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Em primeiro lugar à DEUS, que abençoa e protege minha família todos os dias,
dando-me sabedoria e saúde para eu trilhar esse caminho de vitórias e muito amor.
Dedico esse trabalho aos grandes amores da minha vida: Meu marido Aldeni e
minha filha Victoria que são tão importantes para minha vida profissional e
emocional. Além de acreditarem em mim e dando a força que precisava para
prosseguir e persistir.
“Eu não sou daqueles que ficam desesperados com o presente e lançam um olhar
nostálgico para o passado. O passado é o passado, mas é necessário investigá-lo
com cuidado, com sinceridade, não ficar preso a fazê-lo reviver, mas conhecê-lo,
para que nos possa servir” (VIOLLET-LE-DUC-1814-1879).
RESUMO
FIGURA 40: Início da Rua Municipal (atual Av. Sete de Setembro) indicado 196
pela seta azul ao lado do Paço da Liberdade, gravura de 1884
feita por Charles Wiener
FIGURA 41: Registro de Manaus de 1884, feito por Conde Stradelli, 196
provavelmente esse terreno estava próximo a igreja da Matriz
com setas que marcam o local exato da ponte onde foi construída
a Avenida Sete de Setembro sobre o igarapé do Espírito Santo
canalizado (atualmente Avenida Eduardo Ribeiro). À direita,
imagem com outro ângulo dessa ponte sobre o mesmo igarapé
FIGURA 42: Esse registro retrata residências típicas que ocupavam a área do 199
centro manauara (1889). Essas casas foram retiradas desse local
para dar espaço aos jardins da igreja Matriz e também para a sua
escadaria. Detalhe para essas construções às margens do
igarapé do Espírito Santo (atual Avenida Eduardo Ribeiro, seta
vermelha) no cruzamento com a rua Municipal (atual Avenida
Sete de Setembro, seta azul)
FIGURA 43: Igarapé do Espírito Santo com seu casario localizado nas suas 200
margens em 1890
FIGURA 44: Drenagem do igarapé Espírito Santo (esquerda) e galerias 201
construídas na área que seria o Porto de Manaus (direita) entre
os anos de 1892-1900, registro disponível em George Huebner
1862 - 1935: um fotógrafo em Manaus citado por Duarte (2009)
FIGURA 45: Foto montagem da Avenida Eduardo Ribeiro feita em 2014 com 202
o projeto do novo Palácio do Governo
FIGURA 46: Construção do novo Palácio do Governo (final do século XIX) 202
FIGURA 47: Carta Cadastral da Cidade e Arrabaldes de Manaós levantada 204
por João Ribas e desenhado por Willy von Bancels em 1893 em
Lisboa, impressa em 1895 no Rio de Janeiro
FIGURA 48: Começo da Sete de Setembro em 1896, com destaque para a 206
Praça Dom Pedro II e o Paço da Liberdade, ambos localizados a
direita da Avenida
FIGURA 49: Avenida Sete de Setembro em 1898 com o tráfego de pessoas e 206
animais, com postes de iluminação pública, pela perspectiva da
1ª ponte (ponte romana I). Na época chamava-se Rua Fileto
Pires
FIGURA 50: Teatro Amazonas no ano de 1898 (seta verde), porém, com as 207
obras da avenida do Palácio ainda em andamento, sinalizada
pela seta vermelha
FIGURA 51: Avenida Eduardo Ribeiro em 1897 no cruzamento da atual a rua 208
José Clemente. O retrato mostra as obras de construção do
Palácio da Justiça (seta amarela). Foto original do Álbum do
Amazonas 1897/1898 (Governo Fileto Pires)
FIGURA 52: Avenida do Palácio (Eduardo Ribeiro) com destaque para o 209
prédio do Palácio do Governo (seta laranja), os mesmos em
construção provavelmente no ano de 1899
FIGURA 53: Rua Municipal (1899) no trecho próximo à rua Marechal Deodoro. 209
As proteções de mudas de madeira da nova arborização,
composta de castanholeiras (amendoeiras) plantadas na gestão
de Eduardo Ribeiro (1892-1896)
FIGURA 54: Avenida Sete de Setembro (Álbum do Amazonas-1901-1902), 210
destaque para os fundos do Palacete Provincial
FIGURA 55: Avenida Sete de Setembro no trecho entre o canto do Quintela e 210
a avenida Getúlio Vargas, ao fundo pavimento superior e a
cobertura do Ginásio Amazonense (1901)
FIGURA 56: Bonde, arborização, fluxo de pessoas e carruagens na Avenida 211
Eduardo Ribeiro 1905
FIGURA 57: Avenida Eduardo Ribeiro decorada para o desfile de carros 211
alegóricos e foliões fantasiados no carnaval de 1905
FIGURA 58: Avenida Eduardo Ribeiro 1906 211
FIGURA 59: Avenida Eduardo Ribeiro (1906). No detalhe com a seta em 212
amarelo e paralelo encontra-se Avenida Sete de Setembro
FIGURA 60: Em 1906 rua Municipal (Sete de Setembro, seta azul) e Avenida 214
Eduardo Ribeiro (seta vermelha). Destaque para o bonde elétrico
(seta verde), igreja da Matriz (seta amarela) e poste de
iluminação do tipo cajado (seta laranja)
FIGURA 61: Rua Municipal (Sete de Setembro) com o bonde nº 8 circulando 215
pela ponte Benjamin Constant, em 1906
FIGURA 62: Rua Municipal (Sete de Setembro) e a Ponte Romana I, 1908 215
FIGURA 63: Igarapé de São Vicente, ao fundo visualiza-se o antigo hospital 215
na ilha de São Vicente (seta amarela), detalhe para o início da
Rua Municipal (seta azul), hoje Avenida Sete de Setembro, 1906
FIGURA 64: Paisagem da Rua Municipal (Sete de Setembro) cortada por 217
igarapés. Esse trecho localiza-se nas proximidades da
Penitenciaria Raimundo Vidal Pessoa e a Ponte Benjamin
Constant (circulada na imagem). Foto de Hubner S. do Amaral
em 1910
FIGURA 65: Rua Municipal, hoje Avenida Sete de Setembro (1910), 218
arborizada com o Ficus- benjamim, destaque aos trilhos do
bonde (ao fundo)
FIGURA 66: Paisagem da Avenida Sete de Setembro em 1913 com sua 219
arborização, os trilhos do bonde, poste de iluminação e via limpa,
configuração urbana compatível aos lucros advindos da
borracha. Esse trecho da Avenida, atualmente, situa-se em frente
à sede do Banco da Amazônia-BASA
FIGURA 67: Avenida Eduardo Ribeiro (seta vermelha) no cruzamento com a 220
Avenida Sete de Setembro (seta azul), então Rua Municipal
(1913)
FIGURA 68: Cartão postal colorizado da Avenida Eduardo Ribeiro (1914) 220
FIGURA 69: Avenida Sete de Setembro (1914), na época Rua Municipal, 221
capturado da esquina da Praça Oswaldo Cruz, então Praça do
Comércio. Destaques: Em obras, edificação ao fundo, à
esquerda, em frente à Praça Dom Pedro II (seta verde), é o atual
Palácio Rio Branco (seta laranja). Registro feito na inauguração
das obras de calçamento deste trecho da avenida
FIGURA 70: Avenida Eduardo Ribeiro (1916). Registro colorizado, a partir da 221
Rua Henrique Martins. Ao fundo, no final da Avenida, o Palacete
Miranda Correia (seta laranja) com o Teatro Amazonas (seta
vermelha), Igreja de São Sebastião à direita (seta amarela) e
Palácio da Justiça à esquerda (seta verde)
FIGURA 71: Avenida Sete de Setembro em 1917, na época Rua Municipal 222
FIGURA 72: Vista aérea da cidade de Manaus na década de 20. Avenidas 222
Sete de Setembro e Eduardo Ribeiro destacadas em vermelho
com os suntuosos palacetes e a Igreja da Matriz Nossa Senhora
da Conceição no entorno
FIGURA 73: Vista aérea (1924-1925) de Manaus por ocasião da vinda da 223
"Expedição Hamilton Rice". Destaques: Avenida Eduardo Ribeiro
(seta vermelha) e Avenida Sete de Setembro (seta azul)
FIGURA 74: Avenida Eduardo Ribeiro (1927) orientado para norte, capturado 224
a partir da esquina da Rua Henrique Martins
FIGURA 75: Avenida Eduardo Ribeiro (1930). Ao fundo Teatro Amazonas 224
(seta verde)
FIGURA 76: Início da Avenida Eduardo Ribeiro (1930, seta vermelha) 224
apanhada do alto do edifício da Alfândega. Destaques com setas
amarelas: Igreja da Matriz e Relógio Municipal recém inaugurado
FIGURA 77: Avenida Eduardo Ribeiro no cruzamento com a Avenida Sete de 224
Setembro (1930). Ao fundo o Teatro Amazonas e a torre da Igreja
de São Sebastião (setas verdes)
FIGURA 78: Avenida Sete de Setembro (1931). Vista próximo ao cruzamento 225
com a Avenida Eduardo Ribeiro orientado para oeste. Em
primeiro plano vê-se dois bondes circulando
FIGURA 79: Avenidas Sete de Setembro e Eduardo Ribeiro (1935) orientado 225
para oeste mostrando parte dos prédios e a bela arborização
FIGURA 80: Avenida Sete de Setembro (1935), imagem capturada da rua 225
Lobo D´Almada orientado para leste, ao fundo bonde subindo a
avenida
FIGURA 81: Avenida Sete de Setembro (1936) festejos da Semana do 225
Amazonas e da Pátria com alunas do Ginásio Amazonense D.
Pedro II desfilando
FIGURA 82: Avenida Eduardo Ribeiro (1935), registro a partir da calçada da 226
sede do Ideal Clube. Destaques: arborização incipiente, com
mudas recém plantadas, protegidas por grades e ao fundo Teatro
Amazonas
FIGURA 83: Avenida Eduardo Ribeiro (1936), aspecto tomado do meio do 226
quarteirão entre as ruas 24 de maio e José Clemente, vendo-se
ao fundo o Palácio da Justiça
FIGURA 84: Avenida Eduardo Ribeiro (1938) no cruzamento com a Avenida 226
Sete de Setembro. À direita cabine de controle do trânsito no
centro das duas avenidas
FIGURA 85: Avenida Eduardo Ribeiro (1940). Entre a Avenida Sete de 226
Setembro e o cais do porto, orientado para o sul. À esquerda, o
conjunto de prédios da extinta firma "J. G. Araújo & Cia Ltda", no
canteiro central o Relógio Municipal
FIGURA 86: Linha do Bonde da linha Cachoeirinha-Circular atravessando a 2ª 227
ponte na Avenida Sete de Setembro em meados de 1940. Ao
fundo do bonde na parte direita da Avenida, o Palácio Rio Negro
FIGURA 87: Avenida Sete de Setembro, cruzamento com a atual Avenida 227
Getúlio Vargas. À esquerda muro do Colégio D. Pedro II e à
direita parte do edifício do Cine Guarani. Foto da jornalista Maria
de Lourdes Acher Pinto, provavelmente da década de 40 do
século XX
FIGURA 88: Cruzamento da Avenida Sete de Setembro (seta vermelha) com 228
Avenida Eduardo Ribeiro (seta azul) em 1950
FIGURA 89: Vista aérea parcial de Manaus (1955). Mostrando parte da região 228
central, no quadrilátero formada pelas ruas Barroso, Saldanha
Marinho, Joaquim Sarmento e José Clemente, tendo ao centro o
eixo da Avenida Eduardo Ribeiro. O registro traz em destaque o
Cine Odeon (seta verde)
FIGURA 90: Trecho final da Avenida Eduardo Ribeiro no final da década de 229
60, pela perspectiva da escadaria do IEA para a praça
Bittencourt. À esquerda, o Teatro Amazonas
FIGURA 91: Aspecto aéreo de Manaus (1967). Avenidas Sete de Setembro 230
(seta azul) e Eduardo Ribeiro (seta vermelha)
FIGURA 92: Trecho inicial da Avenida Eduardo Ribeiro (1972) 230
FIGURA 93: Vista aérea da Avenida Sete de Setembro na década de 70. À 230
direita da foto Colégio D. Pedro II, à esquerda Praça Heliodoro
Balbi (ainda dividida em três seções) e o Palacete Provincial
FIGURA 94 Casario da Avenida Eduardo Ribeiro (1970), à direita, no trecho 231
inicial
FIGURA 95: Perspectiva da Avenida Eduardo Ribeiro (1976), no trecho final, 231
a partir da praça Bittencourt
FIGURA 96: Registro de 2020 do cruzamento das Avenidas Eduardo Ribeiro 231
(seta vermelha) e Sete de Setembro (seta azul)
FIGURA 97: Mapa da Avenida Sete de Setembro com os imóveis e praças 247
protegidos
FIGURA 98: Mapa da Avenida Eduardo Ribeiro com os imóveis e praças 248
protegidos
FIGURA 99: Cruzamento da Av. Eduardo Ribeiro com Av. Sete de Setembro- 252
1906
FIGURA 100: Cruzamento da Av. Eduardo Ribeiro com Av. Sete de Setembro- 252
2021
FIGURA 101: Vista áerea das Avenidas Sete de Setembro (seta azul) e 253
Eduardo Ribeiro (seta vermelha) -2021
FIGURA 102: Praça XV de Novembro (à direita) e Praça Adalberto Vale (à 260
esquerda)
FIGURA 103: Panorâmica da Praça XV de Novembro localizada na Avenida 260
Eduardo Ribeiro com detalhe para a Igreja da Matriz (centro) e
Relógio Municipal (à direita)
FIGURA 104: Locais referenciados na pesquisa em percentagem 266
FIGURA 105: Obras de restauração da Ponte Benjamim Constant e o 273
aterramento do Igarapé do Mestre Chico contemplados no
PROSAMIM, respectivamente
FIGURA 106: Vista aérea do entorno da Ponte Benjamim Constant após a 274
intervenção do PROSAMIM
FIGURA 107: Plano urbanístico da ideia vencedora 276
FIGURA 108: Área do Projeto Centro Antigo de Manaus-eixo Bernardo Ramos 276
FIGURA 109: Rua Bernardo Ramos no projeto e depois de implantada em 2001 277
FIGURA 110: Retirada manual de paralelepípedos e demolição das calçadas 279
em 2016
1. INTRODUÇÃO.................................................................. 08
1.3 PROBLEMÁTICA..................................................................... 22
1.4 OBJETIVOS............................................................................. 23
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................... 31
143
3.3 LÓCUS DA PESQUISA............................................................
4. RESULTADOS........................................................................ 148
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO EVOLUCIONAL DAS AVENIDAS
SETE DE SETEMBRO E EDUARDO
RIBEIRO........................................................................................ 149
REFERÊNCIAS............................................................................ 341
8
1 INTRODUÇÃO
Como parte introdutória, nessa seção será tratada a temática da tese e sua
contextualização, tendo por objetivo apresentar informações preliminares sobre o
tema de investigação da pesquisa. Em seguida, será realizada uma discussão a
respeito da problemática, resultando na elaboração da pergunta-problema bem como
na construção da hipótese apresentada. Posteriormente, serão explanados os
objetivos, geral e os específicos, concluindo a seção introdutória com a justificativa,
mediante a exposição das lacunas teóricas que possibilitam argumentar o ineditismo
da tese submetida.
1 Optou-se pela distinção de determinados conceitos, geralmente confundidos entre si, onde esses
termos aparecem nessa tese como elementos contributivos ao trabalho, porém não serão
9
desenvolvidos como categoria de análise na pesquisa, apenas contextualizados. Assim, Mendes (2013)
esclarece os seguintes conceitos: 1) Regeneração urbana: visão abrangente e integrada com a
finalidade de resolução de problemas urbanos com a geração de mudanças mais duradouras da
condição econômica, física, social e ambiental de áreas que tenham sido sujeitas a
transformações/alterações; 2) Reabilitação urbana: pressupõe o respeito pelo caráter arquitetônico
dos edifícios, sem confundir-se com o conceito mais estrito de restauro, o qual implica a reconstituição
do traçado original de edifícios, no mínimo, das fachadas e das coberturas;3)Renovação urbana: ação
que implica na demolição das estruturas morfológicas e tipológicas existentes numa área urbana
degradada (tecidos urbanos onde não há reconhecimento do valor patrimonial arquitetônico e histórico)
e a sua consequente substituição por um novo padrão urbano, como novas edificações; 4) Reabilitação
urbana: esse processo abrange intervenções como a recuperação do edificado e dos espaços
públicos, estratégias de caráter social e assistencial dirigida a problemas específicos de grupos socio
espacialmente marginalizados até ações mais abrangentes de revitalização social e econômica. 5)
Requalificação urbana: visa restituir a qualidade a um determinado espaço a partir da melhoria das
condições físicas dos edifícios e/ou dos espaços urbanos, podendo ser alterada a função primitiva de
forma a dar resposta às exigências da época.
10
A rua não é apenas o espaço físico que você ocupa, mas um produto
socializante universal do grupamento de indivíduos, um eixo horizontal, que
conduz você e sua vontade a qualquer lugar determinado. Você não é só na
sua aldeia ou cidade, mas parte da rua, produto dela, a ele ligado por um
acordo explícito que é a casa. Antigamente era multado quem não tinha onde
morar, por isso que a rua só existe em função daquilo que você representa
na sociedade (1998, p.11).
A relevância de uma rua ou avenida não pode ser resumida apenas ao contexto
físico-espacial, mas também como produto da sociedade, dentro de um processo
cíclico e dinâmico de interpretação de sua própria história, ligando passado e presente
em um só lugar que vai se reinventando ao longo do tempo. O olhar do residente ou
do turista precisa ser ampliado para o contexto socioespacial de uma rua, avenida ou
na visão de conjunto entre os logradouros e suas edificações. Na visão de Peirce
(2000) a linguagem do espaço é plurissignificativa, daí a dificuldade de apreensão do
observador, ou seja, raras são as vezes que as pessoas conseguem entender ou se
inserir no processo de construção de um espaço, especificamente de uma rua ou
avenida, que vai além da materialização da arquitetura de prédios, monumentos,
edificações diversas ou logradouros.
A construção, pavimentação e urbanização de ruas ou avenidas são elementos
de base da formação visual de uma capital e de integração da população, residente
ou em trânsito, com esse aspecto de urbanidade do ser humano, que também é um
12
elemento de atratividade turística de um local. Kevin Lynch (1999), afirma que a cidade
é uma construção do espaço, em grande escala, perceptível apenas ao longo do
tempo, onde as pessoas possuem uma visão fragmentada sem relação com o todo,
mas tendo que entender que suas formas são dinâmicas e que respondem a uma
demanda atual ou futura do lugar, dependendo do momento em que essa sociedade
está vivendo. A cidade apresenta-se como fruto dos valores éticos, filosóficos e
sociológicos de cada cultura e de cada época, onde não há como não relacionar o
traçado urbano de Centros Históricos, resultado, sobretudo, de aspectos econômicos
e sociais do passado e do presente de uma cidade.
Essa complexidade de apropriação do espaço pela sociedade é abundante e
complexa, e segundo Lefebvre em La producion de l´espace (1974) há três dimensões
que podem fundamentar a dinâmica destes espaços, a saber: as práticas espaciais
(vivido), as representações do espaço (percebido) e espaços de representação
(imaginado). Tais dimensões auxiliam na leitura do espaço, na medida em que
homem, espaço e paisagem são indissociáveis, a história está presente na formação
morfológica de uma paisagem, sendo objeto histórico e passível de ser narrado. A
paisagem é resultado de um processo histórico que, aos lugares atribuem valor e, por
este motivo, são apropriados e comercializados no contexto da atividade do turismo.
Como parte desse processo de apropriação do turismo, a cidade deve ser entendida
como um organismo vivo e rico culturalmente, onde o seu conhecimento aprofundado
e dos seus subprodutos, como ruas e avenidas, revela ser a cidade uma densa
amostra da produção do homem (ser social) como agente transformador do espaço,
em um determinado momento.
As contribuições científicas dessa pesquisa estão permeadas na análise do
velho no novo ou vice versa, principalmente fundamentadas na interpretação das
transformações antigas e contemporâneas da cidade de Manaus por meio das
principais avenidas do Centro Histórico dentro de uma perspectiva de conjunto aliada
às edificações com valor histórico, das reflexões dessa formação socioespacial diante
de um contexto nacional e internacional e, sobretudo uma possibilidade de ampliar a
compreensão espacial e histórica desses logradouros e edificações auxiliando, assim,
na diversificação da oferta de atrativos turísticos tanto para visitantes como para os
moradores locais.
Com base no referencial, justifica-se a relevância deste estudo alicerçada em
questões relativas ao valor histórico e conservação da memória de um lugar, aflorando
13
1078
URBAN TOURISM
575
3384
CULTURAL TOURISM
1747
URBAN SPACE
2582
8069
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
1443
CITY TOURISM
1559
1380 1400 1420 1440 1460 1480 1500 1520 1540 1560 1580
2000-2019 1982-2019
2000 a 2018
1983 a 2018
Large Cities, de Chris Law. Outro livro com título similar é o livro Urban
Tourism, de Stephen Page. Em termos de livros de múltiplos autores, dois
que parecem se destacar como merecedores de uma leitura baseada
simplesmente em seus títulos incluem: International City Tourism: Análise e
Estratégia e The Tourist City. Um par de outros textos multi-escritos que
merecem ser considerados incluem: Turismo Urbano: Desempenho e
Estratégias em Oito Cidades Europeias e Turismo nas Grandes Cidades. Os
livros mencionados aqui não são os únicos textos sobre turismo urbano
atualmente disponíveis, no entanto, muitos outros não revisados tendem a ter
um tema específico, como turismo em cidades históricas, ou se concentrar
em um aspecto particular dos fenômenos turísticos como marketing ou
promoção (2001, p.77-78).
Na maioria das visões recentes, foi afirmado que “o turismo urbano continua a
ser um campo imaturo de pesquisa e prática” (PASQUINELLI, 2015, p. 4). Isso
justifica-se, para Ashworth (2012), pois essa situação reside, em grande parte, no fato
de que no âmbito da investigação do turismo urbano, “apesar de sua significância, o
mesmo permanece de forma imprecisa e vagamente demarcado no que tange ao
pouco desenvolvimento de uma sistemática estrutura de entendimento, quer do papel
do turismo em cidades ou de cidades em turismo” (2012, p.1). Vários temas podem
ser discernidos nos estudos existentes em torno do turismo da cidade, onde a melhor
definição é a de viagens para os destinos de cidade e normalmente caracterizado por
estadias curtas (PASQUINELLI, 2015). Crăciunescu (2015, p.50) menciona Richard
Butler (2006, p.140) na afirmação de que o “turismo urbano permanece em uma
espécie de vácuo científico”. Desta forma, esses autores acabam por comprovar a
necessidade latente de pesquisas mais aprofundadas, principalmente no que diz
respeito aos estudos de revisão teórica. Perceber esses parcos estudos científicos no
âmbito internacional, dá a essa tese a justificativa de aprofundamento na construção
da fundamentação teórica, buscando, principalmente, as lacunas que possam dar ao
seu escopo a relevância e contribuição acadêmica necessária para sair do senso
comum e tornar-se ciência.
Com base no levantamento realizado em maio de 2018, os estudos
apresentados revelam que dos 38 artigos verificados (quadro-síntese no Apêndice A),
8 são revisões teóricas e comunicação. Das 7 revisões teóricas, apenas 2 são de
autores brasileiros, 30 são pesquisas empíricas/estudos de caso, 13 concentram-se
na Europa, o restante está distribuído em 3 outros continentes: africano, americano,
asiático. Isso demonstra pouca produção de revisão teórica e sobretudo, a parca
produção científica brasileira voltada para a temática do turismo urbano no que tange
aos estudos empíricos e revisionais. Outro aspecto que também é vislumbrado, é que
18
5
5 5
4
4 4 4 4
3
3 3
2
2 2 2 2
1
1 1 1 1 1
Turismo
Patrimônio Urbano
cultural
(edificado)
Logradouros
1.3 PROBLEMÁTICA
1.4 OBJETIVOS
1.5. JUSTIFICATIVA
3 Um shopping tem uso público, mas é espaço privado, ou seja, existe uma discussão e diferenciação
entre uso público e bem público, porém, esse não é o propósito desse estudo, por isso não houve
aprofundamento nessa questão.
4 Visita panorâmica sem paradas como o city tour.
30
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A produção do espaço
urbano: agentes e
Carlos, Souza e Spósito processos, escalas e
(2017) desafios
Milton Santos afirma que a noção de formação social como como categoria
analítica "concerne à evolução diferencial das sociedades em seu próprio quadro e
em relação com forças externas das quais frequentemente lhe vem um impulso motor”
(1980, p.201). Trabalhar com a categoria de formação socioespacial significa acima
de tudo, utilizar como fundamento para a explicação da produção, isto é, o trabalho
do homem para transformar, segundo leis historicamente determinadas, “o espaço
com o qual o grupo se depara" (1980, p.201). E mais adiante, reafirma que tudo o que
existe articula o presente e o passado, pelo fato de sua própria existência, por essa
lógica racional, conecta igualmente o presente e o futuro (SANTOS, 1980). Nesse
processo de construção conceitual Lefebvre (1976, p.14 e 17) revela que “reconhecer
o espaço, reconhecer o que está acontecendo ali e para que é usado, é retomar a
dialética”. Para Lefebvre (1974), sociólogo, afirma que cada sociedade produz um
espaço que lhe é particular, o seu próprio espaço, e dessa forma, ainda segundo o
referido autor, o espaço (social) seria então um produto (social), indispensável para a
realização das atividades humanas, sejam sociais, culturais, políticas e/ou
34
percebido, o concebido, o vivido nunca são simples, nem estáveis (LEFEBVRE, 1974).
Para ele, se existe produção e processo produtivo do espaço, há história, o que implica
na formulação do quarto aspecto, por conseguinte, a história do espaço, de sua
produção enquanto “realidade”, de suas formas e representações, não se confunde
com o encadeamento causal de fatos “históricos” (datados), nem com a sucessão,
com ou sem finalidade, de costumes e leis, de ideias e ideologias, de estruturas
socioeconômicas ou de instituições (superestruturas). A figura 04, sintetiza as teorias
das práticas sociais de Lefebvre (1974) norteadoras dessa tese:
Figura 04: Práticas espaciais de Lefebvre
movimento e pausa, cujo ritmo tende a ser de duração relativamente longa, tornando
mais evidentes as formas e menos os processos. Pela percepção de Coutinho (2019,
p.11), “quando olhamos os objetos e as coisas que estão distribuídas no mundo –
arrumação que se convencionou chamar “paisagem” –, imediatamente apontamos
direções interpretativas e, por elas, formatamos opiniões acerca de sua forma”. O
mesmo autor, menciona que a paisagem tem sido sempre o ponto de partida e o de
chegada, raramente é tida como mediação, pressupondo que a qualidade da
paisagem já não é transmitida por uma referencialidade, mas pela qualidade em si, ou
seja, nesse sentido, o “mundo externo” que se apresenta como outra dicotomia é
independente do “interno”, por conseguinte, a paisagem aprimora suas qualidades em
si e se afasta do que se move, da totalidade, por isso, ela é memória.
É o valor atribuído à cada fração da paisagem pela vida que metamorfoseia a
paisagem em espaço, no qual permite a seletividade da espacialização (SANTOS,
1988). A configuração da paisagem de hoje, guarda vários momentos do processo de
produção espacial, o que nos permite identificar elementos da evolução dessa
produção para análise e discussão (CARLOS, 2008). A essência é captar a relação
existente entre a percepção cultural de uma sociedade e as transformações do meio
físico, obra desta mesma sociedade, sem perder a memória. Na concepção de
Coutinho (2019, p.16), a paisagem fornece o sentido de localização às formas
geográficas e às relações entre os homens e as coisas-do-mundo, “não é uma
primeira representação do espaço, por isso, o homem apreende, na paisagem, a
espacialidade como uma totalidade do espaço”.
Enfim, “os modos de produção escrevem a História no tempo, as formações
sociais escrevem-na no espaço” (SANTOS, 1977). A distinção entre modo de
produção e formação social é necessária do ponto de vista metodológico. Milton
Santos (1977, p.3) cita M. Godelier segundo o qual:
O modo de produção seria o gênero cujas formações sociais seriam as
espécies e o modo de produção seria apenas uma possibilidade de realização
e somente a formação econômica e social seria a possibilidade realizada. A
noção de Formação Econômica e Social é indissociável do concreto
representado por uma sociedade historicamente determinada. Defini-la é
produzir uma definição sintética da natureza exata da diversidade e da
natureza específica das relações econômicas e sociais que caracterizam uma
sociedade numa época determinada.
5 Termo contributivo para o encadeamento lógico textual e teórico da pesquisa, porém, não será uma
categoria de análise a ser aprofundada nessa tese.
42
paisagem urbana (BOULLÓN, 2002). O mesmo autor, decifra que sem o homem, a
paisagem desaparece, ou seja, ela se vai com o observador porque não passa de
uma ideia da realidade elaborada e interpretada esteticamente por aquele que está
vendo, variando entre estética, utilitária ou indiferente, proporcionando mudanças na
sua forma de percepção e de seu juízo sobre uma mesma situação real.
Em complementação a essa definição conceitual, Cullen (2009) afirma ser ela
uma composição artística de tornar coerente e organizado, do ponto de vista visual, o
emaranhado de edifícios, ruas e espaços que constituem o ambiente urbano,
possibilitando análises sequenciais e dinâmicas da paisagem urbana a partir de
premissas estéticas, isto é, quando os elementos e jogos urbanos provocam impactos
de ordem emocional. E, interessante notar que esse mesmo autor, menciona três
aspectos principais a serem considerados na paisagem urbana: 1) Perspectiva como
uma visão serial repleta de surpresas e repentinas revelações; 2) O Local relacionado
de forma instintiva e contínua com o meio ambiente e 3) Sensação de localização que
atribui personalidade e singularidade na constituição da própria cidade relacionando-
se com os aspectos ligados à sua natureza, cor, textura, escala ou estilo. Alberti (2005)
menciona que a paisagem urbana se apresenta como um mosaico de interação entre
elementos físicos e biológicos dentro de uma matriz de infraestrutura e organização
social, o que acaba por resultar na materialização da sociedade predominante em
conformidade com as condições do sítio urbano. Sendo assim, o turismo apropria-se
desse processo de interação entre homem e paisagem no momento em que planeja
e organiza os atrativos turísticos que ficarão à disposição do residente e do
visitante/turista para conhecer, interpretar e experenciar os produtos materializados
nessa paisagem urbana, como edificações, praças, ruas e monumentos.
No processo de compreensão da paisagem, parte-se do pressuposto de que a
mesma deva ser considerada com uma imagem sociocultural, um produto coletivo da
localidade, em determinado período (tempo histórico), onde existe a necessidade da
presença de um observador (homem) para que possa existir uma ideia elaborada pelo
indivíduo, ao observar e interpretar um determinado lugar. Em síntese, as paisagens
podem ser entendidas como representações das formas das cidades, seus espaços
abertos e edificações na sua configuração espacial, proporcionando ao observador as
marcas impostas pelo tempo e pelas ações dos habitantes no lugar (FERNANDES;
SOUZA; TONON; GÂNDARA, 2014).
48
mudam e dão uma geografia diferente a cada momento da história” (2007, p.54).
Carlos acrescenta ainda que “a paisagem é não só fruto da história, ela reproduz a
história e a concepção que o homem tem e teve do morar, do habitar, do trabalhar, do
comer, do beber, enfim do viver” (CARLOS, 2008, p.46).
Para Boullón (2002) a paisagem é um ambiente artificial, construído pelo homem,
cujo objetivo prático é a vida em sociedade. Homens diferentes construíram cidades
com personalidades diversas que se adaptaram ao ambiente natural que lhes
serviram de base, refletindo a energia das forças sociais e econômicas do período
histórico em que se originaram e perduram. As cidades possuem funções utilitárias de
trabalho, circulação, habitação e lazer (LE CORBUSIER, 2004) e mantiveram-se em
equilíbrio e dentro de uma dimensão humana, mas depois com o crescimento dos
fluxos comerciais e a mudança dos modos de produção trazidos pela Revolução
Industrial, seu crescimento acelerou-se até alcançar os tamanhos gigantescos das
atuais megalópoles. Essas funções qualificam a atmosfera citadina, em que não se
deve privilegiar uma função em detrimento de outra, pois, todas ao mesmo tempo dão
vida e movimento perene da cidade na conjugação da apropriação dessa urbe pela
indústria, comércio, mobilidade, turismo, lazer, moradia e serviços em geral.
Para Paiva (2013) a cidade está na origem da relação entre o turismo e a
urbanização, pois constitui, um elemento de atratividade para os viajantes, ou seja, o
turismo é um fenômeno essencialmente urbano. O mesmo autor menciona que essa
atividade interfere no processo de urbanização contemporânea na medida em que
reforça as transformações funcionais, técnicas, estruturais, formais e estéticas da
cidade contemporânea ligadas às práticas sociais da atividade turística. As estruturas
espaciais existentes e consolidadas nas cidades históricas suscitam o
desenvolvimento da atividade turística, por conseguinte, não podendo minimizar o
poder de atração das áreas urbanizadas para a fluidez do turismo, não é à toa que as
grandes metrópoles constituem grandes destinos turísticos mundiais. Este argumento
encontra sustentação no fato de que a cidade constitui não somente o principal centro
de emissão de turistas, como também um importante centro de recepção, sendo ela,
por excelência, “um importante atrativo turístico, pois materializa as diversas fases do
processo de urbanização, que cristalizaram importantes artefatos culturais,
ressemantizados e transformados em atrativos turísticos” (PAIVA, 2013, p.136).
50
6 Termo contributivo para o encadeamento lógico textual e teórico da pesquisa, porém, não será uma
categoria de análise a ser aprofundada nessa tese.
7 Termo contributivo para o encadeamento lógico textual e teórico da pesquisa, porém, não será uma
categoria de análise a ser aprofundada nessa tese.
51
geográfico. Para se obter uma definição mais precisa dos tipos de paisagem de uma
cidade, é preciso combinar as seguintes variáveis: tipo de urbanização; nível
socioeconômico das edificações; estilo arquitetônico; topografia; tipo de rua; tipo de
pavimento e tipo de árvore (BOULLÓN, 2002). A paisagem urbana não é
simplesmente para ser vista, mas sim para ser explorada e compreendida, visto que
relata a história de cada sociedade, possuindo memória, apresentando registros do
passado e do presente que juntos formam um grande atrativo para o turismo
(FERNANDES; SOUZA; TONON; GÂNDARA, 2014).
A paisagem urbana deve ser compreendida como um elemento de qualificação
da cidade, de modo que esta é um reflexo do próprio espaço apropriado da cidade,
sendo um elemento dinâmico, cheio de signos e símbolos que devem ser lidos para o
entendimento da formação e realidade dos espaços da urbe. Sendo assim, as
paisagens tornam-se elementos fundamentais na atratividade turística de uma cidade,
sendo responsáveis pelo primeiro contato que indicará ao turista, que o mesmo se
encontra fora de seu local habitual de residência, deste modo sua qualidade é
imprescindível de modo a aguçar os sentidos do visitante convidando-o a um olhar
meticuloso na tentativa de ler as formas da cidade. Lynch (1999) afirma que a imagem
da cidade é formada por uma série de paisagens encontradas nos espaços urbanos
percorridos por visitantes e visitados, que observam, compreendem, avaliam e
qualificam cada uma destas paisagens formando uma imagem seriada da destinação
visitada e vivenciada. Deste conjunto surge o conceito de cidade, portanto a imagem
da cidade (LYNCH, 1999).
Nesse sentido, cidades transformam-se com o intuito de atrair turistas e esse
processo provoca, de um lado, o sentimento de estranhamento - para os residentes -
e, de outro, transforma tudo em espetáculo e o turista em espectador passivo
(CARLOS, 1996). A paisagem urbana não deve servir apenas para fins de
contemplação, mas deve ser encarada como um lugar a ser descoberto, explorado,
analisado, percorrido pelo observador, na busca de sua historicidade e memória, ou
seja, registros do passado e presente, que juntos formam um atrativo turístico
(CULLEN, 2009).
Convém destacar que para Boullón (2002), a linguagem de uma cidade são
formas apoiadas nos seus signos e que sua base de leitura reside em dois grandes
grupos: os edifícios e os espaços abertos. Suas características heterogêneas podem
analisadas por meio de seis pontos focais urbanos dentre os edifícios e espaços
53
abertos, da organização focal à relação existente entre eles e o esquema físico, sua
representação gráfica. Os seis pontos focais, aplicados para os objetos de estudo
dessa tese, conforme Boullón (2002) são:
1. Logradouros: espaços abertos ou cobertos de uso público com acesso
livre por parte do turista. Cabe salientar que algumas encruzilhadas ou
partes de ruas produzem acontecimentos incomuns, possibilitando
atratividade.
2. Marcos: artefatos urbanos ou edifícios, objetos que pela sua dimensão ou
qualidade da forma destacam-se dos demais, atuando como pontos de
referência exteriores ao observador.
3. Bairros: grandes seções da cidade pelo qual o turista pode entrar e
deslocar-se.
4. Setores: são partes menores que os bairros possuindo as mesmas
características, em uma escala menor, normalmente, restos de um antigo
bairro, cujas edificações originais foram suplantadas por outras mais
modernas, atingindo um novo valor comercial.
5. Bordas: elementos lineares fronteiriço que marcam o limite entre duas
partes da cidade, separando bairros diferentes, quebra continuidade de
um espaço homogêneo ou define margens de partes da cidade.
6. Roteiros: vias de circulação selecionadas para o trânsito turístico de
veículos e pedestres, nos seus respectivos deslocamentos para visitação
aos atrativos ou para entrar ou sair da cidade.
nas pesquisas, tendo como referenciais as obras de Tuan (1980; 1983). No que
concerne ao meio ambiente construído, o autor menciona que a arquitetura revela,
instrui, atendendo a um propósito educativo de explicação de uma visão da realidade,
seja ela atual ou passada, pois em algumas cidades as construções arquitetônicas
são os primeiros testemunhos que possibilitam a transmissão de geração para outra
geração de uma tradição. Para ele, é possível inferir, portanto, que uma cidade antiga
ou uma fração dela guarda um acervo de fatos onde os cidadãos e suas respectivas
gerações podem se inspirar e recriar sua concepção e imagem de lugar (TUAN, 1983).
Portanto, o patrimônio construído é resultado de uma apropriação coletiva do passado
pelo presente com vistas a transmissão desse legado ao futuro calcada na ideia de
preservação da memória e construção da identidade de um povo (ROSSINI, 2012).
Na visão de Paes (2017), a cultura, hoje, não é apenas um supérfluo da
economia ou uma dimensão menor do conhecimento científico, ela estrutura o nosso
estar no mundo, por isso têm a atenção e interesse da economia contemporânea
atualmente, pois, impõem diretrizes na seleção de valores para a sociedade. O
mesmo autor menciona que ela estando presente em todas as dimensões da vida, a
sua apropriação econômica adentrou no campo dos valores simbólicos e invadiu as
identidades, os gostos e costumes, criando selos e certificações para os patrimônios
materiais, imateriais e naturais. Desta forma, considerando-se a cultura uma condição
de produção e reprodução da sociedade (MENESES, 1996), não há patrimônio, seja
ele material ou imaterial, que não seja cultural. No entanto, a cultura “diz respeito a
valores” definidos no complexo jogo de forças presente no interior de uma sociedade,
na medida que conforme Luchiari (2005), a eleição de um patrimônio é um processo
socialmente seletivo ou culturalmente seletivo.
O patrimônio cultural imaterial, para Cruz (2012), apresenta uma característica
definidora, a partir do entendimento, em sua espontaneidade expressada por meio
das artes da dança e música, festas, reuniões, rituais, “artes de fazer”, ou seja, uma
infinidade de práticas culturais, são heranças que as sociedades inventam, reinventam
e destituem a mercê de seus interesses, onde curiosamente essa mesma
espontaneidade contraditoriamente é ameaçada pelos mecanismos sociais
inventados para protegê-las. Quanto ao patrimônio material, sob a análise da autora,
as contradições não são menores, o que está por trás de um objeto, seja ele uma
gravura, uma escultura, um instrumento musical ou um edifício são manifestações
culturais, dotadas de características temporais e de uma espacialidade que lhes são
57
Podemos, então, afirmar que, hoje, o conceito de bem cultural foi bastante
ampliado pela Constituição de 1988, sendo resultado de um longo processo de
ressignificação que inclui as inúmeras áreas do conhecimento. É preciso, pois, ter
sempre em vista que se trata de uma concepção em processo, e que envolve
perspectiva multidisciplinar, considerando que cada período da história está voltado
para determinados interesses que vão, de alguma forma, alterar e interferir no
significado que podemos dar ao termo bem cultural (GUEDES; MAIO, 2016).
Convém salientar, a existência das cartas patrimoniais, que são documentos
utilizados como instrumentos norteadores do patrimônio cultural objetivando a
orientação e uniformização das práticas em torno da proteção aos bens culturais
chancelados por especialistas ou instituições de credibilidade nacional e internacional
que atuam na preservação e conservação patrimonial. Internacionalmente, têm-se a
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) que
é um organismo reconhecido para elaborar as regulamentações e a definição de
procedimentos de identificação e proteção do patrimônio cultural em nível mundial. No
Brasil, na esfera federal, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN) têm a função de identificar, salvaguardar e nominar os bens como patrimônio
nacional nos seus diversos livros de tombo (patrimônio material) e de registro
(patrimônio imaterial). Apesar da existência de outras instituições, a UNESCO e
IPHAN são as mais reconhecidas ao nível nacional e mundial. Eles acabam atuando
como instâncias formais de proteção, definindo regras e normas para a preservação
do patrimônio, sendo isso resultado de reuniões, seminários, congressos e espaços
de discussão no qual grupos interessados reúnem-se para discutir, debater e
deliberar, podendo no seu término produzir Cartas Patrimoniais (CP) que tenham
58
não são mais edifícios individuais, mas bens imateriais, conjuntos urbanos e
até cidades inteiras, e atualmente, grandes porções do território sob o nome
paisagens culturais. O patrimônio em seu aspecto urbano, isto é não apenas
o edifício isolado, mas considerando o tecido urbano e o contexto, já vinha
sendo tratado pelos teóricos do patrimônio (INOUE, 2015, p.4).
Em suma, o valor de uma área antiga não reside apenas nos edifícios, mas na
sua localização e na sua centralidade para quem vive, mora e trabalha nessa área,
que deve ser preservada com renovação ou restaurada com revitalização para que
assim, esses espaços possam ser vividos sujeitos a alterações e não museus
“mortos”, pois, para salvaguardar a vida urbana faz-se necessário a criação de
políticas públicas que permitam a sobrevivência das cidades com suas
especificidades antigas e contemporâneas além da garantia de seu patrimônio
histórico (PORTAS, 1969). Nesse contexto, convém salientar que Huyssen (2000, p.
10-15) lança luz para uma reflexão no que tange a uma busca exacerbada nos tempos
atuais pela “cultura da memória”, onde a possibilidade de resgate do passado parece
frequentemente mais interessante que a construção do novo. Ou seja, o passado,
presente e o futuro do patrimônio edificado nas áreas antigas devem andar juntos,
num processo de simbiose que resultará na qualidade da experiência turística
proporcionando uma atmosfera histórica do lugar em conformidade com os seus bens
culturais preservados.
Então, deve-se ressaltar, o conceito de bem cultural como uma categoria a ser
considerada no processo de tombamento, que na visão de Ferreira (1986, p.247) são
considerados como bens culturais “obras arquitetônicas, ou plásticas, ou literárias, ou
musicais, conjuntos urbanos, sítios arqueológicos, manifestações folclóricas, etc.” No
entanto, Flavio Carsalade (2016) relata sobre uma tendência das convenções
internacionais em correlacionar a terminologia ao bem protegido:
Na verdade, qualquer bem produzido pela cultura é, tecnicamente, um bem
cultural, mas o termo, pela prática, acabou se aplicando mais àqueles bens
culturais escolhidos para preservação – já que não se pode e nem se deve
preservar todos os bens culturais –, fazendo com que, no jargão patrimonial
– e por força de convenções internacionais –, a locução bem cultural queira
se referir ao bem cultural protegido (CARSALADE, 2016, p. 14).
(INOUE, 2015). Isto posto, na visão do mesmo autor, está nítido nessa situação a
dialética entre conservação e desenvolvimento, ou conservação e mudança, o que
CHOAY (2006) coloca como a dialética dimensão museal e dimensão contemporânea,
seja dos objetos, tecidos urbanos, cidades e paisagens. Chama-se atenção ao uso do
termo “tecidos urbanos”, sinônimo aplicado aos logradouros e no caso dessa pesquisa
ruas ou avenidas.
No âmbito da sua concepção cientifica e legal, o patrimônio cultural está
diretamente ligado à sua construção física ( prédios, monumentos, edificações,
acervos arquitetônicos) edificada em um determinado tempo e espaço bem como à
sua dimensão simbólica nas diversas formas de agir, sentir e viver dos grupos sociais
enquanto membros partícipes de uma comunidade: os ofícios e manifestações
populares tradicionais, a gastronomia, as artes populares, o artesanato, os quais
estabelecem processos de identificação (HALL, 2000). Carvalho (2010,p.17) afirma
que o mesmo possui um aspecto vinculante à memória e à identidade dos grupos
sociais, os quais estabelecem a apropriação e a coletivização do patrimônio cultural,
ao mesmo tempo que produzem nos espaços urbanos lugares significantes, com os
quais a comunidade local se afeiçoa e se identifica, “podendo vincular-se à infância,
às atividades corriqueiras, aos encontros sociais e familiares e, consequentemente,
fazem-se presentes na memória de indivíduos e grupos sociais específicos”.
A ideia de que o “patrimônio cultural” é mais que a memória de nós mesmos e,
assim, são referenciais sociais, espaciais, históricos e existenciais, por conseguinte,
o direito à memória torna-se inerente ao direito fundamental de todo ser humano
podendo acabar por gerar uma situação conflituosa, pois, esse direito esbarra em
outro direito igualmente universal: o direito à mudança, à transformação, ao novo
(CRUZ, 2012). Nesse contexto, surge então, a patrimonialização como um “um
conjunto de práticas sociais, desde as mais diversas formas de produção cultural, de
saberes simbólicos e técnicos até os inúmeros processos de institucionalização do
patrimônio como tal, que permitem a preservação dos bens culturais” (PAES, 2009, p.
164). A “patrimonialização do patrimônio”8 somente pode ser compreendida, portanto,
8 É um movimento, que na visão de Pereiro Pérez (2003), emerge a partir da 2ª guerra mundial, onde
deu-se um salto quantitativo e qualitativo na ativação do patrimônio cultural, no qual esse processo de
ativação, para ele é denominado de “patrimonialização”, estando associado a um esforço
conservacionista de longo alcance e que tem um fio destacado no romantismo. Neste processo os
especialistas (arqueólogos, antropólogos, arquitetos, historiadores da arte, etc.) são vitais, enquanto
criadores de uma legitimidade patrimonial seletiva. Os especialistas certificam o valor dos elementos
69
culturais dignos de serem patrimonializados e reconhecem como bem de tutela pública o que antes não
estava reconhecido como tal.
70
1º Relacionar com a
personalidade ou experiência do 1º Acesso e compreensão
1º Todo lugar tem história
visitante
2º Fontes de informação
2º Revelação baseada em 2º Uso prudente da tecnologia
informação revela novas formas 3ºAtenção ao entorno e ao
3º Basear-se na quantidade e contexto
3º Interpretação é uma
qualidade da informação
combinação de artes 4º Preservação da autenticidade
4º Formação do profissional da
4º Objetivo da interpretação não interpretação
é a instrução, mas provocação 5º Plano de sustentabilidade
5º Redação interpretativa com
5º Abordagem holística com foco na curiosidade dos 6º Preocupação com a inclusão e
descrição do todo ou interpretar visitantes com a participação
como um todo 6º Suporte financeiro,
voluntário, político e 7º Importância da pesquisa, da
6º Atendimento interpretativo administrativo formação e da avaliação
diferenciado para as crianças 7º Instigar a capacidade e o
desejo de sentir a beleza a sua
volta
8º Promoção da melhor
experiência
9º Paixão pelo recurso e pelas
pessoas que buscam ser
inspiradas por ele
Fonte: Elaborada pela autora
abordar estas questões, tem-se que a construção da identidade depende dos fatores
de ordem cultural que os atores cultivaram e que vêm sendo constantemente
colocados à prova em todos os lugares (2007). Nesse mesmo pensamento, Sá
assinala que a identidade é o conjunto de características que qualificam uma nação
com seu território, conjunto de raças, língua, cultura, crenças, religião, interesses e
sua geografia, conferindo a esses elementos uma personalidade ou uma imagem
(2002). Complementando Dias (2006) argumenta que a identidade cultural é a busca
pela afirmação de uma diferença e de uma semelhança, o ato de identificar significa
procurar traços comuns entre si, fortalecendo o sentimento de solidariedade grupal.
Muitos turistas procuram o reencontro com o passado, com tradições e essas
supracitadas identidades, uma espécie de resposta ao processo de mundialização da
cultura, acelerado a partir da segunda metade do século XX, acarretando na
ressignificação de uma série de conceitos e valores (BARRETTO, 2007). Para iniciar
esse processo de valorização dos atrativos turísticos é necessário primeiro inventariar
o patrimônio cultural e natural, sendo eles a matéria-prima do turismo cultural
simbolizando a identidade cultural de uma comunidade, nas dimensões locais,
regionais ou nacionais.
Camargo (2002) expõem a preservação ou conservação das edificações e dos
conjuntos urbanos, afirma-se como uma necessidade face ao grau de destruição,
surgidas a partir do fenômeno da Revolução Industrial. A partir da Revolução
Industrial, as cidades deixam de ter um perímetro delimitado e preciso. As muralhas
foram demolidas em razão do desuso e necessidade expansão, correspondendo
àquilo que se pode chamar de território urbano, outro traço está relacionado à
segmentação socioeconômica em bairros. Porém, para falar de preservação e
conservação como política de Estado é preciso remeter à Revolução Francesa, 1960
anos após a queda da Bastilha. O mesmo autor, afirma que surgiu nessa época o
conceito de patrimônio nacional, ou seja, os cidadãos, com essa Revolução, eram
iguais e livres perante a lei, e, nascidos no país, são todos irmãos e herdeiros do
mesmo pai, o Estado Nacional, como consequência, os monumentos seriam a
materialização da identidade nacional, e, por meio deles, os cidadãos se
reconheceriam franceses.
A exploração da cultura como atrativo turístico possibilitou o crescimento do
turismo cultural, principalmente em ambientes urbanos.
81
O turismo cultural é aquela forma de turismo que tem por objetivo, entre
outros fins, o conhecimento de monumentos e sítios histórico-artísticos.
Exerce um efeito realmente positivo sobre estes tanto quanto contribui - para
satisfazer seus próprios fins - a sua manutenção e proteção. Esta forma de
turismo justifica, de fato, os esforços que tal manutenção e proteção exigem
da comunidade humana, devido aos benefícios socioculturais e econômicos
que comporta para toda a população implicada (ICOMOS, 1976).
onde nem todo turismo é cultural, pois “a ideia que queremos apresentar aqui é a de
que não é o que se vê, mas o como se vê, é que caracteriza o turismo cultural” (p.7-
8). Então, pode-se argumentar, ser o turismo cultural não um nicho de mercado dentro
do turismo, mas sim, uma amálgama de tipologias de turismo com diversas atividades
que têm um foco cultural, como turismo de patrimônio, turismo de artes, turismo
cultural urbano, turismo cultural rural e turismo cultural indígena (WANG; YAMADA;
BROTHERS, 2011).
O turismo cultural traz benefícios para as comunidades anfitriãs e fornece um
motivo importante para que eles cuidem e mantenham sua herança e práticas
culturais, sendo uma estratégia de turismo alternativo com dimensões econômicas,
sociais, culturais, educacionais e ecológicos, visando o desenvolvimento sustentável
local (SHIN, 2010). Tomando o continente europeu como um exemplo para um
entendimento inicial do perfil da demanda dos turistas culturais, estudos realizados de
Bywater (1993) concluiu que a tríade sugerida na seleção da escolha dos destinos
pelos viajantes era com base na motivação cultural, inspiração cultural ou atração
cultural. A primeira categoria descreveu os viajantes que escolheram um destino com
base em suas ofertas culturais, já segunda pertencia a viajantes que selecionavam
apenas ícones culturais conhecidos. A última e terceira categoria eram dos viajantes
menos envolvido, onde apenas incluía alguma cultura como parte da viagem. As
características do turista cultural também são influenciadas por um complexo de
variáveis, como dados demográficos, percepção de destino, distância cultural,
atividades realizadas durante as férias e outras (MCKERCHER & DU CROS, 2003).
Para ZBUCHEA (2012), a tipologia apresenta cinco segmentos de turistas culturais:
de propósito, de turismo, o casual, o incidental e o acaso cultural turista, observando-
os cada tipo de turista cultural está presente ao mesmo tempo em todo destino e sua
combinação real de tipos de turistas pode variar em cada localidade turística.
O produto do turismo cultural é complexo, abrangendo não apenas os elementos
culturais (MUNSTERS & DE KLUMBIS, 2005). Mesmo que “o objetivo principal da
visita não seja relacionado à cultura, muitos turistas participam de algumas atividades
culturais ou são expostos para contextos culturais” (ZBUCHEA, 2012, p.55). No
âmbito da oferta turística, Prentice (1993) identifica 23 tipos de atrações turísticas,
entre eles:
83
um ato e uma prática cultural, falando em “turismo cultural” como uma reiteração, não
existindo turismo sem cultura, daí a origem de se falar em cultura turística, pois o
turismo é uma expressão cultural.
Curiosamente, pressupõe-se que o turista ou visitante irá descobrir por si mesmo
e encantar-se automaticamente com as belezas naturais, históricas e manifestações
culturais. É na interpretação do patrimônio natural e cultural que o conhecimento do
visitante e do habitante será ampliado e desvelado, visando estimular várias formas
de olhar, apreender e experenciar encontrando a singularidade do lugar, símbolos e
significados mais marcantes no composto da identidade e diferenciação do local,
assim, os ambientes, em especial as cidades, devem ser vistos como um enigma a
ser descoberto (MURTA; ALBANO, 2005). A cidade é como um organismo vivo, com
células e órgãos vitais para o seu perfeito funcionamento, ao mesmo tempo elas
sintetizam as tensões sociais existentes, são espaços privilegiados de atrações,
serviços, simbolismos e produções culturais.
O reconhecimento de uma cidade ou de partes das suas referências culturais no
aspecto da salvaguarda legal e institucionalizada na esfera municipal, estadual,
federal ou mundial consiste numa das principais estratégias destinadas a tal
finalidade, mesmo que o alegado teor de autenticidade e singularidade perdurem mais
enquanto discurso idealizado do que como realidade concreta (CIFELLI; PEIXOTO,
2012). Estudar a cidade é considerar variáveis que dão referências e valores ao
espaço urbano, seu caráter hospitaleiro ou não, de sua história, onde a compreensão
de patrimônio deixou de corresponder apenas à qualidade estética, ampliando-se o
conceito ao cotidiano da vida, no exercício da cultura e do desenvolvimento
socioeconômico das comunidades urbanas, responsável pela sua identidade e sua
qualidade de vida (GRINOVER, 2006). Concentrados nas cidades, os patrimônios
históricos e artísticos nas sociedades modernas ocidentais representam
simbolicamente a identidade e memória de uma nação (OLIVEIRA, 2008). Estão
relacionados com à ideia de autenticidade, legitimidade e herança ao mesmo tempo
que auxiliam no resgate da memória e valorização da identidade. A preservação,
conservação e recuperação do patrimônio histórico, no seu sentido amplo, faz parte
de um processo de recuperação e conservação da memória, que permite a
manutenção da identidade dos povos (BARRETTO, 2007).
O intuito é fazer do patrimônio cultural, reconhecido e institucionalmente
consagrado, uma mercadoria representativa da memória, da identidade e de uma
85
entanto, seu maior desafio reside no planejamento e na gestão da oferta turística que
assuma um modelo considerando o impacto do turismo na economia local,
reconfigurando uma nova estrutura dentro do sistema de produção e gestão da
atividade, ao mesmo tempo esforçando-se para preservar a identidade social e
cultural como um valor fundamental de um destino que deseja tornar-se competitivo e
singular.
Para buscar esses novos mercados e sua diversificação, é preciso entender a
definição de produto turístico. Sendo assim, Machín (1997, p. 34), esclarece que “Un
producto turístico es una combinación de prestaciones y elementos tangibles e
intangibles que ofrecen unos benefecios al cliente como respuesta a determinada
expectativas e motivaciones”, no entanto, em termos de destino não existe um único
responsável pelo produto e sim a parceria e combinação entre o setor público e
privado. Considerando que o produto turístico reúne elementos necessários para o
atendimento das necessidades de consumo dos visitantes - atrativos, facilidades de
acesso, equipamentos e serviços, ao apropriar-se do espaço urbano, a atividade
turística torna-se um dos principais agentes intervenientes da dinâmica das relações
sociais estabelecidas, constituindo-se, assim, num fator decisivo para o
engendramento de um processo dialético na produção de novas territorialidades
(CARVALHO, 2010). Outrossim, é importante ressalvar que “os destinos ou
equipamentos turísticos que não buscarem inovação ou diferenciação estarão fora da
disputa no mercado turístico cada vez mais competitivo” (CARVALHO, 2004, p.147).
Nesse sentido, urge a necessidade para que destinos busquem compreender a
composição dos seus produtos turísticos, principalmente no que tange as
características singulares da atratividade local e a concretização de recursos turísticos
em atrativos.
Para Lickorish e Jenkins (2000), o produto do turismo é composto por dois
elementos: 1) o destino e 2) a satisfação obtida no destino escolhido. Acrescenta-se
também a definição de Dias ao afirmar que “a soma dos elementos interligados
(recursos, infraestrutura, serviços básicos e equipamentos turísticos) é que constitui o
produto turístico principal, o destino territorialmente considerado, como uma cidade
ou uma região”.
Middleton (2002) considera que o produto turístico é um amálgama de três
componentes principais de atrações, instalações e acessibilidade no destino, ou seja,
não é apenas um assento de avião, ônibus ou cama de hotel, na realidade é uma
89
ambiente, tal mudança pode estar associada ao espírito de nova modernidade bem
como a certos desenvolvimentos tecnológicos, onde os novos modos comunicação e
participação social tendem a embaçar os limites entre as atividades sociais
diferentemente do que ocorria no passado. Além do que o alto nível de
telecomunicações resultou em informações excessivas e crescente participação a
distância (acesso eletrônico) de indivíduos em várias atividades sociais como trabalho,
bancos, compras, educação, recreação, lazer, turismo, etc. Seu contexto evolutivo,
também é proveniente do declínio econômico das cidades do Reino Unido, Europa
Ocidental e América do Norte no final da década de 1970 (ROGERSON &
ROGERSON, 2014; MURILLO, VAYÁ, ROMANÍ & SURIÑACH, 2013). Na visão de Al-
saad e Ababneh (2017) esses fatores econômicos condicionaram o turismo a ser uma
solução catalizadora para impulsionar as economias urbanas e no entendimento de
Ashworth (1989), ele tornou-se a força motriz ativa nas economias das cidades.
Após esses eventos, o campo do turismo urbano tornou-se um tópico mais
pesquisável, a partir da década de 90, atraiu muitos artigos de periódicos, livros
didáticos e coleções editadas de livros (LAW, 1996; SHAW & WILLIAMS, 1994,
GARCÍA-HERNÁNDEZ, DE LA CALLE-VAQUERO e YUBERO, 2017). Reforçando
essa afirmação, o turismo urbano realmente começou a surgir nos anos 90, pois,
embora há muito tempo algumas cidades já recebessem visitantes, os fluxos turísticos
aumentaram e por conseguinte, o turismo acabou assumindo um papel de destaque
na agenda urbana e as pesquisas de turismo redescobriram a cidade (GARCÍA-
HERNÁNDEZ, DE LA CALLE-VAQUERO e YUBERO, 2017). Para melhor
visualização desse aspecto evolutivo, abaixo uma linha temporal do turismo urbano
no campo mercadológico e cientifico:
95
grandes cidades, artes, jogos de azar, cassinos e comer fora. Já os tópicos mais
genéricos incluem festivais e eventos, impactos culturais, econômicos e sociais,
atitudes dos turistas e marketing de destinos. No entanto, um artigo intitulado "Turismo
urbano: um desequilíbrio na atenção” despertou um grande interesse, de autoria de
Ashworth (1989, p. 33) onde afirma que:
Simplesmente houve um viés rural notável tanto na quantidade da produção
literária quanto na qualidade das teorizações sobre o turismo. Isso por si só
é notável, porque a maioria dos turistas é originária das cidades, muitos as
procuram como destinos de férias e os impactos sociais e econômicos do
turismo são substanciais nas áreas urbanas. Assim, a falha em considerar o
turismo como uma atividade especificamente urbana impõe uma restrição
séria que não pode deixar de impedir o desenvolvimento do turismo como
objeto de estudo sério (1989, p.33).
nas cidades sendo isso um reflexo da realidade básica de que a maioria dos
habitantes dos países ocidentais vive e trabalha não apenas nas cidades mas também
nas regiões urbanizadas, o que nas sociedades, seria impossível não definir muito,
senão a maioria dos resultados dos estudos científicos em ambientes urbanos
(ASHWORTH, 1992). Como resultado disso, Ashworth e Page (2011) catalogaram
essas pesquisas, concluindo que numa dimensão da escala crescente da pesquisa
em turismo urbano houve uma proliferação relativa de subtemas em linha com o
desenvolvimento mais amplo do turismo destacando a natureza multidisciplinar de
muitas contribuições acadêmicas que permanecem fracamente conectadas por
construções teóricas ou conceituais. Como complementação a essa análise, de forma
mais detalhada abaixo, o quadro 02 reúne os principais autores dedicados também a
essa temática com um espectro de resultados acadêmicos.
Quadro 02: Autores e suas contribuições teóricas e conceituais para o estudo do
turismo urbano em ordem cronológica.
AUTORES/ANO CONTRIBUIÇÃO
Ashworth (1989) Turismo urbano: desequilíbrio na atenção
TOTAL DE PUBLICAÇÕES: 26
12 idem.
99
suas vertentes bem como principais autores que discorrem sobre esse assunto,
acarretando no uso desses autores para a construção do marco teórico principal
coadunado com os objetivos da tese.
De forma sintética, abaixo a Figura 08 fornece uma visão geral do escopo e
extensão do surgimento de subtemas na pesquisa em turismo urbano, com base em
Ashworth e Page (2011).
Figura 08: Principais temáticas das pesquisas em turismo urbano
Impactos Sustentabilidade
Agendas Percepção e
Satisfação dos
Culturais Visitantes
Gestão e Regeneração
Planejamento Urbana
Marketing
place e Modelos
Imagens
Tipologias de
Transporte e
Infraestrutura cidades
turísticas
PESQUISAS
DE Estudos de
Teorias
caso das
Sociais TURISMO cidades
URBANO
TURISMO TURISMO
URBANO CULTURAL
• CIDADE •HERANÇA
E
PATRIMÔ
NIO
CULTURAL
Eixo central, ela torna-se “objeto de estudo do turismo urbano e é procurada por
turistas que desejam fugir de sua rotina diária e que buscam lugares fantásticos”
(URRY, 1990, p.11). Sendo as cidades verdadeiros polos de arte, cultura e patrimônio,
por conseguinte, sempre constituíram lugares de relevo dos circuitos turísticos,
propiciando um impulso no turismo urbano e cultural ao longo das últimas décadas,
pois, nas sociedades modernas ocidentais, o fenômeno turístico apresentou-se como
fator decisivo de reorganização dos territórios, das condições de ordenamento do
espaço e das políticas de planejamento e desenvolvimento, em especial a visibilidade
nos espaços urbanos (GOMES, 2008). Por sua natureza epistemológica, as cidades
surgem da materialização do urbano, da concentração de pessoas, do desenrolar de
atividades produtivas, tornando o espaço urbano dinâmico e polissêmico (SIVIERO,
2006).
Ao verbalizar a palavra “cidade” remete-se, imediatamente, ao aspecto de
urbanidade e adensamento populacional, no entanto sua definição, com base em
dicionários e no senso comum, está relacionada a uma área urbanizada ou
agrupamento urbano que concentra um número relevante de pessoas que exercem
atividades dependentes entre si com a presença de estabelecimentos residenciais,
111
comerciais, industriais, hospitais, praças, ruas, avenidas além dos mais diversos
serviços públicos e privados em seu núcleo espacial. No entendimento de
Castrogiovanni (2013), ela é um produto que faz parte da complexidade do espaço
geográfico e no Brasil o conceito de cidade está associado ao aspecto político, ou
seja, são sedes administrativas dos municípios que, por sua vez, representam a
menor parcela do território com gerenciamento político próprio. Complementando,
Wassal e Salles (2019) supõe que a mesma seja “uma dimensão pública que se opõe
ou complementa a dimensão privada da vida cotidiana, adquirindo diferentes
contornos ao longo do tempo que redefinem a relação entre espaço privado e espaço
público” (p.387). A visão de Portas (1969, p.122) é sistêmica, pois, para ele a cidade
é um conjunto de relações entre partes e designa um conceito de habitat “que potencia
a comunicação e a colaboração, a troca se quiser, e se é estrutural a relação entre
cidade social e a cidade arquitetural”.
A cidade é parte do planeta terra, fruto da construção social e cultural carrega na
sua corporeidade, a totalidade das condições de sua [re]construção, sintetizando um
feixe de relações que são produtos culturais e a materialização do discurso, os textos
que a compõe revelam lógicas no modo de pensar a ordenação territorial
(CASTROGIOVANNI, 2013). Na visão poética de Italo Calvino (1990):
A cidade se embebe como uma esponja dessa onda que reflui das
recordações e se dilata. (...), mas a cidade não conta o seu passado, ela
contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das
janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos para-raios, nos mastros
das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes,
esfoladuras (CALVINO, 1990, p.14-15).
Heeley (2015, p.37) citou um pensamento do cantor Ben King que escreveu a
seguinte frase no Sunday Times sobre suas preferências urbanas: “As cidades são o
coração e a alma de um país, e eu prefiro ficar na cidade e ouvir música, ver pessoas
e absorver a atmosfera”. O envolvimento desses complexos processos de recriação
de narrativas e imagens sobre as cidades são articulados com transformações
morfológicas e funcionais do espaço urbano, redefinindo continuamente a identidade
dos lugares e suas formas de relacionamento com a cidade (GOMES, 2008).
Resumindo, para compreendê-la como um destino turístico, a base conceitual de
cidade deve ser universalmente entendida como um sistema social e econômico
complexo que oferece muitas facilidades e atrações (JURDANA e SUŠILOVIĆ, 2006).
112
Figura 10: Diagrama do sistema territorial turístico com base na relação entre
subsistemas fixos e fluxos
existência de três perfis de cidade: a "cidade dos circuitos turísticos", a "cidade dos
guias informativos" e a "cidade das estadias". Essa heterogeneidade implica em
recursos locais promovidos, os elementos realçados, a relevância dada à cidade e,
em última análise, “todo o imaginário com ela relacionado, variam em função dos três
tipos de programas e das lógicas subjacentes à sua produção e comercialização”
(p.68-69). Cantos-Aguirre et al (2015) traduzem a dualização da cidade em duas
áreas: as habilitadas e promovidas para o turismo e os espaços que não são, portanto,
a cidades destinadas a circuitos do turismo urbano são ajustadas para alcançar a
otimização do tempo de lazer. Na opinião de Ashworth e Tunbridge (1990) pode-se
identificar seis cidades turísticas: 1) históricas; 2) de patrimônio histórico e cultural (as
duas capitalizam os recursos antrópicos do patrimônio móvel e imóvel); 3) locais
históricos; 4) cidades para negócios; 5) esportes e recreação e 6) cidades que
capitalizam o teatro, a arte, os festivais, ou seja, o lado artístico e cultural da cidade.
Enquanto espaço de construção social, a cidade abrange elementos alusivos à
dinamicidade dos diferentes grupos sociais, em termos de materialidade
(representada pelos prédios, casarões, ruas, igrejas, esculturas, entre outros) e
imaterialidade que integram o patrimônio cultural de uma determinada coletividade,
tais atributos constituem-se importantes recursos agenciados pelo turismo sob a forma
de roteiros, produtos e atrações (CARVALHO, 2010). Na visão de Meneses (2006):
A cidade passa, assim, a ser vista como construção histórico-cultural, como
patrimônio de seus moradores, como espaço de memória. A cidade enfim é
monumento e é documento [...] ela é o lócus continuum de cultura, onde
natureza, construção material, símbolos e significados e representações se
constroem em diversidade e em harmonia (p.86).
2017). Passado, presente e futuro estarão interligados em uma trama comum que
buscará permanentemente o resgate, valorização e a singularidade de um destino
turístico.
A elaboração e formatação de produtos culturais, especificamente os centrados
na ambiência urbana necessitam ser planejados de forma a valorizar o patrimônio
cultural, promovendo uma interlocução permanente com os grupos sociais
construtores do lugar turístico, incorporando os lugares mantenedores de sua
identidade, no sentido de buscar uma maior integração entre turistas e residentes nos
espaços de vivência comunitária, além de possibilitar variadas leituras e
interpretações dos bens culturais (CARVALHO, 2010). A ambiguidade do olhar do
turista reside nos aspectos mais espetaculares da paisagem, em modos de vida e
costumes diferenciados do seu cotidiano (URRY, 1996), e ainda da necessidade de
realçar as características sociais, históricas e culturais do espaço urbano que
particulariza sua vivência coletiva (MURTA e ALBANO, 2002).
Em síntese, face ao exposto, os lugares de memória podem conferir novas
possibilidades de gestão do patrimônio cultural e serem utilizados como instrumento
de planejamento turístico, vislumbrando a promoção articulada e integrada além do
protagonismo comunitário, o fortalecimento da identidade, a valorização do lugar e a
sua capitalização por meio do turismo, tendo como premissas a proteção dos
ambientes naturais e culturais, a qualidade dos produtos e serviços e a validade da
experiência turística local (CARVALHO, 2010).
Para realizar grandes feitos no presente e no futuro, existe o princípio de saber
onde estivemos, sem esse entendimento, é difícil saber para onde vamos
(ROSSI,1995). Desta forma, o primordial para compreender a morfologia urbana, é
conhecer o ponto de partida das cidades (ROSSINI; TRICÁRICO e TOMELIN, 2016).
Em linhas gerais, a cidade surge e desenvolve-se a partir de um centro, de um núcleo
original, onde situa-se a sua parte mais antiga, contudo, elas tendem a aumentar,
densificar-se, crescer de forma desordenada e os seus centros são, tendencialmente,
os primeiros a sofrerem tais transformações (PESAVENTO, 2008). Sendo assim, o
objeto de estudo de investigação dessa tese parte do centro histórico, marco do
desenvolvimento econômico de Manaus e que resguarda uma estreita relação com a
orla do rio Negro.
Essa centralidade é fundamental, pois o centro é o local das contradições de
uma cidade, onde o espaço deveria ser democrático e representativo de sua
119
sociedade como um todo, no entanto, o centro tem que respeitar e dialogar com a
história urbana na busca por uma cidade real e verdadeira (BIELSCHOWSKY e
PIMENTA, 2014). Nas palavras desses autores, para que isso aconteça, é necessário
representar o modo de vida e os processos contemporâneos também na arquitetura
e no desenho da cidade do seu tempo, devendo ao mesmo tempo, possibilitar o
respeito e diálogo com a paisagem, o rio, a topografia, os espaços e a própria história
da cidade como uma construção permanente e sucessiva. Por um longo tempo, o
centro de uma cidade foi cartão de visitas funcionando como padrões de referência
identitária para uma cidade bem como um espaço privilegiado no tempo, o marco zero
de uma cidade, o local onde tudo começou, o seu núcleo de origem, o ponto de partida
nodal e uma aglomeração urbana, apesar das degradações que deixaram marcas
(PESAVENTO, 2008). Destarte, ser o núcleo mais antigo de um assentamento urbano
implica poder contar histórias, de forma visível ou não, ser o sítio portador do traçado
original da urbe e como núcleo de origem, os centros urbanos concentram os prédios
mais antigos, ditos históricos e potencialmente referenciais para o passado dessa
urbe. Salienta-se a relevância das características de formação desse centro,
composto por três componentes fundamentais que articulam as dimensões do espaço
e do tempo:
Primeiramente, os elementos, por assim dizer, estruturais que presidiram o
traçado e organização do espaço físico e do espaço construído e que se
revelam em termos de uma materialidade; a seguir, a apropriação deste
espaço no tempo, construindo a experiência do vivido e transformando este
espaço em território, dotado de uma função e onde se manifestam as
relações de sociabilidade; por último, a dotação de uma carga imaginária de
significados a este “espaço-território” no tempo, transformando-o em lugar
portador do simbólico e das sensibilidades (PESAVENTO, 2008, p.5).
de trem etc.) e marcos que são objetos singulares onde as pessoas não podem entrar.
Sinteticamente, Lynch resumiu que os distritos se estruturam com os nós, definidos
por bordas, penetrados por caminhos e polvilhados com pontos de referência.
Castrogiovanni (2013) relata que muitas vezes os caminhos, locais por onde os
fluxos movimentam-se, podem ser o principal atrativo e simultaneamente,
apresentam-se como as melhores opções para visitação nos atrativos turísticos ou até
mesmo entrar e sair da cidade. Ele continua seu pensamento ao dizer que eles são
parte das paisagens ou assumem em seus limites paisagens particulares, estando
para as áreas urbanas turísticas assim como estão os corredores para a totalidade do
espaço turístico: ambos estruturam o conjunto. Corroborando, Lynch (1999) afirma
que as vias, a rede de linhas habituais ou potenciais de deslocamento são o meio
mais poderoso pelo qual o todo pode ser ordenado. Portanto, proporcionar a
identificação desses caminhos no espaço urbano, no caso aplicado dessa tese as
avenidas Sete de Setembro e Eduardo Ribeiro, nos possibilita transitar entre o
edificado materializado e o imaginário possível de ser construído a qualquer momento
pelos sujeitos observadores com base na historicidade de ruas ou avenidas em
consonância com o seu casario. Desta forma, para o reconhecimento e análise dos
caminhos como ruas, avenidas, blocos e passagens, é fundamental considerar os
seguintes aspectos:
O traçado de uma cidade é uma arte processual com uma leitura temporal, onde
cada instante, existe mais do que os olhos podem ver, do que o olfato pode sentir ou
do que os ouvidos podem escutar, isto posto, cada momento é um processo constante
na construção de significações (CASTROGIOVANNI, 2013). Daniel Libeskind (1992)
citado por Huyssen (2000, p.108) fez a seguinte proposta no centro de Berlim: “Rilke
disse uma vez que tudo está lá. Precisamos apenas ver e proteger. Precisamos
desenvolver um sentimento pelos lugares, as ruas e as casas precisam de nosso
apoio”. Castrogiovanni (2013) complementa ser este o olhar que os profissionais do
turismo devem absorver, agindo com mais criatividade além de estarem imbuídos do
sentimento de que a cidade é o que é visto e ainda mais, o que pode ser sentido.
Desse modo, existe uma busca permanente pela descoberta de novas possibilidades
para a oferta de atrativos turísticos urbanos. Nesse contexto, o centro urbano é como
uma vitrine, um microcosmo do tempo que passou, mas que nem sempre se deixa
ver, alguns vestígios da cidade antiga ainda podem ser visualizados, ou seja, com isto,
fala-se tanto de materialidades, de traços visíveis, presentes no espaço edificado,
como prédios e demais edificações, quanto do traçado original urbano, em termos de
abertura de ruas, avenidas, praças (PESAVENTO, 2008).
Sassen, Castro e Santoro (2013) compreendem os espaços públicos (que
devem estar associados às infraestruturas e equipamentos coletivos) como lugares
urbanos que dão suporte à vida em comum, são eles: ruas, avenidas, praças e
parques. No entanto, por mais que o foco dessa pesquisa não esteja vinculado às
praças, é interessante trazer uma reflexão comparativa de Gehl (2013) entre ruas e
praças, no qual entende que:
Os componentes básicos da arquitetura urbana são o espaço de movimento,
a rua, e o espaço de experiência, a praça. (...) enquanto a rua sinaliza
movimento – ‘por favor, siga em frente’ –, psicologicamente a praça sinaliza
a permanência. Enquanto o espaço de movimento diz ‘vá, vá, vá’, a praça diz
‘pare e veja o que acontece aqui’ (GEHL, 2013, p. 38).
que tange as ruas e avenidas funcionam como elementos chaves na configuração das
cidades, tornando-se ingredientes principais da existência do urbano além de um
produto do design e local de prática social (ÇELIK, FAVRO e INGERSOLL, 1994). É
interessante notar que para os seus usuários, elas são movimentos sendo vividos, no
entanto, percebidas por meio da sobreposição de imagens sequenciais interligadas
que constroem diferentes narrativas pessoais (LYNCH, 1999 e CERTEAU, 2000).
Do ponto de vista da mobilidade, as ruas e avenidas são essenciais no tráfego
e fluxos de veículos e indivíduos, seus layouts definem as rotas pelas quais as
pessoas deslocam-se diariamente de diversas maneiras, atuando como poderosas
linhas condutoras e conectores de espaços de domínio público e sua urbanidade, por
conseguinte, acabam sendo o reflexo nos relatos de experiências, dilemas, soluções,
tensões e decisões de diferentes épocas que se materializam e conectam
cotidianamente (LIMA, 2014). Segundo Lynch (1999), elas são os elementos
predominantes na imagem da cidade, pois, organizam a rota e conectam os outros
elementos ambientais. Têm valor simbólico para os cidadãos, podem ser retas ou
curvilíneas e sobretudo são espaços públicos que estabelecem "a interseção do
público e do privado, do indivíduo e da sociedade, do movimento e do lugar, do que é
construído e do que não é construído, da arquitetura e planejamento" (ANDERSON,
1981, p.09). A título de exemplo, Lima (2014, p.04) relata que: “em São Paulo, a
Avenida Paulista agrega todos esses atributos, vincula tecidos, dá sentido e acesso
aos espaços e organiza sequências urbanas de diferentes formas e temporalidades,
além de ser uma referência territorial importante”.
As ruas e seus elementos da paisagem urbana tornam-se preponderantes para
definir o caráter de áreas urbanas (NASAR, 1989; SHUHANA, 2011; SHUHANA,
AHMAD e ROHAYAH, 2012), no qual a maioria dos moradores da cidade vive, onde
cada uma delas retrata a identidade de uma comunidade com diferentes antecedentes
históricos (ROHAYAH, SHUHANA e AHMAD, 2013). Nesse sentido, a rua deve ser
compreendida não só como espaço de circulação, mas também como espaço de
permanência e ainda como verdadeiros vasos que irrigam os espaços centrais de
sociabilidade (PEREIRA, 2012; SANDRE, MADUREIRA e KUSSUNOKI, 2015).
Em suma, a proposta central dessa tese reside na visão do turismo urbano na
perspectiva do conjunto incluindo os logradouros, ou seja, a partir dos elementos que
formam esse conjunto: as vias, os nós, os marcos. No caso aplicado a esse estudo,
as Avenidas Sete de Setembro e Eduardo Ribeiro, dentro de uma perspectiva de
124
3 PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO
SISTÊMICO
PARADIGMA EPISTEMOLÓGICO (CAPRA, 1997; BERTALANFFY, 2008, BOULLÓN,
2002)
TIPOLOGIA ESTUDO DE
ECOLÓGICA POLÍTICA CASO
ou cenário, análise de dados para identificar temas ou categorias e, por fim, interpretar
ou tirar conclusões sobre seu significado.
No que tange ao estudo em questão, o mesmo enquadra-se como qualitativo,
pois, esse enfoque permitirá abarcar aspectos de descrição, compreensão e
interpretação dos múltiplos elementos responsáveis pela configuração do ambiente
construído nos logradouros com suas edificações, contidos no Centro Histórico de
Manaus, especificamente as avenidas Sete de Setembro e Eduardo Ribeiro. A
profundidade da análise da paisagem urbana dessas avenidas no âmbito do turismo
urbano da cidade de Manaus, propiciou a identificação de categorias ou parâmetros
de análise turística dos logradouros em Centros Históricos na perspectiva de conjunto
com o seu patrimônio edificado preservado.
Das tipologias mais comuns de pesquisa qualitativa, destacam-se (MERRIAM,
1998): 1. pesquisas básicas ou genéricas; 2. etnográficas (estudos do povo a partir da
imersão em sua cultura); 3. fenomenológicas (estruturação e entendimento dos
fenômenos sociais); 4. grounded theory (teoria fundamentada nos dados); 5. adaptive
theory (combinação da perspectiva hipotético-dedutiva e da grounded theory) e 6.
estudo de caso (seleção de unidade de análise particularista analisada em
profundidade). No caso da pesquisa aplicada a essa tese, define-se como caráter de
estudo de caso, que de acordo com Yin (2005) corresponde a uma estratégia de
pesquisa que contribui com o conhecimento dos fenômenos individuais,
organizacionais, sociais, políticos além de outros relacionados. Ainda complementado
por Stake (1994), os estudos de casos têm se tornado uma das formas mais comuns
de fazer pesquisas qualitativas, mas que representa a escolha do que se pretende
estudar. Ou seja, “estuda um fenômeno (o “o caso”) em seu contexto real” (YIN, 2016,
p.34), ele permite uma investigação que tem por intuito preservar as características
holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real, tais como ciclos de vida
individuais, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais, entre
outros, sendo assim, apresenta-se como mais adequado para a investigação de um
fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto real, onde os limites entre os
mesmos não são claramente percebidos.
Considerando a natureza de seus objetivos, a que se destacar a diferenciação
proposta por Merriam (1998) para as tipologias de estudos de caso que podem ser:
132
Estado da arte, análise das cartas patrimoniais e levantamento bibliométrico da temática Turismo Urbano e suas correlações
no Ebsco e Google acadêmico.
LACUNA /PROBLEMA
Carência de estudos que correlacionem o turismo urbano e logradouros dentro de uma perspectiva de interpretação
patrimonial do seu conjunto ou até mesmo individual quanto a importância de avenidas e ruas no contexto do
desenvolvimento turístico
CONJECTURAS/SOLUÇÕES OU HIPÓTESES
Os logradouros, em conjunto com o patrimônio edificado, são elementos de atratividade turística que influenciam na
valorização histórico-cultural de uma cidade no âmbito do turismo urbano (HC)
CORROBORAÇÃO
NOVA TEORIA/LACUNA
Abordagem integradora do conceito de patrimônio cultural e do turismo urbano na materialização interpretativa do ambiente
construído por meio dos logradouros (ruas ou avenidas) em Centros Históricos, aspectos que até agora ficaram dissociados e
a margem da discussão acadêmica.
➢ Descrição da
pavimentação atual
139
(Boullón,2002-tipo de
pavimento;
Castrogiovanni,
2013- serviços
urbanos);
➢ Tipologia/
uso das edificações
históricas
(Boullón,2002- nível
socioeconômico das
edificações;
Castrogiovanni,
2013- Análise dos
caminhos- paisagem
construída e os
caminhos; Lefebvre,
1974-Espaço
Percebido);
➢ Estilo
arquitetônico
predominante das
edificações
históricas.
(Boullón,2002-estilo
arquitetônico e
Lefebvre, 1974-
Espaço Percebido);
➢ Breve
descrição das
características
principais da
ambiência histórica e
atual do logradouro
(Lefebvre, 1974-
Espaço Percebido;
Formação Sócio
Espacial de Milton
Santos (1977).
RESULTADO FINAL:
FASE 3-ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS
DADOS:
Parâmetros/Dimensões de análise
Sistematização, análise e interpretação das interpretativa dos logradouros em conjunto
informações obtidas. com suas edificações como elemento de
composição da oferta turístuca em Centros
Históricos.
Fontes bibliográficas,
documentais,
cartográficas e
Fontes bibliográficas, Sistematização da ficha
iconográficas observacional dos
documentais e logradouros; Sites das
iconográficas agências e órgãos públicos;
arquivos e documentos
oficiais quanto ao fluxo
turístico
Instalação, Frei José dos Inocentes, Bernardo Ramos, Av. Joaquim Nabuco,
em toda a sua extensão, Visconde de Mauá, Almirante Tamandaré, Henrique
Antony, Lauro Cavalcante e Governador Vitório.
Figura 15: Mapa com a delimitação do Centro Antigo de Manaus e o seu sítio
histórico de acordo com a LOMAN (1990) com destaque em vermelho para a
avenida Sete de Setembro e Eduardo Ribeiro
O mapa da figura 15 demonstra que o Sítio Histórico está contido em uma área
maior que é o Centro Antigo de Manaus, de acordo com os limites estabelecidos pela
LOMAN. Essa área encontra-se sob a tutela das três esferas da Administração (União,
Estado e Município), mediante diferentes instrumentos legais e variadas formas de
proteção (individual ou conjunto) o que denota que a área, objeto de estudo dessa
pesquisa, possui a proteção legal necessária do ambiente construído e ainda,
demonstra a relevância e representatividade de sua configuração urbana. Esse
arcabouço de leis de proteção ao patrimônio histórico e cultural ao receber a
intervenção federal, por intermédio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
145
4. RESULTADOS
Nesse capítulo a compilação e sistematização das informações coletadas de
forma documental, bibliográfica e na observação de campo estão alicerçadas
fundamentalmente na abordagem política e ecológica do turismo urbano de Ashworth
(1989) adotando o paradigma epistemológico sistêmico que essencialmente versa
sobre a interdependência entre as partes constituintes do sistema turístico
necessários ao entendimento do todo compreendendo o fenômeno dentro do contexto
maior dessas interações entre suas partes e respectivas funções. Dentro dessa
abordagem do turismo urbano também estão relacionados ao contexto da
interpretação do conjunto patrimonial construído, nesse caso, edificações com seus
logradouros, aplicando os princípios da interpretação do patrimônio de Tilden (1957),
da Carta de Icomos (2008) que dialogam com a teorias da Dialética Social de Henri
Lefebvre (1974), da Formação socioespacial de Milton Santos (1977), do espaço
turístico de Boullón (2002) e das categorias de análise dos caminhos de
Castrogiovanni (2013), contextualizado e inseridos em cada capítulo. Desta forma,
esquematicamente as seções a seguir estão pautadas nos seguintes assuntos e
teorias:
Figura 17: Síntese dos assuntos e teorias abordados nos resultados.
• Narrativa geo-histórica na conexão entre espaço-tempo no sentido global,
regional e local como parte da abordagem ecológica de Ashworth (1989)
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO EVOLUTIVA DAS com a aplicação das categorias de análise do espaço vivido, percebido e
AVENIDAS SETE DE SETEMBRO E EDUARDO
imaginado de Lefebvre (1974) e o uso da teoria da formação socioespacial
RIBEIRO
de Milton Santos (1977).
4.2 POLÍTICAS PÚBLICAS NO CENTRO • Ações públicas federais, estaduais e municipais no Centro Histórico
HISTÓRICO DE MANAUS: TOMBAMENTO, de Manaus com base na abordagem política de Ashworth (1989).
PROCESSO DE NORMATIZAÇÃO E AÇÕES
GOVERNAMENTAIS
19 De acordo como o dicionário online de português é uma região servida por um porto ou via
navegável. Disponível em: https://www.dicio.com.br/hinterlandia/. Acessado em 28 dez de 2020.
150
2010). Os estudos demonstram que essas populações eram grandes grupos humanos
em diferentes estágios culturais com formas próprias de organização social,
distribuíam-se em pelo menos cinco troncos linguísticos: tupi, linguísticos, pano e gê
(GARCIA, 2010). Essa ocupação significou uma forma peculiar de colonização não
acrescentando novos contingentes humanos à área, pelo contrário, sangrava-os
ininterruptamente em suas populações indígenas, dizimando-as e destruindo suas
estruturas sociais (OLIVEIRA, 2014).
A invasão europeia deixou como legado para a região, um brutal processo de
despovoamento e de extinção cultural, pois antes havia uma ampla diversidade social
em uma Amazônia bastante povoada por povos adaptados às condições ambientais
do local. Quando os europeus chegaram, no século XVI, a área era habitada por um
conjunto de sociedades hierarquizadas, com alta concentração demográfica,
ocupando o solo com povoações em escala urbana, um sistema intensivo de produção
de ferramentas e cerâmicas, agricultura diversificada, rituais e ideologias vinculadas
a um sistema político centralizado e uma sociedade fortemente estratificada (SOUZA,
2009). A ocupação e consolidação do domínio de Portugal na Amazônia caracteriza-
se pela demarcação da defesa e a conquista do território como ponto de apoio para a
interiorização do extremo oeste da região até o século XVIII, garantindo a posse do
território e praticamente definindo os limites fronteiriços ao Norte e a Oeste, existentes
até hoje (OLIVEIRA, 2014).Os portugueses fixaram-se na foz do rio Amazonas em
1616, tempo da União Ibérica, com a construção do Forte Presépio (por Francisco
Caldeira) que tinha a finalidade de expulsar ingleses e holandeses, começando a
empurrar para o oeste a linha de Tordesilhas, dando partida ao processo de
colonização que possibilitou à Coroa Lusa incorporar aos seus domínios os extensos
territórios amazônicos que se tornariam brasileiros (GARCIA, 2010).
Consumada a vitória da coroa portuguesa, redefiniu-se a estratégia de defesa e
colonização do litoral norte brasileiro, mandando tropas lusas rumo à foz do rio
Amazonas, montando bases, expulsando os europeus não-ibéricos, retomando
territórios ocupados e instituindo o sistema legal de organização do trabalho indígena
vigente na época: o sistema de “capitães de aldeia” (GARCIA, 2010; PONTES FILHO,
2000). A conquista luso-brasileira da foz do Amazonas foi mais bem programada que
a dos seus concorrentes, pois tinha uma diretriz político-religiosa sobrepondo-se à
151
macaxeira, milho, arroz, feijão, entre outros (LOUREIRO, 2007). A principal ocupação
dos habitantes do Amazonas na época Imperial foi o extrativismo, que explorava os
recursos naturais de origem animal (couro de animais silvestres, pesca do pirarucu,
peixe-boi, manteiga de tartaruga, etc.) e vegetal, até que um de seus produtos, a
borracha, predominasse em definitivo, no total das exportações, na segunda metade
do período (LOUREIRO, 2007).
José Aldemir (2014) salienta que em linhas gerais o acontecimento mais
relevante na segunda metade do século XIX foi a exploração extensiva dos seringais,
o que possibilitou o estabelecimento da malha urbana e a modificação da paisagem
na Amazônia. O comércio de exportação e importação sofreu rápidas mudanças
durante o Império, devido à navegação a vapor fluvial e de longo curso bem como
pela adoção do sistema de aviamentos na produção extrativa (LOUREIRO, 2007). No
período da borracha a maioria da população não estava nas vilas existentes, mas
embrenhada no interior da floresta, ou seja, as vilas e as poucas cidades continuaram
com as mesmas funções para as quais haviam sido criadas no século XVIII:
representação do poder público para arrecadação de impostos, sede das missões
religiosas, base para a circulação de produtos extrativos para exportação e internação
de produtos alimentícios básicos que vinham de lugares externos a região e eram
internalizados a partir de Belém e Manaus (OLIVEIRA, 2014).
A nova província do Amazonas só irá assumir maior relevância econômica no
país, por ocasião da crescente demanda de látex pela Europa e Estados Unidos, em
função do desenvolvimento da indústria automobilística e da II Revolução Industrial,
no final do século XIX para a fabricação de pneus, ligas, bolas, entre outros (GARCIA,
2010). No relato da supracitada autora, no final do Império fortalecia-se o sistema de
produção e exportação da borracha, dinamicidade na construção civil, aterros seriam
feitos, calçavam-se ruas, abriam-se praças, construíam-se pontes, levantavam-se
novos edifícios públicos, implementava-se o sistema pioneiro de captação e
abastecimento de água. Em síntese, “a instalação da província do Amazonas, a
navegação a vapor e as necessidades mundiais de borracha criaram as condições
necessárias ao expansionismo amazonense da segunda metade do século 19”.
(LOUREIRO, 2007.p.97).
153
estimada para 2020 num total de 2.219,580 habitantes, sendo que o último censo de
2010 correspondeu a 1.802.014 de habitantes, com uma concentração de 99,49% na
área urbana – 1.394.724 habitantes (IBGE, 2010).
Figura 19: Imagem de satélite da área urbana de Manaus.
Figura 21: Prospecto da antiga Fortaleza do Rio Negro (1751-1759) que deu origem
a cidade de Manaus.
Por todos os levantamentos, vê- se claro que aquele sítio, quase familiar de
um grupo indígena, foi alentado pela construção do forte em 1669, e a cidade
foi se constituindo sem que ordem portuguesa tenha havido para sua
decretação, alcançando evolução natural, assumindo os predicamentos
ordinários de lugar, vila e cidade, sede e capital, ao contrário de outros
lugarejos que, mesmo fortificados, não prosperaram. Esta era a política de
Portugal, chamada por alguns de “política das fortalezas (IGHA, 2001, p.12).
sua coragem e valentia (MONTEIRO, 1972; IGHA, 2001; DIAS, 2007; GARCIA, 2010;
MANAUSTUR, 2010). Em 1804, a Vila da Barra do Rio Negro virou capital da
Capitania do Rio Negro, depois Província do Amazonas, que se separou do Pará em
1852, portanto, foi no alvorecer do século XIX que o Lugar da Barra se transformou
em capital, obtendo pela primeira vez funções administrativas, esse aspecto tardio de
funções de capital está diretamente ligado a história do crescimento da cidade
(AB’SABER, 2004). Quando Manaus alcançara o título de Cidade, em 1848, estava
crescendo verticalmente (ver Figura 22), com palácios modestos, pontes, igrejas,
quartéis, teatros, hotéis, igarapés aterrados, ruas calçadas, numerosas ruas e praças,
jardins, escolas, logradouros públicos, etc. (MONTEIRO, 1972).
O fato é que o tipo de formação e origem desses viajantes fazia com que eles
estranhassem os aspectos sociais e urbanos da cidade vividos naquele momento e
não observassem que Manaus era um lugar que adaptava sua vida e necessidades
aquilo que o clima e a natureza podiam oferecer, o que para eles era considerado
rudimentar, atrasado, fazendo comparações com a Europa, que “naquela época já
162
uma cidade com perfil arquitetônico europeu, embora encravada no meio da selva.
Manaus, moderna e inovadora, foi uma das primeiras cidades brasileiras a contar com
luz elétrica, galerias pluviais, tratamento de águas e esgotos e serviço de bondes
elétricos (DIAS, 2007; GARCIA, 2010 e MANAUSTUR, 2010).
Durante a fase áurea da produção do látex no Brasil (1870-1910), foi introduzido
na Amazônia através dos portugueses o sistema mercantilista de intercâmbio com as
casas aviadoras, e essa expansão gomífera reduziu em alguns momentos os números
do café na balança comercial de exportações brasileira (BENCHIMOL, 2009) além de
ter gerado implicações demográficas, econômicas, políticas, culturais26. Esse ciclo
econômico da borracha influenciou diretamente no traçado urbano da cidade de
Manaus e na configuração do seu patrimônio arquitetônico construído. Vale salientar,
que todo ciclo econômico deve ser entendido dentro de um panorama contextualizado
com os aspectos regionais, nacionais e internacionais que dialogam na morfologia de
construção do espaço. Esse pensamento está alicerçado na integração entre o
mundo, região e o lugar mediação presente na teoria da formação socioespacial
miltoniana que específica o diferencial evolutivo da sociedade na estreita ligação com
as forças externas bem como os modos de produção que escrevem a História no
tempo e as formações sociais escrevem-na no espaço (SANTOS, 1977 e 1980).
Também estão embasados na dialética lefvebriana no qual reconhece os
acontecimentos e uso do espaço, sendo ele entendido como lugar de morada do
homem, de vida, de produção e de trabalho, resumidos na simbiose do tripé das
relações dialéticas dos momentos percebidos, concebidos e vividos, em síntese:
espaço formado e moldado a partir de elementos históricos e naturais periodizados
no processo produtivo, sem negligenciar o lado global (LEFEBVRE, 1974 e 1976).
Essa relação espaço-tempo no sentido global, regional e local, deve ser feita não
apenas para entender o que se passa em cada lugar, mas para compreender o
processo de desenvolvimento e as peculiaridades econômicas em diferentes escalas,
assim como seus impactos na cultura e na sociedade que acabam imprimindo uma
nova configuração socioespacial à cidade, região ou país influenciado pelo cenário
26 Fato interessante que na melhor fase da borracha a maioria das coisas importantes nas cidades de
Belém e Manaus tinha nome inglês: bancos, casas exportadoras, empresas de navegação, serviços
urbanos, estaleiros, entre outros, o que representava o progresso trazido pelo capital estrangeiro na
região (TEIXEIRA, 1993, p.222).
166
extrativista, como lugar para realização de seus negócios (DIAS, 2007; BENCHIMOL,
2009; SOUZA, 2009; GARCIA, 2010 e MANAUSTUR, 2010).
Na medida em que a cidade crescia para atender as necessidades mais
emergentes desse fausto econômico, o patrimônio edificado construído na época
vinha com o objetivo de atender a esses anseios da elite extrativista e da nova
sociedade que ser formava, tendo concentração no Centro Histórico de Manaus em
função da sua proximidade com o Porto de Manaus, o local aonde se recebia e
escoava a matéria-prima, o que também incluenciou na formação das vias urbanas
do seu entorno usadas como conexão entre esses insumos que chegavam juntamente
com os viajantes. Os principais estabelecimentos comerciais, como as Casas
Aviadoras que faziam a ligação entre seringalista e os países importadores como a
Inglaterra, localizavam-se nesse perímetro, o que, na visão de Prado e Capelato
(2006), acabava por ser a principal compradora da borracha além de controlar a sua
distribuição para o resto do mundo, como Europa e Estados Unidos. As avenidas Sete
de Setembro e Eduardo Ribeiro estão localizadas justamente nessa área que
concentrava o poder político, social e econômico da época.
De acordo com Dias (2007), o maior responsável pela execução das grandes
obras de embelezamento e melhorias urbanas na cidade de Manaus, foi o capital
inglês. Trazendo ao contexto nacional, para Ignácio Rangel (2005), da Independência
até o início do século XX, a economia brasileira esteve, no plano externo,
profundamente vinculada ao capital industrial inglês. Atendendo aos interesses da
burguesia extrativista, diferentes firmas atuaram em diversos setores urbanos,
alterando profundamente a imagem da cidade. Os ingleses transformaram a aldeia
em uma capital moderna, das instalações portuárias aos transportes urbanos; do
abastecimento de água ao sistema de iluminação, numa demonstração de que a
capital amazonense se organizava não só pela interferência do Estado ou do
município, mas também com o auxílio fundamental de empresas privadas, que dão
uma nova fisionomia ao espaço urbano, imprimindo à cidade as feições da classe que
executava as reformas, impulsionadas pela sua importância comercial, portuária e até
mesmo sociocultural (DIAS,2007).Numa certa medida, Manaus também experimentou
um pouco daquilo que São Paulo vivenciou, na mesma época, com o desenvolvimento
econômico do café, quando a capital paulista se diferenciava ao estabelecer um
168
27 Alfred Russel Wallace em Viagens pelos rios Amazonas e Negro, 1849, citado por Edinéia Dias
(2007, p. 48).
170
cresceu, criou-se uma Universidade, foi construída uma casa de óperas (Teatro
Amazonas) e a cidade se rendeu às influências culturais cosmopolitas, principalmente
de Paris e Londres. O seu desenvolvimento acompanhou o crescimento populacional,
sem degradar os serviços, ocorrendo exatamente o oposto com a implantação Zona
Franca de Manaus.
A instalação de empresas comerciais, as lojas de artigos importados que
invadiam o centro histórico da cidade, a chegada de multinacionais no Distrito
Industrial, institutos de pesquisas, horda de turistas em busca de aparelhos eletrônicos
baratos e o fluxo de migrantes em busca de novas oportunidades transformaram a
cidade em um verdadeiro formigueiro e tornaram-na vulnerável, pois naquele
momento a estrutura da capital, além de decadente, não estava preparada para
receber tal demanda. Em 1984, a cidade continuava com a mesma infraestrutura
precária inchando com inúmeras favelas, entregando-se a especulação imobiliária
degradando e perdendo grande parte dos seus marcos arquitetônicos, em troca de
uma arquitetura medíocre, ofuscando a memória e a identidade dos seus
monumentos, prédios e espaços públicos, fruto principalmente do seu crescimento
desordenado gerado pelos programas de desenvolvimento praticados pelo governo
federal, desde 1964 (SOUZA, 2009).
Essa nova situação interferiu diretamente no Centro Histórico de Manaus, pois
os impactos visuais gerados pelas novas edificações, a falta de conservação de
prédios e monumentos que remetem à memória da cidade, bem como a ausência de
controle social, no que tange ao aspecto habitacional, afetaram violentamente a
paisagem urbana do Centro Histórico, em particular as Avenidas Sete de Setembro e
Eduardo Ribeiro. A cronologia abaixo permite visualizar com maior clareza os
principais momentos da evolução histórica da cidade:
176
1860 a 1913-
1669 1791/1798 1808 1833 1848 1856 1967
1900 1930
•Construção •Transferência• Lugar da •Capitania de•Vila de •Cidade da •Expansão do•Decadência •Implantação
da Fortaleza da sede da Barra é São José do Manaós é Barra vira Ciclo da da economia da Zona
da Barra do Capital da transforma- Rio Negro promovida à Cidade de Borracha gomífera, Franca de
Rio Negro Capitania de do em passa a Cidade da Manaós, em população Manaus,
São José do Capital da condição de Barra do Rio referência ao começa a alternativas
Rio Negro Capitania de Comarca do Negro povo indígena migrar para econômicas:
para o Lugar São José do Alto extintos pelos outras comércio e
da Barra Rio Negro, Amazonas e colonizadores cidades indústria.
que viria ser sua capital é
Província do promovida à
Amazonas e Vila de
depois Manaós
Estado do
Amazonas
29 SOBRINHO, José Almeida; BARBOSA, Manoel Messias; MUKAI, Nair Sumiko Nakamura. CÓDIGO
DE TRÂNSITO BRASILEIRO ANOTADO. 8ª ed. São Paulo: Editora Método, 2005.
179
trabalho. Em suma, a cidade ideal se apresenta como fruto dos valores éticos,
filosóficos e sociológicos de cada cultura e de cada época. Desta forma, não há como
não relacionar o desenho das Avenidas Sete de Setembro e Eduardo Ribeiro com as
mudanças e interferências sofridas no Centro da cidade, resultado de aspectos
econômicos e sociais do passado e do presente de Manaus oriundos dessas relações
em escala internacional, nacional, regional e local.
O bairro do Centro faz parte da zona Sul da cidade, composta por mais 17 bairros
(Betânia; Cachoeirinha; Colônia Oliveira Machado; Crespo; Distrito Industrial I;
Educandos; Japiim; Morro da Liberdade; Nossa Sra. Aparecida; Petrópolis; Praça 14
de Janeiro; Presidente Vargas; Raiz; Santa Luzia; São Francisco; São Lázaro e Vila
Buriti). Esses são os bairros mais antigos da capital amazonense, no entanto o Centro
destaca-se por concentrar as atividades de comércio e serviços, tradicional área de
concentração de negócios, pela preservação da memória da urbe inicial da cidade de
Manaus materializadas nas suas edificações, logradouros, monumentos e ainda
abriga o Centro Histórico de Manaus. A população do Centro é 28.336 (IBGE, 2010)
estimativa de 2015 de 37.892 com renda mensal de R$ 1.927,00 e número de eleitores
de 52.546 (SEDECTI, 2019)30. A figura 28 ilustra a divisão das zonas da cidade.
Figura 28: Mapa de zoneamento da cidade de Manaus
Vale ressaltar também, que esse limite foi revalidado no Plano Diretor Urbano e
Ambiental de Manaus publicado no diário oficial do município em 2002 e atualizado
em 2008, com a designação de Unidades de Estruturação Urbana - UES CENTRO
ANTIGO que:
Começa na confluência do Rio Negro com o Igarapé do São Raimundo;
segue por este até a projeção da Avenida Leonardo Malcher; daí, por uma
linha reta, até a Avenida Leonardo Malcher; segue por esta até o Igarapé do
Mestre Chico; seguindo por este até o Igarapé dos Educandos; segue por
este até o Rio Negro; deste, seguindo a sua margem esquerda, até o Igarapé
do São Raimundo (2008, p.25).
vez a região ficou subordinada ao sul do país, por frouxos laços, em face às
dificuldades de comunicação e da situação instável do Império Colonial Português,
além das atividades das duas regiões serem concorrentes em nível de mercado
(LOUREIRO, 2007). As Avenidas Sete de Setembro36 e Eduardo Ribeiro estão
assentadas na área onde a cidade começou a crescer originalmente, a partir da
instalação do Forte de São José da Barra do Rio Negro (1669), conforme explica
Garcia:
...que por desnecessidade não chegou a cumprir tarefas militares relevantes,
logo acumulou a dupla serventia de entreposto de venda de escravos e de
drogas do sertão. Com a chegada dos frades carmelitas (1695), começou a
se formar ao redor da pequenina fortaleza o núcleo minúsculo de colonização
que daria origem da cidade de Manaus (2010, p.26).
36 Destaca-se, que a Avenida Sete de Setembro foi uma das primeiras ruas da cidade, tendo como
primeiro nome Rua Direita (1787) quando Manaus ainda era chamada de Lugar da Barra, assim,
diferenciando-se das demais ruas ou avenidas por ser a única a conter uma memória evolutiva
materializada desde a pré-história até os tempos atuais (GUIMARÃES, 2012).
37 Vitousek e Sanford (1986) definem Igapó como uma cobertura vegetal localizada às margens dos
rios que são alagadas frequentemente pelas águas do rio Negro e afluentes durante o período da
estação úmida (chuvosa). Já os chavascais são terrenos baixos, onde geralmente existem nascentes
inundados quase sempre pelos rios. Os dois são típicos do ecossistema amazônico.
185
auxiliava na catequese dos índios e na educação dos filhos dos portugueses que
estavam a serviço da coroa lusitana (ANDRADE, 1985). Em síntese, essa é a
contextualização do entorno das Avenidas na época da colonização de Manaus.
...aprazível colina cortada de igarapés, com três pontes de madeira. Tem três
bairros: São Vicente, a oeste, Matriz no Centro e Remédios, a leste, todos
aprazíveis e arejados, e tem pontos pitorescos, como o dos Remédios, de
onde se avista o resto da cidade, confundidas as casas com a floresta e os
mastros das embarcações estacionadas nos igarapés. Tem de cada lado a
oeste e leste, uma cachoeira, a que aflui a população a passeios e banhos.
Principalmente pelo estabelecimento de algumas famílias de Barés, Banibas
e Passés, a sombra da fortaleza de São José do Rio Negro. Consta a cidade
de uma praça e 16 ruas, pela maior parte curtas e estreitas, e ainda por calçar
e iluminar. As casas são cobertas de telhas e poucos sólidas de fundação,
porém são cômodas, espaçosas e desafogadas, os sobrados são ainda em
diminuto número. As lojas carecem de maior gosto em sua peculiar
ostentação. Possui a cidade duas igrejas, a saber: a matriz de N.S. da
Conceição e a capela de N. S dos Remédios, ambas de fundação a imitação
da dos jesuítas no país, isto é, ligeira, frágil e destituída de arquitetura, o que
compensa o povo com um trato e asseio que lhe fazem honra (citado por
LOUREIRO, 2007, p.20-21).
Batista (2013, p. 171) relata que em 1852, “a capital apresentava poucas ruas
e que as mesmas seguiam os contornos dos igarapés de São Vicente, Monte Cristo,
Bica da Boa Vista, Aterro ou Remédio, Espírito Santo e Ribeira das Naus”. A planta
de Manáos (Figura 30) apresenta esses igarapés cartograficamente.
Duarte (2009) reforça que Manaus sempre foi entrecortada por centenas de
igarapés e que, por muito tempo, o acesso entre as áreas só era possível por meio
fluvial, utilizando pequenas embarcações como catraias e canoas (Figura 31).
38 A historiadora Edinéia Dias (2007, p.59) complementa que pelo Código de Posturas de 1872 as
casas feitas de barro e coberta de palha, típicas habitações da população pobre da região amazônica,
eram proibidas em várias ruas e praças dentre elas: Remédios, Imperador, Brasileira (atual Sete de
Setembro) e São Vicente. O Código de Posturas no ano 1890, já no período republicano, mantém essa
proibição nos limites urbanos, sob pena do infrator ter a cobertura demolida.
187
Figura 31: Igarapé do Espírito Santo, atual Avenida Eduardo Ribeiro, imagem sem
data.
Figura 32: Pontes referenciadas por Wallace (setas verdes) e os igarapés de São
Vicente (seta azul) e Olaria (seta vermelha) que depois viria a se chamar Espírito
Santo na planta da cidade Manaus em 1845.
Figura 33: Igarapé do Espirito Santo (1865), Figura 34: Sede do governo da província
fotografia tirada pelo alemão Christoph (atual edifício da Receita Federal, seta
Albert Krisch no atual cruzamento da amarela) de frente para a ponte da
Avenida Eduardo Ribeiro (seta vermelha) e Imperatriz sobre o igarapé do Espírito Santo
a Avenida Sete de Setembro (seta azul). (seta vermelha), início da avenida Eduardo
Ribeiro.
39 A travessa citada por Ypiranga (1998) era chamada de Rua Comendador Clementino em 18 de
janeiro de 1875, quase vinte anos após sua abertura) e, de acordo com os relatos acima, ocupava boa
parte da área que viria a ser a Avenida Eduardo Ribeiro. Foi nessa área, entre as ruas 10 de julho e
José Clemente, que foram erguidos o Teatro Amazonas e, posteriormente, o Palácio da Justiça, o que
por consequência fez com que os governantes voltassem seus olhos para a humilde rua, favorecendo
a diversas ações de monumentalidade transformando por completo esse logradouro.
190
A igreja foi erguida na área entre a antiga olaria e o respectivo largo, ao lado
do igarapé do Espírito Santo, que era denominado de igarapé da Olaria. [...],
o indicativo da redução dos limites do igarapé da Olaria (posteriormente
denominado de Espírito Santo), assim como a regularização de algumas ruas
localizadas em torno dele, sugere que o processo de aterramento desse
curso d’água estava sendo executado e, graças a esse procedimento, já se
tornava possível promover a regularização da área. (2005, p. 172).
192
Figura 36: Foto do alemão Albert Krish em 1865 no cruzamento da Rua Brasileira
(Sete de Setembro, seta azul) com o Igarapé do Espírito Santo (atual Eduardo
Ribeiro, seta vermelha). Destaque para a ponte existente na época sobre o igarapé
e a construção da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.
Figura 37: Registro (sem data) da antiga ponte da Imperatriz, construída para ligar
os antigos bairros de Espírito Santo e República, estava situada na área hoje
compreendida como o início da Avenida Eduardo Ribeiro, paralela aos jardins da
igreja da Matriz próximo do Porto e com o igarapé aterrado.
Figura 38: Gravura de Taylor (1870) vistos da torre da Igreja da Matriz com destaque
para Rua Brasileira (Sete de Setembro, setas azuis), Ponte do Espírito Santo (seta
amarela e o igarapé do mesmo nome da ponte (seta vermelha).
Figura 39: Gravura de Franz Keller (1874) tomada pela ponte sobre o igarapé
Espírito Santo (setas amarelas), tendo ao fundo o Palácio dos Presidentes da
Província (seta verde).
40 Tipo raro de calcário que ocorre em Portugal, na região de Lisboa e seus arredores.
196
Figura 40 Início da Rua Municipal (atual Av. Sete de Setembro) indicado pela seta
azul ao lado do Paço da Liberdade, gravura de 1884 feita por Charles Wiener.
Figura 41: Registro de Manaus de 1884, feito por Conde Stradelli, provavelmente
esse terreno estava próximo a igreja da Matriz com setas que marcam o local exato
da ponte onde foi construída a Avenida Sete de Setembro sobre o igarapé do
Espírito Santo canalizado (atualmente Avenida Eduardo Ribeiro). À direita, imagem
com outro ângulo dessa ponte sobre o mesmo igarapé.
Figura 42: Esse registro retrata residências típicas que ocupavam a área do centro
manauara (1889). Essas casas foram retiradas desse local para dar espaço aos
jardins da igreja Matriz e também para a sua escadaria. Detalhe para essas
construções às margens do igarapé do Espírito Santo (atual Avenida Eduardo Ribeiro,
seta vermelha) no cruzamento com a rua Municipal (atual Avenida Sete de Setembro,
seta azul).
Figura 43: Igarapé do Espírito Santo com seu casario localizado nas suas margens
em 1890.
A discussão sobre uma obra que não chegou a ser concluída pode parecer
um tanto absurda, no entanto justifica-se pela importância fundamental que
essa construção assumiu no projeto de embelezamento da cidade traçado
203
Conforme enfatizado por Silva; Costa; Coelho e Oliveira (2018), foi seguido
claramente o famoso modelo criado por Eugene Haussmann na urbanização de Paris
no começo do século XIX, o padrão “Tabuleiro de Xadrez” no qual os igarapés deram
lugar às novas ruas e avenidas largas e bem planejadas. Abaixo na Figura 47
demostra claramente esse modelo urbanístico na planta da cidade datada de 1893.
Figura 47: Carta Cadastral da Cidade e Arrabaldes de Manaós levantada por João
Ribas e desenhado por Willy von Bancels em 1893 em Lisboa, impressa em 1895 no
Rio de Janeiro
.
42 Cabia a Intendência Municipal, poder público, estabelecer por meio de códigos e regulamentos,
normas gerais de uso do espaço público e privado neste novo contexto urbano (DIAS, 2007, p.122).
206
Figura 48: Começo da Sete de Setembro Figura 49: Avenida Sete de Setembro em
em 1896, com destaque para a Praça Dom 1898 com o tráfego de pessoas e animais,
Pedro II e o Paço da Liberdade, ambos com postes de iluminação pública, pela
localizados a direita da Avenida. perspectiva da 1ª ponte (ponte romana I). Na
época chamava-se Rua Fileto Pires.
Figura 50: Teatro Amazonas no ano de 1898 (seta verde), porém, com as obras da
avenida do Palácio ainda em andamento, sinalizada pela seta vermelha.
Figura 51: Avenida Eduardo Ribeiro em 1897 no cruzamento da atual a rua José
Clemente. O retrato mostra as obras de construção do Palácio da Justiça (seta
amarela). Foto original do Álbum do Amazonas 1897/1898 (Governo Fileto Pires).
Figura 52: Avenida do Palácio (Eduardo Ribeiro) com destaque para o prédio do
Palácio do Governo (seta laranja), os mesmos em construção provavelmente no
ano de 1899.
Figura 54: Avenida Sete de Setembro Figura 55: Avenida Sete de Setembro
(Álbum do Amazonas-1901-1902), no trecho entre o canto do Quintela e a
destaque para os fundos do Palacete avenida Getúlio Vargas, ao fundo
Provincial. pavimento superior e a cobertura do
Ginásio Amazonense (1901).
Figura 56: Bonde, arborização, fluxo de Figura 57: Avenida Eduardo Ribeiro
pessoas e carruagens na Avenida decorada para o desfile de carros
Eduardo Ribeiro 1905. alegóricos e foliões fantasiados no
carnaval de 1905.
Figura 59: Avenida Eduardo Ribeiro (1906). No detalhe com a seta em amarelo e
paralelo encontra-se Avenida Sete de Setembro.
servidos sorvetes e bebidas variadas, era nessa via que a burguesia tinha seu
momento de lazer e consumo reproduzindo, de certo modo, a atmosfera festiva e
alegre dos espaços parisienses (MESQUITA, 2019). O historiador segue afirmando
que:
Figura 60: Em 1906 rua Municipal (Sete de Setembro, seta azul) e Avenida Eduardo
Ribeiro (seta vermelha). Destaque para o bonde elétrico (seta verde), igreja da
Matriz (seta amarela) e poste de iluminação do tipo cajado (seta laranja).
Figura 61: Rua Municipal (Sete de Figura 62: Rua Municipal (Sete de
Setembro) com o bonde nº 8 circulando Setembro) e a Ponte Romana I, 1908.
pela ponte Benjamin Constant, em 1906.
Figura 64: Paisagem da Rua Municipal (Sete de Setembro) cortada por igarapés.
Esse trecho localiza-se nas proximidades da Penitenciaria Raimundo Vidal Pessoa
e a Ponte Benjamin Constant (circulada na imagem). Foto de Hubner S. do Amaral
em 1910.
Figura 65: Rua Municipal, hoje Avenida Sete de Setembro (1910), arborizada
com o Ficus- benjamim, destaque aos trilhos do bonde (ao fundo).
Figura 66: Paisagem da Avenida Sete de Setembro em 1913 com sua arborização,
os trilhos do bonde, poste de iluminação e via limpa, configuração urbana
compatível aos lucros advindos da borracha. Esse trecho da Avenida, atualmente,
situa-se em frente à sede do Banco da Amazônia-BASA.
Figura 67: Avenida Eduardo Ribeiro Figura 68: Cartão postal colorizado da
(seta vermelha) no cruzamento com a Avenida Eduardo Ribeiro (1914).
Avenida Sete de Setembro (seta azul),
então Rua Municipal (1913).
Figura 69: Avenida Sete de Setembro (1914), na época Rua Municipal, capturado
da esquina da Praça Oswaldo Cruz, então Praça do Comércio. Destaques: Em
obras, edificação ao fundo, à esquerda, em frente à Praça Dom Pedro II (seta
verde), é o atual Palácio Rio Branco (seta laranja). Registro feito na inauguração
das obras de calçamento deste trecho da avenida.
Figura 73: Vista aérea (1924-1925) de Manaus por ocasião da vinda da "Expedição
Hamilton Rice". Destaques: Avenida Eduardo Ribeiro (seta vermelha) e Avenida
Sete de Setembro (seta azul).
Figura 74: Avenida Eduardo Ribeiro Figura 75: Avenida Eduardo Ribeiro
(1927) orientado para norte, capturado a (1930). Ao fundo Teatro Amazonas (seta
partir da esquina da Rua Henrique verde).
Martins.
Figura 82: Avenida Eduardo Ribeiro Figura 83: Avenida Eduardo Ribeiro
(1935), registro a partir da calçada da (1936), aspecto tomado do meio do
sede do Ideal Clube. Destaques: quarteirão entre as ruas 24 de maio e
arborização incipiente, com mudas recém José Clemente, vendo-se ao fundo o
plantadas, protegidas por grades e ao Palácio da Justiça.
fundo Teatro Amazonas.
Figura 91: Aspecto aéreo de Manaus Figura 92: Trecho inicial da Avenida
(1967). Avenidas Sete de Setembro Eduardo Ribeiro (1972).
(seta azul) e Eduardo Ribeiro (seta
vermelha).
Começava na
extremidade da Rua de
3 Estrada da Cachoeirinha de Manaus ou Anterior a Miranda Reis, no igarapé
Caminho da Cachoeirinha 1830 de Manaus, localizado na
atual Av. Sete de
Setembro, terminando na
cachoeirinha de Manaus,
trecho sul da antiga Av.
Uapés.
Começava no litoral do
Rio Negro, no antigo
4 Rua Liberal [Entre 1831 a bairro São Vicente de
1832] Fora até o igarapé do
Espírito Santo, atual Av.
Eduardo Ribeiro.
Começava no Igarapé de
São Vicente de Fora,
5 Rua Brasileira 1841 lado esquerdo e
terminava na travessa de
Barroso, aberta em 1852.
Começava no litoral do
Bairro São Vicente, lado
7 Rua de Manaus 1866 oeste e terminava no
Igarapé de Manaus.
Apesar de não ter um
decreto, esse nome é
encontrado em vários
documentos oficiais.
Nomenclatura dada na
sessão pública da
8 Rua ou estrada do General Miranda 1872 Câmara Municipal em
Reis 06/08/1872. Começava
no litoral do Rio Negro e
terminava no igarapé de
234
Na planta da cidade
datada nesse período
9 Rua Brasileira 1879 aparece essa
denominação. Que
conforme o mapa iniciava
no trecho ao lado da
praça D. Pedro II até se
encontrar com a Rua
Miranda Reis.
Decreto no 1, de 20 de
fevereiro de 1894, até
12 Rua Municipal 1894 e 1895 essa época não tinha o
comprimento atual da
Avenida Sete de
Setembro. O nome de
1895 foi encontrado na
Carta Registral da
Cidade, anexada a este
trabalho.
Essa nomenclatura
passou a ser vigorada e a
14 Rua Municipal 1898; 1899; partir de então ela
aparece nas plantas da
1906; 1913 e cidade nos anos citados.
1915. Na planta 1906 sua
extensão vai até a ponte
sobre o Igarapé da
Cachoeirinha,
compatível com a
configuração atual da
Avenida.
Adquiriu essa
denominação a partir do
15 Avenida Sete de Setembro 1922 decreto no 21 de
07/09/1922. Iniciando no
litoral do Rio Negro, ao
lado do Paço da
Liberdade, antigo prédio
da Prefeitura, terminando
na ponte (ou terceira
ponte) metálica de
Benjamin Constant.
Pelo Decreto no 23 de 6
de agosto do referido
17 Avenida Sete de Setembro 1924 ano, voltou chamar-se
Sete de Setembro.
Denominação obtida
logo após a revolução
20 Avenida Juarez Távora [193-] Ginasiana de 1930.
Monteiro (1998) afirma que em 1845, a Rua Brasileira (atual Avenida Sete de
Setembro) foi ampliada até o Igarapé do Espírito Santo, hoje Avenida Eduardo Ribeiro.
Já no ano de 1874 ganhou mais alguns metros até o Igarapé dos Remédios ou do
Aterro, hoje Avenida de Getúlio Vargas, a partir de então foi aumentando até atingir o
comprimento atual, até a ponte Benjamin Constant, limite com o bairro da
Cachoeirinha. A evolução histórica dos nomes caminhava na mesma medida e
proporção das ascensões políticas, eles eram atribuídos em partes da Avenida para
contentar os políticos da época (MONTEIRO, 1998). Após essa descrição cronológica,
ressalta-se que a formação da via ou trecho urbano da Sete de Setembro em vigor
até os dias de hoje, foi uma junção de várias ruas, alamedas, estradas, caminhos,
onde até a primeira década do século XX passou a possuir a presente configuração.
O mesmo historiador, Mário Ypiranga (1998, p. 241), informa que a Avenida
Eduardo Ribeiro teve vários nomes, antes do igarapé do Espírito Santo ter sido
totalmente aterrado, não foi possível determinar a data exata que a via passou a
chamar-se Avenida Eduardo Ribeiro, sua nomenclatura atual, no entanto, verifica-se
que o nome é uma homenagem póstuma ao seu principal idealizador, o ex-governador
do Estado Eduardo Ribeiro (1892-1896). Convém salientar, que igualmente a Avenida
Sete de Setembro, a atual configuração da Avenida Eduardo Ribeiro é uma junção de
várias ruas, alamedas, travessas, mas principalmente, o aterramento do igarapé do
237
Espírito Santo. A mesma foi a única, no Centro Histórico de Manaus, a ser planejada
para ser uma avenida larga e com monumentalidade nos moldes urbanísticos
europeus da época, criando uma atmosfera europeia condizente com os novos
residentes oriundos em sua maioria da Inglaterra e França, tendo na Avenida Eduardo
Ribeiro, a materialização da bela vitrine manauara da Belle Époque, no auge da
borracha. A seguir, um breve resumo cronológico dos principais nomes atribuídos a
ela, de acordo com historiadores e cartas cadastrais (plantas da cidade).
Quadro 05: Cronologia dos nomes da Avenida Eduardo Ribeiro
Fonte: Elaborado pela autora com base em Monteiro (1998) e Plantas da Cidade de
Manaus.
A rua não é apenas o espaço físico que você ocupa, mas um produto
socializante universal do grupamento de indivíduos, um eixo horizontal, que
conduz você e sua vontade a qualquer lugar determinado. Você não é só na
sua aldeia ou cidade, mas parte da rua, produto dela, a ele ligado por um
acordo explícito que é a casa. Antigamente era multado quem não tinha onde
morar, por isso que a rua só existe em função daquilo que você representa
na sociedade (1998, p.11).
A relevância de uma rua ou avenida não pode ser resumida apenas ao aspecto
físico-espacial, mas sobretudo como produto da sociedade, dentro de um processo
cíclico e dinâmico de interpretação de sua própria história, ligando passado e presente
em um só lugar que vai se reinventando ao longo do tempo (GUIMARÃES, 2012).
Para tanto, há que se estabelecer uma conectividade entre os momentos passados,
já retratados acima, com os aspectos atuais do lugar. Desta forma, a conexão entre
esse passado evolutivo das duas avenidas e o seu presente são a aplicação de duas
categorias da dialética tridimensional proposta por Lefebvre (1974): prática espacial
(vivido) e da representação do espaço (percebido). Ou seja, a materialização desse
processo histórico evolutivo das avenidas Sete de Setembro e Eduardo Ribeiro na
perspectiva de conjunto com suas edificações. Portanto, é necessário relacionar às
principais características atuais dos logradouros aqui estudados aliando ao patrimônio
edificado do seu entorno no que tange ao âmbito legal e normativo.
Nesse sentido, para dar um panorama geral, a prefeitura de Manaus elaborou
e sintetizou culturalmente um mapa intitulado como “Plano Diretor de Reabilitação do
Centro de Manaus (PERCM): Sistematização da base de informação gerencial”,
contendo os perímetros de tombamento municipal e federal do Centro Antigo de
Manaus bem como a localização geográfica das unidades de interesse de
preservação da prefeitura, dos bens tombados a nível estadual e federal e suas
respectivas gestões. A partir desse mapa, também se detectou um total de 33 bens
tombados nos âmbitos federais, estaduais e municipais nos limites de tombamento
municipal e federal ao mesmo tempo que também apresenta o conjunto de unidades
municipais de 1º, 2º, unidades históricas abandonadas, praças históricas além das
festas religiosas, eventos sazonais e espaços para manifestações culturais. No que
240
Desta forma, com base nesse decreto, abaixo estão nominadas essas unidades
de 1º e 2º grau junto com as praças históricas localizadas nas respectivas avenidas:
2 67. Prédio Comercial Av. Eduardo 2 260. Prédio Residencial Av. Sete de
Ribeiro n° 58. Setembro n° 182.
3 68. Prédio Comercial Av. Eduardo 3 261. Prédio Residencial Av. Sete de
Ribeiro n° 64. Setembro n° 188.
4 69. Prédio Comercial Av. Eduardo 4 262. Prédio Residencial Av. Sete de
Ribeiro n° 124 fundo c/Marechal Setembro n° 200.
Deodoro, n° 135/135-A.
6 71. Prédio Comercial Av. Eduardo 6 264. Prédio Comercial/Serviços Av. Sete
Ribeiro n° 140 fundos c/Marechal de Setembro n° 392.
Deodoro n° 143.
7 72. Prédio Comercial Av. Eduardo 7 265. Prédio Serviços –Câmara Municipal
Ribeiro n° 160/216/216-C. Av. Sete de Setembro n° 384.
8 73. Prédio Comercial Av. Eduardo 8 266. Prédio/Serviços (BASA) Av. Sete de
Ribeiro n° 165. Setembro n° 397.
9 74. Prédio Comercial Av. Eduardo 9 267. Prédio Comercial Av. Sete de
Ribeiro n° 167. Setembro n° 400.
10 75. Prédio Comercial Av. Eduardo 10 268. Prédio/Serviços - (Palace Hotel) Av.
Ribeiro n° 171. Sete de Setembro n°
500/591/601/603/58.
242
11 76. Prédio Comercial Av. Eduardo 11 269. Prédio Comercial Av. Sete de
Ribeiro n° 173. Setembro n° 617R. Lobo D’Almada.
12 77. Prédio Comercial Av. Eduardo 12 270. Prédio Comercial Av. Sete de
Ribeiro n° 175. Setembro n° 687 c/ R Joaquim Sarmento,
n° 19/23.
13 78. Prédio Comercial Av. Eduardo 13 271. Antigo Grande Hotel Av. Sete de
Ribeiro n° 230 fundos c/Rua Marechal Setembro n° 826/832.
Deodoro n°227/229.
14 79. Prédio Comercial Av. Eduardo 14 272. Museu do Homem do Norte Av. Sete
Ribeiro n° 236 fundos p/Marechal de Setembro n° 1.385.
Deodoro n° 237.
18 83. Prédio Comercial (Antiga Credilar 18 276. Palácio Rio Negro Av. Sete de
Teatro) Av. Eduardo Ribeiro n° 659 Setembro n° 1.546.
esq.Rua J.Clemente n° 420.
19 84. Prédio Institucional (Palácio da 19 277. Centro de Estudos Bíblicos Av. Sete
Justiça) Av. Eduardo Ribeiro n° 833. de Setembro n° 1.801.
20 85. Prédio Residencial Casa Sr. 20 278. Prédio Institucional (C. D. C.) Av.
Thales Loureiro Av. Eduardo Ribeiro Sete de Setembro n° 1.806.
n° 874.
22 87. Prédio Institucional (JUCEA) Av. 22 280. Centro Educacional Santa Terezinha
Eduardo Ribeiro n° 898. Av. Sete de Setembro n° 2.107.
24 89. Prédio – Ideal Club Av. Eduardo 24 282. Ponte Benjamim Constant Av. Sete
Ribeiro n° 937. de Setembro s/n°.
243
1 616. Av. Eduardo Ribeiro n° 36. 1 1444. Av. Sete de setembro n° 85.
2 617. Av. Eduardo Ribeiro n° 136. 2 1445. Av. Sete de setembro n° 98.
3 618. Av. Eduardo Ribeiro n° 144. 3 1446. Av. Sete de setembro n° 104.
4 619. Av. Eduardo Ribeiro n° 154, 4 1447. Av. Sete de setembro n° 110.
fundos Rua Mal. Deodoro, n° 153
5 620. Av. Eduardo Ribeiro n° 187. 5 1448. Av. Sete de setembro n° 118.
6 621. Av. Eduardo Ribeiro n° 218. 6 1449. Av. Sete de setembro n° 136.
7 622. Av. Eduardo Ribeiro n° 245. 7 1450. Av. Sete de setembro n° 145.
8 623. Av. Eduardo Ribeiro n° 309. 8 1451. Av. Sete de setembro n° 182.
9 624. Av. Eduardo Ribeiro n° 395. 9 1452. Av. Sete de setembro n° 188.
10 625. Av. Eduardo Ribeiro n° 399. 10 1453. Av. Sete de setembro n° 205.
11 626. Av. Eduardo Ribeiro n° 445. 11 1454. Av. Sete de setembro n° 208.
12 627. Av. Eduardo Ribeiro n° 462. 12 1455. Av. Sete de setembro n° 344.
13 628. Av. Eduardo Ribeiro n° 466. 13 1456. Av. Sete de setembro n° 377.
14 629. Av. Eduardo Ribeiro n° 472. 14 1457. Av. Sete de setembro n° 414.
15 630. Av. Eduardo Ribeiro n° 474. 15 1458. Av. Sete de setembro n° 430.
244
16 631. Av. Eduardo Ribeiro n° 509. 16 1459. Av. Sete de setembro n° 649.
17 632. Av. Eduardo Ribeiro n° 519. 17 1460. Av. Sete de setembro n° 665.
18 633. Av. Eduardo Ribeiro n° 523. 18 1461. Av. Sete de setembro n° 667/677.
19 634. Av. Eduardo Ribeiro n° 549. 19 1462. Av. Sete de setembro n° 711.
20 635. Av. Eduardo Ribeiro n° 575. 20 1463. Av. Sete de setembro n° 727.
21 636. Av. Eduardo Ribeiro n° 583. 21 1464. Av. Sete de setembro n° 766.
22 637. Av. Eduardo Ribeiro n° 892. 22 1465. Av. Sete de setembro n° 855.
23 638. Av. Eduardo Ribeiro n° 896. 23 1466. Av. Sete de setembro n° 860.
24 639. Av. Eduardo Ribeiro s/n°. 25 1468. Av. Sete de setembro n° 1015.
Figura 97: Mapa da Avenida Sete de Setembro com os imóveis e praças protegidos
Fonte: Elaborado pelo arquiteto e urbanista Aldeni Hayden Cavalcante Júnior (2021)
248
Figura 98: Mapa da Avenida Eduardo Ribeiro com os imóveis e praças protegidos
Fonte: Elaborado pelo arquiteto e urbanista Aldeni Hayden Cavalcante Júnior (2021)
249
44 Monumento ao primeiro centenário da elevação da Vila da Barra do Rio Negro à categoria de cidade.
45 Edificação projetada por Severiano Mário Porto, Arquiteto brasileiro de referência e premiado, que
está associado à aplicação do conceito de regionalismo crítico.
251
sociais. São eles, na verdade, que dão lugar tanto ao desempenho das
rotinas, quanto à produção dos acontecimentos. (1984, p. 4).
O passado e o presente das duas avenidas estão retratados abaixo nas figuras
99 e 100 junto com uma imagem de satélite (Figura 101) dos dois logradouros.
Figura 99: Cruzamento da Av. Eduardo Ribeiro com Av. Sete de Setembro-1906
Figura 101: Vista áerea das Avenidas Sete de Setembro (seta azul) e Eduardo
Ribeiro (seta vermelha) -2021
47 “Olhares sobre Manaus: atributos e qualidades que conferem valor ao Centro Histórico”, é o
título do documento que descreve e sistematiza o processo de normatização sob a responsabilidade
do IPHAN-AM.
256
B. RESTAURAÇÃO:
Fonte: Foto tirada por uma funcionária do IPHAN-AM na sede provisória do instituto
(antigo prédio da Receita Federal) e cedida gentilmente a esta pesquisadora na coleta
de campo, autorizada pela Superintendente Karla Bitar.
261
Blach et al (2020) menciona que para a confecção de um plano de gestão, foi iniciado
procedimento de elaboração de uma portaria normativa definindo parâmetros para
essas intervenções nos recortes geográficos denominados de poligonal de
tombamento e poligonal de entorno. Em síntese, esse processo de normatização do
Centro Histórico de Manaus, visava fornecer dados e análises a respeito da
apropriação que os detentores – agentes socioculturais que utilizam, vivenciam ou
são, de fato, proprietários de imóveis do Centro Histórico de Manaus - têm desse bem
cultural.
A partir de orientações feitas por Antônio Miguel Lopes de Sousa, consultor da
UNESCO, foi que sob a coordenação do historiador Matheus Cássio Blach e o
antropólogo Mauro Augusto Dourado Menezes, técnicos do IPHAN/AM, juntamente
com os estagiários da Universidade Estadual do Amazonas – UEA (LABOTUR) por
meio da parceria entre o Iphan e a Rede Observatur-UEA, foram às ruas compreender
como as pessoas e/ou os coletivos relacionavam-se com os bens culturais na área
tombada e de entorno, conferindo-os, inclusive, novos significados. Um dos objetivos
principais dessa pesquisa de natureza qualitativa e quantitativa49, além de coletar
dados para traçar o panorama dos atributos e qualidades que conferem valor ao
Centro Histórico, foi a provocação do reviver mnemônico por meio dos diálogos bem
como conhecer a profundidade da penetração das referências culturais na vida da
comunidade estudada. Assim, mediante os fundamentos aqui descritos, as técnicas
aplicadas no decorrer desse projeto foram: 1) Mapas de Percepção com grupos focais
2) Observação Participante 3) Entrevistas Temáticas Semiestruturadas com
indivíduos selecionados 4) Pesquisa Bibliográfica e Documental.
Os mapas de percepção utilizaram-se os grupos focais como proposta
metodológica de investigação, organizados considerando a relação dos integrantes
com o território, suas atuações, constituição enquanto grupo já consolidado ou de
formação induzida e notoriamente a sua faixa etária – priorizando aqueles moradores
mais antigos. Nesse sentido, procurou-se reunir quem, em potencial pôde, por meio
da abordagem proposta, representar narrativas gráficas das memórias, da imaginação
e dos universos de sentido, que têm hoje como testemunho as referências culturais
53 Batista (2013) afirma que na Amazônia o termo igarapé é utilizado como sinônimo de curso d´água,
riacho ou canal de profundidade moderada e são importantes para a manutenção do microclima de
uma região, um conjunto de igarapés afluentes de um rio principal-tributário, formam uma microbacia.
A mesma menciona que é uma palavra indígena oriunda do tupi: “igara” significa canoa e pé, o caminho.
54 Os igarapés do Bittencourt e Mestre Chico estão localizados no entorno da Avenida Sete de
Setembro.
273
o seu valor e foram sendo destruídas para dar lugar a prédios mais modernos. O
espaço central foi, então, sendo modificado para atender às necessidades comerciais
do ciclo da Zona Franca, da mesma forma que o ciclo da borracha, impusera o plano
de embelezamento da cidade com intervenções urbanísticas que deram origem a um
novo desenho do seu centro urbano, transformando-o em um local mais compatível
com o movimento econômico da época e os novos moradores e visitantes que eram
atraídos para Manaus. Cabe salientar que a grande diferença entre esses dois
momentos da história, consiste no planejamento urbano e controle do poder público
ocorrido no auge da economia do látex, o que não aconteceu no período da Zona
Franca, responsável por um fluxo desenfreado de migrantes para a cidade, os quais
passaram a ocupar desordenadamente as áreas próximas aos igarapés centrais e
implantar lojas e centros comerciais que modificaram parte dos prédios e logradouros
antigos, além da proliferação de ambulantes ocupando as calçadas, interferindo
negativamente na qualidade visual da paisagem das Avenidas pesquisadas e do seu
entorno, situação que perdura até hoje.
No aspecto municipal, as iniciativas próprias da Prefeitura de Manaus nas
políticas públicas de preservação e valorização do patrimônio histórico cultural
remontam desde 1994. Resumindo-se em duas grandes ações nas áreas que
impactaram diretamente ou indiretamente a paisagem nos logradouros aqui
estudados bem como o seu entorno, a citar: 1) Projeto de Revitalização do Centro
Antigo de Manaus (1994) e 2) Requalificação Urbanística da Avenida Eduardo Ribeiro
(2015).
1) PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DO CENTRO ANTIGO DE MANAUS: O projeto
de revitalização do Centro Antigo de Manaus (Figura 108) foi concebido no ano de
1994, a partir de um concurso público de ideias realizado pela Prefeitura em parceria
com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) com o intuito de revitalizar o entorno do
Paço da Liberdade na Praça D. Pedro II (FILIPPINI, 2008). A equipe de arquitetos
vencedores Ana Lúcia Abrahim, Almir de Oliveira, Mercia Parente e Roberto Moita
conceberam um plano (Figura 107) que previa a implementação de 3 polos de
atividades na área: comercial, cultural e lazer, além do corredor na rua Bernardo
Ramos destinados ao entretenimento e gastronomia (BLOG DO ROBERTO MOITA,
2021).
276
56 Destaca-se que aonde não foi encontrado o pavimento original foi substituído por um trabalho com
blocos de concreto pigmentado e pedras de quartzito (MAGABI, 2019).
279
57 Lei Federal 3.924 /1961, com as Portarias SPHAN 07/1988 e IPHAN 230/2002, embasadas nessas
normativas federais os trabalhos tiveram por objetivo geral a arqueologia no local realizando o
monitoramento arqueológico bem como a educação ppatrimonial (CASTRO, 2017).
281
Figura 112: Obras no piso, calçadas e meio fio da avenida Eduardo Ribeiro.
Normatização
Revitalização do
do Centro PAC- Tombamento
Antigo de Cidades do Centro
Manaus Monumenta/BID Históricas Histórico de
(1994) (2003) (2013) Manaus (2020)
aparece em sétimo lugar com 1.802.525 habitantes, sendo assim, a maior cidade da
Região Norte, superando Belém com 1.402.056 em população. Segundo esses
mesmos dados do último recenseamento (2010), dentre as 11 maiores cidades
brasileiras, Manaus foi a que teve maior crescimento na última década, sua população
cresceu em torno de 28,21%, saltando de 1.405.835, em 2000, para 1.802.52558,
superando Curitiba e Recife, já é a sétima maior cidade do país, sendo que das 11
cidades, somente Manaus e Brasília cresceram acima da média nacional.
O IBGE relata que no ano de 2018 seu PIB foi de R$ 78.192.321.000,00 com
participação de 20,18% no Produto Interno Bruto da região Norte e 1,12%, no
nacional. Manaus é a 6ª cidade com os maiores índices no resultado do produto
interno bruto do Brasil, é inferior apenas ao de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília,
Belo Horizonte e Curitiba. A principal atividade da capital manauara e também do
Estado do Amazonas foi a dos serviços, deixando a indústria em segundo lugar.
Em reportagem para o G1 Amazonas, o IBGE informou que em 2018, pelo segundo
ano consecutivo, a indústria não aparece como a atividade econômica principal do
Estado, pois, os serviços (incluindo o comércio) assumiram essa posição, com
participação de 38,53% no valor adicionado total do PIB do Amazonas; a indústria
teve participação de 34,30%; a administração, 20,63%, e a agropecuária, participação
de 6,54%".
Complementarmente, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,
Tecnologia e Inovação-SEDECTI-AM menciona que o PIB do Amazonas,
especificamente no quarto trimestre de 2020 registrou R$ 28.457 milhões, no
comparativo com o quarto trimestre de 2019, isso representa um crescimento nominal
de 4,19%. O serviço obteve crescimento de 4,16% e a indústria alcançou os 3,72%
no período (4ºtrimestre 2019/2020). Esse desempenho deve-se a recuperação da
atividade econômica que contribuiu com valores de R$ 26.870 milhões no terceiro e
R$ 28.457 milhões no quarto trimestre, compensando as perdas do segundo trimestre
(-7,33% comparativo entre 1º trimestre de 2020 e 2º trimestre de 2020), de um
acumulado R$ 105.787 milhões no ano de 2020. A composição de participação dos
diariamente, uma média de 9.020 passageiros, 134 voos, 336.930 kg de carga aérea,
com seus 2.700m x 45m de pista recebem voos nacionais e internacionais, com
capacidade para aeronaves de grande e pequeno porte, é administrado pela Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – INFRAERO, porém, em abril de 2021 foi
licitado a sua concessão de uso para a empresa francesa Vinci que administra
terminais aeroportuários na França, em Paris e que já opera o aeroporto de Salvador
(BA).
mesmo, a outros países, como é o caso da BR-174 que liga a cidade à Roraima e à
Venezuela, contando, ainda, com cinco inacabadas e precárias rodovias - Belém-
Brasília (BR-010), Cuiabá-Porto Velho (BR-364), BR-230 (Transamazônica – PA/AM),
BR-163 (Cuiabá-Santarém), BR-319 (Porto Velho–Manaus), favorecendo ao intenso
o uso do intermodal fluvial com tráfego de embarcações pelos rios amazônicos
(GUIMARÃES, 2012; GASPAR; FARIAS; GUIMARÃES; FONSÊCA e BATISTA,
2021). Apesar do modal rodoviário não ser o mais utilizado, o transporte rodoviário no
Estado do Amazonas conta com uma malha de estradas de cerca de 6.200 km, dos
quais apenas 1.706 km são pavimentados. As principais rodovias federais são as BR's
174, 210, 230, 307, 317, 319 e algumas estaduais, principalmente na região
polarizada pela capital Manaus, tais como AM-010, 254, 352 e 36359.
A extensão de vinte e sete quilômetros da orla urbana de Manaus é atendida por
seis áreas portuárias: Marina do David, Porto do São Raimundo, Porto do Educandos,
Porto da Manaus Moderna, Porto Roadway de Manaus e Porto da Ceasa (GASPAR;
FARIAS; GUIMARÃES; FONSÊCA e BATISTA, 2021). Acrescenta-se à essa
extensão, o Porto Chibatão, maior complexo portuário privado da América Latina
destinado a receber navios de carga geral e produtos siderúrgicos destinados ao Polo
Industrial de Manaus60. Em função dessa especificidade regional, geograficamente
cortada em sua maioria por rios afluentes do rio Amazonas, o barco é o meio de
transporte mais utilizado da região, com uma estrutura de poucos camarotes e muitas
redes (GUIMARÃES, 2012).
Dada sua localização estratégica no Centro Histórico de Manaus,
especificamente na confluência entre as ruas Taqueirinha, Avenida Lourenço Braga e
o início da Avenida Eduardo Ribeiro, o Porto Roadway de Manaus (Figura 120) têm
destaque logístico e patrimonial no contexto dessa pesquisa.
60
Dados extraídos do site oficial do Porto, disponível em: <http://www.grupochibatao.com.br/>. Acesso
em 03 fev 2021.
293
Por esse gráfico, nos últimos 12 anos o volume de turistas no Amazonas para
esta série registrou um volume de 8.453.778, no qual desse quantitativo 6.673.842
são turistas que permaneceram na cidade de Manaus. Salienta-se que anterior a Copa
do Mundo de Futebol da FIFA em 2014, onde Manaus foi cidade-sede, a média de
turistas na série de 2007 a 2013 no Amazonas foi de 675.500 e para Manaus 515.443,
no entanto, após a Copa e Jogos Olímpicos, no recorte de temporal de 3 anos entre
2016-2018 a média mantêm-se em 639.166 turistas no Amazonas, já em Manaus é
de 518.455 (OBSERVATUR-UEA, 2019). Apesar do pico em 2014 dessa
movimentação turística com 1.168.612 de turistas no Estado, em função da Copa do
Mundo, identifica-se que o crescimento se deu de forma gradual nos 12 anos antes
do evento, mesmo com o decréscimo no fluxo turístico a partir de 2015, percebe-se
uma estabilidade na média desse volume.
297
62 Sugerindo uma possível predominância do turismo de negócios, motivação que deve ser melhor
pesquisada para a manutenção desse fluxo comparada à baixa demanda de turistas estrangeiros até
o ano de 2004.
299
Característica da Viagem
Ecoturismo/Aventura 67,6%
Motivo da
Sol e Praia 11,1% Sol e Praia
Viagem a Lazer
Cultura 10,5%
Sozinho 36%
Composição do ***Sozinho 38%
Casal sem filhos 18,6
Grupo ***Família 20,8%
Amigos 18,2%
Gasto Médio
US$64,89 ***R$28,54
Diário Per Capita
Permanência
12,0 ***15,1
Média (dias)
Organização da Viagem
Perfil Socioeconômico
32 a 50 anos 47,2%
Grupo de Idade **Faixa dos 40 anos
25 a 31 anos 16,6%
Renda Média
US$6.351,62 ***Mais de 10 SM 38,9%
Mensal Familiar
Com base nesse mapa, apesar do mapa estar devasado, as mesmas áreas de
atratividade turística permanecem até os dias atuais. Percebe-se, ainda, que os
atrativos turísticos existentes em Manaus são diferenciados numericamente na
classificação de atratividade alta (amarelo) e mantida (verde), em suma, sua utilização
turística encontra-se explorada em pequena escala, mesmo elementos que
correspondem ao artesanato, às festividades e aos sítios históricos. As áreas
prioritárias são a área central, incluindo o Centro Histórico de Manaus e a orla da
Ponta Negra, porém, cabe destacar que os rios também constituem atrativos
importantes, notadamente no ponto denominado de Encontro das Águas, unindo os
rios Negro e Solimões (PDITS, 2011). No entanto, o Distrito Industrial também possui
diversos equipamentos hoteleiros e 1 atrativo (Centro Cultural Povos da Amazônia),
com sua atratividade diretamente ligada à realização de negócios.
Essas áreas integram a maior parte da oferta, tanto no que tange aos
equipamentos turísticos quanto aos atrativos turísticos de maior relevância, portanto,
estão alinhadas com a comercialização turística atual e potencial. Do ponto de vista
do visitante, as referidas áreas congregam os atrativos mais visitados e de maior
potencial para visitação e demonstram também a gama variada de atrativos ofertados
(naturais, culturais e de lazer), tendo como pano de fundo o Ecoturismo (PDITS, 2011).
Observa-se que apesar da vocação forte e natural da cidade, em função da
localização na região Amazônica, para o turismo de natureza, os atrativos e recursos
culturais presentes são significativos em termos de quantidade e qualidade da
experiência turística, agregando, assim, valor à visitação nas áreas naturais. Os
patrimônios edificados, com construções de valor histórico e cultural, são em grande
parte remanescente do período da borracha, concentrados no Centro Histórico de
Manaus, área em que se situa a Avenida Sete de Setembro e Avenida Eduardo
Ribeiro. Destacam-se, também, os museus e manifestações da tradição amazônica,
além da gastronomia e o artesanato regional. Estas manifestações culturais auxiliam
na composição do destino turístico Manaus, contribuindo para aumentar a
permanência do turista na cidade através da combinação “natureza e cultura”.
O Quadro 12 demonstra de forma organizada os principais atrativos culturais e
naturais da cidade atualmente:
306
ATRATIVOS DESCRIÇÃO
Museu de Manaus-MuMa (Paço da liberdade); Praça D.
Pedro II; Casarão de Inovação Cassina; Centro Cultural
Palácio Rio Branco; Biblioteca Pública do Estado; Centro
CULTURAIS Cultural Palacete Provincial; Centro Cultural Palácio Rio
Negro – CCPRN; Centro Cultural Largo de São
Sebastião; Centro Cultural Palácio da Justiça; Teatro
Amazonas; Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas
– IGHA; Porto de Manaus; Mercado Municipal Adolpho
Lisboa; Relógio Municipal; Igreja Nossa Senhora da
Conceição– Catedral de Manaus; Museu do Seringal Vila
Paraíso; Museu Amazônico; Museu do Índio; Centro
Cultural Povos da Amazônia.
64 Essa área contempla os seguintes logradouros: avenidas Eduardo Ribeiro e Sete de Setembro, e
as ruas Guilherme Moreira, Dr. Moreira, Marcílio Dias, Marechal Deodoro, Teodoreto Souto e José
Paranaguá.
308
acessibilidade na parte do térreo do prédio e os outros dois teatros que não realizam
visitas guiadas, apenas abertos ao público sob demanda de algum evento em
específico. E quanto aos eventos programados, são feiras de artesanatos que tem um
grande fluxo de visitantes locais e turistas, festas/celebrações realizadas durante o
carnaval e de cunho religioso no mês de junho, além do evento em comemoração pelo
aniversário da cidade de Manaus, em que o público alvo também é local. De acordo
com pesquisa de campo realizada por esses autores, Avenida Sete de Setembro é
uma das principais vias de acesso ao Centro Histórico, a mais extensa e que
apresentou maior quantitativo da oferta turística. Existem 2 eventos realizados nesse
logradouro que são: 1) Em fins de semana alternados a Feira do Paço, que oferece
uma programação diferenciada a população, com a comercialização de artesanatos,
bem como de serviços gastronômicos; 2) Feira Gastronômica do Passo a Paço, que
movimenta um grande público, realizada em diferentes meses do ano, com a
participação de chefs renomados bem como de artistas nacionais e regionais. Já a
Avenida Eduardo Ribeiro é menor em comparada a supracitada avenida, possuindo
igual relevância em função da existência do Teatro Amazonas, ícone histórico e que
tem uma movimentação intensa de turistas nacionais e internacionais. Nela o
comércio e serviços são diversos e de movimentação intensa, possuindo grande fluxo
de turistas a passeio, pedestres e veículos durante o horário comercial. Aos domingos,
essa avenida é fechada para a Feira do Artesanato da Av. Eduardo Ribeiro que reúne
artesãos além da gastronomia tipicamente regional concentrando um grande fluxo de
turistas e residentes.
De modo geral, a acessibilidade é insuficiente, poucos são os lugares que estão
adaptados ou com profissionais capacitados para receber as pessoas com alguma
necessidade especial, e quando se encontra, a adaptação contempla apenas uma
modalidade, que geralmente é a motora, através de uma rampa de acesso, porém, as
demais deficiências (auditiva, visual e intelectual) são incipientes. A sinalização
turística existe, mas é deficiente e confusa, pois a informação passada nem sempre
está coerente com a realidade, muitas veze não levam a lugar nenhum, outras
precisam ser atualizadas bem como as demais necessitam de manutenção, melhorias
e serem recolocadas (OLIVEIRA; GUIMARÃES e MAIA, 2020).
309
120.000
QUANTIDADE DE VISITANTES
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000
0
1997
2000
2014
1998
1999
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2016
2017
2018
2019
2020*
* até
o ambiente urbano. A visão serial proposta por Cullen (2009) promove à percepção
da cidade, sendo um instrumento que faz surgir um novo observador mais atento às
suas emoções e aos espaços urbanos. As virtudes desse sistema de Cullen são três:
1) articulação na observação de princípios organizadores de ordem geral e
particulares de ordenação; 2) rapidez de processamento na percepção da paisagem,
pela facilidade de interação entre sujeito e objeto e 3) faculta elaborar em uma
linguagem síntese vários elementos, dados e referenciais históricos, socioculturais e
espaciais das cidades por meio de notas, fotos, documentos, croquis, imagens,
desenhos e conteúdos teóricos
A dimensão físico-ambiental de Del Rio (1991); os mapeamentos mentais ou
percepção dos turistas na cidade de Lynch (1999)66 e a visão serial de Cullen (2009)
complementam a motivação, identificação, seleção e análise de outros conjuntos
urbanos a serem utilizados como comparativos nessa pesquisa. Desta forma, o ponto
de partida para análise comparativa entre o objeto de estudo dessa tese (avenidas
Sete de Setembro e Eduardo Ribeiro no Centro Histórico de Manaus) partiu
inicialmente da experiência pessoal dessa pesquisadora no ano 1999 em uma viagem
de estudos para Barcelona (Espanha). Enquanto estudante de turismo na época,
conheceu Las Ramblas (Figura xx), o que possibilitou vislumbrar a utilização de uma
avenida como atrativo turístico no contexto histórico evolutivo de uma cidade, em
harmonia com as edificações do entorno, sejam elas antigas ou contemporâneas. Vale
salientar, que Las Ramblas também guarda relação com as águas na sua construção
e proximidade com a orla do mar mediterrâneo igualmemente ao que ocorreu no
traçado das avenidas Sete de Setembro e Eduardo Ribeiro que seguiram o curso dos
rios que ali estavam bem como influência da orla do Rio Negro e do Porto de Manaus
na configuração do ambiente construído que até hoje são explorados comercialmente
e turisticamente.
66
Baseia-se em cinco elementos principais: distritos, caminhos, nós, marcos e bordas. Ressaltando
que o referido autor afirma que as vias são o meio mais poderoso pelo qual o todo pode ser ordenado
por meio da organização da rota e conectando os outros elementos ambientais.
317
Por sua natureza, Las Ramblas são uma parte do território com valiosas
qualidades paisagísticas, as intervenções realizadas ao longo do tempo destacam-se
pelo desenho incorporado no espaço público, dotado de árvores abundantes que além
de gerarem sombra, reduzem a temperatura e os níveis de ruído, além de enquadrar
visualmente o traçado da rua, a contribuição urbana das obras realizadas na
exposição universal de 1888, ano em que o centro antigo foi reabilitado, permitiram
também a ligação da cidade ao mar (OSPINA-TASCON, 2014). Seu significado é “leito
do rio seco” ou avenida larga, localizada no bairro Gótico-Centro Histórico de
Barcelona, constituindo na junção de diversas ruas (Canaletes, Dels Estudis, Sant
Josep, Dels Caputxins e Santa Mônica) com uma larga calçada de pedestres,
estendendo-se por mais de 1 km (1.200 metros de comprimento), ligando a praça da
Catalunya até o mar mediterrâneo, no mirador de Colón. Ospina-Tascon (2014)
menciona que sua obra de urbanização foi realizada no século XV terminando em
1444, onde que com a sua inauguração, foi criado o primeiro espaço urbano de grande
318
A6 – SISTEMA EDUCACIONAL-A.6.1.
M103-PROTEÇÃO EXISTENTE-Valores Caracterização do sistema de educação.
atribuídos ao sítio ou conjunto rurais ou
urbanos em relação sua proteção aplicável a A7 – OUTROS SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS
legislação cultural ou ambiental: identificação DE APOIO- A.7.1. Locadoras de imóveis para
da região estudada; do tema de estudo; temporada; A.7.2. Compras especiais
universo/objeto de análise; informações sobre (feira/mercado; galeria/rua comercial; Shopping
a legislação incidente do bem e processo de Plantas/flores/frutas; Antiquário; Cantina/cave;
proteção; fontes de informação; data e Bodega/alambique; Outras); A.7.3. Comércio
responsável pelo preenchimento. turístico (loja de artesanato/souvenir; Loja de
artigos fotográficos; Antiquário/galeria de arte;
outros); A.7.4. Serviços bancários; A.7.5. Serviços
mecânicos; A.7.6. Posto de combustível e A.7.7.
Representações Diplomáticas.
SICG INVTUR
2. MÓDULO GESTÃO 2. CATEGORIA B - SERVIÇOS E
Busca articulação do processo de EQUIPAMENTOS TURÍSTICOS
conhecimento presente no módulo 1 trazendo Conjunto de estabelecimentos e prestadores de
uma abordagem sistemática do patrimônio serviços que dão condições para que o visitante
cadastrado e protegido com a finalidade de tenha uma boa estada: hospedagem, alimentação,
estimular estratégias de gestão e valorização diversão, transporte, agenciamento, etc.
do bem.
M201-PRÉ-SETORIZAÇÃO- entendimento B1 – SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS DE
setorizado sobre diferentes componentes de HOSPEDAGEM- B.1.1. Hoteleira e de apoio;
sítios e conjuntos rurais e urbanos, protegidos B.1.2. Outro tipo de acomodação (Acampamento
ou em processo de proteção além de suas turístico/camping);
áreas de entorno com vistas a normatização
321
Fonte: Elaborado pela autora com base nos manuais do Iphan e Ministério do Turismo
324
DIMENSÃO DIMENSÃO
• Atrativos e roteiros TURÍSTICA-D4 INTERPRETATIVA
turísticos; PATRIMONIAL-D3
• Sinalização de
trânsito e turística;
• Mídias
• Acessibilidade; interpretativas
• Serviços e (pessoais e
equipamentos de impessoais)
apoio ao turismo
Desta forma, tais parâmetros foram aplicados nas avenidas Eduardo Ribeiro e
Sete de Setembro por meio de uma ficha observacional (instrumento) aplicado para o
levantamento de campo bem como o documental (Apêndice B) gerando um conjunto
de informações que subsidiaram os resultados contidos nos capítulos 4.1, 4.2 e 4.3
além de possibilitar um diagnóstico sistematizado da potencialidade desses
logradouros como elementos compositivos da oferta turística, descritos a seguir:
328
Quadro 14: Diagnóstico turístico das avenidas Sete de Setembro e Eduardo Ribeiro
LOGRADOURO
DIMENSÃO
➢ Caracterização do ➢ Caracterização do
logradouro= Aberto e público; logradouro= Aberto e público;
Sete de Setembro; zona sul- Eduardo Ribeiro; zona sul-
bairro Centro; núcleo do Centro bairro Centro; núcleo do
Histórico de Manaus; Via Centro Histórico de Manaus;
urbana do tipo coletora com Via urbana do tipo coletora
fluxo de automóveis, bicicletas, com fluxo de automóveis,
transporte público e pedestre, bicicletas e pedestre, com
2.430 metros de extensão, extensão de 623 m, localizada
localizada 03o08.087’ sul 03o07`.56,83´’ sul (latitude) e
(latitude) e 060o01.077’ oeste 060o01`26,85’`oeste
(longitude). 4,80 metros de (longitude). Com 19,5 metros
largura (no trecho inicial do de largura. Edificações
entorno do Paço da Liberdade- existentes de uso comercial,
Ponto A) e termina com 12 residencial e institucional;
metros (na parte final do entorno Iluminação pública
MORFOLÓGICA DE
da Ponte Benjamim Constant- convencional de LED; Calçada
CONJUNTO-D2* Ponto E). Edificações de argamassa, carranca e
existentes de uso comercial, pedras de lioz; poucas árvores
*Detalhamento descritivo no capítulo 4.1
contendo levantamento de mapas e Iconografia residencial e institucional; do tipo Fícus Benjamim; não
Iluminação pública passa ônibus e 19 lixeiras;
convencional de LED; Calçada
de argamassa, carranca e ➢ Pavimentação original e
pedras de lioz; poucas árvores atual= Atualmente, após a
do tipo Fícus Benjamim; 2 revitalização da avenida, é
paradas de ônibus com abrigo e composta por quatro tipos de
3 lixeiras; pavimentação: asfalto;
paralelepípedo; pedra e bloco
➢ Pavimentação original e de concreto do tipo paver;
atual= Atualmente, é de asfalto
com afloramento de resquícios
da pavimentação original sob a
camada existente desgastada ➢ Predominância do estilo
de asfalto. Trecho com arquitetônico e uso do
paralelepípedo é no cruzamento patrimônio edificado de
da 7 de setembro com Eduardo interesse para preservação=
Ribeiro e ao lado do Paço da
Liberdade resquícios sob a edificações históricas eclética
camada asfáltica de uma pedra de uso comercial
com coloração vermelha, similar predominante com algumas
ao muro do Teatro Amazonas. unidades de estilo neoclássico
e contemporâneo.
➢ Predominância do estilo
arquitetônico e uso do
patrimônio edificado de
interesse para preservação=
edificações históricas eclética
de uso comercial predominante
com algumas unidades de estilo
neoclássico e contemporâneo.
330
➢ Acessibilidade = ➢ Acessibilidade =
estacionamento rotativo no estacionamento rotativo no
sistema zona azul para usuários sistema zona azul para
locais, sem a presença de usuários locais; presença de
estacionamento exclusivo para estacionamento exclusivo para
veículos de turismo; existência veículos de turismo; existência
de rampas com recuo para de rampas com recuo para
cadeirantes e piso tátil, porém, cadeirantes e piso tátil, porém,
de forma incompleta em sua de forma incompleta em sua
extensão e com estado de extensão e com estado de
conservação deficiente. conservação deficiente.
Presença de ambulantes nas Presença de ambulantes nas
calçadas; postes de iluminação calçadas; postes de
331
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A significância do Centro
Histórico Initiave de
Canterbury para outros
cidades europeias muradas e
históricas são considerados
brevemente no contexto de
uma iniciativa de gestão do
centro da cidade, e o vínculos
com processos mais amplos
de planejamento urbano que
exemplifica. A Canterbury City
ESTUDO DE CASO. Um modelo Centre Initiative é forma
Analisa os problemas de sistema aberto e flexível é oficialmente adaptada de Town
gerais para as cidades usado para esclarecer o Center Management, mais de
histórica com atividade significado diferente da iniciativa 100 Town Center Management
1 LAWS, E; LE PELLEY, B. turística significativa, e para grupos selecionados de existem esquemas no Reino
Managing complexity and change então, examina o partes interessadas com Unido e na Associação da
in tourism: the case of a historic contexto, os objetivos interesses em cidade, sua Town Center Management foi
city. Case Studies. London: e direção futura da sociedade, economia, meio criada em 1991. É um
Routledge. International Journal of cidade inglesa de ambiente e ecologia. programa abrangente, em que
Tourism Research. 2, 4, 229-245, gerenciamento de autoridades públicas, setor
July 2000. visitantes de privado interesses e
Canterbury. organizações voluntárias
APLICAÇÃO DA PESQUISA: visam melhorar o padrão das
instalações, ambiente,
INGLATERRA/EUROPA. comodidade e segurança nos
centros das cidades. Este
artigo discutiu alguns dos
problemas confrontando os
gestores da histórica muralha
cidades que também são
destinos turísticos, e examinou
como um destino importante,
Canterbury, reconheceu o
particular dificuldades e
oportunidades que enfrenta, e
é respondendo a eles através
do Canterbury Iniciativa do
centro da cidade.
JURDANA, DS; SUŠILOVIĆ, Z. Analisar os principais REVISÃO TEÓRICA. decorre do fato de que muitas
8 Planning City Tourism development: atributos, princípios e instalações são utilizadas tanto por
Principles and Issues. Tourism & objetivos do turismo nas residentes quanto por
Hospitality Management. 12, 2, 135- cidades visitantes. Melhorando essas
144, Dec. 2006. instalações, portanto, oferecem
benefícios para os residentes
locais, além de auxiliar na
promoção do turismo. O plano de
desenvolvimento do turismo da
cidade deve ser preparado como
parte integrante da economia
global e social plano de
desenvolvimento da cidade, com o
objetivo principal de integrar o
turismo urbano existente
desenvolvimento e, ao mesmo
tempo, prevenir situações de
conflito. O desenvolvimento do
turismo na cidade precisa de um
relações de rede e cooperativas
entre o governo local, organização
turística, agências de turismo e
diferentes organizações/
instituições da cidade; parceria
público-privada é uma obrigação. O
turismo nas cidades está se
desenvolvendo de forma muito
intensa nas últimas décadas.
Cidades são agora não apenas um
importante mercado gerador, mas
também um importante mercado
receptivo e destino “que tem que
ser visitado”. Variedade de oferta
turística, atributos especiais e
relacionamentos e problemas
complexos são imanentes para
destinos urbanos. Cidades são
complexo multidimensional e
turismo é (geralmente) apenas uma
parte de todo o conjunto econômico
sistema. A melhoria da qualidade
da oferta turística tem dois objetivos
finais: (a) melhorar a satisfação dos
turistas e (b) melhorar as condições
e bem-estar dos locais
moradores. Como as cidades são
um dos mais importantes
marcadores de imagem da Europa
continente é realista esperar um
maior desenvolvimento do turismo
nas áreas urbanas.
APLICAÇÃO DA PESQUISA:
CHINA/ÁSIA.
A avaliação da capacidade
ambiental é uma valiosa ferramenta
DE OLIVEIRA, FV. Capacidade de Neste artigo são
para planejamento turístico. O
carga em cidades históricas.: carrying apresentados os
REVISÃO TEÓRICA. Pesquisador principal é determinar até que ponto
capacity in historic cities. Revista conceitos de capacidade
com origem no Brasil/ América Sul. um meio ambiente pode suportar
Brasileira de Pesquisa em Turismo. 4, 1, de carga e capacidade
uma intervenção, sem que a
61-75, Apr. 2010. ambiental vinculando-os
mesma danifique ou prejudique a
ao manejo de cidades
característica principal deste local.
históricas dentro dos
11 As cidades históricas e turísticas
com desejo de fomentar o turismo
380
O objetivo principal deste trabalho é ESTUDO DE CASO. O uso da Os resultados do trabalho sugerem,
CALVO-MORA, A; et al. Determining identificar ações que pode melhorar a metodologia Concept Mapping (CM). além do validade e adequação da
14 factors of a city's tourism attractiveness. atratividade turística de uma cidade, Esta metodologia combina informações metodologia, que atratividade de um
Tourism & Management Studies. 7, 9- especificamente Sevilha, e em qualitativas fornecidas por especialistas destino turístico pode ser melhorado
23, Jan. 2011. segundo lugar, para testar/avaliar a e informações quantitativas obtidos a pela implementação de um conjunto de
metodologia de mapeamento de partir de técnicas estatísticas planos privados ligados ao seu
conceito quando aplicada para a multivariadas. Um mapa conceitual é posicionamento turístico,
conceituação de construções um tipo de mapa conceituação que pode conscientização dos moradores, o
complexas associados à gestão do ser usada para desenvolver um quadro melhor uso da cultura e riqueza social e
turismo. conceitual sobre o qual basear uma a rica herança, bem como a melhoria da
avaliação e / ou projeto de planejamento infraestrutura e do público e gestão
para uma determinada situação e que privada do turismo.
envolve a participação de um grupo de
trabalho
382
APLICAÇÃO DA PESQUISA:
Espanha/Europa.
APLICAÇÃO DA PESQUISA:
INDIANAPÓLIS-EUA-AMÉRICA
Sustainable Way of Revalorising mudança na paisagem do turismo A pesquisa se concentra principalmente especialização nos últimos
17 Cultural Resources. Tourism Tribune / urbano. Este artigo espera revisar na relação entre turismo urbano e decênios. As características
Lvyou Xuekan. 27, 6, 10-19, June 2012. sistematicamente o que outros desenvolvimento regional, mecanismo multifuncionais dos espaços urbanos e
*Publicação na língua chinesa. documentos ainda não cobriram dinâmico e de desenvolvimento do a dinâmica das comunidades urbanas
sobre destinos turísticos em algumas turismo urbano, desenvolvimento explicam a face em rápida mudança de
cidades, status de planejamento e sustentável do turismo urbano, etc. As muitas cidades; lazer, cultura,
gerenciamento recente bem como várias relações entre produto e política patrimônio, entretenimento e eventos
algumas mudanças relacionadas na estão estabelecidas como padrão tornaram-se os elementos centrais de
pesquisa de turismo em algumas espacial do turismo. O uso de métodos vários projetos de revitalização urbana e
cidades. As perguntas são baseadas geográficos e um grande número de até de novas cidades construídas sobre
principalmente na literatura anterior, estudos de caso são um reflexo que a novos conceitos. A forma como novas
livros e outras mudanças importantes pesquisa do turismo urbano tem dado funções e atividades entraram no
no turismo urbano. uma contribuição significativa para cenário urbano e se desenvolveram em
promover sua formação de uma recursos econômicos alternativos é uma
estrutura de pesquisa lógica e rigorosa. das trilhas de pesquisa mais
A situação atual do estudo sugere desafiadoras. A interação entre lugar,
algumas inovações internacionais com pessoas, produtos, e as políticas foram
as quais o desenvolvimento do turismo estudadas de pontos de vista e
urbano chinês pode aprender. antecedentes disciplinares muito
diferentes. Isso resultou em uma visão
fragmentada sobre as paisagens do
turismo urbano, onde uma abordagem
integrada seria esperada. Além disso, a
construção do conhecimento sobre
turismo urbano baseia-se
principalmente em numerosos estudos
de caso, por definição focados em um
contexto temporal e espacial
específico. A linha vermelha neste
artigo de revisão é a necessidade de
desenvolver roteiros novos e criativos
para contar a história. Muitas das
transformações nos destinos de turismo
urbano podem ser descritas como
reações locais às forças da
globalização. É a singularidade de um
lugar, sua história e patrimônio e a
expressão dos valores culturais das
comunidades urbanas atuais que
determinam na competição global atrair
visitantes e turistas. Após a década de
90 do século 20, o estudo do turismo
urbano na China surgiu com o
desenvolvimento da cidade e o
planejamento urbano, e com a
contribuição de muitos estudiosos,
especialmente geógrafos. Os
problemas surgidos no mundo ocidental
do turismo urbano também afetam o
desenvolvimento do turismo urbano na
China, por exemplo, o problema lotado,
modelo de "copiar e colar" etc. Ideias
inovadoras e estruturas teóricas aponta
para vários métodos de pesquisa
importantes no futuro. O problema do
turismo patrimonial urbano causado
pela concentração do turismo nas
cidades. O impacto do desenvolvimento
na extensa duplicação e adesão do
planejamento do turismo urbano. Os
danos à competitividade do turismo
urbano e a existência de
desenvolvimento do turismo urbano em
Taiwan (ilha insular vinculada ao
governo chinês). O novo valor desta
paisagem urbana como experiência
cultural, ambiente de lazer, locais de
reunião, etc. em grande medida facilitou
os residentes locais e viagens. O
interesse econômico tem recebido
atenção de longo prazo na pesquisa de
turismo, mas a experiência de perto e da
tecnologia que transforma a economia
da experiência em produtos. As
pessoas estão começando a
redescobrir a cidade associados à
imagem cultural e capital tradicional por
meio de inovação e estratégia.
Recursos patrimoniais e capital cultural
estão intimamente relacionados.
Este estudo prova que a experiência
ocidental pode ajudar a China a ter
consciência das consequências do
384
Este estudo tem como objetivo ESTUDO DE CASO. O prognóstico da O turismo é um fenômeno que pode
analisar quantitativa e atividade turística foi feito usando o contribuir para o sucesso econômico de
18 BĂDIṬĂ, A. Assessment of tourism qualitativamente o fenômeno do modelo TALC (Tourism Area Life uma cidade ou mesmo para o seu
supply, demand and market trends in turismo urbano (oferta e demanda Ciclo), pertencente a Butler (1980). dinamismo, de forma que nos últimos
craiova city, romania. Revista de Turism turística) na cidade de Craiova, de anos verifica-se uma tendência
- Studii si Cercetari in Turism. 14, 34-40, forma a evidenciar as tendências do APLICAÇÃO DA PESQUISA: crescente e ativa de promoção da
Dec. 2012. mercado turístico e obter um Craiova (Romênia/ Europa) que é a indústria do turismo em muitas cidades
diagnóstico turístico. sede do condado de Dolj e um pólo de na Europa, Romênia também tentando
crescimento urbano da Oltenia região se alinhar com as tendências europeias.
de desenvolvimento. O turismo urbano como uma categoria
de recursos e atividades turísticas
dentro de uma cidade é um complexo e
forma multifuncional de turismo. Seu
desenvolvimento é diretamente
influenciado pela permissividade das
comunidades locais, regionais e política
nacional, mas ultimamente também
pelas novas estratégias e ações de
marketing e promoção do turismo e pela
receptividade adequada dessas
estratégias. O mercado de turismo
consiste em oferta e demanda e é
baseada na produção - troca -
processos de consumo, sendo na
verdade parte de um sistema turístico
que está localizado em uma área
geográfica, mas que está intimamente
ligada a comunidade e respectivamente
com as partes interessadas (Russo,
2002). O modelo turístico de Craiova
mostra um destino em fase de
desenvolvimento, com uma oferta de
alto potencial, mas ainda com baixa
demanda, falta de capitalização do real
potencial do turismo urbano. O
prognóstico da atividade turística feita a
partir do modelo TALC pode ajudar as
autoridades, que passaram a focar
neste setor, que estava menos
capitalizado na cidade devido ao perfil
econômico funcional focado
inicialmente em indústria e comércio.
ESTUDO DE CASO. A
possibilidade de relacionar cultura
e estratégias de turismo no Na sequência da discussão teórica sobre as mudanças
processo de regeneração das no paradigma de desenvolvimento das cidades no
cidades croatas foi analisado pela período pós-industrial da sociedade, sobre as
aplicação de modelagem de implicações estratégicas da regeneração urbana e as
equações. Para coleta de dados o inter-relações da cultura e do turismo em nesses
questionário foi utilizado composto processos. A suposição de que a estratégia cultural
por três partes. A primeira parte baseada em projetos culturais emblemáticos não pode
continha perguntas sobre ser relacionada às estratégias de desenvolvimento do
26 MIKULIĆ, D; PETRIĆ, L. Can características demográficas dos
O artigo apresenta um modelo turismo nas cidades croatas. Além disso, o estimado
culture and tourism be the foothold entrevistados (idade, sexo, função)
conceitual que forneceu uma parâmetro tem apontado para a existência de uma
of urban regeneration? A Croatian e o tamanho da cidade. Na
base para a verificação correlação direta positiva entre as estratégias que
case study. Tourism (13327461). segunda parte do questionário, os
empírica de ligações promovem o desenvolvimento de distritos culturais e
62, 4, 377-395, Oct. 2014. respondentes foram solicitados a
presumidas e relações entre projetos semelhantes, que são integrados ao
os conceitos sob escrutínio. avaliar as declarações sobre os desenvolvimento geral da cidade e as estratégias de
efeitos potenciais das três desenvolvimento do turismo, contando principalmente
estratégias culturais selecionadas com o pequeno e médio empresário. Além da pesquisa
sobre aspectos econômicos, empírica, uma análise dos documentos de
sociais e aspectos espaciais da desenvolvimento estratégico das cidades mostrou a
regeneração urbana. A população crescente prevalência da abordagem em que a cultura é
deste estudo foi definida como considerada um poderoso recurso empreendedor para o
líderes cívicos de cidades com mais desenvolvimento do pequeno empreendedorismo,
de 10 mil habitantes. Os Conselhos especialmente através do turismo e indústrias
e a Promoção do Turismo Croata relacionadas. Na luz de problemas detectados,
(Diário Oficial 152/08), também são recomendações sobre pesquisas futuras têm sido
presidentes de turismo da cidade; propostas na área de planejamento urbano e gestão
chefes de departamentos urbana
administrativos responsáveis pela
cultura, planejamento urbano e
economia, e turismo. Existem 67
dessas cidades na Croácia e 215
líderes cívicos no total.
APLICAÇÃO DA PESQUISA:
CROÁCIA /EUROPA
RUIZ, TD; GÂNDARA, JM. O Analisar a relação entre o
Planejamento Urbano e a planejamento urbano e a REVISÃO TEÓRICA. Autores
Competitividade de Destinos competitividade de destinos Brasileiros. A metodologia do
27 Turísticos: uma análise desde a turísticos desde a perspectiva trabalho busca através do modelo O artigo identifica a influência e a relevância do
perspectiva do modelo de Dwyer e do Modelo de Dwyer e Kim, de avaliação de competitividade de planejamento urbano no desenvolvimento das cidades
Kim.: Turismo em Análise. 25, 3, contrastando diretamente Dwyer e Kim (2003) e seus como destino turístico competitivo, através dos 42
580-607, Dec. 2014. estes dois conceitos atuais que indicadores, determinar a indicadores presentes no modelo e que se relacionam
se refletem no relevância do planejamento urbano diretamente com o planejamento urbano.
*Publicação em língua desenvolvimento das cidades, no desenvolvimento da
portuguesa, especificamente proporcionando uma reflexão competitividade nos destinos
Brasil. sobre os temas. turísticos.
390
29 REVISÃO TEÓRICA.
A variabilidade contemporânea Hoje em dia, a constelação econômica e cultural global
CRĂCIUNESCU, A. URBAN
da cultura e sua distribuição determina as comunidades urbanas a encontrarem uma
RECONFIGURATIONS OF SPACE
em nível discursivo, bem como solução para preservar a identidade local e, ao mesmo
AND PLACE WITHIN TOWNSHIP
territorial um, nos levou a uma tempo, atrair capital para a área. O turismo representa
TOURISM. Revista de Turism -
abordagem interdisciplinar do em nossa opinião uma das maiores soluções já
Studii si Cercetari in Turism. 19, 44-
novo significações e exploradas na história da humanidade que apaga as
53, June 2015.
compreensões do espaço, fronteiras das nações e políticas, criando encontros
agrupados dentro dos limites globalizados. No caso de uma cidade, o turismo passa a
do lugar. Nosso estudo ser uma atividade econômica, vetor político e cultural
permanece tributário de um que unifica o espaço urbano que desenvolve uma rede
subcampo da geografia de genuínos e artificiais urbanos inter-relações entre os
humana – geografia cultural, principais stakeholders. A cidade como destino deve ser
disciplina que visa analisar o uma construção "segura" que atenda as expectativas de
nexo que a cultura estabelece vários tipos de viajantes e de suas diferentes motivações
com espaço, lugar e de viagem. Nós acreditamos que para um em certa
indivíduos. medida, a (re) marca das cidades hoje consiste na
criação de um espaço harmonizado que iria reitera as
instalações caseiras do viajante. Uma questão de estilo
de vida e qualidade de vida, esta questão será analisada
através da lente de viajar como uma atividade de lazer,
ou como uma forma de escapar da rotina monótona da
vida diária, eventualmente, uma forma de reinvestir
renda e criar equilíbrio econômico.
391
APLICAÇÃO DA PESQUISA:
ESPANHA/INGLATERRA.
(EUROPA).
Na presente investigação,
uma análise crítica da
CANTOS-AGUIRRE, E; et al. La cidade como produto de REVISÃO TEÓRICA. A premissa A análise crítica da cidade como produto turístico
31 ciudad como producto turístico: turismo, do ponto de vista da básica que norteou o estudo foi que permitiu defini-la, a partir do estudo de teorias da
análisis desde la economía política economia política Marxista, homens, na produção social de economia política marxista e suas leis, como se pode
marxista. Retos Turísticos. 14, 3, 65- a fim de compreender a suas vidas, estabelecer certas estabelecer o funcionamento do as relações sociais de
70, Sept. 2015. problemática que deve relações de produção e produção e as forças produtivas no contexto do modelo
*Publicação na língua espanhola enfrentar para se tornar um independente da vontade, que econômico capitalista atual. Portanto, pode-se esperar
produto turístico. correspondem a um certo grau que a indústria do turismo, apesar de estar sujeita a este
desenvolvimento de suas forças modelo, não constitui elemento de exploração de
392
OLAGUE, JT. Efecto determinante de Essa pesquisa trabalho teve ESTUDO DE CASO. Uma revisão
la motivación de viaje sobre la imagen o propósito de encontrar Os turistas urbanos são reconhecidos como um dos
da literatura possibilitou a
de destino en turistas de ocio a un evidências na relação causal segmentos crescimento mais rápido no turismo
proposição de um instrumento de
destino urbano: el caso de Monterrey, entre viagens, motivação e atualmente mercados. Monterrey no México, é um dos
pesquisa com uma base teórica
33 México. Una aproximación por medio imagem de destino, duas principais destinos urbanos no país. Este estudo propôs
para reunir dados por meio de uma
de mínimos cuadrados parciales variáveis importantes devido em sua metodologia o uso da técnica de equações
amostra. Usando regressão e
(pls).: determinant effect of travel à sua influência na estruturais para testar um modelo causal ajustado por
equações estrutural e modelagem
motivation on the destination image of satisfação dos visitantes. mínimos quadrados parciais (PLS) com a intenção de
por mínimos quadrados
leisure tourist in an urban destination: mostrar a relação causal entre a motivação para viagens
parciais (PLS)um conjunto de
the case of monterrey, méxico. An e a imagem de destino. Finalmente, a utilidade de
componentes principais de ambas
approach through partial least instrumentos quantitativos para apoiar obter
as variáveis foram identificados
squares (pls). Anuario turismo y informações válidas e confiáveis para tomada de
possibilitando a obtenção de um
sociedad. 18, 61-77, jan. 2016. decisão por gerentes turista. Análise e uso de
modelo explicativo da imagem de
componentes de modelos estruturais pelo método
destino em termos de motivações
quadrados parciais têm muito a ver com contribuir para
de viagem. APLICAÇÃO DA
a melhor compreensão do dado obtido do controle de
PESQUISA: México/ América
gestão dos destinos. Os destinos urbanos, portanto, têm
Central
também uma opção neles para orientar suas estratégias
e transformar o turismo em potencial doador do seu
desenvolvimento turístico e econômico.
aplicado, capturando o
desenvolvimento do turismo de
patrimônio urbano em Plovdiv,
Bulgária. APLICAÇÃO DA
PESQUISA: Bulgária/ Europa.
Este artigo visa fornecer um ESTUDO DE CASO. Usando Indica que as três cidades têm muitas oportunidades
SAAD, SA; ABABNEH, A. Concept, melhor entendimento da documentação bibliográfica e decorrentes de sua localização e seus ricos recursos
opportunities and challenges of urban situação atual do turismo descritiva com o método analítico. turísticos. Além disso, o turismo urbano nessas cidades
tourism in the Arab world: Case urbano referindo-se às deve confrontar alguns fatores internos (baseados no
studies of Dubai, Cairo and Amman. experiências do mundo país) e externos (globais e desafios regionais), como
APLICAÇÃO DA PESQUISA:
37 Tourism (13327461). 65, 3, 361-375. árabe abordando as sazonalidade, poluição, congestionamento, competição,
Emirados Árabes Unidos, Egito e
2017. principais oportunidades, financiamento e instabilidade. Algumas recomendações
Jordânia- ORIENTE MÉDIO.
impedimentos e desafios do e implicações políticas foram sugeridas. O artigo
ambiente do turismo urbano conclui, argumentando, que os desafios comuns
em três cidades árabes internos e externos precisam ser abordados de uma
(Dubai, Cairo e Amã). maneira sistemática dentro do contexto de política
cultural e de turismo mais amplo, no qual o turismo
urbano está agora implicado. Falta da literatura sobre
turismo urbano nos países árabes, o que se atribui a
esse turismo no mundo árabe é um tipo de herança
dominada. Portanto, esta pesquisa também tenta
preencher a lacuna na literatura existente sobre turismo
urbano nas cidades árabes.
1.5 ENTORNO DO LOGRADOURO- D2 (Castrogiovanni, 2013- Análise dos caminhos- Agradabilidade estética ou
cênica/Paisagem construída e os caminhos/Serviços urbanos/Mobiliários urbanos e Lefebvre, 1974-Espaço Percebido):
( ) Edificações de uso comercial/residencial/institucional/híbrida). Especificar: __________
( ) Áreas verdes (arborização). Especificar: __________
( ) Calçada (desenho, material e tipo de piso). Especificar: __________
( ) Iluminação pública. Especificar: __________
( ) Paradas de ônibus. Especificar: __________
( ) Lixeiras. Especificar: __________
OBSERVAÇÕES:
1.7 TIPOLOGIA/USO DAS EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS- D2 (Boullón,2002- nível socioeconômico das edificações;
Castrogiovanni, 2013- Análise dos caminhos- paisagem construída e os caminhos; Lefebvre, 1974-Espaço Percebido):
( ) Institucional
( ) Comercial
( ) Residencial
( ) Outros:_______________________
OBSERVAÇÕES: Predominante
396
1.9 ATRATIVOS E ROTEIROS TURÍSTICOS-D4 (Listar/verificar os divulgados nos órgãos e agências de turismo): Lefebvre,
1974-Espaço Vivido; Boullón,2002-Roteiros
1.10 FLUXO- D2 Castrogiovanni, 2013- Análise dos caminhos-facilidade de fluxo dos sujeitos e dos veículos:
( ) Automóveis/ Coletivos
( ) Bicicletas
( ) Pedestre
( ) Misto
OBSERVAÇÕES:
1.11 ACESSIBILIDADE- D4(estacionamento para residentes e turistas, estado de conservação e barreiras de obstrução nas calçadas; recuo
para cadeirantes; piso tátil, etc.): Castrogiovanni, 2013- Análise dos caminhos-facilidade de fluxo dos sujeitos e dos veículos:
1.12 PLACAS DE SINALIZAÇÃO DE TRÂNSITO E TURÍSTICA- D4: Castrogiovanni, 2013- Mobiliário urbano:
1.13 MÍDIAS INTERPRETATIVAS-D3 (física e virtual): Lefebvre, 1974-Espaço Imaginado e Castrogiovanni, 2013-Mobiliário urbano
397
( ) Municipal
( ) Estadual
( ) Federal
OBSERVAÇÕES: