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NATAL-RN
2020
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 4
1.1 CARACTERIZAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA DA
PESQUISA 4
1.2 HIPÓTESE 6
1.3 OBJETIVO 6
1.4 JUSTIFICATIVA 7
2 REFERENCIAL TEÓRICO 10
3 METODOLOGIA E TÉCNICAS DE PESQUISA 23
4 PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO 24
5 RESULTADOS ESPERADOS 25
REFERÊNCIAS 26
RESUMO
O trabalho de pesquisa aborda a Copa do Mundo de Futebol FIFA 2014 na cidade do Natal-
RN. O objetivo é a investigação dos legados e dilemas desse megaevento esportivo para a
capital do Estado do Rio Grande do Norte. Trata-se de uma pesquisa exploratória e
qualitativa. Espera-se a contribuição com a melhoria da qualidade de vida na capital norte-rio-
grandense, estimulando políticas públicas para a resolução da problemática no que diz
respeito à gestão do território urbano. Em suma, alcançado esse resultado com base na
investigação sobre o legado da Copa do Mundo 2014 na cidade do Natal-RN, tem-se maiores
subsídios para o planejamento, formulação, execução e avaliação de políticas públicas em
obras de grande porte durante megaeventos esportivos futuros, na medida em que a reflexão
crítica no campo da gestão territorial urbana conduz à intervenção futura mais democrática,
equânime e inclusiva.
Palavras-chave: Megaeventos esportivos; Copa do Mundo de Futebol FIFA 2014; Legados e
dilemas; Natal-RN.
4
1 INTRODUÇÃO
1.2 HIPÓTESE
1.3 OBJETIVO
1.4 JUSTIFICATIVA
cidades médias decorrentes das alterações promovidas por grandes megaeventos esportivos,
como é o caso da Copa do Mundo de Futebol FIFA 2014. Entende-se que esse trabalho
acadêmico poderá trazer uma contribuição à sociedade natalense, já que apresenta uma
problemática associada às novas modificações territoriais que vieram junto a esse enorme
megaevento esportivo mundial, algo que ainda não foi objeto de pesquisa acadêmica.
Essa pesquisa acadêmica espera contribuir com a sociedade natalense, porque
contemplará legados e dilemas das desterritorializações-territorializações-reterritorializações
realizadas por intermédio do Mundial de Seleções de Futebol FIFA 2014, na cidade do Natal-
RN. Em relação aos dilemas, abordará não só as questões que concernem aos dilemas
territoriais produzidos pela Copa do Mundo 2014 na cidade do Natal-RN, mas o levantamento
de alternativas para a redução e/ou eliminação de tais processos que implicaram
negativamente sobre o bem-estar da sociedade local. A partir daí, cria-se uma contribuição
fundamental para a gestão do território da capital do RN, visto que permite o exame crítico e
reflexivo sobre a participação popular no planejamento, criação, execução e avaliação dos
projetos de infraestrutura e equipamentos urbanos que mudaram definitivamente o território
natalense.
Nessa perspectiva, espera-se contribuir com a melhoria da qualidade de vida na capital
norte-rio-grandense, estimulando políticas públicas que reflitam mais e melhor acerca das
questões que dizem respeito à gestão do território urbano, em que pese a formulação de
planos, programas e projetos no que se refere ao planejamento, produção, execução, gestão e
avaliação. Além disso, almeja-se a busca de relacionamento entre teoria e prática que trará a
reflexão crítica acerca de noções básicas para a ciência, particularmente território,
megaeventos, políticas públicas, globalização, mundialização, fragmentação, neoliberalismo,
desenvolvimento urbano, sociedade e ambiente, sustentabilidade, crescimento econômico,
prosperidade, decrescimento econômico e complexidade, e isso a partir das modificações
territoriais produzidas em função da realização do evento Copa do Mundo de Futebol FIFA
2014 na cidade do Natal-RN.
Em suma, alcançados esses resultados, teremos maior compreensão dos legados e
dilemas na hora do planejamento, formulação, execução e avaliação de políticas públicas que
usam o dinheiro público em obras de grande porte durante megaeventos esportivos futuros, na
medida em que os problemas no campo da gestão territorial suscitarão críticas e reflexões a
respeito de alternativas futuras mais democráticas, equânimes e inclusivas. Mais do que isso,
a pesquisa pretende alcançar respostas que atendam às necessidades e anseios do cidadão
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rumo ao direito à cidade para o atendimento ao bem-estar comum, e não como meio para a
obtenção de lucros.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Assim, o espaço urbano, criado pelo e para o capital, não é reproduzido de acordo com
as necessidades dos grupos sociais sem expressividade a nível político e econômico, mas sim
a partir do Estado que, contendo interesses convergentes e divergentes entre os grupos
hegemônicos, nele inseridos, organiza e reorganiza o território a partir da lógica da
acumulação do capital e do lucro. O Estado não é neutro, pois orienta a transformação
espacial segregadora, deixando de investir em espaços urbanos segregados, os quais, pelo seu
caráter necessário, fazem-se urgentes e prioritários, embora não mereçam atenção por parte do
planejamento e gestão estatais do território nos espaços urbanos.
Nesse sentido, Manoel Correia de Andrade (1984, p. 17-20), afirma que:
acordo com a valorização seletiva dos espaços. Tais práticas, levadas a cabo tanto nos países
de Primeiro Mundo quanto nos países de Terceiro Mundo, manisfestas nos chamados "pólos
de crescimento", embora almejando inicialmente a correção das desigualdades regionais,
aprofundaram ainda mais tais desníveis socioeconômicos e espaciais, sendo orquestradas,
especialmente no caso dos países periféricos, por forças exteriores e que estão associadas aos
interesses hegemônicos locais e regionais, apesar da lógica cultural atuar como barreira ao
movimento de homogeneização. Portanto, os Estados não são as únicas unidades básicas de
atuação política, como afirmou Ratzel durante o segundo quartel do século XIX, apesar de
serem ainda os responsáveis pela construção do espaço estatal, o qual, aliás, serve de base
para a acumulação capitalista.
A partir dos anos 60, especificamente na década de 70, dá-se início a uma série de
inovações tecnológicas, especialmente na micro-eletrônica e nas comunicações, ao lado das
inovações tecnológicas difundidas com a Segunda Revolução Industrial (século XIX), que
promoveram melhorias consideráveis nos meios de transporte e comunicação, sendo tais
avanços técnicos responsáveis pela contração das distâncias e pela formação de uma maior
velocidade e interdependência entre os fluxos econômicos, comerciais, financeiros e
espaciais. Isso minimizou o poder geopolítico dos Estados baseados apenas no solo, na
posição geográfica, nas fronteiras e nos recursos naturais.
Com a internacionalização da economia e o mercado unificado, num sistema de redes
técnico-informacionais, os espaços transnacionais extrapolaram as fronteiras dos Estados,
dominando-os e sujeitando-os à lógica da acumulação capitalista, valorizando e revalorizando
seletivamente os espaços através de desterritorializações e reterritorializações, baseadas em
novas vantagens comparativas de cada lugar ou território, como é o caso da base técnica -
redes técnico-informacionais e infraestruturas - e do nível de acesso de qualificação da força
de trabalho local. A esse respeito, Kurz (1992) disse que as economias latino-americanas
foram expelidas da circulação global, porque a geração de novas tecnologias exclui antigas
vantagens comparativas, tais como os recursos naturais e a mão-de-obra abundante.
Para Milton Santos (1996, p. 96):
Vinculado à lógica dos "fluxos de informação" (DIAS, 1995, p. 141), que promovem
a padronização e a eliminação das relações entre os diversos grupos sociais e desses com o
seu território, os territórios também podem formar os "aglomerados de exclusão" ,
marginalizados e submetidos ao "caos" e à "desordem", embora aí se desenvolvam processos
de desterritorialização a partir de neofundamentalismos e neonacionalismos (HAESBAERT,
1995, p. 197) xenofóbicos e naturalistas.
Com relação a isso, diz Robin (1995, p. 16):
Para Haesbaert (1995), é vital, pois, o caráter profundamente ambíguo e paradoxal dos
territórios, pois estão ligados tanto aos fluxos de informação dominantes, sendo portanto
utilitaristas e funcionais, quanto manifestam um maior enraizamento econômico, político e
cultural, constituindo uma massa amorfa e "deslocada" (território supérfluo); no primeiro
caso, ocorre uma menor sociabilidade e socialização por causa da contratação das distâncias e
da mediação das relações sociais pela técnica, sem esquecer que tem acontecido no Primeiro
Mundo e no Terceiro Mundo o desemprego estrutural e a formação não mais de um exército
industrial de reserva apregoado por Karl Marx, mas uma massa de despossuídos ou excluídos
da vida econômica, política e cultural, embora do ponto de vista espacial possam ser mais
visíveis nos países subdesenvolvidos; no segundo, uma maior identificação entre território e
sociedade, além de instabilidade e melhoria na socialização e sociabilidade, tendo
equivalência entre política, economia, cultura e território, apesar dos “Territórios-Rede”
(SOUZA, 1995, p. 94) promoverem a desterritorialização a seu modo bem como concorrerem
para o aumento da insegurança e da violência, como é o caso do tráfico de drogas nas favelas
do Rio de Janeiro.
Nesse sentido, quando o tema em questão são os megaeventos esportivos, não se deve
confundir a globalização econômica com a ideia de uma evolução linear progressiva, havendo
sempre, portanto, a possibilidade de avanços e recuos. Isso posta, a globalização econômica,
amparada no neoliberalismo e na expansão contínua e amplidada dos mercados, elege o mito
do crescimento econômico ilimitado e dos investimentos internacionais como em expansão
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contínua e uniforme, sem levar em consideração que os legados e dilemas são sempre
distribuídos de forma combinada e desigual no território urbano.
Da mesma forma, também há muito menos uma transformação geral, concomitante e
uniformemente produzida em relação as diversas dimensões do capital, a saber: social,
econômica, política, cultural e ambiental. Dessa forma, por ocasião dos megaeventos
esportivos, enquanto muitos são excluídos dos legados, para ser justo a maioria,
especialmente as classes sociais pobres e miseráveis, uma minoria privilegiada é atendida em
seus anseios e desejos por intermédio de toda sorte de infraestruturas e equipamentos urbanos
que são alvo de disputa política no território, cuja institucionalização se dá no Estado.
Por sua vez, pode-se argumentar que a fragmentação é a dinâmica que se contrapõe e
compõe à globalização econômica, e é possível antever que a expansão dos megaeventos
esportivos cumpre a função de apoio e resistência ao capital especulativo, financeiro e
rentista. Nesse sentido, o capitalismo rentista aposta na expansão ampliada, centralizada e
contínua do capital especulativo, e os megaeventos esportivos compõem cenários territoriais
propícios para a realização dos lucros em detrimento do atendimento às necessidades básicas
dos citadinos no que no que se refere à alimentação, saúde, educação, moradia, emprego,
segurança e transportes, principalmente nas cidades dos países subdesenvolvidos, ao passo
que as classes sociais excluídas reagem a seu modo, muitas vezes de forma desorganizada e
alienada.
Também se faz necessário o destaque que são os países subdesenvolvidos os alvos
prioritários das políticas neoliberais, as quais provocam reivindicações das classes
marginalizadas e alguns pequenos avanços em termos de cidadania. A esse respeito, a resposta
do Estado é mais no sentido de reação a essas lutas políticas dos oprimidos do que em prol de
uma mudança de rumo na gestão do território urbano que favoreça uma gestão territorial
democrática e participativa.
Isso posta, no que concerne aos megaeventos esportivos, se não há a perda, mas
redução, delegação ou partilha do poder de controle do Estado sobre diversos fluxos nacionais
e transnacionais através de suas fronteiras, o que se detecta através da imposição de normas
por intermédio dos grandes grupos econômicos privados nacionais, transnacionais e entidades
internacionais. Cumpre destacar que isso é visível por intermédio dos mecanismos que afetam
direta e/ou indiretamente as relações de trabalho em desfavor das classes trabalhadoras, como
é o caso das modificações econômicas que visam adaptação às reformas neoliberais que têm
ligações com a expansão ampliada, concentradora e centralizadora do capital, em que pese o
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ecologia nem dos recursos naturais, cada vez mais escassos e limitados. Qualquer modelo de
desenvolvimento sustentável terá de levar em consideração não apenas o bem-estar dos países
desenvolvidos, mas também a expansão desse bem-estar para as nações subdesenvolvidas,
sem esquecer-se da diminuição da produção e consumo de bens materiais, caso contrário
haverá o colapso dos ecossistemas e da vida em nosso planeta. Portanto, urge uma
prosperidade sem crescimento, isto é, uma repartição da riqueza e consumo aos mais pobres,
levando em consideração os limites do meio ambiente (JACKSON, 2013).
No contexto dos megaeventos esportivos, a desterritorialização corresponde ao mito
neoliberal da globalização irrestrita num mundo sem fronteiras, ao capital sem pátria ou
desterritorializado. Para Karl Marx e Friedrich Engels (1848, 1998), a des-re-territorialização
diz respeito à centralização e acumulação de capital em nível mundial, onde o capitalismo
desterritorializa os modos de produção preexistentes para reterritorializar segundo a sua
própria dinâmica.
No que tange à massificação cultural para a introjeção da desterritorialização por
intermédio dos megaeventos esportivos, há a concentração geográfica na produção e controle
da informação e do conhecimento, pois a maior parte da produção intelectual e midiática está
concentrada, hoje, nas grandes cidades globais dos países centrais, onde seria difundida não
só a informação, em sentido amplo, mas a maior parte dos valores culturais capazes de
introjetar a hegemonia em termos de um consenso cultural globalmente aceito e articulado.
Para Milton Santos (1985), a chamada Terceira Revolução Industrial teria produzido um
“meio técnico-científico” e um “ciberespaço” pautado em relações ditas em tempo real por
meio de infovias, interligando instantaneamente os diferentes espaços do planeta e
revolucionando as relações espaço-tempo. Então, cria-se assim um conjunto de redes
informacionais distribuídas no planeta de forma desigual que, ao lado de uma globalização
econômico-financeira, ativam uma cultura global que a fortalece e legitima.
Para Haesbaert (2013), a fragmentação includente ou integradora se refere à
globalização comercial e financeira sem fronteiras, ao passo que a fragmentação excludente
instaura a redução do papel social do Estado, provoca aumentos dos alijados das condições
mínimas de cidadania e crescimento dos circuitos ilegais de (precária) "assistência" e (in)
"segurança". Nesse contexto, os megaeventos esportivos, ao mesmo tempo transformam os
territórios com base nas demandas de modernização orquestradas pelo capital, precarizam os
serviços públicos e aumentam as desigualdades sociais, visto que correspondem mais aos
processos exógenos do que endógenos.
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No que tange ao Campeonato Mundial de Futebol FIFA 2010 na África do Sul, Bond,
Desai e Maharaj (2011) defendem que houveram prioridades duvidosas, gastos excessivos,
perda de soberania e de direitos humanos e políticas econômicas que favoreceram os ricos.
Além disso, os megaeventos esportivos trazem patrocinadores multinacionais que exigem
direitos exclusivos sobre os locais dos eventos e demais espaços públicos (KLAUSER, 2011;
MASCARENHAS, 2012).
David Harvey (1989) disserta sobre a cooperação sem limites entre as cidades e o setor
privado como tendência internacional para reduzir a governança urbana ao
“empreendedorismo urbano”. Desse modo, a cidade global é produzida para o capital. Outros
chamam esse novo planejamento estratégico de “urbanismo ad hoc” (ASCHER, 2001) ou
“cidade empresa” (VAINER, 2011).
É por isso que, durante os megaeventos esportivos, instante em que se ampliam as
oportunidades de negócios e as necessidades de flexibilizações para o cumprimento dos
planos da FIFA e do COI, é preciso moldar a cidade à lógica do capital, ou seja, fazê-la
funcionar como uma empresa privada, onde as estratégias do planejamento urbano se
direcionam à produção de uma nova cidade e novo plano urbanístico, dentro de um ideário
competitivo e eficiente. Ao contrário, o controle político e a burocracia, marcos
constitucionais que evidenciam o controle do território urbano pelos cidadãos, retardam a
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estratégia de flexibilização e impedem a cidade de ser uma empresa (VAINER, 2011). Logo, a
recepção de megaeventos esportivo aumenta os processos de flexibilização, porque atende aos
requisitos da FIFA e do COI.
Foi assim que, entre 2010 e 2014, a cidade do Natal-RN, capital do Rio Grande do
Norte e polo da Região Metropolitana do Natal-RN, enfrentou os impactos devido às obras de
infraestrutura para abrigar 4 jogos de seleções de futebol na Copa do Mundo de Futebol FIFA
2014. O objetivo verdadeiro de tais obras de infraestrutura e aparelhos urbanos novos era
atender aos anseios de lucros dos investidores internacionais e grupos empresariais locais,
enquanto o discurso político-ideológico do Estado do RN e da Prefeitura do Natal-RN tinha a
intenção de criar um clima de união entre os seus habitantes em prol de tão renomado
megaevento esportivo, o qual teria impactos positivos sobre a economia e o turismo. A esse
respeito, para aumentar a aceitação, que já se esperava pelo fato do futebol ser o esporte de
maior preferência local, também se criou a possibilidade de investimentos nas áreas em
administração pública, comércio, lazer, turismo, mobilidade urbana, segurança, saneamento
básico e geração de energia elétrica, dando a ideia de um legado após a realização do referido
megaevento desportivo.
Orçada em R$ 28 bilhões com gastos, a Copa do Mundo FIFA 2014 encontra enorme
dificuldade na hora de precisar seus custos financeiros efetivos, na medida em que o nível de
integração entre os governos federal, estadual, municipal e empresas privadas em cada
cidade-sede não correspondeu a gestão integrada no aporte de investimentos, antes foi uma
fragmentação do processo decisório, apresentando diferenciações conforme cada caso. No que
diz respeito à cidade do Natal-RN, isso ocorreu quando da implantação do novo aeroporto
internacional no município de São Gonçalo do Amarante, que compõe a Grande Natal-RN,
denominado de Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves. Nesse exemplo, a pista de
pouso foi investimento realizado pelo Governo Federal, o terminal pela empresa privada
Consórcio Inframérica Aeroportos, a rodovia de acesso pelo Governo do Estado do RN e a
instalação da iluminação pública nos acessos novos pela prefeitura municipal do Natal-RN, ao
custo total de R$ 2,2 milhões. Tal investimento é difícil de ser avaliado com precisão, dado
que as rubricas possuem generalizações orçamentárias.
Segundo Alexsandro Ferreira Cardoso da Silva (2015), houve falta de transparência
quanto aos projetos e custos associados, visto que os dados e informações prestados pelos
valores orçamentários globais, na Matriz de Responsabilidades (MR), nos estudos específicos
do Governo Federal, nas pastas de turismo e esportes, no Tribunal de Contas da União e
matérias jornalísticas são carentes de análises críticas. Isso corrobora para a ausência de
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A metodologia desse trabalho acadêmico utilizará uma base teórica complexa, a qual
pretenderá dar conta da totalidade do objeto de estudo em suas muitas dimensões.
Evidentemente, face à dinâmica da pesquisa e às descobertas advindas da realidade a ser
explorada, poderá haver a contribuição de outras correntes de pensamento teórico-
metodológico.
Em relação aos seus objetivos, essa pesquisa é exploratória, pois procurará o
aprofundamento científico maior em torno do objeto de estudo. Logo, isso se fará na reflexão
entre a problemática enfocada e a contribuição do pensamento de diversos autores acerca dos
efeitos do progresso técnico-científico sobre o território, sociedade e ambiente, tais como
Milton Santos, David Harvey, Gilmar Mascarenhas, Rogério Haesbaert, Tim Jackson e Edgar
Morin. Nesse sentido, autores novos poderão ser incorporados a esse trabalho, na medida em
que as exigências e novos desafios criados por essa pesquisa surjam.
Por outro lado, esse trabalho científico recorrerá à pesquisa documental, a partir da
consulta ao Plano Executivo das obras de infraestrutura da Copa do Mundo 2014, Secretaria
do Tesouro Nacional, Tribunal de Contas da União (TCU), Lei Geral da Copa, Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Matriz de Responsabilidades (MR) e Balanço
Anual da Prefeitura Municipal do Natal, além de dados coletados em livros, revistas, anuários
e documentos oficiais do poder público. Também utilizar-se-á a pesquisa de campo, na
medida em que a maior parte dos projetos de infraestrutura e aparelhos urbanos novos da
Copa do Mundo de Futebol FIFA 2014, além da sociedade afetada, serão alvo de observações
empíricas e aplicações de entrevistas, que procurarão investigar os impactos desse
megaevento esportivo no território, sociedade, economia e ambiente da cidade do Natal-RN.
Em relação a esse último ponto, cumpre destacar que tais informações serão de
natureza qualitativa. Assim, com base no aporte teórico-metodológico dos autores descritos
anteriormente e nas entrevistas junto aos órgãos públicos responsáveis do Governo do Estado
do Rio Grande do Norte e Prefeitura Municipal do Natal-RN, bem como demais atores
envolvidos, os dados primários e secundários serão coletados e submetidos à reflexão teórica,
crítica e interpretativa, de modo a orientar resultados e conclusões quanto aos legados e
dilemas da Copa do Mundo de Futebol FIFA 2014 para a cidade do Natal-RN.
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5 RESULTADOS ESPERADOS
REFERÊNCIAS
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Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
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Rio de Janeiro: Record, 2001.