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Introdução
Outono de 1886
Prólogo em verso
1
CONVITE
Liso gelo
Paraíso
Para quem sabe dançar bem.
14
O CORAJOSO
Não inches:
A menor picadela te esvaziaria.
22
HOMEM E MULHER
“Rapta a mulher por quem bate o teu coração”.
Eis o que pensa um homem; a mulher não prende, rouba.
23
INTERPRETAÇÃO
33
O SOLITÁRIO
“Oxalá se percam
No campo todas as chaves, e em todas as fechaduras
Possa rodar uma gazua”.
Assim pensa a todo o instante
Aquele que é por si mesmo... uma gazua”
52
ESCREVER COM O PÉ
O¨PINTOR REALISTA
“A Natureza”; fiel e completa!”
Como pode ele chegar a isso?'
Quando é que alguma vez se conseguiu liquidar a natureza numa
imagem?
A minha ínfima parcela do mundo é uma coisa infinita!
Dele só pinta aquilo que lhe agrada.
E o que é que lhe agrada? Aquilo que sabe pintar!
56
VAIDADE DE POETA
Livro Primeiro
Livro Segundo
Livro Terceiro
Livro Quarto
São Janeiro*
_______________
* Até que ponto o título do “livro” não se refere ao São Janeiro que se
Livro Quinto
(Turenne)
___________
* “... permite-te sentir que és um homem entre os homens”, Fausto,
Apêndice
A GOETHE
O imperecível
É apenas um símbolo da tua produção!
Deus, é insidioso,
É obrepção de poeta...
A roda do universo
VOCAÇÃO DE POETA
Recentemente, ao repousar
Sob essa folhagem
Ouvi bater, tiquetaque,
Suavemente, como em compasso.
Aborrecido, fiz uma careta,
Depois, abandonando-me,
Acabei, como um poeta,
Por imitar o mesmo tiquetaque.
NO SUL
Eis-me assim neste ramo torso,
A balançar o meu cansaço.
Um pássaro me convidou,
Um ninho de pássaro me abriga.
Onde estou então? Tão longe, tão longe...
A PIEDOSA BEPPA
Enquanto o meu corpo for belo
É pecado ser piedosa,
É sabido que Deus gosta das mulheres,
E das bonitas sobretudo.
Ele perdoará, tenho a certeza,
Facilmente ao pobre fradezinho
Quer tanto procura a minha companhia
Como muitos outros fradezinhos.
O BARCO MISTERIOSO
Na noite passada, quando tudo dormia,
E já só se ouviam passar
Os suspiros incertos do vento,
O travesseiro não me deu repouso
Nem a dormideira, nem o que dá também
O sono solto: a boa consciência.
UM LOUCO DESESPERADO
Ai de mim! O que escrevi na mesa e na parede,
Com o meu coração de louco, com a minha mão
de louco,
Devia decorar para mim mesa e parede?...
RIMUS REMEDIUM
(ou: como se consolam os poetas)
Ó feiticeira do Tempo de líquidas salivas
As horas escoam-se da tua boca,
E sucedem-se lentamente E em vão o meu nojo uiva:
“Maldito, maldito, seja o abismo Da eternidade!”
O mundo... é de bronze:
Um touro furioso é surdo a todos os gritos.
Não, volta.
Faz frio lá fora, ouço a chuva...
Devia ser talvez mais terno contigo?
—Olha, toma! Aqui tens ouro: como a moeda brilha!
Chamar-te a ti, felicidade
Ó MINHA FELICIDADE
Revejo os pombos de São Marcos:
A praça está silenciosa; ali se repousa a manhã.
Indolentemente envio os meus cantos para o seio da suave
frescura,
Como enxames de pombos para o azul
Depois torno a chamá-los
Para prender mais uma rima às suas penas.
— Ó minha felicidade! Ó minha felicidade!
“SILS MARIA”
Era aqui que eu esperava, que eu esperava, não
esperando nada
Para além do bem e do mal, gozando ora com a luz.
Ora com a sombra, abstraindo de mim, todo o jogo.
puro jogo.
Todo lago, todo meio-dia, tempo sem fim.
Quando, de repente, amiga, um foi dois...
E Zaratustra passou perto de mim...
AO MISTRAL
(Canção para dançar)
Ó mistral, caçador de nuvens,
Matador de melancolia, varredor do céu,
Ó mugidor, como gosto de ti!
Não somos um e outro
Primo-nados de um mesmo seio
A mesma sorte eternos predestinados?
Dançar, e tropeça,
_____________
*A palavra alemã “vogelfrei” pode também significar “livre como um
Table of Contents
Rosto
Introdução
Brincadeira, manhã e vingança
Livro Primeiro
Livro Segundo
Livro Terceiro
Livro Quarto
Livro Quinto
Apêndice