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Metodologia de dimensionamento para instalações

fotovoltaicas em autoconsumo

Edson da Silva João

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Orientador: Prof. Carlos Augusto Santos Silva

Júri
Presidente: Prof. Mário Manuel Gonçalves da Costa
Orientador: Prof. Carlos Augusto Santos Silva
Vogal: Dra. Diana Pereira Neves

Abril 2016
i
Agradecimentos

Queria começar por agradecer ao Dr. Miguel Simões, Dra. Ana Paula, e aos colaboradores/amigos do
Grupo Entreposto em geral, pelo acolhimento e por ter possibilitado a realização do estágio, que cujo fruto
originou o tema da minha dissertação.

Agradeço a Galp Energia pela oportunidade, e pelo fomento e aposta que tem mantido com a nossa
instituição de ensino no âmbito da eficiência energética.

Quero também agradecer ao meu orientador Professor Carlos Santos Silva pelo apoio, confiança e
orientação prestado não só durante o estágio, como também no decorrer desta dissertação.

Agradeço também ao professor Moreira pela confiança, e oportunidade na realização do estágio.

Quero também agradecer ao Instituto Superior Técnico pela oportunidade, e todo apoio prestado
durante a minha formação.

Agradeço a minha namorada, Iris Silva por todo suporte, paciência e espero que assim seja por toda a
vida.

Quero agradecer a todos os meus familiares que me apoiaram, em especial ao meu Avô Vitoriano Silva
que já não está entre nós, ao meu Tio Hernâni, e a Tia Lúcia.

Um sinceiro obrigado, manifesto de gratidão e respeito, que dedico a todos que contribuíram
diretamente ou indiretamente para a realização deste trabalho, e a todos que contribuíram para que
continuasse estudando.

ii
iii
"If you are not willing to learn, no one can help you. If you are determined to learn, no one can stop
you"

Zig Ziglar

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Resumo

Com a publicação do decreto-lei nº 153/2014, de 25 de Outubro, foi aprovado um novo regime de


produção de Energia elétrica, designado por Unidade de Produção para Autoconsumo (UPAC).

Este regime é o único que permite produzir energia elétrica para ser consumida na própria instalação,
e a eletricidade em falta ou em excesso, pode ser respetivamente comprada ou vendida à Rede Elétrica de
Serviço Publico (RESP).

Como as UPAC dispõem de um enquadramento totalmente novo, verificou-se que as ferramentas


comerciais destinados a simulação de sistemas fotovoltaicos, não podiam ser diretamente utilizados para a
conceção deste tipo de centrais, já que apesar de poderem simular sistemas fotovoltaicos a operar em regime
de autoconsumo com trocas bidirecionais entre o sistema e a rede, mas não permitem simular a
complexidade tarifária, e fazer por isso uma correta avaliação económico-financeira.

Por isso em alternativa ao uso de softwares comerciais, foi desenvolvida uma folha de cálculo, que
permita auxiliar no planeamento de centrais fotovoltaicas em autoconsumo UPAC em Portugal.

A folha de cálculo foi testada para o caso de estudo na empresa Entreposto Auto, empresa de comércio
e prestação de serviço no ramo automóvel. Em particular, comparou-se a instalação de cinco (5) sistemas
fotovoltaico, com potências de 30, 45, 55, 65 e 75 kWp, fazendo uma avaliação da viabilidade técnica e
financeira.

Ficou assim demonstrada o seu potencial para o apoio à decisão no dimensionamento de centrais de
autoconsumo.

Palavra-Chave: Autoconsumo, ferramenta de apoio à decisão, sistemas fotovoltaicos

vi
vii
Abstract

With the publication of the decree-law nº 153/2014 of October 25, it was approved a new electricity
regime, referred as Production Unit for self-consumption (PUSC).

This regime is the only one that can produce electricity to be consumed at the facility, and the electricity
missing or in excess, can be bought or sold respectively to the grid.

Because the PUSC have a totally new framework, it was found that commercial software dedicated for
simulation of photovoltaic systems, could not be directly used for the design of such plants, since it has
been developed to simulate photovoltaic systems operating in self-consumption with two-way exchanges
between the system and the grid, but does not allow to simulation the tariff complexity, and so do a correct
economic-financial evaluation.

Therefore, in alternative to the use of commercial software, a spreadsheet was developed to allow aid
in the planning of photovoltaic plants in self-consumption (PUSC) in Portugal.

The spreadsheet was tested for the case study in Entreposto Auto Company, a dealer and service
company in the automotive industry. In particular, it was compared five (5) photovoltaic systems with
power rating of 30, 45, 55, 65 and 75 kWp, making the evaluation of technical and financial viability.

It was demonstrated the potential for decision support in the design of photovoltaic plants in self-
consumption.

Keywords: Self-consumption, decision support, photovoltaic systems

viii
Índice

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1

1.1 ENQUADRAMENTO ............................................................................................................................ 1

1.2 OBJETIVO GERAIS DO TRABALHO ........................................................................................................... 2

2 MERCADO ENERGÉTICO ................................................................................................................... 4

2.1 MERCADO ENERGÉTICO MUNDIAL......................................................................................................... 4

2.2 ENERGIAS RENOVÁVEIS ....................................................................................................................... 6

2.3 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO MUNDO............................................................................................ 8

2.4 MERCADO ENERGÉTICO EM PORTUGAL................................................................................................. 10

2.5 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA EM PORTUGAL....................................................................................... 13

3 REVISÃO DE CONCEITOS ................................................................................................................ 16

3.1 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA.......................................................................................................... 16

3.2 IRRADIAÇÃO DIRETA E DIFUSA ............................................................................................................. 16

3.3 A CONVERSÃO FOTOVOLTAICA ............................................................................................................ 18

3.4 PRINCIPAIS TECNOLOGIAS NOS MÓDULOS FOTOVOLTAICOS ...................................................................... 24

3.5 CUSTOS ......................................................................................................................................... 27

3.6 SISTEMAS LIGADOS À REDE ................................................................................................................ 29

3.7 TIPOS DE PERDAS NOS GERADORES FOTOVOLTAICOS ................................................................................ 31

3.8 AVALIAÇÃO ECONÓMICA ................................................................................................................... 33

4 SOFTWARES PARA O DIMENSIONAMENTO E SIMULAÇÃO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ........... 37

ix
4.1 ARCHELIOS PRO .............................................................................................................................. 37

4.2 POLYSUN ....................................................................................................................................... 38

4.3 PVSYST ......................................................................................................................................... 38

4.4 PVSOL .......................................................................................................................................... 39

4.5 HOMER ......................................................................................................................................... 39

4.6 DISCUSSÃO SOBRE A ADEQUABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DESTAS FERRAMENTAS ............................................... 39

5 PLANEAMENTO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO ............................................................................... 41

5.1 VISITA E LEVANTAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DO LOCAL ........................................................................ 41

5.2 COMPONENTES DO SISTEMA............................................................................................................... 42

5.3 LIGAÇÃO A REDE ELÉTRICA DE SERVIÇO PÚBLICO – RESP.......................................................................... 52

6 CASO DE ESTUDO ........................................................................................................................... 53

6.1 DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO LIGADO À REDE ELÉTRICA.............................................. 54

6.2 CÁLCULO ENERGÉTICO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO ................................................................................. 60

6.3 CUSTO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO ..................................................................................................... 67

6.4 VIABILIDADE ECONÓMICA DO PROJETO ................................................................................................. 68

6.5 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE................................................................................................................. 70

6.6 COMPARAÇÃO ENTRE AS POTÊNCIAS ESTUDADAS PARA O SISTEMA FOTOVOLTAICO.......................................... 72

6.7 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDO COM OS RESULTADOS OBTIDOS NO SOFTWARE HOMER. ...................... 73

7 CONCLUSÕES ................................................................................................................................. 77

7.1 PRINCIPAIS RESULTADOS ................................................................................................................... 77

7.2 RECOMENDAÇÕES FUTURAS ............................................................................................................... 78

x
8 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................... 79

Anexo A – Rendimento das Tecnologias de conversão Solar Fotovoltaica

Anexo B - Preços indicativos de sistemas fotovoltaicos instalados em países pertencentes à IEA-PVPS


em 2013

Anexo C – Resultado de teste de rendimento realizado pelo laboratório PHOTON em 2014

Anexo D – Ciclo semanal para todos os fornecimentos em Portugal continental

Anexo E – Catálogo dos módulos Q. Plus- G3, 280 Wp do fabricante Hanwha Q. Cells

Anexo F – PVGIS – Dados sobre a irradiação solar média de 15 à 15 minutos, para o mês de Agosto.

Anexo G – Dimensionamento das fileiras através do software Sunny Design do fabricante de


Inversores SMA

Anexo H – Catálogo de Inversores SMA

Anexo I – Tabela de preços em Julho 2015-Empresa EMAT Solar

Anexo J – Registo de Atividade Financeira (cash-flow) do sistema fotovoltaico de 65 kWp

xi
Lista de Figuras

Figura 1 - Evolução do mercado global de energia primária entre 1971 a 2013 (Mtep ) [2] .................... 4

Figura 2 - Evolução do nível de emissões de CO2 por tipo de combustível [2] ........................................ 5

Figura 3 - Evolução do nível de emissões de CO2 por regiões [2] ........................................................... 6

Figura 4 - Crescimento das energias renováveis na produção mundial fim 2009 até 2014 [3] ................ 7

Figura 5 - Evolução da potência instalada (GWpcc) [4] ........................................................................... 8

Figura 6 - Potência fotovoltaica instalada em 2014 (MWpcc) [4] ........................................................... 9

Figura 7 - Evolução da potência fotovoltaica instalada por regiões (MWpcc) [4].................................... 9

Figura 8 - Evolução do consumo total de energia primária (tep) [5] ..................................................... 10

Figura 9 - Evolução da dependência energética de Portugal (%) [5] ..................................................... 11

Figura 10 - Evolução das emissões de GEE em Portugal (Mt CO2) [5] .................................................... 11

Figura 11 - Evolução do mix de capacidade instalada para produção de eletricidade em Portugal (MW)
[5]................................................................................................................................................ 13

Figura 12 - Mix de capacidade instalada para produção de eletricidade em 2013 [5] ........................... 13

Figura 13 - Novas potências fotovoltaico instaladas anualmente em MW [6] ...................................... 13

Figura 14 - Irradiação global anual em Portugal [9] .............................................................................. 16

Figura 15 - Luz solar no seu percurso através da atmosfera [8] ............................................................ 17

Figura 16 - Padrão típico da irradiação direta e difusa total diária em Lisboa [8] ................................. 17

Figura 17 - Representação dos ângulos segundo as técnicas solares [8] ............................................... 18

Figura 18 - Corte transversal de uma célula fotovoltaica [9] ................................................................ 19

Figura 19 - Circuito elétrico equivalente de uma célula fotovoltaica alimentando uma carga Z [12] .... 20

Figura 20 - Curva I-V de duas células com fator de forma diferentes [12]............................................. 22

Figura 21 - Variação da curva I-V com a temperatura; resultados experimentais [9] ............................ 23
xii
Figura 22 - Variação da curva I-V com a radiação incidente; resultados experimentais [9]................... 24

Figura 23 - Módulo fotovoltaico [12].................................................................................................... 27

Figura 24 - Evolução dos preços dos módulos e dos sistemas fv pequenos (sistemas para aplicação
residencial) [13] ........................................................................................................................... 28

Figura 25 - Esquema de um gerador fotovoltaico ligado à rede [12] .................................................... 29

Figura 26 - Irradiação global mensal média sobre plano fixo horizontal e inclinado em Lisboa [12] ..... 32

Figura 27 - Análise da distância entre fileiras [18] ................................................................................ 44

Figura 28 - Desempenho do gerador fotovoltaico sobredimensionado [19] ......................................... 46

Figura 29 - Região de operação do inversor de acordo com a tensão e a corrente [8] .......................... 47

Figura 30 - Ferramenta desenvolvida no Excel ..................................................................................... 54

Figura 31 - Posição Solar diária, Entreposto Auto, Feijó, Almada ......................................................... 56

Figura 32 - Dimensionamento do sistema fotovoltaico, a esquerda edifício Opel, a direita edifício Audi
.................................................................................................................................................... 56

Figura 33 - Vista em planta do sistema fotovoltaico, a esquerda edifício Audi, a direita edifício Opel . 57

Figura 34 - Sistema fotovoltaico de 65 KWp, edifício Opel a esquerda, e edifício Audi a direita ........... 62

Figura 35 - Diagrama de carga médio da instalação nos dias de semana vs. Potência elétrica gerada
pelo sistema fotovoltaico ............................................................................................................ 62

Figura 36 - Diagrama de carga médio da instalação aos sábados vs. Potência elétrica gerada pelo
sistema fv .................................................................................................................................... 63

Figura 37 - Diagrama de carga médio da instalação aos Domingos vs. Potência elétrica gerada pelo
sistema fv .................................................................................................................................... 63

Figura 38 - Distribuição das receitas provenientes da Energia Produzida pelo sistema fv nos respetivos
horários ....................................................................................................................................... 65

Figura 39 - Energia total mensal produzida pelo Sistema fv de 65 KWp ............................................... 65

Figura 40 - Energia produzida mensalmente pelo gerador solar Vs. Consumo mensal na instalação .... 66

xiii
Figura 41 - Energia produzida mensalmente pelo gerador solar Vs. Consumo mensal na instalação .... 66

Figura 42 - Energia produzida mensalmente pelo gerador solar Vs. Consumo mensal na instalação .... 66

Figura 43 - Receitas geradas mensalmente pelo sistema fotovoltaico de 65 KWp ................................ 66

Figura 44 - Período de retorno do investimento (Pay-back) ................................................................. 70

Figura 45 - Analise de sensibilidade a taxa de desconto ....................................................................... 70

Figura 46 - Analise de sensibilidade ao custo de investimento ............................................................. 71

Figura 47 - Analise de sensibilidade a receita gerada pelo sistema fv de 65 kWp ................................. 72

Figura 48 - Custo do investimento vs. Potência fotovoltaica ................................................................ 73

Figura 49 - Representação esquemática da simulação realizada na empresa Entreposto Auto ............ 73

Figura 50 - Resultados apresentados pelo software Homer ................................................................. 74

Figura 51 - Produção elétrica do sistema.............................................................................................. 74

Figura 52 - Fluxos financeiros para o sistema de 75 kWp conectado na rede elétrica ........................... 75

xiv
xv
Lista de Tabelas

Tabela 1 - 10 melhores países por fotovoltaico instalado e capacidade total instalada em 2014 [4] .... 10

Tabela 2 - Capacidade instalada por tipo de fonte em Portugal (MW) [5] ............................................ 12

Tabela 3 - Potência fotovoltaica acumulada em Portugal em MW [6] .................................................. 14

Tabela 4 - Preços indicativos dos módulos fotovoltaicos em 2013 [13] ................................................ 28

Tabela 5 - Irradiação ótima vs. Irradiação a 30º ................................................................................... 43

Tabela 6 - Condições de dimensionamento e características dos inversores ........................................ 58

Tabela 7 - Distribuição dos módulos pelos edifícios na empresa Entreposto Auto ............................... 59

Tabela 8 - Perdas nos componentes do sistema ................................................................................... 62

Tabela 9 - Energia produzida pelo sistema fv Vs. Consumo na instalação nos dias de semana ............. 63

Tabela 10 - Energia produzida pelo gerador solar Vs. Consumo na instalação aos Sábados ................. 63

Tabela 11 - Energia produzida pelo gerador solar Vs. Consumo na instalação aos Domingos ............... 63

Tabela 12 - Receita gerada pelo sistema fotovoltaico de 65 KWp, no mês de Agosto .......................... 64

Tabela 13 - Energia total anual produzida pelo gerador solar Vs. Consumo total anual na instalação. . 65

Tabela 14 - Receitas gerados pelo sistema fv e custo mensal da energia elétrica comprada ................ 67

Tabela 15 - Tabela de custos para o sistema de 65 kWp ....................................................................... 67

Tabela 16 - Resultados financeiros ....................................................................................................... 70

Tabela 17 - Analise de sensibilidade ao custo do sistema..................................................................... 71

Tabela 18 - Balanço financeiro e viabilidade das potências estudadas ................................................. 72

Tabela 19 - Lucro gerado pela fv no fim de 25 anos.............................................................................. 73

Tabela 20 - Resumo dos principais indicadores .................................................................................... 75

xvi
xvii
Acrónimos

AC - Alternate Current (corrente alternada CA)

BT – Baixa Tensão

CERTIEL – Associação Certificadora de Instalações Elétricas

CIEG – Custos de Interesse Económico Geral

DC – Direct Current (corrente continua CC)

EDP – Energias de Portugal

ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos

FER – Fontes de energia renovável

FV – Fotovoltaico

GEE – Gases de Efeito de Estufa

GW – Gigawatt

HOMER – Hybrid Optimization of Multiple Energy Resources

IEA – International Energy Agency

IEC – International Energy Centre

IR – Índice de Rentabilidade

kWp – kilowatt pico

LCOE – Levelized Cost of Energy

MPP – Maximum Power Point

MPPT – Maximum Power Point Tracker

Mtep – Mega tonelada equivalente de petróleo

MT – Média Tensão

Mt – Megatonelada

xviii
MW – Megawatt

MWpcc – Megawatt pico em corrente contínua

NFER – Fontes de energia não renovável

NREL – National Renewable Energy Laboratory

NOCT – Normal Operation Conditions and Temperature

NPC – Net Present Cost (Custo presente actualizado)

OMIE – Operador de Mercado Ibérico de Energia

OCDE – Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico

O&M – Operação e Manutenção

PRI – Período de Recuperação de Investimento

PVGIS – Photovoltaic Geographical Information System

PVPS – Photovoltaic Power Systems

PT – Posto de Transformação

PRE – Produção em Regime Especial

PRI – Período de retorno do investimento (Payback)

QGBT – Quadro Geral de Baixa Tensão

RESP – Rede Elétrica de Serviço Publico

SEN – Sistema Elétrico Nacional

SEP – Sistema Elétrico de Serviço Publico

SEI – Sistema Elétrico Independente

SENV – Sistema Elétrico Não Vinculado

STC – Standard Test Conditions

String - fileiras

TIR – Taxa Interna de Rentabilidade


xix
UPP – Unidades de Pequena Produção

UPAC – Unidades de Produção em Autoconsumo

VAL – Valor Atual Líquido

xx
1 Introdução

1.1 Enquadramento

A produção de energia e o seu uso contribui em cerca de dois terços para as emissões de efeito de
estufa, estando o seu teor na atmosfera relacionado com o aumento da temperatura média do planeta. Países
participantes na COP211 assumiram compromissos em relação a cortes a fazer, bem como à monitorização
das respetivas taxas de emissão de poluentes, para que ao mesmo tempo que não se prejudique o
crescimento sustentável da economia mundial, se possa contribuir para o reforço da segurança energética
ao redor do mundo, com base em energia sustentável para os bilhões de habitantes que não o têm [1].

A intensidade energética económica mundial caiu 2,3% em 2014, mais do dobro da taxa média de
queda observada na última década, como resultado de recorrentes melhorias na eficiência energética e
mudança de estruturais económicas como a China. Cerca de 11% das taxas de emissões de dióxido de
carbono “CO2” relacionadas com a produção de energia aparecem em áreas onde se pratica o mercado de
carbono (onde o preço médio é 6.23 € por cada tonelada de CO2 emitido [1]), enquanto outros 13%
aparecem em mercados onde se incentiva o consumo aos combustíveis fósseis, através de subsídios.

Há alguns sinais encorajadores em ambas as frentes, com a reforma prevista para o esquema de
Comercio das Emissões da União Europeia2, como também países incluindo India, Indonésia, Malásia, e
Tailândia, aproveitando a oportunidade de preços de petróleo mais baixos para diminuir os subsídios aos
combustíveis fosseis, cortando os incentivos ao consumo exagerado [1].

As alterações climáticas causadas pelo aumento da temperatura media global, devido ao uso
desenfreado dos combustíveis fósseis, aliado à forte dependência dos países compradores à submissão
externa relativamente aos países produtores, tem impulsionado a procura por fontes de energia renovável,
cuja energia é produzida com o uso de recursos naturais como sol, vento, água ou madeira.

Neste contexto, devido a imaturidade das tecnologias disponíveis para o aproveitamento desses
recursos, e como a energia produzida por estas vias em geral é mais cara do que fontes clássicas, os
governos, principalmente dos países dependentes, tem apostados em vários incentivos económicos com o
intuito de promover e contribuir para o desenvolvimento dessas tecnologias, já que ainda não são rentáveis
por si só.

As fontes de energia renováveis apresentam-se como a solução para atender à expressiva carência de
energia elétrica de origem não poluente, como também para atender o rápido crescimento do consumo

1
Conferência realiza em Dezembro de 2015 em Paris, em que participam mais de 190 países, para mais informação
consultar bibliografia [26].

2
O ECE da UE é o maior esquema de comércio de emissões de gases de efeito estufa de todo o mundo, envolvendo
múltiplos países e setores.

1
energético mundial. A eletricidade é considerada um vetor energético fundamental para o desenvolvimento
económico e social e o aumento do seu consumo está diretamente correlacionado com o aumento
populacional e ao acesso dessa população a melhores condições económicas, principalmente em países em
desenvolvimento.

A utilização da energia solar como fonte de energia, traz muitos benefícios, em que se destaca, o facto
de ser uma fonte inesgotável, apesar da sua intermitência sem poluir o nosso meio ambiente.

Atualmente, os sistemas de energia solar mais utilizados são os de aquecimento residencial passivo, e
fornecimento de energia elétrica (energia fotovoltaica) para equipamentos autónomos remotos, e sistemas
fotovoltaicos ligados a rede elétrica publica.

Apesar das inúmeras vantagens, o investimento inicial, principalmente em tecnólogas de conversão


fotovoltaica, que é o motivo da realização desta dissertação, requer grandes investimentos financeiros, ainda
que estes tenham decrescido significativamente na última década. Se a energia elétrica obtida por via solar,
vier a revelar-se mais cara do que a das fontes clássicas, o seu uso fica desacreditado, a não ser que exista
uma outra fundamentação, como por exemplo, o benefício ambiental. Nestes casos, costuma-se promover
a sua utilização através de incentivos económicos para promover esta tecnologia.

A correta avaliação da viabilidade económica dos investimentos em instalações de produção


descentralizada de energia elétrica por via fotovoltaica, é a condição primordial para que a progressiva
implantação das mesmas, se faça de modo sólido e convincente. Assim, é importante que existam
ferramentas de apoio à conceção e simulação deste tipo de sistemas.

1.2 Objetivo gerais do trabalho

Através de uma parceria tripartida entre o Grupo Entreposto, a Galp Energia e o Técnico de Lisboa,
surgia a oportunidade de realização de um estágio de 6 meses, numa das empresas do grupo, nomeadamente
empresa Entreposto Auto, localizada em Feijó, Alameda.

O objetivo do estágio era estudar os consumos energéticos, mais especificamente os consumos elétricos
das instalações da empresa Entreposto Auto, localizada em Almada, já que uma das recentes apostas do
Grupo consiste, em aplicações de medidas de eficiência energética, de modo a proporcionar no futuro,
poupanças tanto energéticas como financeiras. Um dos estudos desenvolvidos, e que é o foco desta
dissertação, é a da incorporação de um sistema fotovoltaico ligado à rede, já que os edifícios apresentam
grandes áreas disponíveis para esse aproveitamento, num total de 1199 m2, espalhados entre dois edifícios.

Assim o objetivo do presente trabalho consiste em desenvolver uma ferramenta que permita apoiar ao
projeto de um sistema fotovoltaico ligado à rede, a partir do diagrama de carga médio da empresa, e de
fazer uma comparação tanto energética como económica, entre cinco potências possíveis para o sistema
fotovoltaico, nomeadamente potências de 30, 45, 55, 65 e 75 kWp.

2
Por isso foi necessário constituir um enquadramento teórico, procurando trazer os conceitos necessários
para realização do projeto, e criar uma base científica sólida que sirva de apoio para dimensionamento de
sistemas fotovoltaicos para autoconsumo.

Este trabalho visa assim dar um contributo científico no contexto de produção fotovoltaica para
autoconsumo.

3
2 Mercado Energético

2.1 Mercado Energético Mundial

A evolução do consumo dos recursos energéticos a nível mundial, desde o início da década 70 até 2013,
também designados por energia primária, tem vindo a crescer progressivamente, conforme é apresentado
na Figura 1.

Figura 1 - Evolução do mercado global de energia primária entre 1971 a 2013 (Mtep ) [2]

Na Figura 1, se pode constatar que em 2013, comparativamente a 1973, houve um aumento no consumo
da energia primária em 7441 Mtep o que significa que num espaço de 40 anos, a quantidade de energia
primária consumida ultrapassou o dobro da energia consumida em 1973.

Constata-se também comparando 1973 e 2013, que os recursos naturais mais usados continuam a ser o
petróleo, o carvão e o gás natural, em que em 2013 representaram uma cota total de 81.4% do consumo
total da energia primária.

Na Figura 2, se pode constatar que em 2013 comparativamente a 1973 houve um aumento das taxas de
emissões de gases de efeito de estufa em 16675 Mt, o que também significa que num espaço de 40 anos, a
taxa de emissões de dióxido de carbono para atmosfera ultrapassou mais do dobro das emissões de CO 2
emitidas em 1973.

4
Figura 2 - Evolução do nível de emissões de CO2 por tipo de combustível [2]

Continuando a análise da Figura 2, podemos constatar que a taxa de emissões de CO2 proveniente do
consumo de petróleo apesar de representar uma cota menor 33.6% em 2013, se comparado com a cota de
49.7% em 1973, aumentou em 52.8%.

Seguindo o mesmo raciocínio, a cota do carvão nos anos em comparação, aumentou 10,1 pontos
percentuais, e a taxa de emissões aumentou em 166%.

Também a cota do gás natural aumentou 5,4 pontos percentuais, com um aumento da taxa de emissão
de CO2 em 185%.

Na Figura 3, se pode verificar que em 1973 os países pertencentes a OCDE 3 eram responsáveis por
66.3% das emissões totais, representando 10286 Mt de CO 2 emitidos. Em 2013, a sua cota diminui para
37.4%, um aumento modesto da taxa de emissão de CO2 para 17% relativo a 1973, fruto de grandes esforços
no sentido de baixar os níveis de emissões, conseguidas através da adoção de políticas a favor do meio
ambiente e incentivando o uso de fontes alternativas aos combustíveis fosseis.

3
Em inglês “OECD”, é uma organização internacional, composta por 34 países, e com sede em Paris, França. A OCDE
tem por objetivo promover politica que visem o desenvolvimento económico e o bem-estar social de pessoas por todo
o mundo.

5
Figura 3 - Evolução do nível de emissões de CO2 por regiões [2]

Verifica-se também na Figura 3, que os países em desenvolvimento das regiões Asiáticas,


nomeadamente China e India aumentaram significativamente as suas cotas referentes as taxas de emissões
de CO2. Em que a China aumentou 22 pontos percentuais em 2013 face a 1973, e a Índia representante
maioritário na fatia da Asia aumentou 8.2 pontos percentuais em 2013 face a 1973.

O forte crescimento nestes países em desenvolvimento é sustentado pelo consumo de fontes


convencionais de energia, nomeadamente petróleo, carvão e gás natural, tornando-se assim, o foco de
atenção de muitas instituições a favor do meio ambiente, já que são os maiores responsáveis pelas taxas de
emissões de CO2 para atmosfera no mundo.

2.2 Energias Renováveis no mundo

As energias renováveis continuaram a crescer em 2014 contra o pano de fundo do aumento do consumo
mundial de energia, e o dramático declínio do preço do petróleo durante a segunda metade do ano. O
consumo de energia final global aumentou cerca de 1,5% ano nos últimos anos, impulsionado
principalmente pelo aumento da demanda em países em desenvolvimento [3].

Há crescente consciência mundial de que a energia renovável e eficiência energética são fundamentais
não só para lidar com as mudanças climáticas, mas também para a criação de novas oportunidades
econômicas, como também fornecer acesso à energia para os bilhões de pessoas que ainda vivem sem
serviços de energia modernos.

Em reconhecimento da importância das energias renováveis e da eficiência energética para o


desenvolvimento sustentável, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou em 2014 como o primeiro
ano, de uma década de Energia Sustentável para todos (SE4ALL). SE4ALL pretende dobrar a quota de
energia renovável no mix global, em que contava em 2010 com uma participação inicial de 18% para 36%
em 2030 [3].
6
Em 2013, o ano mais recente para o qual existem dados disponíveis, a energia renovável fornecida foi
estimada em 19,1% do consumo global final de energia. Desse total, biomassa tradicional, usado
principalmente para cozinhar e aquecer em zonas remotas e áreas rurais em países em desenvolvimento,
são responsáveis por cerca de 9%, e energias renováveis modernas aumentaram a sua quota ligeiramente
em cima de 2012 para cerca de 10,1%.

As energias renováveis modernas estão sendo usadas cada vez mais em quatro mercados distintos:
geração de energia, aquecimento e refrigeração, transporte e em serviços rurais isolados.

Em 2013, a energia hidroelétrica representaram um número estimado de 3,9% do consumo final de


energia; outras fontes de energia renováveis representaram 1,3%; a energia térmica renovável representou
cerca de 4,1%; e biocombustíveis para o transporte contribuíram com cerca de 0,8% [3].

Em 2014, a energia renovável em geral expandiu-se significativamente em termos de capacidade


instalada e energia produzida. Algumas tecnologias experimentaram um crescimento mais rápido na
implantação em 2014 do que eles têm tido em média ao longo dos últimos cinco anos (ver figura seguinte).

Figura 4 - Crescimento das energias renováveis na produção mundial fim 2009 até 2014 [3]

No setor de aquecimento, a capacidade instalada continuou a um ritmo constante; a produção de


biocombustíveis nos transportes aumentou pelo segundo ano consecutivo, após um abrandamento em 2011-
2012. O crescimento mais rápido, e o maior aumento em capacidade instalada, ocorreram no setor de
energia elétrica.

7
Apesar de muitas tecnologias de energia renovável têm experimentado uma rápida expansão, o
crescimento da capacidade e melhorias em eficiência energética são inferiores às taxas necessárias para
conseguir o objetivo SE4ALL. Além disso, a maior parte da nova capacidade e investimento centrou-se em
apenas três tecnologias: energia solar fotovoltaica, eólica e energia hidrelétrica.

2.3 Energia Solar Fotovoltaica no mundo

A situação dos sistemas fotovoltaicos no mundo, no que diz respeito a potência total instalada, e a
custos indicativos, podem ser avaliadas através de dados estatísticos publicados pela Agência Internacional
de Energia (IEA-PVPS4).

Na Figura 5 apresenta-se a evolução da potência total fotovoltaica instalada no mundo nos últimos 14
anos, que é de 177 GW.

Os 23 países pertencentes a IEA-PVPS5 contribuíram com 155 GW, maioria ligado a rede pública.
Países adicionais que não fazem parte do programa PVPS representam no mínimo 22 GW adicionais, a
maioria localizados na Europa: Reino Unido com 5.1 GW, República Checa com 2.1 GW, Grécia com 2.6
GW, Roménia com 1.2 GW, Bulgária com 1GW e abaixo da marca estipulada 1 GW, Eslováquia e Ucrânia.
Acompanhando estes países, India já instalou mais de 2.9 GW, e Taiwan mais de 750 MW [7].

Figura 5 - Evolução da potência instalada (GWpcc) [4]

A potência fotovoltaica instalada em 2014, a nível mundial pode ser dividida em países pertencentes a
PVPS, e o resto do mundo. Os países pertencentes a PVPS instalaram neste período considerado 34 GW, e
pelo menos 4.7 GW foi reportado por países não pertencentes a PVPS.

4
Photovoltaic Power Systems – Sistemas de energia fotovoltaica

5
Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canada, China, Coreia, Dinamarca, Estados Unidos, Espanha,
França, Holanda, Israel, Itália, Japão, Malásia, México; Noruega, Portugal, Suécia, Suíça, Tailândia e
Turquia.

8
A Figura 6 mostra que a potência mundial total instalada durante 2014 foi no mínimo 38.7 GW,
contabilizando todos os países que o relataram [4].

Figura 6 - Potência fotovoltaica instalada em 2014 (MWpcc) [4]

Na Figura 7 mostra que desde 2007 até 2014, a Europa representa a maior fatia, a nível de instalações
fotovoltaicas múndias, e também se consegue observar que a Asia tem vindo a aumentar a sua fatia
exponencialmente desde 2012.

Atualmente Europa representa cerca de 50 % do total das instalações fotovoltaicas múndias.

Figura 7 - Evolução da potência fotovoltaica instalada por regiões (MWpcc) [4]

Na Tabela 1, consegue-se observar a liderança do continente Asiático, em relação a potência


fotovoltaica anual instalada em 2014, representada pela China com 10.6 GW, seguida pelo Japão, com 9.7
GW instalados. Em terceiro lugar foi no continente Americano, representado por Estados Unidos com 6.2
GW, e as três posições seguintes foi no continente Europeu, liderado pelo Reino Unido com 2.3 GW,
precedido da Alemanha com 1.9 GW e França com 0.9 GW instalados.

Em relação a potência fotovoltaica acumulada, Alemanha lidera com 38.2 GW, seguida pela China
com 28.1 GW, seguida pelo Japão 23.3 GW, Itália 18.5 GW e Estados Unidos 18.3 GW, e os restantes
países estão muito abaixo em termos de potencia acumulada instalada.

9
Tabela 1 - 10 melhores países por fotovoltaico instalado e capacidade total instalada em 2014 [4]

2.4 Mercado Energético em Portugal

Portugal é um país que não possui recursos petrolíferos, jazidas de gás natural ou minas de carvão em
atividade, fazendo com que Portugal seja um país altamente dependente dos mercados energéticos externos,
ficando assim sujeito as flutuação externas dos preços praticados.

Figura 8 - Evolução do consumo total de energia primária (tep) [5]

A Figura 4 mostra que Portugal registou em 2013 um Consumo de Energia Primária (CEP) total de
21,7 Mtep, o que configura um aumento de 1,0% face a 2012. Analisando os consumos das diferentes fontes
de energia em 2013, verifica-se que o petróleo continua a ser a principal fonte e energia primária 45%,
seguido das renováveis 24%, e a seguir do gás natural 17%.

É de notar que o peso do petróleo tem vindo a decrescer nos últimos anos, 58% em 2004 contra 45%
em 2013, enquanto o peso das renováveis, 14% em 2004 contra 24% em 2013, e o gás natural 13% em
2004 contra 17% em 2013, aumentaram consideravelmente.

A redução da dependência energética nacional é um dos principais desafios da atual política energética
nacional. Historicamente, Portugal apresenta uma dependência energética elevada, entre 80 e 90%, fruto

10
da inexistência de produção nacional de fontes de energia fósseis, como o petróleo ou gás natural, que têm
um peso muito significativo no mix de consumo de energia.

A aposta nas renováveis, e na eficiência energética, com maior incidência nos últimos anos, tem
permitido a Portugal baixar a sua dependência para níveis inferiores a 80%. No entanto, a variabilidade do
regime hidrológico, associado a uma grande componente hídrica no sistema electroprodutor nacional,
influência negativamente a dependência energética em anos secos, como foi o caso do ano 2005 ou 2008
[5].

Figura 9 - Evolução da dependência energética de Portugal (%) [5]

Como consta na Figura 9, em 2013 a dependência energética situou-se nos 73,9%, representando uma
redução de 5,5 pontos percentuais face a 2012, e uma redução de 14,9 pontos percentuais face a 2005, ano
em que se verificou a dependência energética mais elevada dos últimos anos.

Esta redução deve-se em grande parte ao aumento da produção hídrica e eólica, como também
sobretudo, à redução das importações de gás natural, e petróleo [5].

Figura 10 - Evolução das emissões de GEE em Portugal (Mt CO2) [5]

Em relação as emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE), como se pode ver na Figura 10, Portugal
têm registado um decréscimo significativo nos últimos anos, fruto da adoção de medidas neste âmbito, em
especial no setor da energia que compõe cerca de 70% das emissões totais. Em 2012 as emissões totais de
GEE situaram-se na ordem das 68,8 Mt CO2, das quais 47,9 Mt CO2 são relativas ao setor energético. Em
comparação ao ano anterior, as emissões totais de GEE decresceram cerca de 0,8%, enquanto as emissões
do setor energético decresceram cerca de 1,0% como consta na Figura 10 [5].

11
2.4.1 Consumo de Energia Elétrica

O sistema electroprodutor nacional contava em 2013 com um total de 19 621 MW de capacidade


instalada (-3,9% face a 2012). Olhando para as diferentes tecnologias de produção de eletricidade existentes
em Portugal, 8 309 MW (42,3% do total) são em tecnologias fósseis (NFER 6 - carvão, petróleo e gás
natural), e 11 312 MW (57,7% do total) referentes a tecnologias renováveis (FER 7 - hídrica, eólica,
biomassa, solar, geotermia e ondas), representado na Tabela 2 [5].

Na componente térmica fóssil, destaque para o gás natural que representa cerca de 60% do total da
capacidade fóssil, e cerca de 25% da capacidade total instalada em Portugal. Apesar do peso significativo
que tem no setor electroprodutor, e face a 2011, a produção com gás natural passou de 54% para 35% em
2013, por contraste com o carvão que viu a sua produção aumentar de 36% para 57%.

Tabela 2 - Capacidade instalada por tipo de fonte em Portugal (MW) [5]

Nota: A capacidade total instalada inclui 330 kW relativos às Ondas.

A componente do mix associado ao petróleo tem vindo a diminuir nos últimos anos, por força do
encerramento das centrais térmicas em Portugal Continental (ex.: Central do Carregado), sendo que
atualmente apenas existem centrais térmicas nas Regiões Autónomas, pelo que a restante capacidade diz
respeito à cogeração, também em decréscimo devido ao encerramento de unidades ou conversão para gás
natural [5].

Na componente renovável, destaque para as fontes hídrica e eólica que representam respetivamente
cerca de 49% e 42% como se pode verificar na Figura 12.

6
Fontes de energia não renovável

7
Fontes de energia renovável

12
Em 2013 o total da capacidade renovável representava mais de 50% da capacidade total instalada em
Portugal como se pode constatar na Figura 11 e na Figura 12.

Figura 11 - Evolução do mix de capacidade instalada para produção de eletricidade em Portugal (MW) [5]

Figura 12 - Mix de capacidade instalada para produção de eletricidade em 2013 [5]

2.5 Energia solar fotovoltaica em Portugal

Em 2014, a potência fotovoltaica instalada em Portugal foi de 108 MW, aumentando a potência total
instalada para 392 MW. A maioria desta capacidade, cerca de 89 MW, foi conectada no âmbito do quadro
de produção independente, destinado a centrais fotovoltaicas.

Figura 13 - Novas potências fotovoltaico instaladas anualmente em MW [6]

13
Tabela 3 - Potência fotovoltaica acumulada em Portugal em MW [6]

Nota: Dados sobre instalações isoladas são apenas estimados.

2.5.1 Legislação para o mercado das Renováveis

A produção de energia elétrica através de fontes renováveis é sujeita a um conjunto de requisitos que
vigoram no regime jurídico vigente, separados em diferentes procedimentos de operação como
remuneração, inspeção, entre outros.

A legislação atual, Decreto-lei nº153/2014, de 20 de Outubro, estabelece o regime jurídico aplicável à


produção de eletricidade, destinada ao autoconsumo (designadas por Unidades de Produção para
autoconsumo - UPAC) na instalação associada á respetiva unidade produtora, com ou sem ligação à rede
elétrica publica, baseada em tecnologias de produção renováveis ou não renováveis, sempre que a atividade
de produção se destine à satisfação das necessidades próprias de abastecimento de energia elétrica, e em
que a eletricidade em falta ou em excesso seja, respetivamente, comprada ou vendida à Rede Elétrica de
Serviço Público (RESP).

O mesmo diploma estabelece ainda o regime jurídico aplicável à produção de eletricidade, através de
uma unidade de pequena produção (designadas por Unidades de Pequena Produção - UPP) a partir de
energias renováveis, baseada em uma só tecnologia de produção, cuja potência de ligação à rede seja igual
ou inferior a 250 kW, destinada à venda na sua totalidade à Rede Elétrica de Serviço Público (RESP) [7].

2.5.2 Taxa de Compensação (UPAC)

A celebração de um contrato de venda do excedente de energia elétrica não consumida na instalação


implica, nos termos do Artigo 25 do Decreto-Lei nº153/214, o pagamento de uma prestação mensal fixa,
para compensação dos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG). Estão sujeitas todas as UPAC com

14
potência instalada superior a 1.5 KW, cuja instalação elétrica de utilização se encontre ligada à RESP8, e
estão sujeitas ao pagamento da compensação nos 10 primeiros anos após obtenção do certificado de
exploração.

Esta compensação apenas se torna efetiva quando a representatividade das UPAC excederem 1% do
total da potência instalada no Sistema Elétrico Nacional (SEN) [7].

Recorrendo ao ponto 2.4.1, em 2013 o sistema electroprodutor nacional contava com um total de 19.6
GW, o que significa que 1% de incremento, provenientes de instalações UPAC, e com potências superiores
a 1.5 KW representa 196.2 MW.

8
Rede Elétrica de Serviço Publico

15
3 Revisão de Conceitos

3.1 Energia Solar Fotovoltaica

A intensidade de irradiação que chega até a atmosfera depende da distância entre o sol e a terra, que
durante o decorrer do ano pode variar entre 1,47 × 108 𝑘𝑚 e 1,52 × 108 𝑘𝑚. Devido a este facto, a
irradiância E0 varia entre 1,325 W/m2 e 1,412 W/m2, e o valor médio é designado por constante solar, EO
= 1,367 W/m².

A irradiação solar, em algumas regiões situadas perto do Equador, excede 2,300 kWh/m2 por ano,
enquanto no sul da Europa não deverá exceder os 1,900 kWh/m2. Em Portugal, este valor poderá situar-se
entre os 1,300 kWh/m2 e os 1,800 kWh/m2 [8].

As diferenças regionais da irradiação solar em Portugal, são evidenciadas na Figura 14. Os somatórios
médios da irradiação são indicados para um ano normal.

Figura 14 - Irradiação global anual em Portugal [9]

3.2 Irradiação direta e difusa

A irradiação solar incidente no limite superior da atmosfera sofre uma serie de reflexões, dispersões, e
absorções durante o seu percurso até o solo, conforme as variações climáticas. A incidência total desta
irradiação solar sobre um corpo localizado no solo é a soma das componentes direta e difusa, como se
verifica na Figura 15.

16
Figura 15 - Luz solar no seu percurso através da atmosfera [8]

A irradiação direta vem segundo a direção do sol, produzindo sombras bem definidas em qualquer
objeto enquanto a irradiação difusa carece de direção específica.

Figura 16 - Padrão típico da irradiação direta e difusa total diária em Lisboa [8]

A Figura 16 apresenta as frações de irradiação diária direta, e difusa, durante o período de um ano em
Lisboa. Nos dias claros, a fração de irradiação direta prevalece, no entanto, na maioria dos dias cobertos de
nuvens (especialmente no Inverno), a irradiação solar é quase completamente difusa. Em Portugal, a
proporção da irradiação solar difusa durante um ano, é cerca de 40 % para 60 % de irradiação direta [8].

A disponibilidade da energia solar na superfície da terra vária conforme o local e a época do ano.

Algumas variações a estes valores são previsíveis. A variação diurna, que é a função do movimento de
rotação da terra em torno do seu eixo; a variação sazonal, que é a função da inclinação do eixo da terra; e a
variação anual, que é a função da órbita elíptica da terra em torno do sol.

Outras variações significativas são previsíveis por estatística, tal como a incidência média da irradiação
solar por um período de tempo, neste caso existe os efeitos da formação de nuvens, poluição atmosférica,
pó e nevoeiros.

O conhecimento da localização exata do sol possibilita estimar dados sobre a irradiação, e em seguida
estimar a energia produzida pelas respetivas instalações solares. A localização do sol em qualquer local
pode ser definida através do conhecimento da altura solar e o azimute solar.

No estudo da energia solar é usual utilizar o Sul como linha de referência (Azimute nulo), negativo
para ângulos orientados a Leste (Leste:  = -90), e positivo para ângulos orientados a Oeste (Oeste:  =
17
90), portanto a irradiância solar depende da altura do sol, e é calculada a partir de uma base horizontal como
mostra a Figura 17.

Figura 17 - Representação dos ângulos segundo as técnicas solares [8]

3.3 A conversão fotovoltaica

O efeito fotovoltaico consiste no aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de uma
estrutura de material semicondutor, derivada da absorção de luz, produzindo corrente elétrica. O material
semicondutor tem que possuir uma estrutura atómica cristalina, e para facilitar a condutibilidade elétrica,
são acrescentados substâncias adicionais denominadas por dopantes [10].

O silício é a matéria-prima mais comum e largamente utilizada no mercado fotovoltaico. Um átomo de


silício é formado por catorze protões e catorze eletrões distribuídos por três bandas de energia. Na banda
exterior, conhecida como banda de valência, existem apenas 4 eletrões. Para o cristal de silício garantir a
sua estabilidade, precisa de conter oito eletrões na sua banda de valência, o que leva os átomos a alinhar-se
segundo uma estrutura em teia, formando quatro ligações covalentes com quatro átomos vizinhos,
partilhando deste modo os seus eletrões de valência. Como resultado desta partilha de eletrões, a banda de
valência, que pode conter até oito eletrões, fica cheia, ou seja os eletrões ficam presos na banda de valência,
e o átomo está num estado estável. Para que os eletrões se possam deslocar tem de adquirir energia
suficiente para passarem da banda de valência para a banda de condução. Esta energia é designada por
hiato9 e no caso do cristal de silício vale 1,12 Ev [11].

Quando um fotão da irradiação solar contendo energia suficiente atinge um eletrão da banda de
valência, este move-se para a banda de condução, deixando um buraco 10 no seu lugar, a qual se comporta
como uma carga positiva. Neste caso, diz-se que o fotão criou um par eletrão-buraco. Uma célula
fotovoltaica constituída por cristais de silício puro não produziria energia elétrica. Os eletrões passariam
para a banda de condução mas acabariam por se recombinar com os buracos, não dando origem a qualquer
corrente elétrica. Para haver corrente elétrica é necessário que exista um campo elétrico, isto é, uma

9
Band gap energy

10
Hole

18
diferença de potencial entre duas zonas da célula. Através do processo conhecido como dopagem do silício,
que consiste na introdução de elementos estranhos com o objetivo de alterar as suas propriedades elétricas,
é possível criar duas camadas na célula: a camada tipo p e a camada tipo n, que possuem, respetivamente,
um excesso de cargas positivas e um excesso de cargas negativas, relativamente ao silício puro [11].

O boro é o dopante normalmente usado para criar a região tipo p. Um átomo de boro forma quatro
ligações covalentes com quatro átomos vizinhos de silício, mas como só possui três eletrões na banda de
valência, existe uma ligação apenas com um eletrão, enquanto as restantes três ligações possuem dois
eletrões. A ausência deste eletrão é considerada um buraco, a qual se comporta como uma carga positiva
que viaja através do material, pois de cada vez que um eletrão vizinho o preenche, outro buraco se cria. A
razão entre átomo de boro e átomos de silício é normalmente da ordem de 1 para 10 milhões [11].

O Fósforo é o material usado para criar a região n. Um átomo de Fósforo tem cinco eletrões na sua
banda de valência, pelo que cria quatro ligações covalentes com os átomos e deixa um eletrão livre, que
viaja através do material. A razão entre átomo de Fósforo e de Silício é próxima de 1 para 1000 [11].

Na região onde dois materiais se encontram, designada junção p-n, cria-se, portanto, um campo elétrico
que separa os portadores de carga que a atingem: os eletrões, excitados pelos fotões com energia suficiente
para excitar eletrões da banda de valência para a banda de condução, são acelerados para um terminal
negativo, ao passo que os buracos são enviados para um terminal positivo. Nestas condições, ligando os
terminais a um circuito que se fecha exteriormente através de uma carga (a lâmpada na Figura 18), circulará
corrente elétrica unidirecional (DC).

Figura 18 - Corte transversal de uma célula fotovoltaica [9]

3.3.1 Modelos matemáticos das Células

No domínio do estudo dos equipamentos fotovoltaicos, é habitual representar os equipamentos através


de circuitos equivalentes, com o objetivo de estudar o comportamento dos mesmos. Existem dois modelos,
o modelo simplificado, de um díodo e três parâmetros, e o modelo mais detalhado de um díodo e cinco
parâmetros.

No presente capítulo só se apresentará o primeiro modelo.

19
Modelo de um Díodo e três Parâmetros

Em termos de modelo matemático simplificado, uma célula pode ser descrita através do circuito elétrico
equivalente que se mostra na Figura 19.

Figura 19 - Circuito elétrico equivalente de uma célula fotovoltaica alimentando uma carga Z [12]

A fonte de corrente Is representa a corrente elétrica gerada pelo feixe de radiação luminosa, constituída
por fotões, ao atingir a superfície ativa da célula (efeito fotovoltaico); esta corrente unidirecional é constante
para uma dada radiação incidente. A junção p-n funciona como um díodo que é atravessado por uma
corrente interna unidirecional Id, que depende da tensão V aos terminais da célula [11].

A corrente ID que se fecha através do díodo é:

𝑉
𝐼𝐷 = 𝐼0 (𝑒 𝑚𝑉𝑡 − 1) (3.1)

em que:

 I0 - Corrente inversa máxima de saturação do díodo


 V - tensão aos terminais da célula
 m – fator de idealidade do díodo (díodo ideal: m=1; díodo real: m>1)
𝐾𝑇
 VT – designado por potencial térmico VT =
𝑞
-23
- K: constante de Boltzmann (K =1,38×10 J/K)
o
-T: temperatura absoluta da célula em K (0 C =273,16 K)
-q: carga elétrica do eletrão (q = 1,6×10-19 C)

A corrente I que se fecha pela carga é, portanto (ver na Figura 19):

V
I = 𝐼𝑆 − 𝐼𝐷 = 𝐼𝑆 − 𝐼0 (emVt − 1) (3.2)

Dois pontos de operação da célula merecem atenção particular: curto-circuito e circuito aberto.

No caso do Curto-circuito exterior

V=0; 𝐼𝐷 = 0; I = 𝐼𝑆 = 𝐼𝑐𝑐 (3.3)

20
A corrente de curto-circuito Icc é o valor máximo da corrente de carga, igual, portanto, à corrente gerada
por efeito fotovoltaico. O seu valor é uma característica da célula, sendo um dado fornecido pelo fabricante
para determinadas condições de radiação incidente e temperatura [11].

No caso de Circuito aberto

A tensão em vazio Vca é o valor máximo da tensão aos terminais da célula, que ocorre quando esta está
em vazio [11].

𝐼
𝐼 = 0, 𝑉𝑐𝑎 = m𝑉𝑇 ln(1 + 𝑆) (3.4)
𝐼0

O seu valor é uma característica da célula, sendo um dado fornecido pelo fabricante para determinadas
condições de radiação incidente e temperatura.

A relação entre a corrente e a tensão, dependente da temperatura, irradiação e o fator de idealidade do


díodo m, e é determinado recorrendo à seguinte expressão [10].

𝑉−𝑉𝑐𝑎
𝐼 = 𝐼𝐶𝐶 (1 − 𝑒 𝑚𝑉𝑡 ) (3.5)

3.3.2 Condições de referência

As condições normais de teste11, normalizadas para a realização das medidas dos parâmetros
característicos da célula, acordadas entre os fabricantes, designadas por condições de referência, são [11]:

 Temperatura da célula, θr = 25 0C  Tr = 298,16 K


 Irradiância incidente na célula, Gr = 1000 W/m2
 Distribuição espectral padrão da irradiação solar AM de 1,512

Na sequência, as grandezas referenciadas pelo índice superior r consideram-se medidas nas condições
de referência – STC.

11
Standard Test Conditions - STC

12
Air Mass

21
3.3.3 Potência-pico, rendimento e fator de forma

A potência máxima de saída, obtida em condições STC, designa-se por potência-pico13, Pp:

𝑟 𝑟 𝑟
𝑃𝑝 = 𝑃𝐷𝐶 = 𝑉𝑀𝑃 𝐼𝑀𝑃 (3.6)

O rendimento de um módulo fotovoltaico nas condições de referência advém da relação entre a


potência-pico e a potência correspondente à irradiação incidente G r:

𝑟 𝑃𝑝
𝑃𝐷𝐶
𝜂𝑟 = = (3.7)
𝐴𝐺 𝑟 𝐴𝐺 𝑟

em que A é a área da célula. Em outras condições de funcionamento será:

𝑃𝐷𝐶
𝜂= (3.8)
𝐴𝐺

O quociente entre a potência-pico e o produto VcaIcc, chama-se fator de forma FF14

𝑃𝐷𝐶
𝐹𝐹 = (3.9)
𝑉𝑐𝑎 𝐼𝑐𝑐

O fator de forma está relacionado com a qualidade da junção e das resistências em série. As células de
silício em uso comercial apresentam um fator de forma entre 0.7 e 0.85. Será sempre desejável trabalhar
com células em que o fator de forma seja o maior possível [11].

Na Figura 20, mostram-se as curvas I-V para duas células com fatores de forma diferentes. Pode
observar-se a sensível redução na potência máxima verificada na célula 2.

Figura 20 - Curva I-V de duas células com fator de forma diferentes [12]

13
Em inglês, Peak Power ou Maximum Power Point - MPP

14
Em inglês, Fill factor

22
3.3.4 Potência elétrica

A potência elétrica de saída P, para uma dada irradiância incidente e temperatura na célula é:

𝑉
P = VI = V [𝐼𝑐𝑐 − [𝐼0 (𝑒 𝑚𝑉𝑡 − 1)]] (3.10)

A potência máxima obtém-se para dP/dV = 0, o que é equivalente a:

𝑉 𝑉
𝑑𝑃 𝑉
= 𝐼𝑐𝑐 + 𝐼0 (1 − 𝑒 𝑚𝑉𝑡 − 𝑒 𝑚𝑉𝑡 ) = 0  (3.11)
𝑑𝑉 𝑚𝑉𝑡

𝐼𝑐𝑐
𝑉 +1
𝐼0
 𝑒 𝑚𝑉𝑡 = 𝑉 (3.12)
+1
𝑚𝑉𝑡

A solução da equação 3.10 (que, no caso geral, se obtém por métodos iterativos), é V = V max, e a
correspondente corrente é Imax.

O ponto de potência máxima é Pmax = VmaxImax e nas condições de referência será V = Vrmax, I = Irmax e
P = Prmax [11].

3.3.5 Influência da temperatura

Na Figura 21, ilustra-se a variação da curva I-V com a temperatura para a célula que tem vindo a servir
de exemplo.

Figura 21 - Variação da curva I-V com a temperatura; resultados experimentais [9]

Na Figura 21 pode observar-se que:

 A potência de saída decresce com o aumento da temperatura.


 A tensão de circuito aberto decresce com a temperatura (aproximadamente - 2,3mV/oC)
 A corrente de curto-circuito varia muito pouco com a temperatura, sendo esta variação
habitualmente desprezada nos cálculos.

23
3.3.6 Influência da Irradiância Incidente

A Figura 22, ilustra-se a variação da curva I-V com a irradiação incidente para a célula que tem vindo
a ser analisada, e mostra que:

 A potência de saída aumenta com aumento da irradiação incidente.


 A corrente de curto-circuito vária linearmente com a irradiação incidente
 A tensão de circuito aberto varia pouco com a irradiação incidente, sendo esta variação, no entanto,
mais importante para valores baixos de irradiação incidente.

Figura 22 - Variação da curva I-V com a radiação incidente; resultados experimentais [9]

3.4 Principais Tecnologias nos Módulos Fotovoltaicos

As tecnologias de construção de células fotovoltaicas podem ser divididas em três gerações:

1º Geração: Silício cristalino, na qual representa 87 % das células disponíveis no mercado.

2º Geração: Filme fino, tecnologia de películas finas aplicadas sobre substratos rígidos (já há
aplicações comerciais mas o mercado ainda é pequeno/nicho).

3º Geração: Películas finas aplicadas sobre substratos flexíveis (em fase de investigação).

3.4.1 1º Geração

As células de silício cristalino podem ser ainda do tipo [10]:

 Silício monocristalino, obtido através de corte de um lingote de monocristal de silício puro, que
representa cerca de 35% do mercado.
 Silício multicristalino ou policristalino, proveniente de um lingote de silício com múltiplos cristais,
que corresponde a 49 % do mercado

24
 Fitas de Silício, envolvendo um processo de produção em que o silício fundido é puxado, dando
origem a uma fita, com uma participação residual de 3% do mercado.

As células multicristalinas apresentam custos de produção mais baixos (cerca de 20%), embora
atinjam valores de rendimento elétrico também mais baixos do que os congéneres monocristalinos. Isto
porque a uniformidade da estrutura molecular resultante da utilização de um cristal único é ideal para
potenciar o efeito fotovoltaico, já as descontinuidades da estrutura molecular do silício policristalino
dificulta o movimento de eletrões o que reduz a potência de saída. Deste modo, a eficiência das células
de silício policristalinos encontram-se entre os 11 % e os 16 %, enquanto a eficiência das células de
silício monocristalino podem atingir 21 %. Apesar das primeiras apresentarem uma eficiência mais
baixa relativamente ao monocristalino, o seu custo de produção também é mais baixo, o que possibilita
a sua entrada no mercado com um preço mais acessível.

Nos últimos tempos tem surgido células, baseadas no mesmo princípio de funcionamento das de
silício, mais ainda sem sucesso comercial, devido à escassez, e elevado custo dos seus materiais. O que
mais se destacam são o Arseneto de Gálio (GaAs), e o Fosforeto de Índico (InP). Tentou- se também
um desenho das células diferente da convencional, na tentativa de aumentar o seu rendimento, em que
inclui múltiplas camadas, geralmente duas, em tandem, ou três.

Nas células feitas à base de junções de Arseneto de Gálio, de Índico e de Germânio, também designadas
por células de multijunção, atingem rendimentos superiores a 35%. Mas apesar do seu alto rendimento,
o seu custo de produção é elevado, o que dificulta a sua comercialização [10].

3.4.2 2º Geração

A tecnologia de filme é constituída por materiais semicondutores ultrafinos, nas quais os materiais se
depositam em substratos de grande área: metal, vidro ou de plástico. Os mais usados são o Teruleto de
Cádmio (CdTe), silício amorfo (a-Si) e o Disseleneto de Cobre-Índico-Gálio (CIGS).

Este tipo de tecnologias apresenta algumas vantagens, embora seus rendimentos sejam bastante
inferiores aos das células de silício cristalino, na ordem dos 11 %, entre as quais se destacam [10]:

 A menor quantidade de material, e energia gasta na sua produção


 A menor perda de eficiência a altas temperaturas
 Melhor desempenho em condições de baixa irradiação e irradiação difusa
 Menor sensibilidade a sombreamentos devido à sua geometria (células longas e estreitas).

25
3.4.3 3º Geração

Existem ainda um conjunto de novas tecnologias emergentes de filmes finos com elevado potencial de
desenvolvimento, mas ainda sobe fase de investigação. Dentro das várias tecnologias em investigação
destacam-se:

 Células sensibilizadas por corante,


 Células orgânicas,
 Nanoantenas.

A primeira constituída por Dióxido de Titânio (TiO2) apresenta níveis de eficiência na ordem dos 5 %.

As células orgânicas, utilizam pigmentos orgânicos como dadores e recetores de eletrões e buracos, ao
invés de junções p-n. Com eficiências máximas de 7-8%, esta tecnologia, ainda que barata, tem a
desvantagem de necessitar de uma área demasiado grande para garantir os níveis de potência de saída,
semelhante às concorrentes.

Já as nanoantenas apresentam uma eficiência de 80%, esta tecnologia assenta na ideia de “sintonizar”
uma antena para a frequência de radiação de infravermelho, captando a energia do sol, durante o dia, e a
radiação absorvida pela terra durante a noite. Este efeito dá-se porque as nanoantenas possuem a capacidade
de absorver diversos comprimidos de onda de luz, de acordo com a sua dimensão, o que permite aumentar
o espectro de radiação e assim melhorar a eficiência da célula. Com a possibilidade de fabricação em larga
escala por processos de impressão a rolo, esta tecnologia procura atualmente ultrapassar os problemas
associados aos efeitos de ressonância, os quais poderão ter efeitos destrutivos [10].

3.4.4 Rendimento das Diversas Tecnologias

A evolução do rendimento das células fotovoltaicas a nível mundial encontra-se representada no anexo
A, para o período de 1975 até 2015, publicada pela NREL15.

3.4.5 Módulos e Painéis

A potência máxima de uma única célula fotovoltaica não excede 2 W, o que é obviamente insuficiente
para a maioria das aplicações. Por este motivo, as células são agrupadas em série e em paralelo formando

15
National Renewable Energy Laboratory – é uma instituição que procura respostas criativas para os desafios
energéticos da atualidade, através de estudos e análises que permitem a validação de produtos para o comércio
energético.

26
módulos. Em geral, um módulo consiste num conjunto de N PM ramos ligados em paralelo, cada um deles
constituído por NSM células ligadas em série, como se mostra na Figura 23. Normalmente, os módulos
disponíveis no mercado têm apenas um ramo paralelo e um número variável de células ligadas em série
(são habituais valores de 36, 48, 54 e 72), [10].

Figura 23 - Módulo fotovoltaico [12]

Em termos de modelo dos módulos fotovoltaicos, podem aplicar-se os modelos apresentados


anteriormente para caracterizar o comportamento de uma única célula fotovoltaica, considerando o módulo
como uma célula fotovoltaica equivalente. Naturalmente que a razão entre a corrente correspondente ao
módulo, e a corrente de cada célula é dada pelo número de ramos ligados em paralelo, N PM, e a razão entre
a tensão do módulo e a tensão da célula é o número de células ligadas em série, N SM.

Os módulos associados em série e paralelo para obter mais potência formam painéis16 [10].

3.5 Custos

O custo de investimento com sistemas fotovoltaicos é normalmente referido em custo por Watt de pico
(€/Wp). O custo inclui tanto os módulos fv propriamente ditos, como dispositivos de interface, e regulação
entre os módulos fv e a rede (BOS17).

Estes dispositivos são tipicamente a bateria, regulador de carga e o inversor no caso de sistemas
isolados, é apenas o inversor para os sistemas ligados à rede. As estruturas de suporte dos módulos também
se incluem nos dispositivos de interface e regulação.

Preços indicativos de 2013 referentes a sistemas fotovoltaicos instalados em países pertencentes à IEA-
PVPS, encontram-se representados no Anexo B. Pode-se constatar, para o caso do nosso vizinho Espanha,
o custo indicativo para um sistema fv ligado à rede, é de 2,4 €/Wp no sector residência, 1,7 €/Wp no sector

16
Panel

17
Balance Of Systems

27
comercial, e 1,4 €/Wp no sector industrial. Constata-se também que os sistemas fv instalados em terrenos
Ground-Mounted apresentam o custo mais baixo de 1,2 €/Wp [13].

Na Tabela 4, se pode observar que para o caso de Espanha, o custo medio dos módulos em 2013 é de
0,55 €/Wp, e em Alemanha é 0,69 €/Wp.

Tabela 4 - Preços indicativos dos módulos fotovoltaicos em 2013 [13]

Também se pode verificar na Figura 24 que a descida dos preços do sistema tem sido bem mais lenta
do que previsto. Enquanto o preço dos paneis desceu significativamente, já o preço de instalação e de outros
componentes, como o inversor, não tem descido, pelo que no global, a quedo do preço do sistema é menor
do que a quedo de preço dos painéis.

Figura 24 - Evolução dos preços dos módulos e dos sistemas fv pequenos (sistemas para aplicação residencial)
[13]

Os custos de operação e manutenção (O&M) são também muito variáveis, mas pode estimar-se que
não excedam, em média, 1% do investimento total [10].

28
3.6 Sistemas Ligados à Rede

Em aplicações ligadas à rede de energia elétrica, o gerador fotovoltaico entrega à rede a máxima
potência que, em cada instante, pode produzir. Entre o módulo e a rede existem equipamentos de regulação
e interface que otimizam as condições de geração e as adaptam às condições de receção impostas pela rede.
Em termos esquemáticos, a situação pode ser descrita como se ilustra na Figura 25.

Figura 25 - Esquema de um gerador fotovoltaico ligado à rede [12]

3.6.1 Seguidor de potência Máxima (MPPT) e Inversores.

A potência máxima varia com as condições ambientais (temperatura e irradiação), e com a tensão aos
terminais do módulo, sendo naturalmente desejável o funcionamento sempre à máxima potência possível.

De forma a colocar o módulo fotovoltaico no ponto de operação correspondente à potência máxima,


os conversores fotovoltaicos possuem um sistema digital de cálculo da tensão à potência máxima (para cada
par de valores, irradiação-temperatura), designado por seguidor de potência máxima (MPPT)18.

Este valor de referência da tensão é calculado através de um modelo de simulação do comportamento


do módulo fotovoltaico, e constitui uma entrada de um conversor DC/DC 19, o qual é usado para ajustar o
nível da tensão da saída, à tensão de entrada do inversor. Muitas vezes, o próprio conversor DC/DC é
designado (de forma não muito rigorosa) por MPPT. Ao controlar a tensão de saída do módulo,
automaticamente se impõe o valor de corrente, que depende da tensão de acordo com a curva I-V do módulo
fotovoltaico, e com o modelo adaptado para a sua representação.

O facto de todos os conversores fotovoltaicos estarem equipados com este dispositivo reforça a
necessidade de dispor de um método eficiente de cálculo da potência máxima (para condições de
temperatura e irradiação existente), pois é, suposto que os módulos funcionem sempre nesse ponto de
operação.

18
Maximum Power Point Tracker - MPPT

19
Chopper

29
Em aplicações ligadas em sistema de energia elétrica, é necessário também um inversor para colocar
na rede AC, a energia DC produzida pelo módulo fotovoltaico.

Os equipamentos inversores usados nos sistemas fv são bastante completos, incluindo, no mesmo
dispositivo as funções de [10]:

 Conversão da grandeza DC em grandezas AC (função de inversor), com os padrões de qualidade


exigidos pela rede à qual se ligam.
 Seguidor de potência máxima (função de MPPT), regulando a tensão de entrada (e de saída do
módulo) para o valor correspondente.
 Proteção do sistema (sobrecargas, sobretensões, interligações, etc.)

Em termos de grandes blocos funcionais, um inversor de um sistema fv, é constituído por [10]:

 Entrada DC (onde se ligam os terminais do módulo fV)


 Unidade processadora do algoritmo de seguimento de potência máxima (MPPT)
 Conversor DC/DC
 Filtros
 Equipamentos de monitorização e proteção.

3.6.2 Rendimento dos Inversores

O aspeto mais importante a ter em conta na escolha de um inversor é o seu rendimento, pois este decide,
do total de energia gerada pelos painéis fotovoltaicos, a quantidade que é fornecida à rede. Como o inversor
tem, geralmente a função MPPT integrada, o rendimento do sistema de conversão rege-se pela equação
3.13.

𝜂𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 𝜂𝑖𝑛𝑣 (3.13)

Em que o 𝜂𝑀𝑃𝑃𝑇 é o rendimento da função MPPT presente no inversor, e 𝜂𝑖𝑛𝑣 é o rendimento da função
de conversão DC/AC. O rendimento do MPPT, em regime estacionário é elevado, e em geral superior a
99.5% [10].

O rendimento do inversor varia com a potência em DC que lhe é entregue para conversão e é
genericamente dado pela razão entre a potência de saída em AC, e a potência de entrada em DC, como
mostra a equação 3.14.

𝑃𝐴𝐶 𝑃𝐴𝐶
𝜂𝑖𝑛𝑣 = = (3.14)
𝑃𝐷𝐶 𝐼𝑀𝑃 𝑉𝑀𝑃

30
3.6.3 Configurações dos Inversores

Conceito do inversor central

Esta arquitetura é normalmente adotado para sistemas de grande dimensão, principalmente em centrais
de geração fotovoltaica situadas em descampados planos, onde todos os geradores fotovoltaicos estão
orientados para o mesmo sítio, e não é afetada por sombreamentos.

Conceito de inversor em cadeia de módulos

Esta arquitetura é usada regularmente em campos fotovoltaicos com diferentes orientações e


disposições. Este conceito, descentralizado, contribui para a redução do comprimento e da secção das
cablagens entre as ligações dos módulos e dispensa a utilização de um condutor principal DC 20.

Conceito integrado inversor/módulo

Esta arquitetura permite que cada painel esteja a funcionar permanente no seu ponto de máxima
potência, o que torna o sistema ainda mais eficiente, e são denominados no mercado por módulos AC. A
eficiência conseguida ainda não compensa o custo necessário neste tipo de investimento.

3.7 Tipos de perdas nos geradores fotovoltaicos

Para obter uma estimativa da energia produzida por um sistema fotovoltaico colocado num determinado
local, é necessário possuir medições das grandeza como a irradiação solar incidente, adquirida com um
equipamento de medida designado por piranómetro, de dados sobre a variação da temperatura ambiente e
dados sobre a potência produzida, usualmente disponíveis nos inversores.

3.7.1 Irradiação

A irradiação incidente é obtida através de medições, que são habitualmente realizadas sobre um plano
horizontal, no entanto, outras medições efetuadas e estimativas realizadas para planos fixos inclinados
sugerem a maximização da energia solar absorvida, tirando partido da diferença da altura solar ao longo do
ano.

Em Portugal é atingida com grandes inclinações (entre 50º e 60º) no Inverno e pequenas inclinações
(entre 5º e 10º) no Verão como pode ser observado na Figura 26, onde se mostram os resultados de
medições, efetuadas ao longo de vários anos, da irradiação (kWh/m 2) global mensal média incidente na

20
Cablagem que resulta da junção de todos os cabos das fileiras e liga ao inversor central

31
zona de lisboa sobre plano fixo horizontal e inclinado a 30º e a 60º. Em termos anuais, a irradiação global
incidente nos três planos é o que se apresenta na figura, no canto superior direito. Pode observar-se que, em
termos anuais, é no plano fixo inclinado a 30º que é possível recolher mais energia [10].

Como não é prático, nem económico mudar a inclinação das superfícies coletoras consoante a estação
do ano, usam-se normalmente planos com inclinação fixa. A literatura da especialidade reporta que o plano
inclinado fixo que globalmente máxima a irradiação solar absorvida tem uma inclinação aproximadamente
igual à latitude do local. Deve também notar-se que no hemisfério norte os conversores fotovoltaicos devem
ser orientados a sul.

Figura 26 - Irradiação global mensal média sobre plano fixo horizontal e inclinado em Lisboa [12]

3.7.2 Temperatura

Na fase de projeto de um sistema fotovoltaico, quando os módulos não estão ainda instalados,
estabelece-se uma relação entre a temperatura ambiente, que pode ser medida na fase de projeto, e a
temperatura do módulo.

A temperatura na célula pode ser relacionada com a temperatura ambiente, e com a irradiação incidente
através da expressão:

𝐺(𝑁𝑂𝐶𝑇−20)
𝜃𝑐 = 𝜃𝑎 + (3.15)
800

em que:

 𝜃𝑐 – Temperatura da célula (0C)


 𝜃𝑎 - Temperatura ambiente (0C)
 G – irradiação solar incidente (W/m2)

32
 NOCT – temperatura normal de funcionamento da célula 21; este valor é dado pelo fabricante, e
representado a temperatura atingida pela célula em condições “normalizadas” de funcionamento,
definidas como 𝜃𝑎 = 200C (temperatura ambiente) e G =800 W/m2.

O valor do NOCT é relativamente constante para os módulos em comercialização, variando


habitualmente entre 45 e 47ºC, consoante os modelos.

3.7.3 Perda da qualidade dos módulos

Este parâmetro leva em consideração à degradação anual dos módulos, ao longo do seu tempo de vida
útil. Geralmente é fornecido pelo fabricante dos módulos, sendo que em geral varia entre 1% a 2 % [8].

3.7.4 Perdas por Incompatibilidade

As perdas por incompatibilidade (Mismatch losses), são causadas pelas ligações internas entre as
células fotovoltaicas, ou pelos módulos conectados em série ou em paralelo. As perdas por
incompatibilidade são um problema sério nos módulos fotovoltaicos, e em particular entre fileiras (String),
porque provoca perdas de potência, o que penaliza a eficiência e o desempenho do gerador fotovoltaico.

Existem dos tipos de incompatibilidade, incompatibilidade estática e incompatibilidade dinâmica.


Devido a dificuldade em contabilizar a incompatibilidade dinâmica numa base anual, está será omissa, e
no estudo desta dissertação só se contabilizará as perdas por incompatibilidade estática, que em geral varia
entre 0,3 à 2,5% [14].

3.8 Avaliação Económica

3.8.1 Taxa de Atualização

A maior dificuldade na avaliação de projetos resulta do fato de entradas e saídas de dinheiro se


escalonarem no tempo segundo as mais variadas sequências. O uso da taxa de atualização, também chamada
taxa de desconto, permite resolver esta dificuldade, ao converter valores financeiros entre diferentes
períodos temporais.

21
NOCT – Normal Operating Cell Temperature

33
A taxa de atualização pode, em geral, ser constituída por três componentes [10]

𝑟 = [(1 + 𝑇1 )(1 + 𝑇2 )(1 + 𝑇3 )] − 1 (3.17)

em que:

 𝑇1 : Taxa de rendimento real


 𝑇2 : Taxa (ou prémio) de risco
 𝑇3 : Taxa de inflação

A taxa de rendimento real para os capitais investidos é uma taxa que pretende compensar o investidor
pelo facto de não poder gastar atualmente o dinheiro investido, dado que foi aplicado no projeto.

A taxa de risco traduz o risco envolvido no projeto, e depende da evolução económica e financeira,
global e sectorial, do projeto, bem como o montante total envolvido. Regra geral quanto maior for o risco,
maior terá de ser a taxa de atualização a considerar.

A taxa de inflação não é considerada quando a análise for conduzida a preços constantes, neste caso
considera-se T3 =0, e a taxa de atualização obtida denomina-se taxa de atualização real, e se a inflação é
contabilizada, a taxa de atualização obtida denomina-se taxa de atualização nominal [10].

3.8.2 Indicadores de Avaliação de Investimentos

Os indicadores de avaliação de investimentos mais usados na avaliação de projetos de investimentos


em centrais de produção descentralizada são o Valor Atual Líquido (VAL), a Taxa Interna de Rendibilidade
(TIR), Tempo de Retorno de Investimento (Payback) e o Custo da Energia Produzida (LCOE).

3.8.2.1 Valor Atual Líquido – VAL

O Valor Atual Líquido (VAL) é a diferença entre as entradas e as saídas de dinheiro, os chamados
fluxos monetários (cash-flow), devidamente atualizados durante a vida útil (ou o período de análise) do
empreendimento:

R I
VAL = ∑nj=1 (1+a)j − ∑n−1
lj j
j=0 (1+a)j (3.18)

em que n é a vida útil (ou o período de análise) do empreendimento e a receita líquida RLj se obtém
para o ano j através de:

𝑅𝐿𝑗 = 𝑅𝑗 − 𝑑𝑜𝑚𝑗 𝐼𝑡 (3.19)

34
Isto é, pela diferença entre a receita bruta anual Rj e os encargos de O&M 22, 𝑑𝑜𝑚𝑗 𝐼𝑡 .

Um VAL positivo é um sinal da viabilidade económica do projeto. Significa que os resultados


alcançados permitem cobrir o investimento inicial, bem como a remuneração mínima exigida pelo
investidor (representada pela taxa de atualização), e ainda gerar um excedente financeiro. Um VAL nulo
significa a completa recuperação do investimento inicial, bem como a obtenção do rendimento mínimo
exigido pelos investidores e não mais do que isso, pelo que a rendibilidade de um projeto com estas
caraterísticas é incerta. Já um VAL negativo é uma indicação clara da inviabilidade económica do projeto.
Também convém realçar que, quanto maior for a taxa de atualização considerada no cálculo do VAL, menor
será o VAL obtido, uma vez que se está a exigir uma maior rendibilidade ao projeto de investimento [10].

3.8.2.2 Taxa Interna de Rendibilidade – TIR

A taxa Interna de Rendibilidade (TIR) é a taxa de atualização que anula o VAL, pelo que, da equação
de definição do VAL, resulta que o TIR satisfará a equação:

RLj Ij
∑nj=1 − ∑n−1
j=0 (1+TIR)j = 0 (3.20)
(1+TIR)j

A obtenção de um TIR superior à taxa de atualização considerado no cálculo do VAL significa que o
projeto consegue gerar uma taxa de rendibilidade superior ao custo de oportunidade do capital, o que
significa, em princípio, que estamos perante um projeto economicamente viável. Já o contrário quer dizer
que a rendibilidade mínima exigida não é alcançada. Os parâmetros que mais influenciam o TIR são, o
valor do investimento, a atualização anual e a receita líquida [10].

3.8.2.3 Tempo de Retorno Bruto (Payback)

O Tempo de Retorno Bruto do investimento T rb (ano) é o período findo o qual todo o investimento foi
recuperado. Este valor é dado pelo quociente:

It
Trb = R (3.21)
1 − d1

em que:

 R1: receita bruta anual, suposto constante

22
Operação e Manutenção

35
 d1: despesas anuais de exploração (Exclui despesas com o financiamento) supostas constantes.

O método supõe receitas, e encargos iguais todos os anos, e não se consideram atualizações [10].

3.8.2.4 Custo da Energia Produzida (LCOE23)

Num sistema fotovoltaico, os custos de investimentos, determinam o custo de produção da energia


elétrica gerada, já que os custos correntes - seguro civil, manutenção, são de reduzido significado.
Considerando os custos de produção de energia, os sistemas fotovoltaicos podem ser comparados com
outros sistemas de produção de energia. Convém também realçar que o retorno de capital investido tem
uma influência decisiva no cálculo dos custos de produção de energia [8]. O cálculo é efetuado através de
um rácio entre o custo do investimento inicial, mais os custos gerais, nos quais se incorrerá durante o tempo
de vida útil do sistema, denominado por CO&M (custo de Operação e Manutenção), onde também inclui
custo de seguro civil, entre outros eventuais custos, e a energia total produzida Ea durante a vida útil da
central fotovoltaica [8].

𝐶𝑖𝑛𝑣 + ∑𝑁
𝑡=0 C𝐎&𝐌 €
𝐋𝐂𝐎𝐄 = = 𝑴𝑾𝒉 (3.22)
𝑁∗𝐸𝑎

em que:

 Cinv – Custo do investimento inicial


 CO&M – Custo de Operação e Manutenção
 Ea – Energia produzida anualmente pelo sistema fotovoltaico
 N – Vida útil do sistema fv, geralmente é assumida uma vida útil entre 20 à 30 anos

A equação apresentada exclui juros e a valorização do capital investido.

23
Levelized Cost of Energy

36
4 Softwares para o dimensionamento e simulação de sistemas
fotovoltaicos

A forte procura por sistemas fotovoltaicos, e renováveis em geral, em alternativa as fontes de energia
convencionais, impulsionou uma procura enorme por softwares simples, de fácil utilização, destinados ao
dimensionamento, e simulação do desempenho dos respetivos sistemas.

Em [15], é feita uma revisão aprofundada de vários tipos de ferramentas para o estudo de sistemas
fotovoltaicos. O estudo foca na precisão das simulações feitas pelos mesmos, quando confrontados como
valores reais, e a comparação é feita entre os valores simulados nos respetivos softwares, e os valores
medidos numa central fotovoltaica de 19.8 kWp instalada na Trácia, Grécia.

Os Softwares comerciais descritos a seguir, são os quatro considerados mais precisos segundo [15], e
serão apresentados do mais preciso para o menos preciso, em relação a previsão da energia total elétrica
gerada pela central num ano. Por fim será apresentado o software Homer, que apesar de não estar bem
classificado na fonte [15], é um software bastante completo e amplamente utilizado.

4.1 Archelios Pro

Antigamente chamado de Solar Calc, é um software francês que permite o dimensionamento e


simulação de sistemas fotovoltaicos em três dimensões 3D. Também pode ser utilizado através de uma
extensão (Plugin) no software SKETCHUP24, onde disponibiliza a opção de visualização da irradiação
recebida em cada módulo, podendo optar por excluir módulos nas quais recebam pouca irradiação. Assim,
tem a vantagem de permitir estudar a envolvente da instalação e das potências sombras que poderão causar
perda de geração.

É reconhecido como um dos softwares de simulação mais precisos do mundo, segundo o estudo em
[16] e o já anteriormente referenciado [15]. Até a data da realização desta dissertação, era o único software
que dispensava instalação, porque utiliza um aplicativo Web, possibilitando deste modo a utilização em
qualquer dispositivo conectado a internet, e em que as atualizações são feitas automaticamente, no caso de
estar conectado com mais do que um dispositivo.

A localização dos projetos é feita através do Google Maps, e a escolha dos dados meteorológicos é
feita diretamente na página, através da escolha da estação meteorológicos mais perto do projeto em estudo.

24
Software de desenho em 3D cada vez mais utilizado por uma ampla comunidade de Engenheiros, Arquitetos e
Designer.

37
Outra grande valia deste software, é que o cálculo de obstáculos longínquos (impedindo a irradiação chegar
a destino), e o cálculo preciso das perdas devido aos sombreamentos próximos, em qualquer parte do
mundo, é feito de forma intuitiva e automática, dispensando cálculos complexos. Também possibilita
baseado na irradiação recebida, a visualização das curvas de corrente em função da tensão, I = f (V), para
cada módulos ou fileira (string) de módulos. Uma licença para um ano custa 690 Euros.

4.2 Polysun

O Polysun (Suíça) é um dos softwares mais completos existentes no mercado mundial no que toca a
soluções para aproveitamento de energia renovável. Na versão completa do software, vem com vários
módulos, desde sistemas fotovoltaicos, sistemas solares térmicos e até módulos de Geotermia, o que
possibilita a montagem de sistemas híbridos, e as combinações podem ser entre fotovoltaico, Caldeiras,
Bombas de Calor, máquinas de refrigeração, entre outros.

O forte deste software é o solar térmico, onde disponibiliza uma base de dados com vários modelos
físicos dos sistemas com as suas respetivas ligações, separados por fabricantes e por soluções usuais em
cada país. Ainda possibilita a opção de modificar os modelos ou construir uma de raiz. Também
disponibiliza uma base de dados com vários diagramas de carga típicos para cada aplicação, o que
possibilita a realização de uma simulação do sistema mesmo ainda numa face inicial.

Uma licença para um ano, somente para o módulo fotovoltaico, na versão profissional custa 399 Euros,
e na versão Designer custa 899 Euros, enquanto uma licença para o pacote completo do software na versão
profissional custa 1799 Euros, a versão Designer custa 3299 Euros, e a versão Premium custa 6900 Euros.

4.3 PVsyst

Desenvolvido especificamente para simular o desempenho de sistemas fotovoltaicos, é um dos


softwares mais antigos existentes no mercado mundial de softwares para sistemas fotovoltaicos. Foi
desenvolvido pela Universidade de Genebra (Suíça), com o intuito de ser uma ferramenta de apoio simples,
de fácil utilização, que pudesse ser usado por Instaladores, Arquitetos, Investigadores ou Engenheiros. Os
valores de irradiação solar podem ser importados tanto do portal PVGIS 25 ou da base de dados da NASA26,
e com poucos passos pode-se estimar rapidamente a produção elétrica de uma dada central fotovoltaica.

25
Photovoltaic Geographical Information System, é uma aplicação que fornece um inventário dos recursos de energia
solar e avaliação da geração de eletricidade a partir de sistemas fotovoltaicos na Europa, África e Sudoeste da Ásia com
base no mapa interativo disponível em http://re.jrc.ec.europa.eu/pvgis/apps4/pvest.php

26
National Aeronautics and Space Administration

38
Uma licença vitalícia para a versão Pro (limitado a instalações até 30 KWp) custa 927 Euros, e a versão
Premium custa 1205 Euros, já incluído um ano de atualizações grátis.

4.4 PVsol

O PVsol um software alemão, também desenvolvido exclusivo para sistemas fotovoltaicos, onde
permite a simulação dinâmica e visualização em 3D, com análise de sombreamento detalhado em sistemas
FV conectados à rede.

Uma licença vitalícia para a versão Expert custa 1228 Euros, e a versão Advanced custa 895 Euros,
mais custos de atualizações anuais.

4.5 Homer

HOMER (Hybrid Optimization of Multiple Energy Resources) é um software desenvolvido pelo


National Renewable Energy Laboratory (NREL) dos Estados Unidos da América. Este software é orientado
para a tarefa de avaliação de projetos energéticos, através da utilização de vários modelos energéticos tanto
para sistemas não conectados à rede, como para sistemas conectados.

Os algoritmos de otimização, e de análise de sensibilidade permite aos usuários avaliarem aspetos tanto
económicos como técnico, em uma ampla gama de opções tecnológicas, e leva em consideração várias
incertezas na previsão de custos em cada tecnologia, disponibilidade dos recursos energéticos, entre outras
variáveis.

Os sistemas de energia em estudo podem ser fotovoltaicos, mas também turbina eólicas, central
hidroelétricas ou biomassa, grupos de eletrogeradores a gasóleo, pilhas de combustível ou um sistema
hibrido das combinações anteriores.

Uma licença anual Standard custa entre 445 à 889 Euros.

4.6 Discussão sobre a adequabilidade de utilização destas ferramentas

Os softwares supracitados, a exceção do software Homer, são ferramentas amplamente utilizadas por
empresas de projeto e de instalação, em que implicam que haja um domínio técnico muito específico, pelo
que não são adequadas para desenvolver estudos de pré-viabilidade económica, o que implica que não
permitem avaliar financeiramente, projetos desenvolvidos para o contexto português. Outro fator é o custo
elevado das licenças dos respetivos softwares.

39
Em contrapartida o software Homer pode ser utilizado por usuárias menos experientes ou com pouca
bagagem técnica, as licenças são relativamente mais acessíveis, apresentando o único inconveniente sobre
a precisão dos resultados alcançados, principalmente os resultados sobre avaliação económica do projeto
em estudo.

40
5 Planeamento do sistema fotovoltaico

O planeamento de uma instalação fotovoltaica segue uma metodologia bem sistematizada que se divide
em 4 etapas fundamentais [8], [17]:

1. A primeira etapa visa o estudo da envolvente, económica, legal e geográfica. As características do


local, e o regime em vigor para o tipo de exploração pretendida, são fatores decisivos para a correta
avaliação do projeto.
2. A segunda etapa está relacionada com o dimensionamento dos componentes do sistema. Esta
centra-se na escolha dos equipamentos adequados, conceção do sistema e dimensionamento dos
inversores e respetivos cabos de ligação.
3. Na terceira etapa considera-se o tipo de ligação à rede. Nesta fase, têm de se ter em conta, de
acordo com a potência instalada, o tipo de interligação entre o sistema de produção elétrica e a
rede. A decisão baseia-se, na escolha do nível de tensão, como a eletricidade é injetada na rede
(Baixa Tensão – BT ou Média Tensão – MT) e quais os meios necessários para que os requisitos
tarifários e de segurança sejam respeitados.
4. A quarta e última etapa resultam no cálculo da viabilidade económica. O estudo do desempenho
do sistema na conversão energética, associado ao sistema tarifário aplicado na altura, traduz a
rentabilidade financeira do projeto. Com base neste estudo é possível, a partir da quantidade de
energia injetada na rede durante o tempo de vida útil do sistema fotovoltaico, planificar o tipo de
investimento, avaliar a sua fiabilidade, e estimar o tempo de retorno desse investimento.

5.1 Visita e levantamento das características do local

Para se poder começar a planear um sistema fotovoltaico, tendo em vista o seu posterior
dimensionamento e avaliação económica, é fundamental conhecer bem o local da instalação. A visita ao
local da instalação permitirá efetuar uma avaliação prévia sobre as condições básicas existentes, que
poderão levar desde logo a uma indicação mais ou menos favorável sobre a instalação de um sistema
fotovoltaico.

Um dos passos iniciais consistirá em reconhecer se as coberturas em questão, são ou não apropriadas
à colocação de um sistema fotovoltaico descentralizado, como também a verificação da área útil disponível
pelas mesmas.

É necessário ainda caracterizar os trabalhos necessários para a instalação do gerador fotovoltaico, como
a identificação do espaço adequado para a localização do inversor, o traçado da rede da cablagem do
sistema, assim como os eventuais trabalhos de modificação da caixa do contador, entre outros.

Neste contexto, essas condições passam pela verificação e registo dos seguintes dados:
41
 Verificação da orientação azimutal, e inclinação das estruturas disponíveis à colocação do sistema
fotovoltaico;
 Formato da cobertura, características da estrutura e subestrutura;
 Verificação dos valores de irradiação e temperatura do local;
 Acesso e condições de trabalho, no decorrer da instalação;
 Localização do ponto de interligação com à rede elétrica;
 Verificação e recolha de dados que facilitem o estudo da existência de sombreamentos;
 Comprimento dos cabos, rede de cablagem e método de implantação da canalização elétrica;

5.2 Componentes do sistema

5.2.1 Seleção dos Módulos fotovoltaicos

Depois de analisar as características do local, é necessário escolher os módulos fotovoltaicos a aplicar


no projeto. A escolha dos mesmos deve ser feita de uma forma cuidada e de acordo com as características
registadas na etapa anterior.

Para seleção dos módulos numa fase inicial tem que ser escolhidos em função [8]:

1. Do tipo de material: Monocristalino, Policristalino, Amorfo, Terulieno de Cádmio (CdTe),


Disselenieto de cobre e Índio (CIS), Arsenieto de gálio (GaAS);
2. Tipo de módulo: Módulo standard com ou sem armação, módulo semitransparente, telha
fotovoltaica, ect;

Deve ter-se ainda em consideração, o custo dos módulos, dependendo da marca, e do modelo, como
também da potência dos módulos que vão compor o sistema. De seguida já é possível calcular o numero de
módulos necessários, de acordo com a potência requerida ou/e área disponível.

Os módulos escolhidos no projeto foi selecionados segundo estes dois critérios:

 Melhor razão entre Qualidade/preço;


 Fabricante de módulos mais bem classificado no teste de rendimento de 2014, realizado pelo
laboratório Photon27.

27
http://www.photon.info/photon_aboutus_en.photon?ActiveID=1120

Um dos focos é a publicação de medições de rendimento sob condições de teste padrão (STC), e os resultados de 2014
podem ser consultados no Anexo C

42
5.2.2 Orientação dos módulos fixos

A orientação ótima dos módulos fixos é aquela que permite o melhor aproveitamento da irradiação
solar incidente. Para que esse aproveitamento se verifique, os módulos devem estar orientados para o sul
(azimute zero) em países acima do meridiano equatorial, ou para norte em locais pertencentes ao hemisfério
sul.

Relembrando o ponto 3.7.1, para orientação dos módulos fixos segundo sua horizontal em termos
anuais, é o plano com inclinação de 30º que possibilita a maior recolha de energia durante o ano em Lisboa.
Como a latitude de Almada (Feijó), é apenas ligeiramente inferior a de Lisboa, também será a inclinação
adotado neste estudo.

Na Tabela 5 apresenta-se a comparação entre a irradiação recebida a inclinação ótima, e a inclinação à


30º discutida anteriormente, e no ponto 3.7.1. Nesta tabela, temos os termos: Irradiação incidente nos
módulos com o angulo de inclinação ótima (H. Opt); Irradiação incidente nos módulos ao angulo de 30 (H
(30)); Inclinação ótima para o respetivo mês (I. Opt); e Temperatura média (T. med).

Tabela 5 - Irradiação ótima vs. Irradiação a 30º

Os edifícios da empresa Entreposto ficam localizados a latitude de 3838´57´´ e longitude -99´55´´.


Verificou-se que o angulo de inclinação ótimo para o sistema localizada em Feijó -Almada é de 35o, mas
optou-se por 30o: a diferença entre inclinação escolhida e a inclinação ótima (35º) é quase nula em termos
de rentabilidade energética, mas um angulo menor permite encurtar a distância entre as fileiras, o que
permite a maximização do número de fileiras com painéis fotovoltaicos.

5.2.3 Sombreamento nos painéis fotovoltaicos

A existência de sombreamento nos módulos fotovoltaicos conduz a vários ploblemas, quer a nível de
eficiência, que traduz-se na perda de potência, quer a nível de segurança dos módulos.

43
É de realçar que no caso de este projeto em específico, foi verificado após varias visitas, que nas
coberturas dos edifícios em estudo, edifício Audi e edifício Opel, não deverá existir qualquer problema com
possíveis sombreamentos provocados por obstáculos sobre os módulos fotovoltaicos, desde que se evite o
sombreamento entre as fileiras.

5.2.3.1 Sombreamento entre as fileiras

Para evitar o auto-sombreamento provocado pela inclinação dos painéis, os painéis estabelecidos em
fileira nas respetivas coberturas dos edifícios, devem ficar afastadas entre si o suficiente, para não se
sombrearem entre si. Assim para evitar que a central fotovoltaica tenha grandes quedas de rendimento, deve
levar-se em conta a distância mínima de segurança entre as fileiras, como se pode observar na Figura 27.
O ângulo β, corresponde à altura mínima do sol, observada no dia 22 de Dezembro, onde este, determina o
afastamento máximo entre fileiras de modo a evitar o sombreamento entre elas, sendo  à inclinação dos
painéis, e d o afastamento entre fileiras.

Figura 27 - Análise da distância entre fileiras [18]

O afastamento entre fileiras é dado pela seguinte expressão [18]:

𝑠𝑒𝑛𝛼
𝑑 = 𝐿 ∗ (𝑐𝑜𝑠𝛼 + ) (5.1)
𝑡𝑔𝛽

em que:

 L - Altura do painel fotovoltaico


  - Inclinação do painel
 β - Ângulo da altura mínima do sol
 d - Será o afastamento entre as fileiras

5.2.4 Inversores

Aspetos de Dimensionamento a ter em conta

44
Os inversores devem ser selecionados de acordo com a configuração do sistema. Esses devem
responder às necessidades de potência e de tensão de funcionamento. É muito importante que a escolha, e
posterior dimensionamento, tenham em atenção a preservação do inversor, pelo que este deve estar
protegido da humidade, radiação, temperatura, bem como das restantes condições climatéricas que podem
condicionar o seu tempo de vida útil [8].

Durante muito tempo considerou-se como solução primordial para uma instalação fotovoltaica, a de
instalação de uma unidade de conversão central DC para AC (inversor central), dimensionada para suportar
o sistema gerador total. Devido a avanços na tecnologia de conversão, principalmente no campo da
eletrónica, está-se cada vez mais, a abandonar o conceito do inversor central, e a adaptar novas tendências,
principalmente em sistemas de dimensão média, como instalação de vários inversores de pequena
dimensão, surgindo assim o conceito de inversores descentralizados, como inversores de cadeia de
módulos, e inversores diretamente integrados nos módulos [8].

Determinação da potência dos inversores

Dentro da vasta gama de inversores, entre varias marcas e potências, todas devem satisfazer as
características do gerador fotovoltaico, a qual vai ser interligado. A potência escolhida para inversor deve
estar relacionada numa razão de 1:1, em relação a potência do gerador fotovoltaico, admitindo uma variação
de 20% [8].

0.7 ∗ 𝑃𝑚𝑝 < 𝑃𝑖𝑛𝑣𝐷𝐶 < 1.2 ∗ 𝑃𝑚𝑝 (5.2)

É favorável a escolha de um inversor com uma potência menor do que a potência do gerador
fotovoltaico 𝑃𝑖𝑛𝑣𝐷𝐶 < 𝑃𝑚𝑝 , visto que a eficiência do inversor decresce para gamas de potência inferiores à
da potência nominal. Os geradores fotovoltaicos na maior parte do tempo disponibilizam cerca de 60 %, ou
menos da potência nominal (STC28) na qual foi projetada. Com o intuito de otimizar a eficiência do inversor,
é frequente subdimensionar de maneira a operar em gamas de potência mais próximas da operacional, como
se pode observar na Figura 28.

28
1000 W/m2, 25ºC, AM 1.5

45
Figura 28 - Desempenho do gerador fotovoltaico sobredimensionado [19]

Para os dias de maior irradiação, ao sobredimensionar o gerador fotovoltaico para uma potência 20%
superior a potência do inversor, como se pode verificar na Figura 28 (Dia com limitação de potência na
saída do inversor, linha amarela), a potência na saída do gerador fotovoltaico está próximo da potência
máxima do inversor, maximizando deste modo a quantidade de energia entregue a rede elétrica, enquanto,
se o sobredimensionamento for excessivo, ou seja potência do gerador fotovoltaico 50% superior a potência
do inversor, linha a verde na Figura, num certo instante ocorrer um corte na entrega da energia elétrica à
rede, já que a potência na saída do gerador fotovoltaico num dado instante ultrapassa a potência máxima
do inversor.

Esta prática permite manter elevados níveis de eficiência do inversor (rendimentos superiores a 90 %),
mesmo para baixos níveis de irradiação solar. Outra vantagem que se verifica é a redução de custos de
aquisição, já que é necessário um inversor com potência 20% inferior, para mesma potência do gerador
fotovoltaico [19].

Determinação da tensão do inversor

A tensão de uma fileira é a soma das tensões de cada módulo, visto que estes estão ligados em série, o
que implica que a amplitude da tensão no inversor será portanto, igual à tensão da fileira. Uma vez que a
tensão do módulo depende da temperatura, o inversor necessita de ser dimensionado para situações de
operação extrema de Inverno e de Verão, por forma a definir-se um intervalo de funcionamento, em que
deve ser ajustado em função da curva do gerador fotovoltaico [8].

No cálculo do intervalo de operação do inversor, tem que ter em atenção aos pontos de funcionamento
de operação de MPPT para várias temperaturas como mostra a Figura 29, de modo a garantir o máximo
rendimento do inversor.

46
Figura 29 - Região de operação do inversor de acordo com a tensão e a corrente [8]

Tem que se ter em atenção, para as diferentes temperaturas, o valor da tensão máxima do inversor,
𝑚𝑎𝑥
𝑉𝑖𝑛𝑣 .

O primeiro valor a considerar, deriva da estação fria, para uma temperatura do módulo de -10ºC.

Em baixas temperaturas, o valor máximo que a tensão de funcionamento do módulo pode atingir é a
tensão de circuito aberto, 𝑉𝑐𝑎−10º𝑐 . Para o caso, a tensão de uma fileira corresponderá assim à soma das
tensões 𝑉𝑐𝑎−10𝑐 dos módulos. Esta não deve ser maior que a tensão máxima do inversor, caso contrário o
inversor corta o trânsito de energia [8].

A tensão de circuito aberto à temperatura de -10ºC, vem normalmente especificado nas fichas técnicas
fornecidas pelos fabricantes. Se não for fornecido nenhum destes dados, será especificado a variação da
tensão ∆𝑉 em % ou em mV, em função da temperatura.

Recorrendo as fórmulas seguintes é possível obter a tensão de circuito aberto (𝑉𝑐𝑎−10º𝑐 ) para uma
temperatura de -10 ºC, a partir da tensão de circuito aberto nas condições referência (V ca (STC)) [8]:

∆𝑽 em % por cada ºC

35∆𝑉
𝑉𝑐𝑎−10º𝑐 = (1 − ) 𝑉𝑐𝑎STC (5.3)
100

∆𝑽 em mV por cada ºC

𝑉𝑐𝑎−10º𝑐 = −35º𝐶 ∗ ∆𝑉 (5.4)

Para os elevados níveis de irradiação do Verão, um sistema fotovoltaico terá uma tensão aos seus
terminais inferior àquela que se verifica para as condições de referência STC. Se a tensão operacional do

47
gerador cair abaixo da tensão mínima MPP29 do inversor, a eficiência global do sistema fica comprometida
e, na pior das hipóteses, poderá provocar um corte no mesmo. Por este motivo, a tensão considerada numa
fileira à temperatura de 70ºC, deverá ser superior à tensão mínima MPP do inversor [8]:

Se a tensão do módulo no MPP à 70ºC não for especificada na folha de dados do fabricante, esta poderá
ser calculada a partir da tensão MPP nas condições de referência CTS (VMPP (STC)), através do coeficiente
∆𝑉 em % ou em mV por cada ºC, como se segue:

∆𝑽 em % por cada ºC

45∆𝑉 STC
𝑉𝑐𝑎70º𝑐 = (1 + ) 𝑉𝑀𝑃𝑃 (5.5)
100

∆𝑽 em mV por cada ºC

STC
𝑉𝑐𝑎70º𝑐 = 45º𝐶 ∗ ∆𝑉 + 𝑉𝑀𝑃𝑃 (5.6)

Com base nos valores de tensão supracitados, é possível determinar o número máximo e mínimo de
módulos por fileira:

Número máximo de módulos por fileira:

Vinv
max
nmax = −10ºC (5.7)
Vca

Número mínimo de módulos por fileira:

Vinv
nmin = MPPmin
(5.8)
V70ºC
ca

Determinação da corrente do inversor

A corrente do gerador fotovoltaico caracteriza-se pela soma das correntes de cada fileira, e essa não
pode exceder o limite máximo da corrente de entrada no inversor. Por conseguinte, é possível calcular o
número máximo de fileiras em paralelo que verifique as condições do inversor, como comprova a equação
[8]:

𝑖𝑛𝑣
𝐼𝑚𝑎𝑥
𝑓𝑖𝑙𝑒𝑖𝑟𝑎
𝑛𝑚𝑎𝑥 ≤ 𝑓𝑖𝑙𝑒𝑖𝑟𝑎 (5.9)
𝐼𝑛

29
Maximum Power Point – Ponto de máxima potência

48
𝑖𝑛𝑣 𝑓𝑖𝑙𝑒𝑖𝑟𝑎
Em que 𝐼𝑚𝑎𝑥 é a corrente máxima DC admissível pelo inversor e 𝐼𝑛 é a corrente nominal de cada
fileira.

5.2.5 Cablagem para sistema fotovoltaico

Depois de selecionar os equipamentos principais dos geradores fotovoltaicos (módulos e Inversores),


e de ter escolhido o local de instalação dos mesmos, estão reunidas as condições necessária para efetuar o
dimensionamento das cablagens dos sistemas, tanto no lado DC, como no lado AC. De modo a evitar
acidentes provenientes de sobreaquecimento, é crucial uma cablagem devidamente ajustada as grandezas
elétricas e térmicas do sistema.

O dimensionamento dos cabos segue três critérios essenciais:

1. O cumprimento dos limites fixados pela tensão nominal;


2. O cumprimento dos limites fixados pela intensidade de corrente máxima admissível do cabo;
3. Minimização das perdas na linha.

A tensão dos sistemas fotovoltaicos, normalmente não ultrapassa a tensão nominal dos cabos Standard,
que se situam entre os 300 e os 1000 V.

5.2.5.1 Redução das quedas de tensão nos cabos

Lado DC

No processo de dimensionamento da secção dos cabos deve ter-se em consideração a necessidade de


reduzir o máximo possível as perdas resistivas. Em [8], a norma Alemã VDE 0100 Parte 712 (1988)
adaptada em Portugal, sugere que a queda da tensão máxima admissível no circuito condutor não deve ser
superior a 1% da tensão nominal do sistema fotovoltaico para as condições de referência STC. Este critério
determina que se limite a 1% as perdas de potência nos cabos DC do sistema.

De forma a reduzir ao máximo as perdas resistivas, é boa pratica garantir que o inversor seja instalado
o mais perto possível do gerador fotovoltaico [8]

Lado AC

A queda de tensão máxima admissível entre os pontos de ligação à rede e o lado AC dos inversores,
não deverá ser superior a 3%, relativamente a tensão nominal de rede.

49
5.2.5.2 Proteção contra curto-circuito

Para proteger as cablagens deve ter-se em atenção que a corrente de curto-circuito é aproximadamente
igual à corrente nominal, o que condiciona o tipo de fusível a utilizar para a proteção de curto-circuitos. De
𝑐𝑎𝑏𝑜
modo a evitar cortes inesperados, a corrente máxima no cabo 𝐼𝑚𝑎𝑥 deverá ser 25 % superior à corrente
nominal do cabo 𝐼𝑛𝑐𝑎𝑏𝑜 [8].

𝑐𝑎𝑏𝑜
𝐼𝑚𝑎𝑥 ≥ 1.25𝐼𝑛𝑐𝑎𝑏𝑜 (5.10)

No entanto, os fusíveis devem garantir que a corrente máxima admissível nos cabos se encontra entre
𝑓𝑢𝑠𝑖𝑣𝑒𝑙
a corrente nominal 𝐼𝑛 e a corrente de corte30 𝐼𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 do respetivo aparelho de proteção. Por sua vez a
corrente de corte não deve ser superior a 15% da corrente máxima admissível nos cabos. O presente
parágrafo se traduz na equação seguinte [8]:

𝑓𝑢𝑠𝑖𝑣𝑒𝑙 𝑐𝑎𝑏𝑜 𝑐𝑎𝑏𝑜


𝐼𝑛 ≤ 𝐼𝑚𝑎𝑥 ≤ 𝐼𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 ≤ 1.15 𝐼𝑚𝑎𝑥 (5.11)

5.2.5.3 Seção dos cabos

O dimensionamento da seção dos cabos numa instalação fotovoltaica é dividido em duas partes
principais:

 Dimensionamento do lado DC, que faz a interligação entre os geradores fotovoltaicos aos
respetivos inversores.
 Dimensionamento de lado AC, que faz a interligação entre os inversores ao posto de transformação
(Rede Elétrica Serviço Publico - RESP)

Lado DC

De acordo com a norma IEC 60364-7-712 os cabos de fileira devem suportar correntes 1.25 vezes
superiores à corrente de curto-circuito do gerador, e devem estar protegidos contra falhas de terra [8].

𝑐𝑎𝑏𝑜
𝐼𝑚𝑎𝑥 ≥ 1.25𝐼𝑐𝑐 (5.12)

𝑐𝑎𝑏𝑜
Em que 𝐼𝑚𝑎𝑥 é a corrente máxima que o cabo deverá ser capaz de transportar e 𝐼𝑐𝑐 é a corrente de
curto-circuito do gerador fotovoltaico.

30
A corrente de corte é a corrente máxima tolerada pelo dispositivo de proteção, qualquer corrente acima faz o
dispositivo desligar cortando o trânsito de corrente.

50
Para garantir a segurança e fiabilidade do transporte de corrente no sistema, a secção transversal do
cabo de fileira deve ser determinada a partir da corrente do corte do fusível de proteção 𝐼𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 . Como visto
anteriormente, está omisso que a queda de tensão admitida no dimensionamento é de 1 % [8].

A equação 5.13 é a equação que permite calcular a secção dos cabos em corrente contínua S DC:

2LDC Icorte
SDC = (5.13)
1%Vfileira K

Onde:

 SDC é a seção do cabo DC


 LDC é o comprimento do cabo DC
 Vfileira é a tensão admitida na fileira
 K é a condutividade elétrica do condutor (34 m/Ω.mm2 para o alumínio, e 56 m/Ω.mm2 para o
cabre)

Os valores obtidos através da equação 5.13 devem ser arredondados para o maior valor aproximado
das seções nominais dos cabos Standard (2.5 mm2, 4 mm2, 6 mm2, …)

Lado AC

O cabo de ligação de corrente alternada liga o inversor à rede recetora, através do equipamento de
proteção. No caso dos inversores trifásicos, a ligação à rede de baixa tensão é efetuada com um cabo de
cinco polos. Para os inversores monofásicos é usado um cabo de três polos. No cálculo da secção transversal
do cabo de alimentação AC, assume-se uma queda de tensão máxima admissível na linha de 3% [8].

A equação 5.14 e 5.15, são as equações que permite calcular as secções dos cabos S AC, tanto para o
caso de uma rede elétrica monofásico como trifásica.

Instalação monofásica

2LAC InAC𝑐𝑜𝑠𝜇
SAC = (5.14)
3%Vns K

Instalação trifásica

√3LAC InAC𝑐𝑜𝑠𝜇
SAC = (5.15)
3%Vns K

Onde:

 SAC é a seção do cabo AC

51
 LAC é o comprimento do cabo AC
 InAC é a corrente nominal AC
 𝑐𝑜𝑠𝜇 é o fator de potência do inversor
 Vns é a tensão simples (220V) ou tensão composta (400 V)
 K é a condutividade elétrica do condutor (34 m/Ω.mm2 para o alumínio e 56 m/Ω.mm2 para o
cobre)

5.3 Ligação a Rede Elétrica de Serviço Público – RESP

Antes da ligação à rede deve-se assegurar que o sistema respeita as normas de proteção, das quais se
destacam:

 A proteção contra descargas atmosféricas,


 A ligação à terra.

As instalações fotovoltaicas devem possuir equipamentos para proteção da interligação com a rede
pública que devem assegurar as funcionalidades previstas no Guia Técnico das Instalações de Produção
Independente de Energia elétrica de máximo/mínimo de tensão, e de frequência e, quando a ligação à rede
for no nível de média/alta tensão máximo de corrente e de tensão homopolar [20].

Nas instalações com inversor DC/AC dispensa-se a aplicação de dispositivo externo de proteção contra
máximo/mínimo de tensão e de frequência, conforme indicado no Guia Técnico das Instalações de
Produção Independente se [20]:

 Para equipamentos até 16A por fase (3,68kW / 11,04kW de potência nominal), for apresentado
certificado de conformidade com a norma EN 50438, ou VDE126-1-1;
 Para equipamentos de potência nominal superior a 3,68 kW monofásico e 11,04 kW trifásico e
não superior a 30KW, for apresentado certificado de conformidade com a norma VDE126-1-1;
 Para equipamentos de potência superior a 30 kW, apresentação de Declaração do fabricante
atestando o cumprimento da norma VDE126-1-1.

52
6 Caso de Estudo

Neste capítulo apresenta-se a metodologia usada para o dimensionamento de um sistema fotovoltaico


em autoconsumo para a empresa Entreposto Auto, pertencente ao Grupo Entreposto, localizada em Feijó,
Almada, a qual possui uma tarifa elétrica tetra-horaria, e que apresenta três tipos de consumo diferentes:
consumo típico de um dia de semana, consumo típico de um sábado em que apenas os concessionários
estão abertos e as oficinas e escritórios fechados, portanto possui um consumo mais baixo, e o consumo de
Domingo, com atividade reduzida.

Para solucionar os problemas encontrados, foi desenvolvido uma folha de cálculo, configurada para
simular o desempenho de qualquer sistema fotovoltaica em autoconsumo, desde que a tarifa do edifício em
estudo seja tetra-horária.

A folha de cálculo funciona através do princípio de balanços de energia. Por isso é necessário fornecer
o diagrama de carga médio da instalação, que posteriormente será convertida em energia, e a irradiação
média incidente no local em estudo, que também é convertida em energia em função da potência do sistema
fotovoltaico em estudo.

O balanço de energia é feito quinze em quinze minutos (15 em 15 min), em que quando a procura
elétrica do edifício é superior a energia produzida pela central fotovoltaica, toda a energia produzida pelo
sistema é absorvida pelo edifício, e a energia em falta é comprada à rede elétrica RESP. No cenário inverso,
a energia em excesso produzido pelo sistema é injetada na rede elétrica RESP.

A folha é dividida em dois períodos, período de hora legal de Inverno, período I e IV (1 janeiro à 31
Março, e 1 Outubro à 31 Dezembro), e período de hora legal de Verão, período II e III (1 Abril à 30 Junho,
e 1 Julho à 30 setembro) segundo publicado pela ERSE 31.

Mostra-se de seguida na Figura 30, uma parte da folha de inserção de dados, ferramenta criada em
Excel.

31
Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, Consultar Anexo D

53
Figura 30 - Ferramenta desenvolvida no Excel

Como o perfil de consumo elétrico dos edifícios é típico de instalações do sector comercial e de
serviços, significa que grande parte dos consumos da instalação estão distribuídos entre o horário de Ponta
(P1), e o horário de cheia (P2), altura em que se verifica grande disponibilidade do recurso solar. Neste
cenário, a energia gerada pela central solar será prontamente absorvida na instalação, originando não só
uma redução dos encargos com a eletricidade face a empresa Endesa, como também permite diminuir a
potência de ponta absorvida pelas mesmas e ainda reduzir os custos de acesso às redes.

A energia produzida pelo sistema fotovoltaico e posteriormente absorvida na instalação, é contabilizada


nos diferentes períodos como custo evitado (poupança), e no caso da hora de ponta P1, também é
contabilizada à potência de hora de ponta evitada. Os custos evitados são contabilizados do mesmo modo
que são contabilizados os custos de compra de energia sem a existência do sistema fotovoltaico nos
respetivos períodos P1, P2, P3 e P4.

Esta contabilização é feita mês a mês, e é a receita gerada pelo sistema fotovoltaico no respetivo mês
em estudo.

6.1 Dimensionamento de um sistema fotovoltaico ligado à rede elétrica

Como o investimento inicial em sistemas fotovoltaicos é bastante elevado, este estudo tem por objetivo
apresentar os prós e contra entre diferentes potências possíveis a serem instaladas dentro do enquadramento
das UPAC. As potências estudadas foram 30 KWp, 45 KWp, 55 KWp, 65 KWp e 75 KWp. A capacidade
máxima para o sistema é de 75 kWp, porque é limitada pela área disponível para instalação dos módulos,

54
mas segundo [7] alínea b do artigo 5º, a potência máxima de ligação da UPAC não pode ser superior à
potência contratada que neste caso é de 116 kW.

Na presente dissertação é apresentado os resultados referentes ao sistema fotovoltaico de 65 KWp,


sendo a análise semelhante para restantes potências (resumo apresentado no ponto 6.6).

6.1.1 Escolha dos Módulos Fotovoltaicos

Os módulos considerados neste estudo foram módulos policristalinos, da marca Q.Plus – G3 280 Wp,
do fabricante Alemão Hanwha Q Cells (consultar catálogo em Anexo E). O material escolhido à partida,
para os módulos foi o policristalino, já que tem a melhor razão qualidade/preço quando comparado com os
painéis monocristalinos.

A marca escolhida deu-se pelo facto, de ser à mais bem colocado na categoria multicristalino
(policristalino) em 2014 (Consular Anexo C). É de realçar a importância do segundo critério introduzido,
já que o tempo de retorno de investimento (Payback) no estudo da viabilidade económica do projeto, tem
por base a produção de uma certa quantidade de energia elétrica anual durante o seu ciclo de vida, e esta,
pode ficar comprometida, se os módulos apresentarem uma degradação mais acentuado do que é
apresentado nos respetivos catálogos.

6.1.2 Irradiação Solar

Para obter dados sobre a irradiação solar incidente em Feijó, Almada, recorreu-se a página PVGIS32
disponível na internet, e os dados foram introduzidas nas respetivas folha de cálculo, a irradiação
introduzida foi para cada respetivo mês. A título do exemplo no Anexo F pode-se consultar os valores de
irradiação para o mês de Agosto.

Recorrendo-se ao software PVsyst, introduzido no ponto 4.3, foi possível traçar o percurso solar em
função das coordenadas geográficas e, assim se obtém a altitude, e a distância azimutal do sol para qualquer
altura do ano.

32
Photovoltaic Geographical Information System, é uma aplicação que fornece um inventário dos recursos de energia
solar e avaliação da geração de eletricidade a partir de sistemas fotovoltaicos na Europa, África e Sudoeste da Ásia com
base no mapa interativo disponível em http://re.jrc.ec.europa.eu/pvgis/apps4/pvest.php

55
Figura 31 - Posição Solar diária, Entreposto Auto, Feijó, Almada

Ficam assim reunidas as condições para determinar a distância entre as fileiras. Os módulos serão
orientados na horizontal (comprimento paralelo a horizontal), o que implica que a altura dos painéis é L=
1 m, e como a altura mínima do sol β=27º extraída da Figura 31 para o dia 22 de Dezembro ao meio dia,
pode calcular-se a distância minimia entre fileira d, utilizando a equação 5.1 apresentado no item 5.2.3

𝑠𝑒𝑛30
𝑑 = 1 ∗ (𝑐𝑜𝑠30 + ) = 1.85 𝑚 (6.1)
𝑡𝑔27

Optou-se por uma distância de d=2 m, de modo a ter uma margem de segurança.

6.1.3 Coberturas disponíveis para à instalação do sistema fotovoltaico

Sabendo a distância a ser respeitada entres as fileiras dos módulos solares mencionada a cima, já
podemos projetar a disposição dos mesmos.

Os edifícios são desfasados cinco graus (5º Este) em relação ao sul geométrico, e através das figuras
em baixo, se consegue visualizar as áreas consideradas para instalação do sistema fotovoltaico tanto no
edifício Audi, como no edifício Opel.

Figura 32 - Dimensionamento do sistema fotovoltaico, a esquerda edifício Opel, a direita edifício Audi

56
Figura 33 - Vista em planta do sistema fotovoltaico, a esquerda edifício Audi, a direita edifício Opel

O edifício Audi tem uma área de cobertura disponível de 782 m2, e com os módulos fv supracitados de
280 Wp, possibilita uma potência de 45 kWP. Como representado na Figura 32 e na Figura 33, dispõem de
7 filas com 23 painéis cada, perfazendo 161 painéis, totalizando 45 kWP.

No edifício Opel, há três (3) áreas disponíveis de 176 m2 cada, e cada área tem uma capacidade
projetada de 10kWp, dispondo de 3 fileiras com 12 painéis cada, perfazendo 36 painéis, o que possibilita
contribuir com mais 30 kWp.

Cada área da cobertura perfaz um grupo gerador fotovoltaico que será interligado entre si, mas o
dimensionamento de cada grupo é de forma independente, pelo que a energia produzida pelo sistema é a
soma das energias geradas por cada grupo fotovoltaico, e o sistema total fotovoltaico poderá ter uma
potência máxima de 75 KWp.

Para os trabalhos a realizar na cobertura, bem como as estruturas de suporte dos módulos solares, o
cliente, deverá apoiar-se na realização de uma consulta aos empreiteiros locais, já que este estudo concentra-
se no dimensionamento dos componentes do sistema fotovoltaico em si. Contudo a ferramenta considera
uma estimativa dos custos para realização de estas atividades acima mencionadas, embora os custos tenham
de ser posteriormente validos por orçamentos de empresas da especialidade.

6.1.4 Dimensionamento dos inversores

Como exposto no ponto 5.2.4, em sistemas de dimensão medio, está-se a utilizar o conceito de inversor
em cadeia de módulos, pelas vantagens citadas no item. O que significa que o dimensionamento é feito
simplesmente conectando módulos em série até a atingir a tensão pretendida, mas nunca excedendo a tensão
máxima de entrada imposta em cada terminal do inversor, e a corrente máxima suportada por cada MPP 33.

33
Maximum Power Point - Ponto de Máxima Potência

57
Tendo em consideração que são quatro (4) geradores fotovoltaicos independente, dispersos entre si (3
de 10 kWp, e 1 de 45 kWp), a conversão para a corrente alternada é feita a seguir de cada gerador.

Os inversores escolhidos para o projeto, depois de ter sido feito um estudo comparativo entre diversos
fabricantes, foram os Sunny tripower do fabricante SMA por apresentar a melhor razão qualidade/preço.
Estes são conversores DC/AC, auto-comutados e sem transformador, disponibilizando uma ampla gama de
potências facilitando a seleção para o projeto em estudo.

A eficiência máxima de conversão DC/AC conseguida é de 98%, e a eficiência segundo normas


europeias é de 97.6 %. Estes inversores são equipados com dispositivos que permitem a detenção de falhas
na rede de cabos AC, e acionam o corte assim que se detete algum defeitos na linha. Estes inversores
também estão equipados com proteção contra polaridade inversa nos cabos CC, incluem monitorização no
caso falha de aterramento, e tipo de proteção I e II de acordo com IEC 62103 e IEC 60664-1.

Para o dimensionamento das fileiras recorreu-se ao software Sunny Design disponibilizado pelo
fabricante SMA, tanto em versão Web, como versão de computador, e os resultados podem ser consultados
no Anexo G. Os módulos foram agrupados de forma mais otimizada possível, e de modo a otimizar a tensão
de cada fileira.

Como referido no ponto 5.2.4, o sobredimensionamento do grupo gerador dentro de uma margem de
kWh anuais
20%, face a potência nominal do inversor, aumenta a rentabilidade energética anual do sistema .
kW

Aumentar a rentabilidade energética anual do sistema geralmente resulta numa razão de gerador
fotovoltaico por inversor, compreendida na gama de 1:10 à 1:25, dependendo da localização do projeto em
estudo [19].

A tabela seguinte resume o supracitado, sendo que na primeira linha apresenta-se os geradores
fotovoltaicos de 10 kWp cada, projetados na cobertura do edifício Opel. Isto significa que são necessários
3 inversores STP 9000TL-20, para uma razão gerador-inversor de 1:12, ao passo que a segunda linha é para
o gerador de 45 kWp, situada na cobertura do edifício Audi.

Tabela 6 - Condições de dimensionamento e características dos inversores

A tabela seguinte resume o número de módulos por edifício, como suas respetivas áreas e potências
disponíveis.

58
Tabela 7 - Distribuição dos módulos pelos edifícios na empresa Entreposto Auto

6.1.5 Dimensionamentos dos cabos

6.1.5.1 Lado DC

Para o dimensionamento dos cabos DC, recorreu-se aos conceitos e a expressão 5.13 apresentada no
ponto 5.2.5.3 Como os módulos já vêm equipados com cabos com secção de 4 mm2, vai-se calcular o
comprimento máximo que este deve respeitar para que a queda de tensão nos cabos, não seja superior a 1%
da tensão nominal do gerador fotovoltaico.

O gerador fotovoltaico de 45 kWp localizada na cobertura do edifício Audi, dispõe de dois inversores
em paralelo de 20 KWp como apresentado na Tabela 6. Como os inversores SMA utilizam um sistema de
fileiras assimétricas (consultar Anexo H), estes são equipados com dois MPP (MPP A e MPP B). O MPP
A é constituído por três fileiras com 21 módulos cada, em que a tensão nominal é 601 V, e a corrente
máxima é de 26,9 A, enquanto o MPP B tem somente uma fileira de 19 módulos, em que a tensão nominal
é 458 V e a corrente máxima é de 9 A. Como o MPP A é o único que possui fileiras em paralelo, significa
que é o único que está sujeito a maior corrente elétrica, e dimensionando para este, os outros ficam
automaticamente dimensionados, já que os restantes valores de corrente elétrica são inferiores (o que
possibilita um maior comprimento dos cabos), incluso a corrente dos geradores de 10 KWp, localizados na
cobertura do Edifício Opel.

4 ∗ 0.01 ∗ 601 ∗ 56
𝐿𝐷𝐶 = = 25 𝑚 6.2
2 ∗ 26.9

Isto significa que o comprimento máximo dos cabos, com a secção de 4 mm 2, não deve exceder os 25
metros de comprimento.

No projeto todos os inversores serão localizados num raio inferior aos 25 metros, o que significa que
se assume que todos os cabos DC têm uma secção de 4 mm2.

6.1.5.2 Lado AC

Para o dimensionamento dos cabos do lado AC, recorreu-se aos fundamentos teóricos apresentados no
ponto 5.2.5.3 para garantir uma queda de tensão inferior à 3 % desde as saídas dos inversores até a entrada
59
do QGBT34 do edifício localizada no PT35. Apresenta-se os resultados referentes ao sistema fotovoltaico de
65 KWp, sendo a abordagem semelhante para as restantes potências.

Como a produção fotovoltaica é separada em duas zonas, distanciadas geograficamente como


apresentado na Figura 32, as cablagens AC foram divididas em dois grupos:

 Cablagem A, oriunda do Edifício Audi, onde o sistema fotovoltaico é 45 kWp;


 Cablagem B, oriunda do Edifício Opel-Oficina, agora como potência fotovoltaica total de 20 kWp.

Começando com a cablagem A, a distância desde a saída dos inversores até o PT, onde está localizado
a QGBT, é de 68 metros, e a corrente de saída AC máxima é Imax = 58 A, para os dois inversores em
paralelo.

Agora que já estamos em condições de calcular a secção do condutor, e recorrendo à expressão 5.15
temos:

√3∗70∗58∗0.99
SAC = = 10.06 𝑚𝑚2 (6.3)
0.03∗400∗56

O cabo adequado para esta secção será portanto o cabo XV 4G10, são cabos rígidos preparados para
instalações interiores ou exteriores.

Para cablagem B, a distância até PT é 22 metros, e a corrente AC máxima é de Imax= 26.2 A para os
dois inversores em paralelo. A secção do condutor é:

√3∗22∗26.2∗0.99
SAC = = 1.47 𝑚𝑚2 (6.4)
0.03∗400∗56

O cabo adequado para esta secção é cabo XV 4G2.5.

6.2 Cálculo energético do sistema fotovoltaico

O cálculo da rentabilidade energética do sistema fotovoltaico em estudo, como o custo evitado pela
utilização das mesmas, foi feita através da folha de cálculo configurada essencialmente para simular o
desempenho de qualquer sistema fotovoltaico em autoconsumo, desde que a tarifa do edifício seja tetra-
horária.

34
Quadro Geral de Baixa Tensão

35
Posto de Transformação

60
Os resultados apresentados são referentes ao sistema fotovoltaico de 65 KWp, sendo a abordagem
semelhante para restantes potências.

A avaliação do desempenho deste sistema fotovoltaico é feita mês a mês, mas para fins de
exemplificação, vai se usar o mês no qual o sistema fotovoltaico é mais rentável, mês de Agosto (mês em
que a menos necessidade de compra de energia elétrica), e a análise descrita a seguir é semelhante para os
restantes meses.

Recorrendo ao catálogo fornecido pelo fabricante dos módulos, a eficiência de conversão dos módulos
para condições STC36 é de 𝜂 = 16.8%, ou seja para uma irradiação solar de 1000 W/m2 e temperatura dos
módulos à 25ºC. Como pode ser observado no Anexo F, em Agosto a irradiação solar media de 1000 W/m2
esta disponível para aproveitamento somente entre às 11:52 até as 12:22, e em relação a temperatura dos
módulos, como Agosto é dos meses mais quentes do verão, a temperatura ambiente a partir das 11:52 (onde
temos disponíveis os 1000 W/m2), é de 27.5ºC, o que significa que a temperatura dos módulos vai ser
superior.

Recorrendo aos conceitos, e à expressão 3.15, do ponto 3.7.2, podemos estimar à temperatura dos
módulos, sendo assim temos:

(45−20)
𝜃𝑚𝑜𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 27.5 + 1000 = 58.75 º𝐶 (6.5)
800

Desprezando o efeito do vento, significa que os módulos estarão funcionando à aproximadamente 59ºC,
e como mencionado no ponto 3.7.2, a potência elétrica de saída decresce como o aumento da temperatura.
O caso inverso também acontece, principalmente na estação do inverno, a temperatura do módulo à 25ºC,
mas a irradiação recebida nos módulos será bastante inferior à de referência, e como exposto no ponto 3.7.1,
a potência elétrica de saída dos módulos decresce com o decréscimo da irradiação, já que a corrente de
curto-circuito vária linearmente com à irradiação incidente.

Para levar em consideração as perdas supracitadas, na folha de cálculo existe um parâmetro “ Perdas
por Irradiação e/ou Temperatura nos módulos”. Este parâmetro pode ser ajustado mensalmente, e devido à
complexidade do mesmo, foi adotado para todos os meses, o valor de 10.7 %, valor assumido na página da
PVGIS.

Outro parâmetro também ajustável na folha de cálculo são as perdas no sistema. As perdas no sistema
são compostas pelas perdas mencionadas no ponto 3.7.3 e 3.7.4, nomeadamente perdas por degradação dos
módulos, e perdas por incompatibilidade (Mismatch). Outra perda também incluída nesta categoria são as
perdas nos cabos por efeito de Joule ou Óhmicas, e a tabela seguinte representa os valores assumidos na
folha de cálculo:

36
Standard Test Conditions – Condições Normalizadas de Ensaio.

61
Tabela 8 - Perdas nos componentes do sistema

Dos parâmetros acima mencionados, para calcular a energia produzida pelo sistema fotovoltaico só
falta incluir o rendimento dos inversores, e este parâmetro é fornecido pelo fabricante dos mesmos.

Na Figura seguinte apresenta-se o sistema fotovoltaico de 65 KWp. É composta por 233 módulos
solares de 280 Wp, repartidos entre os dois edifícios, no edifício Audi o sistema fotovoltaico de 45 kWp, e
no edifício Opel o sistema fotovoltaico de 20 KWp.

Figura 34 - Sistema fotovoltaico de 65 KWp, edifício Opel a esquerda, e edifício Audi a direita

6.2.1 Potência elétrica média gerada pelo sistema de 65 KWp

Os diagramas de carga médio da instalação, e a potência elétrica gerada pelo sistema fotovoltaico 65
KWp para os dias de Semana, Sábado e Domingo, para respetivo mês de Agosto, estão apresentados nas
figuras seguintes, como também as respetivas tabelas com a energia produzida pelo sistema fotovoltaico e
com também a energia consumida na instalação.

Figura 35 - Diagrama de carga médio da instalação nos dias de semana vs. Potência elétrica gerada pelo sistema
fotovoltaico

62
Tabela 9 - Energia produzida pelo sistema fv Vs. Consumo na instalação nos dias de semana

Figura 36 - Diagrama de carga médio da instalação aos sábados vs. Potência elétrica gerada pelo sistema fv

Tabela 10 - Energia produzida pelo gerador solar Vs. Consumo na instalação aos Sábados

Figura 37 - Diagrama de carga médio da instalação aos Domingos vs. Potência elétrica gerada pelo sistema fv

Tabela 11 - Energia produzida pelo gerador solar Vs. Consumo na instalação aos Domingos

6.2.2 Receita gerada pelo sistema fotovoltaico

Na tabela seguinte apresenta-se a receita gerada pelo sistema fotovoltaico de 65 kWp no mês de Agosto.

63
Tabela 12 - Receita gerada pelo sistema fotovoltaico de 65 KWp, no mês de Agosto

O valor de 1700 Euros é a receita gerada pelo sistema fotovoltaico no mês de Agosto, e este valor
também representa a poupança energética, ou seja encargo evitado a pagar a empresa de fornecimento de
energia.

Na quarta linha da tabela consegue-se ver que a energia vendida à rede elétrica (CUR37) foi 2896 KWh,
e de acordo com o Decreto-Lei nº153/2014, artigo 24º, o excedente de produção é remunerado à 90% do
preço de fecho anunciado pelo OMIE38, sendo que o preço médio de fecho em Agosto de 2015 foi de 55,59
€/MWh.

Outra observação na tabela é que sem a existência do sistema fotovoltaico, a potência consumida na
3834 𝑘𝑊ℎ
hora de ponta seria 60.8 kW ( ), o que implica um custo de 440.80 €, para além da energia
63ℎ

consumida na hora de ponta P1, mas com o sistema fotovoltaico à potência consumida nesse mesmo período
(3834−3159 )𝑘𝑊ℎ
é de apenas 10.72 kW ( ), o que implica um custo de apenas 77.64 €, ou seja uma poupança
63ℎ

só pela redução da potência consumida na hora de ponta de 363.25€ ( só no mês de Agosto).

A figura seguinte representa a distribuição das receitas provenientes da energia produzida pelo sistema
fotovoltaico pelos respetivos horários.

37
Comercializador de último recurso

38
Operador do Mercado Ibérico de Energia

64
Figura 38 - Distribuição das receitas provenientes da Energia Produzida pelo sistema fv nos respetivos horários

Como se pode verificar, as receitas referentes à venda representam apenas uma pequena parcela, e são
sobretudo pela produção em excesso aos fins-de-semana.

6.2.3 Energia total anual produzida pelo sistema fotovoltaico de 65 KWp

A Tabela 13 resume tanto os consumos mensais na instalação, como a energia mensal gerada pelo
sistema fotovoltaico de 65 KWp.

Tabela 13 - Energia total anual produzida pelo gerador solar Vs. Consumo total anual na instalação.

A Figura 39 representa a energia total produzida mensalmente pelo sistema fotovoltaico de 65 KWp, e
os restantes figuras representam a distribuição dessa energia entre os dias de semana, sábado e domingo.

Figura 39 - Energia total mensal produzida pelo Sistema fv de 65 KWp

65
Figura 40 - Energia produzida mensalmente pelo gerador solar Vs. Consumo mensal na instalação

Figura 41 - Energia produzida mensalmente pelo gerador solar Vs. Consumo mensal na instalação

Figura 42 - Energia produzida mensalmente pelo gerador solar Vs. Consumo mensal na instalação

6.2.4 Receitas geradas mensalmente pela central de 65 KWp

Na figura seguinte apresenta-se as receitas geradas mensalmente pelo sistema fotovoltaico.

Figura 43 - Receitas geradas mensalmente pelo sistema fotovoltaico de 65 KWp

Na Tabela 14, a segunda coluna representa as receitas geradas pelo sistema fotovoltaico 65 KWp
apresentado na Figura 43, a terceira coluna representa os custos inerentes a compra de energia elétrica ao

66
fornecedor ENDESA antes da instalação do sistema fotovoltaico, ao passo que a quarta coluna representa
os custos com a eletricidade comprada depois de ter instalado o sistema fv, e a quinta coluna representa a
contribuição em percentagem das receitas geradas pelo sistema fv face ao valor da fatura (sem gerador
fotovoltaico).

Tabela 14 - Receitas gerados pelo sistema fv e custo mensal da energia elétrica comprada

Na Tabela 14 se pode observar que a nível global o sistema fotovoltaico de 65 KWp cobre 63% dos
custos inerentes do consumo de energia elétrica.

6.3 Custo do sistema fotovoltaico

A tabela seguinte apresenta o custo total estimado para o sistema solar de 65 kWp.

Tabela 15 - Tabela de custos para o sistema de 65 kWp

Descrição da tabela de custos:


67
 Para estimar o custo dos módulos e inversores recorreu-se a companhia EMAT Solar [21], e a
tabela de preços utilizada pode ser consultada no Anexo I. O custo de transporte está incluído no
preço dos componentes, acréscimo de 5% por módulo, e acréscimo de 20% por cada inversor.

 Para estimar o custo da cabelagem, recorreu-se ao fabricante CABELTE [22], umas das empresas
de referência na área em Portugal. Para os cabos DC, depois de uma extensa busca na internet por
preços para cabos resistentes a radiação ultravioleta (UV), e altas temperaturas, cabo TUV,
utilizou-se o valor disponibilizado na página da empresa Portuguesa, CCBS-Energia [23], empresa
que atua na área da energia fotovoltaica. As distâncias dos cabos foram aumentadas em relação as
distâncias de projeto, com o intuito de englobar matérias adicionais e acessórios, necessários para
instalação dos mesmos.

 Para estimar o custo das estruturas de suporte dos módulos, para o caso do edifico Opel as
estruturas serão instaladas em coberturas planas, por isso estimou-se 10% do custo da potência
instalada, e para o edifício Audi em que a cobertura não é plana, estimou-se um custo de 15% em
relação ao custo da potência instalada. Estes valores têm de ser posteriormente substituídos por
orçamentos emitidos por empresas de especialidade depois de realizarem uma visita ao local de
instalação.

 Os preços dos interruptores foram consultados na tabela de preço disponível na página do


fabricante HAGER [24].

 Os restantes componentes foram estimados baseados em custo por potência instalada indicada na
tabela, e o custo do serviço de instalação foi contabilizado como valor global, ou seja inclui
interligação elétrica dos módulos, montagem de estruturas e respetivos módulos, como também as
restantes ligações elétricas como ligação ao QGBT e RESP.

6.4 Viabilidade económica do projeto

Para avaliar corretamente a viabilidade deste projeto devem ser consideradas todas as variáveis, na qual
o sucesso do projeto em causa depende.

As variáveis consideradas relativas ao projeto em causa são:

 Custo do sistema fotovoltaico: Para realização do orçamento utilizou-se uma estima de acordo
com a tendência de preços praticados na união europeia e em Portugal.

 Rendimento do sistema fotovoltaico: Os módulos estão expostos a condições climatéricas


extremas durante o seu tempo de vida útil, o que leva ao decaimento da eficiência dos mesmos

68
com o tempo. Por isso os fabricantes disponibilizam a figura da queda de eficiência anual
(disponível no anexo E), para que os projetistas o possam considerar nos estudos realizados. No
estudo realizado foi considerado este fator num período de 25 anos, já que a energia produzida é
diretamente proporcional à eficiência dos mesmos.´

 Taxa de atualização nominal: Para calcular a taxa de atualização, recorreu-se à expressão 3.17 do
ponto 3.8.1:
𝒓 = [(1 + T1) ∗ (1 + T2) ∗ (1 + T3)] − 1 (6.6)
em que:
T1 – A taxa real de rendimento mínimo escolhido foi de 0,5%, segundo o argumento de que a
empresa Entreposto Auto não só iria investir com recurso a capitais próprios, como também está
apostando em medidas de eficiência energética com o intuito de baixar futuramente os encargos
derivados do consumo energético nas suas instalações.
T2 – A taxa de risco escolhida foi de 1%, já que como o investimento será feito na própria
instalação, a maior incerteza é a quantidade de energia produzida pelo sistema fotovoltaico, já que
este depende das condições climatéricas e da taxa de degradação anual dos módulos.
T3 – A inflação anual em Portugal em 2015 foi de 0.397%, e -0.357 % em 2014 segundo [25],
ou seja um aumento de 0.75 pontos percentuais em um ano, e com o intuito de manter uma
margem utilizou-se 1 %.

Com isto obtemos uma taxa de atualização nominal anual de 2.5 %.

Os registos de atividade financeira durante o tempo de vida útil do sistema, 25 anos encontram-se no
Anexo J.

A taxa de amortização utilizada na viabilidade do projeto foi de 8% ou seja, doze anos e meio (12.5),
segundo consta na reforma fiscal verde, DR nº25/2009, Tabela II, categoria equipamentos fotovoltaicos
cujo código é 2250.

Os custos anuais relativos à Operação e Manutenção, O&M foram estimados em 1% do valor do


investimento, o seguro de responsabilidade civil foi estimado em 0,5% também do valor do investimento,
e o imposto sobre lucros (IVA) considerado foi de 23%.

Os resultados para central de 65 KWp estão apresentados na Tabela 16, e no Figura 44.

69
Tabela 16 - Resultados financeiros

Figura 44 - Período de retorno do investimento (Pay-back)

Na Tabela 16, podemos observar que para a taxa de atualização considerada, o retorno do investimento
é em onze anos (11), com uma TIR de 8.7 %, e o custo da energia produzida (LCOE) é de 51.2 €/MWh,
muito abaixo do preço de aquisição de eletricidade atualmente.

6.5 Análise de sensibilidade

A análise quanto a variabilidade das variáveis apresentadas no ponto anterior, é feita através da análise
de sensibilidade.

Na Figura 45, se pode constatar que para o custo do sistema considerado (111´449 €), a taxa de
atualização está limitado até 8%, já que acima desta taxa o projeto torna-se automaticamente inviável.

Figura 45 - Analise de sensibilidade a taxa de desconto

70
Na Figura 46 se pode observar que se o custo do sistema fotovoltaico for 25% superior ao custo
estimado (111´449 €), o VAL será 34 % inferior ao estimado, ao passo que no lado inverso o VAL será 34
% superior do valor estimado.

Figura 46 - Analise de sensibilidade ao custo de investimento

Devido a incerteza em relação ao custo real do sistema fotovoltaico de 65 kWp, já que neste estudo o
custo do sistema foi estimado, a Tabela 17 apresenta os índices financeiros caso o custo do sistema seja
25% superior ou inferior ao valor estimado.

Tabela 17 - Analise de sensibilidade ao custo do sistema

Na Tabela 17, pode observar-se que se o custo real do sistema for 25% superior ao estimado, o retorno
do investimento passaria para catorze anos e meio (14,5), a uma taxa de rentabilidade de 6% e o custo da
energia produzida seria 64 €/MWh. Entretanto, se o custo vier a revelar-se 25% inferior ao estimado, o
retorno do investimento passaria para oito anos (8) a uma taxa de 12.8%, o custo da energia produzida seria
38.4 €/MWh, e o mais importante seria a situação em que o projeto não só recuperava o total do capital
investido como gerava um lucro de 33% em relação ao capital investido (VAL de 111´460 € vs. Custo de
83´587 €).

Como se pode constatar também na Figura 47, se a receita gerada pelo sistema fotovoltaico for 25%
inferior ao previsto, o VAL será 59 % inferior ao estimado, ao passo que no lado inverso o VAL será 59 %
superior ao estimado.

71
Figura 47 - Analise de sensibilidade a receita gerada pelo sistema fv de 65 kWp

Desta análise de sensibilidade conclui-se que mesmo que o investimento seja 25% superior ao
estimado, continua a ser um projeto muito interessante do ponto de vista financeiro.

6.6 Comparação entre as potências estudadas para o sistema fotovoltaico

Na Tabela 18 apresenta-se o resumo do estudo comparativo entre diferentes potências para o sistema
fotovoltaico.

Tabela 18 - Balanço financeiro e viabilidade das potências estudadas

Como é visível na tabela acima, à potência ideal a ser instalada é de 45 kWp porque apresenta o custo
mais baixo por potência instalada 1,69 €/Wp, exibe o menor custo em relação a energia produzida 50,5
€/MWh, e tem a segunda melhor taxa de rentabilidade (8,7%), com uma diferença apenas de um décimo
(0.1%) da melhor taxa, e estima-se que o projeto gerará um lucro correspondente a 74.4% do capital
investido no final dos 25 anos.

Outra analise que também pode ser feita e muito utilizado por investidores financeiros consiste na
procura da melhor taxa de rentabilidade que leva ao maior lucro gerado.

Na Tabela 19 se resume os dados mais pertinentes para este tipo de análise, e se observa que o sistema
fotovoltaico com potência de 55 KWp, apresenta a melhor taxa de rentabilidade (8,8%), o que leva a um
lucro correspondente de 75.3% face ao capital investido.

72
Tabela 19 - Lucro gerado pela fv no fim de 25 anos

Na Figura 48 se pode constatar que a variação do custo do investimento é linear a potência instalada,
mas a partir da potência de 45 kWp o declive da reta é menos acentuado, justificado pelo facto do sistema
fotovoltaico de 45 kWp ser a mais dispendioso (consultar orçamento ponto 6.3), já que requer estruturas e
cabos AC mais caros, e a partir desta potência acrescenta-se sistemas de 10 kWp em que o custo é
consideravelmente mais baixo, já que a distância até o QGBT é menor, e o preço das estruturas e dos cabos
são mais baixos.

Figura 48 - Custo do investimento vs. Potência fotovoltaica

6.7 Comparação dos resultados obtido com os resultados obtidos no software


Homer.

Para comparar os resultados obtidos anteriormente utilizou-se o software Homer, referenciado no ponto
4.5.

Na Figura 49 apresenta-se a representação esquemática da simulação realizada no software Homer,


versão 2, para um sistema fotovoltaico conectado à rede elétrica publica em autoconsumo.

Figura 49 - Representação esquemática da simulação realizada na empresa Entreposto Auto

73
Os dados pertinentes ao estudo em causa foram introduzidos de maneira mais coerente possível, e de
maneira similar aos que foram introduzidos na folha de cálculo, para que no fim se possam comparar os
resultados obtidos com o menor erro possível.

O campo de análise concentrou-se nas potências estudadas anteriormente através da folha de cálculo,
nomeadamente as potências de 30, 45, 55, 65 e 75 kWp. No entanto após a realização das primeiras
simulações, verificou-se que o software Homer não considerou as quatro primeiras potências, como
soluções ótimas, nomeadamente as potências de 30, 45, 55 e 65 kWp, e apresentou como soluções ótima
há potência de 75 kWp com se pode verificar na figura seguinte.

Figura 50 - Resultados apresentados pelo software Homer

No canto superior esquerdo da Figura 50 se pode verificar que para a potência contrata 115 kW a
solução apresentado como ótima é de 75 kWp para gerador fotovoltaico, e 67 kWp para os inversores.
Também se pode verificar tanto na tabela da respetivo Figura, como no gráfico da figura (em Grid), que o
software considera o custo de O&M da rede, onde não foi possível alterar este valor predefinido, já que vai
influenciar o valor do custo da energia adquirida (LCOE), e como consequência vai ser muito superior ao
valor simulado na folha de cálculo, já que nesse estudo não se considerou o custo de O&M da rede.

A Figura 51 apresenta a energia produzida pelo sistema fotovoltaico de 75 kWp.

Figura 51 - Produção elétrica do sistema

74
No canto superior esquerdo da figura verifica-se que a energia produzida pelo sistema fotovoltaico é
de 107 MWh/ano vs. 139 MWh/ano simulado na folha de cálculo, o que constitui um erro de 23,1%, o que
é bastante significativo. Note-se que a fonte de dados de irradiação do Homer é diferente da utilizada na
ferramenta desenvolvida..

Na Figura 52 pode-se verificar os fluxos financeiros considerados no software Homer. Se verifica que
por defeito o software considera encargos com à rede (Grid), o que não só não permite simular somente o
sistema fotovoltaico em autoconsumo como também torna neste caso o projeto inviável. Adicionalmente,
note-se que no Homer não é possível adaptar totalmente os horários das tarifas de eletricidade com forme
a realidade do edifício em estudo.

Figura 52 - Fluxos financeiros para o sistema de 75 kWp conectado na rede elétrica

A tabela seguinte apresenta o resumo dos principais indicadores apresentados no software Homer.

Tabela 20 - Resumo dos principais indicadores

Nota: A taxa de desconto considerada no software é a taxa real, ou seja sem levar em consideração a
taxa de inflação.

Como supracitado o custo da energia produzida, na tabela denominada por (COE) é superior ao valor
simulado na folha de cálculo (0.096 vs. 0.051), porque inclui o valor do custo de operação e manutenção
(O&M) da rede, valor predefinido que não pode ser alterado.

75
Também se pode observar que o Net Present Cost (NPC39), que é o simétrico do VAL40, é neste caso
negativo, e é 533031 Euros. Este valor é negativo porque como se pode verificar na Figura 52, o software
considera custos O&M da rede elétrica o que impossibilita a viabilidade do projeto.

Conclui-se portanto que o dimensionamento de sistemas fotovoltaicos em autoconsumo realizados em


softwares comerciais, como o caso do Homer, conduziriam há conclusões erradas sobre a potência ótima
do sistema fotovoltaico a instalar, como também quanto a sua viabilidade económica, já que como se
verificou no item 6.6, as potências ótimas estão entre 45 à 55 KWp.

39
Custo presente líquido

40
Valor atual líquido

76
7 Conclusões

7.1 Principais resultados

A eletricidade gerada pelas UPAC possibilita não só o abastecimento das cargas da instalação elétrica
a que a mesma se encontra associada, como também permite a venda da energia elétrica quando é gerada
nos momentos em que a potência do gerador fotovoltaico é superior à carga absorvida pela instalação.

Como as UPAC dispõem de um enquadramento totalmente novo, verificou-se que os softwares


comerciais destinados a simulação de sistemas fotovoltaicos, ainda não foram adaptados para simular custos
evitados em autoconsumo. Para o caso de produção elétrica para autoconsumo, é principalmente para a
realidade do mercado Português, a rentabilização de um sistema fv deve ser contabilizada como custo
evitado por ter instalado o sistema, já que a energia produzida pelo sistema vai ser prontamente absorvida
na instalação.

Por isso em alternativa ao uso de softwares comerciais, foi desenvolvida uma folha de cálculo, que
funciona através do princípio de balanço de energia, dispensando desse modo algoritmos complexos. Com
recurso a está ferramenta foi possível analisar de maneira rápida, e fácil o desempenho energético do
sistema em estudo nos diferentes períodos, como também avaliar a viabilidade económica do sistema.

Por isso esta ferramenta demostrou-se bastante útil para realização desta dissertação, onde foi possível
demostrar as potencialidades desta, e se pretende que venha apresentar-se como alternativa, no âmbito de
simulações de sistemas fotovoltaicos em autoconsumo (UPAC) em Portugal.

Também a tópico investigativo, utilizou-se a ferramenta desenvolvida para comparar cinco (5) sistemas
fotovoltaicos cujas potências estudadas foram 30, 45, 55, 65 e 75 kWp, e se concluiu que o
sobredimensionamento da UPAC, concretamente o sistema fotovoltaico com potência de 75 KWp, não traz
nenhum benefício a nível energético, já que a energia em excesso é vendida à rede a um custo muito inferir
ao custo de compra, e em termos financeiro requer um investimento superior face a potência ótima.
Verificou-se ainda que apresenta a segunda pior taxa de rentabilidade, o que leva ao segundo pior resultado
em termos de lucro gerado.

No lado oposto, também se verificou que o subdimensionamento da UPAC, concretamente o sistema


fotovoltaico com potência de 30 KWp, não traz nenhum beneficio quando comparado com a potência ótima.
Requer o menor investimento quando comparado com as outras potências mas leva mais tempo a recuperar
o mesmo, disponibiliza a pior taxa de rentabilidade, o que leva ao pior resultado em termos de lucro gerado.

Assim sendo, o intervalo em que as potências podem ser consideradas ótimas está entre as potências
de 45 à 65 KWp, sendo que a potência de 45 kWp apresenta o custo mais baixo por potência instalada 1.69
€/Wp, exibe o menor custo em relação a energia produzida (LCOE) de 50.5 €/MWh, e apresenta a segunda
melhor taxa de rentabilidade 8.7%, o que garante um lucro correspondente a 74.4% do capital investido no
final dos 25 anos.
77
Verificou-se também que a potência necessária para o sistema fotovoltaico é praticamente metade da
116.25 𝑘𝑊
potência contratada do edifício (Psist =  58 𝐾𝑊𝑝).
2

De modo geral concluiu-se que atualmente não se verifica grande adesão por parte do público face a
está tecnologia devido ao elevado investimento inicial requerido, e longa duração até recuperar o mesmo.

Para que seja considerado um bom investimento no futuro sem levar em consideração o peso
ambiental, tem que acontecer um destes dois cenários, ou para o mesmo custo praticado atualmente se
consiga aumentar a eficiência dos módulos no mínimo para o dobro, o que significaria que era necessário
metade da potência requerida atualmente, encurtando o período do retorno do investimento para metade do
tempo conseguido atualmente, ou que os preços dos respetivos sistemas, principalmente os módulos e
inversores baixem para metade dos valores praticados atualmente.

7.2 Recomendações futuras

Como trabalho futuro, fica por adaptar à folha de cálculo para simular sistemas fotovoltaicos em
autoconsumo para todas as tarifas elétricas existentes em Portugal.

Sugere-se também a programação da folha de cálculo em Excel VBA (Visual Basic for Applications),
desenvolvendo uma interface simples para o usuário, de fácil utilização, para que possa ser utilizado tanto
por académicos como também instaladores ou Arquitetos.

78
8 Referencias Bibliográficas

[1] IEA, “Energy and climate change,” World Energy Outlook Spec. Rep., pp. 1–200, 2015.

[2] International Energy Agency, “Key World Energy Statistics 2015,” p. 81, 2015.

[3] REN21, Renewables 2015, Gloabal Status Report. 2015.

[4] IEA, “Snapshot of Global PV Markets 2014,” pp. 1–16, 2015.

[5] DGEG, “Energia em Portugal,” 2013.

[6] IEA-PVPS, “PVPS ANNUAL REPORT 2014,” PhD Propos., vol. 1, 2014.

[7] O. do T. e E. Ministério do Ambiente, “Decreto-Lei no 153/2014 de 20 de outubro,” Diário da


República, pp. 5298–5311, 2014.

[8] IST-GREENPRO, “Energia Fotovoltaica - Manual sobre tecnologias, projecto e instalação,”


Janeiro de, p. 368, 2004.

[9] CRESESB, “Energia solar princípios e aplicações,” Cent. Ref. para Energ. Sol. e Eólica, p. 28,
2008.

[10] Rui Castro, Uma introdução às energias renováveis: eolica, fotovoltaica e mini-hídrica-2oEdição.
2013.

[11] Rui Castro, “Energias Renováveis e Produção Descentralizada - INTRODUÇÃO À ENERGIA


FOTOVOLTAICA,” vol. 2008, pp. 1–48, 2002.

[12] Rui Castro, “Energias Renováveis e Produção Descentralizada - Introdução à Energia


Fotovoltaica,” 2002.

[13] IEA-PVPS, Trends 2014 in photovoltaic applications. 2014.

[14] N. and A. Agarwal, “Mismatch Losses in Solar Photovoltaic Array,” vol. 4, no. 1, pp. 16–19, 2014.

[15] Axaopoulos et al, “Accuracy analysis of software for the estimation and planning of photovoltaic
installations,” Int. J. Energy Environ. Eng., vol. 5, no. 1, pp. 1–7, 2014.

[16] Photon, “Photon,” 2011.

[17] R. Soares, “Estudo da incorporação de energias renováveis no IST,” 2015.

79
[18] J. Morais, Sistemas fotovoltaicos - Da teoria à pratica-1o Edição. 2009.

[19] J. Fiorelli, “How oversizing your array-to-inverter ratio can improve solar-power system
performance,” 2013.

[20] Renováveis, “Miniprodução,” 2011.

[21] Emat, “Emat Solar,” 2015. [Online]. Available: http://www.emat-es.com/home.

[22] Cabelte, “CABELTE - Cabos,” 2015. [Online]. Available: http://svrweb.cabelte.pt/pt-pt/.

[23] CCBS, “CCBS-Energia,” 2015. [Online]. Available: http://www.ccbs-energia.pt/.

[24] Hager, “Hager,” 2015. [Online]. Available: http://www.hager.pt/documentacao-


downloads/software-e-actualizacoes/catalogo-electronico/186.htm.

[25] “Global Rates.” [Online]. Available: http://global-rates.com/.

[26] Cop21, “Cop21- Paris,” 2015. [Online]. Available: http://www.cop21paris.org/. [Accessed: 22-
Mar-2016].

80
Rendimento das Tecnologias de conversão Solar
Fotovoltaicas
Preços indicativos de sistemas fotovoltaicos
instalados em países pertencentes à IEA-PVPS em
2013
Resultado de teste de rendimento realizado pelo
laboratório Photon em 2014
Ciclo semanal para todos os fornecimentos em
Portugal Continental
Ciclo semanal para todos os fornecimentos em Portugal Continental
Catálogo dos módulos Q.Plus-G3, 280Wp do
fabricante Alemão Hanwha Q.Cells
PVGIS – Dados sobre a irradiação solar média de 15
à 15 minutos, para o mês de Agosto
European Commission
Photovoltaic Geographical Information System Joint Research Centre
Ispra, Italy

Average Daily Solar Irradiance

PVGIS Estimates of average daily profiles


Location: 38°38'57" North, 9°9'55" West, Elevation: 61 m a.s.l.,

Inclination of plane: 30 deg.


Orientation (azimuth) of plane: -5 deg.

Radiation estimates

Time G Gd Gc DNI DNIc Td


04:37 0 0 0 0 0 17.5
04:52 0 0 0 0 0 17.4
05:07 0 0 0 0 0 17.4
05:22 0 0 0 0 0 17.4
05:37 15 15 16 0 0 17.5
05:52 27 26 27 0 0 17.7
06:07 48 35 49 265 273 17.9
06:22 86 47 87 347 358 18.2
06:37 131 58 134 417 429 18.6
06:52 183 69 186 476 490 19.0
07:07 237 80 242 527 543 19.4
07:22 295 89 301 571 588 19.9
07:37 353 98 361 609 627 20.4
07:52 412 106 422 642 661 21.0
08:07 471 114 482 671 691 21.5
08:22 528 120 541 697 718 22.1
08:37 584 126 598 720 741 22.6
08:52 638 131 654 740 762 23.1
09:07 689 135 706 758 781 23.6
09:22 737 138 755 774 797 24.1
09:37 782 141 801 788 811 24.5
09:52 823 143 844 800 824 24.9
10:07 860 145 882 810 834 25.3
10:22 894 146 917 820 844 25.7
10:37 923 147 947 827 852 26.0
10:52 948 148 972 834 859 26.3
11:07 968 149 993 839 864 26.6
11:22 984 149 1010 843 868 26.9
11:37 996 149 1020 847 872 27.2
11:52 1000 149 1030 849 874 27.5
12:07 1000 149 1030 850 875 27.7
12:22 1000 148 1030 850 875 27.9
12:37 994 148 1020 849 874 28.2
12:52 983 148 1010 847 872 28.4
13:07 966 147 991 843 868 28.6
13:22 945 146 970 839 864 28.7
13:37 920 145 944 834 859 28.9
13:52 891 144 913 827 852 29.0
14:07 857 142 879 820 844 29.1
14:22 820 140 840 810 834 29.1
14:37 778 138 798 800 824 29.2
14:52 734 135 752 788 811 29.1
15:07 686 132 703 774 797 29.1
15:22 635 128 651 758 781 29.0
15:37 582 123 596 740 762 28.9

Page 1/4
European Commission
Photovoltaic Geographical Information System Joint Research Centre
Ispra, Italy

15:52 527 118 540 720 741 28.7


16:07 470 112 481 697 718 28.5
16:22 413 105 422 671 691 28.2
16:37 354 98 362 642 661 28.0
16:52 297 90 303 609 627 27.7
17:07 240 81 245 571 588 27.3
17:22 186 71 189 527 543 27.0
17:37 135 61 137 476 490 26.6
17:52 89 51 90 417 429 26.2
18:07 50 40 50 347 358 25.8
18:22 38 37 38 0 0 25.4
18:37 27 26 27 0 0 -
G: Global irradiance on a fixed plane (W/m2)
Gd: Diffuse irradiance on a fixed plane (W/m2)
Gc: Global clear-sky irradiance on a fixed plane (W/m2)
DNI: Direct normal irradiance (W/m2)
DNIc: Clear-sky direct normal irradiance (W/m2)
Td: Average daytime temperature profile (deg. C)

Page 2/4
European Commission
Photovoltaic Geographical Information System Joint Research Centre
Ispra, Italy

Daily Irradiance on a fixed plane

Direct normal irradiance

Page 3/4
European Commission
Photovoltaic Geographical Information System Joint Research Centre
Ispra, Italy

Average daily temperature profile

PVGIS (c) European Communities, 2001-2012


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Page 4/4
Dimensionamento das fileiras através do software
Sunny Design do fabricante de Inversores SMA
Any Company • Any Street 21 • 54321 Any Town

Entreposto Any Company


Any Street 21
54321 Any Town

Tel.: +49 123 456-0


Fax: +49 123 456-100
E-Mail: info@any-company.de
Internet: www.any-company.de

Nome do projecto: Oficina Opel Local de instalação: Portugal / Lisbon


Número do 1
projecto:
Tensão de rede: 400V (230V / 400V)

Vista geral do sistema

36 x Hanwha Q.Cells GmbH Q.Peak-G3 280 (03/2014) (Gerador fotovoltaico 1)


Azimute: -5 °, Inclinação: 30 °, Tipo de montagem: Telhado, Potência de pico: 10,17 kWp

1 x STP 9000TL-20

Monitorização do sistema

Sunny Portal

Dados do dimensionamento

Quantidade total de módulos FV: 36 Performance Ratio (aprox.)*: 86,1 %


Potência de pico: 10,17 kWp Rendimento energético espec. (aprox.)*: 1693 kWh/kWp
Número de inversores: 1 Perdas em linha (em % de energia FV): ---
Potência nominal CA: 9,00 kW Carga desequilibrada: 0,00 VA
Potência activa CA: 9,00 kW Consumo anual de energia: 200,00 MWh
Relação de potência activa: 88,5 % Autoconsumo: 16.544,76 kWh
Rendimento energético anual (aprox.)*: 17.218,70 kWh Quota de autoconsumo: 96,1 %
Factor de utilização da energia: 99,9 % Taxa de autonomia (em % do consumo 8,3 %
de energia):

Version: 3.31.0.R

Assinatura

*Importante: os valores de rendimento indicados são valores estimados. Eles são calculados matematicamente. A SMA Solar Technology AG
não assume qualquer responsabilidade pelo valor de rendimento real, que pode divergir dos valores de rendimento aqui indicados. As
diferenças podem dever-se a várias circunstâncias externas, p. ex., sujidade dos módulos fotovoltaicos ou flutuações nos rendimentos dos
módulos fotovoltaicos.

1/5
Avaliação do dimensionamento
Nome do projecto: Oficina Opel Local de instalação: Portugal / Lisbon
Número do projecto: 1 Temperatura ambiente:
Temperatura mínima: 4 °C
Temperatura de dimensionamento: 24 °C
Projecto parcial 1 Temperatura máxima: 38 °C

1 x STP 9000TL-20 (Sistema parcial 1)

Potência de pico: 10,17 kWp


Quantidade total de módulos FV: 36
Número de inversores: 1
Potência máx. CC (cos φ = 1): 9,23 kW
Potência activa máx. CA (cos φ = 1): 9,00 kW
Tensão de rede: 400V (230V / 400V)
Razão de potência nominal: 91 %
Factor de desfasamento cos φ: 1 STP 9000TL-20

Dados do dimensionamento

Entrada A: Gerador fotovoltaico 1


20 x Hanwha Q.Cells GmbH Q.Peak-G3 280 (03/2014), Azimute: -5 °, Inclinação: 30 °, Tipo de montagem: Telhado

Entrada B: Gerador fotovoltaico 1


16 x Hanwha Q.Cells GmbH Q.Peak-G3 280 (03/2014), Azimute: -5 °, Inclinação: 30 °, Tipo de montagem: Telhado

Entrada A: Entrada B:
Número de strings: 1 1
Módulos fotovoltaicos por string: 20 16
Potência de pico (entrada): 5,65 kWp 4,52 kWp

Tensão FV típica: 573 V 458 V


Tensão FV mín.: 521 V 417 V
Potência CC mín. (tensão de rede 230 V): 150 V 150 V

Tensão FV máx.: 830 V 664 V


Tensão CC máx.: 1000 V 1000 V

Corrente máx. do gerador FV: 9,0 A 9,0 A


Corrente máx. de CC: 15 A 10 A

Sistema fotovoltaico / Inversor compatíveis

Version: 3.31.0.R

2/5
Monitorização do sistema
Nome do projecto: Oficina Opel Local de instalação: Portugal / Lisbon
Número do projecto: 1

Sistema fotovoltaico Monitorização do sistema

Projecto parcial 1 Externo


1 x STP 9000TL-20 Sunny Portal
Sistema parcial 1 Portal da internet para
monitorização de sistemas, bem
como para visualização e
apresentação de dados de sistemas

Notas

Sunny Portal O dimensionamento da monitorização do sistema não está completo ou apresenta falhas.

Version: 3.31.0.R

3/5
Autoconsumo
Nome do projecto: Oficina Opel Local de instalação: Portugal / Lisbon
Número do projecto: 1

Dados sobre o autoconsumo

Perfil de carga: Empresa (dias úteis, das 8 às 18 horas)


Empresas com elevado consumo energético durante os dias úteis, das 8 às 18 horas. Exemplos:
escritórios, cantinas, bancos, prestadores de serviços, oficinas, construção civil.

Consumo de energia por ano: 200 MWh

Optimização do autoconsumo

Resultado

Sem optimização do autoconsumo

Os resultados indicados são valores estimados. Eles são calculados matematicamente. A SMA Solar Technology AG não assume qualquer
responsabilidade pelo autoconsumo real, que pode divergir dos valores aqui indicados. O autoconsumo possível é determinado
essencialmente pelo comportamento de consumo individual, que pode divergir do perfil de carga utilizado para o cálculo.

Version: 3.31.0.R

4/5
Valores mensais
Nome do projecto: Oficina Opel Local de instalação: Portugal / Lisbon
Número do projecto: 1

Diagrama

Tabela

Mês Rendimento energético Autoconsumo [kWh] Injecção na rede [kWh] Consumo de energia da
[kWh] rede [kWh]

1 977 (5,7 %) 975 3 19381

2 1108 (6,4 %) 1085 23 16768

3 1428 (8,3 %) 1398 30 17104

4 1588 (9,2 %) 1522 66 14126

5 1804 (10,5 %) 1725 79 13935

6 1831 (10,6 %) 1745 86 11850

7 1918 (11,1 %) 1786 131 12384

8 1869 (10,9 %) 1760 109 12906

9 1575 (9,1 %) 1504 71 12601

10 1339 (7,8 %) 1270 69 15675

11 957 (5,6 %) 953 3 18568

12 826 (4,8 %) 823 3 18157

Version: 3.31.0.R

5/5
Any Company • Any Street 21 • 54321 Any Town

Any Company
Any Street 21
54321 Any Town

Tel.: +49 123 456-0


Fax: +49 123 456-100
E-Mail: info@any-company.de
Internet: www.any-company.de

Nome do projecto: Edificio Audi Local de instalação: Portugal / Lisbon


Número do ---
projecto:
Tensão de rede: 400V (230V / 400V)

Vista geral do sistema

161 x Hanwha Q.Cells GmbH Q.Peak-G3 280 (03/2014) (Gerador fotovoltaico 1)


Azimute: -5 °, Inclinação: 30 °, Tipo de montagem: Telhado, Potência de pico: 45,48 kWp

1 x STP 20000TL-30 1 x STP 20000TL-30

Dados do dimensionamento

Quantidade total de módulos FV: 161 Performance Ratio (aprox.)*: 86,6 %


Potência de pico: 45,48 kWp Rendimento energético espec. (aprox.)*: 1703 kWh/kWp
Número de inversores: 2 Perdas em linha (em % de energia FV): ---
Potência nominal CA: 40,00 kW Carga desequilibrada: 0,00 VA
Potência activa CA: 40,00 kW Consumo anual de energia: 250,00 MWh
Relação de potência activa: 87,9 % Autoconsumo: 63.336,09 kWh
Rendimento energético anual (aprox.)*: 77.458,10 kWh Quota de autoconsumo: 81,8 %
Factor de utilização da energia: 99,9 % Taxa de autonomia (em % do consumo 25,3 %
de energia):

Version: 3.31.0.R

Assinatura

*Importante: os valores de rendimento indicados são valores estimados. Eles são calculados matematicamente. A SMA Solar Technology AG
não assume qualquer responsabilidade pelo valor de rendimento real, que pode divergir dos valores de rendimento aqui indicados. As
diferenças podem dever-se a várias circunstâncias externas, p. ex., sujidade dos módulos fotovoltaicos ou flutuações nos rendimentos dos
módulos fotovoltaicos.

1/6
Avaliação do dimensionamento
Nome do projecto: Edificio Audi Local de instalação: Portugal / Lisbon
Número do projecto: Temperatura ambiente:
Temperatura mínima: 4 °C
Temperatura de dimensionamento: 24 °C
Projecto parcial 1 Temperatura máxima: 38 °C

1 x STP 20000TL-30 (Sistema parcial 1)

Potência de pico: 22,32 kWp


Quantidade total de módulos FV: 79
Número de inversores: 1
Potência máx. CC (cos φ = 1): 20,44 kW
Potência activa máx. CA (cos φ = 1): 20,00 kW
Tensão de rede: 400V (230V / 400V)
Razão de potência nominal: 92 %
Factor de desfasamento cos φ: 1 STP 20000TL-30

Dados do dimensionamento

Entrada A: Gerador fotovoltaico 1


63 x Hanwha Q.Cells GmbH Q.Peak-G3 280 (03/2014), Azimute: -5 °, Inclinação: 30 °, Tipo de montagem: Telhado

Entrada B: Gerador fotovoltaico 1


16 x Hanwha Q.Cells GmbH Q.Peak-G3 280 (03/2014), Azimute: -5 °, Inclinação: 30 °, Tipo de montagem: Telhado

Entrada A: Entrada B:
Número de strings: 3 1
Módulos fotovoltaicos por string: 21 16
Potência de pico (entrada): 17,80 kWp 4,52 kWp

Tensão FV típica: 601 V 458 V


Tensão FV mín.: 548 V 417 V
Potência CC mín. (tensão de rede 230 V): 150 V 150 V

Tensão FV máx.: 872 V 664 V


Tensão CC máx.: 1000 V 1000 V

Corrente máx. do gerador FV: 26,9 A 9,0 A


Corrente máx. de CC: 33 A 33 A

Sistema fotovoltaico / Inversor compatíveis

Version: 3.31.0.R

2/6
Avaliação do dimensionamento
Nome do projecto: Edificio Audi Local de instalação: Portugal / Lisbon
Número do projecto: Temperatura ambiente:
Temperatura mínima: 4 °C
Temperatura de dimensionamento: 24 °C
Projecto parcial 1 Temperatura máxima: 38 °C

1 x STP 20000TL-30 (Sistema parcial 2)

Potência de pico: 23,17 kWp


Quantidade total de módulos FV: 82
Número de inversores: 1
Potência máx. CC (cos φ = 1): 20,44 kW
Potência activa máx. CA (cos φ = 1): 20,00 kW
Tensão de rede: 400V (230V / 400V)
Razão de potência nominal: 88 %
Factor de desfasamento cos φ: 1 STP 20000TL-30

Dados do dimensionamento

Entrada A: Gerador fotovoltaico 1


63 x Hanwha Q.Cells GmbH Q.Peak-G3 280 (03/2014), Azimute: -5 °, Inclinação: 30 °, Tipo de montagem: Telhado

Entrada B: Gerador fotovoltaico 1


19 x Hanwha Q.Cells GmbH Q.Peak-G3 280 (03/2014), Azimute: -5 °, Inclinação: 30 °, Tipo de montagem: Telhado

Entrada A: Entrada B:
Número de strings: 3 1
Módulos fotovoltaicos por string: 21 19
Potência de pico (entrada): 17,80 kWp 5,37 kWp

Tensão FV típica: 601 V 544 V


Tensão FV mín.: 548 V 495 V
Potência CC mín. (tensão de rede 230 V): 150 V 150 V

Tensão FV máx.: 872 V 789 V


Tensão CC máx.: 1000 V 1000 V

Corrente máx. do gerador FV: 26,9 A 9,0 A


Corrente máx. de CC: 33 A 33 A

Sistema fotovoltaico / Inversor compatíveis

Version: 3.31.0.R

3/6
Monitorização do sistema
Nome do projecto: Edificio Audi Local de instalação: Portugal / Lisbon
Número do projecto:

Sistema fotovoltaico Monitorização do sistema

Projecto parcial 1
1 x STP 20000TL-30
Sistema parcial 1

1 x STP 20000TL-30
Sistema parcial 2

Version: 3.31.0.R

4/6
Autoconsumo
Nome do projecto: Edificio Audi Local de instalação: Portugal / Lisbon
Número do projecto:

Dados sobre o autoconsumo

Perfil de carga: Empresa (dias úteis, das 8 às 18 horas)


Empresas com elevado consumo energético durante os dias úteis, das 8 às 18 horas. Exemplos:
escritórios, cantinas, bancos, prestadores de serviços, oficinas, construção civil.

Consumo de energia por ano: 250 MWh

Optimização do autoconsumo

Resultado

Sem optimização do autoconsumo

Os resultados indicados são valores estimados. Eles são calculados matematicamente. A SMA Solar Technology AG não assume qualquer
responsabilidade pelo autoconsumo real, que pode divergir dos valores aqui indicados. O autoconsumo possível é determinado
essencialmente pelo comportamento de consumo individual, que pode divergir do perfil de carga utilizado para o cálculo.

Version: 3.31.0.R

5/6
Valores mensais
Nome do projecto: Edificio Audi Local de instalação: Portugal / Lisbon
Número do projecto:

Diagrama

Tabela

Mês Rendimento energético Autoconsumo [kWh] Injecção na rede [kWh] Consumo de energia da
[kWh] rede [kWh]

1 4396 (5,7 %) 3812 585 21633

2 4983 (6,4 %) 4127 856 18190

3 6416 (8,3 %) 5519 898 17608

4 7136 (9,2 %) 5743 1393 13817

5 8114 (10,5 %) 6615 1499 12960

6 8243 (10,6 %) 6568 1675 10426

7 8628 (11,1 %) 6699 1929 11013

8 8408 (10,9 %) 6755 1653 11578

9 7087 (9,1 %) 5543 1544 12088

10 6024 (7,8 %) 4936 1088 16245

11 4305 (5,6 %) 3758 547 20644

12 3717 (4,8 %) 3261 456 20463

Version: 3.31.0.R

6/6
Catálogos de Inversores SMA
SUNNY TRIPOWER
5000TL – 12000TL
STP 5000TL-20 / STP 6000TL-20 / STP 7000TL-20 / STP 8000TL-20 / STP 9000TL-20 / STP 10000TL-20 / STP 12000TL-20

NEW – available as
10 kVA and 12 kVA versions

Economical Flexible Communicative Easy-to-Use


• Maximum efficiency of 98.3 % • DC input voltage of up to 1,000 V • SMA Webconnect • Three-phase feed-in
• Shade management with • Integrated grid management • Sunny Portal communication • Cable connection without tools
OptiTrac Global Peak functions • Bluetooth® communication • SUNCLIX DC plug-in system
• Active temperature management • Reactive power supply • Simple country configuration • Integrated ESS
with OptiCool • Module-tailored system design with • Multifunction relay comes standard (Electronic Solar Switch)
Optiflex • Easy wall mounting

SUNNY TRIPOWER
5000TL – 12000TL
The Three-Phase Inverter – Not Only for Your Home...
...but also perfectly suited to the design of the traditional residential PV system up to the higher power outage range. After all, with
the addition of the new 10 kVA and 12 kVA versions to the portfolio, the Sunny Tripower product range covers a broad spectrum
of applications. Users benefit from numerous tried-and-tested product features. Highly flexible with its proven Optiflex technology
and asymmetrical multistring, it delivers maximum yields with a top efficiency rating and OptiTrac Global Peak. In addition to
Bluetooth communication, it also comes standard with a direct Sunny Portal connection via SMA Webconnect. Other standard
features include integrated grid management functions, reactive power supply and suitability for operation with a 30 mA RCD. In
summary, when it comes to system design in the 5 to 12 kW power classes, the Sunny Tripower is the optimum product solution –
for applications ranging from use in your own home and larger PV rooftop systems to implementation of smaller-scale PV farms.
SUNNY TRIPOWER
5000TL / 6000TL / 7000TL / 8000TL / 9000TL / 10000TL / 12000TL

Sunny Tripower Sunny Tripower


Technical Data
5000TL 6000TL
Input (DC)
Max. DC power (@ cos φ = 1) 5100 W 6125 W
Max. input voltage 1000 V 1000 V
MPP voltage range / rated input voltage 245 V … 800 V/580 V 295 V … 800 V/580 V
Min. input voltage / start input voltage 150 V / 188 V 150 V / 188 V
Max. input current input A / input B 11 A / 10 A 11 A / 10 A
Max. input current per string input A / input B 11 A / 10 A 11 A / 10 A
Number of independent MPP inputs / strings per MPP input 2 / A:2; B:2 2 / A:2; B:2
Output (AC)
Rated power (@ 230 V, 50 Hz) 5000 W 6000 W
Max. AC apparent power 5000 VA 6000 VA
Nominal AC voltage 3 / N / PE; 220 / 380 V 3 / N / PE; 220 / 380 V
3 / N / PE; 230 / 400 V 3 / N / PE; 230 / 400 V
3 / N / PE; 240 / 415 V 3 / N / PE; 240 / 415 V
Nominal AC voltage range 160 … 280 V 160 V … 280 V
AC grid frequency / range 50 Hz, 60 Hz / -5 Hz … +5 Hz 50 Hz, 60 Hz / -5 Hz … +5 Hz
Rated power frequency / rated grid voltage 50 Hz / 230 V 50 Hz / 230 V
Max. output current 7.3 A 8.7 A
Power factor at rated power 1 1
Adjustable displacement power factor 0.8 overexcited ... 0.8 underexcited 0.8 overexcited ... 0.8 underexcited
Feed-in phases / connection phases 3/3 3/3
Efficiency
Max. efficiency / European efficiency 98 % / 97.1 % 98 % / 97.4 %
Protective devices
DC disconnect device ● ●
Ground fault monitoring / grid monitoring ●/● ●/●
DC reverse polarity protection / AC short-circuit current capability / galvanically isolated ●/●/— ●/●/—
All-pole sensitive residual-current monitoring unit ● ●
Protection class (according to IEC 62103)/overvoltage category (according to IEC 60664-1) I / III I / III
General data
Dimensions (W / H / D) 470 / 730 / 240 mm 470 / 730 / 240 mm
(18.5 / 28.7 / 9.5 inch) (18.5 / 28.7 / 9.5 inch)
Weight 37 kg (81.6 lb) 37 kg (81.6 lb)
Operating temperature range -25 °C … +60 °C (-13 °F … +140 °F) -25 °C … +60 °C (-13 °F … +140 °F)
Noise emission (typical) 40 dB(A) 40 dB(A)
Self-consumption (at night) 1W 1W
Topology / cooling concept Transformerless / Opticool Transformerless / Opticool
Degree of protection (according to IEC 60529) IP65 IP65
Climatic category (according to IEC 60721-3-4) 4K4H 4K4H
Maximum permissible value for relative humidity (non-condensing) 100 % 100 %
Features
DC connection / AC connection SUNCLIX / spring-cage terminal SUNCLIX / spring-cage terminal
Display Graphic Graphic
Interface: RS485, Bluetooth, Speedwire / Webconnect ○/●/● ○/●/●
Multifunction relay / Power Control Module ●/○ ●/○
Guarantee: 5 / 10 / 15 / 20 / 25 years ●/○/○/○/○ ●/○/○/○/○
Certificates and permits (more available on request) AS 4777, CE, CEI 0-213, C10/11:2012, DIN EN 62109-1, EN 504381, G59/3,
G83/2, IEC 61727/MEA², IEC 61727/PEA², IEC 62109-2, NEN EN 50438,
NRS 097-2-1, PPC, PPDS, RD 661/2007, RD 1699:2011, SI 4777,
UTE C15-712-1, VDE0126-1-1, VDE AR-N 4105, VFR 2013, VFR 2014
Type designation STP 5000TL-20 STP 6000TL-20
Sunny Tripower Sunny Tripower Sunny Tripower
7000TL 8000TL 9000TL

7175 W 8200 W 9225 W


1000 V 1000 V 1000 V
290 V … 800 V / 580 V 330 V … 800 V / 580 V 370 V … 800 V / 580 V
150 V / 188 V 150 V / 188 V 150 V / 188 V
15 A / 10 A 15 A / 10 A 15 A / 10 A
15 A / 10 A 15 A / 10 A 15 A / 10 A
2 / A:2; B:2 2 / A:2; B:2 2 / A:2; B:2

7000 W 8000 W 9000 W


7000 VA 8000 VA 9000 VA
3 / N / PE; 220 / 380 V 3 / N / PE; 220 / 380 V 3 / N / PE; 220 / 380 V
3 / N / PE; 230 / 400 V 3 / N / PE; 230 / 400 V 3 / N / PE; 230 / 400 V
3 / N / PE; 240 / 415 V 3 / N / PE; 240 / 415 V 3 / N / PE; 240 / 415 V
160 V … 280 V 160 V … 280 V 160 V … 280 V
50 Hz, 60 Hz / -5 Hz … +5 Hz 50 Hz, 60 Hz / -5 Hz … +5 Hz 50 Hz, 60 Hz / -5 Hz … +5 Hz
50 Hz / 230 V 50 Hz / 230 V 50 Hz / 230 V
10.2 A 11.6 A 13.1 A
1 1 1
0.8 overexcited ... 0.8 underexcited 0.8 overexcited ... 0.8 underexcited 0.8 overexcited ... 0.8 underexcited
3/3 3/3 3/3

98 % / 97.5 % 98 % / 97.6 % 98 % / 97.6 %

● ● ●
●/● ●/● ●/●
●/●/— ●/●/— ●/●/—
● ● ●
I / III I / III I / III

470 / 730 / 240 mm 470 / 730 / 240 mm 470 / 730 / 240 mm


(18.5 / 28.7 / 9.5 inch) (18.5 / 28.7 / 9.5 inch) (18.5 / 28.7 / 9.5 inch)
37 kg (81.6 lb) 37 kg (81.6 lb) 37 kg (81.6 lb)
-25 °C … +60 °C (-13 °F … +140 °F) -25 °C … +60 °C (-13 °F … +140 °F) -25 °C … +60 °C (-13 °F … +140 °F)
40 dB(A) 40 dB(A) 40 dB(A)
1W 1W 1W
Transformerless / Opticool Transformerless / Opticool Transformerless / Opticool
IP65 IP65 IP65
4K4H 4K4H 4K4H
100 % 100 % 100 %

SUNCLIX / spring-cage terminal SUNCLIX / spring-cage terminal SUNCLIX / spring-cage terminal


Graphic Graphic Graphic
○/●/● ○/●/● ○/●/●
●/○ ●/○ ●/○
●/○/○/○/○ ●/○/○/○/○ ●/○/○/○/○
AS 4777, CE, CEI 0-213, C10/11:2012, DIN EN 62109-1, EN 504381, G59/3,
G83/2, IEC 61727/MEA², IEC 61727/PEA², IEC 62109-2, NEN EN 50438,
NRS 097-2-1, PPC, PPDS, RD 661/2007, RD 1699:2011, SI 4777, UTE C15-712-1,
VDE0126-1-1, VDE AR-N 4105, VFR 2013, VFR 2014
STP 7000TL-20 STP 8000TL-20 STP 9000TL-20
Accessories

Power Controle Module RS485 interface


PWCBRD-10 485BRD-10

1
 Does not apply to all national appendices of EN 50438
2
 Only STP 9000TL-20
3
Only with external NS protection
4
AS 4777, SI4777 available as of September 1, 2014
5
Available as of October 2014

● Standard feature  ○ Optional feature  — Not available


Last updated: August 2014
Data at nominal conditions

Sunny Tripower Sunny Tripower


10000TL 12000TL 5

10250 W 12275 W
1000 V 1000 V
370 V … 800 V / 580 V 440 V … 800 V / 580 V
150 V / 188 V 150 V / 188 V
18 A / 10 A 18 A / 10 A
18 A / 10 A 18 A / 10 A
2 / A:2; B:2 2 / A:2; B:2

10000 W 12000 W
10000 VA 12000 VA
3 / N / PE; 220 / 380 V 3 / N / PE; 220 / 380 V
3 / N / PE; 230 / 400 V 3 / N / PE; 230 / 400 V
3 / N / PE; 240 / 415 V 3 / N / PE; 240 / 415 V
160 V … 280 V 160 V … 280 V
50 Hz, 60 Hz / -5 Hz … +5 Hz 50 Hz, 60 Hz / -5 Hz … +5 Hz
50 Hz / 230 V 50 Hz / 230 V
14.5 A 17.4 A
1 1
0.8 overexcited ... 0.8 underexcited 0.8 overexcited ... 0.8 underexcited
3/3 3/3

98 % / 97.6 % 98.3 % / 97.9 %

● ●
●/● ●/●
●/●/— ●/●/—
● ●
I / III I / III

470 / 730 / 240 mm 470 / 730 / 240 mm


(18.5 / 28.7 / 9.5 inches) (18.5 / 28.7 / 9.5 inch)
37 kg (81.6 lb) 38 kg / 84 lbs
-25°C … +60 °C (-13 °F … +140 °F) -25°C … +60 °C (-13 °F … +140 °F)
40 dB(A) 40 dB(A)
1W 1W
Transformerless / Opticool Transformerless / Opticool
IP65 IP65
4K4H 4K4H
100 % 100 %

SUNCLIX / spring-cage terminal SUNCLIX / spring-cage terminal


Graphic Graphic
○/●/● ○/●/●
●/○ ●/○
●/○/○/○/○ ●/○/○/○/○
AS 47774, CE, CEI 0-213, C10/11:2012, DIN EN 62109-1, EN 504381, G59/3,
G83/2, IEC 61727/MEA², IEC 61727/PEA², IEC 62109-2, NEN EN 50438,
NRS 097-2-1, PPC, PPDS, RD 661/2007, RD 1699:2011, SI 47774, UTE C15-712-1,
VDE0126-1-1, VDE AR-N 4105, VFR 2013, VFR 2014
STP 10000TL-20 STP 12000TL-20
www.SunnyPortal.com
Professional management, monitoring and presentation of PV plants

www.SMA-Solar.com  SMA Solar Technology


Status: August 2014
www.SMA-Solar.com
STP12000TL-DEN1433  SMA and Sunny Tripower are registered trademarks of SMA Solar Technology AG. Bluetooth® is a registered trademark of Bluetooth SIG, Inc. SUNCLIX is a registered trademark of PHOENIX CONTACT GmbH & Co. KG. Printed on FSC-certified paper.
All products and services described as well as technical data are subject to change, even for reasons of country-specific deviations, at any time without notice. SMA assumes no liability for errors or omissions. For current information, see www.SMA-Solar.com
SUNNY TRIPOWER
20000TL / 25000TL
STP 20000TL-30 / STP 25000TL-30

Efficient Safe Flexible Innovative


• Maximum efficiency of 98.4 % • DC surge arrester (SPD type II) • DC input voltage of up to 1,000 V • Cutting-edge grid management func-
can be integrated • Multistring capability for optimum tions with Integrated Plant Control*
system design • Reactive power available 24/7
(QonDemand24/7)*

SUNNY TRIPOWER
20000TL / 25000TL
The versatile specialist for large-scale commercial plants and solar power plants
The Sunny Tripower 20000TL/25000TL is the ideal inverter for large-scale commercial and industrial plants. Not only does it
deliver extraordinary high yields with an efficiency of 98.4 %, but it also offers enormous design flexibility and compatibility
with many PV modules thanks to its multistring capabilities and wide input voltage range.
The future is now: the Sunny Tripower 20000TL/25000TL comes with cutting-edge grid management functions such as
Integrated Plant Control*, which allows the inverter to regulate reactive power at the point of common coupling. Sepa-
rate controllers are no longer needed, lowering system costs. Another new feature—reactive power provision on demand
(QonDemand24/7).*

*In preparation
Accessories

RS485 interface Power Controle Module


DM-485CB-10 PWCMOD-10

DC surge arrester (Type Speedwire/Webconnect


II), inputs A and B DCSPD interface SWDM-10
KIT3-10

Multifunction relay
MFR01-10

1 
Does not apply to all national appendices of EN 50438

● Standard features  ○ Optional features  — Not available


Data at nominal conditions
Last updated: August 2014

Sunny Tripower Sunny Tripower


Technical Data
20000TL 25000TL
Input (DC) Input (DC)
Max. DC power (@ cos φ = 1) 20440 W 25550 W
Max. input voltage 1000 V 1000 V
MPP voltage range / rated input voltage 320 V to 800 V / 600 V 390 V to 800 V / 600 V
Min. input voltage / start input voltage 150 V / 188 V 150 V / 188 V
Max. input current input A / input B 33 A / 33 A 33 A / 33 A
Number of independent MPP inputs / strings per MPP input 2 / A:3; B:3 2 / A:3; B:3
Output (AC)
Rated power (@ 230 V, 50 Hz) 20000 W 25000 W
Max. AC apparent power 20000 VA 25000 VA
AC nominal voltage 3 / N / PE; 220 / 380 V 3 / N / PE; 220 / 380 V
3 / N / PE; 230 / 400 V 3 / N / PE; 230 / 400 V

All products and services described and all technical data are subject to change, even for reasons of country-specific deviations, at any time without notice. SMA assumes no liability for typographical and other errors. For the latest information, please visit www.SMA-Solar.com.
3 / N / PE; 240 / 415 V 3 / N / PE; 240 / 415 V
Nominal AC voltage range 160 V to 280 V 160 V to 280 V
AC grid frequency / range 50 Hz, 60 Hz / -6 Hz to +5 Hz 50 Hz, 60 Hz / -6 Hz to +5 Hz
Rated power frequency / rated grid voltage 50 Hz / 230 V 50 Hz / 230 V
Max. output current 29 A 36.2 A
Power factor at rated power 1 1
Adjustable displacement power factor 0 overexcited to 0 underexcited 0 overexcited to 0 underexcited
Feed-in phases / connection phases 3/3 3/3
Efficiency
Max. efficiency / European Efficiency 98.4 % / 98.0 % 98.3 % / 98.1 %

STP25000TL-30-DEN1438  SMA and Sunny Tripower are registered trademarks of SMA Solar Technology AG. SUNCLIX is a registered trademark of PHOENIX CONTACT GmbH & Co. KG. Printed on FSC paper.
Protective devices
DC-side disconnection device ● ●
Ground fault monitoring / grid monitoring ●/● ●/●
DC surge arrester (type II) can be integrated ○ ○
DC reverse polarity protection / AC short-circuit current capability / galvanically isolated ●/●/— ●/●/—
All-pole sensitive residual-current monitoring unit ● ●
Protection class (according to IEC 62103) / overvoltage category (according to IEC 60664-1) I / III I / III
General data
Dimensions (W / H / D) 665 / 690 / 265 mm 665 / 690 / 265 mm
(26.2 / 27.2 / 10.4 inch) (26.2 / 27.2 / 10.4 inch)
Weight 61 kg (134.48 lb) 61 kg (134.48 lb)
Operating temperature range -25 °C to +60 °C (-13 °F to +140 °F) -25 °C to +60 °C (-13 °F to +140 °F)
Noise emission (typical) 51 dB(A) 51 dB(A)
Self-consumption (at night) 1W 1W
Topology / cooling concept Transformerless / Opticool Transformerless / Opticool
Degree of protection (as per IEC 60529) IP65 IP65
Climatic category (according to IEC 60721-3-4) 4K4H 4K4H
Maximum permissible value for relative humidity (non-condensing) 100 % 100 %
Features
DC connection / AC connection SUNCLIX / spring-cage terminal SUNCLIX / spring-cage terminal
Display – –
Interface: RS485, Speedwire/Webconnect ○/● ○/●
Multifunction relay / Power Control Module ○/○ ○/○
Guarantee: 5 / 10 / 15 / 20 / 25 years ●/○/○/○/○ ●/○/○/○/○

Planned certificates and permits (more available on request) AS 4777, BDEW 2008, C10/11, CE, CEI 0-16, CEI 0-21, EN 504381,
G59/3, IEC61727, IEC 62109-1/2, NEN EN 50438, NRS 097-2-1,
PPC, RD 1699, RD 661/2007, SI4777, UTE C15-712-1, VDE 0126-1-1,
VDE-AR-N 4105, VFR 2014

Type designation STP 20000TL-30 STP 25000TL-30

www.SMA-Solar.com  SMA Solar Technology


Tabela de preços Julho 2015
Empresa EMAT
Registo de atividade financeira (Cash-Flow) do
sistema fotovoltaico de 65 kWp

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