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Morte de
Sam
Cooke
É isto que diz a letra da senão mais íntima e ao mesmo tempo mais
popular música de Sam, A Change is Gonna Come, escrita nos
primeiros anos da década de 60 e lançada postumamente, apenas em
1964, a canção nos fala sobre uma mudança iminente; a letra é total
expressão de Samuel Cook, um garoto negro nascido na era da
segregação e do racismo nos EUA.
O Rio Mississipi; 1927.
O quinto filho de oito irmãos, Sam foi criado em
uma família evangélica cujo patriarca era o Rev.
Charles Cook. Desde pequeno ele aprendeu a ir à
igreja, onde teve um vislumbre do que era a música
Gospel, liderada pela negritude da congregação.
O jovem Samuel.
Por causa da perseguição racial que sofriam no sul, a família Cook
resolve se mudar para Chicago, uma metrópole em crescimento. As
oportunidades eram diversas.
Chicago City.
O reverendo Charles logo vê em seus filhos uma centelha de talento;
monta, então, um grupo musical composto pelas crianças, o Singing
Children e se tornam uma atração na igreja, cantando gospel e doo-
wop. Envolto nessa atmosfera compassada e cheia de ritmo, Sam
firma suas bases de carreira: ele é um menino pequeno, mas com um
sonho grandioso...
Com 19 anos, um tenor do The Soul Stirrers, R. H. Harris, acaba se
desvencilhando grupo; nesse interim, audições são feitas, e é claro que
Sam participa. O talento e a voz aveludada do jovem impressionam os
meninos, que de cara o contratam. No novo grupo, ele acende
holofotes; a pouca idade não parece ser um empecilho para aquela
alma cheia de ambição.
The Soul Stirrers; Sam Cooke, à esquerda.
2. Sam, o Homem
Allen Klein.
O contrato de Allen Klein se mostra falso, uma vez que Sam descobre
que ele não será o presidente da Tracey Ltd, mas sim um funcionário
de Allen Klein, cujo todos os direitos de criação estão subordinados à
ele! Enfurecido, Sam promete "largar aquele desgraçado". Mas ele
jamais passou do fim de semana...
4. O crime
Na quinta-feira, 10 de dezembro de 1964, Sam fala para amigos que
irá para Nova York, com o intuito de fazer mudanças, inclusive
demitir Klein.
Na sexta, Sam, Al Schmitt e sua esposa, Joan, vão para o Martoni's,
uma casa noturna chique em Cuhenga, onde só a elite musical
frequenta; Lá, Sam se embebeda com martinis e tira um maço de
dinheiro do bolso, afirmando coisas como:
"Acabei de voltar de turnê, vejam o que eu tenho...",
Relato de Joan para a Netflix, 2019.
Al então fala:
"Não fique mostrando aqui, guarde no bolso, Sam."
Sam não leva à sério e ri, pois não acredita que algo vá acontecer. Os
amigos decidem deixar o pub, mas no bar Sam conhece uma mulher
intrigante: Elisa Boyer.
Sam e a moça vão para um motel em Los
Angeles, o Hacienda. A partir daí, coisas
estranhas acontecem. Primeiro, Elisa liga
para a polícia e pede socorro; ela afirma que
foi sequestrada por ele.
Elisa Boyer.
Segundo o relato da polícia:
"Cooke correu pela Santa Monica Blvd. e, contra os
protestos dela, ele entrou na rodovia. Mais tarde, ela
disse à polícia que pediu a Cooke para levá-la para
casa novamente, mas ele disse a ela: “Não se
preocupe agora. Eu só quero dar um pequeno
passeio."
Boyer conta que tentou se trancar no banheiro, mas a tranca estava
quebrava. Em segundos, Sam entrou no banheiro e então Elisa saiu e
conseguiu pegar as roupas e a bolsa, incluindo (não sabemos se foi
proposital), as calças dele e todo o dinheiro que ele esbanjou na casa
noturna.
Boyer então correu meio quarteirão, jogou seus pertences no chão e se
vestiu. Ela deixou as coisas de Cooke no chão, encontrou uma cabine
telefônica e fez uma ligação frenética para a polícia, dizendo ao
despachante que ela havia sido sequestrada. Enquanto isso, Cooke
supostamente ficou furioso quando viu que Boyer, suas roupas e seu
dinheiro haviam sumido.
Horas mais tarde, a polícia vai investigar
relatos separados de tiroteios no Watts
(bairro). Chegando no motel, encontram o
corpo de Sam almejado e nu, a não ser por
uma jaqueta e um sapato.
O cadáver de Sam.
O relato é claro: Sam Cooke estava fora de si e teria ido ao escritório
da gerente do motel, Bertha Franklin, e gritado: — Cadê a garota!
A mulher diz que não há ninguém lá a não ser ela, e Sam ficaria
enfurecido, e arrombado a porta. Bertha luta com ele e saca um
revólver calibre 22, e almeja Sam no peito, que, surpreso, fala antes de
morrer: — Senhora, você atirou em mim!
Era o fim.
Bertha Franklin. A arma do crime na palma de um policial.
Um homem negro que trabalhava no departamento de polícia, o qual
cuidou do caso de Sam, Norman Edelen, afirma que o delegado, ao
ouvir o caso, falou:
"Ó, bem, mais um negão que leva um tiro."
Seja o que for, Sam foi um pioneiro: usou sua voz para alcançar
comunidades negras e falou sobre sua verdade. Uma mente fora de seu
tempo, sonhava com uma mudança: o dia em que a segregação e o
racismo fossem abolidos da sociedade. Sam andou para que outros
artistas de cor pudessem correr.
Ficamos com uma reflexão: será que a supremacia branca também
estava de conluio com tudo isso? De fato, o ser humano pode atingir
níveis astronômicos quando se trata de desrespeito e violência. Sam
foi um dos casos de negros assassinados que vieram à tona, mas
quantas outras vidas negras precisaram morrer para que a segregação
fosse abolida?
7. Referências
HUTCHINSON, Lydia. The Mysterious Death of Sam Cooke.
Performing Songwriter, 2016. Disponível em:
https://performingsongwriter.com/mysterious-death-sam-cooke/
Acesso em 21/07, às 12:33.