu valor definido naquele ponto específico do espaço.

119
O escoamento pode ser definido por tipos. Confira.

• Estacionário/não estacionário ou uniforme/não uniforme: estacionário ou uniforme é


quando as velocidades possuem o mesmo valor, independentemente do instante de tem-
po. O não uniforme ou não estacionário se dá quando o valor das velocidades é dependen-
te do tempo, ou seja, as velocidades variam em cada instante ao longo do escoamento.

• Compressível/incompressível: diz-se que um escoamento é incompressível quando a mas-


sa específica do fluido é constante. Mesmo que a variação da massa específica seja diminu-
ta, consideramos o escoamento como compressível.

• Viscoso/não viscoso: todo fluido possui certo grau de viscosidade, que se comporta de
maneira semelhante à força de atrito na mecânica dos sólidos. Quanto maior a viscosidade,
mais força terá de ser aplicada para que ocorra o escoamento. Escoamento não viscoso é
quando o efeito da viscosidade do fluido pode ser desprezado e do contrário, o escoamen-
to será viscoso.

• Rotacional/irrotacional: escoamento rotacional se dá quando as partículas que o compõe


movem-se em torno dos seus centros de massa. Quando não rotacionam, o escoamento
é irrotacional.

II. Equação da Continuidade/Vazão

Observe a figura “Tubo com seções transversais diferentes”. As seções têm e e e as velocidades
em cada ponto. Pegando como exemplo a água como fluido incompressível, ou seja, que a sua
densidade seja a mesma em todos os pontos do fluido. Podemos concluir que num intervalo de
tempo, o volume que atravessa A1, é o mesmo que atravessa A2.

Figura 7 - Tubo com seções transversais diferentes


Fonte: zizou7, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra a representação de um tubo em que um fluido se desloca de


um ponto para outro, passando por seções transversais diferentes.

120
Em outras palavras, a vazão do fluido é a mesma qualquer que seja a seção por ele
atravessada:

Para exemplificar:

Um fluido escoa a 5 m/s em um tubo de área transversal igual a 100 mm². Qual é a velocidade
desse fluido ao sair pelo outro lado do tubo, cuja área é de? 80 mm²

O produto , ou seja, a taxa que o volume do fluido


atravessa o tubo.

Agora não confunda vazão com velocidade. A vazão será a mesma durante todo o trajeto, no
entanto, a velocidade mudará quando mudarmos a seção transversal. Quando a seção reta de um
escoamento diminui, a velocidade aumenta e quando a seção aumenta, a velocidade diminui. É o
que ocorre quando diminuímos a área de saída de uma mangueira. A velocidade será maior, mas
a vazão será a mesma.

Figura 8 - Ao pressionar a saída da água de uma mangueira, a velocidade altera, porém, a vazão
é a mesma
Fonte: Lukina Zvenislava, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma pessoa diminuindo a área de saída de uma mangueira,
em que a velocidade aumenta, mas a vazão é a mesma.

121
Para exemplificar, consideremos a seguinte situação. Um líquido flui com velocidade v=40
cm/s através de um tubo de seção transversal constante igual a 7 cm². A vazão do líquido ao longo
do tudo será de quanto?

III. Princípio de conservação da massa

Em um fluxo permanente em um determinado tubo, temos as seguintes características:

• nenhum fluido entra ou sai pela lateral; e

• o tubo atual está estacionário.

Nenhuma massa de fluido é criada ou destruída, portanto, a quantidade de massa que entra
no tubo de fluxo em unidade de tempo deve ser igual à quantidade de massa que sai do mesmo
tubo de corrente na mesma unidade de tempo.

IV. Equação de Bernoulli

Para as variações das áreas de um tubo e as velocidades de um fluido que passará por ele, a
equação da continuidade nos ajuda a entender. No entanto, outras grandezas também podem
estar associadas ao movimento do fluido, como os níveis de entrada e saída do tubo e as pressões
de entrada e saída do fluido.

Para tanto, agora passemos a discutir as relações existentes entre a pressão, a velocidade
de escoamento e a altura de escoamento dos fluidos, também os considerando ideais. Tal
relação recebe o nome de equação de Bernoulli, em homenagem a Daniel Bernoulli (1700–
1782), estudioso particularmente lembrado por suas aplicações à mecânica dos fluidos. Entre as
aplicações da sua equação, podemos citar a sustentação de aviões, as tubulações em construções,

122
as chaminés, dentre outros.

Vimos na equação da continuidade que se a seção reta de um tubo variar, a velocidade de


escoamento do fluido também se alterará, logo, adquirirá aceleração. Quando o tubo for horizontal,
a força que gera essa aceleração é decorrente do fluido das vizinhanças, indicando que a pressão
vai variar em diferentes seções do tubo; caso contrário, se ela fosse constante, o somatório das
forças sobre cada elemento do fluido seria zero. Quando a área diminui, a velocidade aumenta, o
fluido acelera e se desloca para uma região de pressão menor, para assim ter uma força resultante
que o acelere. Quando há uma diferença de altura, haverá uma diferença de pressão adicional.

Consideremos, de acordo com a figura “Demonstração das variáveis presentes no princípio de


Bernoulli”, um fluido passando entre dois pontos de um tubo. A velocidade em na parte inferior
é Durante um intervalo de tempo , o fluido percorreu uma distância
O mesmo para . As áreas das seções retas para
as extremidades são . Na equação da continuidade, a vazão é sempre a mesma, ou seja,

Figura 9 - Demonstração das variáveis presentes no princípio de Bernoulli


Fonte: ScientificStock, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma representação da equação de Bernoulli, em que um


fluido escoa por dois pontos de áreas transversais diferentes.

Lembremo-nos do teorema do trabalho e energia. Inicialmente. precisamos calcular o trabalho


realizado sobre o fluido durante . Desconsiderando forças de atrito, o trabalho sobre o fluido
será as pressões dos fluidos vizinhos. As pressões nas duas extremidades são e , e as forças

123
sobre a seção reta será a relação com a própria pressão: . O trabalho , portanto,
será:

Além da força conservativa da gravidade, é igual à variação da energia mecânica do sistema,


em que ela não varia entre os pontos de extremidade. No instante inicial, o fluido possui
massa e energia cinética:

No fim, a energia cinética será:

Sendo, portanto, a variação da energia cinética no intervalo de tempo:

Para a energia potencial gravitacional, temos que:

Por consequência, :

Fique ligado
Essa bela Equação de Bernoulli afirma que o trabalho realizado sobre um fluido
é igual à soma da variação das energias cinética e potencial gravitacional,
realizada na unidade de volume durante o seu escoamento.

Mas, cuidado! Apesar de bela e de fácil compreensão, essa equação só pode


ser usada em casos com fluidos incompressíveis e que não exista atrito entre
as paredes do tubo, definição para viscosidade.

124
Para exemplificar. As superfícies de uma tubulação possuem áreas
. Um líquido de escoa pela tubulação e apresenta
no ponto de maior área e pressão .Registre a velocidade e pressão no
ponto de menor área. Para a velocidade, usamos a equação de continuidade:

Para a pressão, utilizamos a equação de Bernoulli:

V. Medidores de vazão

O tubo de Pitot é um instrumento que mede a pressão de estagnação ou pressão total. A


pressão total é composta por pressão estática e pressão dinâmica , expressa como uma
altura do fluido, conforme a figura demonstra:

Figura 10 - Demonstração do medidor de vazão tubo de Pitot


Fonte: petrroudny43, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma representação do tubo de Pitot, utilizado para medir a
pressão de estagnação ou total.

Pressão estática: é a pressão experimentada pela partícula fluido enquanto se move.

125
Pressão de estagnação: é a pressão obtida quando um fluxo de fluido é desacelerado para a
velocidade zero por um processo sem atrito. Para fluxos incompressíveis, como água, a equação
de Bernoulli de fluidos ideais pode ser usada para relacionar mudanças na velocidade e pressão
ao longo de uma linha atual em um determinado processo. Ignorando as diferenças de elevação,
a equação de Bernoulli torna-se:

Se a pressão estática é em um ponto no fluxo no qual a velocidade é , então a pressão de


estagnação, , e a velocidade de estagnação , é zero. A pressão de estagnação, portanto, pode ser
calculada a partir da seguinte equação:

Resolvendo a velocidade, obtemos:

Pressão dinâmica: esta pressão é expressa da seguinte forma:

O tubo de Venturi é usado para medir a velocidade de um líquido que circula sob pressão
dentro de uma tubulação. Consiste em um manômetro colocado em um tubo para medir a
velocidade do fluxo, cuja densidade de líquido escoa através de um tubo de seção transversal
. A área do pescoço é reduzida a , e o tubo do manômetro é instalado.

Figura 11 - Representação de um tubo de Venturi


Fonte: Fouad A. Saad, Shutterstock, 2021.

126
#ParaCegoVer: a imagem mostra a representação do tubo de Venturi, utilizado para medir a
velocidade de um líquido que circula sob pressão dentro de uma tubulação.

Para saber a velocidade através da Equação de Bernoulli, temos:

VI. Viscosidade

A viscosidade é o atrito sofrido por um fluido no interior de um tubo. Pela própria definição
de atrito, as forças de viscosidade são contrárias ao movimento de um fluido, se opondo a ele.

A glicerina e o mel são exemplos de fluidos que possuem alta viscosidade, já a água e o
álcool possuem pouca viscosidade, ou seja, uns escoam com dificuldade e outros que escoam
facilmente.

O valor da viscosidade é dependente da temperatura. Os líquidos diminuem a sua


viscosidade com o aumento da temperatura, e os gases aumentam a viscosidade com o aumento
da temperatura, conforme o gráfico a seguir.

Figura 12 - Demonstração gráfica da viscosidade de um líquido quando este é aquecido


Fonte: rktz, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a figura mostra a representação de um gráfico de Viscosidade por Temperatura,


no qual a medida em que a temperatura aumenta, a viscosidade diminui nos líquidos.

127
Camada de limite é uma camada fina do fluido que existe quando ele adere um sólido, ficando
praticamente em repouso.

Levando em conta a viscosidade, a equação de Bernoulli não poderá ser utilizada para fins de
cálculos de velocidade, em que a velocidade nas paredes de um tubo é zero, e máxima no centro.

Uma aplicação prática de viscosidade é quando um fluido escoa dentro de um tubo. A


velocidade de escoamento vai variar de acordo com o raio. Podemos expressar a velocidade na
casca cilíndrica por:

E no centro por:

Em que:

• é a variação de pressão;

• é o comprimento do tubo;

• coeficiente de viscosidade;

• R e r os raios.

Viscosidade dinâmica

Equação de Newton da viscosidade - o princípio da viscosidade de Newton afirma que, para


um fluxo laminar de certos fluidos chamados newtonianos, a tensão de cisalhamento em uma
interface tangente à direção do fluxo é proporcional ao gradiente de velocidade na direção normal
para a interface.

Vamos considerar duas placas paralelas, suficientemente grandes, separadas por uma
pequena distância "e", sendo o espaço entre elas e cheio de fluido. A placa na parte inferior é fixa,
enquanto que a placa superior se move para a direção paralela, a uma velocidade “u”, devido à
aplicação de uma força F, que é exercida em uma área “A” da placa móvel. A velocidade do fluido
em contato com a placa inferior tende a ser zero, enquanto que a velocidade do fluido em contato
com a superfície superior tende a ser u. A forma da variação da velocidade com a distância entre
as duas superfícies é chamada de perfil de velocidade, devido à resistência do fluido em se mover,
devido aos efeitos sua viscosidade. Dado por:

128
Em que:

• = força aplicada à placa superior.

• = área de contato da placa com o fluido.

• = viscosidade dinâmica.

• = variação da velocidade em relação à distância das duas placas.

Portanto, na referida resistência por unidade de área, que aparece entre duas placas
deslizantes, cuja variação da velocidade é e a sua separação , multiplicada por um coeficiente
de viscosidade, é chamada de tensão de cisalhamento.

Em que:

• = tensão de cisalhamento devido à força na placa móvel e fluido.

• = viscosidade dinâmica do fluido.

Viscosidade cinemática

A viscosidade cinemática é definida como a razão entre a viscosidade dinâmica e a densidade


do fluido.

Cuidado! Não confunda viscosidade com densidade. Dizer que um fluido é denso, não quer
dizer que ele é viscoso. O exemplo mais claro que temos é o óleo. Ele é um fluido mais viscoso do
que a água, entretanto, menos denso que ela.

129
Figura 13 - Pote com mel
Fonte: rsooll, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra um pote contendo mel. Na frente, para o lado direito, tem
uma colher de pau. O mel tem alta viscosidade.

VII. Turbulência

Quando o fluxo de escoamento de um fluido, ou seja, sua velocidade supera certo valor,
considerado crítico, a característica do escoamento passa a ser irregular e complexo deixando
de ser laminar. Dizer que o escoamento é laminar é o mesmo que dizer que o fluido escoa com
velocidades baixas. Esse escoamento turbulento, denomina-se turbulência.

Fique ligado
O que vai determinar parcialmente se o escoamento será turbulento ou não
será a viscosidade. Quanto mais viscoso o fluido for, mais chance terá de o
escoamento ser laminar.

Para determinar a velocidade crítica, onde o escoamento se tornará turbulento, admitamos


que é uma média das velocidades ao longo da tubulação e que ela depende do coeficiente de
viscosidade , da densidade do fluido e do diâmetro do tubo. Assim, teremos:

A essa relação, introduzimos uma constante de proporcionalidade, chamado de Número de


Reynolds .

130
Tal número pode ser usado para caracterizar qualquer escoamento. Para tubulações com
formatos cilíndricos, . Como exemplo um fluxo de água escoando no interior de uma
tubulação com 3 cm de diâmetro terá sua velocidade crítica de:

Pelo valor ser muito baixo, concluímos que a água em uma tubulação com esse diâmetro é
turbulenta.

Figura 14 - Escoamento linear e escoamento turbulento


Fonte: ScientificStock, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra a representação de escoamentos. Na figura da direita, um


escoamento turbulento, e na imagem da esquerda, um escoamento liminar.

Veja agora como calcular o número de Reynolds quando um fluido apresenta viscosidade
igual a , velocidade média: , em uma tubulação de 40 mm
de diâmetro:

131
4.1.3 Viscosímetro de Stokes
O movimento de um corpo quando este é inserido em um fluido viscoso é influenciado por
uma força viscosa que vai se opor ao seu movimento. Tal força dependerá da velocidade do corpo,
ou seja, quanto mais rápido esse corpo se deslocar, maior será a intensidade da força exercida
pelo fluido.

Um viscosímetro ou viscômetro é um equipamento usado para medir a viscosidade dos


fluidos.

Existem métodos diferentes para a determinação da viscosidade dos fluidos, mas vamos
destacar apenas uma forma, através do Viscosímetro de Stokes.

George Gabriel Stokes (1819–1903) estabeleceu uma lei que define uma relação entre a força
de atrito sofrida por um corpo de formato esférico ao se movimentar em queda livre em um fluido
viscoso. Confira:

Em que:

• é a gravidade;

• é o diâmetro da esfera;

• são as densidades do fluido e da esfera;

• é a velocidade terminal, ou a razão entre a distância e o intervalo de tempo de queda.

A lei de Stokes afirma que, quando um corpo se movimenta no interior de um fluido, existem
forças de atrito que reduzirão a velocidade do corpo. Tais forças dependerão da velocidade
relativa entre o fluido e o corpo. Quando as velocidades são baixas, a resistência do fluido será
proporcional à viscosidade do fluido e a velocidade relativa, indicado por:

Demonstrando assim que, quando o escoamento possui Número de Reynolds muito baixo, a
força de resistência sobre um corpo esférico, com certa velocidade através de um fluido viscoso,
será dada por:

132
Figura 15 - Representação do experimento de Stokes
Fonte: K.K.T Madhusanka, Shutterstock, 2021.

#ParaCegoVer: a imagem mostra a representação da lei de Stokes, com uma esfera em queda
livre dentro de uma estrutura contendo um fluido viscoso.

Fique ligado
Convidamos você a acessar nosso Laboratório Virtual e realizar o experimento
de “Viscosímetro de Stokes”. Acesse: https://www.virtuaslab.net/ualabs/
ualab/110/61b3361b572eb.html

Síntese:

A dinâmica dos fluidos é parte da mecânica dos fluidos, que é responsável pelo estudo dos
fluidos em movimento. Por isso, é necessário ter conhecimento dos seguintes três princípios que
regem a matéria:

O princípio da conservação da massa, que nos diz que quantidade de massa ou fluxo que
entra em um sistema ou um volume de controle é igual à mesma quantidade que o deixa. Isso quer
dizer que a massa ou o fluxo do fluido permanece constante ao longo do tempo. Este princípio
de conservação da massa é derivado da equação muito comum no estudo da Hidrodinâmica – a
equação de continuidade, que nos diz que o fluxo que entra por uma área e a velocidade é igual
ao mesmo fluxo que sai por uma área diferente.

O princípio da conservação de energia também é usado para derivar a equação que governa a
Hidrodinâmica: a equação de Bernoulli. Isso nos diz que a energia necessária para mover um fluxo
de fluido é igual ao trabalho realizado por este fluido.

133
O momento também é aplicado aos fluxos em movimento, que nos diz que a quantidade de
fluxo de fluido é igual ao impulso necessário para o deslocamento deste fluido. Os dispositivos
mais amplamente utilizados na medição de fluxo dos fluidos são o tubo de Pitot e o tubo de
Venturi, que são frequentemente usados ​​para medir a velocidade do fluxo.

134
Conclusão

Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• aprender quais elementos compõem o estudo da hidrostática, como densidade, pressão e


pressão atmosférica;

• entender o que ocorre quando fluidos estão confinados;

• analisar o que acontece quando os fluidos estão em movimento;

• examinar as equações que regem todas as situações dos fluidos incompressíveis em mo-
vimento;

• verificar como se dá o escoamento dos fluidos, os tipos de escoamento e os escoamentos


liminares e turbulentos;

• aprofundar no fluido viscoso, como se comporta e como identificamos a viscosidade atra-


vés da lei de Stokes.
IBLIOGRAFIA

BAUER, W.; WESTFALL, G. D.; DIAS, H. Física para universitários. Porto Alegre: Editora AMGH, 2013.

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2007.

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2014.

RAMALHO JUNIOR, F.; FERRARO, N. G.; SOARES, P. A. de T. Os Fundamentos da Física. v.1. 9. ed, rev.
e ampl. São Paulo: Moderna, 2007.

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Paulo, SP: Pearson Addison Wesley, 2009.

TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para Cientistas e Engenheiros. v. 2. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física I – Mecânica. 12. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley,
2008.

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