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Componente Curricular: Projeto de Vida

Título da Aula: De onde eu venho?

Olá estudante!

Nesta aula você vai refletir um pouco sobre a influência de sua família na
formação da sua identidade e do seu futuro!
Como as suas origens contribuíram para a sua formação pessoal?

Vamos descobrir?
Para começo conversa...

Na aula passada, você entendeu melhor sobre a realidade em que vive e


quais as funções que desempenha nos grupos sociais, como a família, a
escola e a comunidade.
Cada aula que passa, você vai aprofundando mais os conhecimentos
sobre si próprio e descobrindo sua identidade e seu papel no mundo.
Mas você já parou para pensar como as suas origens influenciaram sua
identidade? Sua história de vida tem relação direta com a história dos
membros da sua família?
E como você se sente em relação a isso? São reflexões que você fará
nesta aula!
A história pessoal

A sua história pessoal é muito importante para a elaboração do Projeto de


Vida. Antes mesmo de você pensar para onde quer ir e o que quer ser,
é necessário que saiba de onde vem e o que gostaria de superar ou criar
para o seu futuro.
A sua casa, seus pais, sua família e seu convívio com eles influenciam
em seu comportamento, valores e costumes.
Sendo assim, conhecer as suas raízes e tudo que aprendeu com sua
família é um aspecto muito importante para seu Projeto de Vida.
Sonhos e expectativas

Mas, qual a influência das origens familiares na sua vida?


Os familiares, muitas vezes, depositam sonhos, expectativas e
esperanças nas crianças.
Em alguns casos, a família tem muita força na determinação da trajetória
de vida de uma pessoa. Por outro lado, independente da origem familiar,
todos possuem possibilidades de mudanças! Por isso, é importante
respeitar as suas origens e compreender até que ponto elas influenciam
nas suas decisões na vida.
Se liga na definição:
Expectativa: situação de quem espera a ocorrência
de algo, ou sua probabilidade de ocorrência, em
determinado momento. Fonte: www.dicio.com.br
Genograma
Observe a imagem:

Representa uma pessoa do sexo masculino

Representa uma pessoa do sexo feminino

Disponível em: Caderno do ICE – aulas de Projeto de Vida


Genograma

Uma das maneiras de você organizar as informações dos membros de


sua família e conhecer as histórias deles é por meio de um genograma
(ou heredograma). O genograma é uma representação gráfica da “Árvore
da Vida”: ele mostra quais são os familiares antepassados de uma
pessoa, e assim é possível conhecer as suas origens!
É interessante você fazer um genograma da sua família, para mostrar
todas as pessoas que fazem parte da sua origem: pais, avós, bisavós,
tios, etc.
O presente: tempo de viver

Agora que você já refletiu sobre a influência da família sobre sua


identidade, leia o trecho a seguir:

“O presente é o cotidiano da vida das pessoas. É o tempo em que elas vivem,


são mobilizadas por novos acontecimentos, lembram com alegria, tristeza ou
raiva do passado, projetam o futuro ou se angustiam com ele. É quando
constroem a sua história pessoal, a formar suas identidades.”

O trecho mostra que o momento presente é o tempo de viver e fazer


mudanças. Independente de suas origens, você sempre pode levar em
consideração o seu passado para pensar no seu futuro e
superar os desafios!
Na estante
Vale a pena ler: A crônica “Pertencer” da escritora Clarice
Lispector foi publicada originalmente no Jornal do Brasil, em 1968.
Clarice Lispector é conhecida como uma das melhores escritoras
brasileiras, escreveu romances, contos, crônicas e literatura
infantil. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/vida-e-obra-de-clarice-lispector/ Acesso em:
maio/2020.

O poema “A confidência do Itabirano” de Carlos Drummond de Andrade.


Drummond foi poeta, contista e cronista brasileiro do período do
modernismo, considerado um dos maiores escritores do Brasil. Disponível
em: https://www.todamateria.com.br/carlos-drummond-de-andrade/ Acesso em: maio/2020.

A Crônica "Pertencer" de Clarice Lispector e a


crônica “A confidência do Itabirano” de Carlos
Drummond de Andrade encontram-se no anexo
desta aula.
O que descobrimos nesta aula?

▪ As suas origens familiares são a primeira fonte de formação na vida e


influenciam sua identidade;
▪ É importante respeitar suas origens e entender a influência que têm
nas decisões que você toma na vida;
▪ O seu passado, presente e futuro estão interligados, pois suas
experiências de vida o ajudam a agir no presente e construir seu futuro!

Vamos praticar um pouco sobre o que você


aprendeu nesta aula?
Anexo I | Texto: Pertencer, de Clarice Lispector

Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o


ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.
Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por
motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não
pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça. Se no berço experimentei esta
fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um
destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma
freira: ela pertence a Deus.
(continua no próximo slide)
Anexo I | Texto: Pertencer, de Clarice Lispector

(...) Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a


alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto
preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma
alma. E preciso de mais do que isso. Com o tempo, sobretudo os últimos anos,
perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de
"solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro. Se meu
desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou
de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer.
(continua no próximo slide)
Anexo I | Texto: Pertencer, de Clarice Lispector

(...) O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de
bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas
alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar
patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de
presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo
me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom
de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais
forte.
(continua no próximo slide)
Anexo I | Texto: Pertencer, de Clarice Lispector
(...) Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria
força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma
pessoa ou uma coisa. Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo
reproduzir em mim a vaga e, no entanto, premente sensação de precisar
pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu
nasci e fiquei apenas: nascida. No entanto fui preparada para ser dada à luz de
um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição
bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma
doença.

(continua no próximo slide)


Anexo I | Texto: Pertencer, de Clarice Lispector
(...) Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei
minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão
determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma
guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter
nascido em vão e tê-los traído na grande esperança. Mas eu, eu não me perdoo.
Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha
mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia
confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como
desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido.

(continua no próximo slide)


Anexo I | Texto: Pertencer, de Clarice Lispector

(...) A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a
medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver.
Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego o último
gole de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que
caminho!
Anexo II | Poema: Confidência do itabirano, de Carlos Drummond de Andrade
Alguns anos vivi em Itabira. vem de Itabira, de suas noites brancas, sem
Principalmente nasci em Itabira. mulheres e sem horizontes.

Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,

Noventa por cento de ferro nas calçadas. é doce herança itabirana.

Oitenta por cento de ferro nas almas. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te
ofereço:
E esse alheamento do que na vida é
porosidade e comunicação. este São Benedito do velho santeiro Alfredo
Duval;
A vontade de amar, que me paralisa o
trabalho, esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este couro de anta, estendido no sofá da sala
de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Anexo II | Poema: Confidência do itabirano, de Carlos Drummond de Andrade

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.


Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!

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