Você está na página 1de 142

Sinopse

ESCRAVO DE AMOR DOS ALFAS 01

Shannon West

Ryan Henderson, um sexy astro pornô, está desesperado. Fugindo de


um assassinato que não cometeu, ele tenta se esconder vendendo a si mesmo
em um leilão de escravos de amor. Quando o belo shifter lobo lycan Blayde
Balenescu o compra, ele acha que suas preces foram atendidas — só para
descobrir que pulou da frigideira para o fogo!
Blayde é um caçador de recompensas intergaláctico que só está atrás
do dinheiro que Ryan pode lhe render. Entretanto, quando Ryan sai do
transporte que o está levando até Blayde, se surpreende com a reação violenta
do caçador de recompensas quando o homem o toca.
O dominante Blayde reconheceu Ryan como seu companheiro e agora
tem que descobrir não só como convencer o jovem a ficar ao seu lado e lhe
permitir educá-lo adequadamente, mas também como mantê-lo vivo por
tempo o suficiente para salvá-lo dos seus poderosos inimigos.
Créditos
Capítulo Um

Terra, 2255 EC

Ryan Henderson olhou para a câmera e estremeceu quando uma


brisa fria soprou suas bolas nuas. Cristo, por que não podiam aquecer um
pouco esse lugar? Este tinha que ser o planeta mais frio que já tinha visitado.
Estremeceu, tentou manter uma postura ereta sob o brilho dos holofotes e não
abaixar a cabeça. Estava acostumado a ficar sem roupas diante da câmera,
mas não em uma situação como essa onde, literalmente, estava se pondo à
venda.
Por causa das luzes refletindo em seus olhos não conseguia ver nada
além do cinegrafista, logo não era capaz de enxergar ninguém da plateia. O
número de espectadores na verdade tinha diminuído, mas quanto a possíveis
compradores online provavelmente havia centenas, se não milhares, em todo o
universo. Eles não estavam realmente ali no grande salão, ao contrário desses
outros, então poderia fingir que não existiam por alguns momentos enquanto
se colocava em exibição.
Por azar tinha tirado um número alto no sorteio de hoje à noite,
então era um dos últimos a serem exibidos na longa fila de escravos de amor.
Muitos compradores em potencial já tinham saído ou desconectado.
A voz alta do leiloeiro gritou para que segurasse seu número no alto,
então pegou o cartão pendurado em seu pescoço para exibir seu preço acima
da cabeça. Duzentos mil diamantes padrão; alto demais para atrair um monte
de competidores, mas ainda assim estava esperançoso. Os telespectadores
faziam ofertas às cegas pelos escravos por meio de lances eletrônicos ou de
atravessadores esperando na plateia. Se ninguém estivesse disposto a pagar
seu preço seria informado sobre as ofertas mais altas que tinha recebido
naquela noite e lhe caberia decidir se queria ou não aceitá-las.
Ryan tinha se colocado à venda por um ciclo galáctico, um período de
pouco mais de um ano na terminologia da Terra. Depois que os leiloeiros
recebessem os lances o nome do proponente subiria no quadro, mas ele não
saberia o valor desses lances até o final do seu horário. Pôde ver que alguns
nomes já tinham aparecido em seu quadro. Graças aos deuses que pelo menos
havia alguns licitantes. Rezou para que alguém desse um lance alto o
suficiente esta noite. Esta era a sua segunda tentativa em dias e, apesar de ter
recebido vários bons lances, até agora nenhum correspondia à quantia pedida.
O tempo estava se esgotando e qualquer que fosse o lance mais alto naquela
noite tinha que aceitar. Não podia se dar ao luxo de não fazê-lo.
Mal conseguiu escapar da Terra até esta pequena lua chamada Lunar
53, na parte sudeste da galáxia, porque conhecia o piloto pessoalmente, um
amigo de um amigo dos seus tempos de faculdade. Não tinha sido capaz de
trazer muito consigo — feliz de escapar, de qualquer maneira —, então quando
chegou à Lunar 53 estava sem dinheiro. Depois de tentar sem sucesso
conseguir um emprego nas últimas três semanas, gastou todo o dinheiro que
tinha em sua carteira na noite passada, então ficou desesperado o suficiente
para se vender, a única mercadoria que lhe restava.
Ainda assim, apesar de seu desespero, tinha algumas cláusulas sobre
sua propriedade. Em primeiro lugar, seu comprador precisava ser do sexo
masculino, pois era aí que estavam seus interesses sexuais. Considerando que
os escravos de amor ficavam em serviço — virtualmente — vinte e quatro
horas por dia e estavam à disposição de seus mestres, queria ter certeza de
que conseguiria uma ereção todas as vezes. Gostava de garotas e as achava
fofas, adoráveis até. Mas se uma fêmea o comprasse não haveria muito que
fosse capaz de fazer por ela, exceto lhe dar sugestões sobre cabelo e
maquiagem.
A segunda coisa que precisava era ficar fora do planeta, e quem quer
que se tornasse seu mestre teria que concordar em mantê-lo longe da Terra
durante todo o ciclo, com a opção de mais tempo.
De qualquer maneira, a maioria dos compradores era de fora do
planeta, de distantes assentamentos de mineração ou prestes a embarcar em
uma jornada espacial longa e entediante onde teriam pouco a fazer para
ocupar seu tempo. Frequentemente esses homens, chamados de Viajantes,
eram pilotos de naves que transportavam suprimentos de um lado para o
outro entre a Terra e os planetas e estações lunares por toda a galáxia. Um
trabalho muito lucrativo, mas que poderia se tornar muito solitário. Esses eram
os homens mais interessados em escravos de amor, então esse requisito não
deveria ser um problema.
Em terceiro lugar, queria permanecer anônimo, e estipulou que
ninguém, nem mesmo os leiloeiros, conhecessem sua verdadeira identidade.
Claro, nesse momento estava fazendo algo que era público até demais, parado
aqui nu na frente dos deuses e todo mundo, mas tinha tomado algumas
precauções para não ser reconhecido. Agora era simplesmente conhecido como
John Smith, e queria deixar sua antiga identidade para trás. Seu cabelo loiro e
normalmente longo tinha sido raspado até o comprimento de um fuzileiro
naval das Forças da Aliança. Usava uma película castanho-escuro para
esconder seus olhos naturalmente muito verdes e, embora nunca tivesse tido
muita barba, conseguiu deixar crescer uma “sombra” — como era chamado
aquele pequeno vestígio de cabelo sob seu lábio inferior.
Não era muito, mas qualquer coisa para disfarçar sua aparência era
um bônus, pensou.
Outra exigência era que o pagamento deveria ser feito apenas em
dinheiro. Ele assinaria um contrato de vídeo, completo com amostra de DNA
para garantir a legalidade, mas seu anonimato devia ser respeitado.
Por causa desses requisitos um tanto incomuns, junto com seus
limites rígidos não negociáveis, até agora seus lances não tinham atingido os
níveis que precisava. Por favor, queridos deuses, deixem esta noite ser
diferente. Eu preciso dar o fora desta lua.
Ryan olhou para a tela e viu que o leiloeiro estava fechando seus
lances para se preparar para o próximo escravo. Cada escravo só tinha cinco
minutos para se vender para o público, e tinha estado tão perdido em seus
pensamentos que fez pouco mais além de ficar ali parado. Esperava que fosse
o suficiente. Sabia que ele era bonito. Toda sua vida as pessoas tinham lhe
dito o quão bonito era. Era bem conhecido em alguns círculos como uma
jovem estrela promissora em filmes gays, promissora sendo a palavra-chave.
Ok, era pornografia gay masculina, mas era pornografia bem feita, com um
padrão de produção bastante alto, e os caras com quem contracenava eram
muito, mas muito gostosos. Assim como ele próprio, como tinha sido
informado com bastante frequência, e realmente gostava do seu trabalho. Ou
pelo menos tinha gostado até tudo despencar ladeira abaixo e rápido.
Tinha se assumido na faculdade e se juntou a uma fraternidade
liberal, de mente aberta, que consistia basicamente de caras gostosos, alguns
dos quais explorando sua própria sexualidade. Dizer que fodeu seus últimos
dois ciclos na faculdade não seria um exagero. Não tinha verdadeiro interesse
na área principal que escolheu, educação física, mas tinha sido um atleta no
ensino médio, não muito bom em qualquer outra área, então naturalmente
gravitou em direção a um diploma em EF. Tinha planos vagos para ser um
treinador de futebol do ensino médio. Ou talvez do fundamental. Ok, talvez
não tivesse pensado nisso cuidadosamente. Tinha estado ocupado se
divertindo na faculdade para se preocupar muito a respeito.
Tinha acabado de se formar e estava tentando transformar seu
diploma em um emprego de treinador em Los Angeles quando foi abordado por
um cara em um bar com uma oferta para fazer um filme solo por uma quantia
bastante tentadora de dinheiro. Estava quebrado na época e a busca por
emprego não ia bem. Então quando surgiu a oferta de um emprego em um
filme pornô aceitou com entusiasmo e rapidamente fez alguns trocados.
Dinheiro fácil, só ele e o cinegrafista em um quarto de hotel, e tudo o
que tinha que fazer era se masturbar, o que, vamos encarar, fazia com
bastante frequência de qualquer maneira. Sem problema.
Na próxima vez teve que estar com outro cara, o que também não foi
um problema considerando que ele era deslumbrante e desmarcado como um
cavalo, e depois da filmagem foram para um hotel na vizinhança e foderam
como coelhos até a manhã seguinte. A próxima coisa que soube era que
estava recebendo muitas ligações para aparecer em pequenos filmes pornô.
Era jovem, com tesão, gostoso pra caramba e todo mundo estava se
divertindo, até a noite em que recebeu uma ligação para se juntar à Blaine,
um amigo, em uma cena pequena com um bom “amigo” dele. Foi quando a
merda bateu no ventilador, e nada mais foi o mesmo desde então.
Se afastou da pequena plataforma sob os holofotes enquanto eles
sinalizavam que seu tempo tinha acabado e caminhou em direção a uma das
assistentes do leiloeiro que estava acenando. Pegou o roupão, mas a jovem o
deteve. Ela lhe deu um sorriso simpático, fazendo bolas com seu chiclete.
—Não, querido, não coloque isso de volta ainda. O maior lance atendeu a todas
as suas necessidades e até ofereceu mais do que você pediu, mas ele quer
conversar com você antes de enviar o dinheiro eletronicamente. E quer te ver
bem de perto — ela disse. Nós o temos na câmera holográfica daqui, então
basta me seguir.
Suspirando, mas esperançoso, largou o roupão e a seguiu até a
pequena câmera holográfica na lateral da sala. Projetando uma imagem
holográfica em 3D, a câmera dava a ilusão de estar na mesma sala com quem
quer que estivesse falando. O que significava, claro, que estava prestes a ficar
nu em um quarto com um estranho, um estranho que estava tentando decidir
se queria comprá-lo.
Sentiu um rubor ardente começar em seus dedos e percorrer
lentamente todo o caminho até suas bochechas.
Sentou com cuidado na fria cadeira de metal diante da câmera, e a
assistente ligou-a. Ele quer me ver bem de perto, hein? Jesus, será que ele faz
alguma ideia de como essas malditas cadeiras são frias? De repente uma
criatura devastadoramente bela, alta, musculosa, nos seus vinte e tantos anos,
com cabelos loiro-escuro apareceu na sua frente. Uma das coisas mais
notáveis sobre ele era o seu tamanho. Ele tinha pelo menos um metro e
noventa e seis de altura, e lhe superava e muito em massa, a maior parte dela
de músculos, embora também não ficasse atrás nesse departamento. A outra
coisa única sobre ele eram seus olhos. Eram de um vermelho escuro e
brilhante e o destacavam como um lycan. Por muito tempo tinha ouvido
histórias e rumores sobre esse povo misterioso, embora, na verdade, nunca
tivesse visto um.
Só recentemente o planeta Lycanus tinha fez uma desconfortável
trégua com a Aliança. Durante muitos ciclos eles tinham estado em guerra,
mas depois que um navio da Aliança foi capturado pelos lycans — com o
presidente da Aliança a bordo —, os lycans finalmente concordaram em entrar
em negociações com a Aliança para seu retorno seguro. Esta complicada série
de conversas reabriu um canal diplomático com os guerreiros lycans, o que
eventualmente levou a um frágil acordo comercial.
Lycanus era incrivelmente rico em minerais necessários à Aliança, e o
governo estava ansioso para fazer qualquer coisa para manter o acordo
comercial em vigor. Enquanto a guerra se alastrava entre os dois, os navios de
guerra da Aliança atacaram o planeta com tudo o que tinham, mas foram
repetidamente expulsos pelos ferozes e selvagens lycans.
A linda criatura na sua frente estava sentada à algum tipo de mesa,
suas mãos enormes cruzadas diante de si. Ryan se perguntou no que ele
estava pensando quando seu olhar estranho e brilhante o percorreu. O lycan o
olhou fixamente por um minuto sem dizer uma palavra. Ele tinha um olhar
quase de aversão em seu rosto bonito. E suspeita. De onde isso estava vindo?
Será que de alguma forma já tinha causado uma má impressão? Porra, tinha
acabado de se sentar! Impaciente, a assistente se inclinou e falou no
microfone.
—Vá em frente, senhor. Este é John, aquele pelo qual fez a oferta, e
ele pode te ouvir e ver muito bem.
Ryan sorriu, se sentindo nervoso e inseguro do que deveria ou não
dizer para impressionar essa bela criatura. O fato de que um lycan tinha feito
um lance para tê-lo era excitante e muito melhor do que tinha esperado. Todos
eram conhecidos por serem muito ricos, e havia rumores de serem amantes
interessantes. Diziam também que podiam se transformar em enormes e
criaturas selvagens semelhantes a lobos sempre que precisassem, mas nada
disso jamais tinha sido provado até onde ouviu, embora os rumores
persistissem. Achava que as lendas vinham do medo da sua natureza
selvagem mais do que qualquer outra coisa. O público em geral tinha sido
mantido no escuro a maior parte das vezes, quando se tratava dos habitantes
daquele planeta.
Decidiu que deviam ser apenas conversa e histórias malucas,
provavelmente inspiradas por seus estranhos olhos vermelhos.
Decidiu se sentar em silêncio e fazer o lycan pensar que era bem
comportado. Deixaria o homem enorme e bonito dar o primeiro passo. Sabia
que a maioria — se não todos esses caras — era muito dominante, e queria
causar uma boa impressão.
Estava começando a ficar nervoso quando o lycan finalmente falou.
—Levante e vire-se muito devagar — disse em Eartano, uma mistura de várias
das principais línguas da Terra e língua oficial da Aliança. Se concentrou nas
palavras ditas com uma voz profunda e melodiosa, tingida com um estranho
sotaque.
—Por um acaso, você fala Inglês? Meu eartano está um pouco
enferrujado.
A linda criatura ergueu uma sobrancelha perfeita. —É claro — ele
respondeu em inglês. —Agora faça o que mandei e fique de pé.
Obedientemente, embora agora corando diante do seu tom
imperioso, se levantou e deu uma volta lenta diante da tela.
—Então... — o homem começou. —O que há de errado com você?
—Hã, como?
—Eu disse, o que há de errado com você?
—Eu... Hã...
—Você sabe falar, não sabe? Ou só gagueja?
Lançou um olhar fulminante para ele. —Não há nada de errado
comigo.
—Não fique eriçado. Estou te comprando para transar, não para
conversar. O que quero dizer é que o seu preço não é tão alto para um ciclo e
você é muito bonito. Por que alguém já não te agarrou, como dizem vocês
humanos?
Ryan se irritou um pouco pelo comentário sobre ser bonito, mas
tentou não demonstrar — embora pudesse sentir suas bochechas corarem.
Sentando e alinhando as costas, olhou para cima e viu o lycan dando um
sorrisinho diante da sua reação, e se mexeu desconfortavelmente em seu
assento.
O fato é que era uma fraude. Não era particularmente submisso e
nunca tinha sido. Gostava de um pouco de excentricidade, sim, mas não lhe
tornava um sub. Pelo menos não um sub do tipo vinte quatro horas por dia,
sete dias por semana, como esses caras dominantes geralmente gostavam.
Sabia que quase todos os compradores neste site tinham, no mínimo, fortes
tendências dominantes, e os meninos que se vendiam aqui eram geralmente
submissos, tipo ao extremo. Alguns eram masoquistas também. Nenhum
desses termos se aplicavam a ele, e de forma alguma gostava de dor. Daí sua
extensa lista de limites rígidos.
Entretanto precisava de um lugar para se esconder, e ter um homem
bonito e forte como esse lycan por perto para cuidar de você não parecia tão
ruim quando assassinos cruéis estavam na sua cola, então quando ouviu sobre
esses leilões isso soou como um bom trabalho. Um ciclo fora do planeta, em
algum remanso na galáxia, poderia dar às pessoas à sua procura tempo para
esquecê-lo, para ignorá-lo. Tinha que encarar isso como um papel, como em
um filme. Tinha bancado o submisso antes em seus filmes pornô, e nunca se
importou muito. Na verdade alguns deles foram agradáveis, até excitantes. Era
capaz de fazer isso. Ergueu os olhos para retribuir o olhar fixo daquele rosto
bonito à sua frente.
—Eu não sei se há algo de errado comigo, além do fato de ter
algumas exigências no meu contrato. Como você sabe, quero ficar fora do
planeta por pelo menos um ciclo inteiro e tenho que permanecer anônimo.
—Eu sei de tudo isso — o lycan respondeu com impaciência. —O que
mais? Quais são seus limites rígidos?
—Meus… Hã… — Aquelas palavras se referiam ao BDSM e eram os
limites que os sub colocavam na disciplina que o mestre lhes daria. Com o cara
certo, uma pequena torção poderia ser muito divertida. Entretanto, com o
errado — e fora do planeta, nos confins de algum mundo na esquina do
universo —, as coisas poderiam ficar arriscadas se não fosse muito cuidadoso.
—Meus, hã, limites... Vamos ver, eu posso fornecer um certificado de saúde, e
se você puder também posso transar sem proteção, mas não sem um
certificado.
—Ok, vá em frente. — O homem acenou com a mão diante de si.
—Limites, eu disse. Concentre-se, por favor.
—Ok, então, nada de dor. Sem jogos de limites. Eu não gosto disso.
Um pouco de desconforto, tudo bem. Estive com caras que gostam de
espancar, ou até mesmo gostam de ter alguém os espancando... — Olhou para
cima esperançosamente, mas a expressão no rosto do homem bonito não
pareceu exatamente promissora durante essa linha de pensamento, em
particular. Na verdade o comentário só o fez estreitar ainda mais os olhos,
antes de contrair os lábios como se estivesse segurando um sorriso.
Tentou novamente. —Então, sim, um pouco de surra, como eu disse.
Você sabe, um pouco de excentricidade. Mas nada de chicotes ou correntes.
Nada extremo. E eu realmente não gosto de ser amarrado.
—Não?
—Oh, não — respondeu com firmeza, balançando a cabeça. —Meio
claustrofóbico, eu acho. De qualquer forma, não. Nada de bondage.
—Sem bondage? — Ele repetiu levantando uma sobrancelha, e
pensou que poderia ter estragado tudo.
—Você ficaria muito bonito amarrado...
Sentiu um tremor em seu pênis diante dessas palavras, e se mexeu
novamente. Por que diabos isso está me excitando, maldição?
—Hã, não, eu não quero isso, senhor — respondeu. —Ah, e eu não
quero sentar aos seus pés ou dormir no chão. Eu não sou um cachorro... —
Ficou vermelho de novo, e olhou para cima quando se lembrou de com quem
estava falando. —Hã, eu não quero ser tratado como... Um escravo. Você
sabe, comer da sua mão e tudo mais. — Balançou a cabeça enfaticamente.
—Não, nada dessa merda.
—No entanto você está se vendendo como um escravo de amor.
Outro rubor doloroso. Porra, o que havia de errado com seu corpo?
Esse cara ia pensar que tinha algum tipo de condição, pelo amor de Deus!
—Mais alguma coisa? — o lycan quase rosnou.

—Bem, apenas nada de fluidos corporais, senhor. Você sabe, tipo


enema ou chuva dourada. Ou cuspir na minha boca. Nojento. — Ele fez uma
careta novamente, e desta vez um pequeno sorriso definitivamente brincou ao
nos lábios do homem.
—Você não é muito um sub, não é mesmo pequeno humano?
—Oh sim, senhor, eu sou todo sub, mas não realmente um... Hã...
Um muito bom, eu temo.
Um sorriso genuíno desta vez. O homem o olhou de perto. —Um
pouco pirralho, não é?
—Oh não, senhor. Eu juro que não vou lhe causar nenhum problema.
Quero dizer, eu não sou um espertinho nem nada. Bem, quase nunca. —
Endireitou os ombros. —Juro fazer o que me disser. Contanto que não entre
em conflito com os meus limites, senhor.
—Sua extensa lista de limites...
—Bem, sim, senhor.
—Sua lista de limites que de jeito nenhum deixa muito espaço para
que seja um sub?
—Hã... Bem, não exatamente, senhor.
O lycan hesitou por um longo momento, o encarando. Finalmente ele
falou de novo. —Por que, John? Por que está fazendo isso? Você obviamente
não tem interesse em ser um submisso ou escravo de amor. Você está com
algum tipo de problema? Não está com problemas com a polícia, está?
—Oh não, senhor. Sem problemas. Eu só tenho minhas razões. Nada
que afetaria o... Hã... Desempenho dos meus deveres — respondeu, mentindo
descaradamente.
O homem enorme hesitou antes de fazer a próxima pergunta.
—Suponho que receberia a mesma resposta se perguntasse por que você
gostaria ficar fora do planeta por um ciclo.
—Sim, senhor. Temo que sim.
Outra longa pausa. —Você sequer tem algum interesse em
submissão? Não minta para mim, humano.
—Sim claro. Na verdade eu sou definitivamente um submisso.
Realmente quero isso — disse, reprimindo a vontade de tocar o nariz para ver
se estava crescendo como o de Pinóquio.
O homem lhe deu um olhar longo, intenso e desconfiado.
—Obviamente seu nome verdadeiro não é John Smith. Você gostaria de me
dar seu verdadeiro nome?
—Eu prefiro não, senhor, mas se não gostar desse nome pode me
chamar de qualquer outra coisa que apreciar. Vou ficar bem com o que decidir.
—A propósito, meu nome é Blayde. Blayde Balenescu. E você pode
me chamar de Alfa.
Alfa? Que diabos isso significa? É algum tipo de coisa lycan? Ou uma
coisa de Dom? Tanto faz, se isso o ajudasse a dar o fora dessa lua de merda.
—Oh. Hã, sim. Alfa — respondeu balançando a cabeça para cima e
para baixo.
—Tudo bem. Por mais que eu esteja me divertindo, é hora de acabar
com isso. — Ele se levantou e olhou para trás de Ryan. —Vão em frente,
meninos. Ele está pronto para a coleta.
—O quê? Eu não ent... — De repente um homem enorme apareceu
ao seu lado e agarrou seus pulsos, batendo algemas nele. Outro cara grande
envolveu um braço ao redor da sua garganta e o bateu de costas no assento
quando tentou se levantar.
Seu coração perdeu o compasso, e deu um breve arquejo. Não! Não
agora, depois que pensou que realmente fugiria! Isso não podia estar
acontecendo...
Ouviu uma voz que o atingiu como se vindo de longe. —Ryan
Henderson. Você tem o direito de permanecer em silêncio. Qualquer coisa que
disser pode e será usada contra você. Você está sob julgamento pelo Supremo
Tribunal das Forças da Aliança e é condenado à prisão perpétua sem a
possibilidade de liberdade condicional. Resistir é inútil. Prepare-se para ser
levado até Lycanus 3, para ser transferido para o meu navio para uma jornada
até a lua da prisão de Ômega 9, no sistema estelar Copérnico, para cumprir
sua sentença.
—Um fodido caçador de recompensas, porra, não! — Disse, fechando
os olhos e inclinando a cabeça para trás.
—Ah, mas eu sou, de fato, um caçador de recompensas, Ryan. E você
acaba de ser preso.
Abriu os olhos e encarou o belo e exótico rosto flutuando no ar diante
de si, e apenas sentiu um intenso choque. Muito atordoado e desgostoso para
dizer outra palavra, encontrou o olhar fixo de Blayde Balenescu esperando por
algum sinal de que tudo era uma piada terrível, algum mal-entendido. Não viu
nada naqueles exóticos olhos vermelhos além de uma frieza gélida.
Blayde lhe deu um sorriso tenso e cruel quando o olhou nos olhos e
disse. —Amarrem-no, meninos, e ponham um laço nele. Eu vou levar.

****
Ryan olhou pela janela do transporte enquanto se preparavam para
aterrissar no planeta onde Blayde Balenescu morava. Se chamava Lycanus 3,
ficava a caminho do fim da galáxia e só era acessível através de um buraco de
minhoca. Os buracos de minhoca eram anomalias espaciais, algo como fendas
no espaço que conectavam dois lugares separados. No caso desse buraco de
minhoca em particular pelo qual estavam viajando, ele conectava a Terra às
margens ocidentais da galáxia. Ao contrário dos portais estelares, os buracos
de minhoca não eram permanentes. Suas conexões duravam apenas um curto
período de tempo — geralmente de dezesseis a quarenta e oito horas — e
entravam em colapso se massa demais os atravessasse. Os transportes eram
pequenos e rápidos, embora ainda levassem quase um dia inteiro de viagem.
Esta viagem em particular incluiu uma transferência, depois de passarem
através do buraco de minhoca, para outro transporte interplanetário em uma
lua de merda chamada Beta 14.
Lá teve que dormir por uma noite no chão do porto espacial com
mãos e pés algemados porque a nave atrasou devido a uma chuva de
meteoros. Seus guardas taciturnos tinham deixado as algemas quando
embarcou na nave para Lycanus 3, e estava cansado, sujo e desconfortável.
Estava resignado quanto a se juntar à nave da prisão que logo decolaria de
Lycanus 3 e o levaria até a prisão em uma das luas de um planeta no sistema
estelar Copérnico. Tinha ouvido rumores sobre o lugar, mas não conseguia
pensar a respeito sem ficar petrificado de medo. Merda, por que falar a palavra
prisão ainda o fazia estremecer de terror abjeto quando pensava sobre isso?
Os lycans caçadores de recompensas que o localizaram mantinham
sua base em Lycanus 3, e os guardas que tinham contratado o levariam para
encontrá-los nesse local para o transporte final, junto com quaisquer outros
prisioneiros que tivessem conseguido rastrear.
Tinha ouvido vagamente sobre Lycanus 3 antes. Um dos dois
planetas irmãos de Lycanus, era o local de uma das maiores operações de
mineração de bauxita da galáxia. A bauxita era usada na produção de alumínio
e fabricação de transportes como o que estavam agora. Antigamente um dos
compostos minerais mais abundantes na crosta terrestre — até que as
operações de mineração na Terra o extraíssem em excesso —, a bauxita
estava se tornando ecologicamente não sustentável. Desde que estava se
esgotando na Terra, novas fontes tinham de ser encontradas. As minas de
Lycanus 3 tinham se tornado tão valiosas quanto as de diamantes em seu
planeta natal. Tinha ouvido os guardas dizerem que Blayde Balenescu tinha
uma casa em Lycanus 3. Não que muitas outras pessoas vivessem no planeta,
todos eles lycans, de acordo com o que os guardas disseram, e a maioria deles
eram membros de uma família lycan enorme e muito unida. A maneira como
sussurravam sobre ela o fez pensar que havia algum mistério ali, mas estava
imerso demais em sua própria miséria para se importar de um jeito ou de
outro.
Segundo os guardas Blayde Balenescu era um Viajante lycan, bem
como um caçador de recompensas, e transportava cargas, incluindo humanos,
para vários destinos na galáxia. Ryan era uma das suas últimas aquisições, e
também ouviu os guardas dizerem que tinha um preço alto pela sua cabeça.
Tinha poucas dúvidas a esse respeito. Sabia que o juiz estava desesperado
para encontrá-lo.
Pelo que Blayde disse quando leu seus direitos já tinha sido
condenado à revelia, o que também não era uma grande surpresa. O juiz era
poderoso o suficiente para conseguir qualquer coisa que quisesse. Agora ia
enfrentar a vida preso em algum buraco do inferno nos confins da galáxia.
Preferia estar morto, e decidiu durante a última e longa noite algemado no
chão do porto espacial que simplesmente poderia cuidar disso assim que uma
oportunidade se apresentasse. Uma tentativa de fuga bem cronometrada devia
resolver. Blayde Balenescu parecia mais do que capaz de fazer o trabalho.
Tudo o que tinha que fazer era lutar com ele e lhe dar uma razão para tirá-lo
da sua miséria.
Através da janela não podia ver nada além das colinas desoladas do
planeta Lycanus 3.
A zona de aterrissagem era quase desprovida de vegetação.
Entretanto tinha visto as ricas áreas florestais nas colinas enquanto voavam
baixo sobre o planeta, e se perguntou por que os lycans construíram sua
cidade neste deserto. O solo era vermelho como o barro vermelho da Geórgia,
seu estado natal na Terra, e quase do mesmo tom. Sentiu uma súbita pontada
quando pensou sobre quão longe estava de casa e em como nunca mais veria
as colinas vermelhas da Geórgia na Terra.
O transporte pairou brevemente sobre uma pequena doca espacial de
aterrissagem enquanto o piloto se preparava para o pouso. Parecia que tinha
chovido recentemente e que o chão estava molhado e lamacento. Pôde ver
dois homens enormes parados no cais, e imediatamente reconheceu um deles
como Blayde, o lycan que tinha posado como seu comprador na operação que
o colocou nessa situação.
Olhou pela janela para as figuras incrivelmente altas e musculosas
que o esperavam na doca e borboletas esvoaçaram em seu estômago
novamente. Deuses, o filho da puta do Blayde era bonito e ainda maior do que
tinha pensado. Cabelos loiro-escuros, aqueles estranhos e atraentes olhos
vermelhos, e tinha o pacote completo descendo direto até aquele volume
impressionante em suas calças apertadas. Havia um homem igualmente
enorme e lindo ao lado dele, os dois esperando impacientemente pela chegada
do transporte. Ele era tão alto quanto Blayde, mas mais magro. Seu cabelo era
loiro também, e eles tinham uma distinta semelhança familiar. Ambos bonitos
pra caralho para o meu próprio bem.
Que se danem. Dessa pequena distância, enquanto a nave pairava
logo acima dos dois, pôde ver seus estranhos e atraentes olhos vermelho-
escuro.
A nave aterrissou e foi amarrada à doca. Um dos guardas se
aproximou e o ajudou a levantar para que pudesse se mover pelo corredor do
transporte, enquanto o outro pegava sua bolsa do compartimento superior. Só
tinha uma pequena mochila. A maior parte das suas roupas tinha sido deixada
para trás em seu antigo apartamento na Terra quando percebeu que não
poderia mais voltar lá. Além disso, provavelmente não ia precisar muito. Daqui
em diante ia vestir basicamente os uniformes da prisão.
O guarda jogou a bolsa para fora e acenou para os dois homens no
cais. —Ele é todo seu, Sr. Balenescu.
—Obrigado, rapazes. Vejo vocês na próxima viagem — Blayde falou
acenando de volta para eles.
O degrau até a doca era bem alto e as correntes das algemas em
volta dos seus tornozelos era curta demais para tudo além de pequenos
movimentos. O guarda simplesmente o encarou de forma impassível quando
olhou por cima do ombro, pedindo silenciosamente que o ajudasse a descer.
Então suspirou, encolheu os ombros e saltou desajeitadamente para o último
degrau. Tropeçou um pouco. Se endireitando, virou na direção de Balenescu e
se encontrou com o nariz no peito do homem.
O homem colocou as mãos nos seus braços para firmá-lo e o olhou
intensamente. De repente ele cambaleou para trás e olhou de novo. Na
verdade aqueles lindos olhos se arregalaram, e ele o cheirou antes de
literalmente recuar horrorizado. O cheirou como se estivesse fedendo.
Inteiramente possível, considerando a falta de instalações sanitárias
em Beta 14, mas não pensou que estivesse tão mal assim.
Balenescu aparentemente não concordava, porque abriu a boca e
rugiu em sua cara. —Que porra é essa?
Ele gritou tão alto, e soou tão furioso, que tropeçou para trás em
choque e caiu de bunda no meio de uma poça de lama, a água fria se
infiltrando em suas calças e fazendo-o arquejar. Olhou para o rosto zangado
do exótico caçador de recompensas, que então se afastou estendendo as mãos
para cima como se para afastá-lo. Ficou tão chocado que não conseguiu se
mexer, só ficar ali sentado olhando para ele.
Os guardas e o outro homem enorme pareceram alarmados e
confusos. O cara com Blayde colocou uma mão em seu ombro, só para ser
afastado com um dar de ombros quase raivoso. Então esse mesmo cara o
rodeou e estendeu a mão para levantá-lo, mas Blayde literalmente rosnou e
saltou entre os dois.
—Não toque nele, maldição!
—Blayde! — O homem gritou. —Que diabos? Eu só estava tentando
ajudá-lo a se levantar.
Enquanto observava atônito, Blayde corou em um vermelho intenso e
doloroso, deu de ombros e resmungou: —Desculpe, Kyle. Só não o toque. Por
favor.
Então ele se virou e o encarou, estendendo a mão para agarrar a
corrente entre seus pulsos e puxá-lo de pé.
—Obrigado. — Permitiu que Blayde o ajudasse a se levantar. Deu
uma olhadela no homem e sentiu o sangue quente fluir para tingir suas
bochechas. —E-está tudo bem?
—Cale a boca, maldição. Se eu quiser ouvir alguma coisa de você eu
te direi. Enquanto isso, cale a porra da boca.
Corou de novo e abaixou os olhos. Babaca. Bastardo do caralho. Eu
só fiz uma simples pergunta.
O homem que ele tinha chamado de Kyle deu um passo adiante mais
uma vez e tocou o braço de Blayde. —Acalme-se, Blayde. Não há necessidade
de assustá-lo até a morte. — Ele voltou o olhar em sua direção. —Desculpe,
humano. Você está bem?
Assentiu. —Estou bem.
—Ótimo. — Kyle se inclinou e pegou sua bolsa de onde os guardas a
tinham jogado, enquanto Blayde agarrava suas mãos algemadas pela corrente
mais uma vez e o arrastava atrás de si, lhe dando as costas. Pôde ouvir o
homem que Blayde chamou de Kyle conversando com os guardas, mas estava
muito ocupado se atrapalhando e saltando atrás de Blayde, tentando não
tropeçar e cair de cara na doca, para prestar muita atenção a qualquer outra
coisa.
—Vamos, maldição — o homem resmungou por cima do ombro.
—Mova sua bunda. Preciso te levar a algum lugar onde possa te tirar dessas
calças.

Capítulo Dois
Blayde dirigiu pelo deserto dando uma olhadela aqui e ali em Kyle,
que o observava cautelosamente. Sabia que o homem devia estar se
perguntando o que diabos estava acontecendo com ele, mas não poderia dizer
nada até que estivessem sozinhos.
Tinha puxado o maldito humano para o jipe enorme pelas algemas,
não querendo colocar as mãos nele novamente. Estava com medo de que se o
tocasse mais uma vez não seria capaz de se controlar. Quando chegaram ao
veículo alto parado junto às docas, com pneus grandes que possibilitavam a
movimentação pelo profundo terreno arenoso, deixou o humano subir a bordo
por conta própria. A corrente entre seus tornozelos era muito curta para que
conseguisse, e finalmente teve que carregá-lo, praticamente o atirando no
banco de trás. Não pretendia ser tão rude, mas tinha que tirá-lo dos braços e
rápido, antes que envergonhasse a ambos ao arrebatar o homem bem na
frente de Kyle. Arrebatar o homem? De onde diabos essa expressão antiquada
tinha vindo? Entretanto era estranhamente apropriada para o que queria fazer
com o pequeno humano.
Olhou para o homem pelo espelho retrovisor e em seguida voltou
rapidamente. Maldição, como isso podia estar acontecendo? Este devia ser um
trabalho fácil, coleta e entrega rápidas com, talvez, um pouco de diversão para
ele e Kyle ao longo do caminho. O biscoitinho quente no banco de trás nasceu
para ser fodido, e a viagem para entregar o humano ao planeta-prisão seria de
apenas uns dois dias, embora ainda tediosa. Que melhor maneira de aliviar o
tédio do que brincar com o prisioneiro conhecido no mundo do pornô como
Randy Ryan, estrela de alguns dos malditos filmes pornôs mais deliciosos que
já assistiu? Ele e Kyle tinham realmente conversado sobre um trio com o
humano bonito.
É claro que não tinham planos de estuprá-lo, mas não havia nada que
os impediria de atraí-lo, e talvez seduzi-lo um pouco, se ele estivesse disposto
e pronto para isso, por assim dizer. A piada de mau gosto agora o fazia se
encolher.
Em vez disso, quando o jovem saltou do transporte sentiu
imediatamente uma coisa engraçada e o cheiro de algo poderoso e doce que
nunca tinha sentido antes. Intrigado e quase compelido a se aproximar, foi
atrás dele e quando Ryan virou e o olhou o choque quase o derrubou.
Seu cérebro gritou companheiro, e o desejo mais forte e o impulso
mais primitivo que já experimentou o atingiu impulsionando-o a derrubar o
homem, transar com ele no chão da doca e então carregá-lo até algum lugar
para rugir em volta dele por um tempo. Os companheiros dos lycans poderiam
ser tanto machos quanto fêmeas. De fato, muitos lycans preferiam os machos.
Esse homem humano, em particular, era o mais próximo da perfeição que já
tinha visto.
Este humano era o seu companheiro, seu amado, e soube disto no
instante em que o viu pessoalmente.
Até mesmo o cheiro humano o tinha chamado, um aroma doce e
almiscarado que fez seu pênis se erguer e se fazer notar instantaneamente.
Antes que pudesse fazer algo a respeito, pulou para longe dele e
assustou tanto o homem que ele caiu de bunda em uma poça de lama. Talvez
tivesse gritado algo para ele também, mas não era capaz de se lembrar.
Estava feliz por ter sido capaz de controlar a compulsão tanto quanto possível,
porque nunca sentiu algo tão poderoso em sua vida. Se perguntou brevemente
se isso tinha algo a ver com a antiga maldição familiar, então descartou o fato
da sua mente. Poderia pensar a respeito mais tarde, quando seu cérebro não
estivesse cheio do seu companheiro.
Então, o que diabos ia fazer? Com certeza não estava pronto para
qualquer maldito companheiro. Companheiros eram os amados e mimados
cônjuges dos lycans, que acasalavam uma vez para toda a vida. Nunca
trabalhando fora de casa, esses companheiros existiam para satisfazer seus
lobos. Como retribuição eram muito amados, paparicados e zelosamente
protegidos. Eles recebiam muito cuidado e atenção, e não estava pronto para
nada disso. Olhou para o humano no banco de trás. Ainda não queria e nem
precisava de um maldito companheiro. Especialmente um assassino duas caras
e saco de merda mentiroso como o lindo rapaz sentado atrás de si — tão lindo
que olhar para ele fazia sua barriga doer. Maldito seja! Por que tinha de ficar
ali sentado, tão adorável e necessitado de proteção? Não morda esse lábio,
maldição! Esse é o meu trabalho! E pare de parecer tão apavorado! O que
acha que eu vou fazer, comer você? Bem, inferno, eu poderia fazer isso.
Blayde era um shifter lobo lycan, como todos da sua raça, e um
caçador de recompensas — um dos bons também. Em seu planeta todo mundo
era lycan e membro do mesmo grande grupo familiar. Os shifters lycan viviam
em bandos e eram mais felizes próximos uns dos outros. Sua matilha tinha
sido isolada aqui, administrando as minas de bauxita por mais de cento e
cinquenta ciclos desde que o primeiro transporte trouxe os primeiros colonos,
todo o seu clã lobo. Descendentes de um antigo grupo lycan em seu planeta
natal, seus ancestrais vieram para começar uma nova vida em Lycanus 3,
longe dos inimigos políticos em Lycanus. Embora esses inimigos políticos
estivessem mortos há muito tempo, o bando Balenescu permaneceu em
Lycanus 3 e construiu uma vida boa no desolado planeta, embora rico em
minerais.
Entretanto seu isolamento era apenas físico. Suas ocupações como
Viajantes os tornavam incomumente sociáveis para lycans, que geralmente
tinham pouco a ver com outras espécies, exceto por usá-los ocasionalmente
como parceiros ou concubinas. Por causa disso tinham um bom domínio de
muitas línguas e toleravam muito melhor a presença de outras espécies que
aqueles do seu planeta natal.
Entretanto, por causa do isolamento físico conseguiram manter sua
linhagem pura, com apenas humanos e algumas outras espécies incorporadas
como parceiras, nunca como reprodutoras. Quando colonizaram o planeta pela
primeira vez a hierarquia da matilha, que tinha praticamente morrido em seu
planeta natal, foi necessária para manter a ordem entre os machos altamente
independentes. E ainda permanecia firmemente no lugar depois de todo esse
tempo. Blayde era um macho alfa, um dos seis alfas de Lycanus. O alfa
principal era seu irmão mais velho, Lucas, e depois havia seus quatro primos,
Kyle, Konnor, Larssen e Nikolai.
Felizmente para eles, só um estava interessado em administrar o
bando e esse era Lucas. Nem ele nem seus primos queriam a responsabilidade
ou perder sua liberdade.
Tornou-se um caçador de recompensas e fez uma boa vida nisso para
si e sua matilha. Kyle, Konnor, Larssen e Nikolai também eram caçadores de
recompensas e Viajantes, carregando a bauxita até os confins da galáxia e
nem de longe prontos para se acomodar. Kyle e Nikolai ocasionalmente o
ajudavam quando tinha um transporte completo, como nesta viagem,
enquanto Konnor e Larssen geralmente se uniam em suas próprias
recompensas.
Maldição, era ocupado demais para essa merda, nem um pouco perto
de estar pronto para se acomodar e cuidar de um companheiro. Bateu os
punhos no volante, ganhando outro olhar assustado do pequeno humano. Ryan
já devia achar que era um lunático. O humano tinha feito uma tentativa
estúpida e inútil de se disfarçar no leilão, mas o teria reconhecido em qualquer
lugar, como o fez desde o primeiro instante que o viu na transmissão em
circuito fechado segurando aquela placa ridícula e exibindo o corpo lindo que
lhe pertencia, maldição.
Tinha estado sondando os leilões em busca de recompensas, como
costumava fazer, quando viu o belo rapaz parado no palco nu com seu
pequeno número acima da cabeça. Claro que o reconheceu imediatamente de
todos os filmes que tinha visto.
Estava despreparado para a onda de pura adrenalina quando o viu
pela primeira vez, e percebeu que o leilão estava prestes a ser encerrado.
Graças aos deuses Ryan não tinha conseguido o preço almejado na primeira
noite e estava programado para aparecer de novo. Foi capaz de organizar a
coleta, e quando o humano voltou na noite seguinte tinha seus associados no
lugar. Tudo o que eles tinham que fazer era pegá-lo e levá-lo.
Não era necessário conversar com ele pela câmera holográfica, mas
quis vê-lo de perto e, por algum motivo, teve um desejo quase físico de
conversar com ele, de ver aqueles lindos olhos verdes olhando dentro nos
seus. Então quando o teve sentado diante de si, contorcendo-se na fria cadeira
de metal, teve uma ereção tão imediata que mal conseguiu falar. As películas
castanho-escuro que escondiam seus olhos o enfureceram, e odiou as outras
tentativas que fez para se disfarçar. Nunca tinha tido uma reação tão intensa a
um prisioneiro antes. Até disse ao homem para chamá-lo de Alfa, um termo de
Dominação/Submissão usado por humanos ou outras espécies apenas quando
estavam falando com seu mestre.
Não conseguiu se impedir de brincar um pouco com o humano bonito,
embora geralmente não fizesse nenhuma brincadeira estúpida como essa com
suas recompensas. Então, pensando bem, nunca tinha tido uma recompensa
como Ryan antes.
Tinha assistido esse lindo ser humano em filmes pornográficos por
mais de um ciclo inteiro, embora seu cabelo fosse longo e loiro dourado e seus
olhos tão verdes quanto as florestas lá nas colinas. Agora ele tinha cortado seu
lindo cabelo curto demais, e ia ganhar uma surra por isso, a qual
providenciaria pessoalmente. Até tinha uma estúpida barbicha sob o lábio
inferior. Também faria algo a respeito. Seu bando não gostava de pelos faciais
em seus companheiros e achava que cabelo em qualquer lugar, exceto a
cabeça, não era atraente. Surpreendentemente os lobos quase não tinham
pelos no corpo em suas formas humanas e nunca usavam barba de espécie
alguma.
Era tradição cortar todo e qualquer pelo facial que encontrassem em
seus companheiros, uma longa tradição a qual ele encontraria grande prazer
em seguir. Ainda assim nada do que Ryan tinha feito prejudicou sua beleza. Os
cabelos curtos, por exemplo, apenas destacavam sua estrutura óssea e o
faziam parecer ainda mais jovem, vulnerável e lindo, se isso fosse possível.
Droga, estava fazendo todo o possível para não atirá-lo no chão e devorá-lo
imediatamente.
A questão era: o que diabos ia fazer com ele agora? A ideia de
alguém levá-lo era como um punho gigante apertando suas entranhas e
arrancando-as. Mas não ia poder ficar com ele, ia? E quanto ao fato de Ryan
ser um prostituto viciado em drogas e assassino? Um chantagistazinho e um
ladrão? Não era o suficiente para querer levá-lo para a prisão o mais rápido
possível e deixá-lo ser atirado em uma cela pelo resto da sua vida natural?
Foda-se não, não era!
Essas coisas mal lhe davam uma pausa, e tudo no que conseguia
pensar era em como no inferno ia tirar seu companheiro dessa fodida bagunça
em que se meteu?
Não era que ele não precisasse ser punido. Ele precisava, e se fosse
necessário ia manter Ryan acorrentado à sua cama nu pelo resto da vida para
garantir que ele conseguisse exatamente o que merecia, de novo, de novo e
de novo. Quando essa imagem passou por sua mente seu pênis inchou e se
esticou contra a calça. Merda, quanto mais esse pau poderia crescer antes de
explodir para fora dela? Oh, sim, ia ter muito prazer em ensinar ao seu
companheiro como se comportar adequadamente.
Ryan falou tão baixinho às suas costas que a princípio mal ouviu.
—Você está… Hã… Você está bravo com raiva por causa de alguma
coisa? Fiz algo errado?
Virou um olhar furioso para o humano. Ryan. Ia usar seu nome
verdadeiro, ainda que ele tivesse atendido pelo estúpido nome de John Smith.
Como se pudesse esconder sua identidade dele. Como se pudesse esconder
qualquer coisa dele. Ah, ia se divertir ensinando algumas coisas a Ryan.
—Não — respondeu categoricamente e se obrigou a virar para a
estrada antes que parasse o carro e o arrastasse pelo assento para os seus
braços.
Kyle falou ao seu lado dele em um tom baixo, então Ryan não
poderia ouvir acima do barulho do motor. —Você está bem, Blayde?
—Sim — respondeu secamente.
—Então para onde está indo? As celas ficam na direção oposta.
—Nós não estamos indo para as malditas celas. Eu não vou colocá-lo
lá com aqueles malditos animais. Vou levá-lo para a minha casa. E trancá-lo
no meu quarto.
Kyle arregalou os olhos e o encarou. —Você está louco, Blayde? —
Ele olhou para o rapaz e abaixou a voz ainda mais quando se inclinou em sua
direção. —Ele é um assassino e um ladrão. Eu sei que ele é muito bonito, mas
você não está pensando nisso.
Balançou a cabeça, impaciente. —Só me deixe lidar com isso, ok? Eu
vou conversar com você quando cuidar dele. — Olhou para Ryan novamente e
o viu das espiadelas nervosas em sua direção, tentando ouvir o que estavam
dizendo um ao outro. Tentou se acalmar para poder falar com ele de maneira
equilibrada. Tentou uma conversa estratégica. —Estamos te levando a um
lugar para passar a noite. Não partiremos até amanhã.
Ryan assentiu, e viu o homem para a paisagem à sua volta, tal como
era. Talvez estivesse saboreando o que pensava ser um dos seus últimos
momentos de liberdade. A zona rural em Lycanus 3 era tão plana que você era
capaz de ver quilômetros ao redor. E não havia uma única coisa a ser vista
naquela paisagem desolada, só pedras e sujeira. Muitos dos novos
companheiros ficavam um pouco loucos por aqui depois de pouco tempo, mas
sempre achou que era bonito à sua maneira. As florestas nas colinas próximas
acalmavam a necessidade dos lycans pela vegetação do seu planeta natal, e o
pôr do sol nesse planeta era realmente algo belo de se ver. A lua, bem, a lua
era a principal atração para os lobos. Era, facilmente, quatro vezes o tamanho
da lua da Terra, duas vezes maior que a de Lycanus e exercia uma atração
intensa e primitiva sobre a matilha.
Dentro de dez minutos as casas do assentamento surgiram à frente,
e entraram pelas estreitas ruelas da sua comunidade. As casas ficavam
dispostas em quadras, com algumas lojas, uma escola, uma clínica e uma
espécie de espaço de recreação ou taberna no meio. Por causa da detonação
as minas ficavam a mais de dezesseis quilômetros de distância.
Entrou na garagem da última casa do lado esquerdo de uma rua sem
saída, em forma de ferradura. Seu irmão Lucas morava na casa ao lado e Kyle
morava em outra das residências dessa via. Todos os outros alfas tinham
casas por perto. O ramo deles da família sempre tinha sido especialmente
próximo, como era a natureza dos shifters lycan. Ainda assim, se sentiam mais
à vontade em suas próprias casas separadas, embora gostassem de ter
vizinhos próximos.
—Entre — disse a Kyle asperamente. —Precisamos acomodá-lo e
depois conversar.
Mais uma vez Kyle o olhou com uma expressão perplexa e
preocupada. Ryan conseguiu saltar do jipe e parou olhando em volta, mas não
foi capaz de decifrar sua expressão. Parte de si queria envolver os braços ao
redor do seu doce companheiro e tranquilizá-lo, mas socou o impulso e tentou
se recompor. Realmente tinha que evitar tocar em Ryan. Uma vez que
começasse a tocá-lo não iria parar, não por muito tempo. Puxou o homem
pelas algemas novamente, levando-o para dentro da casa. Estava se movendo
um pouco rápido para a corrente curta nos tornozelos de Ryan, e o humano
tropeçou uma vez, incapaz de acompanhar. Ele teria caído se Kyle não pegasse
seu braço e o mantivesse de pé, o que fez com que lhe desse um olhar furioso.
—Eu disse, não toque nele, maldição!
Kyle lhe lançou um olhar irritado. —Então desacelere e pare de
arrastá-lo. Merda, Blayde, o que deu em você?
Apenas rosnou e puxou Ryan até o final do corredor e para o quarto
de hóspedes.
Abrindo a porta, fez um gesto para o seu companheiro entrar no
quarto, apreciando a vista do seu delicioso traseiro naquelas calças apertadas
e molhadas enquanto ele passava para entrar. Então ele virou e ergueu as
mãos. —Você poderia me tirar dessas coisas para eu poder trocar de roupa,
por favor?
Tirou a chave do bolso e destrancou as algemas nos pulsos e
tornozelos, sendo mais uma vez cuidadoso para não tocar em sua carne. Kyle
estava atrás dos dois com a bolsa de Ryan, e a colocou por dentro da porta.
Assentiu para a bolsa. —Aí estão suas roupas. Use o chuveiro se quiser. Nem
mesmo pense em tentar dar o fora por uma das janelas. Todas elas têm
alarmes. Me cause qualquer problema e eu não hesitarei em bater na sua
bunda. Entendeu?
Ryan assentiu com um aceno, um rubor tingindo suas bochechas.
—Sim, senhor! — ele respondeu no que considerou ser um tom de voz
espertinho.
—Me chame de Alfa. Não dificulte as coisas para mim, humano, e
cuidado com o que diz, ou eu posso apenas preenchê-la para você. — As
sobrancelhas de Ryan se levantaram, sua boca se abriu e ele abaixou o olhar.
Deu a ele um sorrisinho e suavizou o tom, porque queria tanto beijá-lo naquele
momento. —Me pergunto se preciso revistá-lo.
Sorriu diante da expressão de pânico que atravessou o rosto do seu
companheiro. —Vá em frente com o seu banho e descanse um pouco. Você
tem uma longa viagem pela frente. Virei mais tarde para te trazer algo para
comer.
Ryan assentiu, ainda com o olhar abaixado. Incapaz de se conter,
estendeu a mão e roçou sua bochecha com as pontas dos dedos. Seu bebê
precisava se barbear. Ryan ofegou e ergueu os olhos, mas já estava se virando
em direção à porta. —Use uma navalha e barbeie seu rosto. Ah, e enquanto
estiver fazendo isso tire esse pedaço ridículo de cabelo embaixo do lábio. Vou
te dar a chance de fazer isso sozinho antes que eu faça.
Olhou para trás para ver o homem ainda de boca aberta, a mão
tocando o queixo. Uma expressão raivosa surgiu em seu rosto. —Por que
diabos você se importa se eu me barbeio ou não? O que isso significa para
você?
Deu um passo ameaçador de volta ao quarto, satisfeito de ver seu
companheiro recuar rapidamente.
—Não me questione, Ryan. Faça o que for ordenado e não teremos
problemas. Me desafie e eu vou te fazer desejar não ter feito isso. Entendeu?
— Ele aquiesceu lentamente, então se virou para ir até a porta e trancá-la
firmemente atrás de si.
Virou para encontrar Kyle ao seu lado com o mesmo olhar incrédulo
que deixou no rosto do humano. Suspirou intensamente. —Venha comigo.
Precisamos conversar.
—Sim, acredito que sim. Ouvi você dizer a ele para te chamar de
Alfa? O que diabos deu em você? Quem é esse humano? Você não disse que o
conhecia.
—Um monte de perguntas; vou tentar responder a todas elas, mas
me dê um minuto. Eu não o conhecia antes, Kyle. Mas conheço agora. Vamos
sentar.
Kyle o seguiu até a sala, e se jogou em uma cadeira grande passando
uma perna por cima do braço dela. Seu parente se sentou no sofá à sua frente
e cruzou os braços sobre o peito. —Tudo bem, você tem alguma explicações a
dar. Primeiro de tudo, por que no inferno disse a ele para te chamar de Alfa?
Isso é só para companheiros e concubinas, se não são da nossa matilha.
Assentiu lentamente. —Eu sei, eu sei. A partir de agora ele faz parte
da nossa matilha. Maldição, Kyle, ele é o meu companheiro.
—Ele é o seu o quê? — As sobrancelhas do homem dispararam até
seu couro cabeludo, e ele se levantou de novo.
—Você tem que estar enganado!
—Inferno, não, você não acha que eu não conheço o meu próprio
companheiro? Quando ele saiu daquele transporte, o primeiro vislumbre dele
quase me derrubou. Fiz tudo o que pude fazer para não agarrá-lo e sair com
ele.
O rosto de Kyle ficou pálido. —Oh merda, Blayde! Ele é um
prisioneiro. A caminho de cumprir uma sentença de prisão perpétua!
—Eu entendo isso! — Esfregou as mãos sobre o rosto com
impaciência. —Inferno, eu não sei como vou tirá-lo dessa.
—Vou ligar para Lucas. Ele vai saber o que fazer. — Kyle pegou seu
comunicador e digitou um número. —Lucas, venha aqui na casa de Blayde
imediatamente. Temos a porra de uma emergência em nossas mãos!
Ele colocou o comunicador de volta no bolso e se sentou ao seu lado.
O bando tinha se tornado tão conectado desde que vieram a este planeta que
quando um deles sentia dor isso perturbava todo o grupo. Ele podia sentir o
tumulto em sua mente e isso o estava deixando nervoso.
—Talvez você simplesmente pudesse transar com ele algumas vezes
e se livrar dessa agonia.
Tirou as mãos do rosto. —Não funciona assim e você sabe disso. Se,
quando, eu o foder ele se tornará o meu companheiro. Não vou ser capaz de
controlar os sentimentos que terei por ele. Tenho certeza de que o meu corpo
já se vinculou a ele. No minuto em que o toquei, droga, eu pensei que o topo
da minha cabeça ia voar pelos ares! Não, é como isso é para mim, Kyle. Eu
não quero outro companheiro. É ele para a vida toda.
—Merda. Será que a prisão na lua permite visitas conjugais?
—Oh, ha, ha, engraçado pra caralho. Ele não vai para a prisão na lua
e ponto final. Nos enlouqueceria sermos separados assim. Quero dizer, ele
ainda não sabe que sou seu companheiro, mas pretendo deixá-lo saber muito
em breve.
A porta da frente se abriu e Lucas entrou correndo, derrapando até
parar, seu corpo enorme colidindo com a mesa de café e fazendo-a
desmoronar sob seu peso. Ele olhou do chão para os dois homens o encarando
surpresos. —Posso ter exagerado um pouco — ele disse com um sorrisinho.
Kyle se aproximou para ajudá-lo a levantar. —Lucas, eu não disse
que a casa estava pegando fogo!
—Sim, mas pelo tom da sua voz eu pensei que deveria ter
acontecido, no mínimo, uma fuga de prisioneiros. — Ele pegou a mão de Kyle e
ficou de pé, apontando para a mesa. —Desculpe, Blayde. Vou comprar uma
nova para você.
—Ah, não se preocupe com isso. Essa é a menor das minhas
preocupações.
Lucas olhou para lá e para cá entre os dois. —Ok, que diabos está
acontecendo? É o meu fim de semana de folga e eu não preciso de nenhum
problema. Blayde, fale comigo. Você parece que perdeu seu melhor amigo.
—Pior. Ele encontrou seu companheiro — Kyle falou.
—Sério? Bem, isso normalmente é considerado uma coisa boa,
Blayde. — Lucas lhe deu um sorriso. —Eu sei que você não gosta da ideia de
perder sua liberdade, mas talvez ele entenda que seu trabalho vai te fazer
viajar muito. Ele pode até ir com você, desde que não seja um transporte
perigoso.
—Não se trata de perder a liberdade — Kyle explicou. —Esse não é o
problema.
—Não? Ora, então o quê? O que não estão me contando?
Olhou para o seu irmão, miséria escrita em cada linha do seu rosto.
—Ele é o meu prisioneiro, Lucas. Tenho que levá-lo para Ômega 9 para
cumprir uma sentença de prisão perpétua.
—O quê? — O olhar de absoluto choque no rosto do seu irmão
poderia ter sido cômico, se não fosse pela gravidade da situação. —Mas você
não pode fazer isso! Ficar longe do seu companheiro te enlouqueceria! Um
prisioneiro! Do que diabos ele é acusado?
—Assassinato — Kyle falou sombriamente, contando as acusações em
seus dedos. —Roubo, chantagem... Falei tudo?
—Ah, cala a boca — respondeu. —Ok, então ele tem algumas
acusações muito ruins contra si. Eu ainda não me importo. Não vou entregá-lo.
Lucas afundou no sofá, o rosto pálido. —Então você vai se tornar um
fora da lei também, Blayde. A punição por ajudar e abrigar um condenado que
escapou é a prisão perpétua.
—Sim, bem, desde que eu possa compartilhar sua cela...
Kyle tocou seu joelho. —Não brinque com isso, Blayde. Você não
pode ser preso. Você não seria capaz de suportar.
—E eu não posso suportar não estar com o meu companheiro
também! Se for preciso, o levarei para Lycanus. A Aliança e o seu sistema
judicial são irrelevantes lá.

****

Os três homens ficaram em silêncio, suas mentes trabalhando.


Blayde estava certo; quando um membro da matilha encontrava seu
companheiro não tinha escolha se não ficar com ele. Para a vida. Qualquer
outra coisa era impensável. Então, também havia aquela antiga maldição
colocada na família pelo companheiro do seu bisavô. Mal sabia seu ancestral
quando tomou o homem como companheiro que ele era um poderoso bruxo.
Lucas se levantou e começou a andar pela sala. Como o Alfa da
família, esse também era um problema seu, para não mencionar o fato de que
não seria capaz de suportar ver seu irmão mais novo em tamanha dor. Blayde
era o primeiro dos machos Alfa em Lycanus a encontrar seu companheiro, e
toda a questão dos companheiros era muito importante para eles por causa da
maldição. Teriam que encontrar uma solução, e rápido, antes que o homem
fizesse algo imprudente e irracional como correr de volta para Lycanus com o
humano. Com certeza ele podia voltar ao seu planeta natal, e tinha acertado
ao dizer que as leis da Aliança significavam menos que nada em Lycanus. Mas
Lycanus 3 era o seu lar e eles eram uma matilha muito unida. Além disso,
Blayde tinha construído sua vida como Viajante e caçador de recompensas. Se
tivesse que fugir para Lycanus ia ter que construir uma vida totalmente nova
para si mesmo e permanecer em Lycanus.
Ter sua liberdade tão cerceada provavelmente iria matá-lo.
Se obrigou a sentar e respirar fundo. —Tudo bem, então você diz que
ele é um assassino. Alguma chance de ser autodefesa? Há algum jeito de
sermos capazes de conseguir um bom advogado da Aliança e reverter tudo
isso?
—Eu duvido, Lucas. Não conheço os detalhes do crime, mas o juiz
Partland em pessoa, você sabe, o ex-juiz da Suprema Corte que está
concorrendo à presidência da Aliança? Ele foi o responsável pelas acusações
contra o garoto. Foi seu gabinete que me contatou pela recompensa, em
primeiro lugar.
—Por quê? A vítima era algum tipo de parente dele?
—Eu não sei. Na época eu não dei a mínima e eles não foram muito
esclarecedores. O humano com quem falei, algum tipo de secretário pessoal,
só me disse que o juiz estava muito interessado na captura de Ryan. Ele
aparentemente fugiu logo após o crime e tentou chantagear o juiz de alguma
forma. Também roubou o dinheiro da vítima depois de matá-la. Eles
ofereceram cinquenta mil diamantes padrão por sua captura. Não porque o juiz
seja culpado de fazer algo ilegal, é claro, mas para abafar a má publicidade.
—Cinquenta mil! — Olhou para Blayde bruscamente. —Isso não
chamou sua atenção como algo um pouco estranho para uma recompensa
humana?
Seu irmão encolheu os ombros. —O que me importa? Quer dizer, eu
sei que é muito, mas o juiz é rico. Só imaginei que o humano realmente o
irritou com a chantagem.
—A menos que a vítima fosse um parente próximo ou amante. Você
sabe se Partland gosta de humanos do sexo masculino?
—Nenhuma ideia. Entretanto, a vítima era um jovem rapaz, apenas
vinte e um.
—Precisamos conversar com o prisioneiro. Desculpe, Blayde, quero
dizer, com seu companheiro. Nós podemos… Hã… Tudo bem se eu interrogá-
lo?

****

Lucas estava certo em ser cauteloso, pensou Blayde. Estava se


sentindo muito protetor agora e realmente não conseguia pensar direito com o
cheiro de seu companheiro ainda em suas narinas. Sua audição aguçada tinha
captado os sons de Ryan se movendo no quarto dos fundos, e ficou
dolorosamente duro pensando nele, possivelmente, nu, tomando uma ducha
no banheiro da suíte. De qualquer maneira, todos os lycans eram notoriamente
protetores com os seus companheiros e era uma tradição indissolúvel nunca
tocar no de outro lycan, a menos que fosse absolutamente necessário. Mesmo
assim você poderia ter sua mão arrancada numa mordida.
Olhou para Lucas de um jeito mal-humorado. —Tudo bem, mas
deixe-me ir buscá-lo. Eu não quero que você o aterrorize.
As sobrancelhas de Kyle e Lucas subiram ao mesmo tempo. Os olhos
de Kyle até rolaram, mas ambos sabiamente mantiveram a paz. Pensou com
tristeza no que tinha acabado de dizer. Se alguém corria o risco de aterrorizar
o humano, sabia que provavelmente seria ele próprio. Respirou fundo e tentou
controlar suas emoções. Olhou no espelho da parede e vislumbrou seu próprio
reflexo. Estava carrancudo e seus olhos pareciam um pouco arregalados. Seu
cabelo estava em pé onde esteve passando as mãos por ele. Então deu um
suspiro e tentou alisá-los enquanto saía da sala.
Sabia que tinha sido duro com seu companheiro, mas estava tendo
problemas para controlar suas emoções. Além disso, era difícil pensar com a
cabeça grande quando a pequena estava causando tanta dor. Suas bolas
estavam bem contraídas contra o corpo, e sua ereção dura como pedra era
épica.
Andou pelo corredor com um pouco de dificuldade para bater com os
nós dos dedos na porta antes de destrancá-la e abri-la.
Ryan estava parado ao lado da cama enrolado em uma toalha.
Embora tivesse se barbeado ainda tinha sua pequena trilha de pelos sob o
lábio. Seu companheiro estreitou os olhos quando o viu notar a barbicha, e na
verdade se endireitou como se estivesse pronto para lutar. Desobediência,
querido? Preciso te mostrar como seguir ordens. Seu olhar desceu por aquele
corpo lindo e pequeno — pelo padrão lycan —, mas absolutamente perfeito,
pelo abdome tanquinho ainda brilhando com gotículas de água do banho e seu
cérebro entrou em curto. Atravessou a sala em cerca de três passos, levantou
o humano e o inclinou de costas em seu braço.
—Você é meu! — rosnou para ele e abaixou a boca para cobrir a de
Ryan. O homem lutou só um pouco antes de se inclinar contra o seu corpo, e
sentiu aqueles doces braços envolverem seu pescoço firmemente. Colocou as
mãos sob os quadris dele e o ergueu mais alto para que suas pernas pudessem
envolver sua cintura, então o carregou os poucos passos até a cama. O desceu
gentilmente nela e deitou entre suas pernas, as mãos aconchegando aquele
doce traseiro.
Ryan respirava com dificuldade, mas não parecia assustado e sim
surpreso com a interessante reviravolta dos acontecimentos. Ele ergueu os
quadris para esfregar seu pênis nu contra suas calças, ao que quase perdeu a
cabeça. Enfiou a língua profundamente na boca do seu companheiro, varrendo
o interior dela, saboreando-o e reivindicando-o como seu. Levou sua mão até
apertar aquele doce eixo, puxando-o freneticamente, querendo dar prazer ao
seu humano. Ryan gemeu sob seu corpo e arqueou as costas.
—Sim, por favor — ele murmurou contra a sua boca.
—Por favor, o quê, querido? Fazer isso? — perguntou enquanto sua
mão se movia mais e mais rapidamente para cima e para baixo no pau grosso
do seu companheiro. —Ou talvez isso? — Se inclinou e beliscou o pescoço de
Ryan rompendo a pele e trazendo o sangue à superfície. Lambeu, faminto, e
esfregou o nariz ali.
Um leve som à porta fez com que se virasse para ver Lucas e Kyle o
encarando. Moveu seu corpo para cobrir completamente o do seu companheiro
e rosnou quando virou para encará-los. Pôde sentir pelos brotando por seu
corpo, suas garras se estenderem e seus longos incisivos saírem.
Lucas parou na porta e desviou o rosto, provavelmente porque foi
capaz de enxergar que a única coisa que impedia Blayde de atacar os outros
machos era sua necessidade de cobrir e proteger seu companheiro.
—Desculpe Blayde. Sou eu, Lucas. — Ele falou bem devagar e com
cuidado, conversando com o lobo e não com o homem. —Ninguém quer ferir o
seu companheiro, mas precisamos conversar com ele. Sei como você deve
estar se sentindo, mas, Blayde, você precisa se controlar.
Balançou a cabeça para afastar um pouco da névoa vermelha dos
seus olhos, e sentiu suas garras e incisivos retraírem. Tinha estado com a
cabeça virada para longe de Ryan, que também estava com os olhos bem
fechados de vergonha, então tinha certeza de seu companheiro não tinha visto
a mudança parcial. Tentando respirar só pela boca, assentiu, deixando a
cabeça cair. —Sim — disse, sua voz ainda rouca de paixão. —Me dê um minuto
e vou levá-lo lá fora.
Os dois homens recuaram, então respirou fundo novamente, mas só
pela boca. O cheiro tão próximo do seu companheiro estava lhe
enlouquecendo, e sabia que permaneceria assim até que acasalassem
adequadamente. Deu mais um beijo naqueles doces lábios e se afastou dele.
Ficou ao lado da cama olhando para Ryan esparramado, seu lindo
pênis montando seu estômago, aqueles olhos verdes brilhantes o olhando com
confiança, e quase o atacou novamente. Se recompôs com grande esforço e
estendeu a mão. —Vamos, Ryan. Venha comigo e vou tentar explicar tudo.
Puxou seu companheiro para cima e pegou o lençol da cama para
envolver em torno do seu corpo, cobrindo-o das axilas para baixo. Olhou para
aquele rosto bonito e viu Ryan morder nervosamente o interior das suas
bochechas, perplexo com esta virada de eventos. —Não tenha medo. Ninguém
vai te machucar. Desculpe se te assustei. Só precisamos conversar com você,
tudo bem? Vou estar bem do seu lado o tempo todo.
Não sabia por que isso deveria tranquilizar Ryan, mas sentiu que era
uma observação importante a ser feita. Por alguma razão pareceu confortar
seu companheiro, que parou de morder as bochechas e lhe deu um pequeno
sorriso. —Ok — ele disse, pegando sua mão.
Suas entranhas pareceram amolecer repentinamente, e limpou a
garganta bruscamente, mas não afastou a mão. Virou antes que pudesse
mudar de ideia e puxou Ryan atrás de si até a sala de estar. Sentou na cadeira
e se mexeu para o lado para abrir um pequeno espaço ao seu lado. Puxou seu
companheiro para baixo naquele espaço apertado e colocou um braço protetor
em volta do encosto.
—Lucas — disse formalmente. —Este é Ryan Henderson. Ryan, estes
são o meu irmão Lucas e o meu primo Kyle.
Lucas olhou respeitosamente para Ryan e acenou com a cabeça.
Sabia que seu irmão estava se abstendo de julgar por sua causa, mas ainda se
sentiu um pouco ressentido diante do escrutínio. Olhou para baixo e viu a
ereção de Ryan claramente delineada pelo lençol, então olhou para Lucas e
Kyle desviando cuidadosamente seus olhares. Pegou um travesseiro do sofá e
jogou no colo do seu companheiro.
Lucas pigarreou e começou. —Hã, Ryan, temos um tipo de situação
estranha aqui a qual não está ciente. Precisamos fazer algumas perguntas, e é
imperativo que nos conte a verdade não importa o quão ruim possa ser. Não
poderemos ajudá-lo se não soubermos a verdade.
—Me ajudar? — Ele perguntou lentamente. —Não que eu não seja
grato por isso e tudo, mas por que vocês, todos vocês, querem me ajudar? Eu
não entendo.
—Somos lycans, Ryan — falou cuidadosamente. —Certamente sabe o
que somos, e que às vezes tomamos humanos como companheiros. Eu escolhi
você.
—Escolheu? — As sobrancelhas dele se ergueram. —Mas o que isso
significa exatamente? Por que todos vocês estão olhando para mim desse
jeito? Não estão planejando me estuprar ou algo assim, estão? — Os olhos
dele se arregalaram, e empalideceu diante das palavras do seu companheiro.
—Não! — rugiu, a própria ideia do seu irmão e Kyle com seu
companheiro fez seu sangue ferver e seu estômago revirar.
Assustado, Ryan deu um pulo e tentou correr, mas o segurou pela
cintura com facilidade e o colocou de volta na cadeira. Se inclinou para perto,
pôs uma mão no braço da cadeira, prendendo-o, e se obrigou a falar com
calma.
—Eu não quis gritar e te assustar, mas, por favor, não seja tolo,
Ryan. Falei que não vamos te machucar. Acredita em mim?
O humano encolheu os ombros e assentiu brevemente, seus olhos
ainda arregalados e assustados.
—Antes de me aceitar você precisa estar plenamente consciente do
meu lobo.
—Seu lobo? — Os olhos do seu companheiro ainda estavam enormes,
mas agora ele também parecia totalmente confuso.
—Do que você está falando? — Seu olhar dardejou para lá e para cá
entre eles.
—Somos lycans. Você não sabe o que isso significa?
Ryan o olhou. —Você é rico? E realmente grande? E você tem olhos
vermelhos. Quero dizer, ouvi rumores bobos, mas...
Deu um suspiro. —Melhor simplesmente te mostrar, eu acho. Fique
na cadeira e não se assuste, tudo bem?
Seu companheiro respondeu de mau humor: —Me assustar? Ok, eu
não sou uma criança idiota que tem medo da sua sombra. O que você acha
que eu sou, algum tipo de...
Então mudou na frente dele. Tinha visto outros lycans mudarem
vezes o bastante para saber exatamente o que Ryan iria ver. Rangidos e
estalidos agudos vieram do seu corpo, que pareceu se alongar e mudar ficando
maior, mais alto e mais musculoso diante do olhar chocado do seu
companheiro. Sua cabeça pareceu derreter e se modificar, seu rosto alongando
para se moldar na enorme cabeça de um lobo feroz, a boca se abrindo para
revelar presas afiadas e cruéis. Seus dedos das mãos e dos pés alongaram, as
pontas ganhando garras afiadas, e seus ferozes olhos brilhantes examinaram
Ryan avidamente. Seu companheiro abriu e fechou a boca várias vezes, o
rosto uma máscara de horror, e ele encarou. Simplesmente encarou por um
longo momento antes de — elegante e graciosamente — cair desmaiado da
cadeira para o chão.
Merda, pensou, mudando de volta rapidamente para pegar Ryan do
chão. Nunca recebi essa reação antes. Os shifters lycan de Lycanus 3 eram
conhecidos pelo seu tamanho enorme. E era ainda maior que a maioria deles,
alcançando mais de dois metros e dez de altura quando mudava. O pelo grosso
que brotava por todo seu corpo era de um castanho suave e seus olhos eram o
mesmo vermelho brilhante. Levando tudo em consideração, uma criatura
muito assustadora, embora não fosse machucar um fio de cabelo na doce
cabeça de seu companheiro, fosse como seu lobo ou não.
Lucas e Kyle o observaram enquanto pegava seu companheiro nos
braços. Seu primo falou secamente. —Essa não foi a abordagem mais delicada,
Blayde. Você poderia ter dado a ele um pequeno aviso.
O ignorou, e aconchegou Ryan em seus braços, beijando-o até
começar a se mexer e se recuperar. Lucas e Kyle assistiram, envergonhados,
enquanto o acariciava e afagava até ele parecer estar acordando. Em vez de
agir como se o temesse, como esperou, ele abriu aqueles lindos olhos verdes e
o olhou com confusão e curiosidade.
—O que diabos acabou de acontecer?
O abraçou com força e se sentou puxando seu companheiro para
cadeira com ele. Ryan veio sem lutar, mas o olhou cautelosamente enquanto o
volume da sua voz aumentava. —Explique o que acabou de acontecer! Você
me deu alguma droga? Eu não notei você me dando nada. Estou alucinando?
—Acalme-se, querido. Ainda sou eu. Nós somos shifters de forma
lycan, lobos, é claro, como você viu. Minha família inteira é lycan. Você
realmente nunca ouviu isso antes?
Ryan balançou a cabeça. —Inferno, não. Bem, não de verdade... A
Aliança só nos conta o que acham que precisamos saber. O resto só chega até
nós através de rumores.
—Ryan, eu não vou te machucar. Nenhum de nós faria isso. Olhe
para mim. — Puxou sua cabeça para trás e o obrigou a fazer contato visual.
—Você acredita em mim?
Os olhos verdes do seu companheiro ainda pareciam em pânico, mas
ele lentamente assentiu com um aceno.
—Ótimo — respondeu. —Você precisa saber que os lycans acasalam
para toda a vida. Quando te vi hoje de manhã, quando senti seu cheiro soube
que você era o meu companheiro, querido. Meu próprio e doce companheiro,
e nada nunca vai ficar entre nós novamente. Ainda não iniciei o processo de
acasalamento, mas irei fazê-lo em breve, não tenha dúvidas a esse respeito.
Ryan o empurrou e começou a levantar, mas o arrastou de volta para
baixo. Ele se contorceu em irritação e o encarou. —Você vai parar com isso?
Só porque é maior do que eu não significa que pode ficar me arrastando de um
lugar para o outro, maldição. — Seu companheiro saiu dos seus braços e se
levantou. —E você pode esquecer esse negócio de companheiro. Não tenho a
intenção de acasalar com ninguém!
O arrastou de volta para encarar seu rosto. —Olha, Ryan — falou —,
você fez algumas coisas terríveis. Sei disso, mas que os deuses me ajudarem,
quero você de qualquer jeito. Para lhe dar o benefício da dúvida, você podia
estar drogado quando matou aquele garoto. Sabemos pelos relatórios que é
um viciado. Acho que deva ter sido, porque agora não parece ser tão violento
ou cruel. Talvez eu possa manter você aqui comigo, ou te levar a algum lugar
para se reabilitar. Eu poderia levá-lo à Lycanus, nosso planeta natal. Vou me
certificar de que fique longe das drogas e do álcool, e garantir que você nunca
mais machuque ninguém. É claro, você teria de passar por um treinamento de
comportamento, mas isso só iria beneficiá-lo a longo prazo. Posso te ensinar a
ser um bom companheiro e ter certeza de que sempre aja corretamente.
A reação do humano o pegou completamente de surpresa. Ele se
afastou e caiu de pé antes que pudesse agarrá-lo. Pulando, ele parou o
encarando.
—Você é doido? Eu não sou viciado em drogas! E não matei o meu
amigo! — Ele estava gritando tão alto que percebeu que metade do povoado
seria capaz de ouvi-lo. —Foi o juiz! Ele o matou e agora está tentando me
matar também! Como pode pensar que eu faria algo assim?
Ele recuou e se virou para correr, puxando o longo lençol para
libertar suas pernas. Desta vez, quando foi atrás dele, seu companheiro
empurrou os restos quebrados da mesa de café para sua frente, então pulou
rapidamente para trás. Caiu por cima dela e se esborrachou no chão. Ryan
recuou direto para Kyle, então virou com os punhos para cima, pronto para
lutar. O lençol caiu no chão, mas seu primo tinha visto o olhar em seus olhos
quando abriram a porta do seu quarto e ele soube que não deveria tocar em
seu companheiro nu. Kyle ergueu as mãos em uma rendição zombeteira e
recuou desviando o olhar.
Ryan correu em direção à porta dos fundos e saiu por ela, correndo
pelo deque à beira da piscina antes que pudesse ficar de pé e ir atrás dele.
Seus reflexos rápidos entraram em ação e chegou do lado de fora e o alcançou
antes que pudesse ir muito longe. Ainda assim Ryan lutou, lhe dando um chute
e perdendo o equilíbrio. Ele caiu de costas na piscina e afundou como uma
pedra, deixando-o parado no deque olhando para a água cristalina.
Não reagiu por uma fração de segundo. Inferno, isso serve bem a ele,
deixe-o esfriar esse temperamento.
Entretanto, depois de alguns momentos em que ele não voltou, ficou
alarmado. Mergulhou e pegou seu companheiro do fundo da piscina, trazendo-
o rapidamente para a superfície e para a lateral. Saiu carregando Ryan, que
tossia e ofegava.
—Você só esteve lá por um minuto, Ryan, não seja tão dramático!
—Minha boca estava aberta quando caí. E-eu engoli um pouco de
água, maldito! — Ele gritou, cuspindo e tentando tossir.
Deu um tapinha em suas costas e riu. —Você não é esperto o
bastante para fechar a boca, seu humano bobo? Bem empregado por fugir de
mim!
Agarrou Ryan pelo braço e o arrastou de volta ao seu quarto,
atirando-o na cama e pairando sobre ele até começar a se acalmar e respirar
normalmente.
—Isso é verdade, Ryan? Você matou aquele garoto ou não? Me conte
a verdade. Eu sou o seu mestre agora, e mentir para o seu mestre tem
consequências muito graves.
Seu companheiro balançou a cabeça e o olhou fixamente com aqueles
belos olhos, embora parecesse muito desconfortável diante da palavra mestre.
—Não! Juro que não, Blayde.
Assentiu para ele. —Alfa — corrigiu delicadamente. Seu companheiro
iria chamá-lo pelo nome adequado.
Para os lobos, alfa significava mestre, o cão superior. Seu
companheiro seria seu para comandar, e ele precisava entender isso. E
embora Lucas liderasse o bando, isso não anulava seu status. Virou para as
gavetas embutidas na parede atrás de si e achou algumas roupas secas. As
colocou rapidamente, jogando seus jeans e camisa molhados no banheiro.
Andando até a porta, falou por cima do ombro. —Vista-se, Ryan, e volte para a
sala de estar. Precisamos ouvir a história inteira. — Da porta, virou e voltou a
olhar para ele. —Não se preocupe. Vamos chegar ao fundo dessa bagunça. Eu
não vou deixar ninguém te machucar de novo. — Notou o queixo de Ryan cair
antes de virar e sair, ouvindo-o se levantar lentamente da cama para se vestir.
Voltou para a sala de estar para se sentar novamente de frente para
os outros dois homens. —Me desculpem por isso. Acho que ele é um pouco
imprevisível.
Kyle sorriu. —Imprevisível? Sim, pode dizer isso. Eu acho que ele vai
te dar trabalho.
Franzindo a testa, desabou na cadeira novamente esperando seu
companheiro reaparecer.

Capítulo Três
Em minutos Ryan terminou de se vestir colocando a única roupa que
tinha lhe restado, uma calça e uma camiseta que pegou emprestado de um
amigo quando fugiu do juiz e seus homens. Era pelo menos um número
pequeno demais e quase tinha sido vertido dentro do jeans, mas agora era
tudo o que possuía já que a outra estava suja. Poderia lavá-las mais tarde, se
Blayde lhe permitisse usar sua máquina de lavar.
Caminhou de forma autoconsciente pelo corredor. Estava descalço,
seus sapatos tinham ficado ensopados na poça de lama quando acabou de
chegar. Hesitou por um momento diante da porta enquanto entrava no quarto.
Todos os três grandes lycans se viraram para olhá-lo, mas se sentiu atraído
por Blayde, então se aproximou para ficar ao lado dele. Blayde olhou com uma
carranca para sua calça apertada e seus pés descalços, mas sorriu com grande
satisfação quando se aproximou, e o homem abriu espaço para se sentar ao
lado dele no pequeno sofá. Sentou e encarou os outros dois shifters no sofá
maior na sua frente.
Lucas se inclinou para frente e falou baixinho com ele. —Ryan, o que
você quis dizer há pouco quando afirmou que foi o juiz quem matou seu
amigo?
—Quis dizer que ele fez isso. Foi o juiz e aqueles homens que ele
sempre mantém à sua volta. Meu amigo Blaine era o namorado desse juiz. Seu
namorado ocasional, de qualquer maneira. Eles brigavam muito porque o juiz
sempre queria que ele fizesse coisas que não queria fazer. Ele ligou depois que
nós terminamos de filmar nossas cenas naquela noite e pediu a Blaine para ir
vê-lo. Meu amigo disse que ele tinha pedido para me convencer a ir junto.
Disse também que o juiz tinha meio que uma queda por mim, e provavelmente
fez isso só para machucar Blaine. Mas Blaine insistiu que eu fosse de qualquer
maneira e disse que o juiz contou que nos daria mil diamantes padrão se
fizéssemos uma cena de amor juntos e o deixássemos assistir. Mil e
quinhentos se pudesse participar.
Virou para olhar diretamente para Blayde. —Tudo o que queríamos
era o nosso dinheiro. Fizemos como ele pediu. Terminamos de festejar com
ele, e dois de seus rapazes entraram. O juiz disse que eles queriam se juntar a
nós. Que queriam nos foder enquanto ele assistia. Dissemos que não, e Blaine
ficou muito puto. Ele disse ao juiz que não era um prostituto para ser passado
ao redor. O homem ficou com uma expressão irritada, mas concordou e nos
disse para sair. Saímos, e quase chegamos à porta quando o juiz chamou
Blaine de volta. Falei para ele que não fosse, mas ele foi mesmo assim. Me
disse para ir para casa. Foi o que fiz, e essa foi a última vez que vi o meu
amigo vivo. — Enterrou o rosto nas mãos. —Eu não vi exatamente o que
aconteceu, mas sei que devem ter matado Blaine quando ele voltou lá.
Blayde sentou ao seu lado em silêncio, só lhe deixando falar. Os
outros dois homens ouviam sua história atentamente. —Na manhã seguinte
um de nossos amigos ligou e me contou que Blaine tinha sido morto e que a
polícia estava me procurando. Saí do meu apartamento o mais rápido que
pude. Sabia que o juiz devia ter me incriminado de algum jeito. Fui para a
casa de um amigo, alguém com quem fiz filmes. Ele não estava lá, mas sabia
que não trancava a porta a metade do tempo. Entrei, peguei algumas roupas e
encontrei um pouco de dinheiro onde ele sempre escondia. Então saí o mais
rápido possível. Deixei um bilhete e disse que lhe recompensaria. Consegui
uma carona com outro conhecido até Lunar 53, onde entrei no leilão de
escravos. Você sabe o resto. Eles me enquadraram pelo assassinato! Eu nunca
toquei em Blaine! Juro!
Blayde não disse nada quando terminou, só apertou seu ombro. Os
lábios de Lucas tinham se contraído enquanto ouvia tudo. —Graças aos deuses
você fugiu dos filhos da puta — ele disse.
—Eles não se esqueceram de você, e acho que não irão descansar até
que também esteja morto. Eles não podem se dar ao luxo de deixar uma ponta
solta como você andando por aí. Provavelmente prepararam algo para você na
prisão, como fazer com que os guardas o matem enquanto tenta “escapar”. Há
rumores de que o juiz concorrerá à presidência da Aliança. Uma razão pela
qual estavam tão frenéticos para encontrá-lo e prendê-lo antes que pudesse
falar.
Seu rosto empalideceu ainda mais. Então endireitou os ombros e
olhou para Blayde. —Acho que estou bem fodido, não é?
Blayde voltou a olhá-lo e sorriu. —Ainda não, mas vou chegar até
você em um minuto. — Quando não conseguiu um sorriso como resposta, o
homem enorme o puxou mais em seus braços, um pouco surpreso quando não
resistiu. —Só estou brincando, querido. Vou cuidar de você agora e ninguém
nunca mais vai te machucar. Você acredita em mim?
Respirou fundo e assentiu, se inclinando no tórax de Blayde. —Eu
quero acreditar.
Lucas se levantou e começou a andar de novo. —Eu preciso pensar a
respeito, Blayde, e está ficando tarde. Kyle e eu devemos ir. Posso conversar
com você por um minuto, por favor?
Observou os três homens lindos se aproximarem da porta,
provavelmente falando a seu respeito. Nos últimos três dias, desde que foi
preso no leilão, ficou apavorado pensando que sua vida tinha acabado. Então,
de repente, Blayde entrou com tudo em sua vida, e embora ainda estivesse
exausto, de alguma forma se sentiu esperançoso novamente — pela primeira
vez em semanas. Por alguma razão, o homem parecia atraído por ele. E, tinha
que admitir, o sentimento era mais do que recíproco. Quando Blayde envolveu
aqueles braços enormes à sua volta, sentiu toda a dor e medo dentro de si
derreterem.
Tinha mentido para ele, e se o homem descobrisse iria odiá-lo por
isso. Tinha acabado de conhecê-lo, não importa o quanto se sentisse atraído
por ele. Ainda não confiava em Blayde completamente, mesmo que ele
continuasse falando sobre mantê-lo a salvo e sobre ser seu companheiro. A
história que contou era quase verdadeira; não tinha matado seu amigo e isso
certamente era o mais importante. Precisava que os lycans acreditassem nele
e não o levassem para a prisão. Se houvesse a mínima chance de sair dessa,
ia ter que aproveitar. Dizer que nem mesmo estava lá quando Blaine foi morto
realmente soou muito melhor. Poderia lhe dar uma chance.
Esses três lycans enormes o faziam se sentir seguro. Especialmente o
seu Blayde. Meu Blayde? Quando comecei a pensar nele nesses termos?
Entretanto, de alguma forma sabia que se necessário o homem lutaria e o
protegeria do perigo. Considerando o tamanho de Blayde, foi um pensamento
reconfortante. Repousou a cabeça no encosto da cadeira e fechou os olhos.
Pegou no sono em segundos e, pela primeira vez em muito tempo, se permitiu
relaxar.

****

Quando Lucas foi até a porta, Blayde o seguiu. Kyle se aproximou


também, e seu irmão falou em voz baixa. —Eu sei que é inútil dizer para não
acasalar com ele ainda.
—Porra nenhuma! — respondeu com raiva. —Ele é meu, e vou fazer
o que quiser com ele. — Lucas lhe deu um olhar severo, ao que corou um
pouco. —Eu sinto muito, Lucas. Sei que te dei minha lealdade e obediência
como líder da matilha, mas não me peça isso.
—Blayde, entendo como deve se sentir, quero dizer, ainda não
conheci o meu companheiro, mas acho que entendo que o sentimento é
avassalador.
—Avassalador? Não é nem a metade disso. Você não é capaz de
saber até sentir, Lucas. Não tem como eu ficar com ele e não fodê-lo. Não me
peça para fazer isso.
—Então deixe-o vir para minha casa para passar a noite. Dê a si
mesmo um pouco de espaço. Estou bem na porta ao lado, e sabe que o
protegerei com a minha vida. Nenhum dano lhe acontecerá, prometo.
—Não — respondeu com firmeza. —Não posso fazer isso. — Lucas
suspirou intensamente. —Não há nenhuma maneira de convencê-lo a não
acasalar com ele? Se fizer isso e algo der errado… Olha, Blayde, Kyle, Nikolai e
os gêmeos, todos nós faremos o possível para ajudá-lo a sair dessa confusão.
Sabe disso. Mas se acasalar com ele e algo der errado... Você é o meu irmão,
Blayde, e não posso ficar parado e te ver se machucar.
Balançou a cabeça. —Já é tarde demais. Me vinculei a ele no instante
em que o toquei, pude sentir isso. O acasalamento real é uma mera
formalidade a essa altura.
Os ombros de Lucas caíram em derrota. —Imaginei que essa seria a
sua resposta, mas eu tinha que tentar.
—Eu sei — falou miseravelmente. Olhou para Ryan por cima do
ombro e viu que ele tinha adormecido enrolado na poltrona como uma criança.
Suspirou novamente quando uma onda de ternura o atingiu. —Não há nada
que eu possa fazer a respeito, Lucas.
Seu irmão assentiu, relutância evidente em seu rosto.
—Não se preocupe com os outros prisioneiros. Irei até a cela verificá-
los — Kyle disse.
—Vejo você de manhã — Lucas falou baixinho. —Podemos conversar
novamente durante o café. Só tome cuidado com ele, Blayde, até que possa
descobrir as coisas.
Depois que eles saíram, caminhou até parar ao lado do seu
companheiro.
Ryan se mexeu e olhou para cima para vê-lo o encarando. Ele lhe deu
um sorriso tímido e se endireitou na cadeira. —Desculpa. Eu não dormi muito
na noite passada na doca espacial. Com o chão frio, as algemas e tudo mais —
ele falou com um sorrisinho sardônico.
Assentiu para ele. —Sinto muito que teve que passar por tudo isso,
querido. Especialmente quando não fez nada de errado. Bem, exceto pelo seu
estilo de vida. Que tem sido muito fodido há um tempo.
Ryan se mexeu desconfortavelmente. —O que quer dizer?
Franziu o cenho para ele com irritação. —O que eu quis dizer? Você
não pode ser tão estúpido. Filmes pornô, foder qualquer coisa em duas pernas,
drogas e álcool. O que diabos você estava pensando? Sei que você é jovem,
mas merda!
—Fiz um bom dinheiro fazendo aqueles filmes, e daí se me diverti? Eu
fui cuidadoso, sou solteiro e livre!
—Não mais! — rugiu para ele em resposta.
—Sim, bem, quem disse? Não me lembro de você ter me pedido, e
com certeza não me lembro de concordar com nada. Maldição, acabei de te
conhecer esta tarde!
Estendeu a mão para o seu companheiro e o arrastou em seus
braços, esmagando-o contra o seu peito. Desceu os lábios sobre os dele,
sugando sua língua e fazendo coisas perversas para o interior da sua boca.
Ryan empurrou contra o seu peito por cerca de dois segundos, então relaxou
lhe permitindo segurá-lo com força em seu peito. Afastou a cabeça e, com
raiva, encarou seu rosto. —Isso está fazendo soar algum alarme? Você é meu,
maldito. Repita!
O sacudiu um pouco, e a cabeça de Ryan tombou para trás. Seu
companheiro olhou em seus olhos e lhe deu um sorriso provocante. —Não. Me
obrigue!

****

Blayde o olhou intensamente. —Oh, então é assim? Tudo bem,


querido. Lembre-se de que você pediu por isso. Então se inclinou e apoiou o
ombro na sua cintura, jogando-o por cima dele como se pesasse quarenta e
cinco quilos em vez de setenta e cinco.
Ele marchou carregando-o rapidamente pelo corredor antes que
pudesse reagir. Era musculoso e forte, mas desde que tinha chegado tinha sido
jogado para lá e para cá por Blayde como se fosse criança.
Apesar de ser um humano de estrutura mediana a forte, era como
uma criança para esses lycans. Uma parte de si ficou emocionada diante da
ideia de que era capaz de ser controlado por esse homem. Ou eu deveria dizer
por este homem-lobo. Isso o fez querer estremecer, provocar e ver até onde
poderia pressionar seu delicioso amante. Não se importava de ser o passivo,
na verdade adorava, com o cara certo. Estava ansioso para ver se Blayde era o
cara certo.
O lycan o levou diretamente até o banheiro, o sentou na tampa do
vaso, parou entre suas pernas e tirou sua camisa. Permitiu isso, interessado
em ver o que o homem maior tinha em mente. Blayde o fez levantar, abaixou
suas calças e em seguida atirou as roupas de lado e o olhou intensamente.
Estava acostumado a estar nu. Inferno, passou muitos dos seus dias desse
jeito enquanto estava filmando, mas não gostou do jeito que Blayde o
examinou. O lycan pegou a navalha na pia e, antes que pudesse protestar,
barbeou seu queixo. —Ai! — gritou, colocando a mão no queixo. —Por que
diabos fez isso?
—Eu te dei a chance de se barbear mais cedo, mas você foi
desobediente. Nada de pelos faciais, querido. É feio.
—Sim, bem, você que diz!
—Isso mesmo. Eu digo.
Blayde virou e começou a tirar a própria roupa. Não conseguiu tirar
os olhos dele. Deuses, o homem era lindo e grande. Aquele pênis era enorme,
muito maior que o seu, e, nesse exato instante, estava muito ereto.
Tremendo um pouco, decidiu ver o que poderia acontecer se tentasse
fugir. Deu uma pausa para se mover de onde estava, mas Blayde o agarrou
pela cintura e puxou de volta. —Oh, não, você não. Você lançou um desafio
para mim, querido, e eu nunca recuo diante de um desafio. Preciso fazer você
concordar em ser meu companheiro. Eu disse que nunca iria obrigá-lo a fazer o
que não quisesse. Nunca disse que não te seduziria.
—Você pode tentar — respondeu com um pequeno sorriso. Esse
sorriso vacilou um pouco quando, sem aviso, se viu sentado no colo de Blayde,
de frente para a porta.
Pôde sentir a respiração do lycan na parte de trás do seu pescoço.
—Você sugeriu anteriormente que não se importaria de se divertir um pouco.
Isso ainda está de pé?
As coxas de Blayde estavam quentes pra caralho, e pôde sentir
aquele pênis enorme cutucando a parte posterior das suas pernas. Deu uma
olhada por cima do ombro para encarar aqueles olhos cor de vinho.
—Claro, eu gostaria de me divertir um pouco. Você é muito gostoso.
Mas não vai me obrigar dizer o que eu não quero... — provocou, tornando suas
palavras um desafio ainda maior.
—Isso é bom — disse Blayde lhe dando um sorriso. Não gostou muito
da aparência desse sorriso. —Então quando concordar em ser o meu
companheiro não vai poder dizer que eu o coagi, certo?
Este era um jogo que estavam brincando, e ambos sabiam disso.
Como uma súbita pontada em seu íntimo, teve a sensação de que Blayde
jogaria muito bem. As borboletas em seu estômago lhe diziam que estava
prestes a ser seduzido e que iria aproveitar cada minuto disso.
Blayde se levantou e o colocou de volta sobre seus pés. Sem outra
palavra ele foi até o amplo box do chuveiro. Olhou para baixo em seu próprio
corpo e gemeu. Seu pênis estava duro, ainda se sentindo entusiasmado por ter
sido despido pelo lycan gostosão. Cobriu seu eixo com as mãos. Pau estúpido.

****

Depois de ajustar a água e tirar suas roupas, Blayde entrou e lhe


estendeu a mão.
Hesitou por um momento, então olhou nos olhos do lycan. —Eu quero
que você me foda, mas não estou concordando em ser seu companheiro. Só
para esclarecer entre nós.
Blayde o olhou de cima a baixo e ergueu uma sobrancelha. —Você
quer que eu te foda, querido? Terei todo o prazer em obrigar… —
Lentamente deu um passo em direção aos seus braços e não protestou quando
Blayde empurrou seu corpo para perto. Saboreou a sensação da pele do
homem enorme na sua, do pênis dele se esfregando contra o seu. Deuses, a
sensação era tão boa. As mãos de Blayde alcançaram sua bunda apertada e
dura como uma rocha. —Tão lindo — ele murmurou contra o seu pescoço.
Jogou a cabeça para trás e fechou os olhos, deixando as palavras e a água o
inundarem. A boca de Blayde viajou para baixo até a curva do seu ombro, e
ele o mordeu com força o suficiente para deixar uma contusão.
—Ai! — Recuou, mas Blayde o fez colidir de volta contra o seu corpo.
Então ele caiu de joelhos na sua frente e tomou seu pênis naquela
boca cálida e aveludada.
Esquecendo todo o resto, gemeu e segurou os ombros do belo lycan
enquanto suas pernas de repente pareciam fracas demais para sustentá-lo.
Tinha sido o receptor de vários boquetes em sua vida, mas nunca um tão
alucinante como este. Justo quando começou a perder o controle e sentiu
como se estivesse prestes a entrar em erupção, Blayde se levantou e o virou
de cara para a parede do chuveiro. Colocando um pé entre suas pernas, ele
afastou seus pés e o inclinou. Aquelas mãos estavam em sua bunda, abrindo-a
para expor sua entrada. Deu um pulo quando sentiu o pênis de Blayde cutucá-
la quando o homem beijou a parte de trás do seu pescoço. Seu pau só roçou
lentamente para cima e para baixo em seu vinco, como se tivessem todo o
tempo do mundo. Pensou que nunca tinha sentido nada tão bom. E se
perguntou se Blayde sentia o mesmo.
—Isso é meu, Ryan. Esta pequena entrada apertada é toda minha.
—O que quer que diga, homem-lobo. Perceba que eu ainda não disse
nada, embora você esteja falando um bocado. — Deu um pulo de surpresa ao
sentir um dedo ensaboado se mexer em seu interior. Blayde murmurou ao seu
ouvido. —Deuses, eu amo um espertinho. Meu próprio pirralho. Alguns lycans
não gostam de pirralhos, mas eu sim. Muito mais divertido fazer você
obedecer. Você vai aceitar tudo o que vier para você, querido. E vai adorar
cada minuto disso. Diga, sim, Alfa.
Balançou a cabeça e bateu com o punho contra a parede.
—Diga! — Blayde deslizou um dedo sobre sua próstata, fazendo-o
gritar e se contorcer para longe. Ele o arrastou de volta. —Eu falei, diga!
—S-sim! Alfa, o que quer que essa porra signifique.
Outro dedo deslizou ao lado do primeiro, e pulou de novo e gemeu.
—Isso significa que você é meu, querido. Eu sou o único amante que você vai
precisar a partir de agora. — Estremeceu, e Blayde sussurrou em seu ouvido.
—Tudo bem... A sensação é boa, querido? — O lycan começou a percorrer seu
vinco para cima e para baixo com os dedos, dentro e fora da sua entrada até
trocar o apoio de um pé para o outro e tremer de necessidade.
—O que quer que eu faça, querido? O que precisa que eu faça por
você?
—E-eu não sei — gemeu miseravelmente.
—Tem certeza? Me conte o que gosta... — Blayde deslizou os dedos
em seu interior até encontrar sua próstata e acariciá-la intensamente. Gemeu
em voz alta e se inclinou para trás, gritando seu prazer.
—Oh, você gosta disso? — Aqueles dedos pecaminosos esfregaram
sua próstata novamente e ficou ali, pressionando com força, fazendo-o arquear
as costas e jorrar seu sêmen contra a parede do chuveiro e, os joelhos
fraquejando.
Blayde o pegou pela cintura, mas nunca o deixaria cair. Em vez disso,
ele o segurou contra o seu corpo enquanto alcançava seu pênis e o ordenhava
até a última gota de esperma. Ele o ordenhou com tanta intensidade que,
quando se tornou quase doloroso, gritou para que parasse e se contorceu e se
virou como uma boneca de pano em seus braços. Finalmente o belo lycan
parou e puxou seu rosto para que pudesse beijá-lo novamente. Ele o beijou
até que estivesse sem fôlego e choramingando, até seu pênis começar a se
encher e seus joelhos ficarem fracos novamente.
—Agora, de quem você é garoto, hein?
—Porra! Por favor.
—Me diga... Posso continuar com isso o dia todo.
—Não, Blayde! Por favor!
—Diga…
—Oh, eu odeio isso. Eu te odeio.
—Mentiroso. Diga.
—Eu sou seu, maldição — falou se sentindo derrotado, mas ainda
animado pelo controle dele.
—Você está absolutamente certo. — Blayde riu e pegou o sabão para
ensaboar suas mãos. Então passou muito tempo ensaboando todo o seu corpo,
lavando cada fenda e canto até lhe deixar tremendo de necessidade e duro
como ferro. Finalmente ele o enxaguou e o puxou do chuveiro para secá-lo. O
levou de volta para o quarto e para a cama.
Empurrando-o de cara para baixo, o homem parou por tempo
suficiente para pegar o lubrificante da mesa ao lado da cama e espalhá-lo
sobre seu pênis. O observou por cima do ombro enquanto ele lhe sorria e
colocava um pouco sobre seus dedos. —O quanto você quer isso, querido?
Abaixou a cabeça como se estivesse envergonhado de se sentir tão
necessitado. Os dedos de Blayde alcançaram seu interior e lubrificaram sua
entrada e por dentro, e não pôde conter seus gemidos.
—Me diga, amor. Diga se quer isso.
—Você sabe que eu quero! — gritou. Blayde o olhou severamente, ao
que abaixou o olhar. —Eu sinto muito, Alfa.
—Então relaxe para mim, querido. — Sentiu aquele pênis cutucar sua
entrada.
—Maldição, me deixe entrar.
—E-estou tentando.
—Tente com mais vontade, esta bundinha é minha, meu pequeno
companheiro.

****

Empurrando, Blayde abriu seu caminho adentro e se enterrou


profundamente, envolto naquele ânus apertado. Beijando a parte de trás do
pescoço de Ryan, deslizou uma mão sob sua barriga e apertou contra si,
segurando-o com força.
Era tão bom estar dentro do seu companheiro, envolto em seu calor.
—É isso aí, apenas relaxe para mim. Droga, você é tão doce. — Começou a
impulsionar, empurrando e recuando em um ritmo que esperava que estivesse
enlouquecendo Ryan tanto quanto a si mesmo. —Diga o quanto você ama isso,
querido.
—Merda, simplesmente cale a boca e me foda! Mova-se, maldição!
Um tapa forte caiu na bunda de Ryan, e parou de fodê-lo. —Cuidado
com a droga dos seus modos, querido.
—Por favor…
—Por favor, o quê?
Ryan bateu com o punho na cama diante de si. —Merda, eu te odeio!
Eu odeio isso!
—Mentindo de novo. Não vai te ajudar nem um pouco. — Seu
companheiro tentou se esfregar contra o seu corpo e conseguiu outro tapa no
traseiro. —Vou me mexer quando você mostrar o devido respeito.
O pequeno humano mordeu o colchão sob si, e deu uma risadinha
esperando por ele. Droga, a sensação era incrível, era capaz de sentir o
traseiro do seu companheiro tremendo, se arrepiando com a necessidade de
que se mexesse, mas ele era tão teimoso que estava tentando resistir. Ele
gritou de frustração. —Mexa-se, maldito! Faça alguma coisa!
—Você sabe o que fazer…
—Ok. Será que você vai me foder? Por favor!
—Não. Não está bom o suficiente.
Se retirou, e Ryan rolou de costas e o encarou. —O que você está
fazendo? Não pode me deixar desse jeito!
Deu a ele um sorriso positivamente maligno. —Oh, eu poderia. Mas
tenho outros planos. Levante-se até a cabeceira da cama.
Ryan se arrastou cautelosamente até lá e se deitou. Imediatamente
se arrastou até o lado dele para prender seus pulsos na guarda da cama. Seu
companheiro pareceu surpreso e não muito satisfeito com essa mudança de
eventos. Então chutou seu algoz.
—Deixe-me sair desta merda!
—Oh, insolência, insolência. Eu ia te deixar gozar, mas posso mudar
de ideia agora.
—Não! Quero dizer, me desculpe, por favor. Eu vou ser bom, juro. —
Então ponderou que Ryan teria lhe prometido qualquer coisa para conseguir
gozar. Ele parecia estar sofrendo muito.
Esfregou as mãos sobre as bolas do seu companheiro. Sabia que
agora elas deviam estar doloridas.
—Elas doem, querido? Eu posso beijá-las e te fazer sentir melhor.
Tudo o que tem a fazer é implorar um pouco.
—Seu babaca! — Ryan rebateu.
Sorriu de novo para o seu companheiro. Então se inclinou para lhe
dar um beijo enquanto rastejava para montá-lo.
—Está sendo insolente de novo. Você vai ser muito bom?
—Sim, maldição. Por favor!
—Diga isso de novo.
Ryan bateu a cabeça na guarda da cama. —Eu juro que vou ser bom.
—Qual é o meu nome?
—B-Blayde. Não, Alfa. — Mordendo o lábio, seu humano bateu a
cabeça para frente e para trás na cabeceira da cama. —Por favor, Alfa.
—Eu gosto do jeito que você implora. — Se sentou em seus
calcanhares e olhou para ele. —Tão lindo preso. Eu sabia que ficaria, meu doce
e pequeno companheiro. — Então se inclinou e começou a torturá-lo com a
língua, arrastando-a para baixo por seu corpo e circulando-a em volta do seu
pênis, mas sem tocá-lo. Manteve-se assim até Ryan ter lágrimas de verdade
nos olhos, então finalmente sorriu e o envolveu no calor úmido e cálido da sua
boca, obrigando seu companheiro a empurrar os quadris para fora da cama e
fazer um som que nunca o tinha ouvido fazer até agora. Queria ouvi-lo de
novo.
Começou a tomá-lo profundamente em sua garganta, movendo-se
para cima e para baixo com força e velocidade naquele eixo, mas bem quando
Ryan estava prestes a alcançar o clímax, afastou a cabeça novamente.
A essa altura seu companheiro estava além das palavras,
simplesmente grunhindo baixo em descrença e dor. Extremamente ofegante,
Ryan só o encarou.
—Eu deveria deixar você gozar? — Se esticou para lamber o eixo do
seu companheiro, provocando um guincho de prazer, ou era de dor? —Se eu
deixar, o que fará por mim?
—Qualquer coisa... Por favor, Alfa.
—Vou te cobrar depois, querido. — Sorrindo, enganchou uma das
pernas de Ryan por cima do ombro e mergulhou em seu interior enquanto, ao
mesmo tempo, agarrava o pênis dele com força. Começou a acariciar o pênis
dele e sobre sua próstata ritmicamente uma e outra vez.
—Goze para mim, querido. Desista.
Ryan começou a gozar com um gemido profundo e gutural, realmente
gritando seu alívio.
Também alcançou seu orgasmo, e Ryan se arqueou em seus braços
segurando firmemente e enterrando o rosto em seu pescoço.
Então soltou as algemas e o abraçou até seu companheiro recuperar
o fôlego, depois se esticou ao lado dele na cama e o abraçou enquanto dormia.
Permitiu que ele dormisse em seus braços por alguns minutos antes de
acordá-lo gentilmente.
Outra respiração profunda, então perguntou: —Você concorda em se
tornar o meu companheiro, querido? Não se engane, eu nunca vou te libertar
do seu voto se disser sim. Mas se disser não, terei que te tirar daqui e te levar
para a casa do meu irmão. Não posso mais brincar com você e não te tornar o
meu companheiro.
Ryan virou para encará-lo. Ele se mexeu pela cama e envolveu as
pernas ao redor da sua cintura, colocando aquele traseiro doce bem em cima
do seu pênis, que inchou para recebê-lo. Respirou fundo. Estava se segurando
por um fio.
Então seu companheiro se inclinou e sussurrou em seu ouvido. —Eu
não sei. É tão rápido.
—Parece bem rápido, eu acho. É rápido para mim também, mas
quero você. Eu nunca vou querer mais ninguém além de você.

****

Ryan ainda hesitou sem saber o que fazer. Este homem o deixava
empolgado, mesmo quando ficava lhe dando ordens. E nunca tinha sido tão
controlado e dominado antes, mas tinha que admitir que uma parte sua amou.
Tinha tido o orgasmo mais intenso da sua vida agora, e sabia que era por
causa do jeito como Blayde falava, o jeito como ele o dominava. A coisa era,
tocou uma parte tão profunda de si que jamais soube que existia de verdade.
Queria se submeter a esse homem. Queria que Blayde o enlouquecesse e lhe
ordenasse fazer coisas que nunca fez antes. E definitivamente não queria
deixá-lo hoje à noite. Talvez nunca.
—Posso concordar em fazer isso, e se eu quiser sair daqui a alguns
meses você me deixará partir?

****

Bem, droga. Será que poderia concordar com isso? Em alguns meses,
deixar Ryan partir o mataria. Sabia que não ia ser capaz de viver sem ele
depois de tanto tempo ter passado. Mas havia uma pequena chance disso.
Uma vez que desse em Ryan a mordida de acasalamento isso mudaria o
humano para sempre, e seu veneno provavelmente ia garantir que seu
companheiro nunca fosse querer deixá-lo. Ainda assim, se esse fosse o único
jeito de Ryan concordar em ser seu companheiro, tinha que aceitar. Não iria
forçá-lo.
Então, se Ryan se tornasse infeliz em alguns meses, o deixaria sair se
quisesse. Isto é, se pudesse, ainda que isso fosse significar sua própria morte.
Uma vez acasalados, era impossível os lycans viverem muito tempo sem seus
companheiros.
Todos os tijolos sólidos da parede que construiu cuidadosamente ao
longo dos ciclos contra se acomodar com apenas um companheiro para a vida
foram de repente desmoronando ao redor da sua cabeça, enterrando-o sob os
escombros. A sensação dos doces braços de Ryan em volta do seu pescoço e
daquele adorável traseiro contra o seu pênis já tinha despertado toda a luxúria
em seu corpo. De jeito nenhum seria capaz de negar algo a ele.
—Eu quero você, Ryan. Eu te quero como o meu companheiro. Se
esta é a única maneira que posso tê-lo, então concordo. Se quiser me deixar
depois de um tempo, então deixarei você partir.
Ryan se inclinou para beijá-lo suavemente na orelha. Sua língua saiu
e lambeu delicadamente, quase o fazendo perder a cabeça. —Então sim, aceito
você como meu companheiro.
Atirou a cabeça para trás e uivou tão alto que provavelmente todo o
povoado o ouviu. Deitou Ryan de costas e pegou o lubrificante. Seu
companheiro o encarou com os olhos arregalados, assustado com o que tinha
feito, mas não pôde evitar. Uma onda de pura adrenalina o atravessou. Depois
de deitá-lo na cama, puxou suas pernas sobre os seus antebraços e se inclinou
para sussurrar em seu ouvido, sabendo que sua voz sairia áspera e animalesca
e não querendo assustá-lo. —Eu vou te foder de novo, querido. Vou tentar ser
gentil, mas não posso prometer nada. Meu lobo é muito forte e estou
mantendo-o afastado.
Com as mãos trêmulas de desejo, preparou seu querido o melhor que
pôde, lubrificando-o bem e esticando-o com seus dedos. Então, antes que
pudesse se conter, sua besta assumiu e mergulhou nele, enterrando-se até
bolas. Ryan o olhou interrogativamente, os olhos arregalados e assustados, e
tentou sorrir para ele. —Você está bem, querido? Eu não te machuquei, não é?
—Não, é bom. Eu... Oh!
Tinha acabado de passar por sua próstata, massageando-a com seu
pênis, adorando ver seu companheiro se contorcer e gritar. —Oh, Blayde!
—Goze para mim, querido!
Mais alguns impulsos e ambos estavam respirando com dificuldade e
agarrando o colchão. Agarrou o pênis de Ryan e deu um forte puxão, ao que
seu companheiro se descontrolou, arqueou as costas e gritou seu clímax.
Depois de se recuperar, o humano respirou fundo e relaxou seu corpo
completamente, o encarando de um jeito nervoso porque ainda não tinha
gozado. Notou aquele olhar e sorriu para Ryan gentilmente. —Está tudo bem.
Eu queria que você gozasse primeiro.
Não queria assustar seu doce companheiro lhe dizendo o que estava
por vir. Além disso, quanto mais relaxado Ryan estivesse, melhor. Sua mão
esfregou as bolas de Ryan e, ao mesmo tempo, acariciou seu pênis, tentando
satisfazê-lo em todos os lugares ao mesmo tempo. Seu companheiro
choramingou e gemeu quando começou a se mover novamente dentro do seu
calor aveludado, verificando cuidadosamente sua resposta. Ryan ainda estava
relaxado e acessível, os olhos fechados em êxtase.
—Só tente relaxar. Empurre contra mim. É isso aí, querido. —
Começou a se mover mais para dentro, então penetrou intensa, rápida e
profundamente, de modo que o seu companheiro ficou tenso e gritou de
surpresa. Enquanto enterrava as bolas bem fundo em Ryan, se inclinou e
sussurrou para ele. —Calma, querido. Isso pode doer um pouco. — Incapaz de
esperar, mordeu com força o lado do pescoço do seu companheiro, rompendo
a pele e sugando o sangue que fluía. Ao mesmo tempo o seu nó inchou dentro
do canal de Ryan, vinculando-os. Seu orgasmo chegou momentos depois,
chacoalhando-o até o íntimo. Ryan gritou e tentou fugir, mas segurou seu
corpo com força, afundando suas presas mais profundamente.
Só depois que se esvaziou em Ryan foi que lambeu a ferida — que
começou a cicatrizar no instante em que colocou a língua nela. Curaria, mas ia
deixar uma cicatriz, marcando-o como o seu companheiro. Tinha feito a marca
de mordida no alto em seu pescoço para que todos vissem. Entre a marca e o
fato de que se certificaria que Ryan sempre tivesse seu cheiro nele, ninguém
seria tolo o suficiente para tocar o seu companheiro de novo.
Deu a Ryan o seu nó, que era outra glândula que secretava o veneno,
assim como aquelas em sua boca. Ambos criaram o veneno que provocaria a
mudança em seu companheiro. Eles ficariam atados por uma hora ou mais, até
o nó sumir. Enquanto isso esperou que Ryan continuasse dormindo. O olhou.
Ele estava reagindo ao veneno e já estava intoxicado pela substância e pela
força do seu orgasmo. Seus olhos estavam meio fechados e ele respirava
rapidamente. Sabia que ele ia ter uma febre alta por, pelo menos, algumas
horas e ficaria um pouco fora de si. Ia ter que cuidar dele pelas próximas horas
até a febre passar.
Não era um veneno que o mataria ou causaria algum dano. Ele só ia
modificar um pouco a química do seu corpo, que ficaria mais forte e ainda mais
bonito, e Ryan seria mais saudável e viveria uma vida muito longa, assim
como todos os lycans. Se ele decidisse ir embora, os efeitos colaterais, os que
não tinha mencionado, eventualmente desapareceriam caso se afastasse.
Claro, se Ryan o deixasse por qualquer motivo não ia sobreviver a sua
ausência por mais do que algumas semanas, de qualquer maneira.
Seu veneno também ia ajudar a criar um forte vínculo de
acasalamento. A partir deste momento nenhum deles ficaria feliz longe do
outro, e Ryan iria lhe pertencer de corpo e alma. Não importa com o que tinha
concordado antes, sabia que seu companheiro provavelmente seria incapaz de
viver afastado a partir de agora e até iria sofrer uma intensa dor emocional
caso se separassem.
Isso também tendia a ter um efeito bastante calmante nos pequenos
pirralhos como Ryan, embora ele ainda tivesse o seu livre arbítrio. Mas o
deixaria desconfortável. Frequentemente os companheiros que desobedeciam
aos seus alfas pediam para serem disciplinados, para que se sentissem melhor
novamente.
Sorriu e afastou o cabelo de Ryan da sua testa. Seu pequeno pirralho
podia precisar de uma ou duas palmadas para acalmá-lo. O puxou para mais
perto e respirou seu perfume, então uma percepção o atingiu com força total.
Já amava Ryan. Não sentia apenas luxúria, mas um amor puro e forte que
enviou um arrepio até os dedos dos seus pés. Maldição! Quando isso tinha
acontecido?
Capítulo Quatro
Ryan acordou lentamente de um sono profundo e cheio de sonhos
maravilhosos, embora perturbadores. Sonhou sobre rondar a floresta sob a lua
cheia e colocar a cabeça para trás para olhar para o céu noturno. Ouviu um
barulho ao seu lado e se virou para ver um belo e enorme lobo se aproximar.
De alguma forma, em seu sonho não estava com medo do lobo. Estendeu a
mão para acariciar sua cabeça, então despertou totalmente. Virando de lado,
abriu os olhos para encontrar Blayde dormindo junto a si, roncando baixinho, a
boca um pouco aberta.
Ficou confuso. O que diabos tinha acontecido quando saiu daquele
transporte? Dentro de algumas horas tinha sido despido, perseguido,
barbeado, fodido até desmaiar e agora acasalado a um maldito shifter lycan.
Ainda pior, tinha se tornado a porra do companheiro de um lycan. E tinha
concordado com isso.
Pelo que sabia sobre companheiros, eles eram um pouco melhores
que os escravos de amor. Inferno, eu tenho que estar viajando em alguma
coisa. Pela segunda vez desde que conheceu Blayde, se perguntou se ele tinha
lhe dado algum tipo de droga.
De forma lenta sua mente repassou tudo o que aconteceu, tudo o que
conseguiu lembrar, e ainda parecia um sonho maluco. A única constante na
coisa toda era Blayde. Ele estava em todos os lugares em seus pensamentos e
sonhos. Agora estava deitado ao seu lado, e tudo o que queria fazer era beijá-
lo e se aconchegar nele. Que diabos era o seu problema? Tinha concordado em
deixar esse grande lycan ser seu companheiro. Ainda se sentia tão cansado
ainda que mal podia pensar a respeito disso tudo agora. Se aconchegou na
cama confortável e voltou a dormir, empurrando sua bunda dolorida contra
Blayde.
Quando acordou de novo a cama ao seu lado estava vazia. Se ergueu
sobre os cotovelos e encontrou Blayde perto da porta mexendo em sua
mochila.
─Ei, o que você está fazendo, Blayde? Quero dizer, Alfa?
O homem se endireitou segurando uma pequena embalagem de
papelão. ─Ia lavar suas roupas esta manhã antes de sairmos e encontrei isto.
Que porra é essa, Ryan?
Ele tinha estado vasculhado seus poucos pertences e encontrado uma
caixa de Marillos, algo que curtia de vez em quando. Tinha colocado alguns em
sua mochila quando o levaram ao leilão de escravos. Na verdade eram
inofensivos. Uma espécie de charuto fino firmemente enrolado em maconha,
uma substância legalizada na Terra já há muitos ciclos, assim como várias
outras drogas que tinham a intenção de acalmar e relaxar a pessoa.
Inebriantes, não eram algo que se fumava diariamente, mas eram ótimos para
derrubá-lo depois de um dia estressante. Aparentemente eu vou ter muito
poucos desses, se Blayde continuar essa merda.
Blayde ergueu o Marillos e lhe deu um olhar zangado. ─Nada de
drogas, ouviu? Este é o tipo de decisão estúpida que o colocou em problemas,
para começo de conversa.
Não conseguiu conter sua resposta. ─Mas que diabos? Quero dizer,
eles são legalizados. Vou fumá-los em meus aposentos na nave, se a fumaça
te incomoda.
─Você não tem nenhuma porra de aposentos, querido. Você dorme
aonde eu durmo. E eu disse não. Cuido bem do que é meu, e uma dessas
coisas é você. Isso não é bom para sua saúde, então não vai fumar. Ponto, fim
da discussão. Ele virou e falou de forma gentil, mas com uma firmeza irritante.
─Sem mais de drogas para você, querido. Nunca mais.
Seu queixo caiu, e pulou da cama agarrando um moletom que
encontrou ao lado dela. Abriu a boca para responder, mas Blayde já tinha
virado e se posto em movimento. Ele saiu do quarto pisando duro e olhou por
cima do ombro para se certificar de que o estivesse seguindo. Pensou em ficar
em seu quarto e fazer beicinho, mas era como se o maldito homem tivesse
uma corda invisível presa ao seu umbigo. Seus pés simplesmente queriam
segui-lo aonde quer que fosse.
Parecendo tranquilo de que estivesse bem atrás dele e de que o
estivesse olhando, o homem maior colocou os charutos em uma pequena caixa
coberta na ilha, fechou a tampa e apertou o botão.
Soltou fumaça pelas orelhas quando o triturador de resíduos sólidos
destruiu seus caros charutos. Tinha pagado muito dinheiro para quem estava
no deque espacial quando chegou em Lunar 53, um fato que não conseguiu
evitar apontar.
─Maldição, eles custam cento e cinquenta diamantes certificados!
Blayde voltou a olhá-lo e assentiu. ─Certo. Vê como você toma más
decisões? É por isso que irei tomar todas elas por você a partir de agora. Se
tiver mais drogas escondidas em qualquer lugar, me avise imediatamente.
Última chance, não? Ok, sente-se e vamos conversar.
─Não me diga o que fazer! E posso e vou tomar minhas próprias
decisões, quer você as aprove ou não. — Então entrou na sala de estar e se
jogou na cadeira enorme. Sua bunda estava tão dolorida daquele pau gigante
de Blayde que quase pulou novamente. Não lhe passou despercebido que
estava fazendo exatamente o que o homem lhe pediu para fazer, apesar das
suas palavras. Por que fez isso? Não tinha pretendido. Odiando sua obediência,
virou a cabeça para longe dele e encarou o espaço. Blayde o seguiu e ficou
parado encarando-o.
─Cuidar de você é o meu trabalho agora, amor. E de agora em diante
me chame de Alfa. Não me faça continuar te lembrando. Como o companheiro
de um lobo você precisa seguir minha disciplina.
─Sim, bem, eu não pedi o emprego! Não tinha ideia de que ser seu
companheiro significava que tenho que seguir suas ordens, maldição, porque
isso não vai rolar.
Blayde andou calmamente até ele, o levantou da cadeira, abaixou seu
moletom e o dobrou sobre um joelho que colocou no assento dela. Segurando-
o ali com os pés pendurados, bateu em sua bunda três vezes em rápida
sucessão, sem se conter nem um pouco. Gritou, não realmente de dor, embora
os tapas no seu traseiro tivessem doído, mas mais por humilhação pela sua
posição.
─Eu estou querendo fazer isso desde que você saiu do transporte.
Seguirá minhas regras à risca, ou vai se encontrar nessa posição com
frequência. Fui claro? Eu sou o Alfa, então faço as regras para nós dois
seguirmos.
─Quem disse? ─ gritou por cima do ombro desafiadoramente, apesar
do fato de que sabia que seria punido mais uma vez. ─E quem disse que você
era o parceiro dominante? Só porque é superdimensionado você grita e joga
fora os charutos das pessoas? Bem, eu não vou aceitar! Você não pode
simplesmente mandar em mim. ─ Tentou se contorcer no joelho de Blayde,
mas foi mantido firmemente no lugar.
Mais cinco tapas fortes desceram em seu traseiro sensível. Então um
dedo enorme e úmido foi enfiado em seu ânus dolorido. Se arqueou no braço
de Blayde e gritou.
─Eu posso continuar com isso o dia todo. Você está pronto para se
desculpar e implorar pelo meu perdão?
Frustrado e humilhado, tremia de raiva, mas sabia que era inútil
continuar resistindo.
─S-sim, Blayde. Alfa. Eu sinto muito. Por favor, me perdoe.
O homem maior o colocou de pé, mas quando foi puxar as calças ele
o parou, o empurrou de volta na cadeira com elas ainda em volta dos seus
tornozelos.
Blayde permaneceu acima dele, franzindo o cenho, até que abaixou a
cabeça de forma submissa.
Estranho o quanto sua barriga começou a doer, e o quão
desconfortável se sentiu. Esfregou o local distraidamente, e o lycan lhe deu um
pequeno sorriso de satisfação.
─Dor de barriga, bebê? Isso é por causa do veneno na mordida de
acasalamento.
─O que diabos quer dizer? Quer dizer que quando me mordeu isso
me deixou doente?
─Não, nada assim. É o que acontece com o companheiro quando não
agrada ao seu mestre ou quando está se comportando mal. Tudo faz parte do
aprendizado para ser um bom companheiro. Como disse, é por causa do
veneno.
─Me comportando mal? Como a porra de criança pequena? Você é de
verdade?
Blayde se sentou à sua frente no sofá, se recostou e colocou as mãos
atrás do pescoço com um pequeno sorriso no rosto. ─Bem, você se tornou um
membro do nosso bando quando acasalamos. Todos os membros da matilha
precisam aprender a disciplina.
─Isso é um monte de merda. Pensei que fosse apenas conversa de
sexo. ─ Então se levantou, puxou as calças e entrou na cozinha. Sua barriga
estava com cãibras agora, e lembrou que não tinha comido nada desde o
almoço do dia anterior. ─Meu estômago só está doendo porque você está
tentando me matar de fome! Não há nada para comer por aqui? ─ Uma cãibra
súbita fez com que se curvasse e agarrasse a barriga. Olhou
desesperadamente para Blayde e estendeu a mão para ele. ─Oh, Blayde, me
ajude! ─ Deu um pequeno choramingo que o trouxe para o seu lado
imediatamente.
─Eu não estou chateado com você, querido. Acalme-se. Agora, o que
quer comer, amor? Eu vou arranjar alguma coisa.
─Só algumas torradas, talvez. Eu posso estar adoecendo do
estômago, mas está melhorando um pouco agora.
Blayde digitou algo na máquina de processar de alimentos e virou
para aconchegá-lo em seus braços. ─Eu não estou bravo com você, querido.
Não de verdade. ─ Ele o beijou gentilmente e as cãibras em sua barriga
diminuíram. Também se sentiu imediatamente melhor, como se uma carga de
preocupação tivesse sido tirada dos seus ombros.
─Por que me importo se você está bravo comigo ou não? Eu estou
bravo com você! Oh, não, espere um minuto, você deve estar brincando! Estou
me sentindo assim por sua causa? Essa coisa de veneno sobre a qual você
continua tagarelando?
Sua voz estava cheia de descrença e choque.
─Ou você pode dizer que está se sentindo mal porque está um pouco
fora de controle. Seis por meia dúzia...
─Eu te odeio. ─ Outra cãibra intensa quase o dobrou ao meio. ─Ai,
Blayde! Me ajude, por favor!
─Não, você não me odeia, querido. Pare de fazer isso para si mesmo.
— O homem o abraçou, incapaz de suportar vê-lo com dor, e o beijou até
diminuir. ─Venha até aqui e se sente, querido, coma alguma coisa. Eu fiz
algumas torradas e ovos. Um pouco de café também.
O enorme lycan o sentou diante do balcão de café da manhã e lhe
deu um prato do processador de alimentos, então pegou uma xícara de café
para si. Estava morrendo de fome, então comeu cada pedaço antes de voltar a
acusá-lo. ─Sinto que você não me deu uma apresentação integral, Blayde.
─Uma o quê?
─Como quando você vai tentar um empréstimo e o banco tem que te
dar uma apresentação integral sobre todas as taxas e outras coisas. Eu não
recebi uma dessas para o que iria acontecer quando concordasse em ser seu
companheiro.
Olhou acusatoriamente para Blayde. ─Primeiro a disciplina da matilha
e agora isso. Há outras surpresas desagradáveis que eu deveria saber?
Uma risada vinda da porta da frente fez com que ambos se virassem
surpresos. Kyle e Lucas estavam na soleira. Kyle entrou e se sentou no bar ao
lado deles. ─Você contou a ele sobre o que acontece se assistir pornografia,
Blayde?
─O que acontece? ─ perguntou. ─O que ele quer dizer?
─Cale a boca, Kyle ─ falou Blayde.
─Não, me conte! ─ disse. ─O que vai acontecer se eu assistir
pornografia?
─Não é importante, querido. Vou te contar depois. De qualquer
maneira você não vai mais assistir. Kyle só está tentando causar problemas.
O homem em questão caminhou com um grande sorriso e foi se
sentar ao balcão. Lucas o seguiu e se inclinou na ponta. ─Tem mais café,
Blayde?
Blayde digitou os pedidos dos cafés e em alguns segundos colocou
uma caneca fumegante diante de cada um deles. Lucas tomou um longo gole
do seu e minuciosamente observou Blayde. ─Fiquei acordado por muito tempo
ontem à noite pensando sobre isso e só me ocorreu uma ideia. Não é a melhor
que já tive, mas foi tudo em que consegui pensar para poder manter você e o
seu companheiro fora de uma prisão da Aliança.
─Bem, o que é? Estou aberto a qualquer coisa que mantenha o meu
companheiro comigo, aonde pertence.
Sentou em silêncio, se inclinando um pouco, quase que
subconscientemente, na direção do seu lycan. Essa conversa o deixou nervoso,
e não estava acostumado com outros decidindo seu destino. Na verdade,
quase tinha se esquecido da sentença que pairava sobre sua cabeça. Blayde
era tão intenso, tão empolgante, que não deixava espaço para mais nada.
Entretanto se sentou e prestou atenção, sabendo que Blayde lutaria suas
batalhas em seu lugar. Embora nunca fosse admitir para o homem dominante,
a cada minuto confiava mais nele para lhe cuidar. Lhe ocorreu que mal tinha
acabado de reclamar sobre ele assumir o controle, mas isso era diferente. Não
sabia como, mas tinha certeza de que era. E exatamente como isso era
diferente?, a parte irritantemente racional de si mesmo questionou. Ah, cale a
boca, respondeu a ela.
─Pelo que eu vejo você não tem escolha se não começar sua viagem
para levar os cativos até a lua prisional. Só vamos ter que ajudá-lo a escapar
no meio do caminho. Ou pelo menos fazer os funcionários da prisão pensarem
que ele fugiu. Podemos dizer que morreu na tentativa de fuga e que nos
livramos do corpo. Nesse meio tempo Ryan terá que ser um desses
prisioneiros em todos os sentidos, Blayde. Tem que ficar entre eles, dormir e
comer entre eles. Não podem estar cientes de qualquer favoritismo da sua
parte. Eles certamente serão interrogados depois que toda essa merda bater
no ventilador.
─Sim, só um problema. Não vou deixar o meu companheiro lá com
eles. Inferno, não, isso está fora de questão. Não quero esses animais em
volta dele.
─Se não concordar, não acho que seremos bem sucedidos.
─Maldição, Lucas, olhe para ele! Um deles poderia pegá-lo como sua
vadia na primeira noite! Inferno, na primeira hora!
─Ei! ─ interrompeu acaloradamente quando todos se voltaram para
encará-lo. Não tinha certeza se estava lisonjeado ou envergonhado. ─Eu posso
ter algo a dizer a respeito! Posso cuidar de mim mesmo, sabe.
Todos os três homens o olharam por um momento, e então voltaram
para Blayde. ─Você pode estar certo, mas não consigo pensar em mais nada.
Eles têm que acreditar que ele é realmente o seu prisioneiro.
─Eu tenho uma ideia, se alguém estiver interessado ─ falou para os
três.
Blayde o olhou. ─Claro que estamos interessados, querido. Qual é a
sua ideia?
─Blayde pode me levar até a nave como se já tivesse me
reivindicado, mas eu resisto. Deixo bem claro que não quero pertencer a ele,
sou agressivo e difícil de controlar. Então Blayde me coloca na solitária para
me ensinar uma lição e diz isso onde os outros possam ouvir. Eu continuo
resistindo, e nós temos uma briga muito pública. Ele me diz que tenho que
permanecer na solitária pelo restante da viagem.
Kyle riu alto. ─Droga! Ele tão inteligente quanto bonito!

****
Blayde fez uma careta e deslizou para perto de seu companheiro, não
gostando de Kyle chamá-lo de bonito. Lucas sorriu e disse: ─Boa ideia, Ryan.
Blayde, isso tem sua aprovação?
─Talvez.
Lucas o olhou seriamente. ─Ele teria que ficar realmente na solitária.
Você não pode ficar se esgueirando até lá.
─Quanto tempo isso deve durar? E qual é o ponto, afinal?
─O objetivo é estabelecê-lo como prisioneiro e não deixar dúvidas
quando a próxima parte do plano entrar em ação.
─Que é qual, exatamente?
─Uma fuga da prisão na qual um dos prisioneiros é lamentavelmente
morto. Este seria Ryan, é claro, mas naturalmente fingiríamos sua morte.
─Obrigado. Isso seria um bônus ─ seu companheiro respondeu em
um tom seco.
Ignorando-o, assentiu. ─Muito perigoso, não é, permitir aos
prisioneiros qualquer tipo de liberdade? Uma fuga poderia sair pela culatra
para todos nós.
─Só vamos deixar Ryan tentar escapar. Todos nós quatro estaremos
na viagem: vocês dois, além de mim e de Nikolai. Vamos planejar tudo com
cuidado para garantir que estejamos totalmente no controle. Quando tudo
começar a se acalmar neutralizaremos Ryan, garantiremos que os outros
prisioneiros vejam seu corpo e então conteremos a situação. Iremos removê-
lo, informar aos outros que morreu na tentativa de fuga, até mesmo arranjar a
eliminação do corpo durante a viagem.
─Espere um minuto, o que quer dizer com me “neutralizar”? Acho
que não gosto do som disso.
Deu um tapinha no ombro do seu companheiro e continuou
conversando como se ele não os tivesse interrompido. ─Aonde podemos
esconder Ryan depois? Em algum lugar nos meus aposentos?
─Não, eles podem procurar lá. Eu não acho que irão, não têm razão
para duvidar da nossa palavra. Mas vamos até a nave para encontrar um lugar
onde possamos acomodá-lo, caso decidam revistá-la. Tem que ser seguro e
bem escondido ─ Kyle falou se levantando.
Também se levantou, assim como Lucas, para segui-lo. Se inclinou
para dar um beijo na testa de Ryan. ─Volto logo, querido. Fique aqui dentro e
descanse.

****

Os três homens mal o olharam quando saíram com a intenção de


chegar até a nave e cuidar dos negócios. Sentou por alguns minutos no bar se
sentindo estranhamente desolado pela ausência de Blayde e desejando que
tivessem permitido ir com eles. Estava se sentindo meio enjoado e um pouco
infeliz, sem uma razão específica. Se perguntou se o veneno do qual Blayde
continuava falando tinha alguma coisa a ver com a maneira como se sentia.
Suspirando, foi até a sala de estar e pressionou o botão na parede que fazia a
tela do cinema descer. Talvez pudesse relaxar e assistir a um bom filme, tentar
afastar sua mente da jornada iminente. Tudo dependia disso transcorrer tão
tranquilamente quanto possível para si mesmo e para Blayde.
Ligou a tela e passou pela lista de filmes disponíveis. Viu alguns dos
seus antigos pornôs e, sorrindo, apertou o menu para assisti-los. Ver a si
mesmo na tela com um cara gostoso sempre o deixava excitado. Ciumento
como Blayde era, provavelmente não ia mais assistir pornografia de qualquer
jeito. Também podia fazer uma pequena performance de despedida. Enquanto
o filme passava, não o achou tão estimulante ou sexy como costumava achar.
Pensou que fosse porque o tinha visto muitas vezes, mas quando dois dos seus
amigos gozaram, fazendo sexo de verdade em uma cena, não sentiu nada
além de tédio. Olhou para baixo, surpreso em ver que seu pênis estava
completamente desinteressado. Estendeu a mão para se dar um puxãozinho
ou dois através da calça, mas nada aconteceu. Alarmado, puxou com mais
força e ainda não conseguiu ficar nem um pouco duro.
Com o que Kyle tinha brincado antes? “Você contou a ele sobre o que
acontece se assistir pornografia, Blayde?” — Oh, não. O que ele fez comigo?
Voltou ao menu principal e encontrou mais pornografia em que não aparecia.
Assistiu caras lindos em várias posições fazendo todo o tipo de coisas para o
outro, de doces até realmente obscenas, e ainda assim nada aconteceu. Oh,
bons deuses, estou impotente! Eu vou matá-lo. Eu realmente vou matá-lo!
Afundou lentamente no sofá com os olhos vidrados. Por que isso
tinha acontecido? Como Blayde pôde fazer algo assim com ele? Desligou os
filmes e retraiu a tela.
Sentado no sofá, atordoado e infeliz, esperou que Blayde voltasse.

****

Blayde abriu a porta e entrou na sala escura. Quando saiu àquela


manhã não fazia ideia de que ia levar tanto tempo para achar um lugar seguro
para esconder Ryan. Finalmente encontraram um compartimento de carga,
não enorme, mas grande o suficiente para abriga-lo por algumas horas
enquanto se deslocavam até o planeta prisional e deixavam sua carga. Era
imperativo que os outros homens achassem que estava morto, e seu corpo
descartado no espaço, de modo que nenhum vestígio dele pudesse ser
avistado em qualquer lugar a bordo quando fizessem suas afirmações.
Arrastaram para lá um colchão para ele dormir, assim como outras melhorias,
e se certificaram de que fosse totalmente seguro e defensável antes de ficarem
satisfeitos. Então tiveram que levar Lucas e Nikolai a bordo para deixá-los
cientes, e finalmente, é claro, os demais prisioneiros.
Tudo isso tinha demorado, e voltou para casa para pegar Ryan e
levá-lo a bordo. Era pouco depois do anoitecer, então não conseguiu descobrir
aonde o seu companheiro poderia estar. ─Ryan ─ chamou. ─Aonde você está?
─ Nenhuma resposta. Foi até o quarto, mas o encontrou vazio. Estava
começando a entrar em pânico quando ouviu um barulho lá fora. Praticamente
correu até a porta e viu Ryan ali, sentado ao lado da piscina, os pés descalços
pendurados na água.
─Olá, querido. Você está bem?
Ryan continuou a olhar para a água, arrastando os dedos dos pés
para frente e para trás, fazendo pequenas ondulações. Ele não tinha acendido
nenhuma luz, então estava sentado no escuro.
─Ryan? Responda! O que está fazendo aqui? Por que está agindo
desse jeito?
Seu companheiro ergueu a cabeça e lhe deu um olhar furioso. ─Será
que você se importa?
─Mas que diabos? É claro que me importo. Você está com raiva
porque eu fiquei fora por tanto tempo? Tinha um monte de coisas a fazer para
me preparar para a viagem. Voltei para pegar você.
─Por que não me contou, Blayde? Como pôde fazer isso comigo?
Caminhou até ele, mas Ryan estendeu a mão para detê-lo.
─Não, não se aproxime de mim.
Parou e cruzou os braços sobre o peito. ─Tudo bem, sério, o que na
porra está acontecendo com você?
─Você sabe o que está errado comigo, Blayde! Essa mordida que me
deu ontem à noite! Você disse que tinha veneno nela! Não me disse que esse
veneno ia me deixar impotente!
─Impotente? ─ ficou atordoado por um momento, então seus olhos
se estreitaram. ─Espere um minuto. Você tentou assistir pornografia depois
que Kyle colocou essa merda em sua cabeça? ─ Quando a percepção o atingiu,
tentou conter a risada, mas ela escapou antes que pudesse pará-la.
─Não ria de mim! Não é engraçado! Sim, eu tentei assistir alguns
filmes pornô enquanto você estava fora esta noite para ver do que Kyle estava
falando e nada aconteceu! Nada!

****
─Querido, você não está impotente. Só não vai conseguir uma ereção
para ninguém além de mim. Olhe... ─ Blayde tirou a camisa e as calças.
Aquele pau enorme se projetava à sua frente, duro o suficiente para balançar.
Seu próprio pênis pulou entusiasticamente diante da visão.
─Mas eu não entendo. Assisti pornografia e tentei me masturbar e
nada funcionou! Espere um minuto — falou acusatoriamente. ─Você está me
dizendo...
─Estou te dizendo que o meu companheiro não pode ficar duro para
ninguém além de mim.
Lutou para ficar de pé, então andou até uma espreguiçadeira à beira
da piscina e se sentou nela.
─Você está seriamente afirmando que eu posso nunca mais... Bem,
isso é um monte de merda!
Blayde encolheu os ombros. ─Desculpe, querido. É assim que
funciona. Eu não tenho nada a ver com isso. E não é para sempre. Se, por
exemplo, você decidisse me deixar e permanecesse completamente afastado
de mim por um tempo, os efeitos desapareceriam gradualmente.
─O quão gradualmente?
Blayde encolheu os ombros. ─Algumas semanas…
─Algumas semanas! Você está brincando comigo?
─Ei, eu te disse que não tenho nada a ver com isso. É assim que é.
─Sim, mas você está amando cada minuto, não está? ─ Andou até
onde ele estava e lhe apontou um dedo acusador. ─Você fez isso de propósito
e eu não vou aceitar! Odeio lobos estúpidos, e odeio este planeta, e odeio
você! — Andou de novo, então se curvou.

****
Mais cãibras na barriga, Blayde notou. Pegou seu companheiro
irritado nos braços e o segurou perto do corpo, seu pau duro esfregando
contra ele.
─Oh, querido, não seja assim. ─ Inclinando-o de costas sobre o
braço, se apoderou daquela boca em um beijo ardente. Ryan a abriu em
surpresa, então o beijou. Seu companheiro afastou a cabeça e o encarou sem
fôlego.
─N-não! Você está tentando me fazer esquecer o motivo de estar
com raiva.
─Já está funcionando?
Seu companheiro lutou brevemente para fugir, mas sorriu, abaixou a
cabeça e murmurou contra os lábios dele. Ryan pode não ter realmente
entendido as palavras, mas seu corpo respondeu a elas, e prontamente
empurrou os lábios nos seus. Respondeu a isso empurrando a língua em sua
boca novamente, passando-a suavemente pelo seu interior, explorando-a e
saboreando-a. Manteve a mão na parte de trás da cabeça do seu companheiro,
então ele não seria capaz de se afastar. Quando o beijo continuou
indefinidamente, Ryan ficou sem fôlego. No instante em que ele se afastou
para escapar, teve certeza de que um rubor intenso coloria as bochechas do
seu humano.
Ainda segurando-o em seus braços, começou a andar rapidamente de
volta para a casa, pelo corredor e até o quarto. O colocou de pé e rapidamente
tirou suas calças. Ryan ficou absolutamente parado, parecendo atordoado e
ainda agarrado aos seus ombros. Se endireitou de novo e deu um sorriso
feroz. ─Ainda me odeia? ─ Pegou seu companheiro nos braços e o colocou de
costas no colchão, puxando suas pernas para cima e empurrando-as para trás.
Pegando um pouco de lubrificante da mesa de cabeceira, espalhou uma
quantidade generosa em seus dedos e gentilmente empurrou um dentro do
ânus de Ryan.
Delicadamente estendendo e empurrando aquele dedo para dentro e
para fora, fez questão de manter os olhos nele. Pegou o pênis de Ryan com a
outra mão. ─Olhe para mim, querido. Eu disse, olhe para mim.
Ryan virou para encará-lo.
─Eu te amo, querido, e você me pertence. Não precisa ficar duro para
ninguém porque eu vou foder essa sua pequena entrada para o resto da sua
vida. Eu vou cuidar de você. Eu, querido. Só eu.
─Tudo bem. Só você... Blayde.
─Isso mesmo, amor ─ falou com um sorriso. Deslizou outro dedo
para dentro, e Ryan gemeu parecendo amar a ardência, tremendo de prazer
quando acariciou sua próstata com a ponta do seu dígito. ─ Quer mais um,
querido? Então deslizou o terceiro dedo, ao que Ryan engasgou.
Se inclinando, beijou a cabeça do pênis do seu companheiro, o
lambeu e sugou em um beijo enroscado. Ryan pegou agarrou o lençol sob si e
gritou seu prazer.
Retirou os dedos, mas os substituiu imediatamente pelo seu próprio
pênis rígido, abrindo caminho através do anel de músculos guardião, em
seguida empurrou o pênis profundamente em seu interior, tão profundamente
que suas bolas bateram no traseiro de Ryan.
Seu companheiro arqueou as costas de prazer e ergueu os quadris
para encontra os seus, mas estava intensamente concentrando no pênis de
Ryan. Uma quantidade copiosa de pré-sêmen vazava dele, e seu companheiro
se contorceu e gritou quando empurrou com força, espalhando pré-sêmen
sobre sua mão. Quando seu polegar mergulhou naquela fenda, Ryan gritou
com uma voz rouca e gozou com um estremecimento, remexendo os quadris e
agarrando sua cintura. O seguiu depois de dois golpes curtos e intensos, então
desabou em cima dele, ambos tentando recuperar o fôlego.
Depois de um minuto rolou para a cama e para o lado de Ryan,
puxando-o mais para perto para que pudesse abraçá-lo. Aninhando o nariz em
seu pescoço, sussurrou. ─Não durma, querido. Eu tenho que te limpar e te
levar para a nave.
Ryan gemeu. ─Eu estou muito cansado. Não podemos esperar até
amanhã?
─Não, amor. Todo mundo está esperando por nós agora. ─ Levantou
da cama, foi para o banheiro, se limpou e resurgiu alguns minutos depois com
uma toalha quente para Ryan. O lavou carinhosamente, prestando atenção
especial ao traseiro, até que seu companheiro começou a se contorcer. ─Tenho
que ter certeza de que tudo está agradável para mim, querido. ─ Deu um
tapinha em uma das nádegas de Ryan. ─Eu te falei que cuido bem da minha
propriedade.
O humano sorriu e empurrou suas mãos para longe. ─Estou limpo o
suficiente, obrigado. Mais um pouco e você vai ter que adiar sua decolagem
até mais tarde.
─Gostaria que pudéssemos. ─ Sentou na cama ao lado dele. ─Lucas
está preocupado que tenhamos passado muito tempo assim. Ele quer partir às
nove. ─Puxou Ryan em seus braços e deu um beijo breve em sua testa. ─Eu
vou sentir sua falta esta noite ─ resmungou. ─Como vou conseguir dormir sem
você?
Seu companheiro riu. ─Você nunca me teve antes da noite passada.
Certamente pode se arranjar.
─Talvez, mas não gosto disso. Gostaria que houvesse outra maneira.
─ Levantou e suspirou. ─Vista-se, amor, e vamos andando.

****

Ryan se levantou, vestiu a cueca e as calças, então foi até a mochila


e encontrou uma camisa. Calçou seus sapatos e se virou. Blayde estava atrás
dele segurando as algemas. Empalideceu diante da visão delas, mas estendeu
os pulsos. Ele as colocou e se afastou para encará-lo. ─Tenho que dizer que
fica bem em você, Ryan. Eu posso simplesmente te manter nelas, mesmo
depois que isso acabar.
─Oh, há, ha, muito engraçado. Eu odeio isso.
─Hmmm, mas eu poderia fazer você amá-las. Talvez até o final desta
viagem esteja me implorando para algemá-lo de novo.
─Não prenda a respiração. ─ Blayde lhe deu um olhar intenso, e
abaixou os olhos. ─Sinto muito, Alfa.
─A disciplina do bando é difícil para você, não é, querido? Não se
preocupe, vai ficar mais fácil. Espero.
Sorrindo, Blayde segurou seu braço e o levou para fora da casa, se
certificando de que as portas estivessem seguras atrás de si. Ele o carregou e
colocou no banco da frente do jipe, então foi para o outro lado.
─Maldição, Blayde, eu sou um homem adulto. Pare de me tratar
como se fosse uma criança.
O belo lycan sorriu. ─Não finja que não ama isso. ─ Ele se inclinou
para beijá-lo, e terminou o beijo com um pequeno beliscão em seu lábio
inferior. Se afastou e o encarou, surpreso.
─Isso é por ser um espertinho.
Corou e virou a cabeça fazendo beicinho, ao que Blayde riu.
Depois de entrar e ligar o motor, Blayde virou em sua direção e falou
sério. ─Querido, quando chegarmos a bordo vou te tratar como qualquer outro
prisioneiro, só que pior. Temos que tornar isso crível. Não se magoe com nada
que eu disser, ok? ─ Ele deu um tapinha em sua barriga. ─Não quero que
tenha cãibras.
─Ok, entendi. ─ Sua voz soou muito baixa, livre das bravatas de
alguns minutos antes. ─Só…
─Só o quê, querido?
─Só me prometa que realmente vai ficar comigo. Você não me
enganaria sobre algo assim, enganaria, Blayde? Decidir que eu sou problema
demais ou que não sou capaz de aprender as coisas da matilha, ou algo assim,
e me levar para o planeta prisional?
Blayde parou o jipe e virou em sua direção. ─Será que não sabe o
quanto sou louco por você? Você é o meu companheiro, Ryan. Para sempre. —
Ele estendeu a mão em sua direção e o abraçou com força, esfregando suas
costas quando sentiu seu tremor. ─Isso tem sido difícil para você, querido, eu
sei, mas nunca se preocupe comigo. Sempre vou te querer. Entendeu?
Assentiu com um aceno, não confiando em si mesmo para olhar para
cima. Com um dedo Blayde levantou seu queixo. ─Você confia em mim,
companheiro?
Assentiu e olhou para o seu rosto. ─Eu confio em você, Blayde.
─Então tudo bem. E, que conste nos autos, você não é problema
demais, só a quantidade certa. — O belo lycan beijou seus lábios
delicadamente e, em seguida, colocou o veículo novamente em movimento e
começou a voltar para o navio. Em poucos minutos estavam chegando ao
deque, para onde Kyle tinha trazido sua nave. Ela era brilhante, escura,
construída para acomodar uma tripulação de vinte pessoas e com um grande
porão de carga.
Blayde explicou que, embora em suas viagens transportassem muitos
tipos diferentes de carga ao redor do sistema interestelar, para essa o porão
de carga tinha sido equipado com celas, tanto abertas quanto uma única cela
fechada, para conter os prisioneiros considerados perigosos. Este era o lugar
onde planejavam colocá-lo durante a viagem.
Ao subir pela prancha foram recebidos por Kyle, que acenou com a
cabeça e lhe deu uma piscadela antes de dar um tapinha nas costas de Blayde.
─Eu estava começando a ficar preocupado com vocês dois.
Blayde apenas grunhiu e continuou andando, arrastando-o atrás de
si. ─Venha conosco, Kyle, e me dê apoio. Estamos prestes a fazer um pequeno
show para os prisioneiros. — Ele se inclinou para colocar a boca ao lado da sua
orelha. ─Pronto, querido?
Assentiu para ele. ─Sabe quando me disse para não prestar atenção
em nada do que me disser? Bem, o mesmo vale para você.
Blayde simplesmente lhe deu um sorriso. ─Vamos lá, querido. Eu não
me importaria de me enroscar com você. — Kyle surgiu ao lado dos dois com
as algemas. ─Melhor colocar isso nele, queremos fazer com que pareça o mais
realista possível.
Permaneceu estoicamente parado enquanto Blayde trancava as
algemas ao redor dos seus tornozelos, passando a corrente pelas algemas das
mãos. Ele o olhou e apertou sua mão. ─Ok?
Assentiu para o seu lycan. ─Vamos lá. É hora do show ─ disse, então
foram em direção às celas.

****

Entrando na área da cela, que ficava profundamente nas entranhas


da nave, Ryan sentiu seus nervos tremerem. Estava feliz pela presença
constante e avassaladora de Blayde. Se arrastou pelo corredor, suas algemas
batendo no chão. Era flanqueado por Kyle e Blayde. Sentiu a energia nervosa
formigar em sua espinha quando entraram ali. No instante em que entraram
pôde ouvir as vaias. Sorriu, sentindo uma onda de bravata. Isso era como
atuar em seus filmes, e decidiu fazer uma pequena exibição torcendo sua
bunda enquanto caminhava lentamente olhando para as celas. Havia quatro
outros prisioneiros além dele, dois em cada uma.
Na primeira cela um homem enorme de cerca de quarenta anos e
com cicatrizes em metade do rosto, do nariz até a têmpora, ficou perto das
grades e sorriu de forma voraz lambendo os lábios. ─Oi, policial, coloque ele
aqui comigo. Terei prazer em compartilhar minha cama com o queridinho.
O outro cara mais jovem na cela com o Cicatriz bufou de rir, sem
dúvida apreciando a pausa na monotonia. Na outra cela, dois homens, Jolly-
rogers, de acordo com sua aparência, se levantaram e se aproximaram das
barras. Jolly-rogers eram piratas, assim chamados devido aos estandartes
pintados nas laterais das suas naves. Ganhavam a vida para cima e para baixo
nos corredores espaciais, atacando as naves. Geralmente pilotavam naves
pequenas e rápidas que podiam se enganchar a uma espaçonave maior e,
uma vez ancorados, entravam, roubavam e aterrorizavam a tripulação antes
de decolar e perder-se na vastidão do espaço. Clientes difíceis e implacáveis
em uma briga, não eram do tipo que queria enfrentar.
Um deles, um homem corpulento com uma barba ruiva, acenou em
sua direção e apontou a cabeça para o homem com a cicatriz. ─É aquele
garoto dos filmes pornô. Randy Ryan. Conseguimos uma verdadeira
celebridade.
─É? ─ Cicatriz perguntou. ─Bem, talvez ele possa fazer um pequeno
show para nós mais tarde.
─Agora ─ falou o pirata. ─Aposto que ele poderia. E aposto que
poderia chupar uma melancia através de uma mangueira, não é, coisinha fofa?
Virou para sorrir para o homem, se recusando a ser intimidado. ─O
que você quiser, querido. Eu não tenho nada além de tempo de agora em
diante. Você arranjou uma melancia que quer que eu tente?
Uma mão enorme o empurrou no meio das costas, e teria tropeçado
se não fosse pela mão forte de Kyle agarrar seu braço e o puxar para trás.
─Cale a boca, prisioneiro. ─ A voz de Blayde soou severa e imponente.
Surpreso, olhou por cima do ombro para vê-lo fazendo uma careta. ─Pare com
a merda. Eu não quero nenhum problema de nenhum de vocês. É um longo
caminho até Ômega 9 e quero que seja uma viagem tranquila.
Cicatriz riu. ─Oh, vai ser agradável e tranquila, oficial. Só me permita
colocar as mãos na bundinha dele e você não vai me ver pelo resto da viagem.
Ele, por outro lado...
Blayde bateu a palma da mão contra as barras perto da cabeça de
Cicatriz, e o homem recuou rapidamente. ─Cale a boca, idiota! Se alguém vai
colocar as mãos nesse humano, serei eu.
Blayde lhe deu um puxão e colocou as duas mãos em sua bunda,
amassando as nádegas. Reagiu empurrando ambas as mãos algemadas em
seu peito com força, gritando em seu rosto. ─Nos seus sonhos, idiota! Eu não
me associo com caçadores de recompensas imundos! Bastardo imundo! ─ Se
soltou do agarre de Blayde e recuou alguns passos. ─Me deixe em paz!
Blayde o seguiu, empurrando-o contra a parede. ─Seu filho da puta!
Você vai tomar o que eu decidir dividir e vai gostar. O diretor não se importa
com a diversão que tenho com os prisioneiros que entrego a ele, e sempre
pego a minha parte. Vi você naqueles filmes também e pretendo experimentar
um pouco disso.
Pisou no pé de Blayde, que pulou para trás praguejando. Então ele
preparou o punho.
─Por que, você... ─ Se encolheu contra a parede, mas Kyle segurou o
punho dele antes que o esmurrasse.
─Chega, Blayde. Você pode lidar com ele mais tarde. Temos algumas
coisas para cuidar antes de decolarmos. Coloque-o na solitária e deixe-o
pensar sobre os seus pecados por um tempo.
─Vamos lá, prisioneiro! ─ Blayde o agarrou e empurrou até uma porta
fechada mais abaixo no corredor. ─Voltarei para você mais tarde. ─ Ele abriu a
porta e o empurrou para dentro gritando: ─Fique na solitária e veja como
gosta! Tem sorte de eu não te amarrar à parede! ─ Blayde se inclinou para que
seu rosto ficasse escondido dos outros prisioneiros, deu uma picadela e então
bateu a porta atrás de si, deixando-o sozinho naquela sala claustrofobicamente
pequena.
Sua barriga tinha começado a ter um pouco de cãibras diante da
aspereza na voz de Blayde, apesar do fato de saber que ele só estava atuando,
e ficou extremamente satisfeito com a piscadela. A ideia de que estava se
apaixonando muito pelo belo lycan lhe ocorreu novamente, e um arrepio subiu
por sua espinha.
O corredor ficou quieto por alguns minutos, e então pôde ouvir os
homens do lado de fora berrando obscenidades. O som era abafado nessa sala,
mas ainda podia ouvi-los lhe chamando. Um colchão grosso tinha sido colocado
no chão junto com alguns travesseiros e cobertores. Sorriu um pouco. Seu
companheiro tinha pensado em seu conforto naquela cela solitária. Andando
nele, se deitou e puxou os cobertores até o queixo. Viagens espaciais sempre o
deixavam com frio e sonolento. Sentindo falta de Blayde, suspirou, virou de
lado e tentou descansar um pouco. Ia ter muito tempo nessa cela para
“refletir” sobre os seus pecados, como Kyle tinha dito. Só queria que o tempo
passasse depressa, e realmente não sabia como seria capaz de ficar longe de
Blayde pelos próximos dias. Maldição! Não queria se apaixonar por ele.

Capítulo Cinco
Nas horas seguintes Blayde ficou ocupado com o lançamento e a
pilotagem da nave. Até que conseguissem orbitar Lycanus e receber a
liberação no espaço interplanetário, tinha que pilotar a espaçonave
manualmente. Assim que a liberação do Comando Intergaláctico fosse
recebida, guiaria o navio para o espaço interestelar e estaria a caminho do
buraco de minhoca mais próximo, em uma trajetória para fora do seu sistema
solar e em direção ao sistema solar Copérnico — para onde estavam indo. Kyle
e Nikolai o ajudaram, suas ações experientes e quase automáticas depois de
tanto tempo trabalhando juntos. Lucas estava descansando em seu quarto,
mas sairia assim que alcançassem a trajetória, quando poderiam colocar a
maioria das operações no piloto automático durante as oito horas necessárias
para atravessar o buraco de minhoca.
Enquanto trabalhava sua mente continuava vagando de volta para
Ryan. Esperava que ele estivesse confortável embaixo do convés e que não
estivesse com medo. Seu lobo interior estava desconfortável diante do
pensamento do seu companheiro estar amedrontado ou chateado. De manhã,
quando alcançassem a trajetória, iria descer o convés para verificá-lo e levar
algo para ele comer. Kyle ou Nikolai poderiam acompanhá-lo e fingir que
teriam sua vez com Ryan também, então seria como se todos os caçadores de
recompensas estivessem se dando bem com o prisioneiro bonitão. Tinha um
desejo quase físico de vê-lo, de estar perto dele. Não tinha ideia de como
começou a precisar tanto dele em tão pouco tempo, mas precisava, e não
havia nada que pudesse fazer a respeito. Sempre tinha ouvido que o vínculo
de acasalamento era forte em sua matilha — por causa da maldição familiar —,
mas isso era ridículo.
Precisava alimentá-lo com seu sangue também, e ele poderia não
gostar muito disso. O veneno tinha pouca duração, e então se tornava
necessário alimentar o companheiro lycan com sangue direto da veia. Tinha
conhecimento do que acontecia com os novos companheiros que se recusavam
a beber o sangue do seu lobo, e Ryan era uma coisinha tão teimosa. Talvez se
ele resistisse demais os outros prisioneiros ouviriam e pensariam que estava
forçando-o a fazer sexo. Deu um sorriso. Como se não estivesse planejando
fazer sexo com Ryan assim que o visse novamente.
Na manhã seguinte, entraram no buraco de minhoca e finalmente
puderam relaxar. Todas as funções da nave foram entregues ao computador.
Nikolai virou em sua direção com um sorriso.
—Pronto para um café?
Assentiu e levantou se espreguiçando. Nikolai era o seu primo mais
novo, com apenas vinte e dois, mas era mais alto que qualquer um dos outros.
Era mais esbelto, embora ainda bem constituído com uma estrutura magra e
musculosa. Ao contrário de si mesmo, Lucas ou Kyle, seu cabelo era ruivo, e
dizia-se que herdou essa característica da sua avó humana. A avó deles tinha
sido da colônia russa em Europa, uma das luas de Júpiter. O bisavô de Nikolai,
Gunnar, tinha visto a mulher em uma viagem à Europa e a levou à força para
presentear sua parceira. Naquela fase da sua história, tanto os lycans do sexo
masculino quanto do sexo feminino frequentemente ficavam com seres
humanos bonitos como companheiros, ou para ajudá-los a criar seus filhos. Às
vezes ficavam com eles como concubinos ou concubinas. Gunnar tinha visto a
mulher e achado-a linda. Na verdade ele ficou com ela ao mesmo tempo em
que engravidou seu companheiro, de modo que ambos lhe deram filhos, ainda
que fosse proibido usar seres humanos como reprodutores. Mas, por sua vez, o
selvagem Gunnar sempre agiu fora da lei. A humana teve um filho adorável,
ruivo e bonito, meio lycan e meio humano. Esse filho era o avô de Kyle e
Nikolai.
Contra todas as probabilidades, a humana e a companheira lycan de
Gunnar se tornaram boas amigas, até mesmo amantes, mas a fêmea humana
não escondia sua antipatia por Gunnar.
Tanto assim que seu bisavô fez uma segunda viagem à Europa e
sequestrou seu belo irmão gêmeo para ser seu próprio concubino. Não apenas
interessado por sua beleza, mas desde que sua companheira estava na
verdade mais interessada em sua adorável humana, ele estava livre para
satisfazer suas próprias necessidades. Ele pensou que o humano daria um
excelente concubino. Quando as autoridades finalmente o alcançaram, a
mulher que tinha sequestrado já estava apaixonada por sua companheira e
optou por ficar com ela. O homem, cujo nome era Ivan, ficou furioso com
Gunnar, mas também atraído quase contra a sua vontade. Se recusou a deixar
sua irmã e Gunnar para trás. No entanto, foi dito que ele conduziu Gunnar em
uma agradável perseguição pelo resto das suas vidas. Até amaldiçoou todos os
descendentes do seu bisavô.
—Melhor se fortalecer com um pouco de cafeína, Blayde. Está quase
na hora de ir até o seu companheiro, mas se estiver muito ocupado posso vê-
lo por você. Gostaria de ver mais de perto o Randy Ryan.
Deu um rosnado para ele. —Não o chame assim.
Nikolai riu levantando as mãos em sinal de rendição. —Desculpa. Eu
só estava brincando, mas deveria ter sido mais esperto. Um dos meus
melhores amigos, Tobias, arranjou um companheiro no ciclo passado e quase
arrancou minha cabeça quando dei um tapinha na bunda dele e disse que tinha
um traseiro fofo e redondo.
—Sim, bem, se eu te vir em qualquer lugar perto do traseiro fofo e
redondo de Ryan farei pior que isso.
Ainda rindo Nikolai foi buscar o café, e ficou encarando-o com uma
expressão assassina. Kyle se aproximou e lhe deu um tapinha no ombro.
—Não deixe ele te provocar. Nunca se apaixonou e não acha que isso possa
acontecer com ele. Quando ele cair de amores vai ser de bunda, então vamos
ver quem ri por último.
—Me apaixonar? — Nikolai zombou, olhando por cima do ombro.
—Nunca! Se eu encontrar o meu companheiro vou correr para o outro lado. Vi
muitos dessa família se apaixonarem e fazerem tudo ao seu alcance para
deixar seus companheiros felizes, até mesmo desistir do seu estilo de vida e
das coisas que amam. Eu não. Especialmente considerando a maldição que
Ivan colocou em todos nós.
—Você não acredita nisso, acredita, Nik? Afinal, ele só era um velho
maluco.
—Um velho assustador, é o que ele era, e, sim, eu acredito nisso.
Especialmente à luz dos... — Ele o olhou e, com um sorriso, ergueu as
sobrancelhas expressivamente.
Jogou o livro de registros nele. —Vá se ferrar! Como se você não
fosse fazer amor com ele caso tivesse a chance.
—Bem, provavelmente é verdade, mas você não pode considerar isso
como estar apaixonado. Eu amo os pequenos humanos adoráveis! Inferno, eu
nunca vou me contentar com apenas um, entretanto.
—Sim — disse com tristeza. —Parece que me lembro de ter dito
essas mesmas palavras há não muito tempo atrás, e olhe para mim agora.
Não suporto ficar longe dele por algumas horas. Realmente tenho uma
sensação doentia na boca do estômago por passar a noite longe dele.
Nikolai lhe passou e a Kyle uma xícara de café. —É disso que estou
falando. De jeito nenhum vou me enfiar nisso.
Trocou um olhar cético com Kyle, que pegou a xícara de Nikolai.
—Um brinde a você, irmão, mas quando acontecer, e vai acontecer,
eu vou ser o primeiro a falar “eu te disse”.
Levantou e se espreguiçou, tentando parecer indiferente quando
todos os nervos do seu corpo estavam gritando para correr até o convés e ir
ver Ryan. —Acho que devemos levar os pacotes de comida para os
prisioneiros. Certifique-se de que estão bem. Vamos lá, Kyle.
—Deixe-me ir com você — implorou Nikolai. —Eu quero ver Rand...
Hã... Ryan de perto. Assisti os filmes dele, mas dizem que o filme holográfico
nunca faz justiça à pessoa. Se é o caso, ele deve ser gostoso.
—Ele é o meu gostoso, então recue. Primo ou não, vou te estripar
como um peixe se mexer com ele.
—Awwnnn, Blayde, eu só vou brincar um pouquinho com o seu lindo
brinquedo. Prometo não quebrá-lo. — Nilkolai riu e se esquivou quando a
xícara de café passou zunindo por sua cabeça, mas ele o seguiu para o deque
de comando e daí para a cozinha. Carregaram os pacotes de comida para os
prisioneiros e desceram os quatro níveis até a área das celas, sob o convés.
Distribuíram os pacotes para os prisioneiros nas celas e em seguida Nikolai o
contornou e rapidamente digitou o código para abrir a solitária em que Ryan
estava. Olhando para trás por cima do ombro, seu primo lhe deu um sorrisinho
inocente. —Vou ter a minha vez com ele primeiro, Blayde. Hoje você vai ter
que se contentar em ser o segundo.
Ignorando alegremente seu olhar furioso, Nikolai entrou e fechou a
porta na sua cara. Ouviu uma risadinha atrás de si e virou com o caos
estampado em seu rosto para encontrar todos os presos estranhamente
quietos, suas expressões faciais cuidadosamente neutras.
Se encostou na parede do lado de fora da cela de Ryan esperando
com impaciência pela sua vez com o seu companheiro e planejando matar
Nikolai vagarosamente e com grande prazer.

****
Ryan ouviu a porta se abrir e se sentou ansiosamente esperando ver
Blayde entrar. Em vez disso, um homem alto, bonito, de cabelos ruivos
pendurados nos ombros e olhos da cor de rubis entrou e parou quando o viu
encará-lo com olhos sonolentos.
—Bem, droga. Blayde com certeza não estava exagerando, você é
ainda mais bonito pessoalmente. — Ele sorriu diante da sua expressão confusa
e deu um passo para frente com a mão estendida. —Eu sou Nikolai, primo de
Blayde.
Ergueu as mãos algemadas com um sorriso irônico. —Prazer em
conhecê-lo, Nikolai. Eu sou Ryan, mas acho que já sabe disso. — Gesticulou
para baixo em suas algemas. —Eu apertaria sua mão, mas estou meio
amarrado agora...
Nikolai sorriu, enfiou as mãos no bolso e rapidamente abriu as
algemas em seus pulsos e tornozelos, ajudando-o a sair.
—Onde está Blayde?
—Oh, ele está do lado de fora. Eu o estou provocando um pouco
porque sei o quanto está ansioso para entrar aqui. Eu nunca o vi assim por
causa de ninguém antes, então estou dificultando um pouco as coisas para ele.
Corou diante disso. —Sério?
—Oh, sim. Nós dois vimos todos os seus filmes, realmente bons, a
propósito. Quero dizer, apesar de serem pornografia foram muito bem feitos.
Hã, não foi exatamente isso o que eu quis dizer...
Deu uma risada. —Sei o que você quer dizer e obrigado, eu acho.
Então você é primo de Blayde? Quantos primos ele tem?
—Bem, nós quatro somos primos em primeiro grau. Há seis ao todo,
Blayde e seu irmão Lucas, Larssen e seu gêmeo, Konnor, e então eu e o meu
irmão Kyle.
—Vocês são todos próximos?
—Ah, sim. E todos somos machos alfa. Faz parte da maldição, de
acordo com a lenda da família.
—Maldição? Que maldição? — Sentou mais para frente, intrigado.
Nikolai se agachou na parede e começou sua história. —Bem, minha
bisavó foi raptada para longe da sua casa pelo meu bisavô. Naquela época
minha família operava um pouco, digamos..., fora da lei. Ela era uma bruxa
russa, todo mundo dizia, e ficou com sua amante lycan por mais de cinquenta
ciclos, mas nunca perdoou o meu bisavô por tirá-la de casa e da sua família.
Ela era uma doce velhinha quando a conhecemos. Nos fez chamá-la de Nanna
e nos contou histórias. Esse bisavô também sequestrou seu irmão, outro
bruxo, ou feiticeiro como chamavam os machos. Seu nome era Ivan. Não
muito tempo depois que foram sequestrados sua família finalmente veio para
resgatá-los, mas a essa altura ela não iria embora. Nem seu irmão. Entretanto
estava chateada e nunca superou o fato. E Ivan, que era ainda mais poderoso,
nunca o superou também. Ele colocou uma maldição em todos os
descendentes do meu bisavô, inclusive em toda linhagem da sua família.
—Então ele amaldiçoou crianças?
—Não, não exatamente. Era mais para punir o meu bisavô. Ele lhe
disse que todos os seus descendentes seriam alfas e extremamente
dominantes, tanto homens quanto mulheres.
—Parece um tipo estranho de maldição. — riu. —Isso se tornou
realidade?
—Oh, sim, e isso foi realmente péssimo! Os alfas não conseguem
dividir o território, simplesmente não é possível. Então isso significava que
todos os meninos e meninas nascidos na família nunca seriam capazes de viver
juntos em harmonia. Pelo menos não como governantes da matilha. Eles
sempre lutariam entre si, ou então se tornariam Viajantes, incapazes de se
estabelecer. O que também é verdade, exceto por Lucas.
—Sério?
—Oh, sim, Lucas foi o único que realmente quis liderar o bando,
então ele é o nosso alfa. O resto de nós somos caçadores de recompensas e
Viajantes. Nós realmente nunca quisemos nos estabelecer. Mas isso não foi o
pior da maldição.
—Sério? O que mais?
—Bem, ele disse que cada um de nós reconheceria os nossos
companheiros imediatamente quando os víssemos e teríamos que tê-los. Seria
algo como “nenhuma escolha no assunto”, quer estivéssemos prontos para ter
um companheiro ou não. Bem, isso é verdade para a maioria dos lobos, então
ele trapaceou um pouco nessa parte da maldição. Mas com a gente é ainda
pior. Nós os reconheceríamos pelo seu perfume e aparência, ele disse, e nos
apaixonaríamos instantaneamente. Dolorosa e irrevogavelmente apaixonados,
então teríamos que estar com os nossos companheiros o tempo todo ou
seríamos infelizes. Veja você, Ivan não gostava de ficar sozinho o tempo todo
enquanto Gunnar vagava pelo universo sem a sua companhia. Ele tinha
exigido a promessa de que Ivan jamais o amaldiçoaria, então o homem fez a
segunda melhor coisa. Amaldiçoou todos os seus descendentes. — Nikolai o
olhou com cuidado. —Embora se eu tivesse um companheiro como você não
gostaria de deixá-lo de qualquer maneira, com ou sem maldição.
Corou novamente. —É melhor você não deixar Blayde te ouvir. Ele é
meio ciumento.
Nikolai bufou. —Meio? Ele é um maníaco! E vai me matar por vir aqui
primeiro, mas eu realmente queria conhecê-lo. Temos que fazer com que
pareça verídico na frente dos outros prisioneiros também, como se eu
estivesse aqui me dando bem com você. — Ele levantou e suspirou. —Por falar
nisso, acho que seria melhor que parecesse bom. Eu vou bater o meu punho e
você grita, ok? Faça soar bom.
Nikolai bateu a mão no punho algumas vezes, depois pulou para trás
assustado quando soltou um grito de gelar o sangue como se estivesse sendo
morto. Gritou: —Não, por favor, pare! Por favor, não me machuque! — Um
sorriso malicioso surgiu no rosto de Nikolai, e ele bateu na própria mão
novamente.
Outro grito aterrorizado e a porta se escancarou batendo contra a
parede. Blayde entrou na sala com assassinato em seus olhos, as presas
desfraldadas e as garras aparecendo. Ele correu pela sala e se atirou sobre o
seu corpo, olhando para Nikolai com fúria.
O outro homem recuou rapidamente e fechou a porta da cela antes
que qualquer dos prisioneiros pudesse ver o que estava acontecendo. Nikolai
se virou lentamente para Blayde, as mãos levantadas em sinal de rendição e
falando baixinho. —Tudo bem, Blayde. Ele está bem. Viu? Só estávamos
fingindo.
Quase sufocando sob o peso de Blayde, tentou desesperadamente
empurrá-lo e conseguir respirar. —Estou bem, Blayde. Sério. Foi tudo
fingimento.
A névoa vermelha começou a recuar dos olhos de Blayde.
Envergonhado, ele se levantou e cerrou os punhos. —Eu pensei…
Nikolai riu. —Você pensou que eu estava me divertindo com o seu
companheiro. Não, Blayde, eu não quero morrer, não importa o quão
charmoso seu companheiro seja, e devo dizer que ele é muito especial. Está
completamente intocado por mim.
—É melhor que sim — Blayde rosnou. —Saia já daqui. Eu vou subir
mais tarde.
Nikolai saiu, um vestígio do sorriso travesso ainda brincando em seus
lábios. Uma vez que a porta se fechou atrás dele, Blayde virou e estendeu os
braços. —Venha aqui, querido — ele disse delicadamente, e deu um passo à
frente para os seus braços, envolvendo-se em torno do homem maior e
inspirando seu delicioso perfume. —Você está bem mesmo? Quase me matou
de susto quando gritou.
—Eu estou bem. Nikolai estava me entretendo com histórias sobre a
sua bisavó, o irmão dela e a maldição.
Blayde gemeu. —Oh, deuses, isso de novo não. — Ele pegou seu
rosto entre as mãos e o encarou por alguns instantes, então gentilmente o
beijou, lambendo seus lábios e empurrando a língua delicadamente dentro da
sua boca. —Senti sua falta, querido.
Se sentiu derreter. —Também senti sua falta.
—Trouxe algo para você comer, mas parece que não posso te largar
agora.
—Tudo bem. Eu não estou com muita fome.
Blayde inclinou a cabeça e tomou seus lábios novamente, guiando-o
de costas até o colchão e pegando-o pela cintura para deitá-lo. Com um braço
forte ao redor de sua cintura, ele o ergueu até a cabeceira do colchão, então
começou a remover habilmente todas as suas roupas, começando pelas calças.
—Nós não precisamos disso — falou abaixando-as e jogando-as de lado.
Levantou sua camiseta passando pela cabeça e a puxou. —E isso só está no
caminho.
Começou a rir um pouco quando Blayde tirou todas as suas roupas,
deixando-o nu enquanto ainda estava completamente vestido. —Hmmm, eu
vou manter você assim quando chegarmos em casa. A roupa é altamente
superestimada para um garoto lindo como você. Talvez te coloque em uma
tanga, como fazem com os companheiros do meu planeta natal. Esta pele linda
precisa ser capaz de respirar.
Ele o beijou novamente e enterrou aquela ereção em sua virilha nua.
O material áspero da sua calça o fez estremecer e empurrar um pouco os
quadris. Pegou a fivela do cinto de Blayde, mas ele segurou suas mãos em
uma das dele e as colocou acima da cabeça. Mantendo-as lá, provocou seus
mamilos com a língua para, em seguida, mordê-los com força suficiente para
que ofegasse. Ele lambeu as mordidas até estar se contorcendo e ofegando
debaixo dele.
—Olhe para você, tão lindo. — Gentilmente, ele mordeu seus mamilos
de novo. Se contorceu para fugir, mas Blayde o prendeu sem esforço. —Todos
aqueles homens lá fora imaginando como seria estar entre essas coxas doces,
mas ninguém jamais saberá com certeza. Só eu, querido. Isso é meu. — Ele
moveu a mão para baixo para cobrir seu pênis e acariciá-lo para cima e para
baixo lentamente, esfregando a cabeça com o polegar, espalhando pré-sêmen
pela cabeça larga.
—Diga, querido. Isso pertence a você, Blayde.
—Isso pertence a você, Blayde. Mas e você? Você pertence a mim?
—Eu sou todo seu, amor. — Seu belo lycan sorriu, lhe soltou e puxou
suas próprias roupas até aquela carne estar tão nua quanto a sua. Ele caiu ao
seu lado e lhe rolou de bruços.
Colocando uma mão debaixo do seu corpo, ele o ergueu e começou a
lamber seu ânus sem demonstrar nenhuma piedade quando gritou e agarrou o
colchão sob si. Ele se levantou por tempo o suficiente para agarrar a calça e
tirar um pequeno tubo de lubrificante do bolso. Passou em seu próprio pênis e
colocou um pouco em um dedo para movê-lo lentamente em seu interior.
Olhou por cima do ombro para Blayde, e não houve hesitação em seu olhar,só
necessidade pura e desejo. Virou desalojando o dedo de Blayde,
surpreendendo-o. Subiu em seu colo, e o homem caiu em seus calcanhares,
então sorriu olhando em seus olhos e se empalou em seu pênis.
—Minha vez de estar no comando — falou olhando-o através dos
cílios.
—Deuses, sim, querido — Blayde disse, seus olhos se fechando
enquanto o prazer o atravessava. —Me possua!
Riu, mas seus olhos se escureceram em necessidade. Se moveu para
cima e para baixo no pênis do seu enorme lycan, segurando em seu ombros.
—Foda-me, querido — Blayde disse baixinho, ao que lhe ofereceu um sorriso
feroz.
—Você ama falar, não é? Cale a boca agora, Blayde, e deixe eu me
concentrar. Quero amar você. — Ele seguiu sua ordem, apenas erguendo um
pouco as sobrancelhas diante do seu tom, mas suas mãos apertaram
firmemente seus quadris quando começou a descer. Quando acabou e caiu em
seus braços, sua bunda ainda empalada no pênis dele, Blayde ficou sem fala
pela primeira vez, respirando com dificuldade.
Quando ambos conseguiram se mexer novamente, Blayde o colocou
de costas e deitou ao seu lado, abraçando-o e segurando seu pênis amolecido
na mão.
—Querido? — Blayde soou calmo e sonhador naquele quartinho.
—Sim?
—Hã..., eu odeio puxar esse assunto e te chatear, mas você tem que
se alimentar de mim, querido.
—Do que está falando?
—Bem, lembra daquela coisa de apresentação integral que você
falou... Sobre como eu não te contei tudo? Pode haver uma ou outra coisa que
deixei de mencionar.
—Merda — falou se sentando e jogando as pernas pela lateral do
colchão. —E então? Eu vou criar asas e cacarejar como uma galinha?
Blayde riu: —Não, mas você tem que beber sangue lycan de vez em
quando.
Virou para lhe dar um olhar frio. —Fazer o quê?
—Só a cada quatro semanas, ou mais...
—Isso é nojento.
Blayde pareceu magoado. —Nojento? Sério?
—Bem, dã. Beber o seu sangue!
Blayde sorriu diante do olhar de horror em seu rosto. —Inferno, não é
tão ruim assim. Na verdade eles dizem que o gosto é bom para os nossos
companheiros, e é só um pouquinho.
—O quê! — Ficou de pé e andou até a porta. —Foda-se isso! Encontre
outro sanguessuga para você. Não conte comigo.
Blayde se levantou e se aproximou cautelosamente enquanto andava
de um lado para o outro. —Agora, querido, não me faça bater em você.
—Agora não me chame de querido. Você pode me espancar o quanto
quiser, mas isso não vai rolar. Recue.
Blayde continuou a se aproximar ainda mais. —Vamos discutir isso de
forma racional, querido. — Ele o pegou e puxou em seus braços, mas Ryan
empurrou seu peito.
—Me deixe em paz, Blayde, eu estou te avisando.
—Eu sei. E estou escutando, mas isso é meio que uma exigência,
querido. Se não beber o sangue vai ficar doente. Olha, tente um pouco. Se não
gostar, descobriremos outra coisa, ok?
—Não. Eu disse não, e quis dizer não. — Se soltou dos braços dele e
voltou para o colchão para se sentar. —Por favor, Blayde. Eu odeio a visão de
sangue. Eu vou vomitar! Fique aí.
Blayde franziu a testa e se aproximou para sentar ao seu lado de
qualquer maneira. Ficou quieto por um bom tempo e depois sorriu, o
envolvendo com seus braços. —Sabe, provavelmente não importa qual o meu
fluido corporal você engole... Quero dizer, um é tão bom quanto o outro.
Virou para ele com um sorriso. —Bem, por que não disse isso antes?
Deite-se, Alfa, e me permita cuidar dos negócios.

Blayde deitou de costas apoiado em um cotovelo, observando-o com


seus olhos brilhantes. Se ajoelhou entre as pernas dele e agarrou aquele pênis
longo e grosso em sua mão. Achava o pau mais bonito que já tinha visto, e
tinha visto muitos nos seus dias de trabalho. Olhando nos olhos do seu lycan,
lambeu lentamente o seu comprimento, terminando com um beijo na ponta.
Blayde respirou fundo, fechou os olhos e deixou a cabeça cair para trás. Deu
um sorriso, então abriu a boca para chupá-lo. Em vez disso, ele se moveu com
a rapidez de um relâmpago, mordeu o pulso e o empurrou em sua boca
aberta.
Caiu de costas e empurrou o braço de Blayde o mais forte que pôde,
mas não conseguiu movê-lo. Podia sentir o líquido quente enchendo sua boca
e, embora se recusasse a engolir, parte dele estava escorregando por sua
garganta, escorrendo por sua boca. —É isso aí, bebê, abra bem. Isso é para o
seu próprio bem. Agora beba, maldição!
O braço de Blayde o estava impedindo de respirar, seu sangue o
sufocando. Finalmente se rendeu e tomou um enorme gole do líquido.
Instantaneamente pareceu que sua garganta foi aliviada pelo fluido espesso, o
sabor tão doce quanto o mel. Quase contra a vontade, sua boca se agarrou ao
pulso, sugando o elixir para os seus lábios, recusando-se a deixá-lo ir. Por que
tinha resistido?
Um cansaço tomou conta do seu corpo, e o mundo se tornou borrado
e impreciso nas bordas. Parecia estar flutuando em algum lugar a poucos
metros do chão, seguro apenas pela pegada de Blayde em seu pulso. Ouviu
sua voz vindo de longe. —Chega, querido. Você vai me drenar. — Ele inseriu o
dedo em sua boca rompendo a sucção com um plop suave e afastando-o.
Caiu de joelhos e foi puxado para o seu colo. Podia sentir o calor
escaldante das coxas de Blayde sob as suas, mas não foi capaz de acordar
para fazer algo a respeito. Sentiu um beijo suave em sua testa. —Noite,
querido — disse Blayde. Suas pálpebras vibraram, mas não conseguiu abri-las.
Deslizando gentilmente, flutuou até dormir.

****

Blayde entrou no convés do dia seguinte e foi imediatamente atingido


pelas expressões sombrias nos rostos do seu irmão e primos. —Mas que
diabos? O que aconteceu?
Lucas falou primeiro, olhando-o nervosamente. —Blayde, eu tenho
que coversar com você, e não vai gostar do que tenho a dizer. Puxei algumas
cordas e dei uma olhada nos arquivos selados do julgamento de Ryan.
Seu rosto estava enfurecido. —Você fez o quê?
—Calma, ninguém sabe que ele é o seu companheiro. Disse ao meu
contato no tribunal que tínhamos preocupações sobre colocar um homem
inocente na prisão. Disse a ele que Ryan nos contou que não era culpado, e
que queria checar sua história.
—Droga, Lucas, você não tinha o direito...
—Eu disse, acalme-se, Blayde. Sou o seu irmão e seu alfa. Você jurou
lealdade a mim, lembra? Tenho uma obrigação e, sim, um direito, devo
acrescentar, de garantir que esteja seguro. Também não podemos aceitar a
palavra de Ryan. Desde quando acreditamos que um assassino condenado é
inocente só porque ele diz isso?
Manteve a expressão rebelde no rosto. —Desde que eu o aceitei
como meu companheiro! E se ele for culpado, Lucas? Que porra eu posso fazer
a respeito? Pensei que já tinha deixado claro para você que não vou abandoná-
lo. Não vou levá-lo para essa maldita prisão.
—Eu não estou pedindo que faça isso, Blayde. Só estou pedindo para
você me ouvir por um minuto.
Kyle fez sinal para uma cadeira. —Sente-se, Blayde, por favor. Lucas
tem algo que precisa te contar. Sabemos como se sente em relação a Ryan e
ninguém está pedindo para deixá-lo, mas você merece saber a verdade.
—Eu não poderia deixá-lo mesmo que quisesse, maldição, o que não
quero. Todos vocês não conseguem entender isso nessas suas cabeças
densas? — Blayde manteve a expressão furiosa em seu rosto, mas atravessou
o compartimento para se sentar ao lado de Kyle.
Lucas se inclinou para frente atentamente. —Blayde, você tem que
considerar a ideia de que Ryan pode ter mentido para nós quando nos contou
o que aconteceu. Eu sei que você não quer acreditar nisso...
—Não, eu não acredito. Ryan não mentiria para mim.
Lucas olhou para Kyle e Nikolai, então de volta. —Blayde... Temos
provas de que ele fez.
—Mentira! — Se levantou. —Eu não ouvir mais nada disso!
—Droga, Blayde, sente-se! — A voz de Lucas era firme e tinha um
tom que exigia obediência. Franziu a testa para ele, mas sentou novamente,
ainda encarando todos os seus três parentes.
—Que porra de prova você tem?
—Meu contato nos enviou um arquivo de vídeo. Foi o mesmo usado
no tribunal para conseguir o veredicto de culpa à revelia. Foi o suficiente para
convencer o tribunal e tenho de lhe dizer que me convenceu.
—E o juiz Partland não poderia ter manipulado um arquivo de vídeo?
Vamos lá, Lucas, você é mais esperto que isso.
—Não foi apenas esse arquivo, Blayde. Partland também arranjou
testemunhas oculares. Não só seus próprios homens, mas alguns dos outros
atores com quem Ryan costumava trabalhar. Dois deles estavam na suíte do
hotel no momento do assassinato.
Parecia confuso. —Ryan disse que só ele e o menino que foi
assassinado estavam lá com o juiz.
—Eu sei que foi o que ele disse, mas não foi a verdade. Partland
forneceu um testemunho corroborativo dos próprios garotos, da equipe do
hotel e até dos arquivos de vídeo da segurança do hotel. Ryan esteve
mentindo para nós, Blayde. Sinto muito, mas isso não aconteceu do jeito que
ele falou. Temo que possa ter assassinado o outro garoto.
Ficou em silêncio por um longo momento, seu único sinal de aflição
era um músculo contraindo em sua mandíbula.
—Deixe-me ver o vídeo — disse em voz baixa.
Lucas acenou para Kyle, que pegou um pequeno dispositivo remoto e
apertou um botão. Uma pequena tela brilhou no ar diante deles. Kyle apertou
outro botão e a tela se iluminou com um clipe de filme um tanto granulado,
mas ainda claro. Um jovem de cerca de vinte ciclos de idade, cabelos escuros e
um pequeno cavanhaque estava ajoelhado aos pés de um homem de meia
idade e bonito que sabia ser o juiz Partland, das muitas vezes em que o viu em
sua tela de mídia. Ambos os homens estavam nus. Ternamente o juiz colocou
uma mão na parte de trás da cabeça do garoto e lhe disse algo.
Não houve som, mas o juiz estava sorrindo e o menino retribuía seu
sorriso. Dois outros jovens estavam ao redor deles, como se esperassem sua
vez.
De repente um homem vestido de jeans e camisa branca entrou no
local e puxou violentamente o ombro do jovem ajoelhado. O jogou de costas
para, em seguida, praticamente cair em cima dele escarranchado. Olhou para
a câmera gritando alguma coisa, e Blayde reconheceu claramente os belos
traços de Ryan contorcidos de raiva. Ele se virou para o jovem e colocou as
mãos em volta do seu pescoço, sufocando-o. Embora os outros homens ao seu
lado tentassem impedi-lo, Ryan os empurrou para longe e depois esmagou a
cabeça do rapaz no chão de mármore duas vezes seguidas. Então deu um pulo
e recuou quando o juiz tropeçou para frente estendendo a mão para o rapaz, o
rosto uma máscara de horror. Ryan recuou devagar para fora do quadro. O
vídeo terminou com uma cena caótica do juiz tentando fazer uma
ressuscitação boca-a-boca no homem ferido enquanto as pessoas corriam ao
telefone para pedir ajuda. Kyle desligou e os quatro se sentaram em silêncio
sem olhar um para o outro.

Nikolai colocou a mão no joelho de Blayde, mas a empurrou


impacientemente e ficou de pé. Seu rosto estava definido e sombrio quando
começou a andar em direção aos elevadores.
—Aonde você vai?
—Ver Ryan! Eu vou descobrir porque ele tentou me fazer de bobo.
Nikolai e Kyle saltaram para agarrar seus braços, e Lucas rebateu.
—Não, Blayde! Não vá até ele assim. Você vai machucá-lo e nunca se
perdoará.
Se livrou dos dois primos e virou para gritar com Lucas. —Não me
diga o que fazer com o meu próprio companheiro! Eu jamais o machucaria!
Mas vou arrancar a verdade dele. E ele vai aprender a nunca mais mentir para
mim!
Lucas se levantou e o encarou, a expressão severa. —Quando você
acasalou com Ryan ele se tornou um membro do nosso bando, e agora está
sob minha proteção. Eu o proíbo de lidar com ele enquanto está tão chateado.
Então virou e se jogou de volta no assento, mas virou uma carranca
zangada para o seu irmão. —Você proíbe? Não tente ficar entre mim e Ryan,
Lucas. Estou te avisando!
—Deixe isso para amanhã, Blayde. Você está exausto e ele também,
tenho certeza. Tente dormir, de manhã vamos tentar resolver tudo isso.
Assentiu relutantemente. Era verdade, estava exausto. Tinham
trabalhado até tarde da noite antes de colocar a nave no espaço e encontrar o
buraco de minhoca. Só tinha tido algumas horas de descanso desconfortável
longe do seu companheiro. Andou lentamente pelo corredor até os seus
aposentos e caiu na cama sem sequer se importar em tirar a roupa. Estava
deprimido e desconfortável, e finalmente caiu em um sono perturbado.
Na manhã seguinte, dormiu um pouco demais. Depois de um banho
rápido, vestiu as roupas e correu para o convés. Os outros já estavam lá, e
Lucas lhe entregou uma xícara de café quente. —Você está pronto para
conversar com ele?
Assentiu com um aceno. Fez pouco mais do que pensar nisso a noite
toda. Queria muito vê-lo, ouvir sua voz.
Lucas se virou para Nikolai e Kyle. —Vá buscar Ryan e traga-o aqui.
Voltou a se levantar. —Não! Não toque nele! —Pelos brotaram na
parte de trás do seu pescoço e suas presas desceram. Pulou em direção aos
seus primos, mas Lucas chegou lá antes, agarrando-o pelos ombros e
empurrando-o para trás do outro lado da sala.
—Pare com isso! Eles não vão machucá-lo nem tocá-lo mais do que o
absolutamente necessário. Não está pensando direito quando se trata dele.
Agora sente-se ali e deixe-os trazê-lo! Você é muito passional quando se trata
de Ryan e não pode ser confiável em torno dele agora.
Nikolai hesitou, então falou com urgência para Lucas. —Por que não
executamos o plano agora? Este seria um momento perfeito, e ninguém
saberia da conexão de Blayde com ele. Eu sei que é uma mudança na
estratégia, mas com essa nova virada de eventos não se pode confiar em
Blayde para não colocar tudo a perder. Kyle e eu podemos fingir matá-lo agora
e trazer seu corpo para cá.
—Não se atreva a machucá-lo! — falou em uma voz que soou como
um grunhido, seu rosto vermelho e manchado de raiva.
Nikolai o olhou. —Me dê algum crédito, Blayde. Eu nunca machucaria
o seu companheiro. Vamos trazê-lo para você.
Em vez de se sentar, rondou inquieto pela sala enquanto Nikolai e
Kyle saíam para pegar Ryan. Depois de alguns momentos, pareceu se
controlar. Virou para Lucas, que o observava de perto. —O que diabos eu devo
fazer sobre isso, Lucas? Não posso levá-lo para a prisão, eu não vou.
—Não — Lucas falou balançando a cabeça. —A matilha cuida de si
mesma. Ele será levado de volta para Lycanus 3, e então poderemos decidir o
que fazer com ele. Acho que já sabe que Ryan não vai poder ficar livre até
resolvermos isso. Se ele admitir, então lidaremos com o que for. Treinamento
intensivo, reabilitação. Talvez psicoterapia. O juiz Partland declarou que estava
drogado quando assassinou aquele menino, então seu julgamento pode ter
estado nublado. O juiz disse que Ryan e o menino eram amantes, Blayde.
Lançou um olhar feroz para o seu irmão e virou a cabeça, esperando
ansiosamente que Ryan fosse trazido à sua presença. Apesar de fúria diante da
ideia do seu companheiro não confiar nele o suficiente para lhe contar a
verdade, ainda tinha um desejo físico de estar perto dele.
—Preciso falar com ele, embora não saiba mais em que acreditar.
Não posso acreditar que Ryan faria algo assim. E não importa o que diga, não
confio que Partland não falsificou o vídeo e mentiu sobre tudo. Não vou me
separar de Ryan. Se for preciso, o levarei para Lycanus. Podemos começar de
novo e ninguém vai poder tocá-lo.
—Blayde, tenho certeza de que ele pode ser reabilitado,
especialmente se estava drogado quando isso aconteceu. Deixe o bando ajudá-
lo. Você não pode desistir da sua própria vida.
—Lucas, ele é a minha vida agora. Eu disse a ele certa vez que
tentaria reabilitá-lo. Vou tentar ajudá-lo de alguma forma, mas se ele não
confia em mim não posso fazê-lo. Eu não sei como agir.
Lucas se aproximou para colocar uma mão em seu ombro. —Sinto
muito, irmão. Farei tudo o que puder para ajudá-lo, sabe disso. Só tem que
me dizer o que precisa.
—Não sei ainda. Preciso falar com ele, vê-lo. Não importa o que fez,
ele me pertence.

Capítulo Seis
Ryan estava sonhando com o passado. Ele e Blaine estavam no
armário do corredor, bem atrás das roupas com cheiro de mofo, escondidos da
tia Betty. Blaine estava chorando, então passou um braço ao redor dele. Um
menino nervoso, dois ciclos mais jovem e com ombros finos, Blaine se curvava
para dentro quando estava tentando se esconder dentro de si, como agora.
Sussurrou para ele parar de chorar, tia Betty poderia ouvi-lo. De repente a
porta se abriu e a mulher estava estendendo a mão para eles, seus dedos
cruéis beliscando e puxando seus braços magricelas.
Com um solavanco, se sentou na cama ofegando. Demorou um pouco
antes de perceber onde estava, e assim tentar recuperar o fôlego e se
acalmar. Sua barriga queimava e doía, e a esfregou distraidamente. Algo
estava errado, mas não era capaz de descobrir o quê. Blayde logo viria vê-lo,
tinha certeza disso. O pesadelo tinha sido ruim, mas era só um sonho, lembrou
a si mesmo com firmeza. Ouviu um barulho à porta e seu coração saltou em
antecipação.
Blayde devia estar chegando.
A porta se abriu e bateu contra a parede. Nikolai e Kyle ficaram
olhando para ele com inegável desaprovação em seus rostos.
—O que é isso? O que há de errado? — Teve a estranha sensação de
que algo estava terrivelmente errado quando olhou para os dois homens
enormes. Seus rostos estavam sombrios e sem sorrir, sua postura rígida. —E
Blayde? — perguntou nervosamente, terror repentino o agarrando.
—Aconteceu alguma coisa com Blayde?
Confuso e assustado, ficou de pé, e teria corrido porta afora para
encontrar Blayde se Nikolai não agarrasse o seu braço e o arrastasse para trás
com firmeza.
—Vamos levá-lo até ele, Ryan. Ele está bem, não se preocupe.
—Então por que você está me olhando assim? Algo está acontecendo!
Conte!
—Acalme-se — falou Kyle severamente. —Ele disse que iremos levá-
lo até Blayde. Tudo será explicado quando chegarmos lá.
Olhou para os dois homens em confusão. Nenhum deles jamais tinha
falado com ele a não ser com polidez, gentileza até. Agora havia uma frieza
severa irradiando dos dois, congelando-o e o assustando. —Eu quero Blayde!
— gritou se afastando deles. —Eu não vou sair com você até que ele ordene.
Nikolai apertou os lábios e se aproximou. —Eu não quero te
machucar, Ryan. Só venha conosco pacificamente e não terei que tocar em
você. Você sabe que Blayde não ia gostar disso.
Era verdade... Sabia que Blayde ficava alarmado e raivoso sempre
que algum dos seus primos o tocava. Balançou a cabeça lentamente e respirou
fundo. Caminhou lentamente até os dois e seguiu seus gestos para segui-los
até a porta. —Blayde está esperando por você do lado de fora do corredor,
Ryan. Vá até ele.
No segundo em que bateu a porta, os homens nas outras celas
começaram assoviar, mas não se sentia tão cheio de bravata sem Blayde atrás
de si, então manteve a cabeça baixa e não respondeu aos seus gritos e
assovios. Nikolai deu um passo para a porta e apontou para a mais distante
que se abria para o corredor. —Vá em frente. Vá até a porta.
Sua necessidade por Blayde era mais como uma fome agora, e se
ouviu gemendo baixinho.
Nunca tinha se ouvido fazer um som como esse antes. As dores na
barriga estavam piorando, e estava ficando cada vez mais amedrontado, mas
se endireitou e tentou parar de fazer o barulho lamentoso. Algo estava errado.
Podia sentir isso. Um dos homens, Cicatriz, pensou, gritou o que soou como
um aviso. Então se virou e olhou para trás, e viu que tanto Kyle quanto Nikolai
tinham suas armas apontadas para ele. Chocado, virou e tentou correr para a
porta. Tinha que chegar até Blayde.
Os homens nas celas gritavam, e sentiu algo bater com força em
suas costas. Caiu de joelhos, mas continuou rastejando em direção à porta.
Algo o atingiu novamente, desta vez na parte de trás da cabeça, e o chão
subiu para atingi-lo no rosto. Não estava completamente apagado, ainda
vagamente ciente de que Nikolai e Kyle tinham levantado e pegado pelas
axilas, arrastando-o porta a fora. Não conseguia se mexer ou ver com
precisão, mas era capaz de ouvir tudo ao seu redor. Eles o levaram para o
corredor e o colocaram sobre um ombro. Não deveriam me tocar, pensou.
Blayde vai ficar tão bravo.
Apagou e acordou por muito tempo, consciente apenas do
movimento. Ouviu alguém gritando: —Entregue ele para mim! — E então
estava deitado em algum lugar macio e seguro. Estava tudo bem. Podia
relaxar agora, pensou, e pegou no sono.
Acordou talvez alguns minutos tarde, e olhou em volta lentamente.
Não conseguia se mexer, mas estava quase acordado, exceto pelo fato de não
conseguir abrir os olhos mais do que uma fenda. Tentou com mais vontade e
os abriu um pouco mais. Estava deitado em um sofá de couro em uma sala
enorme. Havia uma janela grande à sua frente exibindo o espaço aberto, com
telas e dispositivos de navegação complicados ao redor do lugar. Blayde estava
sentado ao seu lado, discutindo em voz alta com Nikolai e Kyle.
—Vocês tinham que atirar nele duas vezes? Juro que vou matar vocês
dois se alguma coisa acontecer com ele.
Outro homem, Lucas, pensou, falou de fora da sua linha de visão.
Ainda não conseguia mexer a cabeça, e se lembrou dos dois tiros que tinham
sido disparados contra ele. Devem ter sido de armas de choque, pensou
cansado. Elas tinham um efeito paralisante. Decidiu permanecer parado e
prestar atenção, para ver se poderia descobrir o que estava acontecendo. Se
concentrou na voz de Lucas novamente.
—... tudo ficará bem em alguns minutos. Sua frequência cardíaca já
está mais forte e acho que vi seus olhos se contraindo alguns segundos atrás.
Sentiu os lábios de Blayde em seu rosto, beijando-o de cima a baixo.
—Eu estou aqui, querido. Acorde e olhe para mim.
Os abriu, e olhou aqueles lindos olhos tons de xerez de Blayde. Ele
estava muito perto, o rosto ao seu lado. —Olá, querido. Você pode falar
comigo? Pisque uma vez para sim e duas para não.
Lentamente piscou duas vezes, e Blayde passou a mão ao longo da
sua bochecha. —O efeito vai passar em mais alguns minutos, amor. Apenas
espere. — Se sentiu sendo recolhido nos braços de Blayde, que se sentou
colocando-o no colo e o olhando. —Nik e Kyle atiraram em você com uma
arma de choque para fazer os outros prisioneiros pensarem que te mataram.
Acabou agora, amor. Eu vou te levar de volta para Lycanus 3.
Assentiu brevemente, e Blayde lhe deu um sorriso. Ouviu Lucas ao
lado dando ordens. —Certifique-se de que os outros prisioneiros vejam o
descarte do corpo pelos monitores do circuito fechado. Você tem o corpo falso
pronto para o descarte?
—Sim, Alfa. Como esse parece?
Só conseguiu virar a cabeça o suficiente para ver Kyle segurar o que
pareciam ser duas sacolas compridas embrulhadas em um plástico preto
amarrado no que poderia ser o pescoço, a cintura e os pés de um corpo.
Parecia notavelmente com um corpo à distância. Kyle levou o embrulho para a
lixeira e depois recuou. Ele ficou parado em uma posição de prontidão, e Lucas
ligou a câmera.
—Prisioneiros — disse Kyle. —Estes são os restos mortais de Ryan
Henderson, que infelizmente morreu dos ferimentos depois da sua tentativa de
fuga. Agora vamos descartar o seu corpo, e que os deuses tenham
misericórdia da sua alma.
Ele tocou um botão e o pacote saiu para espaço aberto. Sentiu um
arrepio atravessá-lo, e Blayde o puxou para mais perto do seu corpo,
embalando seu rosto contra seu peito. Lucas desligou a câmera e se
aproximou para se sentar ao lado de Blayde. Kyle e Nikolai também se
aproximaram. Começou a se sentir muito intimidado enquanto todos o
olhavam, mas descobriu que podia se mexer novamente e se esforçou para
sentar no colo de Blayde.
Seu lycan permitiu que se sentasse e se movesse até conseguir
sentar ao seu lado na sala, mantendo a mão em suas costas em busca de
apoio.
Encontrou sua voz, que saiu rouca e cheia de raiva. —Por que não me
avisaram o que aconteceria? Quase morro de susto!
—Queríamos que parecesse apavorado — disse Kyle. —Fez parecer
mais realista.
—Eu sou um ator, idiota. Eu poderia ter desempenhado o papel.
Kyle deu um passo à frente com raiva, mas Nikolai o empurrou de
volta. —Não faça isso, Kyle. Blayde iria defendê-lo, e um de vocês acabaria
morto. Ele não vale a pena.
Picado, olhou nitidamente para Nikolai. Pensou que estavam se
tornando amigos. A mandíbula de Blayde contraiu diante das palavras, mas
ficou quieto. Olhou para os lycans à sua volta em confusão.
—O que é isso? O que eu fiz?
—Você quer dizer, além de mentir descaradamente para o nosso
primo? Envolvendo-o em seus esquemas e arriscando sua segurança? — Kyle o
encarou com um olhar de nojo no rosto.
—Ryan — disse Lucas em voz baixa. —Só queremos te ajudar.
Sabemos que você é o companheiro de Blayde e ele te ama muito. Você faz
parte do nosso bando agora — ele olhou para Kyle e Nikolai — e seria
apropriado que todos se lembrassem disso. Mas temos algumas informações
novas que nos incomodam.
Blayde falou. —Ryan, sabemos o que realmente aconteceu naquela
noite no quarto de hotel do juiz. Vimos o seu vídeo matando aquele menino,
esmagando a cabeça dele no chão de mármore. Não adianta mais mentir.
Ryan corou dolorosamente. —Não é como parece, Blayde. Deixe-me
explicar.
—Continue. Mas, por favor, não minta para mim novamente, Ryan.
—Eu conheço Blaine desde que éramos crianças. Ficamos no mesmo
lar adotivo por três ciclos até que o estado nos tirou de lá. — Olhou para
Blayde de forma súplice. —Você tem que entender como foi para nós. A
mulher lá abusou de nós dois, mas principalmente de Blaine. Quando o estado
nos tirou, eu tive sorte e fui enviado para uma boa família, mas Blaine não. Ele
foi abusado de novo e de novo até que completou dezoito anos e saiu do
sistema. Foi o que me contou e eu acreditei nele.
—Vocês dois se mantiveram em contato? — perguntou Lucas.
—Não, nos encontramos de novo por acaso em Nova York, quando
ambos estávamos fazendo os filmes. A princípio não conseguimos acreditar.
Quem teria imaginado que estaríamos juntos e fazendo filmes? Parecia o
destino, e fizemos uma promessa de sempre tentar cuidar um do outro. —
Agarrou a mão de Blayde. —Eu nunca seria capaz de machucá-lo, Blayde. Você
tem que acreditar em mim.
—Vá em frente, amor. Conte para a gente. — Blayde ainda parecia
severo, mas começou a esfregar seu braço para confortá-lo.
—Depois de um tempo Blaine arranjou um namorado, e ele me disse
que era alguém importante. Quando finalmente me contou que era o juiz
Partland fiquei preocupado porque tinha ouvido outros meninos afirmarem que
ele era abusivo. Tentei avisá-lo, mas ele disse que Partland o amava, e não
estava escutando a razão. Na noite em que morreu, ele me pediu para ir com
ele até a casa de Partland e fazer o vídeo de que lhe falei. Eu não fui com ele;
tive que trabalhar até tarde. Quando cheguei lá ele estava agindo de forma
engraçada. Estava bêbado, alto, ou algo assim. Acho que eles colocaram algo
em sua bebida, mas não entendi isso na época. Eu fiquei bravo com ele, tentei
arrastá-lo para fora comigo, mas ele não iria. Blaine gritou comigo. Disse que
eu estava tentando tirar Partland dele. Ele estava agindo como um louco,
fazendo e dizendo coisas que nunca faria em seu juízo perfeito. Eu saí, mas
não aguentei e voltei para ele. Quando cheguei lá o juiz o tinha colocado
colocou de joelhos diante de si e ele estava pronto para fazer uma cena na
frente de todos aqueles homens. Blaine nunca teria feito isso se não estivesse
drogado.
—Foi quando você o atacou? — Nikolai perguntou.
—Eu não o ataquei! Fui até ele e o empurrei para longe, então ele
caiu de costas. Eles simplesmente continuaram filmando. Eu gritei para eles
pararem, mas eles não pararam. Admito que eu o puxei do juiz e fiquei em
cima dele para mantê-lo lá, e eu poderia ter sido muito áspero, mas não queria
machucá-lo. Ele bateu a cabeça, mas estava vivo... Eu sei que estava! Ele
estava respirando com dificuldade e o seu rosto estava todo vermelho, mas
Blaine olhou para mim e me disse para ir embora. Implorei para eles
chamarem uma ambulância, mas eles não iriam. Só ficaram me olhando. Eles
me disseram para sair e não voltar. Eu fiquei com raiva e acabei saindo. Eu
não deveria ter deixado ele lá, não importa o quanto estivesse com raiva. Mas
eu não o matei, Blayde! Eu sei que você não tem nenhum motivo para
acreditar em mim, mas...
Kyle fez um som curto de exasperação e o olhou. —Ryan, vimos você
batendo a cabeça dele no chão várias vezes no vídeo.
—Mas eu não bati! Sim, eu estava lá, admito. Mas eu não fiz isso! O
juiz deve ter falsificado a gravação.
Blayde balançou a cabeça. —Eu não sei mais em que acreditar. — Ele
passou a mão pelo rosto e parecia totalmente exausto. —Nós vamos aterrissar
hoje mais tarde na lua Ômega 9. Eu preciso pensar em tudo isso. Você tem
que se esconder pelo resto do dia, de qualquer maneira. Nikolai vai te levar e
falarei com você depois que transferirmos os prisioneiros.
Nikolai se aproximou e o puxou de pé. Blayde franziu a testa, mas
não disse uma palavra sobre o tratamento bruto. Se sentiu subitamente
sozinho nessa coisa. Abandonado pela única pessoa que achou que poderia
amá-lo.
—Blayde, você tem que acreditar em mim.
Blayde virou, balançando a cabeça. —Por favor, leve-o para o seu
esconderijo para o desembarque, Nikolai. Certifique-se de que esteja
confortável. Vou dar uma olhada nele depois que terminarmos com isso.
—Não! — Afastou o braço de Nikolai. —Me solte. Eu quero ir para
Ômega 9. Eu não quero ficar aqui com você! Nenhum de vocês acredita em
mim? Então tudo bem. Eu vou para a prisão... É melhor que ficar aqui com
você.
—Eu não me lembro de te oferecer essa opção — Blayde falou
severamente. —Leve-o, Nikolai. Quando eu voltar de Ômega 9 irei até lá vê-lo,
Ryan. Então conversaremos.
Nikolai o arrastou, e foi com ele, desafiadoramente lançando olhares
acusatórios e ressentido para Blayde e os outros. Permitiu que o lycan o
levasse para o pequeno depósito e trancasse a porta. Era aquecido lá dentro, e
havia uma pequena lâmpada que poderia ligar e desligar. Tinha um colchão
macio para se sentar, revistas para ler, até um toalete portátil instalado no
canto da salinha. Água, pacotes de comida e até mesmo lanches foram
empilhados para o seu consumo perto da porta, para o caso de ficar com sede
ou fome. Tudo tinha sido feito para garantir o seu conforto, mas ainda estava
trancado e mergulhado em miséria.
Sentia como se Blayde o odiasse agora, e lamentava tê-lo conhecido.
Quem poderia culpá-lo? Agora que tinha tido um tempinho para processar o
que parecia ser a rejeição de Blayde, sabia que não tinha ninguém para culpar
a não ser a si mesmo. Não tinha feito nada além de mentir para o homem
desde o começo. Estava dizendo a verdade agora, mas Blayde não acreditava.
Era simplesmente tarde demais.

Por que tinha contado uma mentira tão estúpida para começo de
conversa? Teve medo de admitir que estava lá naquela noite, foi por isso. Não
tinha confiado em Blayde com a verdade, e agora teria que pagar o preço.
Claro, não conhecia o homem na época, e Blayde o tinha comprado no leilão.
Àquela altura não tinha nenhum motivo real para confiar no belo
lycan. Entretanto, desde então houve tempo e deveria ter confessado, e estava
se chutando porque não confessou. Com a mente em um turbilhão, nem sabia
mais como devia se sentir em relação à situação.
De alguma forma, o juiz tinha falsificado o arquivo. Tinha certeza
disso. O homem tinha dinheiro suficiente para fazer praticamente qualquer
coisa que quisesse, mas estava desesperado para conseguir que Blayde e os
outros acreditassem nele a essa altura. Fechou os olhos. Não adiantava lutar
contra isso. Assim como quando era criança.
Também podia parar de tentar, menos chance de se machucar desse
jeito. Tinha uma longa história de começar a confiar nas pessoas com seu
coração só para tê-lo atirado de volta na sua cara. Assim como quando era
criança em todos aqueles lares adotivos. Sentou de costas contra a parede, se
enrolou e caiu aos pedaços silenciosamente.

****

Blayde olhou para Lucas quando Nikolai tirou um Ryan sem


resistência do quarto. Como ele ainda poderia amar tanto o lindo e pequeno
humano? Ele era um assassino, um mentiroso. Não era? Não sabia, mas o
amava, e parecia que não havia maneira de contornar isso. —Você colocou o
detector de mentiras nele enquanto ele falava?
—Sim — disse Lucas. —Estive rastreando ele o tempo todo em que
contou sua história. Ele estava dizendo a verdade, até onde acredita.
—Então Partland falsificou o vídeo de alguma forma.
Lucas suspirou. —Difícil saber o que diabos está acontecendo. É
possível que Ryan também tenha sido drogado, tão drogado que nem sabe o
que aconteceu. Temos que mandar o vídeo que o tribunal nos enviou para um
especialista para ver se foi falsificado. Enquanto isso temos que supor que ou
Ryan foi drogado ou tem algo errado com o seu cérebro ou memórias.
Sentiu o alarme e o medo gélido o percorrerem. —Você acha que ele
poderia estar doente?
—Eu não sei, Blayde. Acho que é uma possibilidade. Os médicos o
avaliarão quando o levarmos para casa.
—Tudo bem. Ótimo. Você acha que eu deveria ir com o Nikolai?
Talvez eu deva verificá-lo.
Lucas sorriu de forma compassiva. —Nikolai vai voltar em um minuto.
Não há necessidade de deixar Ryan chateado de novo. Deixe-o descansar e
vamos cuidar dos prisioneiros antes de chegarmos.
Assentiu desconfortavelmente e foi com Lucas preparar os
prisioneiros para a transferência. As próximas horas foram gastas com a
chegada ao planeta, a transferência dos prisioneiros e a interminável
documentação sobre a morte do prisioneiro no caminho. Quando finalmente
chegou à nave era o dia seguinte. Preocupado por ter deixado seu
companheiro sozinho por tanto tempo, apesar de Lucas ter ficado para trás e
estar monitorando ele, disse a Nikolai e Kyle para assumir a nave em voo e
correu até o depósito escondido onde o tinham deixado.
Destrancou a porta e encontrou Ryan sentado no colchão, encostado
na parede.
Ele tinha círculos escuros sob os olhos e precisava fazer a barba.
Ryan parecia cansado e doente, seus olhos ardiam, mas ainda era
dolorosamente bonito como um anjo debochado.
Se forçou a manter a voz calma e equilibrada. —Eu vim para levá-lo
aos meus aposentos. Estamos saindo da lua prisional e estamos voltando para
Lycanus 3.
—Eu não vou a lugar nenhum com você.
Uma centelha de irritação inflamou sua raiva, mas se inclinou
casualmente contra a moldura da porta. —É aí que está errado, Ryan. Você
pode andar sozinho ou eu posso te carregar. Mas não se engane, irá para os
meus aposentos e para a minha cama.
—Então você é exatamente como aquele bisavô que Nikolai me
contou. Você pega o que quiser e para o inferno com o que eu quero. Não é de
admirar que a sua companheira o tivesse amaldiçoado e a todos os seus
descendentes.
—Está certo. Os pecados dos pais... Pelos meus próprios pecados,
acho que tenho que ter você como meu companheiro.
Os olhos de Ryan se arregalaram de dor. O comentário cruel o feriu,
e sentiu uma pontada aguda de remorso. Seu companheiro poderia estar
doente. Ou poderia estar dizendo a verdade. Ryan só estava atacando porque
se sentia inseguro e abandonado. Qual era a sua desculpa? Tinha feito seu
companheiro se sentir abandonado, e sabia que tinha que consertar as coisas
entre os dois.
—O que você quer de mim? — ele perguntou baixinho, sua voz cheia
de angústia. E baixou a cabeça entre as mãos.
—Eu pensei que deixei isso claro, querido. Eu quero você na minha
cama. Agora. Temos algo para resolver entre nós.
Ryan se levantou e se aproximou lentamente, o olhar rebelde. Por um
longo momento ele o olhou nos olhos desafiadoramente. Sabia que era apenas
bravata, para esconder a dor que sentia. Também sabia que Ryan estava
prestes a se despedaçar e tinha que encontrar uma maneira de ajudá-lo.
Segurou-o pelo pulso e o arrastou pelo corredor até seus aposentos.
Uma vez lá dentro, apontou para a cama. —Tire suas roupas e deite ali.
Espalhe seus braços e suas pernas.
—Foda-se — ele respondeu emburrado. —Você pode me forçar a
fazer praticamente qualquer coisa que quiser, mas o que isso vai provar? Eu
irei te odiar por isso. É o que quer?
Olhou para ele. O que Ryan dizia era verdade. Ele o odiaria se
tentasse forçá-lo no seu estado de espírito atual. Os momentos anteriores
tinham sido divertidos em comparação a isso. Antes estavam jogando um tipo
de jogo de dominação sexual, mas isso era de verdade. Sabia que como agisse
com o seu companheiro nos próximos minutos ditariam o tom do seu futuro
juntos, mas não só isso. Ryan estava em dificuldades emocionais, e tinha que
encontrar uma maneira de impedi-lo de se perder.
—Eu não quero forçá-lo a fazer nada, Ryan. Eu quero que confie em
mim. Talvez eu não tenha te dado muitos motivos para fazê-lo até agora, mas
quero que acredite. Eu quero ser o seu melhor amigo, assim como seu
amante. Quero que possa resolver seus problemas comigo, assim como quero
levar os meus até você. Eu disse algo cruel agora porque estava te atacando, e
isso foi errado. Espero que possa me perdoar. Eu te amo, querido, e nunca vou
te deixar. Estou orgulhoso de ter você como o meu companheiro. Você é a
melhor coisa que já aconteceu comigo e confio em você com meu coração.
Você não vai confiar em mim também?
Ryan não respondeu, mas percebeu que ele ficou comovido com o
que disse. Os olhos do humano correram para os seus e depois para longe.
Puxou Ryan em seus braços e trouxe os lábios dele aos seus delicadamente.
—É isso, Ryan. Deixe-me te amar. Você parece tão quebrado. Deixe-me te
ajudar a ser inteiro novamente.
Lentamente, quase como se o estivesse testando, Ryan assentiu e
obedeceu, jogando as roupas ao lado da cama e depois se arrastando para
deitar de costas, os olhos cautelosos e reservados, esperando para ver o que
faria. —E-eu me sinto fora de controle, Blayde — disse ele com um soluço
preso em sua garganta. —Eu não sei o que fazer, minha vida é tão fodida!
Em silêncio, pegou alguns pedaços de couro macio do armário
embutido na parede e se aproximou da cama. Os mostrou a Ryan, então,
mantendo contato visual com ele, falou gentilmente. —Eu sei o que fazer,
querido, e não é uma merda. Eu quero ajudar você. Apenas confie em mim,
porque você precisa disso. Agora me dê seus pulsos.
Os olhos de Ryan ficaram maiores e ele se encolheu de medo. Blayde
se lembrou de quando conversaram pela primeira vez, e ele disse que um dos
seus limites era o bondage. Entretanto, quando algemou Ryan em casa ele
pareceu gostar. Sabia que precisava recuperar sua confiança, então decidiu
arriscar. —Você sabe que eu não vou te machucar, querido. Não importa o que
você fez ou não fez, eu amo você. Confie em mim o suficiente para me dar seu
pulso. Isto não é sobre punição. Isso é sobre confiar em mim. Sabendo que só
quero lhe dar prazer.
Lenta e timidamente, Ryan estendeu o braço, e rapidamente afivelou
uma das alças ao redor do seu pulso e depois a outra extremidade na
cabeceira da cama. Fez o mesmo com o outro pulso, depois o olhou
novamente. —Agora seus tornozelos.
Quando fixou as alças ao redor dos tornozelos de Ryan, falou
gentilmente com ele. —Você tem que confiar em mim, amor. Tem que saber
que eu farei o que é melhor para você. Eu não tenho nenhuma vontade de te
machucar. Você me disse que não gostava de ser amarrado, mas acho que
sim. Eu acho que te excita. Se estiver errado, você só tem que dizer a palavra
e eu vou soltar você. Você tem que confiar em mim para saber o que gosta e
saber que eu vou te fazer bem. Você tem que me permitir cuidar de você, e
desistir desse seu controle. Isso te fez mentir para mim e abriu uma brecha
entre nós. Mas não pode haver brechas entre nós. Entendeu? Se puder confiar
em mim para fazer isso, então poderá confiar em mim com qualquer coisa, e
saberá que nunca vou me aproveitar e nunca vou te machucar.
Ryan assentiu e seus lindos olhos o acompanharam quando ele
levantou o tornozelo. O segurou. Colocou uma mão sob as costas de Ryan e
puxou a perna para que pudesse envolvê-la com uma tira mais comprida no
mesmo poste do seu pulso. Seguiu o exemplo com a outra perna.
A bunda deliciosa de Ryan estava agora ligeiramente levantada da
cama, as pernas bem abertas expondo sua entrada rosada e apertado,
fazendo-o parecer extremamente vulnerável e indefeso. Apesar da sua
posição, seu pênis estava rígido e apontado para o rosto. Colocou um
travesseiro sob suas costas em busca de apoio.
—Eu vou fazer amor com você, querido. Você me quer tanto quanto
eu te quero você?
Ryan mordeu o lábio novamente, mas assentiu.
—Eu sinto muito, querido, mas você tem que me dizer. Você quer
que eu faça amor com você?
—Sim. — ele falou, sua voz inflexível de paixão e necessidade.
—Bom, querido. Juntos podemos descobrir o que você gosta e o que
você precisa. Eu quero te dar tudo o que precisa, então você nunca vai querer
mais ninguém. — Tirou a roupa devagar e sensualmente, vendo Ryan observá-
lo, sabendo que estava fazendo-o querer mais e mais, mas seu companheiro
estava tremendo, ele não gostava de ser amarrado e isso o fazia se sentir
muito vulnerável. Ele começou a chorar, lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
Imediatamente avançou e acariciou sua bochecha. —Se quiser que eu
tire isso, tudo o que tem a fazer é me dizer. Você ainda está bem? — Ryan
mordeu o lábio, mas assentiu. Subiu na cama e pegou as bolas de Ryan,
apalpando-as e manipulando-as gentilmente. O choro parou e o pênis do seu
companheiro endureceu novamente. Olhou nos olhos dele, e Ryan abaixou o
olhar lhe dando sua submissão. O queria tanto, teve que se forçar a ir
devagar. Pegou um pouco do lubrificante na mesa ao lado da cama e o
espalhou delicadamente sobre a entrada dele, seu próprio pênis agora
gotejando abundantemente. Com gentileza, inseriu um dedo para esticá-lo, lhe
dando tempo para se acostumar antes de inserir um segundo. Quando Ryan
fechou os olhos com força e começou a se abrir à sua invasão, beijou o interior
das suas coxas, passando a língua em cada uma delas até a virilha. Seu
companheiro sibilou de prazer.
Finalmente quando achou que Ryan estava pronto, moveu a cabeça
do seu pênis em sua entrada apertada, empurrando até alcançar sua próstata
e lhe dando uma boa massagem com seu pênis. Os olhos do seu companheiro
reviraram nas órbitas e ele gritou. Se inclinou entre as pernas dele e beijou
seus lábios, afastando-os com a língua. Ryan se abriu completamente,
relaxando a tensão em seu corpo, oferecendo tudo o que tinha, e exultou com
a mudança que sentiu nele. Seu querido companheiro finalmente confiava
nele, oferecendo completamente sua submissão sem hesitar, sem resistir.
Empurrou o pênis até a virilha, de novo, e de novo, estabelecendo
um ritmo que fez Ryan levantar seus quadris em convite. Sua passagem
apertada se contraiu em volta do seu pênis, espalhando calor e paixão por
todos os nervos em seu corpo. Bombeou com mais força, pegando o doce eixo
do seu companheiro e bombeando-o na hora certa. Se juntaram
explosivamente, seu sêmen bombeando em Ryan enquanto o homem gritava
seu prazer e atirava seu clímax em sua mão.
O acariciou, revelando seu orgasmo, o olhar aquecido em seus olhos.
Se inclinou para frente novamente, o pênis de Ryan ainda em sua mão, e o
beijou apaixonadamente, afastando qualquer dúvida de quanto o amava.
Finalmente quando ambos precisaram respirar de novo, se afastou
com relutância, acariciou o pênis de Ryan mais uma vez e tirou as restrições
dos seus tornozelos. Puxou os travesseiros de debaixo dele e desamarrou seus
pulsos. Então tomou seu companheiro nos braços e massageou os músculos
dos seus ombros e costas, sussurrando para ele palavras lycans de amor,
sabendo que ele podia não entender as palavras, mas iria responder ao tom. E
ele respondeu acariciando o nariz em seu pescoço, chorando baixinho de novo.
—E-eu pensei que você me odiasse. Pensei que estava arrependido
por ter feito de mim o seu companheiro.
Se afastou e olhou para ele. —Te odiar você? Nunca, querido. Fiquei
desapontado e senti que tinha falhado com você por não lhe dar motivos
suficientes para confiar em mim e me contar a verdade. Te apressei e sei disso
agora. Uma última vez, me conte, querido. A história mais recente que você
contou é a verdadeira?
—Eu juro que é, Blayde. Cada palavra foi verdadeira. Eu menti para
você no início porque estava com medo de que pudesse me levar para a
prisão. Eu sei que deveria ter sido honesto, mas estava com medo. Eu
pretendia te contar, eventualmente. Eu não tinha certeza se podia confiar em
você para não me mandar embora.
—Eu acredito em você, amor. Pelo menos, e, por favor, não fique
zangado com isso, eu acredito que isso realmente aconteceu. Pode ser
exatamente como você diz, e precisamos descobrir com certeza. Se
descobrirmos que o vídeo que nos enviaram não foi falsificado, então acho que
eles devem ter te drogado ou há algo mais acontecendo, talvez dentro da sua
cabeça. Se Partland fingiu, eu nunca vou descansar até limpar o seu nome. Se
tiver que sufocar a verdade para fora do filho da puta, eu o farei. Seja o que
for, enfrentaremos juntos. Tudo bem?
Ryan acenou com a cabeça e passou os braços pelo seu pescoço
novamente, depois se arrastou até o seu colo e envolveu as pernas ao redor
da sua cintura. Ficou assim com ele por um longo tempo, seu pênis cutucando
o vinco do seu companheiro até sua respiração ficar lenta e uniforme, então o
colocou na cama e o deitou ao seu lado, virando-o e se aconchegando por trás
dele. Beijando a parte de trás do seu pescoço, deixou o sono levá-lo também,
relaxando sua tensão pela primeira vez em vários dias.

Capítulo Sete
Ryan estava na cozinha da casa de Blayde preparando uma refeição
no processador. Já estavam em casa há dois dias e as coisas entre eles
estavam boas. Blayde tinha sido gentil e atencioso, e o sexo entre os dois era
incrível. Blayde tinha consultado um médico no dia anterior que o examinou
cuidadosamente com o scanner e o declarou saudável. Naquela manhã um
psiquiatra humano, Lucas, tinha voado especialmente para vê-lo, lhe fazer
muitas perguntas e até hipnotizá-lo depois de pedir sua permissão.
A porta se abriu e Blayde entrou, se aproximou e o beijou por um
longo tempo, inclinando-o sobre seu braço até lutar para se soltar, rindo e
empurrando-o.
—Eu recebi o relatório do psiquiatra, querido, e ele diz que você está
perfeitamente bem. Ele disse que você ainda tem algumas questões a respeito
da sua infância, mas considerando como foi traumático seria estranho se você
não tivesse. Todos aqueles lares adotivos...
—Bem, o último não foi tão ruim. Eu fiquei lá por vários ciclos e ainda
mantenho contato com os meus pais adotivos. Alguns antes desse foram bem
ruins. Em um foi onde conheci Blaine.
—Eu sei. Como o médico também lhe deu um atestado de saúde,
então o problema tem que ser com o vídeo que Partland enviou ao tribunal.
Tem que ser falso.
—Como eu tentei dizer a você, Partland tem dinheiro para fazer
quase qualquer coisa.
—Que foi exatamente o que eu disse a Lucas. Mas mesmo se
pudermos provar que o vídeo é falso, não resolverá o verdadeiro problema.
Precisamos que Partland confesse, ou ele se esquivará disso. Ele dirá que o
drogamos ou algo assim. Não, acho que nunca vamos conseguir justiça para
ele, querido, mas podemos tentar ajudar do nosso própria jeito.
—Como podemos fazer isso? — perguntou.
—Conversando com o embaixador de Lycanus e fazendo com que ele
lhe conceda asilo. Poderíamos ir até lá, mas Lucas conhece bem o embaixador
na Terra e teremos menos problemas para conseguir com ele.
—Que bem isso vai fazer? Será que você não pode continuar com a
sua vida e me deixar fazer parte dela? Eu gostaria de viajar com você, ajudá-lo
com o seu trabalho. Você poderia me mostrar como fazer isso.
—Eu iria adorar, amor, mas você ainda tem essa coisa pendurada
sobre sua cabeça. E seu rosto lindo é tão reconhecível. Mesmo aqueles
prisioneiros souberam imediatamente quem você era. Não podemos passar a
vida nos escondendo de todos. Não é justo para você, querido. Não, vamos
nos mudar para Lycanus e morar lá. A Aliança não pode nos tocar ali.
Suspirou e afundou em um dos banquinhos do bar. —Tudo bem. O
que precisamos fazer? E não diga para deixar você lidar com isso. Estamos
nessa coisa juntos, então não seja todo macho mestre/escravo comigo.
Blayde pareceu desconfortável. —Eu não posso evitar. Odeio a ideia
de você se expor ao perigo.
—Bem, o mesmo vale para você.
Blayde o encarou por um longo momento antes de puxá-lo de volta
em seus braços. —Te amo querido. Eu não tenho o suficiente de você, e acho
que nunca vou conseguir.
—Eu certamente espero que não — respondeu sorrindo. —Agora fique
parado aí para que eu possa pensar, e me diga o que vamos fazer.
—Eu acho que a primeira coisa a fazer é descobrir como ele falsificou
o vídeo para que possamos convencer o embaixador. Estive pensando sobre
isso e quero que o assista, mesmo sabendo que é difícil para você olhar. A
primeira parte do vídeo é definitivamente Blaine, e então a próxima parte era
você puxando-o pelo ombro e empurrando-o no chão como disse que fez. Até
quando você subiu nele e encarou a câmera. Era tudo você. Mas então eles
devem ter cortado e alguém veio bater a cabeça de Blaine no chão e depois se
afastar do corpo. Depois de olhar o vídeo várias vezes não há indícios de um
rosto nessa parte. Quem quer que tenham conseguido para se passar por
você, o cabelo dele caiu sobre o rosto.
—Faz sentido — concordou. —Mas como o fizeram parecer comigo?
—Você conhece algum ator que se parece muito com você? Pelo
menos o mesmo tamanho e estrutura física? Talvez outro loiro com cabelos
longos e cacheados?
—Claro, existem muitos deles. Você acha que foi assim que fizeram?
—Tem que ser. Coloque um homem do seu tamanho, com o seu
cabelo loiro encaracolado e as mesmas roupas e seria difícil diferenciar. Isso e
pagar muita gente para testemunhar contra você. Os vídeos de segurança do
hotel não significam nada. Você admite ter estado lá. Não, foi a chamada
“testemunha ocular” que foi tão condenatória. Alguns dos seus próprios
amigos. Precisamos encontrá-los e ver o que ofereceram a eles para mentir.
—Ou que tipo de ameaças ele usou, mais provavelmente. Ele
costumava ameaçar Blaine o tempo todo. Inclusive tentou ameaçar sua
família, até descobrir que Blaine não tinha nenhuma. Isso o conteve um pouco.
Ele até me ameaçou uma vez, Blaine me disse.
—Querido, eu tenho que te perguntar. Você e Blaine foram amantes?
—Não. — Balançou a cabeça enfaticamente. —Não de verdade. Às
vezes brincávamos um pouco quando estávamos alto, mas isso é tudo. Blaine
era mais como o meu melhor amigo. Nunca houve nada romântico entre nós.
—Bem, é isso então. Vamos nos preparar para decolar para a Terra e
até a embaixada lycan.
—E se ele simplesmente mandar a polícia para me pegar assim que
chegarmos à Terra? E você também, por ajudar e ser cúmplice de um
condenado?
—Bem, ele poderia tentar, mas não lhe fará nenhum bem porque
teremos imunidade diplomática.
—O quê?
Blayde sorriu. —Sim, querido. Podemos ficar na embaixada lycan e
eles ficarão felizes em nos receber. Estaremos perfeitamente seguros lá. A
Aliança não desejaria que outra guerra começasse por causa de uma questão
tão insignificante quanto um pequeno humano como você.
—Muito obrigado.
Blayde envolveu os braços ao seu redor e o beijou novamente. —Não
que você seja um assunto insignificante para mim, amor, não mesmo. Gostaria
que eu lhe mostrasse o quanto você é importante para mim?
Rindo, o empurrou para longe. —Mais tarde, Blayde. Definitivamente
mais tarde. Agora estou tentando entender. Me conte por que a embaixada
lycan sequer pensaria em nos deixar ficar lá.
Blayde voltou por mais, empurrando-o contra o balcão e se
esfregando em sua virilha, ignorando sua pergunta. —Tem certeza, amor? Eu
poderia te dar algo para ocupar seus doces lábios.
—Aposto que poderia. Por enquanto acho que vou passar. Conte,
Blayde.
—Ok, somos os principais fornecedores de bauxita, o mineral mais
valioso do universo no que diz respeito a Lycanus. Nós o usamos na fabricação
de nossas casas, nossos portos espaciais, nossos navios, quase tudo. Então,
sim, o embaixador de Lycanus ficaria mais do que feliz em fornecer ao alfa e
sua família refúgio em sua embaixada.
—Mesmo um ser humano como eu?
—Especialmente um humano como você, querido, embora com você
eles possam olhar, mas não tocar.
Blayde encostou o pênis dele no seu novamente. —Isso é tudo meu.
—Eles têm companheiros humanos?
—Oh sim, alguns. Eu te disse uma vez, os lycans adoram ter machos
humanos como companheiros, eles são, de longe, os melhores e os mais
dóceis. Também gostamos dos venuvianos de Venuvia Menor, no sistema
estelar Copérnico, mas eles têm uma tendência a morder. — Diante do seu
olhar ultrajado, Blayde riu. —Eles não são tão bonitos quanto os humanos, de
qualquer maneira. Não o meu humano, pelo menos.
—Tanto faz. Me solte, por favor, para que eu possa comer alguma
coisa.
Blayde se afastou, ainda rindo. —Desculpe, querido. Vá em frente e
coma.
Se virou para o processador de alimentos e pegou o prato. Jantou
sentado no bar, mas ficou de olho em Blayde. Finalmente largou o garfo com
um suspiro. —Estou muito nervoso para comer. Eu odeio a ideia de voltar à
Terra e chegar perto do bastardo do Partland.
—Você sabe que eu não vou deixar ele te machucar, querido.
—Machucar quem? — Uma voz vinda da porta fez os dois olharem
para cima para ver Nikolai ali parado.
—Nikolai, não te ouvi aí. Entre, só estamos discutindo nossa viajem
de volta à Terra. Você tem tudo pronto?
—Sim, e Kyle também vai. — Nikolai veio até onde estava sentado no
balcão e se inclinou para sussurrar em seu ouvido. —Você me perdoou, Ryan?
Sinto muito por ter sido tão duro com você.
Olhou para cima e sorriu. —Eu te perdoo. Sei que só estava tentando
proteger Blayde.
—Ei! — Blayde falou. —Você está flertando com o meu companheiro?
—Talvez só um pouco. — Nikolai sorriu e se aproximou para sentar
ao lado do primo na sala principal.
—Estamos prontos para sair quando quiser, Blayde. Podemos partir
esta noite.
—Podemos nos aprontar. Ryan, vá fazer uma mala, querido. Embora
considerando que vamos ficar na embaixada de lycan, se realmente quer se
encaixar, poderia levar só uma tanga de couro ou duas. Acho que tenho
algumas dessas por aí.
—Sim, em seus sonhos. Em todo caso, eu não acredito que os
companheiros realmente os usem como você continua dizendo que fazem.
Você odiaria todos aqueles lycans estranhos olhando para a minha bunda.
—Isso é verdade, suponho, mas em Lycanus é quase um concurso
para ver quem tem o companheiro mais bonito, uma espécie de símbolo de
status, desfilar com seu belo companheiro na frente dos outros para deixá-los
invejosos. Eu poderia fazer isso com você, Ryan. Imagine só quanta inveja eu
poderia fazer a todos aqueles embaixadores lycans. Além disso, será uma boa
prática para quando estivermos morando lá.
—Harrãm. Apenas imagine a inveja furiosa a que aqueles lycans
seriam submetidos quando os visse olhando lascivamente para a minha bunda
nua.
As sobrancelhas de Blayde se juntaram e ele se mexeu inquieto em
sua cadeira. Se aproximou se sentar ao lado dele no braço da poltrona. —Mas
eu farei isso por você, Alfa, se quiser.
Blayde o puxou para baixo em seu colo. —Tenha cuidado, Ryan. Eu
poderia mostrar a eles como eu espanco essa bundinha também.
Nikolai riu da interação. —Ryan, eu tenho que dizer que nunca pensei
que alguém pudesse lidar com o meu primo, mas acho que você está bem no
caminho de conseguir isso. Blayde, eu ainda não sei como você conseguiu que
Ryan te chamasse de mestre.
Pareceu confuso. —Hã? O que quer dizer? Eu nunca o chamo de
mestre. Você está brincando comigo?
Nikolai pareceu intrigado. —Você acabou de fazer isso, Ryan. Eu ouvi
você dizer Alfa.
—Sim? — Ainda parecia confuso. —Então? Isso foi o que ele me disse
para chamá-lo quando o conheci. É a classificação dele na matilha e eu devo
fazer isso.
Nikolai riu alto. —Foi isso que ele te contou?
Virou no colo de Blayde e estreitou os olhos para ele. —Blayde? O
que ele quer dizer?
O homem tentou esconder o sorriso, mas essa tentativa não foi bem-
sucedida. —Nós só chamamos Lucas de Alfa. Quando nossos companheiros nos
chamam de Alfa é como dizer mestre.
Virou para encará-lo com as sobrancelhas levantadas. —Você quer
dizer que eu chamei você de mestre esse tempo todo? — Lutou para sair do
colo de Blayde, mas ele o segurou facilmente.
—Calma, amor. Eu gosto do jeito que você me chama de Alfa.
—Oh, eu aposto que gosta! — Se arrancou do colo do lycan e lhe deu
um longo olhar.
Virando, saiu da sala e seguiu pelo corredor.
Enquanto entrava no quarto pôde ouvir Blayde suspirar
profundamente. —Merda. Acho que é melhor eu cuidar disso.

****

Ryan estava perto da janela e ficou ali inquieto enquanto Blayde


entrava. Virou para encará-lo, mas só deu uma olhadela e voltou as costas
para ele, olhando fixamente a paisagem desolada.
O homem maior se encostou na soleira. —E então, Ryan? Com raiva
de mim porque te enganei para me chamar de mestre? Desculpe, amor, mas
foi uma piada.
—Eu não sei, Blayde — respondeu baixinho. —Tem certeza de que
não gosta?
Blayde se endireitou irritado e se forçou a falar com calma. —Bem,
inferno, claro que eu gosto. Você sabe que eu gosto de estar no comando, mas
não vou forçar a questão se você odeia tanto. A relação entre os lycans e os
seus companheiros é uma tradição antiga. Eu sou o chefe da nossa casa e
tomo as decisões por nós dois. Eu vou ter certeza que você está feliz e
satisfeito, e sempre vou cuidar de você. Seu único dever é para comigo. É o
seu trabalho me dar prazer, assim como é o meu cuidar do seu prazer. Eu lhe
disse na nave que você deve confiar em mim para cuidar de você. É assim que
é para os lycans, e eu não tenho vontade de mudar isso. Farei qualquer coisa
para limpar o seu nome e assegurar o nosso futuro juntos. Se me chamar de
Alfa ou agir de forma submissa é muito difícil para você, então vou tentar
diminuir um pouco. Eu quero que você seja feliz.

***

Diante do contínuo silêncio de Ryan, entrou mais na sala fechando a


porta atrás de si. Nervoso, apesar das suas palavras confiantes, se aproximou
do seu amante. —Quando chegarmos à embaixada lycan você verá como os
companheiros se comportam. Eles não pisam duro e gritam e dão aos seus
companheiros olhares sujos. Alguns deles usam uma tanga e se sentam aos
pés dos seus companheiros. Em contraste, eu tenho sido bastante leniente
com você, e paciente. Você está me ouvindo, Ryan?
Seu companheiro virou lentamente e o avaliou com aqueles olhos
verdes brilhantes. Seus longos cílios abaixaram, quase varrendo as bochechas
quando ele olhou para o chão. —Oh, eu estou ouvindo, Blayde. Eu estava
pensando quando você vai parar de me dar palestras e começar a me mostrar
a disciplina que eu preciso. Você está sempre me dizendo que está no
comando. Por que não me mostra? Eu tenho sido muito ruim. Um bom mestre
cuidaria disso.
Sibilou em uma respiração e deu outro passo em direção ao seu
companheiro, seu coração de repente batendo alto no peito. —Mas eu pensei...
Você parecia com raiva quando saiu da sala naquele momento.
—Não com raiva, Blayde. Surpreso. Animado. Pensando sobre como,
sendo meu mestre, você pode fazer o que quiser comigo. E como sendo um
bom companheiro eu posso te agradar. Eu quero agradar você, Blayde.
As palavras de Ryan foram direto para o seu pênis e sua ereção se
esticava agora contra suas calças. —Você está certo, querido. Eu preciso
cuidar muito de você. Tire suas roupas.
Ryan rapidamente desabotoou a camisa e a deslizou, dobrando-a
cuidadosamente e colocando-a em uma cômoda próxima. Tirou o jeans e a
roupa de baixo e colocou-os ao lado da camisa. Então se virou, os olhos ainda
abaixados, os únicos indícios de sua excitação no leve rubor ao longo de suas
bochechas e a rápida subida e descida de seu peito. Isso e a enorme ereção
agora se curvando na frente dele.
—Fique ao lado da cama, animal de estimação.
Obedientemente, Ryan foi para a cama. Veio atrás dele. —Incline-se
e coloque as mãos no colchão.
Quando ele estava no lugar, seu traseiro arredondado levantado
convidativamente, colocou a mão sob seu estômago para apoiá-lo. —Eu acho
que cinco serão suficientes para essa infração, não é, querido? Fique quieto e
aceite sua punição como um bom menino.
—Sim, Blayde — Ryan respondeu baixinho, tremendo com o que
esperava que fosse emoção. Com a mão sob sua barriga, pôde sentir a ereção
do seu companheiro balançando contra sua mão enquanto ele deslocava um
pouco seu peso. Ryan estava animado, tudo bem. Sua ereção estava dura e
aquecida contra a sua mão. Não resistiu a roçar seu dorso contra ele.
—Pronto, querido? — perguntou. Então trouxe a outra mão para
baixo nas bochechas bonitas à sua frente, espancando Ryan bem no meio da
sua bunda. Ele grunhiu e mexeu os pés novamente.
—Seja obediente. Pare de se mexer. Você tem sido mau, como
afirmou, e merece isso.
—Sim, Blayde. Me desculpe, senhor.
O espancou mais duas vezes em rápida sucessão, e Ryan gemeu
baixinho. Depois de verificar rapidamente para ter certeza de que o pênis dele
ainda estava duro, deu mais dois tapas fortes na parte inferior da sua bunda,
levantando-o dos seus pés e então puxando-o rapidamente contra sua virilha,
esfregando aquela bunda doce contra ela, agora com uma dolorosa ereção,
sustentando-o com uma mão na barriga e outra no peito.
Seu companheiro deixou sua cabeça pender em seu ombro,
respirando rapidamente, choramingando baixinho. —Você vai ser um bom
menino agora?
—Sim, Blayde — ele respirou suavemente.
Incapaz de aguentar mais um momento, o deitou gentilmente de
bruços na cama e quase arrancou suas roupas. Encontrou o lubrificante na
mesa de cabeceira e pôs a mão sob Ryan novamente sem confiar em sua voz
para falar. Cutucou Ryan para ele ficar de joelhos e rapidamente espalhou
lubrificante em sua pequena e rósea entrada. —Eu vou fazer amor com você,
querido.
—Sim, por favor, Blayde — ele respondeu, olhando por cima do
ombro com um sorriso tímido e sexy que quase o fez gozar naquele mesmo
instante. Respirou fundo e subiu na cama atrás dele, alisando com um dedo e
avançando para encontrar sua próstata. Pressionou gentilmente contra ela e
Ryan relaxou ainda mais, gemendo e se abrindo. Se inclinou e mordeu aquela
linda nádega rosada, depois afastou a dor com uma lambida.
Outro dedo se juntou ao primeiro, e Ryan começou a balançar contra
ele, pedindo mais.
—Você está pronto, querido? — Cutucou o vinco da bunda do seu
companheiro com seu pênis e encontrou o alvo. Estava tão duro e pronto
agora que vazava. Assistiu seu grande pênis enquanto entrava no traseiro rosa
e branco de Ryan, e gemeu em voz alta. O movimentou lentamente para
dentro, então se retirou novamente. Pegou o pênis do seu companheiro e
começou a acariciá-lo no mesmo ritmo. Foi consumido pela paixão e desejo por
seu doce companheiro que se contorcia e ofegava debaixo de si agora,
enquanto lhe dava prazer e controlava cada movimento seu. Se Ryan se
movesse para frente se afastaria do seu pênis, e se recuasse perderia o prazer
que sua mão estava lhe dando.
Foi capaz de sentir sua confusão enquanto Ryan ficava ali, sem saber
o que fazer, então ele finalmente cedeu e permitiu que seu mestre satisfizesse
o seu prazer. Poderia dizer o momento exato da rendição completa de Ryan,
quando seus braços cederam e ele caiu para frente com um gemido alto,
aceitando o seu controle e a sua dominação. Com os próximos golpes, seu
companheiro gozou explosivamente, gritando seu prazer, e o seguiu em
segundos, esvaziando suas bolas naquela bunda e mantendo-o empalado ali
em seu pênis até o seu clímax arrepiante se encerrar. Relutantemente se
retirou e deixou Ryan cair na cama, e caiu ao lado dele passando a perna
sobre o seu corpo possessivamente e puxando-o para perto.
Quando conseguiu falar de novo, colocou a mão na bochecha de Ryan
e a acariciou suavemente até seu companheiro abrir os olhos e o encarar
comas pupilas enormes, dilatadas de prazer. —De agora em diante, querido,
terei que administrar sua disciplina com mais frequência. Eu posso ver que o
deixei ir longe demais.
Os lábios de Ryan se curvaram em um sorriso sonolento quando suas
pálpebras se abaixaram. —Hmmm, sim, Blayde. Acho que vou precisar de
muito mais da sua atenção no futuro.
—Ótimo, amor — respondeu baixinho. —Eu não tenho certeza se
você realmente aprendeu a lição. Antes de chegarmos à embaixada talvez
precise te ensinar um pouco mais sobre como os bons companheiros devem se
comportar. Deixe-me descansar por um momento e continuaremos.

****
—Não, Blayde, sinto muito, na verdade eu não estou tentando ser
difícil, mas apenas não é bom o bastante!
Ryan balançou a cabeça com firmeza e cruzou os braços sobre o
peito. Estavam em seus aposentos no complexo da embaixada lycan,
localizado no coração de Nova Washington na Terra. Eles tinham chegado dois
dias antes, sua pequena delegação composta por Ryan, Blayde, Kyle e Nikolai.
Lucas tinha ficado para trás em Lycanus 3 com preocupações
prementes a respeito da operação de mineração, mas ele tinha ficado em
contato com o embaixador lycan via holograma nos últimos dois dias. Blayde
tinha acabado de sair de uma reunião com o embaixador e lhe apresentado as
últimas notícias sobre suas negociações.
—Ryan, seja razoável. O acordo que Lucas elaborou com o
embaixador é muito razoável e bastante benéfico para nós, devo acrescentar.
Você entendeu que eles estão preparados para lhe dar asilo em Lycanus e
Lycanus 3, e a Aliança não ousará violar isso? Nós nem precisamos nos mudar!
Você estará a salvo agora, querido, e eles não poderão tocar em você sem
iniciar um incidente intergaláctico desagradável. Assim que a Aliança descobrir
o acordo, não ousará começar nada.
—Mas e o juiz? Não acontece nada com ele? Ele assassinou o meu
amigo, Blayde. Ele poderia fazer o mesmo com outra pessoa se não o
pararmos! Além disso, significa que eu não poderei sair do planeta para
acompanhá-lo em suas viagens, a menos que seja para Lycanus! Nós vamos
ser como Gunnar e Ivan!
—Assim que notificarmos a Aliança sobre isso, o juiz Partland saberá,
Ryan. Ele será muito mais cauteloso no futuro. E quanto à viajar, vou ficar em
Lycanus 3 e ajudar nas minas. Eu não vou deixar você, amor.
—Você odiaria isso! E quanto ao juiz, que diferença fará se ele souber
que estamos de olho nele? Ele vai esconder os corpos um pouco melhor da
próxima vez? — Passou a mão pelo cabelo que começava a crescer de novo.
Não se importava com os cachos dourados, embora seu cabelo curto tivesse
sido muito menos problemático, mas Blayde não permitia que cortasse e, de
fato, tinha lhe feito ameaças severas se tocasse em uma tesoura. Teve que
recorrer a greves e intimidação porque gostava muito das palmadas,
especialmente porque elas quase sempre terminavam com sexo.
—Amor, ele é um homem muito poderoso e arrogante. Não
poderemos fazer muito para ameaçá-lo. A Aliança se recusa a reabrir a
investigação sobre a morte do seu amigo.
Começou a andar em volta do quarto de luxo em que os colocaram. E
estava usando uma tanga de couro como os outros companheiros da
embaixada. Tinha decidido por conta própria usar um deles enquanto
estivessem na embaixada, ou pelo menos sozinhos em seus aposentos. Fez
isso tanto para agradar Blayde quanto para deixá-lo louco. Enquanto andava
de um lado para o outro, sentiu o olhar aquecido do lycan em sua bunda
totalmente exposta. —E se de alguma forma nós o pegarmos em uma
confissão? Se formos vê-lo, ele não será capaz de resistir a se gabar disso,
Blayde. Eu sei o quão arrogante e acima da lei ele pensa que está. Eu poderia
incitá-lo a uma confissão e então poderíamos levar isso à polícia.
—Ryan, seja realista. Nós nunca vamos pegá-lo em uma confissão,
porque nunca teremos permissão para vê-lo. E talvez eu não tenha sido claro,
mas você terá asilo em Lycanus e seus domínios. Não na Terra. Você sai da
embaixada e corre o risco de ser reconhecido e preso. Assim que notificarmos
a Aliança, a embaixada garantirá uma passagem segura de volta á nossa nave
para você, mas é isso.
—Mas, espere, antes dos lycans notificarem a Aliança, e se
pudéssemos enredar o juiz? Mais ou menos como você fez comigo no leilão?
Você sabe, como uma cilada. Você oferece a ele uma chance de um novo
submisso, com o qual ele queria ficar há muito tempo. Eu! Não acho que ele
poderia resistir nem por um momento. Ele sabe que você é um caçador de
recompensas e um Viajante. Muitos deles farão qualquer coisa por um lucro
maior. Você poderia dizer a ele que fingiu minha morte só para ter mais lucro
com ele. Que me entregará se ele te der uma grande soma de dinheiro. Ele
acreditaria nisso, Blayde!
—Então eu poderia incitá-lo a uma confissão de algum tipo. Eu
poderia ter um chip de gravação em mim para pegar tudo. Quando tivermos a
confissão dele você pode entrar e me pegar. O que acha?
—Você nem quer saber o que eu penso! De todos os esquemas
absurdos e ridículos que eu já tive a infelicidade de ouvir... — Blayde se
aproximou para impedi-lo de andar para lá e para cá e abraçá-lo. —Você não
vai chegar perto desse maníaco, fui claro? Se eu tiver que amarrar você nessa
cama até sairmos, eu amarrarei. Como você poderia pensar que eu o arriscaria
desse jeito?
—Mas Blayde...
—Nada de “mas”! Está fora de questão! — Ele pegou o comunicador e
digitou um número. —Nikolai? Preciso levar Ryan para a nave imediatamente.
Um acordo foi alcançado e partiremos em breve. Preciso que você ou Kyle o
leve até à nave para mim e vigie-o até eu chegar lá. — Ele assentiu e então
virou para encará-lo. —Prepare-se. Você será levado à nave imediatamente
enquanto eu concluo as negociações. Se eu souber por algum dos meus primos
que você deu trabalho a eles, vou me certificar de que nunca mais pense em
me desobedecer novamente. Fui claro?
Corou e assentiu, abaixando o olhar. Blayde cedeu e o arrastou em
seus braços.
Ele levantou seu queixo com um dedo e o fez encará-lo. —Você é
muito precioso para eu arriscá-lo, querido, mesmo que esse seu plano tivesse
uma chance de dar certo. Kyle e Nikolai irão levá-lo à nave agora, e me
juntarei a você em algumas horas, para que possamos voltar para casa e
seguir com as nossas vidas. Seja bom e não dê trabalho a eles, tudo bem?
—Sim, Blayde — respondeu em um tom mal-humorado. Blayde se
inclinou e o beijou na testa, nariz, bochechas e, finalmente, nos lábios.
Suspirou e se inclinou para mais perto dele. —O que quer que diga.
—Obrigado, querido. — O homem maior moveu as mãos para baixo
para agarrar seu traseiro. —Agora coloque algumas roupas antes que meus
primos cheguem aqui. Eu confiaria neles com a minha vida, mas ninguém seria
capaz de resistir a essa sua bunda sexy. — Ele colocou outro beijo na ponta do
seu nariz e deu a sua bunda um tapinha brincalhão e um aperto. —Entretanto,
não perca sua tanga, querido. Acho que é um hábito que preciso encorajar
quando te levar para casa.
Ryan sorriu e Blayde o liberou para colocar algumas roupas antes de
irem embora. Ficou desapontado e enviou uma pequena e silenciosa prece
para que, onde quer que Blaine estivesse, que o perdoasse por não ter
conseguido justiça por seu assassinato. Blayde estava certo, ele
provavelmente só seria preso ou pior se tentasse confrontar o juiz Partland.
Ele estava muito bem guardado, muito firmemente entrincheirado como um
funcionário público respeitado. Além disso, acreditava em Blayde quando ele
disse que iria puni-lo tanto que nunca desobedeceria novamente. Claro, isso
poderia ser divertido.
Quando terminou de se vestir, Blayde tinha feito a mala em seu lugar
e estava praticamente batendo o pé em impaciência. Nikolai e Kyle estavam
parados do lado de fora do quarto, prontos para levá-lo até o navio. Foi até a
porta e pegou a bolsa da mão de Blayde, cruzando-a para se juntar aos primos
do seu lycan. Blayde o puxou de volta em seus braços e o beijou intensamente
antes de soltá-lo. —Isso deverá sustentá-lo até eu voltar à nave. — Ele pegou
um boné do cabide na parede e o colocou sobre seus cachos brilhantes, bem
sobre da sua testa. Ele puxou seu colarinho para tentar esconder seu rosto
ainda mais. Finalmente satisfeito por tê-lo disfarçado o melhor que pôde, olhou
para Kyle e Nikolai, que esperavam com expressões gêmeas de diversão por
ele terminar. —Cuidem do meu companheiro, primos. — Blayde o olhou com
carinho.
Ele o soltou com outro pequeno aperto, e seguiu Kyle e Nikolai para o
andar de baixo e saiu para esperar o transporte que lhe disseram já ter pedido
para levá-los até o porto espacial. Uma vez lá, encontrariam o hangar em que
o transporte estava ancorado para levá-los até a nave. Estava entre os dois
altos lycans, sentindo-se um nanico diante do tamanho deles, mas protegido
ao mesmo tempo. Manteve os olhos na calçada enquanto lhe diziam para
manter a cabeça abaixada, então não viu o transporte quando parou no meio-
fio, pairando logo acima da calçada. Ficou surpreso quando ouviu o grunhido
baixo de dor de Nikolai quando sentou na frente dele. Seu braço foi sacudido
bruscamente quando foi arrastado para frente, e o transporte decolou e
disparou a uma velocidade alarmante.
Quando se endireitou no assento, pôde sentir o corpo de Nikolai
esparramado, ainda respirando pesadamente, graças aos deuses. Levantou a
cabeça e se viu encarando um par de olhos negros e cruéis a poucos
centímetros dos seus. O homem estranho parecia tanto chateado quanto
enojado.
—Bem-vindo de volta à Terra, Randy Ryan. Pelo menos por um
tempo. O juiz ficará muito feliz em vê-lo novamente, seu bastardinho. Agora,
junte-se ao seu amigo aqui e tire uma soneca, garoto, então você estará calmo
e descansado para o juiz. — Ele tocou sua têmpora com o bastão de
atordoamento e a dor atravessou sua cabeça como fogo, e gritou em agonia.
Fechou os olhos enquanto a dor girava em volta do seu cérebro, até que a
escuridão se adensou e não soube de mais nada.

Capítulo Oito
Nikolai nunca sentiu uma fúria mais intensa em sua vida. Durante a
última hora desde que acordou, tinha sido amarrado nu a um suporte nesta
sala, seus braços e pernas bem abertos. Ryan estava amarrado ao suporte ao
seu lado de uma maneira parecida. O companheiro do seu primo ainda
alternava entre consciência e inconsciência, e embora pudesse ouvir sua
respiração irregular ao seu lado, seu maior medo era que ele parasse de
respirar a qualquer momento. Vinha tentando conversar com ele de forma
tranquilizadora há algum tempo, embora Ryan nunca respondesse. Esperava
poder ouvi-lo em algum nível. Era imperativo manter Ryan vivo até que Blayde
e Kyle os encontrassem. A arma de choque impediu que seu lobo lycan se
aproximasse, e ainda estava fazendo isso. A paralisia parcial que as armas
causaram tinha de algum modo causado um curto-circuito em suas
habilidades, e embora pudesse sentir os efeitos desaparecendo, ainda não
tinha controle absoluto.
Sabia sem sombra de dúvida que viriam por eles. Só precisava
permanecer e manter Ryan vivo até chegarem ali. Já tinham sido torturados
com dor por mais de uma hora.
Só quando Ryan perdeu a consciência que eles pararam, mas sabia
que seria apenas uma questão de tempo antes que retornassem. Ouviu uma
porta se abrir às suas costas e virou a cabeça o máximo que pôde para ver
quem tinha entrado. Um homem alto, magro e humano de cerca de cinquenta
anos, cercado por vários outros grandes machos humanos — guarda-costas
que se amontoaram ao redor dele — entrou na sala e foi até onde estavam
pendurados.
—Ora, um lycan... Eu nunca vi um tão de perto. Você é realmente
interessante, não é? — O humano passou a mão sobre o seu quadril. —Muito
lindo. Entendo que os machos lycan se orgulham de nunca se submeterem a
outro macho. O humano sorriu, embora esse sorriso só alcançasse seus lábios.
—Me pergunto se isso é verdade. Que desafio lindo de empreender. Entendi
que as armas de choque foram muito eficazes em controlá-lo. Me pergunto
quanto tempo levaria para você ficar de joelhos para mim?
O humano deu um soco em seu lado direito, um soco doentiamente
forte. Sentiu um estremecimento de dor quando se conectou com um dos seus
rins. Silvou profundamente e virou a cabeça para encarar o humano. —Você
vai pagar por isso, seu bastardo.
O homem, que imaginou ser o juiz Partland, jogou a cabeça para trás
e riu. —Eu chamaria isso de conversa corajosa, para uma criatura na sua
posição, lycan. Você parece estar muito à minha mercê no momento.
—Eu não estou com medo de você, escória humana. Posso aguentar
o que quer que me dê.
—Talvez sim, mas e o seu amante aqui?
Ficou quieto, sabendo que ele estava falando de Ryan. Se pensasse
que ele era o seu companheiro, talvez pudesse usá-lo de alguma forma em
vantagem própria. Então, pensando bem, isso só poderia trazer mais dor a
Ryan, se ele tentasse machucá-lo para lhe tirar do sério. Incerto sobre o que
fazer, decidiu ficar quieto e não dar nenhuma informação ao desgraçado.
—Não o machuque — falou. —Faça o que tiver que fazer comigo, mas
deixe-o fora disso.
—Mas qual seria a graça disso? — Partland se aproximou de Ryan e
puxou a cabeça dele para trás para olhar em seu rosto. Ryan abriu os olhos
um pouco e o encarou inexpressivamente.
—Eu tenho procurado esse garoto há muito tempo. Tinha arranjado
sua morte na prisão, mas você e sua tripulação de lycans o roubaram de mim.
Realmente achou que eu acreditaria que ele morreu tentando escapar? — Ele
riu brevemente. —Eu sabia que deviam estar com ele e que seria apenas uma
questão de tempo antes de virem até os outros lycans em busca de ajuda. Eu
tenho meu pessoal dentro da embaixada há muito tempo. Qualquer pessoa
com tanto dinheiro e tanto poder sobre o governo da Aliança vale a pena ficar
de olho. Eu soube no momento em que você chegou com ele e fiz meus
homens esperarem pacientemente do lado de fora até que se mostrasse.
Agora que o tenho, quero matá-lo pessoalmente, mas não antes de provar um
pouco dele.
Forçou as cordas fortes que o seguravam com indignação e fúria
cegas. Podia sentir sua fera muito perto da superfície.
—Oh, você gostaria de assistir? Certamente! Acho que isso pode ser
arranjado com bastante facilidade. — Ele virou a cabeça e acenou para os seus
capangas. —Desçam o menino, homens, e deixem o nosso hóspede mais
confortável.
Os guardas se aproximaram e soltaram as cordas que sustentavam
Ryan e o deixaram cair no chão.
Então se inclinaram e o pegaram pelos braços, o arrastando até a
mesa no centro da sala. —Dobre-o sobre a mesa e segure seus braços.
Torcendo a cabeça, pôde vê-los empurrando Ryan para deitar de
bruços no móvel, e então cada um dos dois homens segurou seus pulsos com
força enquanto Partland soltava o cinto. —Finalmente vou conseguir o que
quiser desse idiota muito bonito. Acho que depois disso irei preenchê-lo com o
meu pau. Alguma dica que possa me dar, lycan? Alguma palavra de
encorajamento?
Rugiu de raiva. Se a fúria e a indignação o ajudaram a superar os
efeitos da arma de choque, ou se os efeitos acabaram no momento certo,
nunca soube. Mas sentiu seu lobo lycan saltar com uma vingança enquanto
mudava. Rasgando e se livrando das cordas, a enorme criatura contorceu seu
corpo maciço e caiu no chão. Pôde ouvir os homens gritando enquanto
tentavam fugir do quarto, soltando os braços de Ryan e permitindo que ele
caísse no chão. Saltou sobre o seu corpo e pegou um guarda na porta,
passando suas garras selvagens em sua garganta, o sangue do homem
espirrando em seu peito enquanto aquele corpo sem vida caía no chão. Virou e
rosnou novamente enquanto enfrentava os homens que estavam amontoados
do outro lado da sala, estendendo as armas e os bastões em sua direção.
Ouviu outra comoção do lado de fora no corredor, pessoas gritando e
correndo, gritos altos de alarme e pânico, mas já tinha pulado. Sentiu um duro
golpe sob seu peito, mas seu impulso o levou para frente. Pôde sentir os
bastões queimando sua carne enquanto caía, então a escuridão o engolfou.

****
Desde o instante em que Kyle tropeçou em seu quarto, o rosto
marcado com horror e raiva, Blayde estava quase entorpecido pelo terror.
Tinha estado insensível, não se permitindo pensar no que poderia estar
acontecendo com o seu companheiro e com o seu primo amado enquanto
informava ao embaixador e reunia as forças necessárias para atacar o
complexo do juiz Partland. Devia ser onde ele os estava escondendo. Partland
devia estar contado com seu alto posto na Aliança para protegê-lo, mas o fato
de que o juiz tinha realmente fodido desta vez e sequestrado um lycan, e não
apenas qualquer lycan, mas um membro de uma respeitada família lycan,
ajudou a tornar a decisão fácil para o embaixador. Sem pensar duas vezes, o
homem organizou um contingente completo de guardas lobos, guerreiros do
exército lycan, para acompanhá-lo e à Kyle quando fizessem o ataque. Tinha
se forçado a esperar a meia hora que os guardas precisaram para se preparar,
não que os guerreiros lycans precisassem de muita coisa contra os humanos,
mas nunca sabiam o que enfrentariam dentro do complexo.
Agora enquanto se aproximava da área alvo, não estava mais apenas
em uma missão de resgate. Planejava matar o juiz lentamente e com extremo
dano. Se o homem tiver machucado um fio sequer na cabeça do seu
companheiro, o manteria vivo e em agonia por dias. O aerodeslizador pousou
no telhado e desceram, então entraram complexo. Os guardas de Partland
ofereceram pouca resistência, que terminou rapidamente quando dois ou mais
guerreiros se transformaram em suas formas de lobo de lycan. Naquele
momento, os guardas do juiz correram aos berros, tropeçando uns nos outros
para descer para o nível inferior. Gritando e rosnando, os lycans os seguiram
para baixo, saltando à sua frente e os espancando enquanto corriam. Um
cativo implorando por sua vida lhes disse onde procurar por Partland. Ele
contou que o homem estava na masmorra do porão com seus prisioneiros.
Quando ele e Kyle chegaram ao porão ouviram os uivos e gritos
vindos do último cômodo do corredor. Correndo para o quarto, abriram a porta
para uma cena horrível. Três guardas mortos jaziam ensanguentados no chão,
e Nikolai, nu e sangrando, estava voltando à sua forma humana, enquanto o
juiz Partland e um dos guardas ainda se encolhiam no canto. Mas seu olhar
caiu principalmente em seu companheiro, e seu coração quase parou quando
viu seu corpo nu cair no chão embaixo da mesa. Chegou a ele em duas
passadas enormes, tomando-o em seus braços. Quando descobriu que ainda
estava respirando, seu coração voltou a bater, e tirou sua camisa para cobri-lo
antes de levantar com ele embalado em seus braços. Kyle ajudou um ferido e
trêmulo Nikolai, com lesões que sangravam em seu peito, a se levantar.
Mais guerreiros lycans correram às suas costas, e virou a cabeça em
direção a Partland e sua guarda restante. —Proteja os prisioneiros e os tragam
conosco. Entre em contato com a embaixada e avise-os de que estamos
levando feridos. Certifique-se de que o médico esteja familiarizado com a
anatomia lycan e humana. Segurando Ryan perto do peito, se certificando de
que Kyle o seguia com Nikolai, subiu as escadas correndo até o aerodeslizador.
Garantindo que todos estivessem de volta a bordo, incluindo os prisioneiros,
fez sinal para o piloto decolar antes que a polícia da Aliança chegasse. Não
deixaram ninguém vivo no complexo para contar qualquer história sobre o que
aconteceu. Com alguma sorte, poderiam fazer uma fuga limpa e evitar um
incidente galáctico por causa disso. Se inclinou e salpicou beijos no rosto de
Ryan. Nunca deixaria seu companheiro fora da sua vista novamente.
Ryan se mexeu inquieto e abriu um olho para se concentrar no seu
rosto. —Oh, é você — disse ele com um suspiro. —Por que demorou tanto?

****

Ryan acordou para encontrar Blayde firmemente aconchegado contra


o seu corpo, uma perna enorme jogada sobre a sua, e um braço apertado em
volta da sua cintura. A ereção rígida do homem maior ardia em sua coxa, e ele
o cutucou um pouco mais com ela quando tentou sair de debaixo do braço
dele. Blayde acordou e o apertou ainda mais.
—Aonde você pensa que está indo?
—Eu não ia a lugar nenhum, Blayde, eu só estava com calor.
—Oh — ele disse irritado. Ele afastou o cobertor de cima de ambos e
depois se deitou, apertando ainda mais sua cintura. —Volte a dormir, querido.
—Mas eu dormi o dia inteiro. Você não vai me deixar sair da cama
por tempo o suficiente para fazer qualquer outra coisa. Por favor, Blayde.
Acorde e converse comigo, ou me deixe levantar e ir assistir alguns filmes ou
algo assim.
—Sem chance, querido. O médico disse para mantê-lo na cama por,
pelo menos, quarenta e oito horas.
—E já se passaram mais de sessenta horas! Por favor, Alfa, eu vou
ter úlceras de pressão na pele.
Blayde bufou, mas se sentou esfregando o rosto e se alongando.
—Tudo bem, mas só um pouco. Eu acho que nós poderíamos fazer um
lanchinho da meia-noite. — Ele se levantou e foi para a cozinha, olhando por
cima do ombro em sua direção enquanto se esforçava para segui-lo, e ele
apontou aquele longo dedo. —Não. Você fica aí. Eu vou trazer.
Suspirando intensamente, empilhou alguns travesseiros atrás de si e
se recostou neles. Não teve que esperar muito antes de Blayde reaparecer
carregando uma bandeja com um pouco de queijo vesuviano dourado que
adorava, junto com algumas bolachas e vinho tinto. Havia um grande copo de
leite na bandeja também, e pôde adivinhar qual bebida era a sua.
Obviamente Blayde colocou a bandeja em seu colo e pegou a taça de
vinho para tomar um gole.
—Antes de dizer qualquer coisa, querido, você tem uma lesão na
cabeça e o médico disse que nada de vinho ou bebida alcoólica de qualquer
tipo enquanto estiver tomando o remédio que lhe deu.
Suspirou e assentiu. —Ok, mas me conte sobre Nikolai. Ele vai ficar
bem?
—Nik? Oh, sim, ele está bem, amor. Graças aos deuses pelo que ele
fez para protegê-lo, ou eles poderiam tê-lo machucado ainda mais antes que
eu pudesse chegar até você. Nikolai disse que os bastardos iam te estuprar.
Eles atiraram nele no peito, mas por sorte erraram todos os seus órgãos vitais,
e com seu rápido metabolismo lycan, ele se curará rapidamente. E logo estará
de volta aos seus pés.
—Ótimo. Sabe pude ouvi-lo conversando comigo enquanto estávamos
amarrados na câmara de tortura. Ele tentou me consolar. Eu não tinha estava
em condições de responder, mas eu o ouvi e soube que não estava sozinho.
Isso realmente ajudou.
Blayde se inclinou para beijá-lo. —Eu sinto muito, querido. Se aquele
bastardo realmente te machucasse...
—Falando nisso, onde ele está?
—O embaixador o entregou à polícia.
—O que farão com ele?
—Espero que o executem, mas eu não sei. — Seu lindo lycan
respondeu severamente. —Tentei fazê-los me deixar dar uma palavrinha com
ele, mas recusaram. Ele confessou o assassinato do seu amigo e manipulou o
vídeo assim como pensamos. Ele também confessou sequestrar você e
planejar violentá-lo e ao Nikolai, e depois matar os dois. A confissão foi feita à
polícia, e o embaixador lycan está se certificando de que seu nome seja limpo.
—Uma confissão parece um pouco fora do personagem para Partland.
—Bem — Blayde falou timidamente —, um pouco de persuasão pode
ter sido usada.
Deu uma risada. —Posso imaginar o tipo de persuasão que os lycans
usaram. Não que ele não merecesse. — Estremeceu e se inclinou para o peito
de Blayde. —Não me conte mais nada. Acho que não me sinto muito bem
depois de tudo.
—Eu sabia — Blayde falou, tirando a bandeja do seu colo e puxando
os travesseiros de trás do seu corpo. —Deite-se, amor, e volte a dormir.
—Eu não preciso dormir, Blayde. Eu preciso de você.
—Não, querido, é cedo demais. — Virou a cabeça e lambeu seu peito,
em seguida deixou a língua viajar todo o caminho até o umbigo. Então enfiou a
língua lá dentro e riu quando Blayde ofegou em voz alta. Continuou descendo
por sua virilha, então deu ao pênis dele uma série de lambidinhas até alcançar
a cabeça e lhe dar um beijo.
Olhou por baixo dos cílios para o seu companheiro lycan e sorriu.
—Tem certeza de que não posso te convencer, Blayde? Você prometeu que
sempre cuidaria de mim. Blayde gemeu e arrastou para cima dele. —Eu
prometi, não foi? E um lycan nunca volta atrás em suas promessas.

Você também pode gostar