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LISTA DE EXERCÍCIOS DE SOCIOLOGIA

Conteúdo: Política e Desigualdades Sociais

1. (Fgv 2016) Leia a estrofe e o refrão para responder às questões abaixo:

(...)

No Amazonas, no Araguaia, na Baixada Fluminense


No Mato Grosso, Minas Gerais e no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso mas o sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão

Que país é esse?


Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
(...)
................

Que País é esse? Legião Urbana In: http://www.vagalume.com.br


/legiao-urbana/que-pais-e-esse.html#ixzz3jYOfvAn4.
Que país é esse? Gravação de 1987/ Grupo Legião Urbana

a) Tendo como pressuposto que a composição foi escrita na chave da ironia, explique a mensagem dos
versos: No Amazonas, no Araguaia, na Baixada Fluminense / No Mato Grosso, Minas Gerais e no
Nordeste tudo em paz.
b) Relacione o ritmo desta música com o sentimento que o compositor quis transmitir na letra.

2. (Uel 2017) Max Weber é considerado pioneiro em definir o Estado por duas características
fundamentais. A primeira é o monopólio legítimo do uso da força física. A segunda reside no fato de que
tal monopólio é restrito a determinado território. O controle das fronteiras, incluindo a permissão de
quem pode adentrar e permanecer em seu território segundo aquelas características, seria prerrogativa
do Estado. É necessário lembrar, entretanto, que o conceito de Estado elaborado por Weber é um tipo
ideal.

Com base nessas informações e nos acontecimentos da recente “crise migratória na Europa”, cujo fluxo de
refugiados exemplifica alterações significativas dos papéis atribuídos ao Estado moderno, cite e explique
um fato que se afasta do tipo ideal de Estado definido por Weber, apontando para algumas configurações
recentes das ações ou reações dos Estados nacionais.

3. (Ufpr 2017) Considere os seguintes dados da Retrospectiva da Pesquisa Mensal de Emprego do


IBGE, referente ao período de 2003 a 2013:

A taxa de desocupação de 2013 (média de janeiro a dezembro) foi estimada em Esta taxa era
de em 2003. [...] A pesquisa apontou disparidade entre os rendimentos de homens e
mulheres e, também, entre brancos e pretos ou pardos. Em 2013, em média, as mulheres ganhavam
em torno de do rendimento recebido pelos homens. A menor proporção foi a registrada em
2003, O rendimento dos trabalhadores de cor preta ou parda, entre 2003 e 2013, teve um
acréscimo de enquanto o rendimento dos trabalhadores de cor branca cresceu A
pesquisa registrou, também, que os trabalhadores de cor preta ou parda ganhavam, em média, em
2013, pouco mais da metade do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca.
[...] Destaca-se que, em 2003, não chegava à metade
(BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Retrospectiva da Pesquisa Mensal de
Emprego 2003 a 2013. Disponível em:
<Http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/
retrospectiva2003_2013.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2016. Texto adaptado).

Escreva um texto apontando as conclusões a que se pode chegar com a interpretação dos dados
apresentados.

4. (Uel 2017)

De acordo com vários estudos recentes sobre a vivência do racismo, a descoberta da discriminação racial,
baseada em alguns aspectos físicos (como a coloração da pele e o cabelo encaracolado, por exemplo),
acontece ainda na infância para muitas crianças negras, que primeiro percebem a negritude como algo
ruim, a ser escondida. No entanto, desde os anos 1960, vários movimentos sociais, entre eles o
movimento negro e os movimentos contraculturais, vêm contestando duramente os padrões impostos
socialmente como modelos únicos de beleza, cultura e religiosidade, por exemplo. Em um movimento
crescente, que remete a uma luta histórica do povo negro em países de todo o continente americano, aos
poucos a negritude tem começado a ser concebida como algo positivo, uma herança a ser cultivada e
valorizada.

Entendendo que tanto as estruturas racistas das sociedades quanto os atuais movimentos em prol da
valorização da cultura negra são fruto de processos sociais e disputas políticas, responda aos itens a
seguir.

a) A despeito das diferenças culturais existentes entre os países do continente americano, o racismo é um
elemento presente em todos esses lugares. Por que as sociedades americanas têm um histórico de
racismo tão acentuado?
b) Qual o papel dos movimentos negros e das ações afirmativas no combate ao racismo?

5. (Uel 2017) Leia o texto a seguir.

Os processos de formulação e implementação de políticas públicas envolvem relações entre Estado e


sociedade marcadas pela influência de grupos organizados com diferentes interesses e valores sociais,
culturais e políticos. Em parte, o que está em disputa é a definição de quais são as demandas importantes
para a coletividade e que, portanto, deveriam ser objeto de esforços governamentais para atendê-las.

AMABILE, A. E. N. Políticas Públicas. In: CASTRO, C. L. F.; GONTIJO, C. R. B.; AMABILE, A. E. N. (orgs.).
Dicionário de políticas públicas. Barbacena: EdUEMG, 2012.
Um exemplo de relação entre Estado e sociedade para a formulação de políticas públicas é o
protagonizado pela antropóloga Débora Diniz. Em fevereiro de 2016, Diniz anunciou que estava
preparando, junto com outros ativistas e acadêmicos, uma ação dirigida ao Superior Tribunal Federal do
Brasil para garantir direito ao aborto em caso de contaminação de gestantes pelo vírus da zika, cujo vetor
é o mosquito Aedes aegypti. Uma das motivações do grupo de Diniz é o aumento do número de casos de
“síndrome congênita da zika”, cujo sinal mais conhecido é a microcefalia.

Com base nessas informações e nos seus conhecimentos sobre o contexto social brasileiro, responda aos
itens a seguir.

a) Como as desigualdades sociais afetam de forma específica as mulheres no caso da epidemia do vírus da
zika?
b) Cite dois valores sociais relacionados ao contexto da ação proposta por Diniz que se contrapõem e
podem influenciar as políticas públicas de saúde das mulheres.

6. (Ufpr 2017) Leia o trecho abaixo, a respeito dos processos migratórios mais recentes.

As cenas de frágeis barcos rebocados em alto mar ou de centenas de pessoas amontoadas em


improvisados campos de refugiados causam indignação, insuflam a solidariedade e obrigam as
autoridades a tomar atitudes para a resolução do problema. Por outro lado, a chegada de milhares de
imigrantes muçulmanos, negros e ciganos vem aumentando o sentimento xenófobo de parte da
população europeia [...]. Diante da crise econômica, que parece global, os fascistas e neonazistas
vêm ampliando o espaço político na Europa, notadamente na Alemanha, Áustria, França, Suécia,
Grécia, Itália e Irlanda. É curioso, porque justamente a Alemanha, o Império Austro-Húngaro, a Itália,
a Irlanda e a Suécia despejaram, no século XIX, milhões de camponeses esfomeados para fora de
suas fronteiras, o que provocou um reequilíbrio demográfico, possibilitando o reerguimento
econômico no século seguinte. Estes, que deveriam ser os primeiros a abrir as portas para os
estrangeiros, veem em uma dimensão cada vez larga crescer o preconceito étnico e religioso. Aliás,
de forma patética, algo semelhante começa a ocorrer no Brasil. País de diversidade étnica,
acompanhamos horrorizados as manifestações explícitas de xenofobia e racismo contra os médicos
cubanos e mais recentemente contra senegaleses e haitianos. Onde vive o ser humano, mora a
estupidez.

RUFFATO, Luiz. Imigração e xenofobia. El País. Set. 2015. Seção Opinião. Disponível em:
<http://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/09/opinion/ 1441811691_233922.html>. Acesso em: 21 ago.
2016.

O texto aborda o processo migratório na perspectiva da reação negativa por parte de alguns países que
têm recebido refugiados. Discorra sobre esse processo a partir de perspectiva diferente da reação
negativa que está presente no texto, enfocando aspectos socioeconômicos e culturais desse contato.

7. (Uel 2016) Leia o texto a seguir.

Rigorosamente falando, não existe exclusão: existe contradição, existem vítimas de processos sociais,
políticos e econômicos excludentes; existe o conflito pelo qual a vítima dos processos excludentes
proclama seu inconformismo, seu mal-estar, sua revolta, sua esperança, sua força reivindicativa e sua
reivindicação corrosiva. Temos de admitir que a ideia de exclusão é pobre e insuficiente. Ela nos lança na
cilada de discutir o que não está acontecendo exatamente como sugerimos, impedindo-nos, portanto, de
discutir o que de fato acontece: discutimos a exclusão e por isso, deixamos de discutir as formas pobres,
insuficientes e, às vezes, até indecentes de inclusão.

(Adaptado de: MARTINS, J. S. Exclusão social e a nova desigualdade. 3.ed. São Paulo: Paulus, 1997. p.14.)

Embora o termo exclusão social seja bastante difundido nas ciências e na imprensa, o sociólogo brasileiro
José de Souza Martins o critica.
A partir do texto, responda aos itens a seguir.

a) Explique por que, para Martins, não existe propriamente exclusão social.
b) Cite quatro exemplos de situações que, segundo Martins, constituem “formas pobres, insuficientes e, às
vezes, até indecentes de inclusão”.

8. (Ufu 2016) Leia o texto a seguir e faça o que se pede.

A coordenação do Conselho Indígena Missionário na região Sul condenou a pouca repercussão


sobre o caso o bebê indígena assassinado em uma rodoviária de Imbituba, cidade do litoral sul de
Santa Catarina. Na manhã do último dia 30, um jovem se aproximou da criança no terminal de
ônibus, tirou um estilete do bolso, cortou a garganta do bebê de 2 anos, chamado Vitor, e foi embora.
(...) “Se fosse criança não indígena a repercussão seria muito maior, mas como são indígenas parece
que fica só uma comoção nos primeiros dias. A gente tenta ajudar divulgando mais”, disse um dos
coordenadores da instituição, Jacson Santana.

Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2016/01/se-nao-fosse-uma-crianca-


indigena-a-reper ussao-seria-muito-grande-diz-cimi-2560.html

a) Discorra sobre as razões que explicam a ausência de maior repercussão sobre o episódio do
assassinato do bebê indígena a partir do conceito de etnocentrismo e de discriminação étnica.

b) Indique dois problemas enfrentados atualmente pela população indígena no Brasil.

9. (Uema 2016) A charge abaixo sintetiza a ideologia neoliberal.

Com base na charge, relacione Estado e Mercado na perspectiva neoliberal.

10. (Unesp 2015) O regime democrático cumpre um papel conhecido e alardeado, que é a menina dos
olhos de quem o defende: ele aceita um teor de conflito na sociedade. Admite como normal que haja
tensões entre pessoas ou grupos. Pela primeira vez na história do mundo, desobriga os homens de viver
num todo harmônico, equilibrado. Porque a harmonia é uma empulhação. No Ocidente, a comparação do
Estado a um corpo harmônico e saudável autorizou considerar o divergente um membro gangrenado ou
doente, que deve ser amputado. Quem não obedece ao amor do príncipe não é apenas um divergente, uma
pessoa livre para pensar de outra forma: é um traidor, um ingrato, um infame.

(Renato Janine Ribeiro. “A democracia acalma conflitos”. Revista Filosofia, setembro de 2014. Adaptado.)
Baseando-se no texto, nomeie e explique o que seria um regime político oposto à democracia. Explique
também por que a democracia, de acordo com o texto, é o regime político mais adequado para expressão
das diferenças de natureza étnica, religiosa, sexual e política.

11. (Uema 2015) Leia os fragmentos abaixo para embasar sua resposta.

I. “A desigualdade social não é a causadora do crime em si, mas o fato é que pessoas mais carentes,
ou com pouco estudo, tendem a cometer crimes menos complexos como o roubo e furto, além de
pequenos tráficos. Enquanto pessoas mais estudadas e com maiores recursos tendem a cometer
delitos mais elaborados como o estelionato (golpes), crimes tributários, desvios de recursos e
crimes de colarinho branco, os quais são mais difíceis de provar”

Fonte: Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2011-abr-21/crime-questao-oportunidade-carater-


risco-consequencia> Acesso em: 20 set. 2014.

II. “(...) Sabe-se, no entanto, que em todos os lugares a prisão não reeduca ninguém e se converte,
na realidade, em uma escola de criminosos. O que explica então que uma instituição tão
obviamente ‘fracassada’ na sua justificativa e finalidade possa ter tido tanto ‘sucesso’ como
fórmula universal nos seus quase 200 anos de aplicação geral em todo mundo?

III. (...) Para Foucault, a função real da prisão, nunca assumida, é a de criar o ‘delinquente’ de forma
arbitrária de tal modo que apenas as classes inferiores sejam percebidas como ‘classes
potencialmente criminosas ou perigosas’”.

Fonte: SOUZA, Jessé. A ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.

Considerando os fragmentos, explique a relação entre desigualdade social e crime no Brasil.

12. (Interbits 2014)

Analise a gravura acima e responda: existe alguma relação entre aquilo que ela retrata e a sociedade
contemporânea? Justifique sua resposta interpretando a figura.

13. (Interbits 2014) Xingamento

Baranga, tilanga, canhão, dragão, tribufu, jaburu, mocreia. Nenhum dos xingamentos estéticos tem
equivalente masculino. Nunca vi ninguém dizendo que o Lula é feio: "O Lula foi um bom presidente,
mas no segundo mandato embarangou." Percebam que ele é gordinho, tem nariz adunco e orelhas
de abano. Se fosse mulher, tava frito. Mas é homem. Não nasceu pra ser atraente. Nasceu pra
mandar. Ele é xingado. Mas de outras coisas.
Até quando a gente quer bater no homem, é na mulher que a gente bate. A maior ofensa que se
pode fazer a um homem não é um ataque a ele, mas à mãe ou à esposa. Nos dois casos, ele sai
ileso: calhou de ser filho ou de casar com uma mulher da vida.

DUVIVIER, Gregorio. Xingamento. Folha de S. Paulo. 06 jan. 2013. Adaptado. Disponível online em:
<http://folha.com/no1393513> Acesso em 07 jan. 2013.

A partir do texto acima e de seus conhecimentos de sociologia, explique, de maneira sociológica, por que
as mulheres, na sociedade ocidental contemporânea, sofrem sanções caso não tenham seus corpos
adequados ao modelo estético “ideal”.

14. (Unesp 2013) Texto 1

Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria
pessoa e posses, […] por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que […] sujeitar-se-á ao domínio e
controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal
direito, a fruição […] da propriedade que possui nesse estado é muito insegura, muito arriscada. […] não é
sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros […], para a mútua conservação
da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade”.

(John Locke. O segundo tratado sobre o governo.)

Texto 2

Horrorizai-vos porque queremos abolir a propriedade privada. Mas, em nossa sociedade, a propriedade
privada já foi abolida para nove décimos da população; se ela existe para alguns poucos é precisamente
porque não existe para esses nove décimos. Acusai-nos, portanto, de querer abolir uma forma de
propriedade cuja condição de existência é a abolição de qualquer propriedade para a imensa maioria da
sociedade. Em suma, acusai-nos de abolir a vossa propriedade. Pois bem, é exatamente isso o que temos
em mente.

(Karl Marx e Friedrich Engels. O manifesto comunista.)

Os textos citados indicam visões opostas e conflitantes sobre a organização da vida política e social.
Responda quais foram os sistemas políticos originados pelos dois textos e discorra brevemente sobre
suas divergências.

15. (Unesp 2009) Eu acredito firmemente que o autoritarismo é uma página virada na História do Brasil.
Resta, contudo, um pedaço do nosso passado político que ainda atravanca o presente e retarda o avanço
da sociedade. Refiro-me ao legado da Era Vargas (...)
(Fernando Henrique Cardoso, Discurso de despedida do Senado Federal, 14.12.2004)

No que se refere à participação do Estado na economia, compare a Era Vargas (1930-1945 e 1951-54) e
os governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)

16. (Ufrj 2004)


Fonte: Jornal do Brasil, 01.04.1964

Revoltosos do Exército marcham de Minas Gerais para depor João Goulart.


João Goulart não é mais o presidente do Brasil.

Assim o Jornal do Brasil anunciava, em sua edição do dia 1 o de abril, o movimento de tropas que deflagrou
o Golpe Militar de 1964. Com ele, iniciava-se a ditadura militar no Brasil. Nos anos seguintes, o país
testemunhou uma série de acontecimentos que levaram ao endurecimento do regime.
Explique duas medidas constantes do Ato Institucional número 5 que contribuíram para a consolidação
da ditadura militar no Brasil a partir de1968.

17. (G1 - cftce 2006) Getúlio Vargas foi normalmente considerado um governante populista. Explique o
que foi o populismo.

18. (Unesp 1996) Em outubro de 1969, assumiu a presidência do Brasil Emílio Garrastazu Médici. No seu
governo, o general tentou o estilo populista. É a fase do "Brasil Grande", do "Milagre Econômico", com
crescimento industrial e execução de obras grandiosas, como a Transamazônica, a ponte Rio-Niterói, etc.
Considerando o período pós-64, caracterize:
a) a fase do "Milagre Econômico", no que se refere à distribuição de renda para a camada mais pobre dos
assalariados;
b) o governo Médici, com relação à vigência das normas democráticas.

19. (Ufrrj 2005) Maria Isaura Pereira de Queirós resumiu da seguinte forma a estrutura coronelista como
fundamento do poder político da Primeira República no Brasil:

A pergunta: "Quem é você?" recebia invariavelmente a resposta: "Sou gente do coronel fulano". Esta
maneira de redarguir dava imediatamente a quem ouvia as coordenadas necessárias para conhecer o
lugar sócio-econômico do interlocutor, além de sua posição política. O termo "gente" indicava
primeiramente que não se tratava de alguém do mesmo nível que o "coronel" ou sua família; caso
contrário, o parentesco seria invocado logo de início para situar o indivíduo dentro do grupo (diria por
exemplo "sou primo do coronel Fulano").
QUEIRÓS, M. I. P. de. "O coronelismo numa interpretação sociológica." In: Fausto, Boris (org.).
História Geral da Civilização Brasileira. v. 8. São Paulo: Difel, 1985, p. 185.

a) Aponte duas características do coronelismo.


b) Comente a importância do coronelismo para a "Política dos governadores".

20. (Ufjf-pism 3 2017) Observe as duas imagens abaixo e, em seguida, responda ao que se pede.
a) Identifique a principal reivindicação de cada um dos movimentos sociais apresentados em cada uma
das duas imagens.
b) Em diálogo com as imagens e com seus conhecimentos, identifique e analise UMA continuidade e UMA
ruptura entre os movimentos sociais dos dois períodos históricos das imagens.
Gabarito:

Resposta da questão 1:
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]

a) “No Amazonas, no Araguaia, na Baixada Fluminense / No Mato Grosso, Minas Gerais e no Nordeste
tudo em paz”. O autor faz uso da ironia ao mencionar “tudo em paz” e Araguaia. No início da década de
1970, durante o governo militar do presidente Médici, o Brasil viveu os “anos de chumbo”, o “ame-o ou
deixe-o”. Ocorreu neste cenário a luta armada através das guerrilhas rurais e urbanas. A guerrilha do
Araguaia foi brutalmente dizimada pelos militares.
b) A letra desta música da Legião Urbana externa muito o contexto histórico em que o Brasil estava
inserido. Em 1985 acabou a ditadura militar, que durou 21 anos, e começou a Nova República. A morte
trágica de Tancredo Neves já apontava para tempos difíceis. O país estava mergulhado em uma grave
crise econômica e o presidente Sarney criou vários planos econômicos sem sucesso. A constituinte
de1987-1988 discutia o futuro e as incertezas do Brasil. Renato Russo, neste cenário de transição
democrática, pergunta: “que país é esse?”.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia]


a) Em todos esses locais existem (ou existiram) conflitos extremamente violentos, contrariando a ideia de
que “está tudo em paz”.
b) A música tem um forte apelo de indignação e de não conformação com a situação violenta e de
desigualdade social existente no país. O ritmo repetitivo denota uma tensão e uma pulsão resultante do
contexto de embate social ao qual a música faz referência.

Resposta da questão 2:
A atuação de organismos supranacionais, sendo a ONU o principal exemplo, tende a redefinir as
características da exclusividade do Estado sobre o controle das suas fronteiras e da permanência de
pessoas em seu território em determinados casos, como a categoria de “refugiado” evidenciada pela “crise
migratória na Europa”. A categoria de “refugiado” coloca um novo padrão sobre a transposição de
fronteiras e a permanência dessas pessoas nos territórios dos países signatários dos acordos
internacionais que regulamentam essas situações. A definição de quem pode entrar e de quem pode
permanecer no território deixa de ser exclusividade de cada Estado. A categoria de “refugiado” é
caracterizada em casos de violação dos Direitos Humanos e outros critérios definidos pela ACNUR/ONU.
Cada Estado que assinou um acordo internacional mediado pela ONU sobre os “refugiados” renunciou ao
controle total de suas fronteiras e também à definição dos critérios de permanência dessas pessoas em
seu território. Com a “crise”, alguns países europeus passaram a fazer valer o monopólio sobre o controle
das fronteiras para recusar a entrada e a permanência de refugiados em seus territórios. Até a força
militar, as cercas e os muros foram utilizados. Nesse sentido, colocaram-se em risco os acordos
internacionais que até então não eram objeto de conflito. A legitimidade do “monopólio do uso da força
física” foi, então, criticada pela ONU e por outros países que seguem os acordos internacionais em relação
aos refugiados.

Resposta da questão 3:
Fatores como cor de pele, gênero e renda são importantes diagnósticos da desigualdade social no Brasil.
Os dados de diminuição da taxa de desocupação, bem como de diminuição das diferenças de renda entre
homens e mulheres e entre brancos e negros demonstram que entre 2003 e 2013 a desigualdade social
diminuiu no Brasil. Isso se deu por alguns motivos, dentre eles o desenvolvimento econômico do período
e a criação de políticas afirmativas como cotas.

Resposta da questão 4:
a) O continente americano, ou “Novo Mundo”, dependeu, em grande escala, do trabalho escravo que
era alimentado pelo lucrativo tráfico negreiro. A colonização das Américas se deu de duas formas: as
colônias de exploração, nas quais a mão de obra negra era fundamental, e as colônias de povoamento,
que visavam aliviar conflitos religiosos e populacionais do “Velho Mundo”. No entanto, os Estados
Unidos da América importaram mão de obra escrava da África para atuar nas fazendas do sul, motivo
pelo qual esse país, apesar de ser visto como modelo de ex-colônia de povoamento, possui um histórico
de escravidão da população advinda da África. Esse passado comum, que liga África e América via
tráfico negreiro, foi responsável pela inclusão de povos africanos na condição de escravos no “Novo
Mundo”. Nessa condição, até mesmo a humanidade de africanos e afrodescentes era questionada. Em
todo o continente americano, portanto, os negros precisaram (e ainda precisam) lutar por liberdade e
por direitos que lhes eram negados, com base na prática racista que advinha de um passado comum.
Obviamente, essas lutas ganharam contornos diferentes em contextos distintos; enquanto nos EUA
pode-se falar que houve apartheid, no Brasil, a discussão é centralizada no racismo velado e em como
vencer a ilusão da existência de uma certa democracia racial.
b) Os movimentos negros têm um papel fundamental, no que diz respeito a desvelar as práticas racistas
que ainda persistem, e são atores políticos importantes para cobrar políticas públicas que tentem
valorizar a cultura e a ancestralidade negras, via promoção de ações afirmativas, como, por exemplo, o
sistema de cotas nos vestibulares e nos concursos públicos. Além disso, os movimentos negros têm se
esforçado para demonstrar que as populações africanas e afrodescentes foram e são sujeitos de sua
própria história, ressaltando personalidades que foram fundamentais para a luta por liberdade e justiça
social, como Zumbi dos Palmares e Nelson Mandela.

Resposta da questão 5:
a) Há o senso comum de que a epidemia atinge, indistintamente, todas as camadas/classes/esferas
sociais, uma vez que o mosquito não escolhe sua “vítima”. No caso do vírus da zika, no contexto
brasileiro, a desigualdade social é um fator relevante para a análise das consequências da epidemia. Há
maior incidência de casos em áreas sem saneamento básico e de precária infraestrutura urbana. Além
disso, o acesso precário aos serviços de saúde é um fator de reprodução da desigualdade social.
Mulheres com maior capital econômico (“poder aquisitivo”) e acesso à informação/maior nível
educacional podem praticar aborto higienizado, embora ilegal. Já mulheres que se encontram nos
estratos mais baixos da hierarquia social (pobres e/ou com baixa escolaridade), além da ilegalidade,
enfrentam condições de aborto precárias, com maior probabilidade de morte ou punição legal.
b) Valor legal da vida humana, isto é, como na legislação vigente, versus descriminalização do aborto
como forma de combate às desigualdades sociais que afetam, de forma particular, as mulheres. Outro
exemplo possível: valores religiosos sobre a definição da vida humana versus autonomia das mulheres
sobre seu corpo/sua vida reprodutiva/seu planejamento familiar.

Resposta da questão 6:
Ainda que muitos governos e cidadãos sejam reticentes ou contrários às migrações e respondam a esse
fenômeno com intolerância, é notável a sua importância para a constituição das identidades nacionais e
da diversidade cultural. Exemplo clássico é a caracterização da identidade brasileira. Ainda que tenha
sido acompanhada de inúmeras violências, a existência de pessoas de diversas origens étnicas no Brasil
produziu (e ainda produz) uma riqueza cultural inestimável. A música brasileira, por exemplo, com traços
do candomblé, com instrumentos indígenas e temas cristãos, é mundialmente conhecida. Além disso, ela
varia de região para região. Aliando-se a isso o interesse dos imigrantes em construir uma nova vida,
podemos concluir que processos migratórios enriquecem (culturalmente e materialmente) a sociedade.

Resposta da questão 7:
a) Segundo Martins, a exclusão parte de uma dualidade equivocada: a de que existem pessoas
incluídas socialmente e outras excluídas socialmente. Para ele, o correto seria dizer que existe inclusão
precária, ou seja, que pessoas ou grupos sociais vivenciam formas precárias de vida e de participação
social.

b) Segundo o gabarito oficial, o estudante deve citar quatro dos exemplos a seguir:
- Trabalhadores escravizados em propriedades rurais e indústrias do Brasil e do mundo.
- Trabalhadores em condições laborais precárias.
- Trabalhadores sem terra.
- Pessoas expulsas por construção de barragens, hidroelétricas etc.
- Indígenas expulsos ou destribalizados vivendo em situações degradantes em centros urbanos.
- Imigrantes e refugiados perseguidos por motivos políticos e religiosos.

Resposta da questão 8:
a) Historicamente, as populações indígenas no Brasil têm vivido uma situação de preconceito, que
pode ser definido como uma discriminação étnica. Por terem tido uma colonização portuguesa, os
brasileiros internalizaram o modelo europeu de civilização, agindo assim de forma etnocêntrica com
relação às populações ameríndias. Casos como o assassinato do bebê não adquirem maior repercussão
justamente porque o indígena é visto como de uma cultura inferior, possuindo menos valor que uma
criança branca.

b) Podemos citar como problemas enfrentados pela população indígena o avanço do agronegócio,
sobretudo nas regiões centro-oeste e norte do país, bem como a construção de grandes obras de
infraestrutura, como a usina de Belo-Monte, no Pará. Tais eventos colocam os interesses econômicos de
certas camadas da população acima dos interesses das populações indígenas desses locais.

Resposta da questão 9:
A perspectiva neoliberal defende o livre mercado e a consequente não intervenção do Estado na
economia. Em momentos de estabilidade e certa prosperidade econômica, isso é bastante recorrente. No
entanto, em momentos de crise do sistema, muitos neoliberais defenderam a regulação do Estado para
evitar distorções no sistema. Em particular durante a crise de 2009, o Estado foi fundamental para fazer
as economias de diversos países do mundo voltarem a crescer. É esse tipo de alteração de visão que a
charge está criticando.

Resposta da questão 10:


Um regime oposto à democracia seria a ditadura. Nela não há liberdade de pensamento e de
manifestação política. Todas as pessoas devem pensar e agir segundo os interesses de quem está no
poder. Os cidadãos que não aceitam se submeter são perseguidos, considerados como traidores. Em
contrapartida, a democracia seria o governo mais apto para se lidar com as diferentes visões políticas,
uma vez que o debate de ideias é parte constituinte e fundamental de seu funcionamento.

Resposta da questão 11:


Os textos da questão nos permitem dizer que é falsa a relação entre pobreza e criminalidade. Não são os
pobres os que mais cometem crimes. No entanto, são eles os que mais são punidos por eles, reforçando
um estereótipo e uma prática de exclusão social. Na realidade, há crimes em todas as classes sociais, mas
o fato de as classes baixas serem mais punidas por eles somente reforça essa mesma situação de
desigualdade social que existia antes do crime.

Resposta da questão 12:


A figura apresenta três crianças: duas negras e uma branca. A criança branca é dona de um carrinho de
brinquedos, enquanto que as negras somente possuem baldes, panos e rodos. A criança branca está com a
roupa mais bem cuidada que a das crianças negras. As crianças negras parecem querer brincar com a
branca, e elas fazem isso tentado limpar os vidros do seu carrinho. Esta, por sua, vez, demonstra não
aceitar a brincadeira.
Esse contexto na verdade revela uma situação de exclusão social, muito comum em nossa sociedade. Tal
como as crianças negras, muitas pessoas são excluídas, e não conseguem se inserir na sociedade de bens
de consumo. A única forma de inserção é servindo aqueles que possuem tais bens. Estes, porém, muitas
vezes não aceitam esse tipo de serviço, contribuindo ainda mais para a exclusão social.

Resposta da questão 13:


Sugestões de resposta:

- Na sociedade contemporânea, as mulheres sofrem uma violência simbólica que tem como principal alvo
o seu corpo.

- Vivemos em uma sociedade patriarcal, na qual o corpo das mulheres é alvo de observação de todos.
Assim, as mulheres que não se enquadram nesse padrão do uso do corpo são fortemente criticadas.

- Em uma sociedade de origem judaico-cristã, as mulheres são educadas para serem mães. As que não se
enquadram nesse papel sofrem várias sanções.

Resposta da questão 14:


O Texto 1 relaciona-se ao sistema político liberal, enquanto que o Texto 2 vincula-se ao sistema político
socialista. Segundo o modelo liberal, cabe ao Estado garantir a propriedade privada, a livre circulação de
mercadorias e maximização da produção. Em contrapartida, o modelo socialista propõe a abolição da
propriedade privada, a estatização das empresas privadas, à coletivização dos ganhos com a produção e a
socialização dos benefícios gerados pelo trabalho humano.

Resposta da questão 15:


A Era Vargas ocorreu entre 1930-1945 em um contexto histórico de Estado forte e nacionalista em nível
mundial. Assim, Vargas ampliou o papel do Estado que interferia na economia reforçando o nacionalismo,
criou a CLT, a Consolidação das Leis trabalhistas, surgiram as estatais através da indústria de base como a
Vale do Rio Doce e a Siderúrgica Nacional de Volta Redonda, entre outras. Fernando Henrique Cardoso,
por sua vez, governou entre 1995-2002, em outro contexto histórico caracterizado pelo Neoliberalismo.
Assim, no governo de FHC, ocorreu muita privatização de estatais, diminuiu o papel do Estado através do
“Estado Mínimo”, surgiram inúmeras críticas a CLT com o processo de flexibilização da mão de obra.

Resposta da questão 16:


O poder dado ao Presidente da República de fechar provisoriamente o Congresso, intervir nos estados e
municípios, cassar mandatos e suspender direitos políticos, assim como demitir ou aposentar servidores
públicos e a suspenção da garantia de habeas corpus aos acusados de crimes contra a segurança nacional
e de infrações contra a ordem econômica e social e a economia popular constantes no AI5, confirmam o
estabelecimento do estado de excessão pelo governo militar.

Resposta da questão 17:


O populismo foi uma prática política desenvolvida não somente no Brasil, mas em quase toda a América
latina como forma de amenizar os avanços do movimento trabalhista em prol de mudanças consideráveis
das suas condições de trabalho. Na transição de poder das oligarquias agrárias para o empresariado o
populismo continha os ânimos do operariado. No Brasil, o populismo consistiu na concessão de relativos
benefícios aos trabalhadores, na condição de paliativos, a fim de entretê-los e desviá-los das questões
centrais dos seus problemas. Foi o que Getúlio Vargas fez, sendo daí chamado de "pai dos pobres", mas
também "mãe dos ricos".

Resposta da questão 18:


a) Não houve distribuição de renda. Pelo contrário, houve uma concentração da riqueza gerada.
b) Foi o período de maior repressão política, social e cultural, culminando com desaparecimentos,
torturas e mortos.

Resposta da questão 19:


a) Política clientelística, baseada na troca de favores; dependência da pessoa; apadrinhamento;
hierarquia social.

b) O controle do eleitorado rural nas respectivas localidades em que atuavam os "coronéis", em que estes
forneciam votos aos candidatos do estado e da União, em troca de proteção econômica e liberdade de
atuação política nos municípios.

Resposta da questão 20:


a) Na década de 1960, o movimento feminista defendia a liberdade no uso do corpo como o direito ao
aborto e ao uso da pílula anticoncepcional. A segunda imagem sobre a “Marcha das Vadias” critica o
machismo e protesta contra a culpabilização das vítimas envolvidas em episódios de violência contra a
mulher. O “Slut Walk”, Marcha das Vadias, começou no Canadá em 2011 e se espalhou por vários países
do mundo.
b) Permanência: as mulheres continuam em luta contra as diversas manifestações do machismo tão
arraigado no mundo. Na década de 1920, foi a luta pela igualdade política e acesso a cidadania. Na década
de 1960 pela liberdade corporal e na atualidade a luta contra as diversas formas de violência contra a
mulher. Ruptura: romper com aquele padrão branco de classe média alta da década de 1960 inserindo
todas as mulheres como as negras e pobres.

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