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Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos

Manual do e-formando

Módulo II

Formadora
Maria Magalhães

www.webstudy.pt
Índice

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS ......................................................................................... 4

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 5

PROGRAMA QUALIFICA .............................................................................................. 6

OBJETIVOS DO PROGRAMA QUALIFICA ................................................................................... 7


METAS DO PROGRAMA QUALIFICA ........................................................................................ 7

CENTROS QUALIFICA .................................................................................................. 8

SERVIÇOS PRESTADOS ................................................................................................... 10


DESTINATÁRIOS........................................................................................................... 10
ETAPAS DE INTERVENÇÃO ............................................................................................... 11
CRIAÇÃO DOS CENTROS QUALIFICA .................................................................................... 12
PROFISSIONAIS DOS CENTROS QUALIFICA ............................................................................ 15
Coordenador ......................................................................................................... 15
Técnico de Orientação, Reconhecimento e Validação de Competências ......................... 17
Formadores ou professores ..................................................................................... 19
PROCESSOS DE RVCC ................................................................................................... 20

AGÊNCIA NACIONAL PARA A QUALIFICAÇÃO E O ENSINO PROFISSIONAL, I.P. ....... 22

SISTEMA NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES (SNQ) ....................................................... 25

ESTRUTURAS DO SISTEMA NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES – SNQ................................................. 25


QUADRO NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES ............................................................................... 27
Desenho e Estruturação do QNQ ............................................................................. 27
Regulamentação do QNQ ........................................................................................ 28
Estrutura do QNQ .................................................................................................. 29
Descritores dos níveis do Quadro Nacional de Qualificações ........................................ 30
Articulação com o Quadro Europeu de Qualificações ................................................... 31
Processo de referenciação dos níveis de qualificação do QNQ aos níveis do QEQ ............ 32
ANQ como Ponto de Coordenação Nacional ............................................................... 34
CATÁLOGO NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES (CNQ) ................................................................... 34
REFERENCIAIS DE FORMAÇÃO ........................................................................................... 38
UNIDADES DE FORMAÇÃO DE CURTA DURAÇÃO ...................................................................... 39
COMPROVAÇÃO DAS QUALIFICAÇÕES .................................................................................. 39
CADERNETA INDIVIDUAL DE COMPETÊNCIAS/PASSAPORTE QUALIFICA ............................................ 40

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RECONHECIMENTO, VALIDAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS (RVCC) .................................. 43
A DUPLA CERTIFICAÇÃO ................................................................................................. 43
SISTEMA NACIONAL DE CRÉDITOS DO ENSINO E FORMAÇÃO PROFISSIONAIS.................................... 44
Atribuição de pontos de crédito ............................................................................... 44
Acumulação de pontos de crédito ............................................................................ 45
Transferência de pontos de crédito .......................................................................... 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 46

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 46

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Objetivos Pedagógicos

Pretende-se que no final deste módulo, os formandos sejam capazes de:

• Reconhecer importância do Programa Qualifica e respetivos objetivos e metas;


• Caracterizar os Centros Qualifica;
• Descrever um Processo de Reconhecimento e Validação e Certificação de
Competências;
• Conhecer a Agência Nacional para a Qualificação e Ensino Profissional;
• Identificar os principais instrumentos e estruturas do Sistema Nacional de
Qualificações.

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Introdução

A população portuguesa continuam a apresentar um expressivo défice de qualificação


que condiciona o desenvolvimento do país. De acordo com os dados do Eurostat
(2016), mais de metade da população, entre os 25 e os 64 anos, tem um nível de
qualificação igual ou inferior ao ensino básico (9.º ano de escolaridade).

O Governo estabeleceu como prioridade política de âmbito nacional a revitalização da


educação e formação de adultos, enquanto pilar central do sistema de qualificações,
assegurando a continuidade das políticas de aprendizagem ao longo da vida e a
permanente melhoria da qualidade dos processos e resultados de aprendizagem.

Com o objetivo de relançar esta prioridade, o Governo XXI criou o Programa Qualifica
que se constitui como uma estratégia integrada de formação e qualificação de adultos.

O Programa Qualifica é um programa vocacionado para a qualificação de adultos que


tem por objetivo melhorar os níveis de educação e formação dos adultos, contribuindo
para a melhoria dos níveis de qualificação da população e a melhoria da
empregabilidade dos indivíduos. O Programa Qualifica assenta numa estratégia de
qualificação que integra respostas educativas e formativas e instrumentos diversos
que promovem a efetiva qualificação de adultos e que envolve uma rede alargada de
operadores.

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Programa Qualifica
Fonte: www.qualifica.gov.pt

Com o objetivo de revitalizar a educação e formação de adultos enquanto pilar central


do sistema de qualificações, o Governo XI desenvolveu o Programa Qualifica que se
constitui como uma estratégia integrada de formação e qualificação de adultos.

O Programa Qualifica assenta na tripla integração de:

✓ Meios disponibilizados pelos diversos atores, com coordenação entre as áreas


ministeriais da educação, do trabalho e do ensino superior, quer na formulação
de instrumentos, quer na sua operacionalização no terreno;
✓ Respostas e instrumentos diversos, que combinem a educação de adultos e a
formação profissional qualificante com o reconhecimento, validação e
certificação de competências; e
✓ Respostas, na ótica do formando, favorecendo a coerência e a unidade da rede
e do portefólio dos percursos formativos, que devem ser personalizados.

Um dos pontos diferenciadores do Programa Qualifica é a aposta em percursos de


formação que conduzam a uma qualificação efetiva, por oposição a uma formação
avulsa, com fraco valor acrescentado do ponto de vista da qualificação e da melhoria
da empregabilidade dos adultos.

Assim, criou-se um sistema de créditos, alinhado com a estrutura modular da oferta


formativa já existente, que possibilita a capitalização coerente de unidades de
formação, maior mobilidade e flexibilidade nos percursos formativos, preservando o
valor das certificações e permitindo uma melhor legibilidade e reconhecimento do
sistema de ensino e formação profissionais por parte dos diversos atores,
nomeadamente por parte dos empregadores.

Complementarmente ao sistema de créditos, o Passaporte Qualifica é outro


instrumento central de valorização e facilitação dos percursos individuais de formação
que permite não só registar as qualificações obtidas (numa lógica de currículo ou de
caderneta), mas também identificar as competências em falta para completar um

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determinado percurso de formação, por forma a possibilitar a construção de
trajetórias de formação mais adequadas às necessidades de cada indivíduo, de entre
as diferentes trajetórias possíveis.

Objetivos do Programa Qualifica

Este programa procura concretizar, essencialmente, os seguintes objetivos:

❖ Aumentar os níveis de qualificação e melhorar a empregabilidade dos ativos,


dotando-os de competências ajustadas às necessidades do mercado de trabalho;

❖ Reduzir significativamente as taxas de analfabetismo, literal e funcional,


combatendo igualmente o semianalfabetismo e iletrismo;

❖ Valorizar o sistema, promovendo um maior investimento dos jovens adultos em


percursos de educação e formação;

❖ Corrigir o atraso estrutural do país em matéria de escolarização no sentido de


uma maior convergência com a realidade europeia;

❖ Adequar a oferta e a rede formativa às necessidades do mercado de trabalho e


aos modelos de desenvolvimento nacionais e regionais.

Metas do Programa Qualifica

Até 2020, pretende-se o cumprimento das seguintes metas:

➢ Garantir que 50% da população ativa conclui o ensino secundário;


➢ Alcançar uma taxa de participação de adultos em atividades de aprendizagem
ao longo da vida de 15%, alargada para 25% em 2025;
➢ Contribuir para que tenhamos 40% de diplomados do ensino superior, na faixa
etária dos 30- 34 anos;
➢ Alargar da rede de Centros Qualifica (garantindo 300 até final de 2017).

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Centros Qualifica
Rede nacional de Centros Qualifica: https://www.qualifica.gov.pt/#/pesquisaCentros

Um dos eixos fundamentais para a concretização do Programa Qualifica passa pela


ativação de uma rede nacional de centros especializados em educação e formação de
adultos, vocacionados para o atendimento, aconselhamento, orientação e
encaminhamento para percursos de aprendizagem, com base nas reais necessidades
de qualificação existentes nos diferentes territórios e setores económicos.

Nesse sentido, a Portaria n.º 232/2016 de 29 de agosto cria os Centros Qualifica,


instrumentos essenciais na estratégia de qualificação de adultos, tendo como
premissa fundamental não só a valorização das aprendizagens que foram adquirindo
ao longo da vida, mas também a possibilidade efetiva de aumentarem e
desenvolverem competências através de formação qualificante.

Pretende-se que os Centros Qualifica retomem como foco central da sua atividade a
qualificação de adultos assente na complementaridade entre reconhecimento,
validação e certificação de competências e a obrigatoriedade de frequência de
formação certificada, em função dos perfis e das necessidades individuais dos
formandos. Essencial para a concretização desta complementaridade é a consolidação
dos mecanismos de informação e orientação para os adultos.

Nesta ótica, pretende-se também apoiar os jovens que não estão em emprego, em
educação ou em formação, comummente designados por jovens NEET (Not in
Education, Employment or Training) e que podem ter os seus percursos de vida
redirecionados para ofertas de educação e formação qualificantes, através de
informação e orientação adequada aos seus perfis de necessidades e às suas
motivações.

Um aspeto essencial na criação dos Centros Qualifica é assegurar a qualidade do


funcionamento dos centros e a qualidade no desenvolvimento dos processos de
reconhecimento, validação e certificação de competências, assente em critérios de
exigência e rigor, nomeadamente no que respeita aos procedimentos avaliativos.

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Desta forma, manteve-se a existência de uma prova de certificação no final do
processo, apresentada perante um júri, que assume um caráter mais expositivo, no
caso da certificação escolar ou mais demonstrativo, no caso da certificação
profissional, retirando-se o caráter de escolarização do processo através da
conjugação equilibrada entre a prova de certificação e a análise do portefólio e dos
instrumentos de avaliação aplicados durante as etapas de reconhecimento e validação
de competências.

Numa perspetiva de gestão da rede procurou-se simplificar os processos de criação e


autorização de funcionamento dos Centros Qualifica, designadamente possibilitando
uma maior autonomia na definição de critérios e orientações por parte da Agência
Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, I. P., mas mantendo-se os
períodos de concessão da autorização e da renovação de criação e autorização de
funcionamento dos centros.

Esta simplificação, aliada à possibilidade de reforço das equipas que integram os


Centros Qualifica e consequente reforço do financiamento por via de fundos
comunitários corresponde à intenção, também expressa no Programa Qualifica, de
reforçar a atividade dos centros existentes e aumentar a rede atual, tendo subjacente
as necessidades de cobertura territorial.

O reforço das equipas e a introdução de flexibilidade na articulação funcional entre os


elementos que as constituem procura conferir uma maior estabilidade que,
desejavelmente, conduz a uma melhoria na qualidade do funcionamento dos centros.

Os anteriores Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional podem-se constituir


como Centros Qualifica, sem que para isso seja necessário um procedimento de
candidatura, dispondo de um prazo para proceder aos ajustamentos ao plano
estratégico de intervenção e às adaptações na avaliação dos processos de
reconhecimento, validação e certificação de competências.

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Serviços Prestados

• Apoiam os jovens e os adultos na identificação de respostas educativas e


formativas adequadas ao perfil de cada candidato, tendo em conta também as
necessidades do tecido empresarial.

• Desenvolvem processos de reconhecimento, validação e certificação de


competências (RVCC) escolares e profissionais.

• Colaboram na definição de critérios de estruturação de rede de ofertas


educativas e formativas adequadas às necessidades de qualificação,
aproximando as escolas/centros de formação das empresas.

• Monitorizam o percurso dos jovens e adultos encaminhados para as diferentes


modalidades de qualificação, visando aferir o cumprimento ou o desvio das
trajetórias definidas, numa perspetiva de valorização contínua.

• Recolhem informação respeitante à interação entre os resultados das


aprendizagens dos jovens e dos adultos e o mercado de trabalho, tendo em
vista a melhoria da qualidade do sistema de educação e formação.

Destinatários

Os Centros Qualifica destinam-se a todos os que procuram uma qualificação, tendo


em vista o prosseguimento de estudos e/ou uma transição/reconversão para o
mercado de trabalho.

Estes Centros encontram-se igualmente vocacionados para dar resposta aos cidadãos
com deficiência e incapacidade, com o intuito de assegurar a sua integração na vida
ativa e profissional.

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São destinatários diretos dos Centros Qualifica:

Este programa destina-se a todos os que procuram uma qualificação, tendo em vista
o prosseguimento de estudos e/ou uma transição/reconversão para o mercado de
trabalho.

São contemplados neste programa:

- Jovens com idade igual ou superior a 15 anos ou a frequentar o último ano de


escolaridade do ensino básico;

- Adultos com idade igual ou superior a 18 anos, com necessidades de aquisição e


reforço de conhecimentos e reconhecimento de competências.

- Cidadãos com deficiência e incapacidade, com o objetivo de assegurar a sua


integração na vida ativa e profissional.

Etapas de Intervenção

Os Centros Qualifica asseguram as seguintes etapas de intervenção:

Acolhimento - inscrição do candidato (jovem ou adulto) e seu esclarecimento,


considerando a missão e o âmbito de intervenção dos Centros Qualifica;

Diagnóstico - análise do perfil do candidato, com o objetivo de identificar respostas


de educação e/ou formação ajustadas à sua situação (motivações, necessidades e
expetativas);

Informação e Orientação - identificação de projetos individuais de educação e


formação tendo presente opções realistas de prosseguimento de estudos e/ou de
integração no mercado de trabalho;

Encaminhamento - concretização do encaminhamento do candidato para uma oferta


de educação e formação ou ainda para um processo de reconhecimento, validação e
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certificação de competências – RVCC (apenas possível para candidatos adultos. Caso
os candidatos tenham entre 18 e 23 anos inclusive, terão de possuir pelos menos 3
anos de experiência profissional devidamente comprovada), tendo por base o
processo prévio de diagnóstico e orientação;

Reconhecimento e Validação de Competências (escolares e profissionais) -


identificação e validação de competências adquiridas pelos adultos ao longo da vida,
em contextos de aprendizagem formais, não formais e informais;

Certificação de Competências - demonstração das competências dos adultos,


perante um júri, através da realização de provas.
Na certificação de competências escolares, a prova de certificação consiste na
apresentação, perante o júri, de uma exposição e reflexão subordinada a uma
temática integradora. Na certificação de competências profissionais, a prova consiste
numa demonstração eminentemente prática.

Criação dos Centros Qualifica

Os Centros Qualifica podem ser criados por entidades públicas ou privadas, adiante
designadas por entidades promotoras, nomeadamente agrupamentos de escolas ou
escolas não agrupadas dos ensinos básico e secundário públicos, centros de formação
profissional de gestão direta ou participada da rede do Instituto do Emprego e da
Formação Profissional, I. P. (IEFP, I. P.), empresas e associações ou outras entidades
com significativa expressão territorial ou sectorial e capacidade técnica instalada, em
função dos sectores e públicos a que se dirigem, nomeadamente por fazerem parte da
rede pública contratualizada há pelo menos cinco anos.

A autorização de criação e de funcionamento de Centros Qualifica é da competência


do conselho diretivo da ANQEP, I. P.

A criação de Centros Qualifica realiza-se através de candidatura apresentada pelas


entidades promotoras. O procedimento de abertura das candidaturas para a criação
de Centros Qualifica, bem como o período em que decorrem é definido pela ANQEP,
I.P., e publicitado no sítio institucional deste organismo.
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A entidade candidata à criação de um Centro Qualifica deve:

a) Estar regularmente constituída e registada;

b) Ter a situação regularizada perante a administração fiscal e a segurança social,


bem como no âmbito dos financiamentos do Fundo Social Europeu ou de
programas específicos de outros serviços e organismos da administração pública;

c) Estar certificada pelo sistema de certificação das entidades formadoras ou


estar reconhecida enquanto entidade formadora, nomeadamente, nos âmbitos
educativo, científico e tecnológico, no quadro da respetiva lei orgânica, diploma
de criação, homologação ou autorização de funcionamento, ou outro regime
especial aplicável;

d) Não se encontrar inibida do exercício da atividade pela prática de crime ou


contraordenação, nomeadamente pela violação da legislação sobre trabalho de
menores, discriminação no trabalho e no acesso ao emprego;

e) Oferecer garantias de sustentabilidade e estabilidade, nomeadamente ao nível


da equipa, dos equipamentos e instalações do Centro Qualifica que pretende
promover;

f) Cumprir as normas em vigor em matéria de prevenção de riscos profissionais


e segurança e saúde no trabalho;

g) Possuir localização e acessibilidades adequadas, tendo em conta os seus


destinatários;

h) Estar integrada em redes e parcerias locais, regionais ou nacionais.

A entidade candidata, no momento de apresentação da candidatura, deve juntar os


documentos que atestem os requisitos mencionados no número anterior e o plano
estratégico de intervenção – PEI – que estrutura e orienta a atividade do centro, nos

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termos e de acordo com as orientações definidas pela ANQEP, I. P., e disponibilizadas
no sítio institucional deste organismo.

O plano estratégico de intervenção estabelece o âmbito contextualizado de


intervenção do Centro Qualifica e define, designadamente:

a) A fundamentação dos objetivos propostos;

b) A estratégia a adotar;

c) A área de intervenção territorial, incluindo o regime de itinerância nos casos


em que se verifique;

d) Os resultados anuais a atingir, nomeadamente o número de jovens e de


adultos a abranger, por tipo de intervenção e por nível de qualificação e
certificação e, no caso dos candidatos ao primeiro emprego e desempregados, o
número de integrações no mercado de emprego;

e) O modelo de organização e funcionamento, incluindo a constituição da equipa,


as valências internas do Centro Qualifica, nomeadamente quando incluam a
intervenção na área da deficiência ou incapacidade, e a utilização de outros
recursos da entidade promotora;

f) A externalização de serviços complementares adequados aos públicos


preferenciais, quando o Centro Qualifica inclua também a especialização na área
da deficiência ou incapacidade;

g) As áreas de educação e formação e as saídas profissionais em que o Centro


Qualifica pretende promover processos de RVCC nas vertentes profissionais e de
dupla certificação;

h) As parcerias e as ações de dinamização local previstas, por tipo de


intervenção.

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A autorização de criação e de funcionamento dos Centros Qualifica é concedida, por
um período de três anos, podendo ser renovada por iguais períodos. Deve, para além
da identificação das entidades promotoras, mencionar a respetiva área geográfica ou
território de atuação e o âmbito da sua intervenção técnica.

Profissionais dos Centros Qualifica

As equipas dos Centros Qualifica são constituídas pelos seguintes elementos:

➢ Coordenador.
➢ Técnicos de Orientação, Reconhecimento e Validação de Competências (ORVC).
➢ Formadores e professores das diferentes áreas de competência-chave e das
diferentes áreas de educação e formação para o desenvolvimento de processos
de reconhecimento, validação e certificação de competências escolares e
competências profissionais.

As equipas dos Centros Qualifica podem ainda ser apoiadas por um técnico
administrativo.

Coordenador

O coordenador é designado pela entidade promotora do Centro Qualifica, cabendo-lhe


assegurar a representação institucional do mesmo, bem como garantir o seu regular
funcionamento ao nível da gestão pedagógica, organizacional e financeira.

No plano estratégico, compete ao coordenador:

a) Promover parcerias com entidades relevantes no território de atuação no


âmbito da qualificação e do emprego, bem como assegurar a sua permanente
dinamização e acompanhamento, de forma a maximizar a relevância, eficácia e
utilidade social dos serviços prestados pelo Centro Qualifica;

b) Potenciar o estabelecimento de parcerias com entidades empregadoras, com


vista à promoção da aprendizagem ao longo da vida, incluindo o aperfeiçoamento,
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a especialização e a reconversão dos seus trabalhadores, bem como dinamizar a
recolha de propostas de estágio e de oportunidades de formação em contexto de
trabalho;

c) Coordenar o plano estratégico de intervenção e elaborar o relatório de


atividades, em articulação com as entidades parceiras e com os demais elementos
da equipa;

d) Coordenar a recolha, tratamento e divulgação sistemática da informação sobre


o tecido empresarial, as oportunidades de emprego e as ofertas de qualificação
para jovens e adultos;

e) Disponibilizar toda a informação relevante e colaborar com a ANQEP, I. P., em


matéria de estruturação da rede territorial de qualificação e de acompanhamento
e monitorização das respetivas ofertas.

Compete ainda ao coordenador, no plano operacional:

a) Gerir a equipa e desenvolver o seu potencial, com vista a garantir o


cumprimento das atribuições do Centro Qualifica, fomentando a inovação, a
qualidade e a orientação do serviço para os candidatos e para o mercado de
trabalho;

b) Implementar dispositivos de autoavaliação sistemática que permitam aferir a


qualidade das intervenções e a satisfação dos candidatos;

c) Disponibilizar a informação necessária ao acompanhamento, monitorização e


avaliação externa da atividade, de acordo com as orientações da ANQEP, I. P.;
d) Adotar medidas que potenciem os serviços prestados pelo Centro Qualifica,
tendo em atenção os resultados dos processos de autoavaliação e de avaliação
externa;

e) Assegurar a fiabilidade da informação registada no Sistema de Informação e


Gestão da Oferta Educativa e Formativa (SIGO);

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f) Assegurar a efetiva operacionalização que garanta o apoio indispensável aos
candidatos com deficiência e incapacidade no seu processo de certificação.

Técnico de Orientação, Reconhecimento e Validação de Competências

É o responsável pelas etapas de acolhimento dos utentes no Centro Qualifica,


diagnóstico, informação e orientação, encaminhamento e pela condução dos
processos de RVCC.

Compete ao técnico de ORVC, no âmbito das etapas de acolhimento, diagnóstico,


orientação e encaminhamento:

a) Inscrever os jovens e adultos no Sistema de Informação e Gestão da Oferta


Educativa e Formativa (SIGO) e informar sobre a atuação do Centro Qualifica;

b) Promover sessões de orientação que permitam a cada jovem ou adulto


identificar a resposta mais adequada às suas aptidões e motivações;

c) Promover sessões de informação sobre ofertas de educação e formação, o


mercado de emprego atual, saídas profissionais emergentes, prospeção das
necessidades de formação, bem como oportunidades de mobilidade no espaço
europeu e internacional no que respeita à formação e trabalho;

d) Encaminhar jovens e adultos tendo em conta a informação sobre o mercado


de emprego e as ofertas de educação e formação disponíveis nas entidades
formadoras do respetivo território ou, no caso dos adultos, para processo de
RVCC sempre que tal se mostrar adequado;

e) Monitorizar o percurso dos jovens e dos adultos encaminhados pelo Centro até
à conclusão do respetivo percurso de qualificação, e, quando aplicável, até à
inserção no mercado de emprego;
f) Desenvolver ações de divulgação e de informação, junto dos diferentes
públicos que residem ou estudam no território, sobre o papel dos Centros

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Qualifica e as oportunidades de qualificação, designadamente a oferta de cursos
de dupla certificação.

Compete ao técnico de orientação, reconhecimento e validação de competências, no


âmbito das etapas de acolhimento, diagnóstico, orientação e encaminhamento:

a) Inscrever os candidatos no SIGO e informar sobre a atuação do Centro


Qualifica;

b) Promover sessões de informação sobre ofertas de educação e formação, o


mercado de trabalho atual, saídas profissionais emergentes, prospeção das
necessidades de formação, bem como oportunidades de mobilidade no espaço
europeu e internacional no que respeita à formação e trabalho;

c) Promover sessões de orientação que permitam a cada jovem ou adulto


identificar a resposta mais adequada às suas aptidões e motivações;

d) Encaminhar candidatos tendo em conta a informação sobre o mercado de


trabalho e as ofertas de educação e formação disponíveis nas entidades
formadoras do respetivo território ou, no caso dos adultos, para processo de
reconhecimento, validação e certificação de competências sempre que tal se
mostrar adequado;

e) Monitorizar o percurso dos candidatos nos termos previstos na alínea e) do n.º


1 do artigo 2.º;

f) Desenvolver ações de divulgação e de informação, junto dos diferentes


públicos que residem ou estudam no seu território de atuação, sobre o papel dos
Centro Qualifica e as oportunidades de qualificação, designadamente a oferta de
cursos de dupla certificação.

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Formadores ou professores

Compete aos formadores e professores no âmbito das intervenções dos Centros


Qualifica:

a) Participar no processo de reconhecimento, validação e certificação de


competências escolar, profissional ou de dupla certificação, através da aplicação
de instrumentos de reconhecimento e validação de competências e do apoio aos
candidatos na elaboração do portefólio;

b) Informar o júri de certificação relativamente ao desenvolvimento do processo


de reconhecimento, validação e certificação de competências dos candidatos que
acompanhou;

c) Integrar o júri de certificação de candidatos que desenvolveram processos de


reconhecimento, validação e certificação de competências;

d) Identificar as necessidades de formação de cada candidato de forma a definir


o encaminhamento sustentado para percursos formativos completos ou parciais
com vista à obtenção de uma qualificação escolar ou profissional, ou ambas, em
colaboração com o técnico de orientação, reconhecimento e validação de
competência;

e) Organizar e desenvolver ações de formação complementares, da


responsabilidade do centro, que permitam ao candidato aceder a uma
qualificação;

f) Colaborar na etapa de diagnóstico, orientação e encaminhamento dos


candidatos inscritos para reconhecimento, validação e certificação de
competências profissional ou de dupla certificação.

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Processos de RVCC
Consultar Documentação de Apoio Processo de RVCC in Plataforma e-Learning

Os Processos de RVCC, desenvolvidos nos Centros Qualifica, consistem no


reconhecimento de competências adquiridas pelos adultos, ao longo da vida, em
contextos formais, informais e não-formais, tendo em vista a certificação escolar e/ou
profissional (RVCC escolar e/ou RVCC profissional).

Estes processos integram duas etapas:

1. O Reconhecimento e Validação de Competências, que permite a identificação


das competências detidas pelo adulto, através da aplicação de um conjunto de
metodologias e instrumentos específicos;

2. A Certificação de Competências consiste na demonstração das competências


validadas através da realização de uma prova escrita, oral ou prática, ou que
conjugue as várias tipologias. A prova é organizada por áreas de
competências-chave, no caso do processo de RVCC escolar, ou por Unidades de
Competência, no caso de se tratar de um processo RVCC de profissional.

Os processos de reconhecimento, validação e certificação de competências escolares


baseiam-se em Referenciais de Competências-Chave de Educação e Formação de
Adultos para o nível básico e secundário.

Os processos de reconhecimento, validação e certificação de competências


profissionais têm como base os referenciais de competências profissionais que
integram as qualificações disponíveis no Catálogo Nacional de Qualificações.

Qual a certificação conferida através da conclusão de um processo de RVCC?

A conclusão de um processo de RVCC escolar pode conduzir a uma certificação total


(equivalente ao 1.º 2.º ou 3.º ciclos do ensino básico ou do nível secundário de
educação) ou a uma certificação parcial.

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A conclusão de um processo de RVCC profissional pode conduzir a uma certificação
total correspondente ao nível 2 de qualificação (caso o candidato já seja detentor do
3º ciclo do Ensino Básico) ou ao nível 4 de qualificação (caso o candidato já seja
detentor do nível secundário de educação) ou a uma certificação parcial.

Caso o candidato obtenha uma certificação parcial no âmbito do desenvolvimento de


um processo de RVCC, o Centro Qualifica procede ao seu encaminhamento para uma
modalidade de educação/formação externa ao Centro, que lhe permita a conclusão do
nível de certificação a que se propôs, integrando um Curso de Educação e Formação
de Adultos (EFA) ou um percurso de Formação Modular Certificada (FMC).

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Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino
Profissional, I.P.
Fonte: http://www.anqep.gov.pt/

A Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, I.P. - ANQEP, I.P. - é


um instituto público integrado na administração indireta do Estado, com autonomia
administrativa, financeira e pedagógica no prosseguimento das suas atribuições, sob a
superintendência e tutela conjunta dos Ministérios da Educação, e do Trabalho,
Solidariedade e Segurança Social, em coordenação com o Ministério da Economia.

Figura 1. Organograma

A ANQEP tem como missão coordenar a execução das políticas de educação e


formação profissional de jovens e adultos e assegurar o desenvolvimento e a gestão
do sistema de reconhecimento, validação e certificação de competências.

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As suas principais atribuições são:

✓ Desenvolver e gerir o sistema de reconhecimento, validação e certificação de


competências, de âmbito escolar e profissional, assegurando a coordenação da
correspondente rede de estruturas, bem como o acompanhamento, a
monitorização, a avaliação e a regulação do sistema, com a colaboração das
entidades que integram o Sistema Nacional de Qualificações;

✓ Coordenar, dinamizar e gerir a oferta de educação e formação profissional de


dupla certificação destinada a jovens e adultos, bem como a rede de entidades
responsáveis pela aplicação dos correspondentes dispositivos de informação e
orientação, assegurando a complementaridade dos sistemas de educação e
formação profissional e a qualidade das referidas ofertas;

✓ Garantir o acompanhamento, a monitorização, a avaliação e a regulação da


oferta de educação e formação profissional de dupla certificação destinada a
jovens e adultos;

✓ Coordenar e promover a conceção de percursos, o desenvolvimento curricular e


as metodologias e materiais específicos para a educação e formação
profissional de dupla certificação destinada a jovens e adultos;

✓ Estabelecer, no âmbito das suas atribuições e sem prejuízo das atribuições


próprias do Ministério dos Negócios Estrangeiros, relações de cooperação ou
associação com outros atores e entidades, públicos e privados, nacionais ou
estrangeiros, designadamente com vista a fomentar o desenvolvimento de uma
aprendizagem de qualidade ao longo da vida;

✓ Contribuir para o desenvolvimento, a nível europeu, de intercâmbios e


mecanismos de cooperação, assim como da mobilidade entre sistemas de
ensino e formação profissional de jovens e adultos;

✓ Promover, por meio dos dispositivos e estruturas correspondentes, em


particular através da conceção e atualização em permanência do Catálogo

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 23


Manual do e-formando - Módulo II
Nacional de Qualificações, a identificação, a produção e a comparabilidade
nacional e internacional das qualificações essenciais para a competitividade e
modernização da economia, mobilizando, para o efeito, a comunidade científica,
o mundo empresarial e outras instituições, estruturas e serviços de educação e
formação profissional de jovens e adultos;

✓ Promover a avaliação integrada das modalidades de qualificação que coordena;

✓ Contribuir, no quadro das suas atribuições, para o desenvolvimento e o


aprofundamento do Sistema de Regulação do Acesso a Profissões;

✓ Participar no desenvolvimento de referenciais de formação inicial e contínua de


professores, formadores e outros profissionais envolvidos na oferta de educação
e formação profissional de dupla certificação destinada a jovens e adultos,
assim como na operacionalização do sistema de reconhecimento, validação e
certificação de competências, em estreita colaboração com organizações de
formação de professores e formadores, nomeadamente instituições do ensino
superior.

Figura 2. Logo da ANQEP

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 24


Manual do e-formando - Módulo II
Sistema Nacional de Qualificações (SNQ)
Fonte: http://www.dgert.gov.pt

O Sistema Nacional de Qualificações – SNQ -, criado através do Decreto-Lei nº


396/2007, de 31 de dezembro, alterado pelo Decreto-Lei nº 14/2017, de 26 de
janeiro é o conjunto integrado de estruturas, instrumentos e modalidades de ensino e
formação profissional que, em articulação com Quadro Europeu de Qualificações
(QEQ), tem como objetivo promover a elevação da formação de base da população
através da progressão escolar e profissional.

O SNQ pretende assegurar a relevância da formação e das aprendizagens para o


desenvolvimento das pessoas, para a modernização das empresas e para a
progressão escolar e profissional dos cidadãos, através da formação de dupla
certificação ou através do processo de reconhecimento, validação e certificação de
competências.

O SNQ é coordenado politicamente pelos membros do Governo responsáveis pelas


áreas da educação (Ministério da Educação) e da formação profissional (Ministério do
Trabalho, Solidariedade e Segurança Social) e, na sua implementação, pela Agência
Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional (ANQEP, IP).

Estruturas do Sistema Nacional de Qualificações – SNQ

São estruturas do Sistema Nacional de Qualificações (SNQ):

• Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional (ANQEP, IP)


http://www.anqep.gov.pt/default.aspx

• Direção-Geral de Educação (DGE)


https://www.dge.mec.pt/

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 25


Manual do e-formando - Módulo II
• Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT)
https://www.dgert.gov.pt/atribuicoes-da-direcao-geral-do-emprego-e-das-
relacoes-de-trabalho-dgert

• Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP, IP)


https://www.iefp.pt/

• Centros Qualifica
https://www.dgert.gov.pt/centros-qualifica

• Operadores de ensino e formação profissional


https://www.dgert.gov.pt/operadores-de-educacao-e-formacao-do-sistema-
nacional-de-qualificacoes-snq

• Conselhos Setoriais para a Qualificação (CSQ)


https://www.dgert.gov.pt/conselhos-sectoriais-para-a-qualificacao-csq

São elementos essenciais do Sistema Nacional de Qualificações:

• O Quadro Nacional de Qualificações (QNQ);


• O Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ);
• Os Referenciais de Formação;
• As Unidades de Formação de Curta Duração (UFCD);
• A Comprovação das Qualificações;
• A Caderneta Individual de Competências (CIC)/Passaporte Qualifica;
• O Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC);
• A Dupla certificação.
• Sistema Nacional de Créditos do Ensino e Formação Profissionais

Segue-se a apresentação dos mesmos.

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 26


Manual do e-formando - Módulo II
Quadro Nacional de Qualificações
Fonte: http://www.catalogo.anqep.gov.pt

A criação do Quadro Nacional de Qualificações – QNQ –, realizada no âmbito do


processo de reforma da formação profissional e da criação do Sistema Nacional de
Qualificações (DL nº 396/2007), teve por base um conjunto de premissas:

❖ A necessidade de integrar e articular as qualificações obtidas no âmbito dos


diferentes subsistemas de educação e formação (educação, formação
profissional, ensino superior), num quadro único;

❖ A importância de valorizar e considerar as competências adquiridas em


contextos não formais e informais;

❖ A melhoria da legibilidade, transparência e a comparabilidade das qualificações;

❖ A valorização da dupla certificação associada sobretudo às qualificações de nível


secundário;

❖ Garantir a articulação com o Quadro Europeu das Qualificações (QEQ),


designadamente na utilização do QEQ como um instrumento de referência para
comparar os níveis de qualificações dos diferentes sistemas de qualificações na
perspetiva da aprendizagem ao longo da vida.

Desenho e Estruturação do QNQ


Para responder de forma clara e objetiva às premissas acima descritas, as opções
tomadas em relação ao desenho e à estruturação do QNQ tiveram em linha conta:

➢ A abrangência - O QNQ abrange o ensino básico, secundário e superior, a


formação profissional e os processos de reconhecimento, validação e
certificação de competências quer obtidas por via não formal quer informal;

➢ A estruturação em 8 níveis de qualificação que abarcam todas as qualificações


atualmente produzidas no nosso sistema educativo e formativo;

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 27


Manual do e-formando - Módulo II
➢ A adoção da metodologia assente em resultados de aprendizagem para
caracterizar cada nível de qualificação: a utilização de resultados de
aprendizagem na definição dos níveis de qualificação reflete uma alteração
importante na forma de conceptualizar e descrever as qualificações,
possibilitando a sua comparabilidade em função de competências e não em
função dos processos de aprendizagem. O QNQ vem assim permitir comparar
as competências adquiridas independentemente do modo como foram
adquiridas (em contextos formais, informais ou não formais). A descrição das
qualificações em função de resultados permite que os indivíduos e os
empregadores tenham uma perceção mais clara do valor relativo das
qualificações, o que contribui para o melhor funcionamento do mercado de
trabalho. Por outro lado, a mobilidade transnacional é facilitada pela
comparabilidade das qualificações que é assegurada pelo QNQ e facilitada
através da relação com o QEQ;

➢ A adoção dos domínios “conhecimentos, aptidões e atitudes” para a definição


dos resultados de aprendizagem para cada nível de qualificação;

➢ A adoção dos descritores dos resultados de aprendizagem constantes no QEQ


para descrever os níveis de qualificação.

Regulamentação do QNQ
A 23 de julho de 2009, a publicação da Portaria nº 782 em regulamentar o Quadro
Nacional de Qualificações e com a sua entrada em vigor a partir de 1 de outubro de
2010:

• É revogada a aplicação da estrutura dos níveis de formação estabelecidos com


a Decisão nº 85/368/CEE, do Conselho, de 16 de julho, publicada no Jornal
Oficial das Comunidades Europeias nº L 19, de 31 de julho de 1985.

• Os certificados e diplomas emitidos até ao início da aplicação do Quadro


Nacional de Qualificações e cujo nível de educação e formação reporte à
Decisão nº 85/368/CEE, mantêm -se válidos, correspondendo os respetivos

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 28


Manual do e-formando - Módulo II
níveis de educação e formação aos níveis de qualificação do Quadro Nacional de
Qualificações, conforme o anexo III da Portaria nº 782/2009.

• Todos os certificados relativos a modalidades que conferem uma Qualificação


deverão passar a incluir a referência ao Nível de Qualificação obtido. Nesse
sentido, informamos que relativamente aos Certificados de Qualificação e
Diplomas emitidos a partir do SIGO nos encontramos a ultimar a alteração dos
respetivos modelos para que, com a maior brevidade possível, seja possível
identificar nos mesmos o Nível de Qualificação associado à certificação obtida.
Também os diplomas e certificados relativos aos cursos profissionais serão
objeto de alteração no sentido de consagrar a identificação do Nível de
Qualificação no processo de certificação dos alunos que atualmente se
encontram a frequentar estes cursos.

Estrutura do QNQ
O QNQ abrange o ensino básico, secundário e superior, a formação profissional e os
processos de reconhecimento, validação e certificação de competências quer obtidas
por via não formal quer informal.

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 29


Manual do e-formando - Módulo II
Descritores dos níveis do Quadro Nacional de Qualificações
[acordo com a Recomendação do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Abril de 2008, relativa à
instituição do Quadro Europeu de Qualificações para a aprendizagem ao longo da vida (JO, n.º C 111, de
6 de Maio de 2008)]

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 30


Manual do e-formando - Módulo II
Articulação com o Quadro Europeu de Qualificações
O Quadro Europeu de Qualificações (QEQ), adotado em 2008 pelo Parlamento
Europeu e pelo Conselho, consiste num quadro de referência comum que permite
fazer corresponder e comparar os sistemas de qualificações de vários países. Na
realidade, funciona como um dispositivo de tradução/comparação dos níveis de
qualificação de diferentes países, que visa tornar as qualificações mais claras e
compreensíveis entre sistemas e promover a mobilidade dos aprendentes e
trabalhadores entre países.
A Recomendação do Parlamento Europeu e do Conselho para a implementação do
QEQ (23 de abril de 2008), aconselha os Estados-membros a:

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 31


Manual do e-formando - Módulo II
o Correlacionarem os seus sistemas nacionais de qualificação com o QEQ até
2010, através de uma referenciação transparente dos seus níveis de
qualificações com os níveis do QEQ e, se for caso disso, do desenvolvimento de
Quadros Nacionais de Qualificações.

o Adotarem medidas, de modo a que, até 2012, todos os novos certificados de


qualificações e, diplomas e documentos Europass, emitidos pelas entidades
competentes, contenham uma referência clara ao nível adequado do QEQ.

o Recorrerem a uma abordagem baseada nos resultados de aprendizagem para


definir e descrever qualificações e promover a validação da aprendizagem não
formal e informal.

Processo de referenciação dos níveis de qualificação do QNQ aos níveis


do QEQ
O processo de referenciação dos níveis de qualificação nacionais com os níveis do QEQ
é apoiado pelas orientações produzidas pelo Grupo Consultivo para a Implementação
do QEQ (Advisory Group), da Comissão Europeia, composto por representantes dos
Estados – Membros e dos Parceiros Sociais Europeus, que adotou um conjunto de 10
critérios e procedimentos para a referenciação, designadamente:

▪ "As responsabilidades e as competências legais de todos os organismos


nacionais envolvidos no processo de referenciação, incluindo o ponto de
coordenação nacional, são claramente definidas e publicitadas pelas
autoridades públicas competentes.

▪ Existe uma relação clara e demonstrável entre os níveis de qualificação do


quadro (ou sistema) nacional de qualificações e os descritores de nível do
quadro europeu de qualificações.

▪ O quadro (ou sistema) nacional de qualificações e as respetivas qualificações


baseiam se no princípio e no objetivo da aquisição de resultados de
aprendizagem. Encontram-se também articulados com as disposições

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 32


Manual do e-formando - Módulo II
existentes em matéria de validação da aprendizagem não formal e informal e
com os sistemas de créditos, quando existentes.

▪ Os procedimentos para a inclusão de qualificações no quadro nacional de


qualificações ou de descrição do posicionamento das qualificações no sistema
nacional de qualificações são transparentes.

▪ O(s) sistema(s) nacional(ais) de garantia da qualidade no domínio da educação


e formação está(ão) referenciado(s) ao quadro (ou sistema) nacional de
qualificações e são consentâneos com os princípios e orientações europeus (tal
como indicado no anexo 3 da recomendação).

▪ O processo de referenciação deve incluir o acordo expresso dos organismos


competentes para a garantia da qualidade.

▪ O processo de referenciação inclui a participação de peritos internacionais.

▪ O organismo ou organismos nacionais competentes certificam a referenciação


do quadro (ou sistema) nacional de qualificações com o QEQ. As autoridades
nacionais competentes, incluindo o ponto de coordenação nacional, devem
publicar um relatório que descreva o processo de referenciação e a respetiva
fundamentação, abordando separadamente cada um dos critérios.

▪ A plataforma oficial do QEQ deverá manter atualizada uma lista dos Estados
Membros que tenham confirmado a finalização do processo de referenciação,
incluindo hiperligações para os relatórios já concluídos.

▪ No seguimento do processo de referenciação, e respeitando os prazos previstos


na recomendação, todos os novos certificados de qualificação, diplomas e
documentos Europass emitidos pelas autoridades competentes devem referir
claramente, com base nos seus sistemas nacionais de qualificações, qual o nível
do Quadro Europeu de Qualificações a que corresponde a qualificação obtida.”

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 33


Manual do e-formando - Módulo II
ANQ como Ponto de Coordenação Nacional
No âmbito da adoção da Recomendação referida anteriormente, por parte do Estado
Português, a Agência Nacional para a Qualificação, I.P. foi designada Ponto de
Coordenação Nacional para a Implementação do QEQ, incumbindo-lhe:

✓ Referenciar os níveis de qualificações do sistema nacional de qualificações com


os níveis do Quadro Europeu de Qualificações;

✓ Garantir a transparência da metodologia utilizada para referenciar os níveis de


qualificações nacionais com o Quadro Europeu de Qualificações;

✓ Facultar o acesso à informação e orientações às partes interessadas sobre a


forma como as qualificações nacionais se referenciam ao Quadro Europeu de
Qualificações;

✓ Incentivar a participação de todas as entidades interessadas relevantes


(estabelecimentos de ensino superior, de educação e formação profissionais,
parceiros sociais, setores e peritos).

Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ)


Fonte: http://www.catalogo.anqep.gov.pt

O Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ) é um instrumento de gestão estratégica


de qualificações de nível não superior, de regulação da oferta formativa de dupla
certificação cujo financiamento público será sujeito à conformidade face aos
referenciais nele contidos e que integra referenciais de qualificação únicos para a
formação de dupla certificação (formação de adultos e formação contínua, numa
primeira fase) e para processos de reconhecimento, validação e certificação de
competências (RVCC).

Quais os objetivos do CNQ?

• Promover a produção de qualificações e de competências críticas para a


competitividade e modernização da economia e para o desenvolvimento pessoal e
social do indivíduo.
Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 34
Manual do e-formando - Módulo II
• Contribuir para o desenvolvimento de um quadro de qualificações legível e flexível
que favoreça a comparabilidade das qualificações a nível nacional e internacional.
• Promover a flexibilidade na obtenção da qualificação e na construção do percurso
individual de aprendizagem ao longo da vida (ALV).
• Facilitar o reconhecimento das qualificações independentemente das vias de acesso.
• Contribuir para a promoção da qualidade do Sistema Nacional de Qualificações.
• Melhorar a eficácia do financiamento público à formação.
• Contribuir para a informação e orientação em matéria de qualificações.

Como se organiza atualmente?

O CNQ integra 274 qualificações para 39 áreas de educação e formação:

• 114 conferem o nível 2 de qualificação do QNQ (inclui 9º ano)


• 125 conferem o nível 4 de qualificação do QNQ (inclui 12º ano)
• 35 conferem o nível 5 de qualificação do QNQ (inclui 12º ano)

O CNQ apresenta para cada qualificação o Perfil Profissional, o Referencial de


Formação e o Referencial de RVCC associados.

Os Perfis Profissionais integram o conjunto de atividades associadas às qualificações


bem como os saberes, saberes-fazer e saberes-ser necessários para exercer as
atividades.

Os Referenciais de Formação são constituídos por uma componente de formação de


base e uma componente de formação tecnológica, organizadas por unidades de
formação de curta duração (UFCD) capitalizáveis e certificáveis de forma autónoma,
dentro da mesma área de educação e formação.

Os Referenciais de RVCC consistem no conjunto de instrumentos de avaliação para


utilização nos processos de reconhecimento, validação e certificação de competências
profissionais.

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 35


Manual do e-formando - Módulo II
Vantagens/Potencialidades do CNQ

Na perspetiva dos Cidadãos, pretende:

• Facilitar a identificação de necessidades de formação e a adequação das


respostas a essas necessidades.
• Melhorar a acessibilidade à qualificação já que dispõe de mecanismos que
permitem ver reconhecidas e capitalizadas as competências adquiridas em
contextos não formais e informais.
• Introduzir flexibilidade nos percursos de qualificação (no tempo, nas formas de
acesso e nos conteúdos da aprendizagem).
• Gerar mais motivação para aprendizagens futuras.

Na perspetiva das Empresas e das Organizações, pretende:

• Facilitar a identificação e a antecipação de necessidades de qualificações e de


competências num contexto de acelerada mudança e de novas exigências à
adaptabilidade dos trabalhadores e das empresas.
• Facilitar a legibilidade sobre as qualificações e as ofertas de educação e
formação disponíveis.
• Promover e orientar as opções de gestão de recursos humanos no sentido da
procura, da produção e da valorização dessas qualificações (no recrutamento, na
afetação funcional, no planeamento de carreiras,...).
• Estimular os investimentos em formação e em processos de RVCC.

Na perspetiva da Oferta de Educação e Formação, pretende:

• Melhorar a relevância e a atratividade das ofertas de formação.


• Facilitar as respostas à medida das necessidades de indivíduos, empresas ou
públicos-alvo.
• Suportar o desenvolvimento de padrões de qualidade das ofertas de formação
e de RVCC.

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 36


Manual do e-formando - Módulo II
• Tornar mais coerentes e transparentes as qualificações produzidas apesar do
aumento da individualização e da descentralização da oferta (setores, regiões,
empresas, ...).
• Facilitar a comparabilidade das qualificações e a (futura) atribuição e
transferência de créditos entre subsistemas de educação e formação e na relação
com o mercado de trabalho, a nível nacional e a nível internacional.

Na perspetiva dos Parceiros Sociais, pretende:

• Promover um maior envolvimento na identificação e antecipação de


necessidades de qualificações e competências.
• Promover o reconhecimento do valor das qualificações disponíveis.
• Facilitar as respostas específicas a setores e áreas profissionais,
nomeadamente, através de planos de formação contínua.
• Estimular a revisão da contratação coletiva.

Na perspetiva do Estado, pretende:

• Promover a evolução das qualificações através do desenvolvimento dos


sistemas de planeamento estratégico de educação e de formação e da existência
de referenciais de qualificações relevantes e voltados para o futuro.
• Suportar um quadro nacional de qualificações mais coerente, legível,
transparente e comparável a nível nacional e internacional (entre subsistemas de
educação e formação e entre estes e o mercado de trabalho) estimulando a
mobilidade profissional e geográfica.
• Regular e racionalizar o quadro das ofertas de educação e de formação, a nível
nacional.
• Elevar os padrões de qualidade das ofertas de educação e de formação
nomeadamente no que respeita à relevância dos seus conteúdos face às
necessidades e aos referenciais de qualificação desenhados (cada vez mais
focalizados nos resultados, i.e., competências exigidas e critérios e condições de
avaliação dessas competências).
• Aumentar os níveis de eficiência e eficácia na aplicação dos fundos públicos
(nacionais e comunitários) à educação e formação.

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 37


Manual do e-formando - Módulo II
• Motivar a procura para a Aprendizagem ao Longo da Vida através da maior
atratividade da oferta, da flexibilidade na obtenção da qualificação e do
reconhecimento das competências adquiridas independentemente das vias de
aquisição.

Evolução do CNQ...

Referenciais de qualificação baseados em competências…

• Focalizados nos resultados (learning outcomes);


• Estruturados em unidades/módulos (unitização da qualificação) certificáveis
autonomamente e capitalizáveis para uma ou mais do que uma qualificação;
• Relevantes para a Aprendizagem ao Longo da Vida, para a adptabilidade dos
indivíduos e das empresas e capazes de fazer evoluir as qualificações,
respondendo e antecipando as necessidades de modernização da economia;
• Facilitadores da articulação com o Quadro Europeu das Qualificações (QEQ) e o
Sistema Europeu de Créditos para a Educação e Formação (ECVET).

Referenciais de Formação

Os Referenciais de formação correspondem ao conjunto da informação que orienta a


organização e desenvolvimento da formação, em função do perfil profissional ou do
referencial de competências associado, referenciada no Catálogo Nacional de
Qualificações — CNQ.

Os referenciais de formação identificam a designação do referencial, o nível de


qualificação, a área de educação/formação, o itinerário de formação e as modalidades
de formação em que podem ser desenvolvidos. Também integram o perfil de saída, a
organização do referencial de formação, as metodologias de formação, o
desenvolvimento da formação de base e da formação tecnológica e uma sugestão de
recursos didáticos.

Para consultar os referenciais de formação clique:


http://www.catalogo.anqep.gov.pt/qualificacoes
Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 38
Manual do e-formando - Módulo II
Unidades de Formação de Curta Duração

As Unidades de Formação de Curta Duração — UFCD, são unidades de aprendizagem,


passíveis de certificação autónoma e de integração em um ou mais percursos
formativos referidos no Catálogo Nacional de Qualificações — CNQ, permitindo a
aquisição de competências certificadas.

As UFCD podem ser específicas a um determinado referencial de formação, existindo


apenas naquele, ou comuns a dois ou mais referenciais de formação. O Catálogo
contempla atualmente mais de 6000 UFCD, das quais cerca de 1/3 são comuns a dois
ou mais referenciais de formação.

A flexibilidade na construção dos referenciais de formação do Catálogo assenta na


possibilidade de existir um conjunto de UFCD que pode ser variável em função de
várias especificidades (locais, regionais, tipo de público-alvo, etc), de modo a
promover um melhor ajuste dos referenciais a estas necessidades. Neste sentido, as
UFCD que compõem um determinado referencial de formação podem ser fixas/pré-
definidas na sua totalidade ou poderá existir um conjunto de UFCD a selecionar de
uma bolsa, em função de um número de horas de formação definido no referencial
para esta “componente variável/flexível”.

Comprovação das Qualificações

A comprovação de obtenção de uma qualificação prevista no Catálogo Nacional de


Qualificações é feita através de um diploma de qualificação.

O diploma de qualificação, deve indicar o nível de qualificação correspondente, de


acordo com o QNQ e, quando aplicável, a atividade profissional para a qual foi obtida
qualificação, de acordo com o CNQ.

A conclusão de uma ou mais Unidades de Formação de Curta Duração — UFCD dos


referenciais de formação do CNQ, que não permita de imediato a obtenção de
qualificação ou a conclusão de um processo de reconhecimento, validação e

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 39


Manual do e-formando - Módulo II
certificação de competências, é comprovada por um certificado de qualificações.
A conclusão com aproveitamento de uma ação de formação certificada não inserida no
CNQ é comprovada por certificado de formação profissional.

Os diplomas e certificados são emitidos pelas entidades formadoras que integram a


rede do Sistema Nacional de Qualificações — SNQ.

Caderneta Individual de Competências/Passaporte Qualifica

A Caderneta Individual de Competências - CIC - regista as competências adquiridas


ou desenvolvidas pelo indivíduo ao longo da vida, referidas no Catálogo Nacional de
Qualificações, bem como ações de formação concluídas com aproveitamento que não
correspondam às que deram origem às competências registadas. A CIC é um
documento oficial, pessoal, intransmissível e facultativo, permitindo aos indivíduos
apresentar e comunicar de forma mais eficaz as formações e competências que foram
adquirindo ao longo da vida, bem como permite aos empregadores apreender de
modo mais fácil a adequação das competências dos candidatos aos postos de trabalho.

No dia 06/3/2017, aquando do lançamento do Programa Qualifica, foi disponibilizado o


Passaporte Qualifica que substituiu a CIC. Nenhuma das funcionalidades da anterior
da CIC se perde. Toda a informação registada na CIC integra agora o Registo
Individual de Competências.

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 40


Manual do e-formando - Módulo II
O Passaporte Qualifica é um instrumento tecnológico de registo das qualificações e
competências adquiridas ou desenvolvidas ao longo da vida do adulto e de orientação
para percursos de educação e formação.

A partir da capitalização dos resultados de aprendizagem já alcançados e das


competências adquiridas pelo adulto, o Passaporte Qualifica simula e apresenta
diversos percursos de educação e formação possíveis para a obtenção de novas
qualificações e/ou progressão escolar e profissional.

Sendo uma prioridade do Sistema Nacional de Qualificações o aumento do nível de


qualificação dos adultos, o Passaporte Qualifica prioriza propostas de conclusão e/ou
aumento da qualificação dos adultos, bem como para a qualificação de dupla
certificação.

Os percursos de qualificação são sugeridos em função da maior capitalização possível


de unidades de formação já certificadas e de créditos já obtidos pelo adulto em
formações anteriores.

O Passaporte Qualifica está estruturado em 5 etapas:

1. Registo
2. Diagnóstico
3. Percursos Possíveis
4. Selecionar Percurso
5. Pesquisa da Oferta Educativa e Formativa

1. Registo
A primeira etapa do Passaporte consiste na disponibilização dos dados referentes à
sua identificação pessoal e às qualificações concluídas ou a decorrer no âmbito do
Catálogo Nacional de Qualificações e ainda outras formações profissionais não
inseridas no Catálogo, registadas por entidades formadoras ou entidades
empregadoras.

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 41


Manual do e-formando - Módulo II
2. Diagnóstico
A segunda etapa da construção do Passaporte Qualifica é denominada “Diagnóstico”.
Esta etapa pretende reunir informações, tendo por base a exploração de uma
dimensão pessoal que permite identificar as suas motivações, expetativas e interesses,
entre outros aspetos, para a procura de uma determinada qualificação.
Este instrumento sustenta-se na história de vida do adulto, no que concerne o seu
percurso escolar, formativo, profissional e social. Constitui-se assim como o ponto de
partida para a construção de um portefólio de desenvolvimento vocacional, sendo por
isso uma atividade dinâmica e reflexiva.

3. Percursos Possíveis
Com base nos passos anteriores, são identificadas, nesta terceira etapa, percursos
possíveis para a conclusão e/ou obtenção de uma qualificação.
Os percursos sugeridos, de acordo com as modalidades de ensino e formação, são
organizados em função das qualificações que poderá obter e da progressão escolar a
alcançar.

4. Seleção de Percurso
Em função do percurso selecionado por si, terá acesso à identificação das Unidades de
Competências (UC) e ou Unidades de Formação de Curta Duração (UFCD) que já
certificou e dos pontos de crédito que poderá capitalizar bem como das UC/UFCD e
pontos de crédito que lhe faltam obter para a conclusão dessa qualificação.

5. Pesquisa da Oferta Educativa e Formativa


Nesta área terá acesso a informação mais detalhada sobre cada um dos percursos
possíveis, nomeadamente as entidades de educação e formação onde poderá
encontrar essa oferta de formação, assim como os locais e datas de realização das
ações, tendo como referência o seu local de residência e a data da pesquisa.
Se não tiver registada informação na terceira etapa - “Percursos Possíveis” - o
simulador apresentado obriga a que defina um percurso, uma saída profissional e
modalidade à sua escolha, de modo a apresentar informações sobre as entidades de
educação e formação e respetivas ofertas da área, no período escolhido por si.

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 42


Manual do e-formando - Módulo II
O Passaporte Qualifica destina-se a:

– Adultos com idade igual ou superior a 18 anos que procurem aumentar as suas
qualificações, tendo em vista, nomeadamente, uma certificação escolar e/ou
profissional com vista à obtenção de uma qualificação do Catálogo Nacional de
Qualificações (CNQ).

– Jovens, entre os 15 e os 29 anos, que não estejam empregados, nem a estudar ou


a frequentar formação (Jovens NEET - Not in Education, Employment or Training).

O Passaporte Qualifica pode ser acedido:


– A partir do Portal Qualifica: www.qualifica.gov.pt.
– Diretamente no sítio criado para o efeito: www.passaportequalifica.gov.pt.

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências


(RVCC)

O RVCC é o processo pelo qual um indivíduo com, pelo menos, 18 anos de idade,
obtém o reconhecimento, a validação e a certificação de competências adquiridas e
desenvolvidas ao longo da vida.

Consultar:
Orientação ao Longo da Vida nos Centros Qualifica - Guia Metodológico

A Dupla Certificação

A dupla certificação corresponde ao reconhecimento de competências para exercer


uma ou mais atividades profissionais e de uma habilitação escolar, através de um
diploma de qualificação.

Desta forma é possível frequentar cursos de Formação inicial de dupla certificação,


ações de "Formação contínua de dupla certificação", correspondentes a referenciais de
formação ou Unidades de Formação de Curta Duração — UFCD integrados no Catálogo

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Nacional de Qualificações – CNQ, desenvolvidas por entidades formadoras certificadas
para o efeito ou por estabelecimentos de ensino reconhecidos., que conferem
simultaneamente uma qualificação escolar e profissional.

A dupla certificação é aplicável às atividades profissionais integradas no CNQ quer,


nos percursos de formação quer, nos processos de RVCC.

Sistema Nacional de Créditos do Ensino e Formação


Profissionais

O Sistema Nacional de Créditos do Ensino e Formação Profissionais permite a


atribuição de pontos de crédito às qualificações integradas no Catálogo Nacional de
Qualificações (CNQ) e ainda a outras formações certificadas, desde que as mesmas se
encontram registadas no Sistema de Informação e Gestão da Oferta Educativa e
Formativa (SIGO) e cumpram os critérios de garantia da qualidade em vigor.

Este sistema incorpora os princípios do Sistema Europeu de Créditos para o Ensino e


Formação Profissionais (ECVET), favorecendo a mobilidade no espaço europeu.

Este sistema concretiza-se através da:

a) A atribuição de pontos de crédito às aprendizagens formalmente certificadas no


âmbito do Sistema Nacional de Qualificações, nomeadamente às unidades que
integram as qualificações do Catálogo Nacional de Qualificações;

b) A acumulação de pontos de crédito relativos a essas mesmas aprendizagens;

c) A transferência de pontos de crédito obtidos em percursos formativos.

Atribuição de pontos de crédito

Os pontos de crédito de uma qualificação e de cada uma das unidades que a integram
são obtidos quando alcançados os resultados de aprendizagem ou demonstradas as

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 44


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competências inerentes aos mesmos. Os pontos de crédito correspondem, assim, a
uma expressão numérica do peso global desses resultados de aprendizagem.
Com respeito às qualificações integradas no CNQ, considera-se que um ano de
educação e formação profissional formal, a tempo inteiro, equivale a 60 pontos de
crédito

Acumulação de pontos de crédito

É o processo através do qual o aprendente reúne pontos de crédito obtidos com a


certificação de aprendizagens num percurso de qualificação.

A certificação de uma qualificação pressupõe a acumulação do número total de pontos


de crédito atribuídos a essa qualificação e às unidades que a compõem,
independentemente do percurso de qualificação realizado.

Transferência de pontos de crédito

Os pontos de crédito acumulados podem ser transferidos total ou parcialmente para


outras qualificações:

a) Dentro da mesma qualificação (permitindo a conclusão de percursos


incompletos que tenham visto o seu referencial alterado ou extinto);

b) Entre qualificações do mesmo nível, numa ou em mais áreas de educação e


formação (favorecendo a reconversão profissional);

d) Entre níveis diferentes de qualificação (potenciando a progressão escolar e


profissional).

A transferência de pontos de créditos aplica-se às unidades de formação da


componente tecnológica dos referenciais de formação inseridos no CNQ.

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 45


Manual do e-formando - Módulo II
Referências Bibliográficas

Bibliografia

Alcoforado, J. (2008). Competências, Cidadania e Profissionalidade. Limites e desafios


para a construção de um modelo português de educação e formação de adultos.
Dissertação de Doutoramento não publicada apresentada à Faculdade de Psicologia e
de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.

ANQEP (2014). O Sistema Nacional de Qualificações e respetivos instrumentos.

Barros, R. (2013). Educação de Adultos: Conceitos, Processos e Marcos Históricos - da


Globalização ao Contexto Português. Lisboa: Instituto Piaget.

Belchior, F. (1990). Educação de Adultos e Educação Permanente. A realidade


portuguesa. Lisboa: Livros Horizonte.

Bogard, G. (2002). Para uma Educação Socializadora dos Adultos. Estrasburgo:


Conselho da Europa.

Cavaco. C. (2002). Aprender fora da escola. Lisboa: Educa.

Canário, R. (1999). Educação de adultos – Um Campo e uma Problemática. Lisboa:


Educa.

Canário, R. & Cabrito, B. (orgs.). (2008). Educação e Formação de Adultos: Mutações


e Convergências. Lisboa: Educa.

Estevão, Madalena (2005). Balanço de competências. Coleção Saber Fazer, 8, EQUAL,


Lisboa.

Finger, M., & Asún, J. (2003). A educação de adultos numa encruzilhada. Aprender a
nossa saída. Porto: Porto editora.

Especialização Avançada em Educação e Formação de Adultos 46


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Fontes, Margarida (2002). “Papel dos recursos humanos altamente qualificados na
promoção da inovação tecnológica”, INOFOR, Projeto de Inovação Tecnológica e
Emprego.

Imaginário, L. (2001). Balanço de competências – discurso e práticas. Direção Geral


do Emprego e Formação Profissional. Lisboa.

Imaginário, L. (2003). O perfil de competências dos profissionais de RVCC. Direção


Geral do Emprego e Formação Profissional. Lisboa.

Pires, A. (2000). Educação e formação ao longo da vida: Análise Crítica dos sistemas
e diapositivos de reconhecimento e validação de aprendizagens e de competências.
Lisboa.

WEBSITES
• HTTP://WWW.ANQEP.GOV.PT/DEFAULT.ASPX
• HTTP://CQEP.ANQEP.GOV.PT/
• WWW.IEFP.PT
• WWW.ARTIGOSENOTICIAS.COM/ARTIGOS/EDUCACAO/10/EVOLUCAO_DA_HISTORIA_DA_EDUCAC
AO_DE_ADULTOS_EM_PORTUGAL.HTML

• HTTP://WWW.EXERCITO.PT/PEFEX/NOT/ININO.PDF
• HTTPS://WWW.QUALIFICA.GOV.PT/#/

LEGISLAÇÃO
Decreto-lei nº 396/2007, de 31 de dezembro
Decreto-Lei, nº 14/2017, de 26 de janeiro
Portaria n.º 232/2016, de 29 de agosto
Portaria 475/2010, de 8 de julho – Caderneta Individual de Competências
Diário da República, 1ª Série – Nº 141 de 23 de julho de 2009

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