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O SIMBOLISMO DO AVENTAL DO GRAU 4 E A SUA JOIA

 Revista Universo Maçônico


 
 17 de novembro de 2011
 
 Simbologia

I.INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo estudar e decifrar os símbolos que


compõem o Avental e a Joia do Mestre Secreto, apoiando-se em quatro
pilares: a história, a simbologia, a filosofia e a experiência pessoal de cada
Ir∴ que constitui o grupo.
Ressalte-se, que o trabalho em epígrafe, não tem o condão de esgotar o
tema, muito pelo contrário, é uma pequena contribuição para estimular os
IIr∴ a darem continuidade na marcha da busca do conhecimento.

A bem da verdade, e, muito embora o material de pesquisa referente aos


temas, seja escasso, o grupo envidou os seus melhores esforços, para
trazer o que de melhor poderia constituí-lo.

Segundo o nosso ritual e o que aprendemos em nossa instrução de grau, o


olho na abeta, tem por significado:
II. O OLHO NA ABETA

“O OLHO NA ABETA DO AVENTAL É O SIMBOLO DO SOL, O OLHO DO


UNIVERSO, CONSIDERADO PELOS ANTIGOS COMO A IMAGEM DA
DIVINDADE.”

Se olharmos atentamente, o formato da abeta, iremos ver que nada mais é


do que o formato do Delta, ou seja, o Triângulo em posição ao contrário,
dentro do triângulo temos o olho que, no conjunto, é chamado de Delta
Luminoso que é localizado nas oficinas no Oriente e em cima do trono.

O Olho em seu conjunto também significa que é o olho da consciência,


sendo que nada poderá permanecer oculto perante ele, pois ele tudo vê.

Comparado com o sol ele é uma fonte inesgotável de luz e energia e, é por
isso que quando de nossa iniciação na ordem maçônica, quando nos é
desvendado nossos olhos, nos é dada a luz.

Ele também é considerado, simbolicamente, o olho da sabedoria e da


providência, que observa tudo, vê e provê, simbolizando, ainda, os atributos
da Divindade, sendo que dentro de nossa ordem, temos ele como a
imagem divina da suprema relevância para nossa vida.

No sentido esotérico tratar-se-ia do terceiro olho, que seria o olho espiritual


e não um órgão do ser humano.

Na simbologia maçônica ele representa a existência da humanidade, a vida


e o ser supremo, em sua plenitude, ou seja, ele representa o Grande
Arquiteto do Universo, que é Deus, o qual tudo sabe e tudo vê e que por ele
somos guiados.

III. AS CORES: AZUL, BRANCA E PRETA

Na simbologia maçônica podemos encontrar um paralelo nas diversas


fases graduais que o iniciado tem passar para atingir o ápice da Escada de
Jacó.

No Rito Escocês essas fases são representadas pela Maçonaria azul,


correspondentes às Lojas Simbólicas, a Maçonaria branca correspondente
às Lojas de Perfeição e Capitulares, e a Maçonaria vermelha, que
corresponde aos graus filosóficos.
Este último comporta, ainda, uma divisão em Maçonaria negra, que integra
os três últimos graus da escalada de trinta e três graus previstos.

a) BRANCA: Simboliza uma das cores mais importantes usadas pela


Maçonaria, simboliza a inocência, a candura é a cor dos Aventais de
Aprendizes e Companheiros.

b) AZUL: Simboliza a Piedade, temperança, doçura, lealdade, sabedoria,


recompensa, amizade, fidelidade, perfeição infinita de Deus.

c) PRETA: Tristeza, morte, circunspeção (moderação; prudência; reserva;


cautela; seriedade). Os alquimistas justificavam esse simbolismo dizendo
que toda semente seria inútil se permanecesse intacta na terra, sem
apodrecer e ficar negra.

IV. O RAMO DE LOUREIRO

A lenda Grega conta que Apolo, o mais belo deus do Olimpo, autoconfiante
com seu arco de prata irritou o Cupido com sua arrogância, assim, o
Cupido, por vingança, lançou duas flechas, uma de amor em Apolo e outra
de chumbo na ninfa Dafne, filha do rio-deus Peneu, que afastava dela o
desejo de amar.

Doente de amor, Apolo começou o assédio sobre Dafne, que recusava


todos os seus pretendentes, não deixando de recusar até mesmo o belo
deus.

Em certa ocasião Apolo começou uma perseguição a Dafne, que corria


desesperada pela floresta, sem, no entanto, conseguir esconder-se ou
evitá-lo. Ele estava cada vez mais próximo de seu objetivo quando Dafne, ao
ver seu pai por entre as árvores, suplicou-lhe que fizesse parar o seu
sofrimento.

Peneu então, vendo que Apolo já tocava os cabelos da filha a enfeitiçou.


Assim, Dafne sentiu seu corpo adormecer, sua pele se transformou em
casca, os cabelos em folhas, os braços enrijeceram e viraram galhos, os pés
fincaram-se no chão e se transformaram em raízes.
Transtornado, Apolo se agarrou à árvore, em que se transformara o seu
grande amor, e chorou, prometendo que os ramos do loureiro sempre o
acompanhariam em forma de uma coroa verde e vistosa, participando de
seus triunfos eternamente.

Dessa maneira, os ramos de loureiro ficaram associados a Apolo, tanto que


nos Jogos Olímpicos ele ainda constitui parte do prêmio, significando a
busca apaixonada pela conquista de um ideal.

Mitologia à parte, nos dias atuais, o louro simboliza o dever do triunfo


sobre as próprias paixões, é o símbolo da glória e da consagração; por ter o
loureiro as folhas sempre verdes também simbolizam a imortalidade da
Natureza, filosoficamente, da vontade.
Concomitantemente, a luta pelo ideal também está sendo travada quando
dizemos submeter nossas vontades, ou vencer as paixões, isso, também,
objetiva uma conquista, a conquista do intelecto, é uma conquista interior,
portanto, merecedora do ramo de louro; aquele no avental, que significa o
triunfo sobre as próprias paixões e a conquista da paz interior. É a parte
“misteriosa” da Maçonaria, reservada aos Iniciados.

O Mestre Secreto não é o dirigente do grupo ou o Presidente; cada membro


do Grau 4 é constituído Mestre Secreto, porque passa a ser dirigente de si
próprio iluminado pelos conhecimentos que adquire.

V. O LAUREL E A OLIVEIRA

Segundo ADOUM, esta folhagem simboliza a vitória sobre si mesmo, é a paz


na vida espiritual e física.

Significa, portanto, vitória e Paz, as quais se consegue pelo triunfo do


espírito sobre a matéria.

Diz-se, porém, o “Manual Del Maestro Secreto” que o Laurel e a Oliveira que
coroam o Mestre Secreto. “São os Emblemas da vitória, alcançada sobre si
mesmo, sobrepondo aos seus ideais, vícios, erros e paixões”.

É a paz da Alma que deriva desta conquista, a Paz que sucede as


tempestades interiores, a luta obscura com os instintos e tendências
negativas (nindanas para os Indus) polaridade em equilíbrio, internamente
desconhecida para aquele que não tenha triunfado alguma vez
vitoriosamente na sua luta sobre suas tendências inferiores.

A Oliveira de Paz identifica-se Simbolicamente com o Rei Salomão o Rei


Universalmente conhecido e renomado pela sua sabedoria e cujo nome
significa “Igualmente Paz”.

VI. A LETRA Z

A letra Z, que se encontra escrita sobre a Chave de Marfim, é a primeira


letra da Palavra de Passe. Mas é, sem dúvida alguma, a letra hebraica Zaim,
cuja forma é a de um Malhete ou a de um sete e que, precisamente, tem o
valor numérico 7.

Segundo Magister, a letra Zaim, em sua forma hebraica, tem o significado


de sua primeira letra, ou seja, dente, isto é, diz ele:
“Mostra uma curiosa analogia com o material de que se compõe a mística
chave que permite o ingresso ao Santuário. E o próprio dente tem sido
venerado como emblema da Sabedoria. A Espada Flamígera é a letra Zaim,
inicial da palavra de passe, que indica, além do seu valor numérico 7, a
necessidade de realizar filosoficamente a idade simbólica do Mestre, para
que nos seja possível acertar-nos em estado de pureza, inocência e
consequüente incorruptibilidade – ao Fogo Divino que, com a regeneração,
nos faz participar do seu Poder Criador”. (p.93)

E, realmente, escreve Eliphas Levi (DRAM), relacionando a letra Zain com a


sétima figura do Taro, o Triunfo, ela significa para os cabalistas: “Arma,
gládio, espada flamejante de querube, setenário sagrado triunfo, realeza,
sacerdócio”.

Como se pode constatar por esta citação, estamos sempre nos


encontrando em presença de símbolos cabalísticos, e com eles nos
depararemos em todos os Graus filosóficos.

Assim, o setenário, sobre o qual Eliphas Levi escreve:


“O setenário é o número sagrado em todas as teogonias e em todos os símbolos
porque é composto do ternário e do quaternário. O número 7 representa o
poder mágico em toda a sua força: é a alma servida pela natureza; é o sanctus
regium de que falam as clavículas de Salomão, e que é representado, no Taro,
por um guerreiro coroado, trazendo um triângulo em sua couraça, estando em
pé em cima de um cubo, ao qual se acham atreladas duas esfinges, uma
branca e outra preta, que puxam em sentido contrário e voltam a cabeça,
olhando uma para a outra. Este guerreiro está armado de uma espada
flamígera, e tem, na outra mão, um cetro rematado por um triângulo e uma
bola. O cubo é a pedra filosofal. As esfinges as duas forças do grande agente,
correspondentes a Jakin e Boaaz, que são as duas colunas do Templo, a
couraça é a ciência das coisas divinas, que faz o sábio invulnerável aos golpes
humanos; o cetro é a varinha mágica; a Espada Flamejante é o sinal da vitória
sobre os vícios que são em número de sete, como as virtudes; as ideias dessas
virtudes e desses vícios eram figuradas, pelos antigos, pelos Símbolos dos sete
planetas então conhecidos”

E, desta forma somos naturalmente levados a um outro Símbolo, que


representa o setenário e é um dos ornamentos indispensáveis do Grau: o
candelabro de sete velas. Temos de considerar, porém, a letra Zaim na
mesma figura cabalística do Triunfo.
Sobre este Símbolo do Taro, J. Iglesias (LCP) escreve:

No Plano Espiritual simboliza a ascendência do espírito sobre a Matéria, o


conhecimento dos sete princípios que dirigem os atos criadores, e
existência potencial das sete virtudes que dão eficácia a estes atos;

No Plano Mental representa o desenvolvimento da dúvida pela luz do


intelecto, a eliminação dos erros pela posse gradual da verdade;

No Plano Físico propende a inspirar desejos e impulsos de superação, criar


contrastes entre o mundo interno e externo e determinar vacilações e
resoluções, as primeiras deprimentes, as segundas afortunadas;

Axioma Transcendente: Quando a ciência entrar em teu coração, e a


sabedoria for doce à tua alma, pede e te será dado.

VII. A CHAVE DE MARFIM

A chave não possui uma origem conhecida, porém sempre está associada à
abertura ou fechamento de alguma coisa, como se vê a seguir:

“Dar-te-ei as Chaves do Reino dos Céus; o que ligares na terra terá sido ligado
nos Céus; e o que desligares na terra, terá sido desligado nos Céus”. (Mateus
16:19)
“Quando o vi, caí aos seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a sua
mão direita, dizendo: Não temas, eu sou o Primeiro e o Último, e aquele que
vive pelos séculos dos séculos, e tenho as Chaves da morte e do Inferno”
(Apocalipse 1:17-18).

O marfim tem sido desde os mais antigos povos, já civilizados, um material


precioso de adorno e provém, na maioria das vezes, dos dentes dos
elefantes.

Trata-se de uma matéria óssea, muito branca e que se presta à escultura e


confecção de joias. O marfim simboliza a pureza e o elefante a inteligência.

Na Maçonaria, a chave é um símbolo exclusivo dos Graus Filosóficos;


quando da iniciação do Grau de Mestre Secreto é entregue ao iniciado o
avental e a fita contendo a joia do grau a qual representará, para o mestre
secreto, que o mesmo deve manter em segredo os ensinamentos recebidos
e guardá-los em seu coração; e sempre lembrando que o marfim com sua
brancura, representa a pureza e a fragilidade que deve ser cuidadosamente
manipulada para se “fechar” e/ou “abrir” o “cofre” sem destruir a chave.

“A BUSCA DE UMA VIDA SENSATA, JUSTA E PIEDOSA”

DA CONCLUSÃO

Como se vê, meus queridos IIr∴, o presente trabalho é composto pelas Joias
e pelo Avental do M∴ S∴, os quais estão carregados de história, de
simbologia, de filosofia, todos estes aplicáveis à vida do maçom e deste,
para o mundo profano.

Os Símbolos do Grau de Mestre Secreto giram em torno da consagração ao


silêncio do sábio, a discrição do bom Obreiro e do sigilo que todos os
maçons devem carregar consigo em sua jornada.

Todos estes símbolos, repletos de ensinamentos maçônicos, se completam


entre si e, servem de bússola para o que o maçom trilhe esta senda,
conhecida por todos nós como “vida”.

O maçom verdadeiramente iniciado e, porque não dizer praticante, que


continuamente busca a verdade, almeja para si e, também para os outros,
encontrar a paz (oliveira), aquela que habita no seu interior (espiritual),
aquela que a humanidade desde a sua criação busca encontrar e implar no
seio da sociedade (na vida terrena).

Entretanto, as aflições deste mundo (e aí, podemos citar os problemas de


saúde, financeiros, familiares, etc.), por vezes, ao longo da nossa jornada,
nos assolam e por escolha ou falta dela, assim, carregamos em silêncio
(letra z), estas aflições, que acabam turbando os nossos corações e
afastando de nós os louros (das vitórias e dos triunfos) desta vida.

Nestas horas de luto (preto da orla do avental) e que nos encontramos tão
apequenados é que recordamos que: “Os olhos do Senhor estão em todo
lugar, contemplando os maus e os bons”. (Provérbios 15:3) (Os olhos na
abeta).

E nesta força, nos levantamos e dispomos a seguir da nossa caminhada


para buscar a vivência da justiça, da sensatez e da piedade, a começar em
nós.

Esse estado de espírito começa em nós, em nossos relacionamentos, na


vida da família, nas casas de oração, enfim, em toda sociedade.

Neste espírito, podemos vivenciar plenamente a máxima do G∴ do M∴ S∴


“Fidelidade ao dever que vossa consciência vos impõe”.

Também, neste espírito, é que desejamos que todos nós ao terminarmos


essa vereda chamada vida e ao nos posicionarmos de pé e à ordem perante
o GADU, que estejamos cingidos com o nosso avental de A∴ M∴, esse mais
alvo que a neve, assim como começamos a nossa pequena estadia terrena
(branco do avental e a chave de marfim).

Bibliografia
– A Bíblia Anotada – Editora Mundo Cristão – São Paulo
– Apostilas de Instruções do Grau 4º.
– Comentários aos Graus Inefáveis do REAA – Denizart Silveira de Oliveira
Filho – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda.
– Dicionário Maçônico – Rizzardo da Camino – Madras.
– Instruções para Lojas de Perfeição – Para 4º Grau – Nicola Aslan – Editora
Maçônica “A Trolha” Ltda.
– Instruções para Lojas de Perfeição – Para 5º ao 14º Grau – Nicola Aslan –
Editora Maçônica “A Trolha” Ltda.
– Manual Heráldico do Rito Escocês Antigo e Aceito – Volume I – Graus 1º a
18º – José Castellani em parceria com Cláudio Roque Buono Ferreira –
Editora A Gazeta Maçônica – 1995
– Nelson Luiz Campos Leite – Guia Devocional Diário No
Cenáculo -Setembro/Outubro de 2011.
– Rede Mundial das Informações – Internet
– Rito Escocês Antigo e Aceito – 1º ao 33º – Rizzardo da
Camino – Madras
– Ritual do Grau 4º.

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